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A MODA BRASILEIRA É SLOW
Em contraponto ao fast fashion, pequenas marcas autorais vêm surgindo e sendo
cada vez mais buscadas e valorizadas no Brasil. Muitas delas se baseiam em
conceitos relacionados à sustentabilidade, prezando pelo fair trade, pela produção
local e manufaturada, por materiais naturais e por técnicas artesanais.
POR
BRENDA IFRAN
VIVIAN VIANNA
RESUMO
➤ A preocupação com a
sustentabilidade socio-
ambiental e com o fair trade
vem se mostrando cada vez
maior nas discussões a respeito
da produção e do consumo de
moda mundialmente. Neste
artigo, buscamos entender o
papel do slow fashion no
mercado de moda brasileiro, em
contraposição ao fast-fashion,
como modelo de negócio que
busca equilíbrio na produção e
no consumo, bem como o
desenvolvimento de produtos
que, além de atenderem a
públicos específicos, tenham
uma identidade própria que
ultrapasse tendências sazonais.
INTRODUÇÃO
➤ Empresas vêm, já há alguns anos, incorporando questões
relacionadas ao impacto social e ambiental da produção e
do consumo em suas discussões internas e planejamentos
estratégicos tanto por uma questão de responsabilidade,
quanto por estarem sendo cada vez mais cobradas por
seus consumidores.
➤ Na moda, tal preocupação aparece ainda mais em
evidência, tanto por seu caráter intrinsecamente ligado
ao comportamento e à expressão da identidade dos
indivíduos e, consequentemente de suas preocupações e
da forma como se colocam no mundo, quanto pela
relevância da participação da indústria do vestuário na
economia mundial.
“A moda reune a autoria criativa, a produção técnica e
a disseminação cultural associadas ao ato de vestir,
unindo designers, produtores varejistas e todos nós,
usuários de roupas. Em sua forma mais criativa, a
moda ajuda-nos a refletir sobre quem somos como
indivíduos, ao mesmo tempo que nos conecta com
grupos sociais mais amplos, fornecendo senso de
individualidade e de pertencimento.
(FLETCHER, 2011, p. 8)
“A indústria do vestuário representa cerca de 6%
do total do consumo mundial, gerando cerca de 1,4
trilhões de euros em 2008 (Godart, 2010). […] No
Brasil, o setor é o segundo maior empregador da
indústria de transformação, compreendendo mais de
30 mil empresas, o que gera anualmente 1,7 milhões
de empregos diretos e uma renda indireta para oito
milhões de trabalhadores (Berlim, 2012).
(FERRONATO, 2015)
Oficina de upcycling na feira Jardim Secreto
Flávia Aranha leva a técnica artesanal de tingimento
natural para a escala industrial
➤ O modelo de fast fashion, com
lançamento constante de novos
produtos com baixos preços em
períodos curtos, vem sendo
questionado.
➤ Considera-se que, para chegar a preços
tão baixos e à alta velocidade de
disponibilização de grandes volumes de
produtos nas lojas, há exploração de
mão de obra e falta de preocupação com
a utilização de recursos naturais.
➤ O fato de responder rápido ao mercado,
oferecendo produtos que seriam cópias
de criações de designers assim que elas
são apresentadas nas passarelas,
apesar de ser uma alavanca
competitiva, é também motivo de
crítica.
Para Cietta (2012), o fast fashion e o slow fashion convivem
lado a lado, pois a moda a preços acessíveis ajuda os
indivíduos a desenvolverem gosto próprio, já que passam a
ter mais opções de produtos à sua disposição a preços
baixos, mas não substitui o modelo chamado de slow
fashion.
➤ Fletcher e Grose (2011), no entanto, acreditam que
como consequência do sistema fast fashion, que incentiva
o consumo acelerado na moda, as roupas são descartadas
com muita facilidade, seja devido à baixa durabilidade
ocasionada pela produção em escala, pela baixa qualidade
ou pela adoção de tendências de curta duração, fazendo
com que as roupas deixem de ser usadas por estarem fora
de moda.
