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IPLANETA DESIGN01
Aliar funcionalidade e criatividade à beleza é uma busca de todo designer.É com esse objetivo em mente – e também com
a preocupação em criar peças diferenciadas para facilitar e embelezar o cotidiano das pessoas – que eles chegam todos os dias a
seus ateliês,escritórios e oficinas para pesquisar novas técnicas.Mas para um número cada vez maior de profissionais da criação
é preciso ir além do belo, e muitos designers já associam um novo ingrediente ao processo criativo:a sustentabilidade.
Analisar todo o ciclo de vida da peça a ser criada,desde a retirada da matéria-prima até o descarte final na natureza,é uma
das diretrizes da atuação sustentável – um conceito que, em um primeiro momento, parece estar ligado somente à preservação
do meio ambiente, mas que leva em consideração os impactos sociais e econômicos da atividade.
Profissionais que desenvolvem projetos sustentáveis já conseguem notar conquistas que ultrapassam a construção de
portfólios cheios de peças cobiçadas. Sem deixar a estética e o charme de lado, eles estão desenvolvendo objetos que, além de
não agredirem a natureza, também ajudam a melhorar a qualidade de vida de diversas comunidades. E o mais importante:pro-
vam que com consciência, empenho e criatividade é possível ajudar a cuidar do planeta e das pessoas.
TEXTO Giedre Moura
Com projetos desenvolvidos a partir de técnicas e materiais sustentáveis,
designers realizam trabalhos que vão muito além da forma
beleza e
CONSCIÊNCIA
AO LADO, A MESA BAUM, DA DESIGNER JULIA KRANTZ.
ABAIXO, A PARTIR DA ESQUERDA, BANCO KRAFT, DE DOMINGOS
TÓTORA, DETALHE DA BICICLETA CHICO, DA FIBRA DESIGN
SUSTENTÁVEL, E VASO DE PAULA DIB. NA PÁGINA À ESQUERDA,
TRABALHO DE FRANCISCA JUNQUEIRA COM TUBOS DE PVC
IPLANETA DESIGN01
ACIMA, A ARTISTA PLÁSTICA E DESIGNER FRANCISCA
JUNQUEIRA EM SEU ATELIÊ EM SÃO PAULO.TUBOS DE
PVC, ELÁSTICOS, ALUMÍNIO E OUTROS MATERIAIS SÃO
USADOS NA PRODUÇÃO DE SUAS ESCULTURAS
PAPELÃO E SACOS DE CIMENTO DÃO ORIGEM
À MATÉRIA-PRIMA USADA POR DOMINGOS
TÓTORA (NO ALTO) EM SEUS TRABALHOS.
ACIMA, CONJUNTO DE VASOS COM FRISO
E, À DIREITA, O ACLAMADO BANCO RAFT
fotosFABIANOACCORSI
fotosDOMINGOSTÓTORA/DIVULGAÇÃO
de minas para o mundo
A tentação de largar a vida na cidade pequena e desfrutar das
oportunidades e do mercado na metrópole não fizeram a cabeça
do artista plástico Domingos Tótora. Nascido e criado na peque-
na Maria da Fé, no sul de Minas Gerais, Tótora conseguiu tornar
sua arte conhecida sem abandonar a cidade natal. Hoje, seu traba-
lho contribui diretamente para as questões ecológicas e econômi-
cas da cidade.
Foi observando as pilhas de caixas de papelão que se aglo-
meravam na frente dos mercados de Maria da Fé que Tótora
encontrou sua matéria-prima. Ele desenvolveu uma técnica na
qual mistura o saco de cimento usado com papelão e tem como re-
sultado um material super-resistente. Prensado, ele permite criar
móveis como bancos que suportam o peso de uma pessoa como se
fosse de madeira. “O que iria gerar lixo e poluição hoje dá origem
a uma grande diversidade de produtos”, conta o artista.
