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                                       INTRODUÇÃO



A interação nos espaços de Educação Infantil é algo comum e pertinente para todas
as crianças em toda e qualquer sociedade, sendo esta peculiar para o seu
desenvolvimento cognitivo e social. Através desta pesquisa tornou possível
identificar e analisarcomo os professores compreendem a relevância da interação
das crianças nos espaços de Educação Infantil e como suas práticas tem
referenciado estas compreensões.


O primeiro capítulo delineia uma trajetória como as crianças foram e tem sido vistas
e tratadas no decorrer da historia brasileira. Fazendo uma breve alusão da questão
a ser tratada e o objetivo proposto.

O segundo capitulo compõe o quadro teórico – refletindo conceito, o qual tem como
objetivo proporcionar bases teóricas parra tornar a discussão deste trabalho mais
rico e sólido, por aprofundar nas contribuições dos autores que tratam dos referidos
conceitos chaves delineados neste trabalho, os quais envolvem uma explanação
sobre interação, aprendizagem e desenvolvimento, professores e prática.

O terceiro capítulo descreve o caminho percorrido para a compreensão do assunto
investigado, bem como as ações e recursos para o desenvolvimento da referida
pesquisa. Referendando o lócus, os sujeitos e os instrumentos para a coleta de
dados da pesquisa enunciada

O quarto capítulo trata dos resultados da pesquisa coletada dos sujeitos, bem como
a   análise   e   interpretações       dos   dados   colhidos   à   luz   do   assunto
anteriormentepesquisado e estudado.

Este trabalho é resultado de uma inquietação, de pesquisas e estudos. A realização
deste trabalho se tornou real após dias de atividades e muitopertinente, pois
chegamos a uma conclusão do assunto averiguado, sendo este o objetivo proposto
no desenvolvimento do trabalho, garantindo-nos uma sensação de satisfação da
ação realizada, nos proporcionando contentamento e determinação.
11



CAPÍTULO I
                                  1. PROBLEMÁTICA


1.1Crianças nos Diferentes Contextos na Historia do Brasil


No decorrer da história de nosso país, a assistência social e educacional das
crianças sofreram diferentes impasses para que estas fossem reconhecidas como
realmente são, crianças. Para uma melhor compreensão é imprescindível fazermos
uma breve, mas importante, retrospectiva: como as crianças têm sido vistas e
tratadas no decorrer do tempo em nosso país.


Partindo da chegada dos portugueses ao fim do período escravista, pouco setem
mencionado quantoà educação e ao cuidado com as crianças do nosso país. Em
companhia dos portugueses vieram também os jesuítas que com sua presença
marcaram o inicio da educação formal no Brasil, que visava “educar” não só índios
adultos como também as crianças segundo suas definições e regimentos como
afirma Chambouleyron (2000), “com adultos cada vez mais arredios, toda atenção
se voltava aos filhos destes...” (p. 58).


Percebe-seassim, que a educação partia dos interesses da classe dominante (a
Igreja), que era até então granjear novos adeptos ao catolicismo. Segundo
Chambouleyron (2000), a educação jesuíta oferecida a estas crianças contribuía
para fortalecer a “ideia de que as crianças constituiriam de fato uma nova
cristandade” (p. 59). Por conseguinte,a educação imposta e oferecida às crianças
não era voltada para sua condição de criança, mas envolvia formar uma sociedade
almejada pelos jesuítas.


A visão que muitos adultos tinham da criança era reducionista ou determinante,
como afirma Priore (2000), “a criança... é vista como adulto em gestão” (p. 10). Os
filhos dosbrancos eram adultos em estatura pequena, o que era evidente por suas
vestes serem iguais as dos adultos, já os filhos dos negros por sua vez eram os
futuros trabalhadores escravos que mesmo pequenos já auxiliavam nas tarefas
escravistas,   como     noslembra     Priore   (2000)   ao   dizer,   “o   muleque   ou
muleca”começavam a trabalhar aos sete anos obedecendo às ordens dos seus
12



senhores por carregar seus pertences, buscar e levar correspondências, abaná-los
etc.” (p. 21).


Em relação à educação das crianças durante o século XIX, a referênciaexistente é
que esta era de caráter assistencialista, na qual Kramer (1992) traz atenção:


                     No que se refere ao atendimento a infância brasileira até 1874 existia a
                     “Casa dos Expostos” ou “Roda” para os abandonados das primeiras idades
                     e a “escola de Aprendizes Marinheiros” (fundada pelo Estado em 1873) para
                     os abandonados maiores de doze anos. (p. 49)



Tratando-se da Casa dos Expostos é preciso mencionar que a mesma não tinha
função educacional, mas protagonizava uma ação assistencialista, a qual abrigava
bebês de famílias pobres ou ilegítimos de senhores e escravos. Sendoque neste
mesmo períodosurge o primeiro jardim de infância particular no Brasil, no Rio de
Janeiro, fundado por Menezes Vieira, que visava atender a elite da época.O que
ocasionou discursos que defenderiam que os jardins de infância deveriam
assistencializar todas às crianças, inclusive crianças de negras libertas pela lei do
Ventre Livre e as que tivessem pouca condição econômica.


                     A ideia de proteger a infância começava a despertar, mas o atendimento se
                     restringiaas iniciativas isoladas que tinha, portanto, um caráter isolado.
                     Assim, mesmo aquelas instituições dirigidas às classes desfavorecidas,...,
                     eram insuficientes e quase inexpressivas frente à situação de saúde e
                     educação da população brasileira. (KRAMER, 1992, p. 49 E 50)


Percebe-se até este período que as iniciativas quanto à educação das crianças no
Brasil eram precárias, o que ocorria muitas vezes por causa do descaso das
autoridades. Como afirma Kramer (1992) “faltava de maneira geral, interesse da
administração pública pelas condições da criança brasileira, principalmente a pobre’.
(p. 50)


Com a “consolidação” da Aboliçãoe a Proclamação da Republica no fim do século
XIX e adentrando ao século XX, surge no Brasil uma nova sociedade voltada para a
aceitação de idéias capitalistas e para o desenvolvimento industrial, provocando
revoluções no país. Surgindo creches populares (1908), que visava proporcionar
alimentação, higiene e segurança física para as crianças de mães que trabalhavam
nas indústrias ou em lares como empregadas domésticas, sendo “assistidas
13



basicamente por instituições de caráter médico sendo muito poucas as iniciativas
educacionais a elas destinadas”. (Kramer, 1992, p. 55)


Torna-se necessário lembrar que as creches no Brasil eram um reflexo do que já
acontecia no Europa desde o século XVIII. Situação mediada sob a influência de
muitos pensadores, tais como: João Comênio (1592-1657), pai da Didática Moderna
que defendia que desde a infância deveria ser trabalhado tudo; Jean Jaques
Rousseau (1712-1778), que enfatizava a infância como um momento que se vê,que
se pensa e se sente o mundo de um modo próprio; Pestalozzi (1746-1827), em seu
entusiasmo pela educação pública influenciou empresários a construirem creches
para os filhos de operários; Froebel (1782-1852), afirmou que a criança é um ser
dinâmico que interage a todo momento com objetos e pessoas; Vygotsky (1896-
1934) deu atenção a importância da interação; Piaget; Maria Montessouri e outros.
(KRAMER, 1992,p.25 a 30)


A partir da década de 30, com a aceleração dos processos de industrialização e
urbanização do país, eleva-se a nacionalização de políticas sociais, as quais, como
diz Kramer (1992), “se refletiram nas instituições voltadas as questões de educação
e saúde”,...(p.50). Neste período a criança passa a ser valorizada não como criança,
mas sim como adulto em potencial. Mesmo com algumas inovações na área da
educação, a creche e a pré-escola ainda ofereciam uma ação assistencialista e
muitas vezes prestada de forma precária.


Entre as décadas de 40 a 70, surgem diferentes órgãos que deramatenção a criança
brasileira, entre estes: Departamento Nacional da Criança (1940); Serviço de
Assistência a Menores (1941); OMEP – Organização Mundial de Educação Pré-
escolar (1952); FUNABEM –Fundação de Bem estar ao Menor (1964); LBA – Legião
Brasileira de Assistência (1942); e outros. Inicialmente,dava-se atenção a proteção,
a saúde, a assistência social e só depois a educação. Apenasna década de 70 a
educação da criança brasileira é reconhecida e as políticas governamentais
começam a dar atenção ao atendimento das crianças de 4 a 6 anos.


Nos anos 80, sob a influência de modelos piagetianos, montessourianas,
comportamentalistas e construtivistas novos rumos ocorrem na educação.
14



Arealização de congressos da ANPED (Associação Nacional dos Pesquisadores em
Educação) e elaboração da Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista
como necessária, direito detodos e dever do Estado, sendo integrada no Sistema de
Ensino, tanto em creches como em escolas. Deixando seu caráterassistencialista,
mas estando agora numa visão pedagógica, que como afirma Kramer (2002),
“precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que
vivem em sociedade, cidadãos e cidadãs”, (p. 19). O que nos faz lembrar Angotti
(2006) ao mencionar:


                    Elementos da historia do atendimento a infância precisam e merecem ser
                    reconhecidos, entendidos e analisados, para que se possa elaborar e
                    manter a luta pelas condições educacionais que favoreçam a inserção da
                    criança na sociedade a qual pertence, sua condição de direito de ser
                    pessoa, em ser e viver as perspectivas sociopolíticas – histórico – culturais
                    que sustentem as bases do sujeito protagonista da historia do seu próprio
                    desenvolvimento, interlocutor_ de diálogos abertos com um e em um mundo
                    permanente e absoluta dinamicidade. (p.17)


Algumas mudanças ocorrem muito recentemente em nossa sociedade brasileira
quanto a Educação Infantil.A partir dos anos 90 as crianças brasileiras como seres
sociais e com suas peculiaridades recebem uma atenção maior, uma evidência
deste evento foi à criação da ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990
(lei 8069/90). “O cuidado infantil deixa de ser atribuição exclusiva da família,
passando a ser destacado como papel importante dispositivo social na promoção do
desenvolvimento humano, a ser garantido pelas autoridades públicas” (HADDAD,
p.43).


O ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente, “em seu artigo 54, parágrafo IV, diz
que” édever do Estado assegurar à criança e ao adolescente... o atendimento em
creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos” e a lei 9394/96 inclui a educação
Infantil bem como seus objetivos entre as diretrizes que regem a educação. Como
nos lembra Angotti (2006)

                    O Brasil nas últimas décadas revelou em sua estrutura legal avanços sobre
                    o que seja a infância, em como entender a criança e oferecer-lhes garantias
                    institucionais para que se assegure, na pratica social, o direito da mesma a
                    ter seu desenvolvimento integral por meio de consequentemente
                    atendimento educacional pedagógico. (p. 17)
15



Em meio aos muitos impassesno decorrer da historia, hoje, o acesso à Educação
Infantil,primeira etapa da educação básica, é garantida a todas as crianças
brasileiras. Segundo Carneiro (1998), estatem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança, até os seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico,
intelectual e social da criança, complementando a ação da família e da
comunidade...(p.96).Embora o autor mencione que a Educação Infantil envolva
crianças de 0 a 6 anos, atualmente com a mudança do Ensino Fundamental agora
com nove anos, onde a criança ingressa nesta modalidade aos seis anos, a
Educação Infantil corresponde dos 0 aos 5 anos


1.2 Interação das crianças nos espaços de Educação Infantil


A Educação Infantil é uma realidade garantida por lei com atendimento educacional
pedagógico para nossas crianças nos espaços específicos para a Educação Infantil,
sendo comum a presença destes espaços na maior parte do nosso país, o que
abrange o espaço urbano ou rural e tem por objetivo um trabalho com especificidade
pedagógico, voltado para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.


O acesso a estes espaços de Educação Infantil permite a interação de diferentes
crianças, com peculiaridades, inseridas no espaço escolar de Educação Infantil.
Tornado imprescindível identificar como os professores compreendem a importância
da interação nos espaços de Educação Infantil e que práticas estes têm
desenvolvido para que ocorra a aprendizageme o desenvolvimento a partir da
interação das e com as crianças nos espaços de Educação Infantil.


Este estudo tem por objetivo identificar a relevância das práticas de interação como
condicionante noprocesso de aprendizagem e desenvolvimento das crianças
inseridas no contexto da Educação Infantil, bem como analisar quais as práticas que
os professores tem realizado na promoção das interações com e entre professor e
educandos.
16



CAPÍTULO II


                          2. REFLETINDO CONCEITOS


A Educação Infantil é uma realidade nos espaços formais de educação. As crianças
têm a oportunidade de interagir com outras crianças, compartilhando suas diferentes
realidades, informações, conhecimentos. O que permite que vivenciem situações de
interação diferenciada abarcando uma gama de conhecimentos. O que nos faz
lembrar Machado, (2001) “Afirma-se que a criança é um ser social, o que significa
dizer que seu desenvolvimento se dá entre outros humanos, em um espaço e tempo
determinados,” (p.27). São nas diferentes interações que o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças podem acontecer.


                    A educação é oferecida para a complementação à ação da família em
                    proporcionar condições adequadas de seu desenvolvimento físico,
                    emocional, cognitivo e social das crianças e promover a ampliação de suas
                    experiências e conhecimentos, estimulando seu interesse pelo processo de
                    transformação da natureza e pela convivência em sociedade.(CARNEIRO,
                    1998, p. 97)


As crianças brasileiras têm a oportunidade de interagircom outras crianças e com
adultos nos espaços formais de Educação Infantil,o que torna pertinente
identificar:quais as práticas que os professores têm desenvolvido para que a
interação das crianças inseridas nos espaços de Educação Infantil ampliem seu
universoinfantil proporcionando aprendizagem e desenvolvimento?


Palavras chave:Interação. Aprendizagem e Desenvolvimento.Professor e Prática.


2.1INTERAÇÃO: inter-agindo


O ingresso das crianças nos espaços que oferecem a Educação Infantil permite que
estas vivenciem situações de interação diferenciadas das quais elas convivem com
a família. Mas que deverão acontecer em ambiente que possa “propiciar às crianças
interações nas mais diferentes naturezas, pois se acredita ser a diversidade e a
heterogeneidade elementos privilegiadas no enriquecimento do universo infantil”,
(Machado, 2001, p.27).
17



Diferentes estudos enfatizam o quanto é relevante à construção da aprendizagem
através da interação e das possíveis trocas num espaço socializador. Interação esta
que começa na família e que se estende a diversos espaços, entre estes o espaço
escolar. Pois o “desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que
realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros indivíduos
da sua espécie”, (REGO, 2002, p.71).


2.1.1 Analisando o significado de interação


Segundo Cunha (1982), a raiz etimológica da palavra interação vem do latim
interque se refere a: entre, no meio de; eactio-onis – que significa: atuação, ato ou
feito. O que nos faz perceber que interação envolve mais do que está entre, mas
também atuar neste meio.


                     Ohomem constitui-se como tal através de suas interações sociais, portanto,
                     é visto como alguém que transforma e é transformado nas
                     relaçõesproduzidas em determinada cultura... Um sujeito que realiza uma
                     atividade organizadora na sua interação com o mundo, capaz inclusive de
                     renovar a própria cultura...O individual ao mesmo tempo internaliza as
                     formas culturais, as transforma e intervém em seu meio.( REGO, p.95)



O espaço escolar é o lugar propício para as interações mútuas, onde professores e
educandos podem firmar relações sociais e afetivas. Como menciona Machado
(2001):


                     É da interação de diferentes tipos de conhecimentos, sua elaboração pelas
                     crianças em termos de conceitos nas distintas sociedades e, especialmente,
                     nas instituições de caráter educativo, que se abrem novas possibilidades de
                     desenvolvimento e aprendizagens individuais e sociais, (...) a elaboração de
                     conceitos pela criança irá depender da diversidade, não só quantitativa,
                     mas, especialmente qualitativa das experiências interacionais que
                     vivenciará nos espaços institucionais nos quais se encontrar. (p.37)



Lev S. Vygotsky, “grande educador russo, o qual se tornou conhecido no Ocidente
na década de 60, é por natureza interacionista: a criança só aprende e se
desenvolve na interação principalmente com outras crianças” (TELES, 2001, p. 194).
Autor da teoria sócio - interacionista é um grande referencial ao falarmos sobre a
importância da interação (inclusive no espaço educacional) para o desenvolvimento
da criança.
18



                     Para a teoria histórico-cultural, a criança nasce com uma única
                     potencialidade, a potencialidade para aprender potencialidades; com uma
                     única aptidão, a aptidão para aprender aptidões; com uma única
                     capacidade,a capacidade ilimitada de aprender e, nesse processo,
                     desenvolver sua inteligência – que se constitui mediante a linguagem oral, a
                     atenção, a memória, o pensamento, o controle da própria conduta, a
                     linguagem escrita, o desenho, o calculo – e sua personalidade – a auto-
                     estima, os valores morais e éticos, a afetividade. Em outras palavras o ser
                     humano (...) aprende a ser humano com outras pessoas – com as gerações
                     adultas e com as crianças mais velhas – com as situações que vive, no
                     momento histórico em que vive e com a cultura que tem acesso. O ser
                     humano é um ser histórico-cultural. (MELLO, 2004,p. 136)


Ao mencionar as contribuições de Vygotsky, Rego (2002) nos diz que “as
características individuais (modo        de agir,      de    pensar,     de sentir,      valores,
conhecimentos, visão de mundo, etc.) depende da interação do ser humano com o
meio físico e social”, (p.59). Machado(2001) nos faz perceber que:


                     Na perspectiva sociointeracionista nos leva a sublinhar a impossibilidade
                     teórica e pratica de desvincular as dimensões desenvolvimento,
                     aprendizagem e ensino: cognição e afeto; conceitos espontâneos e
                     científicos, visto comporem uma dinâmica e dialética, o sistema cognitivo.
                     (p. 71)


Ao citarmosacima os conceitos científicos e espontâneos, Rego (2002) , os define
baseados na concepção de Vygotsky como sendo: conceitos espontâneos aqueles
construídos a partir da observação, manipulação e vivencia da criança; conceitos
científicos são os conhecimentos sistematizados adquiridos nas interações
escolares” (p.71).