➤ Devido ao fato de a moda ter sua natureza na troca
rápida, na busca por novidade e no estímulo à
efemeridade dos produtos, Berlim (2012) afirma que a
relação moda-responsabilidade socioambiental é
dicotômica e as ações empreendidas para uni-las seriam
ilegítimas. No entanto, ao assumir sua autonomia diante
da decisão de comprar ou não, o consumidor altera as
relações pré-existentes na moda e tem a capacidade de
gerar novas percepções.
“
-Nicole Bustamante
O slow fashion tem como valores o repúdio à
obsolescência programada e ao consumismo
exacerbado. Entende que o consumo é uma
necessidade e faz desse processo algo mais
natural e ético, desde o procedimento
trabalhista até o produto final.
“O consumidor contemporâneo está mais fluido.
Tem mais informação, possibilidades, poder de
compra, senso crítico, e por isso não se identifica
mais com apenas um estilo ou marca. […] Cada
vez mais as pessoas se questionam: “eu realmente
quero comprar?”, “Eu realmente preciso disso?”,
“De onde vem essas roupas?”, “Quem fez?”. Tais
perguntas (e respostas sinceras) alternam
totalmente as relações entre as marcas, os
produtores e os consumidores
-Carvalhal, 2016
➤ Do ponto de vista dos designers e criadores, Berlim (2012)
afirma que ao considerar a velocidade da natureza para
produzir os recursos naturais usados na indústria têxtil e
adquirirem consciência dos impactos da produção sobre
trabalhadores e ecossistemas, estes diminuiriam seu ritmo
e, consequentemente, teriam mais prazer no processo de
criação.
“As ideias relacionadas ao Slow Design teriam
nascido do movimento Slow Food, criado em 1986,
por Carlos Petrini, na Itália. Assim como no Slow
Food, o Slow Design e o Slow Fashion conjugam
prazer em criar, inventar e inovar com prazer em
consumir. Esses movimentos se posicionam contra
a padronização, no nosso caso, padronização de
estilos.” (BERLIM, 2012)
CARACTERÍSTICAS
“[…] não há lançamentos constantes, pois as peças são
perenes, com modelagens cuidadosamente acertadas, com
design atemporal que persistem por mais de uma estação,
produzidos com tecidos nobres, naturais ou eco inteligentes,
são, portanto, duráveis e de alta qualidade. Alguns conceitos
como aproveitar a mão de obra local, matérias primas e
aspectos culturais da região, concentrar-se em uma logística
que seja consciente com gastos de energia e gás carbônico
são essenciais.
-PEREIRA, 2013
MARCAS ESTUDADAS
MANUFATURA
X FAST FASHION
➤ O movimento Arts and Crafts surgiu na tentativa de
reformar o design e a decoração na metade do século XIX,
na Inglaterra.
➤ Foi uma reação contra o declínio dos padrões de qualidade
que os participantes do movimento associaram à
industrialização.
➤ A crítica foi concebida a partir dos itens vistos na Grande
Exposição de 1851, as quais eram considerados
excessivamente ornamentados, artificiais e sem
qualidade nos materiais usados.
“Quando você leva um produto para casa, lava
também a energia da pessoa que fez aquele produto.
O produto manufaturado é um produto feito com
carinho e isso faz com que tenha muito mais valor do
que o que é feito em quantidade.
-João Pimenta
“Como o slow fashion se
preocupa em entender quais
cadeias produtivas estão sendo
sustentadas pelo consumo e,
consequentemente, pretende
mudar a mentalidade para que
se valorize mais a qualidade do
que a quantidade, os produtos
artesanais têm um forte apelo,
pois possuem um diferencial e
têm mais complexidade.
-Adriana Fontana, As Tintureiras
➤ Carvalhal (2016) acredita que a transformação do
consumidor gera uma “seleção natural“ no mercado de
moda, fazendo com que muitas marcas passem por
dificuldades ou fechem. Segundo ele, os consumidores
vêm preferindo comprar de empresas que sejam
relevantes, demonstrando verdade, autenticidade,
propósito e consciência.