Em paralelo ao trabalho em seu ateliê, Tótora foi um dos
idealizadores do projeto Gente de Fibra, um dos grupos que fa-
zem parte da Cooperativa Mariense de Artesanato, que emprega
30 famílias e gera renda a partir da criação de peças que são ven-
didas no Brasil e no exterior. “Além do papelão, também utiliza-
mos a fibra de bananeira. Os elementos da natureza sempre foram
fonte de inspiração do meu trabalho. Eu não teria como utilizar
materiais que agridem o meio ambiente”, afirma.
Bancos, centros de mesa, cadeiras, pufes, entre outras peças
criadas por Tótora, ganharam o mundo e hoje são escolhidos por
arquitetos e decoradores para embelezar seus projetos. Merecem
destaque na linha de mobiliário do artista os bancos Kraft e Gota
e a belíssima mesa Água. A série Vasos Orgânicos e os bowls e es-
culturas vazados também conquistam pela inventividade e beleza.
do lixo ao luxo
Também foram os materiais entulhados nas ruas que motiva-
ram a artista plástica e designer Francisca Junqueira a pensar em
um projeto que pudesse transformar restos de construção em obje-
tos de decoração e utilitários. Alguns dos trabalhos da artista
foram expostos recentemente na Paralela Gift, feira semestral de
design contemporâneo realizada em São Paulo.
Francisca, que sempre gostou de trabalhar com materiais
recicláveis, como o alumínio, base de muitas de suas esculturas, se
encantou com as inúmeras possibilidades dos tubos de PVC
(plástico da família dos termoplásticos), material resistente e que
demora longos anos para se decompor na natureza. “O formato
dos tubos é muito interessante e é possível encontrá-los nos mais
diferentes tamanhos. Conseguimos fazer vasos, porta-lápis e uma
série de outros itens que nasceram não só da ideia de reaproveitar
materiais, mas também de envolver a comunidade”, lembra ela.
A entidade escolhida foi uma ONG (organização não gover-
namental) no município de Santana de Parnaíba, região metropo-
litana de São Paulo, que já atuava com o artesanato, mas ainda era
carente de capacitação. Francisca discutiu com eles todo o proces-
so criativo das peças. A estrutura de tubos foi a base definida e o
segundo passo foi escolher os materiais que iriam decorar o PVC.
Mais uma vez, a busca foi pela reutilização. Entraram em cena fil-
tros de café, tecidos, elásticos e materiais que ficam entulhados
nas lojas. “Fomos em busca de sobras, itens fora de coleção, peças
com defeitos que ficam nos cantos e vão para o lixo. O que estava
escondido ganhou vida”, fala ela. Entre os vasos que “floresce-
ram” desse trabalho estão o Vermelho e o Listrado, feitos com
tubo de PVC pintado com tinta automotiva.
AS FORMAS ORGÂNICAS PREDOMINAM NO TRABALHO
DA DESIGNER JULIA KRANTZ:MADEIRA CERTIFICADA E
DEVIDAMENTE RESPEITADA. ACIMA, A POLTRONA
JATOBÁ E, AO LADO, AMBIENTE DO ATELIÊ DA ARTISTA
EM PARCERIA COM DIFERENTES ASSOCIAÇÕES, PAULA DIB
INVESTE EM CAPACITAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO TRABALHO
ARTESANAL. À ESQUERDA, MOSTRA DE ALGUNS PRODUTOS
DA DESIGNER:CRIATIVIDADE E AÇÃO SOCIAL
IPLANETA DESIGN01
fotosFABIANOACCORSI
em dia com a natureza
Julia Krantz ainda era estudante de arquitetura quando des-
cobriu sua grande paixão: a madeira. E foi ao fazer uma cadeira na
disciplina de Desenho Industrial que ela se deparou com o dilema
de como utilizar de maneira sustentável uma das matérias-primas
mais cobiçadas e ameaçadas da natureza.
