O documento discute a moda conceitual, definindo-a como uma abordagem experimental e reflexiva na moda que coloca a mensagem acima da funcionalidade por meio da expressividade. Explora a relação entre arte conceitual e moda conceitual, além de apresentar exemplos históricos como Elsa Schiaparelli e características de designers conceituais como Alexander McQueen e Alexandre Herchcovitch.
2. Conteúdo Programado
❑ Design ou Arte conceitual?
❑ Arte conceitual
❑Moda e moda conceitual
❑Histórico da Moda conceitual
3. Objetivos da aula
❑ Conhecer e compreender o que é Moda conceitual.
❑ Diferenciação entre Moda e Arte conceitual;
❑ Conhecer alguns precursores da moda conceitual
4. Depois de Duchamp (1887-1969) ter levado um urinol para um
espaço consagrado da arte e ter declarado que aquele objeto é arte,
depois de as vanguardas artísticas do início do século 20 proporem o
rompimento da diferenciação entre arte e cotidiano, hoje, no início
do século 21, não seria o local onde pretensamente é lugar
privilegiado para se discutir moda?
(OLIVEROS, 2004)
5. Vamos pensar um pouco...
❑ De que forma a arte conceitual e a moda podem se relacionar?
❑ Existe um paralelo possível nas formas de linguagem?
❑ Qual é o propósito das coleções conceituais?
6. Design ou Arte conceitual?
❑ Bauhaus foi precursora no pensamento do Design conceitual.
❑ O Design assume uma postura oposta ao funcional.
❑ A arte conceitual foi tendência posterior a Bauhaus.
❑ A Arte conceitual surgiu na década de 60, século XX, sob a influência do Dadaísmo e
principalmente da “Pop art” das décadas de 50 e 60 do mesmo século.
❑ Essa ideia da pós-modernidade teve como “santo protetor” um dos mestres da “pop art”:
Marcel Duchamp.
❑ A arte conceitual reside no salto imaginativo, e não na execução dos projetos, e que o
processo criativo precisa ser documentado de alguma forma, geralmente verbal, ou pela
fotografia ou pelo cinema.
7. Arte Conceitual
[...] pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão
da noção de obra de arte arraigada na cultura ocidental [...] Além da
crítica ao formalismo, artistas conceituais atacam ferozmente as
instituições, o sistema de seleção de obras e o mercado da arte.
(Enciclopédia Itau Cultural, 2009).
8. Design ou Arte conceitual?
❑ Uma e três cadeiras é uma instalação que
expressa visualmente o conceito de Platão sobre
as formas.
❑ Temos a cadeira física, uma fotografia dessa
cadeira em tamanho real, e o texto de uma
definição da palavra “cadeira” retirada de um
dicionário.
❑ Questiona a natureza da arte. Rejeita o
formalismo por reduzir a arte a uma função
estética.
Uma e três cadeiras, 1965.
Joseph Kosuth
9. Arte Conceitual : Joseph Kosuth, 2001.
“Ser um artista hoje significa um meio de questionar a natureza da arte. Se
alguém questiona a natureza da pintura, não pode estar questionando a
natureza da arte. Se um artista aceita a pintura (ou a escultura), está aceitando
a tradição que o acompanha. Isto se deve ao fato de que a palavra ‘arte’ é geral,
e a palavra pintura é específica. A pintura é um tipo de arte. Se se fazem
pinturas, já está aceitando (e não questionando) a natureza da arte. Assim, está-
se aceitando que a natureza da arte é a tradição europeia de uma dicotomia
pintura-escultura.”
10. Design ou Arte conceitual?
❑ O centro da discussão não é o conforto, pois o valor emocional em relação aos objetos não é
oferecido através da funcionalidade, mas sim, por meio do seu nível de expressividade.
❑ A arte conceitual, a ideia é mais importante que o próprio resultado final.
