2. DEFINIÇÃO
O QUE É RESÍDUO?
Todo material em estado sólido, líquido ou
gasoso, resultante de um processo de
extração da natureza, transformação,
fabricação ou consumo, que seu
possuidor decide abandonar.
Fonte: http://www.resol.com.br/glossario2.asp
3. POLUIÇÃO POR RESÍDUOS
AGROINDUSTRIAIS
• Atividades agropecuárias e de processamento de produtos
agropecuários têm proporcionado sérios problemas de poluição;
• Grande concentração de material orgânico, o seu lançamento
em corpos hídricos pode proporcionar grande decréscimo na
concentração de oxigênio dissolvido nesse meio, provocando a
morte dos animais, exalação de odores fétidos e gases
agressivos e dificultando o tratamento da água para
abastecimento público.
4. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
O conhecimento das quantidades
geradas e as principais
características físicas e químicas
dos resíduos é fundamental para a
concepção e o dimensionamento
dos sistemas de tratamento e/ou
disposição desses na natureza, ou
aplicação em processos
biotecnológicos.
5. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
Os principais impactos ambientais proporcionados
pelo lançamento de águas residuárias agroindustriais,
sem tratamento prévio, em corpos hídricos são:
-Elevação da DBO (demanda
bioquímica de oxigênio);
-Aumento da temperatura;
-Eutrofização dos corpos
hidricos;
-Proliferação de doenças.
6. O QUE É DBO?
DBO (DEMANDA BIOQUÍMICA
DE OXIGÊNIO)
representa a demanda potencial
de oxigênio dissolvido que
poderá ocorrer devido à
estabilização dos compostos
orgânicos biodegradáveis, o
que poderá trazer os níveis de
oxigênio nas águas abaixo dos
exigidos pelos peixes, levando-
os à morte.
7. O QUE É EUTROFIZAÇÃO?
Eutrofização ou
eutroficação é o
fenômeno causado pelo
excesso de nutrientes
(compostos químicos
ricos em fósforo ou
nitrogênio), o que leva à
proliferação excessiva de
algas, que, ao entrarem
em decomposição, levam
ao aumento do número
de microrganismos e à
conseqüente
deterioração da
qualidade do corpo de
água.
8. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
1) CRIATÓRIOS ANIMAIS:
A vazão de águas residuárias geradas na criação
de animais é função:
• do número de animais confinados,
• na quantidade de água usada na higienização
das instalações,
• transporte hidráulico dos dejetos,
• e da existência ou não de sistemas de
isolamento para evitar a incorporação de
águas pluviais.
9. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
1) CRIATÓRIO DE ANIMAIS
A incorporação de água
aos dejetos frescos, a fim
de facilitar o transporte e,
principalmente a aplicação
desses resíduos em áreas
de cultivo agrícola, tem
sido prática freqüente em
muitos países,
notadamente nos que tem
mais avançada tecnologia
agropecuária.
Até a cama de frango tem recebido água para tornar o resíduo líquido,
facilitando, dessa forma, sua aplicação no solo.
10. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
1) CRIATÓRIO DE ANIMAIS
Em suinoculturas, nas quais o
dejeto é transportado por meio
hidráulico, gera-se, em média
entre 8 e 25 litros de águas
residuárias por animal por dia.
A produção diária de águas
residuárias na bovino cultura
confinada está em torno de 4,6
dag/kg de massa viva do animal.
Ovinos geram, por dia, o equivalente a 3,6 dag/kg de sua
massa viva como água residuária.
dag = decagrama = 10g
11. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
1) CRIATÓRIO DE ANIMAIS
As águas residuárias da suinocultura
contêm grande quantidade de material
orgânico (DBO de 5.000 a 20.000 mg.L-1)
e sólidos totais, estando a composição
química básica do liqüame produzidos em
unidades de crescimento e terminação
(animais de 25 a 100 kg).
Composição média do liquame:
13. A vazão de águas residuárias em agroindústrias é
função, principalmente:
• tipo e quantidade de matéria-prima processada;
• técnicas empregadas no processamento.
Em termos qualitativos, os resíduos agroindustriais
apresentam, também, grande variabilidade, por
isso o assunto deve ser tratado separadamente
para cada tipo de unidade agroindustrial.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
14. 2.1) Beneficiamento de frutos do cafeeiro
• Com o intuito de produzir grãos de café ditos “finos”, de melhor
qualidade e maior valor comercial, produtores de café têm, nos
últimos anos, instalado máquinas de beneficiamento desse fruto em
suas propriedades.
• Os resíduos gerados no processamento, por via úmida, de frutos do
cafeeiro, entretanto tem grande problema ambiental em razão dos
grandes volumes de águas residuárias, cascas e polpas úmidas
gerados na atividade.
• A vazão de águas residuárias geradas, condicionada pelo volume
de frutos processados, está em torno de 1 litro para cada litro de
fruto lavado e de 4 litros para cada litro de fruto despolpado,
quando não for feita a recirculação da água.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
15. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.1) Beneficiamento de frutos do cafeeiro
Características químicas e bioquímicas da água residuária da lavagem e
descascamento/despolpa dos frutos do cafeeiro.