➤ O slow fashion também aproxima o criador do consumidor
ao dar origem a produtos com personalidade, capazes de
expressar a identidade e a individualidade da marca e de
seu público. Ao respeitar seu tempo de criação, o designer
é capaz de criar produtos originais.
NEGÓCIO
➤ Os canais de venda on-line e as redes sociais favorecem as
marcas que trabalham no modelo slow fashion, uma vez
que tornam mais fácil o acesso a elas e as aproximam de
seu público. Algumas delas utilizam o Instagram, atém de
ferramenta de marketing e comunicação, como principal
canal de vendas.
➤ Outro sistema de venda que vêm se tornando cada vez
mais comum são as feiras de produtores e pequenos
empreendedores, nas quais marcas autorais com DNA
slow fashion frequentemente estão presentes.
➤ Marketplaces físicos.
PROCESSOS
E PRODUTOS
“
-Fonte: Instagram Modifica
(“O Bem Viver” de Alberto Acosta)
➤ Expansão do tingimento natural
➤ Produtos que utilizam técnicas artesanais, como tear
manual e macramê
➤ Procura por bordados à mão personalizados
➤ Desenvolvimento de materiais ecológicos e sustentáveis,
como fibras alternativas
➤ Jóias exclusivas, feitas em pequena escala, muitas vezes
com pedras brutas e materiais alternativos
➤ Opção por roupas sob medida, feitas por ateliês e
costureiras
QUEM
COMPRA?
“Nascida a partir de meados dos anos 1990, em pleno
bombardeio da informação digital, a geração Z (ou pós-
millenial) procura mais transparência em suas relações e
busca comprar de forma mais criteriosa - apelidados de True
Gen, os zês querem se ligar a marcas de maneira profunda,
se identificar com seus valores e não consumir apenas por
consumir.
-STOCÓRNO, 2018
MARCAS
➤ Alma: Mais que uma loja, a Ahlma é um conceito: todas as
peças têm a descrição da origem de seus materiais e o
quanto do valor da roupa ou do acessório é imposto, custo
operacional, investimento e lucro.
➤ Doisélles: Sua oficina fica
em um presídio de
segurança máxima em
São Paulo onde a
designer tem um projeto
chamado “Flor de Lotus”,
que emprega mão de
obra de detentos em
troca de salário,
redenção da pena e
auxílio às famílias.
➤ Coletivo de Dois: Começou com um projeto dos estilistas
Hugo Mor e Daniel Barranco de roupas feitas a partir de
retalhos. O resultado foi uma label com uma vibe anos 80
“supercolorida” e com preocupação com a
sustentabilidade desde o processo de produção e logística
até suas sacolas, que são feitas com restos dos tecidos e
de papel kraft.
➤ Gioconda Clothing: Traz um conceito de roupa confortável,
com tecidos leves e naturais. São lingeries e “roupas de
ficar em casa” que facilmente poderiam sair de casa
fabricadas artesanalmente e todos os seus materiais têm
certificado de matéria-prima brasileira. A marca leva o
conceito slow tão a sério que todas as roupas são entregues
aos correios pessoalmente pela estilista bicicleta.
➤ Karmem: A marca tem como
causa principal a
preocupação com o
desperdício da indústria
têxtil. Por isso, ela utiliza
tecidos de qualidade que a
indústria não quis mais, o
que confere possibilidades
infinitas de estampas e
peças únicas. Além disso,
ela tem um visual urbano e a
cada desenvolvimento
convida artistas diferentes.
Karmen está a venda on-line
e na loja Heloisa Faria em
Vila Madalena, São Paulo.
➤ Cycleland: Formada pela
designer de moda Naly Cabral
e o designer gráfico Rafael
Afonso, nasceu como uma
reflexão sobre o lifestyle
urbano e a mobilidade. Com
coleções limitadíssimas, a
marca tem um controle
bastante próximo de sua
cadeia de produção. Além
disso, todas as suas peças são
pensadas justamente para
serem usadas em cima de
bikes.