Por isso, desde o começo de sua carreira, no final dos anos
1990, quando “sustentabilidade” ainda era um termo pouco
conhecido, Julia só trabalha com madeira certificada. Suas peças
recebem o selo Forest Stewardship Council (FSC), o que significa
que a madeira empregada foi obtida em processos que não agri-
dem a natureza. Entre eles, está o manejo sustentável, sistema que
escolhe de maneira precisa a árvore a ser derrubada, sem agredir as
espécies do entorno e respeitando o tempo necessário para a
recomposição. “No começo, as pessoas não sabiam direito o que
era a certificação. Hoje muita gente procura justamente por ser um
móvel produzido de maneira responsável”, comemora a artista.
Mas a exigência da designer paulista pela certificação não
para por aí. Ela poderia comprar madeira dos grandes produto-
res, que geralmente destinam a maior parte da produção certifica-
da ao mercado externo, mas prefere obter o produto junto às
pequenas cooperativas que envolvem a mão de obra familiar. “São
comunidades que vivem da floresta, e essa atividade tem um im-
pacto direto sobre a qualidade de vida delas. Nem sempre o mate-
rial está disponível, existem dificuldades na compra, mas acho que
esse é o caminho”, diz.
A harmonia com a natureza também aparece na opção estéti-
ca de Julia. Ela faz uso de diversos tipos de madeira e as manipula
a partir das técnicas da marcenaria tradicional, optando pelo encai-
xe no lugar de pregos e parafusos. “No começo achava que podia
dominar a madeira, mas hoje percebo que é ao contrário, é ela
quem dá o tom da criação. Cada vez mais trabalho com a forma
orgânica, sem molde definido, mais próximo da escultura”.
desenvolvimento e capacitação
Com formação humanista adquirida ao longo dos anos em
que estudou em colégio de pedagogia Waldorf, a sensação da jovem
designer paulistana Paula Dib ao terminar a faculdade de Desenho
Industrial, muito voltada ao mercado e a referências internacionais,
foideestranhamento.Desorientada,nãoseenxergavaocupandoum
cargo em grandes escritórios e agências, e foi em direção a um cami-
nho desconhecido da maioria de seus colegas: a periferia.
Paula desenvolveu uma forte relação com ONGs, entidades e
associações que promovem trabalhos artesanais com resíduos. A
ideia de sua empresa, a Trans.forma Design, é justamente capacitar
e valorizar a produção de diferentes peças artesanais.
IPLANETA DESIGN01
ACIMA, BOLSA PRODUZIDA PELA TRIBO INDÍGENA FULNI-Ô, DO SERTÃO DE PERNAMBUCO,
COM O INCENTIVO DE PAULA DIB. ABAIXO, A DESIGNER COM CACHEPÔS CONFECCIONADOS
COM LASCAS DE EUCALIPTO E SEMENTES EM COMUNIDADE NO SUL DA BAHIA
NO ALTO, A BICICLETA CHICO E, À ESQUERDA, O SKATE FOLHA SECA,
DESENVOLVIDOS PELA FIBRA DESIGN SUSTENTÁVEL. ABAIXO, DA ESQUERDA
PARA A DIREITA, QUATRO DOS CINCO DESIGNERS QUE FORMAM A EMPRESA:
PEDRO THEMOTEO,THIAGO MAIA, BERNARDO FERRACIOLI E BRUNO TEMER
Além disso, a artista também ajuda a constituir todo um ciclo de
produção sustentável da atividade. Atualmente, são 18 comunida-
des assistidas pela Trans.forma, dentro e fora do Brasil, na cidade e
no campo. “O primeiro passo de qualquer projeto é entender a
cadeia produtiva. Se utilizarmos um cipó, por exemplo, precisamos
saber como ele está sendo retirado”, explica Paula.
Em uma comunidade do sul da Bahia, por exemplo, a desig-
ner ajudou a resgatar tradições que estavam esquecidas. Lá, os arte-
sãos foram incentivados a trabalhar com uma técnica de crochê que
utiliza lascas de eucalipto e sementes. “Tudo depende da comuni-
dade e do que ela tem disponível. Na Venezuela, trabalhamos
muito com lã de carneiro. No Mato Grosso, temos uso intenso de
sementes naturais; no contexto urbano também são usados filtros
de café”. Pelo seu trabalho, Paula já recebeu vários reconhecimen-
tos, como o Prêmio Internacional Jovem Designer Empreendedor
2006, promovido pelo British Council, em Londres, e participou
de exposições como a Design Possível, em Milão, Itália, e a Bienal
Brasileira de Design, em São Paulo, entre outras.