❑ Para o artista conceitual é dispensável o feitio do projeto, pois o que importa é a intenção do
artista, a mensagem que é elaborada antes mesmo da materialização.
❑ A arte deixa de ser visual, para ser olhada, e passa a ser considerada como uma ideia e
pensamento.
❑ Essa modalidade de arte está extremamente preocupada com o caráter inovador e
experimental e que à ideia e ao pensamento do artista se sobrepõe a noção tradicional de arte.
11. Moda e Arte Conceitual
[...] é a partir da linguagem visual (ponto, plano, linha, forma, cor,
textura, composição...), que há um elo de ligação entre a interface
arte-moda, pois tanto o artista quanto o estilista trabalham com
estes elementos em seus percursos criativos.
(OLIVEIRA, 2005, p. 32)
12. Moda
❑ Moda é mais que um “reflexo”, já que age, em conjunto com o universo cultural/social e pode
também agir sobre ele.
❑ Moda seria fenômeno permanente, desde que seu “surgimento” foi entendido, e
principalmente fenômeno ativo.
❑ A Moda também é vista como retrato da cultura e da sociedade, através do qual se percebe as
transformações das mesmas, “ao acompanhar/retratar/simbolizar essas transformações, a
moda serve como reflexo das sociedades à volta”.
13. Moda
A moda não é mais um enfeite estético, um acessório decorativo da
vida coletiva; é sua pedra angular. A moda terminou estruturalmente
seu curso histórico, chegou ao topo de seu poder, conseguiu
remodelar a sociedade inteira à sua imagem [...].
(LIPOVETSKY, 1989, p. 12).
14. Moda Conceitual
❑ Revela a existência de uma ideia de experimentação que vai além do limite aceito pelo
mercado.
❑ O profissional de moda não se compromete a criar elementos e composições agradáveis ao
olhar do consumidor.
❑ A pesquisa revela não só a provocação, mas também o intuito inovador da moda conceitual.
❑ Deve levar à reflexão quem observa.
❑ a Moda Conceitual não é a lançadora de tendências, ela não tem essa pretensão.
15. Moda Conceitual
❑ Coleção extremamente inusitada, provocativa e expressiva, que evoca os mais diversos
sentimentos e elevam a coleção a um status de arte.
❑ É pelo caráter provocativo, pela impossibilidade de sua produção industrial, uma vez que a
coleção foi toda idealizada e confeccionada por eles, de forma manual, que esse tipo de coleção
dialoga com a arte conceitual.
❑ Extravagância e a exuberância das coleções conceituais elevam a moda, em nossos dias, a um
status de arte.
17. Moda Conceitual
A moda como manifesto da arte não deverá ser entendida como
roupa para vestir, mas sim um sistema que afirma seu tempo e é
capaz de responder a urgentes mudanças num mundo ansioso por
novidades.”
(OLIVEIRA, 2005)
18. Objetivo da moda conceitual:
❑Moda X Arte.
❑O conceito de expressão de arte através da moda.
❑Para gerar tendência;
❑Para fazer alguma crítica de cunho social;
❑Para Exteriozar anseios e interpretações
19. Ruiz, 2007
No desfile, a discussão não é o conforto, a utilização ou não
das peças daquela forma ou ocasião de uso; a mensagem
não é passada pela funcionalidade, pois o impacto
emocional é provocado a partir da expressividade.
20. Histórico
❑ As primeiras coleções tinham um cunho social e revolucionário.
❑ Inicialmente havia causas maiores e anseios por liberdade que inspiravam a criação de estilos
inusitados e superavam as expectativas da época.
❑ A revolução modernista na arte, no século XX foi inspiradora para a moda.
❑ A quebra de estereótipos e a libertação de ideias impulsionaram uma ligação entres as
vertentes moda e arte.
❑ Surgimento de vários estilos de arte: Dadaísmo, Surrealismo, Art Deco.
❑ A norma agora era “novas ideias, novos materiais, novas direções, novas pessoas e
absolutamente, nenhuma regra.”