➤ Flavia Aranha: Com a intenção
de fomentar uma cadeia mais
justa e humanizada, é uma
marca preocupada com o
desenvolvimento sustentável da
moda e do meio em que está
inserida. A marca produz peças
em tecidos naturais com
tingimento botânico e
dissemina o conhecimento
sobre o assunto por meio de
cursos e workshops. A
inspiração da designer vem das
relações que constituem o
ecossistema em que a marca
está inserida, da noção de
interdependência entre todos
nós e o meio ambiente.
➤ Georgia Halal: Há 10 anos no
mercado, oferece peças que unem
a elegância da alfaiataria
moderna com o conforto de uma
roupa totalmente despojada. O
ateliê, no bairro de Pinheiros, em
São Paulo, se define como um
universo em constante
estruturação, sustentado pelo
auto poder e a união feminina. O
espaço também oferece mentoria
para empreendedoras, cursos de
costura, bordado e modelagem,
realiza debates sobre assuntos do
universo feminino e tem uma
biblioteca de modelagens aberta,
que pode ser usada por quem
quiser reproduzir as peças da
marca.
CROQUIS
“
-Fonte: Instagram André Carvalhal
PEÇAS UTILIZADAS
REDEFININDO A SILHUETA DAS PEÇAS
REAPROVEITAMENTO DE TODAS AS PARTES DA ESTRUTURA
RESIGINIFICAÇÃO DAS PEÇAS
camisas e blazer saias calça top
PEÇAS NA ETAPA FINAL DE CONSTRUÇÃO
BANCO DE TECIDOS
90 cm
60 cm
30 cm
3,5 cm
dobra
penses com
ponto em X
cava
cinto
xxx x
xx
xx
xx
recorte
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
➤ No Brasil, de o assunto estar sendo cada vez mais discutido nas
universidades e no mercado, as iniciativas de marcas que optam
por uma produção baseada no slow fashion ainda são incipientes.
➤ Pequenas empresas vêm surgindo, mas a maior parte do consumo
ainda favorece o fast fashion, por sua facilidade de acesso, pelos
baixos preços e pela grande oferta de opções de produtos.
➤ A disseminação de informações para conscientizar o público é,
sem dúvida, uma ferramenta que pode estimular a preferência
por produtos de marcas de slow fashion.
➤ No entanto, incentivos para os negócios, orientação sobre gestão
das empresas e aumentar as possibilidades de canais de vendas,
com mais feiras e marketplaces físicos, por exemplo, podem
aumentar o interesse dos consumidores, e consequentemente, o
desenvolvimento das marcas existentes e de outras novas.
OBRIGADA!

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Slow fashion no brasil

  • 1. A MODA BRASILEIRA É SLOW Em contraponto ao fast fashion, pequenas marcas autorais vêm surgindo e sendo cada vez mais buscadas e valorizadas no Brasil. Muitas delas se baseiam em conceitos relacionados à sustentabilidade, prezando pelo fair trade, pela produção local e manufaturada, por materiais naturais e por técnicas artesanais.
  • 3. RESUMO ➤ A preocupação com a sustentabilidade socio- ambiental e com o fair trade vem se mostrando cada vez maior nas discussões a respeito da produção e do consumo de moda mundialmente. Neste artigo, buscamos entender o papel do slow fashion no mercado de moda brasileiro, em contraposição ao fast-fashion, como modelo de negócio que busca equilíbrio na produção e no consumo, bem como o desenvolvimento de produtos que, além de atenderem a públicos específicos, tenham uma identidade própria que ultrapasse tendências sazonais.
  • 5. ➤ Empresas vêm, já há alguns anos, incorporando questões relacionadas ao impacto social e ambiental da produção e do consumo em suas discussões internas e planejamentos estratégicos tanto por uma questão de responsabilidade, quanto por estarem sendo cada vez mais cobradas por seus consumidores. ➤ Na moda, tal preocupação aparece ainda mais em evidência, tanto por seu caráter intrinsecamente ligado ao comportamento e à expressão da identidade dos indivíduos e, consequentemente de suas preocupações e da forma como se colocam no mundo, quanto pela relevância da participação da indústria do vestuário na economia mundial.