soluções inovadoras
Se por um momento a sustentabilidade parece estar ligada a
uma forma mais tradicional de se relacionar com a natureza, promo-
vendo o resgate de antigos hábitos, seu desenvolvimento também é
fortemente pautado pela inovação. E esta é a principal característica
da empresa Fibra Design Sustentável, que nasceu dentro da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Comandada hoje por cinco designers, a Fibra começou com
forte atuação na busca por novos materiais, processos, produtos e
serviços mais sustentáveis. Um desses produtos desenvolvidos pelo
grupo é o laminado de pupunha, árvore que tem seu caule descarta-
do após a produção dos frutos. Já as fibras de bananeira deram ori-
gem ao BananaPlac, outro laminado que utiliza somente elementos
naturais em sua composição e é produzido em parceria com artesãos
do Vale do Ribeira (SP), atividade que se torna fonte de renda para a
populaçãolocal.“Comodesdobramentodessesmateriais,consegui-
moscriarprodutosrealmenteinovadores,comoabicicletaChicoeo
skate Folha Seca”, explica Thiago Maia, um dos sócios do estúdio.
Amaiorpartedosprodutoscriadosporelesaindanãoestãodis-
poníveis no mercado, mas são uma mostra da capacidade revolucio-
nária da criação sustentável. A bicicleta Chico, por exemplo, além de
utilizar o bambu orgânico, acompanha o desenvolvimento natural da
criança, já que é modular e pode ser alongada. Já o skate Folha Seca é
um produto feito com o BioPlac, material desenvolvido pela Fibra a
partir deespécies vegetais brasileiras.Outroexemploéa mesa Bruno,
feitacomcompensadodepupunha.Apeçaremeteàestéticadomobi-
liário tradicional japonês e valoriza a textura da palmeira. “Existe um
mercado carente por soluções inovadoras e realmente sustentáveis”,
explica Maia. O estúdio também desenvolve produtos personaliza-
dos, tendo sempre em vista a inovação e a sustentabilidade. d
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  • 1. IPLANETA DESIGN01 Aliar funcionalidade e criatividade à beleza é uma busca de todo designer.É com esse objetivo em mente – e também com a preocupação em criar peças diferenciadas para facilitar e embelezar o cotidiano das pessoas – que eles chegam todos os dias a seus ateliês,escritórios e oficinas para pesquisar novas técnicas.Mas para um número cada vez maior de profissionais da criação é preciso ir além do belo, e muitos designers já associam um novo ingrediente ao processo criativo:a sustentabilidade. Analisar todo o ciclo de vida da peça a ser criada,desde a retirada da matéria-prima até o descarte final na natureza,é uma das diretrizes da atuação sustentável – um conceito que, em um primeiro momento, parece estar ligado somente à preservação do meio ambiente, mas que leva em consideração os impactos sociais e econômicos da atividade. Profissionais que desenvolvem projetos sustentáveis já conseguem notar conquistas que ultrapassam a construção de portfólios cheios de peças cobiçadas. Sem deixar a estética e o charme de lado, eles estão desenvolvendo objetos que, além de não agredirem a natureza, também ajudam a melhorar a qualidade de vida de diversas comunidades. E o mais importante:pro- vam que com consciência, empenho e criatividade é possível ajudar a cuidar do planeta e das pessoas. TEXTO Giedre Moura Com projetos desenvolvidos a partir de técnicas e materiais sustentáveis, designers realizam trabalhos que vão muito além da forma beleza e CONSCIÊNCIA AO LADO, A MESA BAUM, DA DESIGNER JULIA KRANTZ. ABAIXO, A PARTIR DA ESQUERDA, BANCO KRAFT, DE DOMINGOS TÓTORA, DETALHE DA BICICLETA CHICO, DA FIBRA DESIGN SUSTENTÁVEL, E VASO DE PAULA DIB. NA PÁGINA À ESQUERDA, TRABALHO DE FRANCISCA JUNQUEIRA COM TUBOS DE PVC