Estar interagindo com o meio social é pertinente para o desenvolvimento humano
uma vez queas formas psicológicas surgem da vida social e da associação destes
diferentes conceitos. O que torna essencial lembrar Angotti (2006), quando diz:


                     Crianças seres íntegros em suas manifestações de singularidade,
                     sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das práticas de
                     educação e cuidado, deverão ter a garantia do seu desenvolvimento pleno
                     pelas vias de integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o físico,
                     o emocional, cognitivo /lingüístico e social. (p. 20)


Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança constrói
individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a reorganizar
19



os próprios processos mentais.“O ser humano depende daquilo que aprende, do que
conhece e utiliza da cultura acumulada para ser aquilo que é”. (MELLO, 2004, p.137)

                     Aquilo que a criançatraz consigo ao nascer não basta para seu
                     desenvolvimento: as experiências e condições concretas de vida e de
                     educação contribuirão para esse desenvolvimento, mas não são essenciais
                     para que ele ocorra, uma vez que não criam qualidades que já existem
                     naturalmente (...) com a teoria histórico cultural, aprendemos que o papel do
                     educador é garantir a criação de aptidões que são inicialmente externas
                     aos indivíduos e que estão dadas como possibilidades nos objetos materiais
                     e intelectuais da cultura. Para garantir as aptidões nas novas gerações, é
                     necessário que as condições de vida e educação possibilitem aos
                     indivíduos das novas gerações à cultura historicamente acumulada.
                     (MELLO, 2004, p. 140)


Segundo Martins (1997), para o “sociointeracionismo, o desenvolvimento se produz
não apenas por meio da soma de experiências, mas, e, sobretudo, nas vivencias
das diferenças”, (p.120). Angotti (2006) mencionaque na educação infantil “é
relevante que a interação das crianças no espaço escolar seja norteada, então, por
um caráter educacional que promova o desenvolvimento integral dacriança em suas
diferentes e complementares perspectivas”, (p. 18). Contudo, é preciso lembrar o
que menciona Machado (2001):

                     A manutenção dasituação de interação, com finalidades educativas, se dará
                     enquanto for um processo interessante tantopara o adulto como para a
                     criança: enquanto a criança for objeto de atenção para o adulto; enquanto o
                     que este adulto apresentar como proposta tiver algum sentido para a
                     criança em questão, aliando a necessidade de ensiná-lahumanizar-se a
                     necessidade de apreender as implicações desse processo de humanização
                     para a criança. (p. 39)


A interação das crianças com um adulto no espaço escolar é “necessária tendo em
vista suas incitações visam fazer a criança refletir sobre suas ações e conseguir
explicar os fatos que observa e, consequentemente, caminhar em direção da
estruturação do conhecimento...” (ASSIS, 1993, p. 26). “Construir conhecimento
implica ação compartilhada, já que é através dos outro que as relações entre
sujeitoeobjeto de conhecimento são estabelecidas”, (REGO, 2007, p.110). Ou seja,
a situação de interação possibilita a aprendizagem e o desenvolvimento das
capacidades individuais da criança.


                     Ao aprenderautilizar os objetos da cultura que encontra na sociedade e no
                     momento histórico em que vive, cada novo ser humano reproduz para si
                     aquelas capacidades, habilidades e aptidões que estão cristalizadas
20



                     naqueles objetos da cultura a que tem acesso(...) à medida que aprende a
                     utilizar a cultura, a criança vai acumulando experiências em conjunto com
                     as outras pessoas com quem convive e vai criando sua inteligência e
                     personalidade.(...) o processo de desenvolvimento resulta do processo de
                     aprendizagem.( MELLO, 2004, p. 138)


Levando-nos a perceber quão imprescindível é o favorecimento das interações como
mediadora das múltiplas aprendizagens das crianças inseridas nos espaços de
Educação Infantil. Pois, estasgerenciam o desenvolvimento das nossas crianças nos
variados espaços de educação.


2.2Aprendizagem e Desenvolvimento se interatuam


Aprendizagem refere-se a uma mudança de atitude desenvolvida a partir da
absorção da experiência desenvolvida por diferentes fatores, sejam eles emocionais,
ambientais e neurológicos. Como afirma Teles (2001), de maneira simples trata-se
de:

                     Um comportamento novo que aparece como consequência da experiência...
                     sem aprendizagem não há ser humano. É em contato com os outros seres
                     humanos que aprendemos a ser gente, pessoas. Aprendizagem ...refere-se
                     de modo geral, à aquisição de uma conduta, ao domínio de um
                     procedimento em relação a um conteúdo qualquer. Envolve variáveis que se
                     combinam de diversos modos. Sofre influencia de fatores internos e
                     externos, individuais e sociais. (p.180 e 226)


Percebe-se então o valor a partir das interações sociais e mentais, e ocorre de forma
constante, ou seja, é construída e reconstruída. “A aprendizagem é sempre um
processo construtivo na mente e nas ações do individuo”(CAGLIARI, 1998,
p.35).“Associação é necessária à vida, para o aprender, pois relaciona o novo com o
que o indivíduo já conhece, facilitando a aprendizagem” (ROSSINI, 2004, p. 75).


                     O aprendizado adequadamente organizadoresulta em desenvolvimento
                     mentale põe em movimentos vários processos de desenvolvimento, que de
                     outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim o aprendizado é um
                     aspecto necessário e universal doprocesso de desenvolvimentodas funções
                     psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. (
                     FONTES, 2010, p. 103)


São nas mais diferentes relações que o aprendizado pode acontecer, pois estas
relações podem gerar informações nos mais variados aspectos, que quando
21



pertinente ao individuo ele vaiconstruindo passo a passo, com avanços e
retrocessos, uma espécie de modelo a ser seguido.A aprendizagem está
relacionada ao ato de aprender e este não é automático.


                    Aprender é um ato individual: cada um aprende segundo seu próprio
                    metabolismo intelectual...a aprendizagem é sempre um processo
                    construtivo... a verdadeira aprendizagem proporciona ao aluno generalizar o
                    processo de tal maneira que a intermediação do professor vai; aos poucos,
                    cedendo lugar à sua própria independência e competência para buscar as
                    explicações       adequadas por si mesmo e construir seu próprio
                    saber.(CAGLIARI, 1998, p.36 e 56)


“A aprendizagem não é um jogo mecânico que tem por objetivo nos informar sobre o
mundo que nos cerca. Suas leis podem incentivar seus motivos pessoais; a partir
daí cada um vai organizar seu próprio sistema de relações funcionais” (ROSSINI,
2004,p.70). Por isso, é preciso levar em consideração que a construção da
aprendizagem se amplia por meio das trocas que a interação nos espaços sociais
proporciona, contribuindo desta forma para o desenvolvimento de cada criança.
Como nos lembra Oliveira (2008), ao afirmar que o desenvolvimento:


                    Decorre,..., das trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a vida
                    do individuo entre individuo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro. Ao
                    constituir sem meio atribuindo-lhe a cada momento determinado significado
                    a criança é por ele constituída; adota formar culturais de ação que
                    transformam sua maneira de expressar-se, pensar, agir e sentir. (p. 126)


O desenvolvimento humano é um processo em construção, o que implica dizer que
este é um fator inacabado. Levando em consideração que o desenvolvimento abarca
umgama de fatores externos, o qual “envolve processos, que se constituem
mutuamente, de imersão na cultura e emergência da individualidade... que tem
caráter mais de evolução, o sujeito se faz como ser diferenciado do outro, mas
formado na relação com o outro: singular, mas constituído socialmente, e, por isso
mesmo, uma composição individual, mas não homogênea. ( SMOLKA e GOES,
1993, p. 10 apudREGO, 2007,p. 62)


Estabelecendodiferentes    facetas     do     ser    humano:       cognição,      afetividade,
psicomotricidade e o modo de vida. “Este sofre influências desde aspectos pessoais
(temperamento, personalidade,... etc.) até aqueles que não personificados (cultura,
valores, ordem socioeconômica, religião, entre outros)”(LISBOA e KOLLER, 2004, p.
22



204). O desenvolvimento se processa por meio das vivencias, as quais norteiam o
aprendizado, sendo esteaprendizadoum aspecto fundamental para a ocorrência do
desenvolvimento. Sendo imprescindível levar em consideração que:


                     O aprendizado é considerado, um aspecto necessário e fundamental no
                     processo de desenvolvimento...pois,desenvolvimento pleno do ser humano
                     depende do aprendizado que realiza num determinado grupo cultural, a
                     partir da interação com outros indivíduos da sua espécie. è o aprendizado
                     que possibilita e movimenta o processo de desenvolvimento, (REGO, 2002,
                     p.71).


Percebe-se assim quea aprendizagem é um fator essencial e universal para que o
desenvolvimento    das    crianças    aconteça     e    se   amplie.     Por   isso,    torna-
seimprescindível   ao    falar   em   desenvolvimento        das   criançasmencionar        as
contribuições de Rego (2002) ao referendar Vygotskyquando ela nos lembra que:


                     Torna-se impossível considerar o desenvolvimento do sujeito como
                     processo previsível, universal, linear ou gradual. O desenvolvimento está
                     intimamente relacionado ao contexto sócio-cultural em que a pessoa se
                     inseree se processa de forma dinâmica (e dialética) através das rupturas e
                     desequilíbrios provocadores de continuas reorganizações por parte do
                     individuo. (p.58)


Reconhece-se que o aprendizado das crianças começa desde o seu nascimento, ou
seja, antecede, e muito a escola. As crianças são seres sociais que levam para a
escola uma gama de diferentes experiências acumuladas na família, no clube, na
igreja, nos passeios, nas viagens, na rua, etc. E essas vivências poderão contribuir
para que a criança reelabore conceitos emitidos no espaço escolar.


                     O papel da escola é dirigir o trabalho educativo para estágios de
                     desenvolvimento ainda não alcançados pela criança. Ou seja, o trabalho
                     educativo deve impulsionar novos conhecimentos e novas conquistas, a
                     partir do nível real de desenvolvimento da criança – de seu
                     desenvolvimentoconsolidado, daquilo que a criança já sabe. ( MELLO,
                     2004, p. 144)


Ao entrar na escola a criança terá diferentes elementos que contribuirão para seu
aprendizado e desenvolvimento. Por isso torna-se relevante mencionar que ao
entrar na escola é compreensível que se identifique ou entenda que a criança
passará por diferentes etapas em seu desenvolvimentoclassificada por Vygotsky
como o nível de desenvolvimento efetivo ou real e o desenvolvimento potencial ou
23



proximal. “A escola por oferecer conteúdos e desenvolver modalidades de
pensamento bastante específicos, tem um papel diferente e insubstituível, na
apropriação pelo sujeito da experiência culturalmente acumulada...(Rego, 2007, p.
103)”.


                        O nívelde desenvolvimento real pode ser entendido como referente aquelas
                        conquistas que já estão consolidadas na criança , ...aquelas atividades que
                        a criança já sabe fazer de forma independente e o nível de desenvolvimento
                        potencial ou proximal aquilo que a criança é capaz de fazer, só que
                        mediante a ajuda de alguém. Funções que ainda não amadureceram que
                        estão em processo de maturação..“(REGO, 2002, p.72 e 73)


Sendo assim, percebe-se a importância das crianças estarem inseridas no espaço
escolar. Pois, este proporciona interação e através desta as crianças podem
compartilhar diferentes situações e seu conhecimento e aprendizado será
enriquecido.Ao mencionar o espaço escolar, lembramo-nos de Candau (2000), ao
dizer que este “busca construção, diálogo e construção, prazer, desafio, conquista
de espaços, descoberta de diferentes possibilidades de expressão e linguagens,
aventura, organização” (p.15).


                        Aescola é uma instituição imprescindível, pois, o contato com o
                        conhecimento científico e sua sistematização desempenha um papel
                        fundamental no desenvolvimento das funções mentais superiores...o
                        desenvolvimento humano constituído pela e nas relações interpessoais, os
                        instrumentos simbólicos ganham relevância, pois são eles que viabilizam a
                        comunicação, a abstração, a generalização, a partilha de nossas
                        experiências, pensamentos e emoções, enfim, a capacidade de agir
                        mentalmente sobre o meio físico e social. (SARMENTO e RAPOPORT.
                        p.39, 2009)


O aprendizado é o fator gerenciador para o desenvolvimento proximal, tornando
assim, imprescindível que se conheça ou compreenda a que se refere o termo zona
de desenvolvimento proximal de forma especifica para os que atuam nos espaços
de Educação Infantil:


                        O conceito de zona de desenvolvimento proximal é de extrema importância
                        para as pesquisas do desenvolvimento infantil e para o plano educacional,
                        justamente porque permite a compreensão da dinâmica interna do
                        desenvolvimento individual. Através da consideração da zona de
                        desenvolvimento proximal, é possível verificar não somente os ciclos já
                        completados, como também os em formação, o que permite o delineamento
                        da competência da criança e suas futuras conquistas, assim como a
24



                      elaboração de estratégias pedagógicas que auxiliem nesse processo.
                      (REGO, 2002, p.74)
As relações estabelecidas no ambiente escolar passam pelos aspectos emocionais
e sociais, e neste mesmo ambiente que se pode encontrar um local provocador
destas interações nas vivências interpessoais (MARTINS, 1997, p.10). A escola não
é considerada apenas como espaço de aprendizagem formal ou desenvolvimento da
cognição, mas como uma oportunidade fundamental para a socialização. “ A partir
das interações que a criança vai estabelecendo no seu cotidiano com outras
pessoas e com o seu entorno sociocultural, ela amplia sua comunicação, avançando
da gestualidade para a oralidade”( p. 42, 2009)


Entretanto, no espaço escolar suas atividades terão objetivos específicos, onde será
introduzido o conhecimento sistemático, devendo promover mais que aquisição de
conhecimentos, deve ser um contexto de socialização e educação, preparando a
criança em um membro inserido e produtivo na sociedade. O que implica conquistar
um sistema pessoal de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, necessidades
e motivações. (LISBOA e KOLLER, 2004).


                      Na escola, as atividades educativas, diferentes daquelas que ocorrem no
                      cotidiano extra-escolar, são sistemáticas, tem intencionalidade deliberada e
                      compromisso explícito (...) em tornar acessível o conhecimento formalmente
                      organizado... ao interagir com esses conhecimentos... A criança expande
                      seus conhecimentos , modifica sua relação cognitiva com o mundo. (REGO,
                      2007, p. 104).


Este éuma tarefa coletiva e mútua, o que resulta em ação partilhada mesmo que
muitas vezes não seja percebida completamente. “Neste caso, a criança realiza
tarefas e soluciona problemas através do diálogo, da colaboração, da imitação e das
pistas que lhes são fornecidas”(p.73).


“Desenvolvimento implica mudanças. Para mudar é preciso aprender” (LISBOA
eKOLLER,      2004,     p.202).Desenvolvimento            e     a    aprendizagem          estão
interrelacionados, o que se constituem através das interações sociais. Torna-se
imprescindível que a escola contribua para gerar a aquisição de valores
democráticos, critérios de autonomia, solidariedade e compromisso das crianças
com o meio social no qual estão inseridos.
25



                    È possível constatar que do ponto de vista de Vygotsky é que o
                    desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de
                    fatores isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais
                    que agem sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim
                    através das trocas recíprocas que se estabelecem durante toda vida, entre
                    individuo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro. (Rego, 2001, p.95)


Constatando-se este fato é imprescindível a participação de um adulto,
especificamenteo professor para poder intermediar as mais variadas situações
presentes no espaço onde estas crianças estão inseridas, com o intuito de ampliar e
fortalecer estas relações gerando entre todos aaprendizagem e desenvolvimento.


2.3 Professor e prática: relevância em promover interações no espaço de
Educação Infantil


O professor é essencialmente necessário para o processo educativo das crianças
inseridas no espaço de Educação Infantil. Nestes espaços a prática do professor
precisa levar em conta,variados fatores quanto à prática. “A estrutura da prática
obedece   a   múltiplos   determinantes,     tem    sua    justificação    em    parâmetros
institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos
professores, dos meios e condições físicas existentes, etc.”(ZABALA, 1998, p.16). O
que torna pertinente mencionar que a prática educativa é muitas vezes complexa,em
virtude de que as situações nos espaços de Educação Infantilabarcam uma ampla
variedade de realidades e situações neste espaço único e tão diverso.


Torna-se cabível que o professor que convive com as crianças no espaço de
Educação Infantil conheça as diferentes realidades das crianças inseridas neste
espaço, para que suas ações em proporcionar interações com e entre estas possam
atribuir significados para as crianças das informações que deseja comunicar,
ampliando assim seu conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento.


                    O conhecimento das realidades infantis que compõe o universo de uma
                    turma escolar, as características e necessidades de cada criança,
                    articuladas com referencias teóricos que norteiam a proposta e o fazer
                    pedagógico, são ações fundamentais para o exercício docente. Deste olhar
                    reflexivo, que articula dados da realidade, referenciais teóricos e saberes
                    construídos no decorrer da pratica cotidiana surgem elementos que
                    poderão balizar a ação educativa do professor, tanto em nível de
                    planejamento, processos e práticas de ensino-aprendizagem...(
                    SARMENTO E RAPOPORT, 2009, p. 46)
26



Fazendo-nos perceber que a intervenção pedagógica exige situar-se quanto“ as
finalidades, os propósitos, os objetivos gerais e as intenções educacionais, ou como
se queira chamar, constituem o ponto de partida primordial que determina, justifica e
dá sentido à intervenção pedagógica”. (ZABALA, 1998, p.21). Sendo que neste
sentido para o professor é imprescindível estar comprometido em desincumbir seu
papel e atender às necessidades de aprendizagem dos educandos e de interação e
socialização, contribuindo de maneira mais ampla para o desenvolvimento destes.
Buscando construir novas relações de maneira democrática, coletiva, participativa e
construtiva. Para tanto é preciso levar em consideração o que diz Fleury (2001):


                        (...) as representações que temos de nossas crianças são fenômenos
                        mediadores do nosso pensar, falar e agir, incluindo o nosso fazer
                        pedagógico, impõe-se conhecer estas representações para que possa
                        encontrar elementos que contribuam verdadeiramente para um melhor
                        aperfeiçoamento docente. (p. 133)


Sendo assim, o professor pode agir como investigador e mediador, tornando-seo
elemento chave nas interrelações, em busca do dialogo, da construção, da
humanização. Para que isso possa incidir poderia ser pertinente assumir a função de
transformador, por dar auxilio na mobilização e na busca de renovação no espaço
escolar. Como menciona Sacristán (2000):


                        A função do professor será facilitar o surgimento do contexto de
                        compreensão comum e trazer instrumentos procedentes da ciência, do
                        pensamento e das artes para que enriquecesse o espaço de conhecimento
                        compartilhado, mas nunca substituir o processo de construção da dialética
                        deste espaço, impondo suas próprias representações ou cercando as
                        possibilidades de negociação aberta de todos e cada um dos elementos que
                        compõem o contexto de compreensão comum (p. 64)


O professor nas suas mais diferentes atuações busca resolver os diferentes tipos de
desafios encontrados no seu cotidiano, partindo de uma reflexão do seu papel como
agente transformador e criador de oportunidades, contribuindo desta maneira para
que os educandos possam desenvolver-se a partir de suas próprias ações.“ Cabe ao
professor estimular a criança, para que ela se expresse de alguma forma produzindo
trabalho; que esta produção provoque satisfação pessoal, causando-lhes o prazer
de realizar”, (p.76).
27



Aação do professor no processo de aprendizagem requer “amar o ser humano,
gostar de lidar, com gente, acreditar na vida e na capacidade ilimitada do
crescimento mútuo dentro da relação aluno/professor; deve ser simples criativo,
sincero,..., despertar em seus alunos o gosto pelo saber, pela vida, pela liberdade,..”
(TELES, 2001, p.195)


                     Pode-se pensar que uma mudança nas experiências vivenciadas na escola
                     pelas crianças contribua para mudar sua representação...a interação e
                     cooperação entre os colegas, aliadas ao reconhecimento do papel do
                     professor como aquele que vai conduzir o processo educativo, podem abrir
                     caminhos que possibilitem um maior desenvolvimento da criança.
                     (GONÇALVES, 2001, p.176)


Como afirma Assis (1993), ao dizer que o professor “consiste em criar condições
favoráveis à reinvenção. Agir de tal forma deixa claro que o professor reconhece que
sua prática envolve situar-se; que a aprendizagem e o desenvolvimento das
crianças” (p.26).É todo um conjunto de interaçõesbaseadas na atividade conjunta
dos alunos e dos professores, que encontram fundamento na zona de
desenvolvimento proximal, que, portanto, vê o ensino como processo de construção
compartilhada de significados...(ZABALA. p. 91, 2007)Ao invés de transmitir o
conhecimento, sob a forma de soluções prontas, é encorajar a criança a encontrar
por si as melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosidade e
estimulam a reflexão”.