Pode-se observar, com base nos valores apresentados, que o potencial
poluente das águas em recirculação aumentam durante o processo de
descascamento/despolpa dos frutos.
16. 2.2) Usinas sucro-alcooleiras
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
• A vinhaça é um efluente de usinas de destilarias de álcool e
aguardente, resultante da destilação do mosto fermentado
(caldo de cana, melaço ou xarope diluído), sendo gerada na
proporção de 13 a 16 litros por litro de álcool produzido.
• O processamento de 1.000 toneladas de cana-de-açúcar
rende, nas usinas de produção de álcool, em média, 910 m3
de vinhaça.
• No caso de usinas açucareiras com destilaria, a geração de
vinhaça está entre 150 e 300 m3
por cada 1.000 toneladas de
cana-de-açúcar processada.
18. 2.3) Laticínios
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
As águas residuárias das indústrias de laticínios apresentam ampla
variação de vazão, dependente do período do dia e do tipo de atividade
executada.
A quantificação da vazão ou volume de águas residuárias geradas em
laticínios depende:
• caracterização prévia dos produtos obtidos;
• formas de processamento empregadas.
A variedade de produtos das indústrias de laticínios é grande,
abrangendo desde o processamento do leite até a elaboração de
produtos mais trabalhados, tais como queijos diversos, requeijão,
cremes, sorvetes, iogurtes, leite em pó, leite condensado etc.
19. 2.3) Laticínios
No processamento do leite para consumo “in natura”, as operações
geradoras de águas residuárias são:
• lavagem e desinfecção de equipamentos (tanques, centrifugas,
pasteurizador, homogeneizador, tubulações, latões, etc),
• quebra de embalagens contendo leite,
• perda nas enchedeiras e
• lubrificação dos transportadores.
Em média, produz-se cerca de 3,25 litros de água residuária para cada
litro de leite processado. Tem-se, em média, a geração de 2,0 kg ou
mais de DBO por cada 1.000 kg de leite processado.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
20. 2.3) Laticínios
Na obtenção de creme, o leite, após o recebimento e estocagem, é enviado a
uma centrífuga onde é feita a separação creme-leite.
O leite desnatado obtido é, então, utilizado na fabricação de queijos, iogurte e
leite condensado.
O creme de leite obtido passa por uma mistura, sendo a seguir, pasteurizado
e homogeneizado.
Nessas fases do processamento, as águas residuárias são constituídas por:
• leite,
• materiais sólidos (substâncias graxas),
• detergentes,
• desinfetantes e
• lubrificantes.
Águas residuárias de características semelhantes são geradas na fabricação
de leite condensado e leite em pó, apenas com variação da sua carga
orgânica.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
21. 2.3) Laticínios
• Na fabricação do queijo, o leite desnatado ou puro é submetido a um
processo de coagulação com a adição de determinadas enzimas.
Após estar coagulado, a emulsão é quebrada, obtendo-se, após ser
submetida a prensagem ou não, uma parte sólida (coágulo) e uma
parte líquida (soro), esta se constituindo no resíduo que causa maior
preocupação pela significativa carga orgânica que detém.
• Para cada litro de leite utilizado na fabricação de queijo são gerados
de 0,6 a 0,9 litro de soro ou, para cada quilo de queijo produzido
gera-se cerca de 27-55 kg de soro.
• Na produção de queijo gera-se entre 3 e 4 litros de água residuária
para cada litro de leite processado, além de mais 5 a 10 L de soro
para cada quilo de queijo produzido.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
22. 2.3) Laticínios
• A DBO do leite integral é cerca de 100.000 mg/L e exigem uma alta
demanda de oxigênio para sua decomposição, mesmo em
pequenas quantidades, porém seu valor nas águas residuárias irá
depender do tipo de processamento a que o leite foi exposto e do
tipo de produto manufaturado.
• Tem-se, em média, 2,0kg ou mais de DBO por cada 1000 kg de
leite processado, sendo que, em média, a água residuária contém
4200 mg/L de DBO.
• Em um laticínio com queijaria, em razão do soro, que contém cerca
de 4 dag/L de sólidos e elevada DBO (entre 30000 a 60000 mg/L),
as águas residuárias geradas apresentam maior carga orgânica.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
23. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.4) Matadouros de bovinos
O consumo de água em matadouros de bovinos é bastante variável, dependendo do
tipo de instalação.
Os volumes de água gastos estão entre 0,25 e 0,4 m3
para cada animal abatido, sendo
distribuídos da seguinte forma:
• 0,9 m3
na sala de abate,
• cerca de 1,0 m3
nas demais dependências (bucharia, triparia, sanitários, etc.) e
• 0,6 m3
na área externa (currais, pátios, etc.).
O efluente líquido de matadouros é constituído, principalmente, por água de limpeza
dos equipamentos e do piso, devendo conter sangue, resultante do gotejamento no
piso ao longo da linha de abate, e pequenas partículas da carcaça, pêlos, gordura,
vômitos e barrigada. Peças condenadas da carcaça são, em grande parte,
recuperadas para a produção de graxas e farinhas.