  • 2. IPLANETA DESIGN01 ACIMA, A ARTISTA PLÁSTICA E DESIGNER FRANCISCA JUNQUEIRA EM SEU ATELIÊ EM SÃO PAULO.TUBOS DE PVC, ELÁSTICOS, ALUMÍNIO E OUTROS MATERIAIS SÃO USADOS NA PRODUÇÃO DE SUAS ESCULTURAS PAPELÃO E SACOS DE CIMENTO DÃO ORIGEM À MATÉRIA-PRIMA USADA POR DOMINGOS TÓTORA (NO ALTO) EM SEUS TRABALHOS. ACIMA, CONJUNTO DE VASOS COM FRISO E, À DIREITA, O ACLAMADO BANCO RAFT fotosFABIANOACCORSI fotosDOMINGOSTÓTORA/DIVULGAÇÃO de minas para o mundo A tentação de largar a vida na cidade pequena e desfrutar das oportunidades e do mercado na metrópole não fizeram a cabeça do artista plástico Domingos Tótora. Nascido e criado na peque- na Maria da Fé, no sul de Minas Gerais, Tótora conseguiu tornar sua arte conhecida sem abandonar a cidade natal. Hoje, seu traba- lho contribui diretamente para as questões ecológicas e econômi- cas da cidade. Foi observando as pilhas de caixas de papelão que se aglo- meravam na frente dos mercados de Maria da Fé que Tótora encontrou sua matéria-prima. Ele desenvolveu uma técnica na qual mistura o saco de cimento usado com papelão e tem como re- sultado um material super-resistente. Prensado, ele permite criar móveis como bancos que suportam o peso de uma pessoa como se fosse de madeira. “O que iria gerar lixo e poluição hoje dá origem a uma grande diversidade de produtos”, conta o artista. Em paralelo ao trabalho em seu ateliê, Tótora foi um dos idealizadores do projeto Gente de Fibra, um dos grupos que fa- zem parte da Cooperativa Mariense de Artesanato, que emprega 30 famílias e gera renda a partir da criação de peças que são ven- didas no Brasil e no exterior. “Além do papelão, também utiliza- mos a fibra de bananeira. Os elementos da natureza sempre foram fonte de inspiração do meu trabalho. Eu não teria como utilizar materiais que agridem o meio ambiente”, afirma. Bancos, centros de mesa, cadeiras, pufes, entre outras peças criadas por Tótora, ganharam o mundo e hoje são escolhidos por arquitetos e decoradores para embelezar seus projetos. Merecem destaque na linha de mobiliário do artista os bancos Kraft e Gota e a belíssima mesa Água. A série Vasos Orgânicos e os bowls e es- culturas vazados também conquistam pela inventividade e beleza. do lixo ao luxo Também foram os materiais entulhados nas ruas que motiva- ram a artista plástica e designer Francisca Junqueira a pensar em um projeto que pudesse transformar restos de construção em obje- tos de decoração e utilitários. Alguns dos trabalhos da artista foram expostos recentemente na Paralela Gift, feira semestral de design contemporâneo realizada em São Paulo. Francisca, que sempre gostou de trabalhar com materiais recicláveis, como o alumínio, base de muitas de suas esculturas, se encantou com as inúmeras possibilidades dos tubos de PVC (plástico da família dos termoplásticos), material resistente e que demora longos anos para se decompor na natureza. “O formato dos tubos é muito interessante e é possível encontrá-los nos mais diferentes tamanhos. Conseguimos fazer vasos, porta-lápis e uma série de outros itens que nasceram não só da ideia de reaproveitar materiais, mas também de envolver a comunidade”, lembra ela. A entidade escolhida foi uma ONG (organização não gover- namental) no município de Santana de Parnaíba, região metropo- litana de São Paulo, que já atuava com o artesanato, mas ainda era carente de capacitação. Francisca discutiu com eles todo o proces- so criativo das peças. A estrutura de tubos foi a base definida e o segundo passo foi escolher os materiais que iriam decorar o PVC. Mais uma vez, a busca foi pela reutilização. Entraram em cena fil- tros de café, tecidos, elásticos e materiais que ficam entulhados nas lojas. “Fomos em busca de sobras, itens fora de coleção, peças com defeitos que ficam nos cantos e vão para o lixo. O que estava escondido ganhou vida”, fala ela. Entre os vasos que “floresce- ram” desse trabalho estão o Vermelho e o Listrado, feitos com tubo de PVC pintado com tinta automotiva.