                     O educador não deve fazer as atividades pela nem para a criança, mas com
                     ela, atuando como parceiro mais experiente, não no, lugar da criança.
                     Quando a criança realiza, com a ajuda de um educador, tarefas que
                     superam seu nível de desenvolvimento, ela se prepara para realizá-las
                     sozinha, pois o aprendizado cria processos de desenvolvimento que, aos
                     poucos, vão se tornando parte de suas possibilidades reais. (MELLO, 2004,
                     p. 144)


O importante é aprender a aprender, e o professor é aquele que cria circunstancias
favoráveis para que talfato aconteça, usando para isso todos os recursos possíveis,
inclusive sua experiência, seu conhecimento, sua técnica e seu discurso sempre que
necessário, (TELES, 2001, p.189).


Levando em conta o que nos lembra José (2001), “o aluno (ou a criança) precisa ser
capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo conhecimento ou
28



habilidade. Tanto quanto possível, aquilo que é aprendido,precisa ser significativo
para ele” (p.11).


                    É na interrelação com as outras culturas que a cultura infantil se constitui
                    como tal. Nesse sentido pode-se afirmar que as crianças são sujeitos
                    capazes de interagir com os signos e os símbolos construídos socialmente,
                    e de atribuir significados a esses signos a partir dessa interação.
                    (BAPTISTA, 2009, p. 21)



Sendo assim, o professor precisa atuar como mediador e companheiro da criança
com a realidade que irá conhecer e em proporcionar momentos de interações, as
quais possam levar a aprendizagem, a construção do conhecimento e ao
desenvolvimento das crianças.“É de suma importância que o professor conheça o
processo da aprendizagem e esteja interessado nos alunos como seres humanos
em desenvolvimento” (JOSÉ E COELHO, 2001, p. 13).


                    Sua função é a de ser uma pessoa verdadeira, que se relacione
                    afetivamente com a criança, garantindo-lhe a expressão de si, visto que ela
                    precisa de alguém que acolha suas emoções e, assim, lhe permita
                    estruturar seu pensamento. Ao responder à criança, ampliando, redefinindo
                    e esclarecendo seus comentários, confusões e ações, o professor alimenta
                    o pensamento infantil, propondo-lhe questões que a ajudem a consolidar as
                    idéias que já possui e a construir hipóteses. (OLIVEIRA, 2008, p. 203)


Ao referendar John Dewey, Cunha (1994) ressalta que o “o educador é o
responsável pela escolha dos meios adequados para conduzir a atividade do aluno
na direção do saber. Compete ao mestre conhecer os aspectos psicológicos do
desenvolvimento humano” para um melhor desempenho das suas atividades em
nortear aprendizagem e desenvolvimento dos educandos (p.61).


                    O educador deve conhecer não só as teorias como cada criança reage e
                    modifica, sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também
                    o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na
                    instituição de educação infantil. Deve refletir sobre o valor dessa experiência
                    enquanto recurso necessário para o domínio de competências consideradas
                    básicas para todas as crianças terem sucesso em sua inserção na
                    sociedade concreta.(OLIVEIRA, 2008, p.124)


O educador no seu fazer pedagógico tem um papel essencial como observador
constante que pode interferir buscando ofertar, em diferentes circunstâncias, os
recursos precisos às atividades infantis, de forma a desafiar adequadamente,
29



promover interações, despertar curiosidades, mediar conflitos, garantir realizações
significativas. Porque as crianças aprendem de maneira diferenciada.(ZABALA,
2007).Bem como usar todas as oportunidadespara fazer avançar o entendimento
infantil, nas mais diferentes situações vivenciadas. Como menciona Machado
(1991), ao afirmar que:


                     Educar significar estar junto, construir, vivenciar, atuar, trocar ceder,
                     descobrir, uma interação dinâmica com o grupo. Educar significa também
                     respeitar a criança: ela não é um adulto em miniatura, mas um ser que tem
                     características, sensibilidade e lógicapróprias. Assim, desenvolvimento,
                     transformação e crescimento em etapas sucessivas é parte desse processo.
                     O adulto observa a criança e, a partir dos dados que possui sobre ela,
                     propõem desafios, facilita, questiona e favorece novos desequilíbrios, uma
                     direção que venha ao encontro de valores que pretende preservar, sem
                     perder de vista que acriança deve estar preparada para viver e atuar no
                     mundo de hoje e no amanhã. (p. 42)


O professor “é o representante do mundo social adulto, com mais experiência, com
mais   conhecimento       em   torno   das    realidades      sociais    e   com     domínio
pedagógico.Contribuindo desta forma para assumir a intencionalidade do ato
educativo a cada situação de interação.” Nenhuma prática é neutra: ao contrário, ela
está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos, mesmo
que não formulados explicitamente “(Kramer, 2001, p.23).


                     Entendendo a prática pedagógica como prática social orientada por
                     objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática
                     social. A pratica pedagógica é uma dimensão da pratica social que
                     pressupõe a relação teórico pratica, e é essencialmente nosso dever, como
                     educadores, a busca de condições necessárias à sua realização. (VEIGA,
                     1994, p. 16)


Desta maneira, compreende-se o professorcônscio de que as crianças têm
peculiaridades, necessidades e diferenças que muitas vezes irão requerer deste,
ações diferenciadas para um fazer pedagógico mais produtivo e significativo nos
espaços de Educação Infantil. Torna-se imprescindível que ofazer pedagógico seja
analisadode maneira continua e promissora, na busca do desenvolvimento e da
aprendizagem mútua nas diferentes relações que o espaço escolar condiciona.


A prática pedagógica atrela-se a ações, conhecimentos, valores compartilhados com
intencionalidades, especificidades educativas, as quais proporcionarão a amplitude
30



de experiências e vivências produzidas e reproduzidas, intencionalmenteou não, no
espaço escolar.Reconhecerque a função da prática pedagógica é nortear as ações
produtoras de interação, de aprendizageme, posteriormentede desenvolvimento.
Desta forma a função pedagógica na Educação Infantil deve direcionar a
aprendizagemao desenvolvimentodas crianças, enriquecendo assim, seu universo
infantil.
31



CAPITULO III


                    3. METODOLOGIA:Percorrendo caminhos


Percebe-se que a pesquisa não é algo simples, requerendo tempo, dedicação para o
desenvolvimento e explanação do assunto investigado. E para uma melhor
compreensão da pesquisa a ser realizada com os professores que atuam na
Educação Infantil, torna-se importante definir o percurso que se deve traçar para
direcionar aonde se quer chegar, compreende-se assim, a metodologia. “A
metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos em busca de
um conhecimento”.(ANDRADE, 2007, p.119).


                     A metodologia de pesquisa é completamente interessada nos processos
                     que buscam, mudar o mundo. Indagando os processospermanentemente
                     produzidos nas relações sociais para ofuscar e ocultar as múltiplas
                     dimensões da realidade e do ser humano, a pesquisa amplifica as
                     possibilidades de interpretação e compreensão do cotidiano e vai
                     encontrando meios para melhor compreender a complexidade humana
                     (ESTEBAN, 2003, p. 128)


Portanto, para esta referida atividade foiimprescindível levar em conta que “a
metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas
que possibilita a construção da realidadeeo sopro do potencial criativo do
investigador. Podendo alcançar posteriormente um fim determinado” (Minayo, 1994,
p.67). Por conseguinte, foi traçado o como, onde e porque se processoua presente
pesquisa.


Inicialmente, a presente pesquisa iria requerer a entrevista semi estruturada, pois a
mesma permitiria a obtenção de informações desejadas com qualquer informante
sobre os mais variados tópicos, visando analisar através das diferentes respostas e
expressões dos sujeitos envolvidos. Aentrevista constitui um instrumento eficaz na
recolha de dados fidedignos para a elaboração da pesquisa, (...) pode ter como
objetivo averiguar fatos ou fenômenos; identificar opiniões em certas circunstâncias,
descobrir os fatores que determinam opiniões... (ANDRADE, 2007, P. 133).


Contudo, os pesquisados não se propuseram participar desta forma da pesquisa,
afirmando expor-se de maneira demasiada, levando-nos a optar por outros recursos
32



metodológicos. Sendo assim, a presente pesquisa qualitativa será norteada com
base numa breve, mas importante observação, no questionário fechado e aberto,
para que estes dêem suporte para otrabalho de identificaçãoe compreensão do fato
investigado, o quenão é simples, mas pode proporcionar grande satisfação quando
se alcançar o objetivo proposto queenvolve identificar e analisar as práticas que os
professores de Educação Infantil tem desenvolvido para que a interação entre as
crianças conduzam a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos.


3.1 Tipo de pesquisa


A presente investigaçãoqualitativa é, frequentemente discutida e usada nas ultimas
décadas, sendo essencialmente indutivo, o que nos diz que esta é conduzida pelos
dados, sendo os resultados e conclusões absorvidas destes dados, os quais devem
ser verídicos e fundamentados partindo da leitura, compreensão, interpretação e
constatação do assunto pesquisado. Como define Bogdan e Biklen (1998) a
verificação qualitativa “procura entender oprocesso pelo qual as pessoas constroem
significados... investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a
condição humana”, (p. 18).


                     A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa,
                     nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o
                     universo de significados, crenças, valores e atitudes que correspondem a
                     um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos
                     que não podem se reduzidos `a operacionalização de variáveis.(
                     DESLANDES, 1994, p.21)


A pesquisa qualitativa investiga de maneira firme e fiel a realidade dos diferentes
sujeitos na área a qual estão inseridos. Analisar, compreender e constatar a questão
investigada por meio dos diferentes instrumentos permitiu uma maior compreensão
do fato investigado, tendo como base apoio de leiturasespecíficas na questão
central, para um melhor entendimento da questão tratada. A qual relaciona as
práticas desenvolvidas pelos professores que atuam na Educação Infantil, bem
como suas práticas no processo de interação, aprendizagem e desenvolvimento das
crianças inseridas no espaço de Educação Infantil.


3.2Lócus da Pesquisa
33



O lócus nospermitiu uma interação com os pesquisados e os pesquisadores,
proporcionado abrir portas para investigar, dialogar, para que pudéssemosidentificar
quais as práticas de interação que os professores tem desenvolvido para a
aprendizagem e desenvolvimento das crianças inseridas nos espaços de Educação
Infantil. Para o desenvolvimento da pesquisabuscamos envolver as escolas: Sergio
Carneiro , situada na Avenida do Contorno S/N e Carlos Santana na rua João Durval
Carneiro S/N, ambas localizadas no município de Ponto Novo-BA, e estão
direcionadas em maior parte a Educação Infantil.


Tendo em seu espaço físico A Escola Sergio Carneiro possui quatro salas de aula,
uma diretoria, uma cantina, um almoxarifado, dois banheiros (um feminino e um
masculino), almoxarifado, sala de informática e um pátio externo amplo e arborizado,
atendendo uma clientela que corresponde a 106 alunos, que abrange desde
aEducação Infantil a 3º ano do Ensino FundamentalI. Funcionando nos turnos,
matutino e vespertino, tendo uma equipe composta de 21 funcionários (diretora, vice
diretora, porteiro, secretarias, cozinheira, auxiliar de serviços gerais e professores).


A Escola Carlos Santana possui uma ampla área externa, arborizada, toda murada,
seis salas de aula, umadiretoria, uma cantina, parque móvel, sala de informática,
sala dos professores, banheiros (feminino e masculino), um almoxarifado, uma
equipe composta de 22funcionários,funcionando os três turnos (sendo vespertino e
matutino com Educação Infantil ao 2º ano e no noturno EJA - Educação de Jovens e
Adultos).


Asinstituições mencionadas se tornaram pertinentes,pois se enquadram no
quadroda clientela especifica, as quais atendem crianças da Educação Infantil. O
que torna peculiar, pois nelas se encontram os sujeitos que atuam neste
segmento.Permitindo assim, o desenvolvimento da investigação, proporcionando
uma    aproximação      para    compreendermos       inquietações,     bem    como     as
representações dos professores que atuam na referida modalidade.


3.3Sujeitos da Pesquisa
34



Os sujeitos da pesquisa envolvem os 12(doze) professores que atuam na educação
infantil nas escolas acima referidas. Neste respeito,Triviños (1987), que aborda: “os
sujeitos, individualmente, poderão ser submetidos a várias entrevistas, não só com o
intuito de obter o máximo de informações, mas também para avaliar as variações
das respostas em diferentes momentos” (p. 146).A escolha deste professores se
tornou pertinente, poisse encaixamno perfil da questão a ser investigada tornando
peculiar para a realização do propósito a ser alcançado.


3.4 Instrumentos de Coleta de Dados


Segundo Ludke e André (1986, p.10) “para se realizar uma pesquisa é preciso
promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre
determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. A
pesquisa presente facilita uma aproximação entre os fenômenos sociais e os
sujeitos estudados, pois a mesma torna-se necessária para uma melhor
identificação do assunto investigado.


Os instrumentos de coleta de dados utilizados envolveram a observação, o
questionário fechado e aberto, os quais servirão para proporcionar suportes
essenciais para atingir o objetivo proposto. Sendo que o objetivoenvolve identificar
quais as práticas que os professores de educação infantil tem desenvolvido para que
a interação no espaço escolar contribua para a aprendizagem e desenvolvimento
das crianças.


3.4.1 Observação


A observação contribuiu para que tivéssemos certa interação com a questão
investigada, podendo compreendê-la de forma mais direta. Segundo Barros (2003),
“observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um
conhecimento claro e preciso. Éum procedimento de suma importância na ciência,
pois é através dela que se inicia todo o estudo dos problemas”(p. 69). Não deve ser
feito de forma aleatória, é preciso planejá-la, como menciona Ludke e Menga (1986):
35



                     Planejar a observação significa determinar com antecedência “o que” e
                     “como” observar... Definindo-se claramente o foco de investigação e sua
                     configuração espaço-temporal, fica mais ou menos evidente quais aspectos
                     do problema serão cobertos pela observação e qual a melhor forma de
                     captá-los (p.25).


A observação foi importante, pois ela permitiu obter informações e registrá-las no
momento em que estas vieram a acontecer. Como esclarece Ludke e André (1986),
ao dizer que “a observação permite a coleta de dados em situações que é
impossível outras formas de comunicação”, (p. 26).


A observação começou durante visitas para desenvolvimento do estágio em uma
das determinadas escolas, especificamente na Escola Sérgio Carneiro.Tornando
possível o surgimento da questão a ser tratada, que se refere as práticas que os
professores tem realizadopara que as interações condicionem a aprendizagem e ao
desenvolvimento das crianças.


3.4.2 Questionário fechado


O questionário justifica-se por facilitar a compreensão do perfil socioeconômico dos
sujeitos envolvidos da pesquisa edefini-los de uma maneira mais segura, podendo
desvendar assim, atividades rotineiras e o contexto social e cultural no qual estão
inseridos. Sendo estepertinente, como nos lembraTrivinõs(1997):


                     É importante salientar para a pesquisa qualitativa em geral que entender a
                     etnografia como o “estudo da cultura” desenvolve para o enfoque
                     etnográfico dois conjuntos de pressupostos sobre o comportamento humano
                     de extraordinária relevânciapara a investigação em educação. Com efeito,
                     insere-se neste campo a ideia de contexto, de uso mais ou menos comum
                     entre os pesquisadores educacionais. (p. 122)


O questionário também abrangeu a formação dos professores, sua atuação
pedagógica, sua compreensão quanto à formação continuada e reconhecimento do
seu   papel   como   mediador     nas    interações     infantis.   Estas    tiveram    como
objetivosseremanalisadas bem como seu contexto analisados para fins específicos,
na compreensão da relevante pesquisa


3.4.3 Questionário aberto
36




O referido instrumentoé um importante recurso para pesquisa, pois ofereceu
condições significativas para um melhor desenvolvimento da pesquisa. É bastante
utilizado, pois proporciona ao entrevistado ser questionado sem a presença do
pesquisador. Segundo Marconi e Lakatos (1996, p. 88), “o questionário é um
instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador”.


Este instrumento de pesquisa ao ser utilizado levou em conta as orientações
delineadas a seguir por serem vitais. Como nos orienta Barros (2000): “o
questionário... não está restrito a uma determinada quantidade de questões, porém
aconselha-se, que não seja exaustivo, desanimando o pesquisado. É entregue por
escrito e também será respondido por escrito” (p.90).o qual permite que os sujeitos
respondam sem interferências nem influencias em suas respostas, é um método
rápido e prático.


Por ser um questionário abertoàs respostas a serem obtidas podem ser mais
precisas, pois, “as perguntas são padronizadas, de fácil aplicação, simples de
codificar e analisar”, (CERVO, 2007, p.53). Este instrumento foi escolhido pela maior
facilidade de termos participação maior dos entrevistados na referida pesquisa,
sendo este de breve aplicação e pertinente para a obtenção de dados.


3.5 Tratamento dos dados coletados


Tendo como norte as informações obtidas dos professores por meio do questionário
fechado e aberto, buscamos analisar os dados colhidos. O que não é muito simples,
mas deveras fundamental na pesquisa. Os instrumentos acima referidos foram
escolhidos emúltima circunstância, foi percebido um certo desconforto por parte dos
pesquisados no que diz respeito a serem entrevistados de outras maneiras também
peculiares. Por isso optamos por estes instrumentos para granjearmos a
participação destes na busca do assunto investigado.


Tornandoimprescindível, pois, proporcionará uma compreensão do fato investigado,
que está relacionado quanto às práticas que os professores têm desenvolvido com o
37



fim de proporcionar interação que gere aprendizagem e desenvolvimento entre as
crianças inseridas nos espaços de educação acima mencionados. Segue-se assim a
busca da interpretação e análise dos resultados, tendo como base de orientação o
quadro teórico, ou seja, a compreensãodas leituras realizadas , observando e
discutindo   as   concordâncias   e   discrepâncias.   Para   tanto,   esta   analise
ocorreumediante esforço e dedicação para uma melhor apreensão dos dados
colhidos.
38




CAPITULO IV


4. ANALISANDO DADOS DA REFERENTEPESQUISA E INTERPRETANDO
ASRESPECTIVAS EXPRESSÕES.


     Este capítulo tem por objetivo refletir e analisar sobre os dados coletados, que
expressam o perfil dos sujeitos e seus posicionamentos diante na nossa questão de
estudo.
     Paratanto foi utilizado comoinstrumentosde coleta de dados o questionário
aberto, questionário fechado e a observação..


4.1 Análisedo Questionário Fechado: o Perfil dos Professores
4.1.1 Gênero dos Sujeitos

                                      GÊNERO
                               FEMININO        MASCULINO

                                          0%




                                         100%



                       Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos



O gráfico acima faz referencia aogênero dos sujeitos envolvidos na pesquisa, sendo
estes 100% do sexo feminino. Percebe-sediante desta informação que a figura
feminina ainda é muito presente nos espaços de Educação Infantil. O que talvez
ainda justifiqueexpressões do tipo “respeite sua professora ela está no lugar de sua
mãe”, ou “ela é como se fosse sua mãe”. O que torna muito presente mais o caráter
cuidar que educar, sendo este para alguns uma extensão do lar.“Embora sejam
mulheres, não são babás, nem mães substitutas, naturalmente preparadas para o
39



oficio de educar crianças pequenas, mas que são, sim, profissionais da educação”,
(Assis,2006, p.102).
Entretanto, é preciso levar em consideração que acriança é um ser frágil, que
necessita de cuidados físicos e psicológicos constantes, o que dá ao adulto o direito
de regular o seu ambiente físico. É um ser dependente dos outros... tem
características especificas devido ao seu estádio de desenvolvimento, aos
processos de crescimento e à sua vulnerabilidade. (OLIVEIRA-FORMOSINHO,
2008, p.135 e 137). Sendo pertinente mencionar que a escola é um espaço que
envolve muito mais que cuidar, ela evoluiu para um espaço com caráter pedagógico.