  • 6. “A moda reune a autoria criativa, a produção técnica e a disseminação cultural associadas ao ato de vestir, unindo designers, produtores varejistas e todos nós, usuários de roupas. Em sua forma mais criativa, a moda ajuda-nos a refletir sobre quem somos como indivíduos, ao mesmo tempo que nos conecta com grupos sociais mais amplos, fornecendo senso de individualidade e de pertencimento. (FLETCHER, 2011, p. 8)
  • 7. “A indústria do vestuário representa cerca de 6% do total do consumo mundial, gerando cerca de 1,4 trilhões de euros em 2008 (Godart, 2010). […] No Brasil, o setor é o segundo maior empregador da indústria de transformação, compreendendo mais de 30 mil empresas, o que gera anualmente 1,7 milhões de empregos diretos e uma renda indireta para oito milhões de trabalhadores (Berlim, 2012). (FERRONATO, 2015)
  • 8. Oficina de upcycling na feira Jardim Secreto
  • 9. Flávia Aranha leva a técnica artesanal de tingimento natural para a escala industrial
  • 10. ➤ O modelo de fast fashion, com lançamento constante de novos produtos com baixos preços em períodos curtos, vem sendo questionado. ➤ Considera-se que, para chegar a preços tão baixos e à alta velocidade de disponibilização de grandes volumes de produtos nas lojas, há exploração de mão de obra e falta de preocupação com a utilização de recursos naturais. ➤ O fato de responder rápido ao mercado, oferecendo produtos que seriam cópias de criações de designers assim que elas são apresentadas nas passarelas, apesar de ser uma alavanca competitiva, é também motivo de crítica.
  • 11. Para Cietta (2012), o fast fashion e o slow fashion convivem lado a lado, pois a moda a preços acessíveis ajuda os indivíduos a desenvolverem gosto próprio, já que passam a ter mais opções de produtos à sua disposição a preços baixos, mas não substitui o modelo chamado de slow fashion.
  • 12. ➤ Fletcher e Grose (2011), no entanto, acreditam que como consequência do sistema fast fashion, que incentiva o consumo acelerado na moda, as roupas são descartadas com muita facilidade, seja devido à baixa durabilidade ocasionada pela produção em escala, pela baixa qualidade ou pela adoção de tendências de curta duração, fazendo com que as roupas deixem de ser usadas por estarem fora de moda.
  • 13. ➤ Devido ao fato de a moda ter sua natureza na troca rápida, na busca por novidade e no estímulo à efemeridade dos produtos, Berlim (2012) afirma que a relação moda-responsabilidade socioambiental é dicotômica e as ações empreendidas para uni-las seriam ilegítimas. No entanto, ao assumir sua autonomia diante da decisão de comprar ou não, o consumidor altera as relações pré-existentes na moda e tem a capacidade de gerar novas percepções.
  • 14. “ -Nicole Bustamante O slow fashion tem como valores o repúdio à obsolescência programada e ao consumismo exacerbado. Entende que o consumo é uma necessidade e faz desse processo algo mais natural e ético, desde o procedimento trabalhista até o produto final.
  • 15. “O consumidor contemporâneo está mais fluido. Tem mais informação, possibilidades, poder de compra, senso crítico, e por isso não se identifica mais com apenas um estilo ou marca. […] Cada vez mais as pessoas se questionam: “eu realmente quero comprar?”, “Eu realmente preciso disso?”, “De onde vem essas roupas?”, “Quem fez?”. Tais perguntas (e respostas sinceras) alternam totalmente as relações entre as marcas, os produtores e os consumidores -Carvalhal, 2016
  • 16. ➤ Do ponto de vista dos designers e criadores, Berlim (2012) afirma que ao considerar a velocidade da natureza para produzir os recursos naturais usados na indústria têxtil e adquirirem consciência dos impactos da produção sobre trabalhadores e ecossistemas, estes diminuiriam seu ritmo e, consequentemente, teriam mais prazer no processo de criação. “As ideias relacionadas ao Slow Design teriam nascido do movimento Slow Food, criado em 1986, por Carlos Petrini, na Itália. Assim como no Slow Food, o Slow Design e o Slow Fashion conjugam prazer em criar, inventar e inovar com prazer em consumir. Esses movimentos se posicionam contra a padronização, no nosso caso, padronização de estilos.” (BERLIM, 2012)
  • 18. “[…] não há lançamentos constantes, pois as peças são perenes, com modelagens cuidadosamente acertadas, com design atemporal que persistem por mais de uma estação, produzidos com tecidos nobres, naturais ou eco inteligentes, são, portanto, duráveis e de alta qualidade. Alguns conceitos como aproveitar a mão de obra local, matérias primas e aspectos culturais da região, concentrar-se em uma logística que seja consciente com gastos de energia e gás carbônico são essenciais. -PEREIRA, 2013 MARCAS ESTUDADAS
  • 19.