  • 3. AS FORMAS ORGÂNICAS PREDOMINAM NO TRABALHO DA DESIGNER JULIA KRANTZ:MADEIRA CERTIFICADA E DEVIDAMENTE RESPEITADA. ACIMA, A POLTRONA JATOBÁ E, AO LADO, AMBIENTE DO ATELIÊ DA ARTISTA EM PARCERIA COM DIFERENTES ASSOCIAÇÕES, PAULA DIB INVESTE EM CAPACITAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO TRABALHO ARTESANAL. À ESQUERDA, MOSTRA DE ALGUNS PRODUTOS DA DESIGNER:CRIATIVIDADE E AÇÃO SOCIAL IPLANETA DESIGN01 fotosFABIANOACCORSI em dia com a natureza Julia Krantz ainda era estudante de arquitetura quando des- cobriu sua grande paixão: a madeira. E foi ao fazer uma cadeira na disciplina de Desenho Industrial que ela se deparou com o dilema de como utilizar de maneira sustentável uma das matérias-primas mais cobiçadas e ameaçadas da natureza. Por isso, desde o começo de sua carreira, no final dos anos 1990, quando “sustentabilidade” ainda era um termo pouco conhecido, Julia só trabalha com madeira certificada. Suas peças recebem o selo Forest Stewardship Council (FSC), o que significa que a madeira empregada foi obtida em processos que não agri- dem a natureza. Entre eles, está o manejo sustentável, sistema que escolhe de maneira precisa a árvore a ser derrubada, sem agredir as espécies do entorno e respeitando o tempo necessário para a recomposição. “No começo, as pessoas não sabiam direito o que era a certificação. Hoje muita gente procura justamente por ser um móvel produzido de maneira responsável”, comemora a artista. Mas a exigência da designer paulista pela certificação não para por aí. Ela poderia comprar madeira dos grandes produto- res, que geralmente destinam a maior parte da produção certifica- da ao mercado externo, mas prefere obter o produto junto às pequenas cooperativas que envolvem a mão de obra familiar. “São comunidades que vivem da floresta, e essa atividade tem um im- pacto direto sobre a qualidade de vida delas. Nem sempre o mate- rial está disponível, existem dificuldades na compra, mas acho que esse é o caminho”, diz. A harmonia com a natureza também aparece na opção estéti- ca de Julia. Ela faz uso de diversos tipos de madeira e as manipula a partir das técnicas da marcenaria tradicional, optando pelo encai- xe no lugar de pregos e parafusos. “No começo achava que podia dominar a madeira, mas hoje percebo que é ao contrário, é ela quem dá o tom da criação. Cada vez mais trabalho com a forma orgânica, sem molde definido, mais próximo da escultura”. desenvolvimento e capacitação Com formação humanista adquirida ao longo dos anos em que estudou em colégio de pedagogia Waldorf, a sensação da jovem designer paulistana Paula Dib ao terminar a faculdade de Desenho Industrial, muito voltada ao mercado e a referências internacionais, foideestranhamento.Desorientada,nãoseenxergavaocupandoum cargo em grandes escritórios e agências, e foi em direção a um cami- nho desconhecido da maioria de seus colegas: a periferia. Paula desenvolveu uma forte relação com ONGs, entidades e associações que promovem trabalhos artesanais com resíduos. A ideia de sua empresa, a Trans.forma Design, é justamente capacitar e valorizar a produção de diferentes peças artesanais.
