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1 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2
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RESUMÃO
PARASITOLOGIA HUMANA - NEMATELMINTOS III
Unidade
ASCARIDÍASE
Helminto: Ascaris lumbricoides
Habitat no Homem: os vermes adultos são encontrados no intestino delgado,
principalmente no jejuno e íleo, em infecções intensas podem ocupar toda
extensão do intestino delgado
Morfologia:
 Macho - 20 a 30 cm quando adultos, cor leitosa. Extremidade
posterior fortemente encurvada para a face ventral (caráter sexual
externo que o diferencia facilmente da fêmea)
 Fêmea - 30 a 40 cm quando adultas e com extremidade posterior
retilínea.
 Ovos – são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com
as fezes, apresentam grande resistência às condições adversas do
ambiente.
Ciclo Biológico: Monoxênico, ou seja, possui um único hospedeiro - A primeira
larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditóide (esôfago com 2
dilatações e uma constrição no meio). Após uma semana, ainda dentro do
ovo, transforma-se em L2 e, em seguida, transforma-se em L3 infectante. Estas
formas permanecem infectantes no solo por vários meses podendo ser
ingeridas pelo hospedeiro. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam
todo o trato digestivo e as larvas eclodem no ID. Uma vez liberadas, as lavas
atravessam a parede intestinal, caem nos vasos linfáticos e nas veias e
invadem o fígado entre 18 e 24 hrs após a infecção. Em 2 a 3 dias chegam ao
coração direito e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões. Cerca de 8 dias
da infecção, elas mudam pra L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos,
onde mudam pra L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a
faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas,
atravessando o estômago e fixando-se no ID. Transformam-se em adultos
jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual,
fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro.
Os vermes adultos tem uma longevidade de 1 a 2 anos.
Transmissão: Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos
contendo L3. Poeiras, aves e insetos (moscas e baratas) podem transportar
ovos de A. lumbricoides.
Manifestações Clínicas:
Larvas: Alterações pulmonares, Síndrome de Loeffler - febre, tosse e
eosinofilia elevada;
Adultos: Dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólicas,
indisposição, náuseas/vômitos, flatulência, irritabilidade, sensação de coceira
no nariz, sono intranquilo e ranger de dentes à noite.
Diagnóstico: Pesquisa de ovos nas fezes. Diagnóstico clínico é difícil.
Epidemiologia: É o helminto mais freqüente nos países pobres
Controle: Repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas
endêmicas com drogas ovicidas; tratamento das vezes humanas (fertilizantes);
saneamento básico e educação em saúde.
Tratamento: Benzimidazóis (Albendazol, Mebendazol), Levamisol, Pamoato de
Pirantel e Ivermectina.
Imagem 1 – Ciclo biológico da Ascaris lumbricoides
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ENTEROBÍASE (caseira)
Helminto: Enterobius vermiculares
Habitat no Homem: machos e fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas,
repletas de ovos (5 a 16 mil ovos), são encontradas na região perianal. Em
mulheres, pode-se encontrar esse parasito na vagina, útero e bexiga.
Morfologia: - apresenta nítido dimorfismo sexual, alguns caracteres são
comuns aos dois sexos: cor baça, filiformes.
 Macho – mede cerca de 5 mm de comprimento, cauda fortemente
recurvada em sentido ventral, com um espículo presente, apresenta
um único testículo.
 Fêmea – mede cerca de 1cm de comprimento, cauda pontiaguda e
longa
 Ovos – apresenta o aspecto grosseiro de um D, no momento em que
sai da fêmea, já apresenta no seu interior uma larva.
Ciclo Biológico: Monoxênico, ou seja, possuem um único hospedeiro – Após a
cópula, os amchos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas, repletas
de vos, se desprendem dom ceco e dirigem-se para o ânus (principalmente à
noite). Os ovos eliminados, já embrionados, se tornam infectantes em poucas
horas e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado as larvas
rabditóides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal ate o ceco. Aí
chegado, transformam-se em vermes adultos. 1 a 2 meses depois as fêmeas
são encontradas na região perianal. Não havendo reinfecção, o parasitismo
extingue-se aí.
Transmissão: Os mecanismos de infecção que podem ocorrer são:
heteroinfecção (ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo
hospedeiro); indireta (ovos presentes na poeira ou alimentos atinem o mesmo
hospedeiro que os eliminou); auto-infeção externa ou direta (a criança ou o
adulto levam os ovos da região perianal na boca; auto-infecção interna (larvas
eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco) e retroinfecção (as
larvas eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo IG
chegando até o ceco, onde se transforma em VA.
Manifestações Clínicas: Sintoma mais característico: prurido anal e vulvar
(devido à presença dos vermes nas regiões anal, perianal e perineal); Exacerba
à noite.
Diagnóstico: Clínico: suspeita devido ao prurido anal. Laboratorial:
comprobatório - método de fita gomada (Swab anal) ou método de Graham
são os mais indicados.