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  • 24. ➤ O movimento Arts and Crafts surgiu na tentativa de reformar o design e a decoração na metade do século XIX, na Inglaterra. ➤ Foi uma reação contra o declínio dos padrões de qualidade que os participantes do movimento associaram à industrialização. ➤ A crítica foi concebida a partir dos itens vistos na Grande Exposição de 1851, as quais eram considerados excessivamente ornamentados, artificiais e sem qualidade nos materiais usados.
  • 25. “Quando você leva um produto para casa, lava também a energia da pessoa que fez aquele produto. O produto manufaturado é um produto feito com carinho e isso faz com que tenha muito mais valor do que o que é feito em quantidade. -João Pimenta
  • 26. “Como o slow fashion se preocupa em entender quais cadeias produtivas estão sendo sustentadas pelo consumo e, consequentemente, pretende mudar a mentalidade para que se valorize mais a qualidade do que a quantidade, os produtos artesanais têm um forte apelo, pois possuem um diferencial e têm mais complexidade. -Adriana Fontana, As Tintureiras
  • 27. ➤ Carvalhal (2016) acredita que a transformação do consumidor gera uma “seleção natural“ no mercado de moda, fazendo com que muitas marcas passem por dificuldades ou fechem. Segundo ele, os consumidores vêm preferindo comprar de empresas que sejam relevantes, demonstrando verdade, autenticidade, propósito e consciência. ➤ O slow fashion também aproxima o criador do consumidor ao dar origem a produtos com personalidade, capazes de expressar a identidade e a individualidade da marca e de seu público. Ao respeitar seu tempo de criação, o designer é capaz de criar produtos originais.
  • 29. ➤ Os canais de venda on-line e as redes sociais favorecem as marcas que trabalham no modelo slow fashion, uma vez que tornam mais fácil o acesso a elas e as aproximam de seu público. Algumas delas utilizam o Instagram, atém de ferramenta de marketing e comunicação, como principal canal de vendas. ➤ Outro sistema de venda que vêm se tornando cada vez mais comum são as feiras de produtores e pequenos empreendedores, nas quais marcas autorais com DNA slow fashion frequentemente estão presentes. ➤ Marketplaces físicos.
  • 31. “ -Fonte: Instagram Modifica (“O Bem Viver” de Alberto Acosta)
  • 32. ➤ Expansão do tingimento natural ➤ Produtos que utilizam técnicas artesanais, como tear manual e macramê ➤ Procura por bordados à mão personalizados ➤ Desenvolvimento de materiais ecológicos e sustentáveis, como fibras alternativas ➤ Jóias exclusivas, feitas em pequena escala, muitas vezes com pedras brutas e materiais alternativos ➤ Opção por roupas sob medida, feitas por ateliês e costureiras
  • 34. “Nascida a partir de meados dos anos 1990, em pleno bombardeio da informação digital, a geração Z (ou pós- millenial) procura mais transparência em suas relações e busca comprar de forma mais criteriosa - apelidados de True Gen, os zês querem se ligar a marcas de maneira profunda, se identificar com seus valores e não consumir apenas por consumir. -STOCÓRNO, 2018
  • 36. ➤ Alma: Mais que uma loja, a Ahlma é um conceito: todas as peças têm a descrição da origem de seus materiais e o quanto do valor da roupa ou do acessório é imposto, custo operacional, investimento e lucro.