  • 4. IPLANETA DESIGN01 ACIMA, BOLSA PRODUZIDA PELA TRIBO INDÍGENA FULNI-Ô, DO SERTÃO DE PERNAMBUCO, COM O INCENTIVO DE PAULA DIB. ABAIXO, A DESIGNER COM CACHEPÔS CONFECCIONADOS COM LASCAS DE EUCALIPTO E SEMENTES EM COMUNIDADE NO SUL DA BAHIA NO ALTO, A BICICLETA CHICO E, À ESQUERDA, O SKATE FOLHA SECA, DESENVOLVIDOS PELA FIBRA DESIGN SUSTENTÁVEL. ABAIXO, DA ESQUERDA PARA A DIREITA, QUATRO DOS CINCO DESIGNERS QUE FORMAM A EMPRESA: PEDRO THEMOTEO,THIAGO MAIA, BERNARDO FERRACIOLI E BRUNO TEMER Além disso, a artista também ajuda a constituir todo um ciclo de produção sustentável da atividade. Atualmente, são 18 comunida- des assistidas pela Trans.forma, dentro e fora do Brasil, na cidade e no campo. “O primeiro passo de qualquer projeto é entender a cadeia produtiva. Se utilizarmos um cipó, por exemplo, precisamos saber como ele está sendo retirado”, explica Paula. Em uma comunidade do sul da Bahia, por exemplo, a desig- ner ajudou a resgatar tradições que estavam esquecidas. Lá, os arte- sãos foram incentivados a trabalhar com uma técnica de crochê que utiliza lascas de eucalipto e sementes. “Tudo depende da comuni- dade e do que ela tem disponível. Na Venezuela, trabalhamos muito com lã de carneiro. No Mato Grosso, temos uso intenso de sementes naturais; no contexto urbano também são usados filtros de café”. Pelo seu trabalho, Paula já recebeu vários reconhecimen- tos, como o Prêmio Internacional Jovem Designer Empreendedor 2006, promovido pelo British Council, em Londres, e participou de exposições como a Design Possível, em Milão, Itália, e a Bienal Brasileira de Design, em São Paulo, entre outras. soluções inovadoras Se por um momento a sustentabilidade parece estar ligada a uma forma mais tradicional de se relacionar com a natureza, promo- vendo o resgate de antigos hábitos, seu desenvolvimento também é fortemente pautado pela inovação. E esta é a principal característica da empresa Fibra Design Sustentável, que nasceu dentro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Comandada hoje por cinco designers, a Fibra começou com forte atuação na busca por novos materiais, processos, produtos e serviços mais sustentáveis. Um desses produtos desenvolvidos pelo grupo é o laminado de pupunha, árvore que tem seu caule descarta- do após a produção dos frutos. Já as fibras de bananeira deram ori- gem ao BananaPlac, outro laminado que utiliza somente elementos naturais em sua composição e é produzido em parceria com artesãos do Vale do Ribeira (SP), atividade que se torna fonte de renda para a populaçãolocal.“Comodesdobramentodessesmateriais,consegui- moscriarprodutosrealmenteinovadores,comoabicicletaChicoeo skate Folha Seca”, explica Thiago Maia, um dos sócios do estúdio. Amaiorpartedosprodutoscriadosporelesaindanãoestãodis- poníveis no mercado, mas são uma mostra da capacidade revolucio- nária da criação sustentável. A bicicleta Chico, por exemplo, além de utilizar o bambu orgânico, acompanha o desenvolvimento natural da criança, já que é modular e pode ser alongada. Já o skate Folha Seca é um produto feito com o BioPlac, material desenvolvido pela Fibra a partir deespécies vegetais brasileiras.Outroexemploéa mesa Bruno, feitacomcompensadodepupunha.Apeçaremeteàestéticadomobi- liário tradicional japonês e valoriza a textura da palmeira. “Existe um mercado carente por soluções inovadoras e realmente sustentáveis”, explica Maia. O estúdio também desenvolve produtos personaliza- dos, tendo sempre em vista a inovação e a sustentabilidade. d fotosFABIANOACCORSI fotosCALÉ