24. 2.5) Processamento da carne
• No processamento da carne bovina, as águas residuárias são compostas
de sangue, apararas, sebo, pêlos, parte da barrigada, além de dejetos do
animal abatido.
• O sangue bovino tem DBO5 de 156000 mg/L, DQO de 218300 mg/L,
conteúdo de umidade de 820 g/L e pH de 7,3.
• Águas residuárias da seção de empacotamento de carnes tem valores
médios de 1240 mg/L, DQO de 2940 mg/L, 85 mg/L de N orgânico e 1850
mg/L de sólidos suspensos.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
25. 2.5) Processamento da carne
• Em abatedouros de frangos, as águas residuárias de processo
apresentam DBO e DQO mais elevadas do que as águas de lavagem
das máquinas e pisos, apresentando as primeiras DBO em torno de
3900 mg/L e DQO de 16230 mg/L, enquanto as segundas DBO de
2350 mg/L e DQO de 4850 mg/L.
• O conteúdo de óleos e graxas é, no entanto, maior nas águas de
lavagem, alcançando concentração de 8000 mg/L, enquanto as águas
de processo apresentam valor de 2500 mg/L.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
26. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.5) Processamento da carne
• No cozimento dos peixes e águas de resfriamento dos condensadores
são gerados grandes volumes de águas residuárias, com DBO de 2700
a 3500 mg/L, sólidos totais de 4200 a 21800 mg/L, e sólidos em
suspensão de 2200 a 3000 mg/L.
• As águas de cozimento dos peixes e as águas utilizadas no
resfriamento dos condensadores são geradas em grandes volumes,
porém de pequena carga orgânica.
27. 2.6) Curtumes
No geral, as águas residuárias de curtume caracterizam-se por
apresentarem elevado pH, alta carga orgânica, grande quantidade de
sólidos suspensos (pelos e carnaça), intensa cor, grande dureza e
elevadas concentrações de sulfetos e de crômio.
O crômio, presente nas águas residuárias de curtumes que utilizam sais de
crômio na operação de curtição, tem sido considerado poluente
significativo, por ser potencialmente tóxico à biota, sendo a espécie
iônica Cr+6
, considerada muito mais tóxica que a Cr+3
.
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
28. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.6) Curtumes
As águas residuárias de curtumes, provenientes da etapa de tratamento
chamada “ribeira” (lavagens, remolho, caleação e curtição) são
fortemente alcalinas (pH elevado), turvas, esbranquiçadas, devido ao
excesso de cal.
Contém suspensão de tecido muscular, colágeno, pêlos, sebo, restos de
pele, areia, terra, gordura e sangue.
Em decorrência dos tratamentos químicos a que o couro é submetido,
essas águas residuárias podem apresentar, em solução, sulfeto de
sódio, cloreto de sódio, aminoácidos, albumina.
A DBO das águas residuárias dessa etapa do processamento do couro
é elevada.
29. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.6) Curtumes
As águas residuárias da etapa de curtição (acidificação e curtição
propriamente dita) contém, enzimas e curtientes (vegetais e
minerais utilizados para facilitar o curtimento do couro) e ácidos
minerais (HCl) e orgânicos (lático e fórmico), apresentando, por
isso, pH ácido.
Apresentam, também, elevada turbidez e cor verde (curtição por
crômio) ou castanha (curtição por taninos). Dependendo do
curtiente utilizado, essas águas residuárias apresentarão maior ou
menor DBO.
30. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.7) Celulose e papel
A produção de águas residuárias na indústria de celulose e papel é
dependente:
• do tipo de processo de produção empregado,
• do grau de reciclagem da água na planta e
• das técnicas empregadas no controle da poluição.
O consumo de água é muito alto, da ordem de 20 a 450 m3
por
tonelada de polpa produzida (em plantas bem operadas pode-se
gerar efluentes na faixa de 25 a 60 m3
/t), porém são também
dependentes do processo utilizado e do grau de recirculação da
água nas plantas.
31. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.7) Celulose e papel
O volume de águas residuárias geradas na indústria de
celulose é bastante alto, sendo que uma indústria que
produz, em média, 2000 kg/dia de polpa, pode chegar a
produzir 6500 m3
/dia de resíduos.
A vazão de águas geradas em um processo Kraft é de 90 a
127 m3
/t processada, sendo que a etapa de branqueamento
da polpa contribui com 50% do efluente gerado em toda a
indústria.
32. ÁGUAS RESIDUÁRIAS
2) AGROINDÚSTRIAS
2.8) Processamento de frutas e hortaliças
Em indústrias de processamento de frutas e hortaliças são gerados
resíduos sólidos e líquidos.
As águas residuárias apresentam, caracteristicamente:
• elevado conteúdo orgânico, devido à presença de restos vegetais e
inseticidas;
• altas temperaturas;
• baixas concentrações de sólidos em suspensão e
• DBO relativamente baixa.
Exemplos:
Processamento cenoura: DBO = 800 -1900 mg/L
Processamento tomate: DBO = 450 -1600 mg/L
Lavagem de batata: DBO em torno de 3.300 mg/L