Contudo,torna-se imprescindível afirmar quenestes espaços de Educação Infantil o
cuidar e o educar não estão desvinculados, pois envolvem “atitudes de atenção,
interesse, preocupação, acolhimento... muito freqüente no meio da Educação
Infantil.” (ROSSETTI_FERREIRA, 2003, apud ANGOTTI, 2009), incumbindo aos
profissionais presentes nestes espaços promover uma articulação entre o cuidar e
educar, um cuidar que promova a educação e uma educação que não deixe de
cuidar da criança (ANGOTTI, 2009)


4.1.2 Faixa Etária


Iremos analisar a faixa etária de nossos sujeitos, tendo como objetivo conhecer um
pouco mais a respeitos destes, atrelando a faixa etária ao seu tempo de vivencia no
fazer pedagógico e analisando de que maneira esta questão relaciona-se com as
atividades pedagógicas. E seessa relação pode ou não influir no desempenhodo
educador bem como nas suas práticas cotidianas no espaço da Educação Infantil.
40




                                      0%

                                 9%
                                           18%                      18 a 23 ANOS
                                                                    24 a 29 ANOS
                     18%
                                                                    30 a 34 ANOS
                                                                    35 a 39 ANOS
                                                 28%                40 a 44 ANOS
                           27%                                      MAIS DE 45 ANOS




                        Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos
Ao observar o gráfico é perceptível que os professores inseridos neste contexto
encontra-se tendo entre a idade de 30 e 39 anos, o que corresponde a 55% dos
entrevistados, estes já possuem grau dematuridade nas diferentes vivencias
sociais.Esta medida de maturidade junto à experiência acumulada pode contribuir de
maneira positivapara o exercício no que diz respeito ao ato de instruir.


É importante afirmar que na educação o mais relevante não é a idade, masa
maturidade no exercício docente e o aperfeiçoamento desta prática docente, para
uma melhor atuação nos diferentes espaços de educação. Sendo importante
lembramos que “... teoria, os estudos, as discussões se misturam, costuram os
conhecimentos vivenciais, aos saberes que vem da prática”. (Kramer, 2008,p.127)


4.1.3 Grau de Escolaridade


A prática docente é uma atividade que requer do educador um nível de escolaridade
pertinente para o exercício pleno de suas atividades pedagógicas, de maneira que
estas possam efetivar o objetivo pleno da prática docente.
41




                               18%           18%


                                                                           MAGISTÉRIO
                                                                           PEDAGOGIA
                                                                           OUTRO



                                      64%



                        Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos



Com base no gráfico acima percebemos que 64% dos nossos pesquisados
buscaram qualificar-se profissionalmentee tem aprimorado o seu fazer pedagógico
por enriquecer sua formação. Como menciona Kramer (2008) ao assegurar que“para
ser professor mais que ensinar é gostar de aprender, o que implica compreender
que formação cientifica cultural e política não pára, mas continua” (p.129).


A maior parte dos professores inseridos neste contextosão licenciados em
Pedagogia, o que é muito pertinente para a sua atuação com crianças, pois esta
formação contempla a área da Educação Infantil. E cabe lembra que:


                     A aquisição de conhecimentos e habilidades própria do trabalho docente,
                     isso contribui para a construção desse profissional. Inclusive, essa formação
                     deve propiciar a apropriação de conhecimentos teóricos que iluminem a sua
                     prática e fomentem a maior competência que até precisa desenvolver: ser
                     reflexivo e critico acerca do seu trabalho.(CRUZ, p.232)


Torna-se considerável a ação de alguns sujeitos em percorrer um caminho mais
amplo na busca e no aprimoramento dos conhecimentos. Contudo, é imperativo que
o professor repensena sua formação, refletindo cada vez mais sobre sua função
tanto em busca de um conhecimento teórico como uma prática quealimente seu
desejo de aprender cada vez mais para poder transformar (ALMEIDA, 1998)


Dois dados do gráfico são inquietantes, o primeiro refere-se aos 18% dos
entrevistados que possuem apenas o Magistério, o qual fora concluídopor estes
42



entre os anos de 1991 e 1995. Embora a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da
educação permita a atuação nas escolas com apenas a formação do magistério,
este mesmo conjunto de orientação para as ações educacionais, diz ser necessáriol
uma formação em nível superior continuada.


                     A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
                     superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
                     institutos superiores de educação admitida, como formação mínima para o
                     exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries
                     do ensino fundamental, oferecida em nível médio na modalidade
                     Normal.Art.62


Notamos não haver ampliação ou aperfeiçoamento na formação destes sujeitos no
que se refere a uma especialização na área, o que torna viável lembrar quena
educação“o professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante
busca de conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e
profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu
trabalho docente”.(ANGOTTI, 2001, p.64).


O segundo dado referente e inquietante representa a mesma porcentagem sendo
esta de 18% dos queatuam na Educação Infantil, mas possuem outro curso, tem
outra licenciatura.É pertinente mencionar que no momento da observação e durante
uma conversa informal, um dos entrevistados afirmou ser uma escolha por questões
de saúde, de não poder atuarem lugar especifico para sua formação. Embora não
seja   possível   referenciar   as    outras    razões     torna-se     indispensável,      nos
questionarmos de que modo estas atuações influem no processo de Educação
Infantil, bem como nas práticas do educador.


                     Quando a formação propicia... a aquisição de conhecimentos e habilidades
                     próprias do trabalho docente, isso contribui para a construção desse
                     profissional. Inclusive, essa formação deve propiciar à apropriação teóricas
                     que iluminem a sua prática e fomentem a maior competência que ele
                     precisa desenvolver: ser reflexivo e critico acerca do seu trabalho.(CRUZ,
                     2009,.p.232)


Como observamos o acima citado reconhecemos queé imprescindível levar em
consideração a certeza de termos habilidades próprias, especificas para atuar na
Educação Infantil.É condicional “uma formação que lhe permita reconhecer os
princípios de uma educação de qualidade, adaptá-los às necessidades do contexto
43



que atua e produzir reflexões e sínteses transformadoras de suas ações educativas”,
(BARBOSA, 2006, p.58).


4.1.4 Atuação na Educação Infantil


Estar atuando por um tempo maior em alguma área especifica pode significar uma
maior compreensão das situações e das escolhas de práticas e ações no momento
em que elas acontecerem. Como nos lembra Angotti (2001) ao afirmar que “o
profissional preparado possui permanente para a solução de improvisos que a vida
lhe impõe, garantindo, assim, satisfação e segurança na realização do ser pessoal e
profissional”, (p.54). Uma experiência mais ampla pode proporcionar uma melhor
ação, sendo esta intencionada e condicionada nos espaços de Educação Infantil.


                                                            UM ANO OU MENOS
                                 9%
                       18%
                                                            I A 3 ANOS

                  9%                     27%
                                                            5 A 7 ANOS


                                                            8 A 10 ANOS
                         37%
                                                            MAIS DE 10 ANOS


                       Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos



Com um percentual de 37% nossos sujeitos têm certo período de tempo de atuação
na Educação Infantil, o que corresponde de 5 a 7 anos em sala de aula, e 18% estão
atuando a mais de 10 anos, experiência esta que pode valorizar seu potencial como
mediador das interações nos espaços inseridos. Não se pode abdicar de
valorizarmos o saber produzido na prática, sem abrir mão de fazer análise critica da
situação especifica e do contexto mais amplo, das políticas públicas e dos
movimentos sociais que tanto nos ensinam (Kramer, 2008, p. 129). O que torna
possível se ao longo do caminho as ações sempre forem analisadas e refeitas,
gerando um grau maior dematuridade na efetivação da prática docente.
44



O tempo pode permitir a vivência reflexivada prática ereger as ações condicionadas
e intencionalizadas. Como nos lembra Freire (2008, p.39), “na formação permanente
dos professores, o momento fundamental é o da reflexão sobre a prática. É
pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a
próxima prática”. Andrade (2006) ainda afirma:


                     A formação docente não pode ser vista apenas como um processo de
                     acumulação de conhecimento de forma estática, como cursos, teorias,
                     leituras e técnicas, mas sim como uma contínua reconstrução da identidade
                     pessoal e profissional do professor. Esse processo deve estar vinculado à
                     concepção e a analise dos contextos sociais e culturais, produzindo um
                     conjunto de valores, saberes e atitudes encontradas nas próprias
                     experiências e vivências pessoais, as quais imprimem significados ao fazer
                     educativo. (p.164)

Podendo proporcionar uma breve análise antecipadamente do resultado proposto
bem como a capacidade de direcionar, caso a intenção não tenha se concretizado e
buscar alternativas de realização da ação docente no dia a diadentro da Educação
Infantil.


4.2 Resultadodo Questionário Aberto - Analisando as falas dos Sujeitos


A partir deste faremos uma consideração das informações adquiridas através do
questionário aberto, e por respeito aos nossos sujeitos utilizaremos a letra P seguido
de um número especifico para referenciar as falas dos professores inseridos na
presente pesquisa.


Para uma melhor e mais especifica consideração dos dados obtidos junto aos
professoresda referente pesquisa tornou-se imprescindível selecionarmos quatro
tópicos para uma melhor compreensão dos dados colhidos, a saber:familiarização e
aperfeiçoamento na Educação Infantil; interação nos diferentes espaços da escola; o
papel do professor nas mediações das interações; e práticas de interação que
favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.


4.2.1 Familiarização e aperfeiçoamento dos professores de Educação Infantil:


A Educação Infantil é uma área especial da educação, é a base a ser consolidada,
onde o carinho, a sinceridade e a afetividade são muito mais presente na construção
45



com o outro. A familiarização com o que fazemos nos permite uma melhor atuação,
facilitando o interesse em estarmos sempre na busca de uma melhor qualidade no
trabalho realizado, gerando satisfação e contentamento diante das ações propostas.


O professor que tem afinidade com a Educação Infantil poderá com maior facilidade
e responsabilidade ampliar o universo infantil das crianças sob os seus cuidados.
Analisaremos então como os professoresestão situados nesta questão:


                    P¹ - “sim, cursos, oficinas, encontros pedagógicos”

                    P² - “sim, através de cursos, pesquisas e livros”

                    P³ - “sim, a participação em cursos, revistas, livros”
                    P4, P5, P7, P8, P9, P10 – “sim através de cursos, leituras, revistas,livros,
                    sites educativos”.

                    P6 – “sim, revistas, livros, programas de TV, sites educativos... cursosque
                    me ajudem a melhorar profissionalmente”.

                    P11 – ““sim, revistas, programas de TV, sites educativos, oficinas e
                    comprando livros atualizados para este fim”.


Percebemos com base nas expressõesuma ocorrência unânime dos sujeitos
emafirmar que se identificam com a Educação Infantil e buscam aperfeiçoamento, o
que é muito positivo tanto para o educando como para o educador, pois, permitirá
um fazer pedagógico mais compromissado, produtivo e prazeroso.


Os professorestêm buscadoutilizar recursos que possam viabilizar suas ações
educacionais por meio de livros, oficinas, encontros pedagógicos, sites educativos
para facilitar sua ação pedagógica. É peculiar, que muitos dos nossos professores
permaneçam na busca de meios para nortear, ampliar e diversificar sua prática
cotidiana.Os recursos auxiliem, mas é necessário mais que recursos, é precisoque
os sujeitos solidifiquem a prática, não sendocabível que o professor estacione, mas
busque qualificar-se ainda mais por ampliar e enriquecer sua formação.


                    Faz se necessário um exercício de reflexão pelos profissionais da Educação
                    Infantil sobre sua própria atuação, mas não se trata de uma reflexão
                    abstrata e sem fundamentação, é preciso que a reflexão se dê a partir da
                    articulação entre teoria e prática e, isso só ocorre a partir de uma sólida
                    formação.(ASSIS, 2006, p.100)
46



Evidenciando a necessidade de uma formação continuada, até porque na pesquisa
notamos que alguns não ampliaram sua formação, embora já estejam atuando a
certo tempo na Educação Infantil. Como menciona Candau (2001), ao referendar a
formação continuada:


                     Compreendo qualquer atividade de formação do professor que está atuando
                     nos estabelecimentos de ensino, posterior a sua formação inicial, incluindo
                     ai diversos cursos de especialização e extensão oferecidos pelas
                     instituições de ensino superior e todas as atividades propostas pelos
                     diferentes sistemas de ensino. (p. 71 )



Não sabemos a trajetória de vida dos envolvidos, mas é imprescindível que ocorra
um comprometimento na procura de ampliação dos conhecimentos, para uma
melhor qualificação na área a qual trabalham. Tornando necessário, como nos
lembra Angotti (2001, p.52):

                     Que o professor descubra e busque cuidar da semente profissional que
                     existe nele mesmo, pois tudo principia da própria pessoa. Tal processo
                     construirá este profissional de modo que este assuma, com compromisso e
                     responsabilidade, procedimentos essenciais para a realização de um fazer
                     intencionado, reflexivo e profícuo.


Reconhecemos que a prática é fundamental, mas quando a prática acompanha uma
reflexão, uma teoria atualizada e compatível a realidade dos educandos, o fazer
pedagógico se torna mais significativo tanto para o educador como para o educando.
A formação do professor exige “um trabalho de reflexividade critica sobre as práticas
e de uma (re) construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em
interação mútua”. (CANDAU, 2001, p.64)


É preciso mencionar que na escolha destas atividades é precisoser bem seletivo e
criterioso, quanto ao que será direcionado para as crianças, o objetivo proposto e as
açõesmetodológicasa serem desenvolvidas para um melhor desempenho dos
educandos e realização do educador, em propor situações que possam nortear a
aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.


4.2.2 Interação nos diferentes espaços da escola
47



O espaço escolar é um ambiente que abarca uma variedade de crianças oriundas de
diferentes contextos familiares e com formações variadas. Eeste espaço deve
contribuir para seu desenvolvimento social, cultural e intelectual. A escola tem uma
função socializadora, buscando formar o indivíduo do ponto de vista afetivo e social.
“Só é possível se formar com o outro, nos mais diferentes espaços e tempos que
circulam conhecimentos, valores e saberes. (Kramer, 2008, p.127)


O espaço escolar em todo o seu ambiente está cheio de significados, os quais
precisam ser observados, analisados e expressos nas práticas sociais.O que torna
pertinente analisar o ponto de vista dos nossos sujeitos quanto à importância da
interação neste ambiente, bem como qual o espaço mais apropriado para o
aproveitamento em favorecer a interação.
Sobre a questão levantada, a maioria aponta a sala de aula como espaço mais
indicado para nortear as interações:


                     P3 –“ Na sala onde todos estão juntos e mantém a comunicação.”

                     P5 –“Na sala de aula proporcionando trabalho em grupo, brincadeiras onde
                     as crianças passam a aprender a conviver umas com as outras”.

                     P6- “Em sala de aula ambiente acolhedor sem favoritos ou privilegiados”.

                     P8 – “Sala de aula e pátio”

                     P9 –“Na sala de aula, pois é lá que o aluno fica durante todo o ano”.
                     P10 – “Na sala, em conversas e atividades pedagógicas”.

                     P11- “A sala de aula, pois é lá que durante todo o ano letivo ocorre todo o
                     entrosamento entre o professor e o educando, então ai ocorre à
                     aprendizagem diariamente”.


É pertinente mencionar que para muitos o conceito que se tem quanto à escola é
somente ensinar, e num único espaço: a sala de aula. Percebemos isso nas falas da
maioria dos sujeitos inseridos nesta pertinente pesquisa, os quaisfazem alusão à
sala de aula como eixo norteador das interações, aprendizagens e desenvolvimento
das crianças.


Ressaltamos que a sala de aula torna-se um espaço onde o contato com o professor
e seus colegas de turma é mais acentuado, sendo evidente que as crianças passem
a maior parte do tempo nela. “É no cotidiano da sala que a teoria é validada,
48



iluminando a prática e fazendo-a avançar” (GARCIA, 1998,p.23). Sob esta ótica é
imprescindível que este espaço deva serexplorado da melhor maneira possível.


                     É preciso insistir que tudo que fazemos em aula, por menor que seja, incide
                     em maior ou menor grau da formação dos nossos alunos. A maneira de
                     organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os
                     materiais que usamos, cada uma das decisões veicula determinadas
                     experiências educativas..(ZABALA, 2007, p.29)


Mas não deixamos de perceber na afirmação do P9 e P11, ao mencionarque as
crianças   estão   todo    o    tempo       em     sala     de    aula,   o   que     não      é
cabível.Especificamentenum espaço de Educação Infantil,onde diferentes espaços
da escola podem ser consagradosem desenvolver atividades que condicionem a
interação. “Cabe ao professor, em sala de aula ou fora dela, estabelecer
metodologias e condições para desenvolver e facilitar o trabalho com a
criança”(Maluf, 2009, p.29).


Ainda mencionando os espaços favoráveis a interação, precisamos analisar a
referencia na falade alguns sujeitos quanto às interações na área livre da escola (no
pátio). Como mostram as falas abaixo:


                     P1 – “O pátio, pois incentiva o respeito mutuo”.

                     P2 – “No pátio, são momentos no qual eles se envolvem para juntos
                     aprenderem e se divertirem”.

                     P4 – “No pátio, pois é o momento em que eles se interagem com o outro”.


Observar as crianças no brincar livre neste espaço (pátio) pode nos dar uma visão
mais ampla dos educandos, pois, neste momento eles agem de forma livre, sem
condicionamentos, o que permitirá observar suas ações, expressões naturais
aumentando o conhecimento a respeito destes.


                     Nem sempre o educador é ativoa um grupo de crianças, como quando
                     coordena e/ ou propõe atividades nos mais variados tipos. Em muitas
                     ocasiões, há a necessidade de intervenções bastante individualizadas, em
                     outras, é mais interessante o educador não participar da atividade que
                     estive sendo organizada e desenvolvida pelas próprias crianças. Nestas
                     ultimas, a observação será fundamental para planejamentos futuros (...)O
                     educador deve assumir a intencionalidade do ato educativo a cada situação
                     de interação. (JR. KUHLMANN E VITÓRIA, 2008, P.282)
49




Contudo, isso só será possível se houver um comprometimento do educador em
querer ampliar o universo infantil de cada criança, por conhecê-los melhor e
engajarem na dinâmica de intervir ou mediar conforme necessário e de maneira
atuante.


A escola tem uma área externa ampla e arborizada, suas salas são amplas podendo
desenvolver nestes espaços diferentes atividades práticas e coletivas, gerenciando
assim, oportunidades de interação nos mais diversos espaços. Como faz referência
o P7, quando este afirma que “todos os espaços são pertinentes a interação, na sala
de aula, no pátio, na fila da merenda, na fila do banheiro, deste que ocorra uma
observação das ações realizadas por estes e quando necessário uma intervenção”.


Mas em nossas observações não foi percebido associarmos as falas dos sujeitos
com as práticas, pois as criançassaiam da sala no momento do recreio e neste
período os professore ficam a maior parte do tempo na cozinha ou na diretoria da
escola, perdendo grandes oportunidades de observarem as crianças no seu brincar
livre, para uma melhor intervenção.