  • 37. ➤ Doisélles: Sua oficina fica em um presídio de segurança máxima em São Paulo onde a designer tem um projeto chamado “Flor de Lotus”, que emprega mão de obra de detentos em troca de salário, redenção da pena e auxílio às famílias.
  • 38. ➤ Coletivo de Dois: Começou com um projeto dos estilistas Hugo Mor e Daniel Barranco de roupas feitas a partir de retalhos. O resultado foi uma label com uma vibe anos 80 “supercolorida” e com preocupação com a sustentabilidade desde o processo de produção e logística até suas sacolas, que são feitas com restos dos tecidos e de papel kraft.
  • 39. ➤ Gioconda Clothing: Traz um conceito de roupa confortável, com tecidos leves e naturais. São lingeries e “roupas de ficar em casa” que facilmente poderiam sair de casa fabricadas artesanalmente e todos os seus materiais têm certificado de matéria-prima brasileira. A marca leva o conceito slow tão a sério que todas as roupas são entregues aos correios pessoalmente pela estilista bicicleta.
  • 40. ➤ Karmem: A marca tem como causa principal a preocupação com o desperdício da indústria têxtil. Por isso, ela utiliza tecidos de qualidade que a indústria não quis mais, o que confere possibilidades infinitas de estampas e peças únicas. Além disso, ela tem um visual urbano e a cada desenvolvimento convida artistas diferentes. Karmen está a venda on-line e na loja Heloisa Faria em Vila Madalena, São Paulo.
  • 41. ➤ Cycleland: Formada pela designer de moda Naly Cabral e o designer gráfico Rafael Afonso, nasceu como uma reflexão sobre o lifestyle urbano e a mobilidade. Com coleções limitadíssimas, a marca tem um controle bastante próximo de sua cadeia de produção. Além disso, todas as suas peças são pensadas justamente para serem usadas em cima de bikes.
  • 42. ➤ Flavia Aranha: Com a intenção de fomentar uma cadeia mais justa e humanizada, é uma marca preocupada com o desenvolvimento sustentável da moda e do meio em que está inserida. A marca produz peças em tecidos naturais com tingimento botânico e dissemina o conhecimento sobre o assunto por meio de cursos e workshops. A inspiração da designer vem das relações que constituem o ecossistema em que a marca está inserida, da noção de interdependência entre todos nós e o meio ambiente.
  • 43. ➤ Georgia Halal: Há 10 anos no mercado, oferece peças que unem a elegância da alfaiataria moderna com o conforto de uma roupa totalmente despojada. O ateliê, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, se define como um universo em constante estruturação, sustentado pelo auto poder e a união feminina. O espaço também oferece mentoria para empreendedoras, cursos de costura, bordado e modelagem, realiza debates sobre assuntos do universo feminino e tem uma biblioteca de modelagens aberta, que pode ser usada por quem quiser reproduzir as peças da marca.
  • 46.
  • 49. REAPROVEITAMENTO DE TODAS AS PARTES DA ESTRUTURA
  • 50. RESIGINIFICAÇÃO DAS PEÇAS camisas e blazer saias calça top
  • 51. PEÇAS NA ETAPA FINAL DE CONSTRUÇÃO
  • 53. 90 cm 60 cm 30 cm 3,5 cm
  • 54. dobra penses com ponto em X cava cinto xxx x xx xx xx recorte
  • 56. ➤ No Brasil, de o assunto estar sendo cada vez mais discutido nas universidades e no mercado, as iniciativas de marcas que optam por uma produção baseada no slow fashion ainda são incipientes. ➤ Pequenas empresas vêm surgindo, mas a maior parte do consumo ainda favorece o fast fashion, por sua facilidade de acesso, pelos baixos preços e pela grande oferta de opções de produtos. ➤ A disseminação de informações para conscientizar o público é, sem dúvida, uma ferramenta que pode estimular a preferência por produtos de marcas de slow fashion. ➤ No entanto, incentivos para os negócios, orientação sobre gestão das empresas e aumentar as possibilidades de canais de vendas, com mais feiras e marketplaces físicos, por exemplo, podem aumentar o interesse dos consumidores, e consequentemente, o desenvolvimento das marcas existentes e de outras novas.