21. Histórico: Elsa Schiaparelli
❑ Estilista italiana, precursora em novas miscigenações.
❑ Agregou elementos do Manifesto surrealista (1924) à suas
criações, além de ser primeira estilista a construir uma coleção
temática.
❑ Criava e utilizava materiais inusitados.
❑ Foi a primeira a juntar funcionalidade e decoratividade ao zíper e
a utilizar formas inusitadas.
22. Histórico: Elsa Schiaparelli
❑ Em meados da década de 1930, Elsa, em conjunto
com alguns artistas como Christian Bérard, Jean
Cocteau realizou alguns trabalhos importantes, mas
foi em parceria com Salvador Dalí, que ela criou
alguns dos modelos mais famosos de sua carreira.
❑ Chapéu-sapato (1936) é um dos mais conhecidos,
um chapéu feito com um escarpim de veludo,
totalmente preto ou com rosa choque.
23. Histórico: Elsa Schiaparelli
“Quando o vento arranca o chapéu da sua cabeça e
o faz voar cada vez mais longe, é preciso correr mais
rápido que o vento para alcançá-lo. Eu sempre
soube que para construir mais solidamente, às vezes
somos obrigados a destruir, a fim de estabelecer
uma nova elegância para as maneiras brutais da vida
moderna.”
24. Histórico:
❑ Década de 50 surge o New Look de Dior.
❑ Os anos 60, é a época de transformação, de
quebra de regras, onde os jovens propõem um
novo estilo de vida e refletem isso na
indumentária, exteriorizando seu ser.
❑A moda de rua passa a ser a mais inusitada
passarela, e a moda conceitual fica novamente
em voga.
25. Histórico:
❑Em 1965, Yves Saint Laurent lança coleção
inspirada no artista cubista Mondrian, com
estampas geométricas e a linha trapézio.
❑ Outra importante inovação foi a
masculinidade nas roupas femininas
❑ A Pop Art de Andy Warhol, ou os
quadrinhos de Roy Lichetenstein também
influenciaram as passarelas e o mundo da
moda.
26. Histórico:
❑ Os progressos do cinema francês, no movimento conhecido como Nouvelle Vague, tiveram
como precursores os jovens diretores Jean-Luc Godard e François Truffaut que também
introduziram em seus filmes o reflexo da época, que gritava através da moda.
❑ Os movimentos musicais faziam ainda mais parte dos anseios da juventude sessentista.
❑ Londres lança o termo Mod, que especifica os jovens vanguardistas em ideias e moda.
❑ O homem na Lua, movimentos artísticos de cinema, pintura, tudo era tema das coleções de
moda.
27. Moda Conceitual – Alexander McQueen
“Meus desfiles eram provocantes por uma razão: a necessidade de se
fazer notar. Eu não preciso mais fazer isso, mas ainda acredito que
tenho os meus 20 minutos para chamar a atenção das pessoas. Você
pode não gostar do que faço, mas ao menos o que faço leva você a
pensar.”
29. Moda Conceitual – Alexandre
Herchcovitch
“Com o que eu mais sei lidar é com o estranhamento das pessoas. A
roupa é meu veículo para fazer isso(...) O que acontece é que a
minha modelagem não é convencional.”
31. Resumo das características da Moda
conceitual
❑ O caráter experimental e reflexivo está presente nas coleções conceituais.
❑ Tal como na arte conceitual, nas coleções conceituais a mensagem é passada não pela
funcionalidade do “projeto”, mas pelo impacto emocional provocado a partir da expressividade.
❑ Um universo em que a funcionalidade e a comercialização do projeto é recusada em nome da
experimentação, da ruptura com o lugar-comum, da recusa às tendências reinantes, ou seja, da
recusa dos modelos de comercialização dos produtos de moda.
❑ Ao recusarem formas, texturas e cores facilmente digeríveis pelo grande público, podem
causar um impacto midiático que eleva o nome do criador.