4.2.3 O papel do professor nas mediações das interações


Os professores que atuam na Educação Infantil são o carro chefe em observar,
intervir e mediar às relações com e entre as crianças, na busca de construção de
conhecimentos das crianças, nas relações sociais e humanas. Como nos lembra
Zabala (2001)

                     A interação direta entre alunos e professor tem que permitir a este, tanto
                     quanto for possível, o acompanhamento dos processos que os alunos e
                     alunas vão realizando na aula. O acompanhamento e uma intervenção
                     diferenciada, coerentes com o que desvelam, tornando necessária a
                     observação do que vai acontecendo...Assim favorece a possibilidade de
                     observar, que é um dos pontos em que se apóia a intervenção. (p. 90 e 91)


Com base na referência citada acima torna necessário compreender qual a ótica dos
sujeitos quanto ao papeldo professor na promoção das interações, estes afirmam...
50



                        P1_ “Fundamental importância. Facilita um intercambio entre as crianças.
                        Instrumento valioso para socializar o que cada um sabe e ajudar n sentido
                        da construção conjunta”

                        P2_ “O professor junto às crianças exerce uma função de que todos se
                        sintam bem , proporcionando atividades que desenvolvam amizade e
                        respeito”.

                        P4 _ “O professor com certeza tem um papel fundamental na interação”
                        P6 _ “Fundamental. Possibilita ao educador conhecer cada criança e ajudá-
                        las a interagir com os demais”.

                        P7 _ “O professor é o mediador em favorecer e ampliar as interações, por
                        estar sempre observando as crianças sob sua responsabilidade, e mediante
                        suas observações agir mediante as observações feitas para uma melhor
                        intervenção”.


Observamos quea maioria dos sujeitos reconhece o papel do professor no espaço
no qual estão inseridos.Temos como notável as falas acima,que faz jus a afirmação
de Freire em mencionar que o professor é o mediador, em dizer que o professor
precisa observar para um melhor intervir. O que envolvecompreender que“a
intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças
substanciais em toda prática educacional”. (ZABALA, 2001, p.17)


Ainda referindo-se as falas dos sujeitos quanto à questão referida, alguns destes
responderam:


                        P3_ ______

                        P5 _ “A sala de aula, devido à convivência dia a dia professor x aluno.
                        Através do dialogo e da comunicação na sala de aula

P8 – “Debates com perguntas relacionadas com o seu cotidiano”

                        P9 – “Pouco caso com o educando”

                        P10 –“Através das questões da temática das brincadeiras”.

                        P11 – “Como um descaso ao educando”.


Énotávelcertadesconexãoe a ausência de respostas quanto a questionamento, o
quenos inquieta,quanto a como analisarmos estas “respostas” aqui presentes.Há um
distanciamento das respostas a questão. Alegamos ser uma falta de atenção ou um
descaso no momento da pesquisar, jamais atribuiremos ser uma falta de resposta ou
um não saber, pois compreendemos que todos os inseridos neste espaço devem
lembrar que “participar do processo educacional de crianças pequenas, requer além
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A evolução histórica da educação infantil no Brasil

  • 1. 10 INTRODUÇÃO A interação nos espaços de Educação Infantil é algo comum e pertinente para todas as crianças em toda e qualquer sociedade, sendo esta peculiar para o seu desenvolvimento cognitivo e social. Através desta pesquisa tornou possível identificar e analisarcomo os professores compreendem a relevância da interação das crianças nos espaços de Educação Infantil e como suas práticas tem referenciado estas compreensões. O primeiro capítulo delineia uma trajetória como as crianças foram e tem sido vistas e tratadas no decorrer da historia brasileira. Fazendo uma breve alusão da questão a ser tratada e o objetivo proposto. O segundo capitulo compõe o quadro teórico – refletindo conceito, o qual tem como objetivo proporcionar bases teóricas parra tornar a discussão deste trabalho mais rico e sólido, por aprofundar nas contribuições dos autores que tratam dos referidos conceitos chaves delineados neste trabalho, os quais envolvem uma explanação sobre interação, aprendizagem e desenvolvimento, professores e prática. O terceiro capítulo descreve o caminho percorrido para a compreensão do assunto investigado, bem como as ações e recursos para o desenvolvimento da referida pesquisa. Referendando o lócus, os sujeitos e os instrumentos para a coleta de dados da pesquisa enunciada O quarto capítulo trata dos resultados da pesquisa coletada dos sujeitos, bem como a análise e interpretações dos dados colhidos à luz do assunto anteriormentepesquisado e estudado. Este trabalho é resultado de uma inquietação, de pesquisas e estudos. A realização deste trabalho se tornou real após dias de atividades e muitopertinente, pois chegamos a uma conclusão do assunto averiguado, sendo este o objetivo proposto no desenvolvimento do trabalho, garantindo-nos uma sensação de satisfação da ação realizada, nos proporcionando contentamento e determinação.
  • 2. 11 CAPÍTULO I 1. PROBLEMÁTICA 1.1Crianças nos Diferentes Contextos na Historia do Brasil No decorrer da história de nosso país, a assistência social e educacional das crianças sofreram diferentes impasses para que estas fossem reconhecidas como realmente são, crianças. Para uma melhor compreensão é imprescindível fazermos uma breve, mas importante, retrospectiva: como as crianças têm sido vistas e tratadas no decorrer do tempo em nosso país. Partindo da chegada dos portugueses ao fim do período escravista, pouco setem mencionado quantoà educação e ao cuidado com as crianças do nosso país. Em companhia dos portugueses vieram também os jesuítas que com sua presença marcaram o inicio da educação formal no Brasil, que visava “educar” não só índios adultos como também as crianças segundo suas definições e regimentos como afirma Chambouleyron (2000), “com adultos cada vez mais arredios, toda atenção se voltava aos filhos destes...” (p. 58). Percebe-seassim, que a educação partia dos interesses da classe dominante (a Igreja), que era até então granjear novos adeptos ao catolicismo. Segundo Chambouleyron (2000), a educação jesuíta oferecida a estas crianças contribuía para fortalecer a “ideia de que as crianças constituiriam de fato uma nova cristandade” (p. 59). Por conseguinte,a educação imposta e oferecida às crianças não era voltada para sua condição de criança, mas envolvia formar uma sociedade almejada pelos jesuítas. A visão que muitos adultos tinham da criança era reducionista ou determinante, como afirma Priore (2000), “a criança... é vista como adulto em gestão” (p. 10). Os filhos dosbrancos eram adultos em estatura pequena, o que era evidente por suas vestes serem iguais as dos adultos, já os filhos dos negros por sua vez eram os futuros trabalhadores escravos que mesmo pequenos já auxiliavam nas tarefas escravistas, como noslembra Priore (2000) ao dizer, “o muleque ou muleca”começavam a trabalhar aos sete anos obedecendo às ordens dos seus
  • 3. 12 senhores por carregar seus pertences, buscar e levar correspondências, abaná-los etc.” (p. 21). Em relação à educação das crianças durante o século XIX, a referênciaexistente é que esta era de caráter assistencialista, na qual Kramer (1992) traz atenção: No que se refere ao atendimento a infância brasileira até 1874 existia a “Casa dos Expostos” ou “Roda” para os abandonados das primeiras idades e a “escola de Aprendizes Marinheiros” (fundada pelo Estado em 1873) para os abandonados maiores de doze anos. (p. 49) Tratando-se da Casa dos Expostos é preciso mencionar que a mesma não tinha função educacional, mas protagonizava uma ação assistencialista, a qual abrigava bebês de famílias pobres ou ilegítimos de senhores e escravos. Sendoque neste mesmo períodosurge o primeiro jardim de infância particular no Brasil, no Rio de Janeiro, fundado por Menezes Vieira, que visava atender a elite da época.O que ocasionou discursos que defenderiam que os jardins de infância deveriam assistencializar todas às crianças, inclusive crianças de negras libertas pela lei do Ventre Livre e as que tivessem pouca condição econômica. A ideia de proteger a infância começava a despertar, mas o atendimento se restringiaas iniciativas isoladas que tinha, portanto, um caráter isolado. Assim, mesmo aquelas instituições dirigidas às classes desfavorecidas,..., eram insuficientes e quase inexpressivas frente à situação de saúde e educação da população brasileira. (KRAMER, 1992, p. 49 E 50) Percebe-se até este período que as iniciativas quanto à educação das crianças no Brasil eram precárias, o que ocorria muitas vezes por causa do descaso das autoridades. Como afirma Kramer (1992) “faltava de maneira geral, interesse da administração pública pelas condições da criança brasileira, principalmente a pobre’. (p. 50) Com a “consolidação” da Aboliçãoe a Proclamação da Republica no fim do século XIX e adentrando ao século XX, surge no Brasil uma nova sociedade voltada para a aceitação de idéias capitalistas e para o desenvolvimento industrial, provocando revoluções no país. Surgindo creches populares (1908), que visava proporcionar alimentação, higiene e segurança física para as crianças de mães que trabalhavam nas indústrias ou em lares como empregadas domésticas, sendo “assistidas
  • 4. 13 basicamente por instituições de caráter médico sendo muito poucas as iniciativas educacionais a elas destinadas”. (Kramer, 1992, p. 55) Torna-se necessário lembrar que as creches no Brasil eram um reflexo do que já acontecia no Europa desde o século XVIII. Situação mediada sob a influência de muitos pensadores, tais como: João Comênio (1592-1657), pai da Didática Moderna que defendia que desde a infância deveria ser trabalhado tudo; Jean Jaques Rousseau (1712-1778), que enfatizava a infância como um momento que se vê,que se pensa e se sente o mundo de um modo próprio; Pestalozzi (1746-1827), em seu entusiasmo pela educação pública influenciou empresários a construirem creches para os filhos de operários; Froebel (1782-1852), afirmou que a criança é um ser dinâmico que interage a todo momento com objetos e pessoas; Vygotsky (1896- 1934) deu atenção a importância da interação; Piaget; Maria Montessouri e outros. (KRAMER, 1992,p.25 a 30) A partir da década de 30, com a aceleração dos processos de industrialização e urbanização do país, eleva-se a nacionalização de políticas sociais, as quais, como diz Kramer (1992), “se refletiram nas instituições voltadas as questões de educação e saúde”,...(p.50). Neste período a criança passa a ser valorizada não como criança, mas sim como adulto em potencial. Mesmo com algumas inovações na área da educação, a creche e a pré-escola ainda ofereciam uma ação assistencialista e muitas vezes prestada de forma precária. Entre as décadas de 40 a 70, surgem diferentes órgãos que deramatenção a criança brasileira, entre estes: Departamento Nacional da Criança (1940); Serviço de Assistência a Menores (1941); OMEP – Organização Mundial de Educação Pré- escolar (1952); FUNABEM –Fundação de Bem estar ao Menor (1964); LBA – Legião Brasileira de Assistência (1942); e outros. Inicialmente,dava-se atenção a proteção, a saúde, a assistência social e só depois a educação. Apenasna década de 70 a educação da criança brasileira é reconhecida e as políticas governamentais começam a dar atenção ao atendimento das crianças de 4 a 6 anos. Nos anos 80, sob a influência de modelos piagetianos, montessourianas, comportamentalistas e construtivistas novos rumos ocorrem na educação.
  • 5. 14 Arealização de congressos da ANPED (Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação) e elaboração da Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista como necessária, direito detodos e dever do Estado, sendo integrada no Sistema de Ensino, tanto em creches como em escolas. Deixando seu caráterassistencialista, mas estando agora numa visão pedagógica, que como afirma Kramer (2002), “precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que vivem em sociedade, cidadãos e cidadãs”, (p. 19). O que nos faz lembrar Angotti (2006) ao mencionar: Elementos da historia do atendimento a infância precisam e merecem ser reconhecidos, entendidos e analisados, para que se possa elaborar e manter a luta pelas condições educacionais que favoreçam a inserção da criança na sociedade a qual pertence, sua condição de direito de ser pessoa, em ser e viver as perspectivas sociopolíticas – histórico – culturais que sustentem as bases do sujeito protagonista da historia do seu próprio desenvolvimento, interlocutor_ de diálogos abertos com um e em um mundo permanente e absoluta dinamicidade. (p.17) Algumas mudanças ocorrem muito recentemente em nossa sociedade brasileira quanto a Educação Infantil.A partir dos anos 90 as crianças brasileiras como seres sociais e com suas peculiaridades recebem uma atenção maior, uma evidência deste evento foi à criação da ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 (lei 8069/90). “O cuidado infantil deixa de ser atribuição exclusiva da família, passando a ser destacado como papel importante dispositivo social na promoção do desenvolvimento humano, a ser garantido pelas autoridades públicas” (HADDAD, p.43). O ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente, “em seu artigo 54, parágrafo IV, diz que” édever do Estado assegurar à criança e ao adolescente... o atendimento em creches e pré-escolas as crianças de 0 a 6 anos” e a lei 9394/96 inclui a educação Infantil bem como seus objetivos entre as diretrizes que regem a educação. Como nos lembra Angotti (2006) O Brasil nas últimas décadas revelou em sua estrutura legal avanços sobre o que seja a infância, em como entender a criança e oferecer-lhes garantias institucionais para que se assegure, na pratica social, o direito da mesma a ter seu desenvolvimento integral por meio de consequentemente atendimento educacional pedagógico. (p. 17)
  • 6. 15 Em meio aos muitos impassesno decorrer da historia, hoje, o acesso à Educação Infantil,primeira etapa da educação básica, é garantida a todas as crianças brasileiras. Segundo Carneiro (1998), estatem como finalidade o desenvolvimento integral da criança, até os seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social da criança, complementando a ação da família e da comunidade...(p.96).Embora o autor mencione que a Educação Infantil envolva crianças de 0 a 6 anos, atualmente com a mudança do Ensino Fundamental agora com nove anos, onde a criança ingressa nesta modalidade aos seis anos, a Educação Infantil corresponde dos 0 aos 5 anos 1.2 Interação das crianças nos espaços de Educação Infantil A Educação Infantil é uma realidade garantida por lei com atendimento educacional pedagógico para nossas crianças nos espaços específicos para a Educação Infantil, sendo comum a presença destes espaços na maior parte do nosso país, o que abrange o espaço urbano ou rural e tem por objetivo um trabalho com especificidade pedagógico, voltado para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O acesso a estes espaços de Educação Infantil permite a interação de diferentes crianças, com peculiaridades, inseridas no espaço escolar de Educação Infantil. Tornado imprescindível identificar como os professores compreendem a importância da interação nos espaços de Educação Infantil e que práticas estes têm desenvolvido para que ocorra a aprendizageme o desenvolvimento a partir da interação das e com as crianças nos espaços de Educação Infantil. Este estudo tem por objetivo identificar a relevância das práticas de interação como condicionante noprocesso de aprendizagem e desenvolvimento das crianças inseridas no contexto da Educação Infantil, bem como analisar quais as práticas que os professores tem realizado na promoção das interações com e entre professor e educandos.
  • 7. 16 CAPÍTULO II 2. REFLETINDO CONCEITOS A Educação Infantil é uma realidade nos espaços formais de educação. As crianças têm a oportunidade de interagir com outras crianças, compartilhando suas diferentes realidades, informações, conhecimentos. O que permite que vivenciem situações de interação diferenciada abarcando uma gama de conhecimentos. O que nos faz lembrar Machado, (2001) “Afirma-se que a criança é um ser social, o que significa dizer que seu desenvolvimento se dá entre outros humanos, em um espaço e tempo determinados,” (p.27). São nas diferentes interações que o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças podem acontecer. A educação é oferecida para a complementação à ação da família em proporcionar condições adequadas de seu desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social das crianças e promover a ampliação de suas experiências e conhecimentos, estimulando seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade.(CARNEIRO, 1998, p. 97) As crianças brasileiras têm a oportunidade de interagircom outras crianças e com adultos nos espaços formais de Educação Infantil,o que torna pertinente identificar:quais as práticas que os professores têm desenvolvido para que a interação das crianças inseridas nos espaços de Educação Infantil ampliem seu universoinfantil proporcionando aprendizagem e desenvolvimento? Palavras chave:Interação. Aprendizagem e Desenvolvimento.Professor e Prática. 2.1INTERAÇÃO: inter-agindo O ingresso das crianças nos espaços que oferecem a Educação Infantil permite que estas vivenciem situações de interação diferenciadas das quais elas convivem com a família. Mas que deverão acontecer em ambiente que possa “propiciar às crianças interações nas mais diferentes naturezas, pois se acredita ser a diversidade e a heterogeneidade elementos privilegiadas no enriquecimento do universo infantil”, (Machado, 2001, p.27).
  • 8. 17 Diferentes estudos enfatizam o quanto é relevante à construção da aprendizagem através da interação e das possíveis trocas num espaço socializador. Interação esta que começa na família e que se estende a diversos espaços, entre estes o espaço escolar. Pois o “desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros indivíduos da sua espécie”, (REGO, 2002, p.71). 2.1.1 Analisando o significado de interação Segundo Cunha (1982), a raiz etimológica da palavra interação vem do latim interque se refere a: entre, no meio de; eactio-onis – que significa: atuação, ato ou feito. O que nos faz perceber que interação envolve mais do que está entre, mas também atuar neste meio. Ohomem constitui-se como tal através de suas interações sociais, portanto, é visto como alguém que transforma e é transformado nas relaçõesproduzidas em determinada cultura... Um sujeito que realiza uma atividade organizadora na sua interação com o mundo, capaz inclusive de renovar a própria cultura...O individual ao mesmo tempo internaliza as formas culturais, as transforma e intervém em seu meio.( REGO, p.95) O espaço escolar é o lugar propício para as interações mútuas, onde professores e educandos podem firmar relações sociais e afetivas. Como menciona Machado (2001): É da interação de diferentes tipos de conhecimentos, sua elaboração pelas crianças em termos de conceitos nas distintas sociedades e, especialmente, nas instituições de caráter educativo, que se abrem novas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagens individuais e sociais, (...) a elaboração de conceitos pela criança irá depender da diversidade, não só quantitativa, mas, especialmente qualitativa das experiências interacionais que vivenciará nos espaços institucionais nos quais se encontrar. (p.37) Lev S. Vygotsky, “grande educador russo, o qual se tornou conhecido no Ocidente na década de 60, é por natureza interacionista: a criança só aprende e se desenvolve na interação principalmente com outras crianças” (TELES, 2001, p. 194). Autor da teoria sócio - interacionista é um grande referencial ao falarmos sobre a importância da interação (inclusive no espaço educacional) para o desenvolvimento da criança.
  • 9. 18 Para a teoria histórico-cultural, a criança nasce com uma única potencialidade, a potencialidade para aprender potencialidades; com uma única aptidão, a aptidão para aprender aptidões; com uma única capacidade,a capacidade ilimitada de aprender e, nesse processo, desenvolver sua inteligência – que se constitui mediante a linguagem oral, a atenção, a memória, o pensamento, o controle da própria conduta, a linguagem escrita, o desenho, o calculo – e sua personalidade – a auto- estima, os valores morais e éticos, a afetividade. Em outras palavras o ser humano (...) aprende a ser humano com outras pessoas – com as gerações adultas e com as crianças mais velhas – com as situações que vive, no momento histórico em que vive e com a cultura que tem acesso. O ser humano é um ser histórico-cultural. (MELLO, 2004,p. 136) Ao mencionar as contribuições de Vygotsky, Rego (2002) nos diz que “as características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentos, visão de mundo, etc.) depende da interação do ser humano com o meio físico e social”, (p.59). Machado(2001) nos faz perceber que: Na perspectiva sociointeracionista nos leva a sublinhar a impossibilidade teórica e pratica de desvincular as dimensões desenvolvimento, aprendizagem e ensino: cognição e afeto; conceitos espontâneos e científicos, visto comporem uma dinâmica e dialética, o sistema cognitivo. (p. 71) Ao citarmosacima os conceitos científicos e espontâneos, Rego (2002) , os define baseados na concepção de Vygotsky como sendo: conceitos espontâneos aqueles construídos a partir da observação, manipulação e vivencia da criança; conceitos científicos são os conhecimentos sistematizados adquiridos nas interações escolares” (p.71). Estar interagindo com o meio social é pertinente para o desenvolvimento humano uma vez queas formas psicológicas surgem da vida social e da associação destes diferentes conceitos. O que torna essencial lembrar Angotti (2006), quando diz: Crianças seres íntegros em suas manifestações de singularidade, sociabilidade, historicidade e cultura, que, por meio das práticas de educação e cuidado, deverão ter a garantia do seu desenvolvimento pleno pelas vias de integração entre seus aspectos constitutivos, ou seja, o físico, o emocional, cognitivo /lingüístico e social. (p. 20) Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança constrói individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a reorganizar
  • 10. 19 os próprios processos mentais.“O ser humano depende daquilo que aprende, do que conhece e utiliza da cultura acumulada para ser aquilo que é”. (MELLO, 2004, p.137) Aquilo que a criançatraz consigo ao nascer não basta para seu desenvolvimento: as experiências e condições concretas de vida e de educação contribuirão para esse desenvolvimento, mas não são essenciais para que ele ocorra, uma vez que não criam qualidades que já existem naturalmente (...) com a teoria histórico cultural, aprendemos que o papel do educador é garantir a criação de aptidões que são inicialmente externas aos indivíduos e que estão dadas como possibilidades nos objetos materiais e intelectuais da cultura. Para garantir as aptidões nas novas gerações, é necessário que as condições de vida e educação possibilitem aos indivíduos das novas gerações à cultura historicamente acumulada. (MELLO, 2004, p. 140) Segundo Martins (1997), para o “sociointeracionismo, o desenvolvimento se produz não apenas por meio da soma de experiências, mas, e, sobretudo, nas vivencias das diferenças”, (p.120). Angotti (2006) mencionaque na educação infantil “é relevante que a interação das crianças no espaço escolar seja norteada, então, por um caráter educacional que promova o desenvolvimento integral dacriança em suas diferentes e complementares perspectivas”, (p. 18). Contudo, é preciso lembrar o que menciona Machado (2001): A manutenção dasituação de interação, com finalidades educativas, se dará enquanto for um processo interessante tantopara o adulto como para a criança: enquanto a criança for objeto de atenção para o adulto; enquanto o que este adulto apresentar como proposta tiver algum sentido para a criança em questão, aliando a necessidade de ensiná-lahumanizar-se a necessidade de apreender as implicações desse processo de humanização para a criança. (p. 39) A interação das crianças com um adulto no espaço escolar é “necessária tendo em vista suas incitações visam fazer a criança refletir sobre suas ações e conseguir explicar os fatos que observa e, consequentemente, caminhar em direção da estruturação do conhecimento...” (ASSIS, 1993, p. 26). “Construir conhecimento implica ação compartilhada, já que é através dos outro que as relações entre sujeitoeobjeto de conhecimento são estabelecidas”, (REGO, 2007, p.110). Ou seja, a situação de interação possibilita a aprendizagem e o desenvolvimento das capacidades individuais da criança. Ao aprenderautilizar os objetos da cultura que encontra na sociedade e no momento histórico em que vive, cada novo ser humano reproduz para si aquelas capacidades, habilidades e aptidões que estão cristalizadas
  • 11. 20 naqueles objetos da cultura a que tem acesso(...) à medida que aprende a utilizar a cultura, a criança vai acumulando experiências em conjunto com as outras pessoas com quem convive e vai criando sua inteligência e personalidade.(...) o processo de desenvolvimento resulta do processo de aprendizagem.( MELLO, 2004, p. 138) Levando-nos a perceber quão imprescindível é o favorecimento das interações como mediadora das múltiplas aprendizagens das crianças inseridas nos espaços de Educação Infantil. Pois, estasgerenciam o desenvolvimento das nossas crianças nos variados espaços de educação. 2.2Aprendizagem e Desenvolvimento se interatuam Aprendizagem refere-se a uma mudança de atitude desenvolvida a partir da absorção da experiência desenvolvida por diferentes fatores, sejam eles emocionais, ambientais e neurológicos. Como afirma Teles (2001), de maneira simples trata-se de: Um comportamento novo que aparece como consequência da experiência... sem aprendizagem não há ser humano. É em contato com os outros seres humanos que aprendemos a ser gente, pessoas. Aprendizagem ...refere-se de modo geral, à aquisição de uma conduta, ao domínio de um procedimento em relação a um conteúdo qualquer. Envolve variáveis que se combinam de diversos modos. Sofre influencia de fatores internos e externos, individuais e sociais. (p.180 e 226) Percebe-se então o valor a partir das interações sociais e mentais, e ocorre de forma constante, ou seja, é construída e reconstruída. “A aprendizagem é sempre um processo construtivo na mente e nas ações do individuo”(CAGLIARI, 1998, p.35).“Associação é necessária à vida, para o aprender, pois relaciona o novo com o que o indivíduo já conhece, facilitando a aprendizagem” (ROSSINI, 2004, p. 75). O aprendizado adequadamente organizadoresulta em desenvolvimento mentale põe em movimentos vários processos de desenvolvimento, que de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal doprocesso de desenvolvimentodas funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. ( FONTES, 2010, p. 103) São nas mais diferentes relações que o aprendizado pode acontecer, pois estas relações podem gerar informações nos mais variados aspectos, que quando
  • 12. 21 pertinente ao individuo ele vaiconstruindo passo a passo, com avanços e retrocessos, uma espécie de modelo a ser seguido.A aprendizagem está relacionada ao ato de aprender e este não é automático. Aprender é um ato individual: cada um aprende segundo seu próprio metabolismo intelectual...a aprendizagem é sempre um processo construtivo... a verdadeira aprendizagem proporciona ao aluno generalizar o processo de tal maneira que a intermediação do professor vai; aos poucos, cedendo lugar à sua própria independência e competência para buscar as explicações adequadas por si mesmo e construir seu próprio saber.(CAGLIARI, 1998, p.36 e 56) “A aprendizagem não é um jogo mecânico que tem por objetivo nos informar sobre o mundo que nos cerca. Suas leis podem incentivar seus motivos pessoais; a partir daí cada um vai organizar seu próprio sistema de relações funcionais” (ROSSINI, 2004,p.70). Por isso, é preciso levar em consideração que a construção da aprendizagem se amplia por meio das trocas que a interação nos espaços sociais proporciona, contribuindo desta forma para o desenvolvimento de cada criança. Como nos lembra Oliveira (2008), ao afirmar que o desenvolvimento: Decorre,..., das trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a vida do individuo entre individuo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro. Ao constituir sem meio atribuindo-lhe a cada momento determinado significado a criança é por ele constituída; adota formar culturais de ação que transformam sua maneira de expressar-se, pensar, agir e sentir. (p. 126) O desenvolvimento humano é um processo em construção, o que implica dizer que este é um fator inacabado. Levando em consideração que o desenvolvimento abarca umgama de fatores externos, o qual “envolve processos, que se constituem mutuamente, de imersão na cultura e emergência da individualidade... que tem caráter mais de evolução, o sujeito se faz como ser diferenciado do outro, mas formado na relação com o outro: singular, mas constituído socialmente, e, por isso mesmo, uma composição individual, mas não homogênea. ( SMOLKA e GOES, 1993, p. 10 apudREGO, 2007,p. 62) Estabelecendodiferentes facetas do ser humano: cognição, afetividade, psicomotricidade e o modo de vida. “Este sofre influências desde aspectos pessoais (temperamento, personalidade,... etc.) até aqueles que não personificados (cultura, valores, ordem socioeconômica, religião, entre outros)”(LISBOA e KOLLER, 2004, p.
  • 13. 22 204). O desenvolvimento se processa por meio das vivencias, as quais norteiam o aprendizado, sendo esteaprendizadoum aspecto fundamental para a ocorrência do desenvolvimento. Sendo imprescindível levar em consideração que: O aprendizado é considerado, um aspecto necessário e fundamental no processo de desenvolvimento...pois,desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros indivíduos da sua espécie. è o aprendizado que possibilita e movimenta o processo de desenvolvimento, (REGO, 2002, p.71). Percebe-se assim quea aprendizagem é um fator essencial e universal para que o desenvolvimento das crianças aconteça e se amplie. Por isso, torna- seimprescindível ao falar em desenvolvimento das criançasmencionar as contribuições de Rego (2002) ao referendar Vygotskyquando ela nos lembra que: Torna-se impossível considerar o desenvolvimento do sujeito como processo previsível, universal, linear ou gradual. O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto sócio-cultural em que a pessoa se inseree se processa de forma dinâmica (e dialética) através das rupturas e desequilíbrios provocadores de continuas reorganizações por parte do individuo. (p.58) Reconhece-se que o aprendizado das crianças começa desde o seu nascimento, ou seja, antecede, e muito a escola. As crianças são seres sociais que levam para a escola uma gama de diferentes experiências acumuladas na família, no clube, na igreja, nos passeios, nas viagens, na rua, etc. E essas vivências poderão contribuir para que a criança reelabore conceitos emitidos no espaço escolar. O papel da escola é dirigir o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pela criança. Ou seja, o trabalho educativo deve impulsionar novos conhecimentos e novas conquistas, a partir do nível real de desenvolvimento da criança – de seu desenvolvimentoconsolidado, daquilo que a criança já sabe. ( MELLO, 2004, p. 144) Ao entrar na escola a criança terá diferentes elementos que contribuirão para seu aprendizado e desenvolvimento. Por isso torna-se relevante mencionar que ao entrar na escola é compreensível que se identifique ou entenda que a criança passará por diferentes etapas em seu desenvolvimentoclassificada por Vygotsky como o nível de desenvolvimento efetivo ou real e o desenvolvimento potencial ou
  • 14. 23 proximal. “A escola por oferecer conteúdos e desenvolver modalidades de pensamento bastante específicos, tem um papel diferente e insubstituível, na apropriação pelo sujeito da experiência culturalmente acumulada...(Rego, 2007, p. 103)”. O nívelde desenvolvimento real pode ser entendido como referente aquelas conquistas que já estão consolidadas na criança , ...aquelas atividades que a criança já sabe fazer de forma independente e o nível de desenvolvimento potencial ou proximal aquilo que a criança é capaz de fazer, só que mediante a ajuda de alguém. Funções que ainda não amadureceram que estão em processo de maturação..“(REGO, 2002, p.72 e 73) Sendo assim, percebe-se a importância das crianças estarem inseridas no espaço escolar. Pois, este proporciona interação e através desta as crianças podem compartilhar diferentes situações e seu conhecimento e aprendizado será enriquecido.Ao mencionar o espaço escolar, lembramo-nos de Candau (2000), ao dizer que este “busca construção, diálogo e construção, prazer, desafio, conquista de espaços, descoberta de diferentes possibilidades de expressão e linguagens, aventura, organização” (p.15). Aescola é uma instituição imprescindível, pois, o contato com o conhecimento científico e sua sistematização desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das funções mentais superiores...o desenvolvimento humano constituído pela e nas relações interpessoais, os instrumentos simbólicos ganham relevância, pois são eles que viabilizam a comunicação, a abstração, a generalização, a partilha de nossas experiências, pensamentos e emoções, enfim, a capacidade de agir mentalmente sobre o meio físico e social. (SARMENTO e RAPOPORT. p.39, 2009) O aprendizado é o fator gerenciador para o desenvolvimento proximal, tornando assim, imprescindível que se conheça ou compreenda a que se refere o termo zona de desenvolvimento proximal de forma especifica para os que atuam nos espaços de Educação Infantil: O conceito de zona de desenvolvimento proximal é de extrema importância para as pesquisas do desenvolvimento infantil e para o plano educacional, justamente porque permite a compreensão da dinâmica interna do desenvolvimento individual. Através da consideração da zona de desenvolvimento proximal, é possível verificar não somente os ciclos já completados, como também os em formação, o que permite o delineamento da competência da criança e suas futuras conquistas, assim como a
  • 15. 24 elaboração de estratégias pedagógicas que auxiliem nesse processo. (REGO, 2002, p.74) As relações estabelecidas no ambiente escolar passam pelos aspectos emocionais e sociais, e neste mesmo ambiente que se pode encontrar um local provocador destas interações nas vivências interpessoais (MARTINS, 1997, p.10). A escola não é considerada apenas como espaço de aprendizagem formal ou desenvolvimento da cognição, mas como uma oportunidade fundamental para a socialização. “ A partir das interações que a criança vai estabelecendo no seu cotidiano com outras pessoas e com o seu entorno sociocultural, ela amplia sua comunicação, avançando da gestualidade para a oralidade”( p. 42, 2009) Entretanto, no espaço escolar suas atividades terão objetivos específicos, onde será introduzido o conhecimento sistemático, devendo promover mais que aquisição de conhecimentos, deve ser um contexto de socialização e educação, preparando a criança em um membro inserido e produtivo na sociedade. O que implica conquistar um sistema pessoal de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, necessidades e motivações. (LISBOA e KOLLER, 2004). Na escola, as atividades educativas, diferentes daquelas que ocorrem no cotidiano extra-escolar, são sistemáticas, tem intencionalidade deliberada e compromisso explícito (...) em tornar acessível o conhecimento formalmente organizado... ao interagir com esses conhecimentos... A criança expande seus conhecimentos , modifica sua relação cognitiva com o mundo. (REGO, 2007, p. 104). Este éuma tarefa coletiva e mútua, o que resulta em ação partilhada mesmo que muitas vezes não seja percebida completamente. “Neste caso, a criança realiza tarefas e soluciona problemas através do diálogo, da colaboração, da imitação e das pistas que lhes são fornecidas”(p.73). “Desenvolvimento implica mudanças. Para mudar é preciso aprender” (LISBOA eKOLLER, 2004, p.202).Desenvolvimento e a aprendizagem estão interrelacionados, o que se constituem através das interações sociais. Torna-se imprescindível que a escola contribua para gerar a aquisição de valores democráticos, critérios de autonomia, solidariedade e compromisso das crianças com o meio social no qual estão inseridos.
  • 16. 25 È possível constatar que do ponto de vista de Vygotsky é que o desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais que agem sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim através das trocas recíprocas que se estabelecem durante toda vida, entre individuo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro. (Rego, 2001, p.95) Constatando-se este fato é imprescindível a participação de um adulto, especificamenteo professor para poder intermediar as mais variadas situações presentes no espaço onde estas crianças estão inseridas, com o intuito de ampliar e fortalecer estas relações gerando entre todos aaprendizagem e desenvolvimento. 2.3 Professor e prática: relevância em promover interações no espaço de Educação Infantil O professor é essencialmente necessário para o processo educativo das crianças inseridas no espaço de Educação Infantil. Nestes espaços a prática do professor precisa levar em conta,variados fatores quanto à prática. “A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e condições físicas existentes, etc.”(ZABALA, 1998, p.16). O que torna pertinente mencionar que a prática educativa é muitas vezes complexa,em virtude de que as situações nos espaços de Educação Infantilabarcam uma ampla variedade de realidades e situações neste espaço único e tão diverso. Torna-se cabível que o professor que convive com as crianças no espaço de Educação Infantil conheça as diferentes realidades das crianças inseridas neste espaço, para que suas ações em proporcionar interações com e entre estas possam atribuir significados para as crianças das informações que deseja comunicar, ampliando assim seu conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento. O conhecimento das realidades infantis que compõe o universo de uma turma escolar, as características e necessidades de cada criança, articuladas com referencias teóricos que norteiam a proposta e o fazer pedagógico, são ações fundamentais para o exercício docente. Deste olhar reflexivo, que articula dados da realidade, referenciais teóricos e saberes construídos no decorrer da pratica cotidiana surgem elementos que poderão balizar a ação educativa do professor, tanto em nível de planejamento, processos e práticas de ensino-aprendizagem...( SARMENTO E RAPOPORT, 2009, p. 46)
  • 17. 26 Fazendo-nos perceber que a intervenção pedagógica exige situar-se quanto“ as finalidades, os propósitos, os objetivos gerais e as intenções educacionais, ou como se queira chamar, constituem o ponto de partida primordial que determina, justifica e dá sentido à intervenção pedagógica”. (ZABALA, 1998, p.21). Sendo que neste sentido para o professor é imprescindível estar comprometido em desincumbir seu papel e atender às necessidades de aprendizagem dos educandos e de interação e socialização, contribuindo de maneira mais ampla para o desenvolvimento destes. Buscando construir novas relações de maneira democrática, coletiva, participativa e construtiva. Para tanto é preciso levar em consideração o que diz Fleury (2001): (...) as representações que temos de nossas crianças são fenômenos mediadores do nosso pensar, falar e agir, incluindo o nosso fazer pedagógico, impõe-se conhecer estas representações para que possa encontrar elementos que contribuam verdadeiramente para um melhor aperfeiçoamento docente. (p. 133) Sendo assim, o professor pode agir como investigador e mediador, tornando-seo elemento chave nas interrelações, em busca do dialogo, da construção, da humanização. Para que isso possa incidir poderia ser pertinente assumir a função de transformador, por dar auxilio na mobilização e na busca de renovação no espaço escolar. Como menciona Sacristán (2000): A função do professor será facilitar o surgimento do contexto de compreensão comum e trazer instrumentos procedentes da ciência, do pensamento e das artes para que enriquecesse o espaço de conhecimento compartilhado, mas nunca substituir o processo de construção da dialética deste espaço, impondo suas próprias representações ou cercando as possibilidades de negociação aberta de todos e cada um dos elementos que compõem o contexto de compreensão comum (p. 64) O professor nas suas mais diferentes atuações busca resolver os diferentes tipos de desafios encontrados no seu cotidiano, partindo de uma reflexão do seu papel como agente transformador e criador de oportunidades, contribuindo desta maneira para que os educandos possam desenvolver-se a partir de suas próprias ações.“ Cabe ao professor estimular a criança, para que ela se expresse de alguma forma produzindo trabalho; que esta produção provoque satisfação pessoal, causando-lhes o prazer de realizar”, (p.76).
  • 18. 27 Aação do professor no processo de aprendizagem requer “amar o ser humano, gostar de lidar, com gente, acreditar na vida e na capacidade ilimitada do crescimento mútuo dentro da relação aluno/professor; deve ser simples criativo, sincero,..., despertar em seus alunos o gosto pelo saber, pela vida, pela liberdade,..” (TELES, 2001, p.195) Pode-se pensar que uma mudança nas experiências vivenciadas na escola pelas crianças contribua para mudar sua representação...a interação e cooperação entre os colegas, aliadas ao reconhecimento do papel do professor como aquele que vai conduzir o processo educativo, podem abrir caminhos que possibilitem um maior desenvolvimento da criança. (GONÇALVES, 2001, p.176) Como afirma Assis (1993), ao dizer que o professor “consiste em criar condições favoráveis à reinvenção. Agir de tal forma deixa claro que o professor reconhece que sua prática envolve situar-se; que a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças” (p.26).É todo um conjunto de interaçõesbaseadas na atividade conjunta dos alunos e dos professores, que encontram fundamento na zona de desenvolvimento proximal, que, portanto, vê o ensino como processo de construção compartilhada de significados...(ZABALA. p. 91, 2007)Ao invés de transmitir o conhecimento, sob a forma de soluções prontas, é encorajar a criança a encontrar por si as melhores formas de resolver os problemas que desafiam sua curiosidade e estimulam a reflexão”. O educador não deve fazer as atividades pela nem para a criança, mas com ela, atuando como parceiro mais experiente, não no, lugar da criança. Quando a criança realiza, com a ajuda de um educador, tarefas que superam seu nível de desenvolvimento, ela se prepara para realizá-las sozinha, pois o aprendizado cria processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão se tornando parte de suas possibilidades reais. (MELLO, 2004, p. 144) O importante é aprender a aprender, e o professor é aquele que cria circunstancias favoráveis para que talfato aconteça, usando para isso todos os recursos possíveis, inclusive sua experiência, seu conhecimento, sua técnica e seu discurso sempre que necessário, (TELES, 2001, p.189). Levando em conta o que nos lembra José (2001), “o aluno (ou a criança) precisa ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo conhecimento ou
  • 19. 28 habilidade. Tanto quanto possível, aquilo que é aprendido,precisa ser significativo para ele” (p.11). É na interrelação com as outras culturas que a cultura infantil se constitui como tal. Nesse sentido pode-se afirmar que as crianças são sujeitos capazes de interagir com os signos e os símbolos construídos socialmente, e de atribuir significados a esses signos a partir dessa interação. (BAPTISTA, 2009, p. 21) Sendo assim, o professor precisa atuar como mediador e companheiro da criança com a realidade que irá conhecer e em proporcionar momentos de interações, as quais possam levar a aprendizagem, a construção do conhecimento e ao desenvolvimento das crianças.“É de suma importância que o professor conheça o processo da aprendizagem e esteja interessado nos alunos como seres humanos em desenvolvimento” (JOSÉ E COELHO, 2001, p. 13). Sua função é a de ser uma pessoa verdadeira, que se relacione afetivamente com a criança, garantindo-lhe a expressão de si, visto que ela precisa de alguém que acolha suas emoções e, assim, lhe permita estruturar seu pensamento. Ao responder à criança, ampliando, redefinindo e esclarecendo seus comentários, confusões e ações, o professor alimenta o pensamento infantil, propondo-lhe questões que a ajudem a consolidar as idéias que já possui e a construir hipóteses. (OLIVEIRA, 2008, p. 203) Ao referendar John Dewey, Cunha (1994) ressalta que o “o educador é o responsável pela escolha dos meios adequados para conduzir a atividade do aluno na direção do saber. Compete ao mestre conhecer os aspectos psicológicos do desenvolvimento humano” para um melhor desempenho das suas atividades em nortear aprendizagem e desenvolvimento dos educandos (p.61). O educador deve conhecer não só as teorias como cada criança reage e modifica, sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na instituição de educação infantil. Deve refletir sobre o valor dessa experiência enquanto recurso necessário para o domínio de competências consideradas básicas para todas as crianças terem sucesso em sua inserção na sociedade concreta.(OLIVEIRA, 2008, p.124) O educador no seu fazer pedagógico tem um papel essencial como observador constante que pode interferir buscando ofertar, em diferentes circunstâncias, os recursos precisos às atividades infantis, de forma a desafiar adequadamente,
  • 20. 29 promover interações, despertar curiosidades, mediar conflitos, garantir realizações significativas. Porque as crianças aprendem de maneira diferenciada.(ZABALA, 2007).Bem como usar todas as oportunidadespara fazer avançar o entendimento infantil, nas mais diferentes situações vivenciadas. Como menciona Machado (1991), ao afirmar que: Educar significar estar junto, construir, vivenciar, atuar, trocar ceder, descobrir, uma interação dinâmica com o grupo. Educar significa também respeitar a criança: ela não é um adulto em miniatura, mas um ser que tem características, sensibilidade e lógicapróprias. Assim, desenvolvimento, transformação e crescimento em etapas sucessivas é parte desse processo. O adulto observa a criança e, a partir dos dados que possui sobre ela, propõem desafios, facilita, questiona e favorece novos desequilíbrios, uma direção que venha ao encontro de valores que pretende preservar, sem perder de vista que acriança deve estar preparada para viver e atuar no mundo de hoje e no amanhã. (p. 42) O professor “é o representante do mundo social adulto, com mais experiência, com mais conhecimento em torno das realidades sociais e com domínio pedagógico.Contribuindo desta forma para assumir a intencionalidade do ato educativo a cada situação de interação.” Nenhuma prática é neutra: ao contrário, ela está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos, mesmo que não formulados explicitamente “(Kramer, 2001, p.23). Entendendo a prática pedagógica como prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A pratica pedagógica é uma dimensão da pratica social que pressupõe a relação teórico pratica, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca de condições necessárias à sua realização. (VEIGA, 1994, p. 16) Desta maneira, compreende-se o professorcônscio de que as crianças têm peculiaridades, necessidades e diferenças que muitas vezes irão requerer deste, ações diferenciadas para um fazer pedagógico mais produtivo e significativo nos espaços de Educação Infantil. Torna-se imprescindível que ofazer pedagógico seja analisadode maneira continua e promissora, na busca do desenvolvimento e da aprendizagem mútua nas diferentes relações que o espaço escolar condiciona. A prática pedagógica atrela-se a ações, conhecimentos, valores compartilhados com intencionalidades, especificidades educativas, as quais proporcionarão a amplitude
  • 21. 30 de experiências e vivências produzidas e reproduzidas, intencionalmenteou não, no espaço escolar.Reconhecerque a função da prática pedagógica é nortear as ações produtoras de interação, de aprendizageme, posteriormentede desenvolvimento. Desta forma a função pedagógica na Educação Infantil deve direcionar a aprendizagemao desenvolvimentodas crianças, enriquecendo assim, seu universo infantil.
  • 22. 31 CAPITULO III 3. METODOLOGIA:Percorrendo caminhos Percebe-se que a pesquisa não é algo simples, requerendo tempo, dedicação para o desenvolvimento e explanação do assunto investigado. E para uma melhor compreensão da pesquisa a ser realizada com os professores que atuam na Educação Infantil, torna-se importante definir o percurso que se deve traçar para direcionar aonde se quer chegar, compreende-se assim, a metodologia. “A metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos em busca de um conhecimento”.(ANDRADE, 2007, p.119). A metodologia de pesquisa é completamente interessada nos processos que buscam, mudar o mundo. Indagando os processospermanentemente produzidos nas relações sociais para ofuscar e ocultar as múltiplas dimensões da realidade e do ser humano, a pesquisa amplifica as possibilidades de interpretação e compreensão do cotidiano e vai encontrando meios para melhor compreender a complexidade humana (ESTEBAN, 2003, p. 128) Portanto, para esta referida atividade foiimprescindível levar em conta que “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da realidadeeo sopro do potencial criativo do investigador. Podendo alcançar posteriormente um fim determinado” (Minayo, 1994, p.67). Por conseguinte, foi traçado o como, onde e porque se processoua presente pesquisa. Inicialmente, a presente pesquisa iria requerer a entrevista semi estruturada, pois a mesma permitiria a obtenção de informações desejadas com qualquer informante sobre os mais variados tópicos, visando analisar através das diferentes respostas e expressões dos sujeitos envolvidos. Aentrevista constitui um instrumento eficaz na recolha de dados fidedignos para a elaboração da pesquisa, (...) pode ter como objetivo averiguar fatos ou fenômenos; identificar opiniões em certas circunstâncias, descobrir os fatores que determinam opiniões... (ANDRADE, 2007, P. 133). Contudo, os pesquisados não se propuseram participar desta forma da pesquisa, afirmando expor-se de maneira demasiada, levando-nos a optar por outros recursos
  • 23. 32 metodológicos. Sendo assim, a presente pesquisa qualitativa será norteada com base numa breve, mas importante observação, no questionário fechado e aberto, para que estes dêem suporte para otrabalho de identificaçãoe compreensão do fato investigado, o quenão é simples, mas pode proporcionar grande satisfação quando se alcançar o objetivo proposto queenvolve identificar e analisar as práticas que os professores de Educação Infantil tem desenvolvido para que a interação entre as crianças conduzam a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos. 3.1 Tipo de pesquisa A presente investigaçãoqualitativa é, frequentemente discutida e usada nas ultimas décadas, sendo essencialmente indutivo, o que nos diz que esta é conduzida pelos dados, sendo os resultados e conclusões absorvidas destes dados, os quais devem ser verídicos e fundamentados partindo da leitura, compreensão, interpretação e constatação do assunto pesquisado. Como define Bogdan e Biklen (1998) a verificação qualitativa “procura entender oprocesso pelo qual as pessoas constroem significados... investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana”, (p. 18). A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o universo de significados, crenças, valores e atitudes que correspondem a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem se reduzidos `a operacionalização de variáveis.( DESLANDES, 1994, p.21) A pesquisa qualitativa investiga de maneira firme e fiel a realidade dos diferentes sujeitos na área a qual estão inseridos. Analisar, compreender e constatar a questão investigada por meio dos diferentes instrumentos permitiu uma maior compreensão do fato investigado, tendo como base apoio de leiturasespecíficas na questão central, para um melhor entendimento da questão tratada. A qual relaciona as práticas desenvolvidas pelos professores que atuam na Educação Infantil, bem como suas práticas no processo de interação, aprendizagem e desenvolvimento das crianças inseridas no espaço de Educação Infantil. 3.2Lócus da Pesquisa
  • 24. 33 O lócus nospermitiu uma interação com os pesquisados e os pesquisadores, proporcionado abrir portas para investigar, dialogar, para que pudéssemosidentificar quais as práticas de interação que os professores tem desenvolvido para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças inseridas nos espaços de Educação Infantil. Para o desenvolvimento da pesquisabuscamos envolver as escolas: Sergio Carneiro , situada na Avenida do Contorno S/N e Carlos Santana na rua João Durval Carneiro S/N, ambas localizadas no município de Ponto Novo-BA, e estão direcionadas em maior parte a Educação Infantil. Tendo em seu espaço físico A Escola Sergio Carneiro possui quatro salas de aula, uma diretoria, uma cantina, um almoxarifado, dois banheiros (um feminino e um masculino), almoxarifado, sala de informática e um pátio externo amplo e arborizado, atendendo uma clientela que corresponde a 106 alunos, que abrange desde aEducação Infantil a 3º ano do Ensino FundamentalI. Funcionando nos turnos, matutino e vespertino, tendo uma equipe composta de 21 funcionários (diretora, vice diretora, porteiro, secretarias, cozinheira, auxiliar de serviços gerais e professores). A Escola Carlos Santana possui uma ampla área externa, arborizada, toda murada, seis salas de aula, umadiretoria, uma cantina, parque móvel, sala de informática, sala dos professores, banheiros (feminino e masculino), um almoxarifado, uma equipe composta de 22funcionários,funcionando os três turnos (sendo vespertino e matutino com Educação Infantil ao 2º ano e no noturno EJA - Educação de Jovens e Adultos). Asinstituições mencionadas se tornaram pertinentes,pois se enquadram no quadroda clientela especifica, as quais atendem crianças da Educação Infantil. O que torna peculiar, pois nelas se encontram os sujeitos que atuam neste segmento.Permitindo assim, o desenvolvimento da investigação, proporcionando uma aproximação para compreendermos inquietações, bem como as representações dos professores que atuam na referida modalidade. 3.3Sujeitos da Pesquisa
  • 25. 34 Os sujeitos da pesquisa envolvem os 12(doze) professores que atuam na educação infantil nas escolas acima referidas. Neste respeito,Triviños (1987), que aborda: “os sujeitos, individualmente, poderão ser submetidos a várias entrevistas, não só com o intuito de obter o máximo de informações, mas também para avaliar as variações das respostas em diferentes momentos” (p. 146).A escolha deste professores se tornou pertinente, poisse encaixamno perfil da questão a ser investigada tornando peculiar para a realização do propósito a ser alcançado. 3.4 Instrumentos de Coleta de Dados Segundo Ludke e André (1986, p.10) “para se realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele”. A pesquisa presente facilita uma aproximação entre os fenômenos sociais e os sujeitos estudados, pois a mesma torna-se necessária para uma melhor identificação do assunto investigado. Os instrumentos de coleta de dados utilizados envolveram a observação, o questionário fechado e aberto, os quais servirão para proporcionar suportes essenciais para atingir o objetivo proposto. Sendo que o objetivoenvolve identificar quais as práticas que os professores de educação infantil tem desenvolvido para que a interação no espaço escolar contribua para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças. 3.4.1 Observação A observação contribuiu para que tivéssemos certa interação com a questão investigada, podendo compreendê-la de forma mais direta. Segundo Barros (2003), “observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. Éum procedimento de suma importância na ciência, pois é através dela que se inicia todo o estudo dos problemas”(p. 69). Não deve ser feito de forma aleatória, é preciso planejá-la, como menciona Ludke e Menga (1986):
  • 26. 35 Planejar a observação significa determinar com antecedência “o que” e “como” observar... Definindo-se claramente o foco de investigação e sua configuração espaço-temporal, fica mais ou menos evidente quais aspectos do problema serão cobertos pela observação e qual a melhor forma de captá-los (p.25). A observação foi importante, pois ela permitiu obter informações e registrá-las no momento em que estas vieram a acontecer. Como esclarece Ludke e André (1986), ao dizer que “a observação permite a coleta de dados em situações que é impossível outras formas de comunicação”, (p. 26). A observação começou durante visitas para desenvolvimento do estágio em uma das determinadas escolas, especificamente na Escola Sérgio Carneiro.Tornando possível o surgimento da questão a ser tratada, que se refere as práticas que os professores tem realizadopara que as interações condicionem a aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças. 3.4.2 Questionário fechado O questionário justifica-se por facilitar a compreensão do perfil socioeconômico dos sujeitos envolvidos da pesquisa edefini-los de uma maneira mais segura, podendo desvendar assim, atividades rotineiras e o contexto social e cultural no qual estão inseridos. Sendo estepertinente, como nos lembraTrivinõs(1997): É importante salientar para a pesquisa qualitativa em geral que entender a etnografia como o “estudo da cultura” desenvolve para o enfoque etnográfico dois conjuntos de pressupostos sobre o comportamento humano de extraordinária relevânciapara a investigação em educação. Com efeito, insere-se neste campo a ideia de contexto, de uso mais ou menos comum entre os pesquisadores educacionais. (p. 122) O questionário também abrangeu a formação dos professores, sua atuação pedagógica, sua compreensão quanto à formação continuada e reconhecimento do seu papel como mediador nas interações infantis. Estas tiveram como objetivosseremanalisadas bem como seu contexto analisados para fins específicos, na compreensão da relevante pesquisa 3.4.3 Questionário aberto
  • 27. 36 O referido instrumentoé um importante recurso para pesquisa, pois ofereceu condições significativas para um melhor desenvolvimento da pesquisa. É bastante utilizado, pois proporciona ao entrevistado ser questionado sem a presença do pesquisador. Segundo Marconi e Lakatos (1996, p. 88), “o questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do investigador”. Este instrumento de pesquisa ao ser utilizado levou em conta as orientações delineadas a seguir por serem vitais. Como nos orienta Barros (2000): “o questionário... não está restrito a uma determinada quantidade de questões, porém aconselha-se, que não seja exaustivo, desanimando o pesquisado. É entregue por escrito e também será respondido por escrito” (p.90).o qual permite que os sujeitos respondam sem interferências nem influencias em suas respostas, é um método rápido e prático. Por ser um questionário abertoàs respostas a serem obtidas podem ser mais precisas, pois, “as perguntas são padronizadas, de fácil aplicação, simples de codificar e analisar”, (CERVO, 2007, p.53). Este instrumento foi escolhido pela maior facilidade de termos participação maior dos entrevistados na referida pesquisa, sendo este de breve aplicação e pertinente para a obtenção de dados. 3.5 Tratamento dos dados coletados Tendo como norte as informações obtidas dos professores por meio do questionário fechado e aberto, buscamos analisar os dados colhidos. O que não é muito simples, mas deveras fundamental na pesquisa. Os instrumentos acima referidos foram escolhidos emúltima circunstância, foi percebido um certo desconforto por parte dos pesquisados no que diz respeito a serem entrevistados de outras maneiras também peculiares. Por isso optamos por estes instrumentos para granjearmos a participação destes na busca do assunto investigado. Tornandoimprescindível, pois, proporcionará uma compreensão do fato investigado, que está relacionado quanto às práticas que os professores têm desenvolvido com o
  • 28. 37 fim de proporcionar interação que gere aprendizagem e desenvolvimento entre as crianças inseridas nos espaços de educação acima mencionados. Segue-se assim a busca da interpretação e análise dos resultados, tendo como base de orientação o quadro teórico, ou seja, a compreensãodas leituras realizadas , observando e discutindo as concordâncias e discrepâncias. Para tanto, esta analise ocorreumediante esforço e dedicação para uma melhor apreensão dos dados colhidos.
  • 29. 38 CAPITULO IV 4. ANALISANDO DADOS DA REFERENTEPESQUISA E INTERPRETANDO ASRESPECTIVAS EXPRESSÕES. Este capítulo tem por objetivo refletir e analisar sobre os dados coletados, que expressam o perfil dos sujeitos e seus posicionamentos diante na nossa questão de estudo. Paratanto foi utilizado comoinstrumentosde coleta de dados o questionário aberto, questionário fechado e a observação.. 4.1 Análisedo Questionário Fechado: o Perfil dos Professores 4.1.1 Gênero dos Sujeitos GÊNERO FEMININO MASCULINO 0% 100% Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos O gráfico acima faz referencia aogênero dos sujeitos envolvidos na pesquisa, sendo estes 100% do sexo feminino. Percebe-sediante desta informação que a figura feminina ainda é muito presente nos espaços de Educação Infantil. O que talvez ainda justifiqueexpressões do tipo “respeite sua professora ela está no lugar de sua mãe”, ou “ela é como se fosse sua mãe”. O que torna muito presente mais o caráter cuidar que educar, sendo este para alguns uma extensão do lar.“Embora sejam mulheres, não são babás, nem mães substitutas, naturalmente preparadas para o
  • 30. 39 oficio de educar crianças pequenas, mas que são, sim, profissionais da educação”, (Assis,2006, p.102). Entretanto, é preciso levar em consideração que acriança é um ser frágil, que necessita de cuidados físicos e psicológicos constantes, o que dá ao adulto o direito de regular o seu ambiente físico. É um ser dependente dos outros... tem características especificas devido ao seu estádio de desenvolvimento, aos processos de crescimento e à sua vulnerabilidade. (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2008, p.135 e 137). Sendo pertinente mencionar que a escola é um espaço que envolve muito mais que cuidar, ela evoluiu para um espaço com caráter pedagógico. Contudo,torna-se imprescindível afirmar quenestes espaços de Educação Infantil o cuidar e o educar não estão desvinculados, pois envolvem “atitudes de atenção, interesse, preocupação, acolhimento... muito freqüente no meio da Educação Infantil.” (ROSSETTI_FERREIRA, 2003, apud ANGOTTI, 2009), incumbindo aos profissionais presentes nestes espaços promover uma articulação entre o cuidar e educar, um cuidar que promova a educação e uma educação que não deixe de cuidar da criança (ANGOTTI, 2009) 4.1.2 Faixa Etária Iremos analisar a faixa etária de nossos sujeitos, tendo como objetivo conhecer um pouco mais a respeitos destes, atrelando a faixa etária ao seu tempo de vivencia no fazer pedagógico e analisando de que maneira esta questão relaciona-se com as atividades pedagógicas. E seessa relação pode ou não influir no desempenhodo educador bem como nas suas práticas cotidianas no espaço da Educação Infantil.
  • 31. 40 0% 9% 18% 18 a 23 ANOS 24 a 29 ANOS 18% 30 a 34 ANOS 35 a 39 ANOS 28% 40 a 44 ANOS 27% MAIS DE 45 ANOS Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Ao observar o gráfico é perceptível que os professores inseridos neste contexto encontra-se tendo entre a idade de 30 e 39 anos, o que corresponde a 55% dos entrevistados, estes já possuem grau dematuridade nas diferentes vivencias sociais.Esta medida de maturidade junto à experiência acumulada pode contribuir de maneira positivapara o exercício no que diz respeito ao ato de instruir. É importante afirmar que na educação o mais relevante não é a idade, masa maturidade no exercício docente e o aperfeiçoamento desta prática docente, para uma melhor atuação nos diferentes espaços de educação. Sendo importante lembramos que “... teoria, os estudos, as discussões se misturam, costuram os conhecimentos vivenciais, aos saberes que vem da prática”. (Kramer, 2008,p.127) 4.1.3 Grau de Escolaridade A prática docente é uma atividade que requer do educador um nível de escolaridade pertinente para o exercício pleno de suas atividades pedagógicas, de maneira que estas possam efetivar o objetivo pleno da prática docente.
  • 32. 41 18% 18% MAGISTÉRIO PEDAGOGIA OUTRO 64% Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Com base no gráfico acima percebemos que 64% dos nossos pesquisados buscaram qualificar-se profissionalmentee tem aprimorado o seu fazer pedagógico por enriquecer sua formação. Como menciona Kramer (2008) ao assegurar que“para ser professor mais que ensinar é gostar de aprender, o que implica compreender que formação cientifica cultural e política não pára, mas continua” (p.129). A maior parte dos professores inseridos neste contextosão licenciados em Pedagogia, o que é muito pertinente para a sua atuação com crianças, pois esta formação contempla a área da Educação Infantil. E cabe lembra que: A aquisição de conhecimentos e habilidades própria do trabalho docente, isso contribui para a construção desse profissional. Inclusive, essa formação deve propiciar a apropriação de conhecimentos teóricos que iluminem a sua prática e fomentem a maior competência que até precisa desenvolver: ser reflexivo e critico acerca do seu trabalho.(CRUZ, p.232) Torna-se considerável a ação de alguns sujeitos em percorrer um caminho mais amplo na busca e no aprimoramento dos conhecimentos. Contudo, é imperativo que o professor repensena sua formação, refletindo cada vez mais sobre sua função tanto em busca de um conhecimento teórico como uma prática quealimente seu desejo de aprender cada vez mais para poder transformar (ALMEIDA, 1998) Dois dados do gráfico são inquietantes, o primeiro refere-se aos 18% dos entrevistados que possuem apenas o Magistério, o qual fora concluídopor estes
  • 33. 42 entre os anos de 1991 e 1995. Embora a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da educação permita a atuação nas escolas com apenas a formação do magistério, este mesmo conjunto de orientação para as ações educacionais, diz ser necessáriol uma formação em nível superior continuada. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio na modalidade Normal.Art.62 Notamos não haver ampliação ou aperfeiçoamento na formação destes sujeitos no que se refere a uma especialização na área, o que torna viável lembrar quena educação“o professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca de conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente”.(ANGOTTI, 2001, p.64). O segundo dado referente e inquietante representa a mesma porcentagem sendo esta de 18% dos queatuam na Educação Infantil, mas possuem outro curso, tem outra licenciatura.É pertinente mencionar que no momento da observação e durante uma conversa informal, um dos entrevistados afirmou ser uma escolha por questões de saúde, de não poder atuarem lugar especifico para sua formação. Embora não seja possível referenciar as outras razões torna-se indispensável, nos questionarmos de que modo estas atuações influem no processo de Educação Infantil, bem como nas práticas do educador. Quando a formação propicia... a aquisição de conhecimentos e habilidades próprias do trabalho docente, isso contribui para a construção desse profissional. Inclusive, essa formação deve propiciar à apropriação teóricas que iluminem a sua prática e fomentem a maior competência que ele precisa desenvolver: ser reflexivo e critico acerca do seu trabalho.(CRUZ, 2009,.p.232) Como observamos o acima citado reconhecemos queé imprescindível levar em consideração a certeza de termos habilidades próprias, especificas para atuar na Educação Infantil.É condicional “uma formação que lhe permita reconhecer os princípios de uma educação de qualidade, adaptá-los às necessidades do contexto
  • 34. 43 que atua e produzir reflexões e sínteses transformadoras de suas ações educativas”, (BARBOSA, 2006, p.58). 4.1.4 Atuação na Educação Infantil Estar atuando por um tempo maior em alguma área especifica pode significar uma maior compreensão das situações e das escolhas de práticas e ações no momento em que elas acontecerem. Como nos lembra Angotti (2001) ao afirmar que “o profissional preparado possui permanente para a solução de improvisos que a vida lhe impõe, garantindo, assim, satisfação e segurança na realização do ser pessoal e profissional”, (p.54). Uma experiência mais ampla pode proporcionar uma melhor ação, sendo esta intencionada e condicionada nos espaços de Educação Infantil. UM ANO OU MENOS 9% 18% I A 3 ANOS 9% 27% 5 A 7 ANOS 8 A 10 ANOS 37% MAIS DE 10 ANOS Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos Com um percentual de 37% nossos sujeitos têm certo período de tempo de atuação na Educação Infantil, o que corresponde de 5 a 7 anos em sala de aula, e 18% estão atuando a mais de 10 anos, experiência esta que pode valorizar seu potencial como mediador das interações nos espaços inseridos. Não se pode abdicar de valorizarmos o saber produzido na prática, sem abrir mão de fazer análise critica da situação especifica e do contexto mais amplo, das políticas públicas e dos movimentos sociais que tanto nos ensinam (Kramer, 2008, p. 129). O que torna possível se ao longo do caminho as ações sempre forem analisadas e refeitas, gerando um grau maior dematuridade na efetivação da prática docente.
  • 35. 44 O tempo pode permitir a vivência reflexivada prática ereger as ações condicionadas e intencionalizadas. Como nos lembra Freire (2008, p.39), “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão sobre a prática. É pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Andrade (2006) ainda afirma: A formação docente não pode ser vista apenas como um processo de acumulação de conhecimento de forma estática, como cursos, teorias, leituras e técnicas, mas sim como uma contínua reconstrução da identidade pessoal e profissional do professor. Esse processo deve estar vinculado à concepção e a analise dos contextos sociais e culturais, produzindo um conjunto de valores, saberes e atitudes encontradas nas próprias experiências e vivências pessoais, as quais imprimem significados ao fazer educativo. (p.164) Podendo proporcionar uma breve análise antecipadamente do resultado proposto bem como a capacidade de direcionar, caso a intenção não tenha se concretizado e buscar alternativas de realização da ação docente no dia a diadentro da Educação Infantil. 4.2 Resultadodo Questionário Aberto - Analisando as falas dos Sujeitos A partir deste faremos uma consideração das informações adquiridas através do questionário aberto, e por respeito aos nossos sujeitos utilizaremos a letra P seguido de um número especifico para referenciar as falas dos professores inseridos na presente pesquisa. Para uma melhor e mais especifica consideração dos dados obtidos junto aos professoresda referente pesquisa tornou-se imprescindível selecionarmos quatro tópicos para uma melhor compreensão dos dados colhidos, a saber:familiarização e aperfeiçoamento na Educação Infantil; interação nos diferentes espaços da escola; o papel do professor nas mediações das interações; e práticas de interação que favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. 4.2.1 Familiarização e aperfeiçoamento dos professores de Educação Infantil: A Educação Infantil é uma área especial da educação, é a base a ser consolidada, onde o carinho, a sinceridade e a afetividade são muito mais presente na construção
  • 36. 45 com o outro. A familiarização com o que fazemos nos permite uma melhor atuação, facilitando o interesse em estarmos sempre na busca de uma melhor qualidade no trabalho realizado, gerando satisfação e contentamento diante das ações propostas. O professor que tem afinidade com a Educação Infantil poderá com maior facilidade e responsabilidade ampliar o universo infantil das crianças sob os seus cuidados. Analisaremos então como os professoresestão situados nesta questão: P¹ - “sim, cursos, oficinas, encontros pedagógicos” P² - “sim, através de cursos, pesquisas e livros” P³ - “sim, a participação em cursos, revistas, livros” P4, P5, P7, P8, P9, P10 – “sim através de cursos, leituras, revistas,livros, sites educativos”. P6 – “sim, revistas, livros, programas de TV, sites educativos... cursosque me ajudem a melhorar profissionalmente”. P11 – ““sim, revistas, programas de TV, sites educativos, oficinas e comprando livros atualizados para este fim”. Percebemos com base nas expressõesuma ocorrência unânime dos sujeitos emafirmar que se identificam com a Educação Infantil e buscam aperfeiçoamento, o que é muito positivo tanto para o educando como para o educador, pois, permitirá um fazer pedagógico mais compromissado, produtivo e prazeroso. Os professorestêm buscadoutilizar recursos que possam viabilizar suas ações educacionais por meio de livros, oficinas, encontros pedagógicos, sites educativos para facilitar sua ação pedagógica. É peculiar, que muitos dos nossos professores permaneçam na busca de meios para nortear, ampliar e diversificar sua prática cotidiana.Os recursos auxiliem, mas é necessário mais que recursos, é precisoque os sujeitos solidifiquem a prática, não sendocabível que o professor estacione, mas busque qualificar-se ainda mais por ampliar e enriquecer sua formação. Faz se necessário um exercício de reflexão pelos profissionais da Educação Infantil sobre sua própria atuação, mas não se trata de uma reflexão abstrata e sem fundamentação, é preciso que a reflexão se dê a partir da articulação entre teoria e prática e, isso só ocorre a partir de uma sólida formação.(ASSIS, 2006, p.100)
  • 37. 46 Evidenciando a necessidade de uma formação continuada, até porque na pesquisa notamos que alguns não ampliaram sua formação, embora já estejam atuando a certo tempo na Educação Infantil. Como menciona Candau (2001), ao referendar a formação continuada: Compreendo qualquer atividade de formação do professor que está atuando nos estabelecimentos de ensino, posterior a sua formação inicial, incluindo ai diversos cursos de especialização e extensão oferecidos pelas instituições de ensino superior e todas as atividades propostas pelos diferentes sistemas de ensino. (p. 71 ) Não sabemos a trajetória de vida dos envolvidos, mas é imprescindível que ocorra um comprometimento na procura de ampliação dos conhecimentos, para uma melhor qualificação na área a qual trabalham. Tornando necessário, como nos lembra Angotti (2001, p.52): Que o professor descubra e busque cuidar da semente profissional que existe nele mesmo, pois tudo principia da própria pessoa. Tal processo construirá este profissional de modo que este assuma, com compromisso e responsabilidade, procedimentos essenciais para a realização de um fazer intencionado, reflexivo e profícuo. Reconhecemos que a prática é fundamental, mas quando a prática acompanha uma reflexão, uma teoria atualizada e compatível a realidade dos educandos, o fazer pedagógico se torna mais significativo tanto para o educador como para o educando. A formação do professor exige “um trabalho de reflexividade critica sobre as práticas e de uma (re) construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em interação mútua”. (CANDAU, 2001, p.64) É preciso mencionar que na escolha destas atividades é precisoser bem seletivo e criterioso, quanto ao que será direcionado para as crianças, o objetivo proposto e as açõesmetodológicasa serem desenvolvidas para um melhor desempenho dos educandos e realização do educador, em propor situações que possam nortear a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. 4.2.2 Interação nos diferentes espaços da escola
  • 38. 47 O espaço escolar é um ambiente que abarca uma variedade de crianças oriundas de diferentes contextos familiares e com formações variadas. Eeste espaço deve contribuir para seu desenvolvimento social, cultural e intelectual. A escola tem uma função socializadora, buscando formar o indivíduo do ponto de vista afetivo e social. “Só é possível se formar com o outro, nos mais diferentes espaços e tempos que circulam conhecimentos, valores e saberes. (Kramer, 2008, p.127) O espaço escolar em todo o seu ambiente está cheio de significados, os quais precisam ser observados, analisados e expressos nas práticas sociais.O que torna pertinente analisar o ponto de vista dos nossos sujeitos quanto à importância da interação neste ambiente, bem como qual o espaço mais apropriado para o aproveitamento em favorecer a interação. Sobre a questão levantada, a maioria aponta a sala de aula como espaço mais indicado para nortear as interações: P3 –“ Na sala onde todos estão juntos e mantém a comunicação.” P5 –“Na sala de aula proporcionando trabalho em grupo, brincadeiras onde as crianças passam a aprender a conviver umas com as outras”. P6- “Em sala de aula ambiente acolhedor sem favoritos ou privilegiados”. P8 – “Sala de aula e pátio” P9 –“Na sala de aula, pois é lá que o aluno fica durante todo o ano”. P10 – “Na sala, em conversas e atividades pedagógicas”. P11- “A sala de aula, pois é lá que durante todo o ano letivo ocorre todo o entrosamento entre o professor e o educando, então ai ocorre à aprendizagem diariamente”. É pertinente mencionar que para muitos o conceito que se tem quanto à escola é somente ensinar, e num único espaço: a sala de aula. Percebemos isso nas falas da maioria dos sujeitos inseridos nesta pertinente pesquisa, os quaisfazem alusão à sala de aula como eixo norteador das interações, aprendizagens e desenvolvimento das crianças. Ressaltamos que a sala de aula torna-se um espaço onde o contato com o professor e seus colegas de turma é mais acentuado, sendo evidente que as crianças passem a maior parte do tempo nela. “É no cotidiano da sala que a teoria é validada,
  • 39. 48 iluminando a prática e fazendo-a avançar” (GARCIA, 1998,p.23). Sob esta ótica é imprescindível que este espaço deva serexplorado da melhor maneira possível. É preciso insistir que tudo que fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou menor grau da formação dos nossos alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que usamos, cada uma das decisões veicula determinadas experiências educativas..(ZABALA, 2007, p.29) Mas não deixamos de perceber na afirmação do P9 e P11, ao mencionarque as crianças estão todo o tempo em sala de aula, o que não é cabível.Especificamentenum espaço de Educação Infantil,onde diferentes espaços da escola podem ser consagradosem desenvolver atividades que condicionem a interação. “Cabe ao professor, em sala de aula ou fora dela, estabelecer metodologias e condições para desenvolver e facilitar o trabalho com a criança”(Maluf, 2009, p.29). Ainda mencionando os espaços favoráveis a interação, precisamos analisar a referencia na falade alguns sujeitos quanto às interações na área livre da escola (no pátio). Como mostram as falas abaixo: P1 – “O pátio, pois incentiva o respeito mutuo”. P2 – “No pátio, são momentos no qual eles se envolvem para juntos aprenderem e se divertirem”. P4 – “No pátio, pois é o momento em que eles se interagem com o outro”. Observar as crianças no brincar livre neste espaço (pátio) pode nos dar uma visão mais ampla dos educandos, pois, neste momento eles agem de forma livre, sem condicionamentos, o que permitirá observar suas ações, expressões naturais aumentando o conhecimento a respeito destes. Nem sempre o educador é ativoa um grupo de crianças, como quando coordena e/ ou propõe atividades nos mais variados tipos. Em muitas ocasiões, há a necessidade de intervenções bastante individualizadas, em outras, é mais interessante o educador não participar da atividade que estive sendo organizada e desenvolvida pelas próprias crianças. Nestas ultimas, a observação será fundamental para planejamentos futuros (...)O educador deve assumir a intencionalidade do ato educativo a cada situação de interação. (JR. KUHLMANN E VITÓRIA, 2008, P.282)
  • 40. 49 Contudo, isso só será possível se houver um comprometimento do educador em querer ampliar o universo infantil de cada criança, por conhecê-los melhor e engajarem na dinâmica de intervir ou mediar conforme necessário e de maneira atuante. A escola tem uma área externa ampla e arborizada, suas salas são amplas podendo desenvolver nestes espaços diferentes atividades práticas e coletivas, gerenciando assim, oportunidades de interação nos mais diversos espaços. Como faz referência o P7, quando este afirma que “todos os espaços são pertinentes a interação, na sala de aula, no pátio, na fila da merenda, na fila do banheiro, deste que ocorra uma observação das ações realizadas por estes e quando necessário uma intervenção”. Mas em nossas observações não foi percebido associarmos as falas dos sujeitos com as práticas, pois as criançassaiam da sala no momento do recreio e neste período os professore ficam a maior parte do tempo na cozinha ou na diretoria da escola, perdendo grandes oportunidades de observarem as crianças no seu brincar livre, para uma melhor intervenção. 4.2.3 O papel do professor nas mediações das interações Os professores que atuam na Educação Infantil são o carro chefe em observar, intervir e mediar às relações com e entre as crianças, na busca de construção de conhecimentos das crianças, nas relações sociais e humanas. Como nos lembra Zabala (2001) A interação direta entre alunos e professor tem que permitir a este, tanto quanto for possível, o acompanhamento dos processos que os alunos e alunas vão realizando na aula. O acompanhamento e uma intervenção diferenciada, coerentes com o que desvelam, tornando necessária a observação do que vai acontecendo...Assim favorece a possibilidade de observar, que é um dos pontos em que se apóia a intervenção. (p. 90 e 91) Com base na referência citada acima torna necessário compreender qual a ótica dos sujeitos quanto ao papeldo professor na promoção das interações, estes afirmam...
  • 41. 50 P1_ “Fundamental importância. Facilita um intercambio entre as crianças. Instrumento valioso para socializar o que cada um sabe e ajudar n sentido da construção conjunta” P2_ “O professor junto às crianças exerce uma função de que todos se sintam bem , proporcionando atividades que desenvolvam amizade e respeito”. P4 _ “O professor com certeza tem um papel fundamental na interação” P6 _ “Fundamental. Possibilita ao educador conhecer cada criança e ajudá- las a interagir com os demais”. P7 _ “O professor é o mediador em favorecer e ampliar as interações, por estar sempre observando as crianças sob sua responsabilidade, e mediante suas observações agir mediante as observações feitas para uma melhor intervenção”. Observamos quea maioria dos sujeitos reconhece o papel do professor no espaço no qual estão inseridos.Temos como notável as falas acima,que faz jus a afirmação de Freire em mencionar que o professor é o mediador, em dizer que o professor precisa observar para um melhor intervir. O que envolvecompreender que“a intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda prática educacional”. (ZABALA, 2001, p.17) Ainda referindo-se as falas dos sujeitos quanto à questão referida, alguns destes responderam: P3_ ______ P5 _ “A sala de aula, devido à convivência dia a dia professor x aluno. Através do dialogo e da comunicação na sala de aula P8 – “Debates com perguntas relacionadas com o seu cotidiano” P9 – “Pouco caso com o educando” P10 –“Através das questões da temática das brincadeiras”. P11 – “Como um descaso ao educando”. Énotávelcertadesconexãoe a ausência de respostas quanto a questionamento, o quenos inquieta,quanto a como analisarmos estas “respostas” aqui presentes.Há um distanciamento das respostas a questão. Alegamos ser uma falta de atenção ou um descaso no momento da pesquisar, jamais atribuiremos ser uma falta de resposta ou um não saber, pois compreendemos que todos os inseridos neste espaço devem lembrar que “participar do processo educacional de crianças pequenas, requer além