Epidemiologia: Alta prevalência nas crianças em idade escolar
Profilaxia: Não sacudir a roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro,
tratamentos de todas as pessoas parasitadas da família, corte rente das unhas,
banho de chuveiro ao levantar-se e limpeza doméstica com aspirador de pós.
Tratamento: Os mesmos medicamentos empregados contra o Ascaris
lumbricoides.
Imagem 2 – Ciclo biológico do Enterobius vermiculares
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ESTRONGILOIDÍASE
Helminto: Strongyloides stercoralis
Habitat no Homem: As fêmeas em seu habitat natural localizam-se na parede
do intestino e na porção superior do jejuno, onde fazem as posturas. Nas
formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o IG.
Morfologia:
 Fêmea Partenogenética Parasita – corpo cilíndrico com aspecto
filiforme logo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada.
 Fêmea de Vida Livre ou Estercoral – aspecto fusiforme, com
extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Apresenta
receptáculo seminal.
 Macho de Vida Livre – aspecto fusiforme, com extremidade anterior
arredondada e posterior recurvada ventralmente, apresenta dois
pequenos espículos, auxiliares na cópula.
 Ovos – são elípticos, de parede fina e transparente, praticamente
iguais aos dos ancilostomídeos. Excepcionalmente, os ovos podem ser
observados nas fezes de indivíduos com diarréia grave ou após
utilização de laxantes.
 Larvas Rabditóides – apresentam cutícula fina e hialina. As originárias
das fêmeas parasitas são praticamente indistinguíveis das originadas
das de vida livre. Nas formas disseminadas são encontradas na bile, no
escarro, na urina, nos líquidos duodenal, pleural e cefalorraquidiano
(LCR).
 Larvas Filarióides – Esôfago longo, correspondendo à metade do
comprimento da lava. Esta é a forma infectante do parasito (L3) capaz,
portanto, de penetrar pela pele ou pelas mucosas; além de serem
vistas no meio ambiente, também podem evoluir no interior do
hospedeiro, ocasionando os casos de auto-infecção interna.
Ciclo Biológico e Transmissão: Homem doente → elimina nas fezes larvas
→chegam ao solo, temp. 25-30º C, umidade-oxigênio → em um período de 2 a
5 dias→sofre muda → Larva 3 infestante→ L3 infestante→penetra
ativamente através da pele ou é ingerida →alcançam circ. sanguínea ou
linfática→ coração direito→ artéria pulmonar→ Pulmões→ capilares
pulmonares→M3-L4→rompem→sofrem muda→caem na luz alveolar–
→ascendem árvore brônquica→chegam a faringe→deglutidas→intestino
delgado→penetra na mucosa duodenal→tornam-se adultas→femea
partenogenética parasita →21 dias após infecção→inicia a eliminação de
larvas rabditóides.
Transmissão: Hetero ou primoinfecção (L3 penetram usualmente através da
pele ou mucosas); Auto-infecção Externa ou Exógena (larvas rabditóides
presentes na região perianal transforma-se em larvas filarióides infectantes e
aí penetram completando o ciclo direto) e Auto-infecção Interna ou Endógena
(larvas rabditóides, ainda na luz intestinal, transformam-se em larvas
filarióides, que penetram na mucosa intestinal).
Manifestações Clínicas: Lesões Cutâneas; Lesões Pulmonares; Lesões
Intestinais (Espoliadora, Traumática, Irritativo-Inflamatória).
Diagnóstico: O clínico é dificultado, uma vez que em aproximadamente 50%
dos casos não há sintomas; quando estes existem, são comuns em outras
helmintíases intestinais. Laboratorial se dá pela pesquisa de larvas nas
secreções –líquidos obtidos dos pulmões e duodeno.
Epidemiologia: Distribuição mundial heterogênea.
Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária (abrange o conjunto de
atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes,
crenças e comportamento, visando a melhoria da saúde do indivíduo, da
família e da comunidade), uso de calçados e tratamento dos doentes.
Tratamento: Tiabendazol, Cambendazol, Albendazol e Ivermectina.
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ANCILOSTOMOSE OU AMARELÃO
Helminto: Ancylostoma duodenale e Necator americanus
Habitat no Homem: As formas adultas desses parasitas se instalam no
aparelho digestivo dos seres humanos, onde ficam fixadas na porção que
compreende o intestino delgado, nutrindo-se de sangue do hospedeiro e
causando anemia (por isso verme do amarelão).
Morfologia:
Ciclo Biológico:
Imagem 4 – Ciclo biológico do Ancylostomidae de humanos
Imagem
3
–
Ciclo
biológico
do
Strongyloides
stercoralis
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Transmissão: A infecção por A. duodenale se estabelece, em proporções
semlehantes, quando as L3 penetram tantopor via oral como transcuânea. Já
o N. amaericanus assegura maior infectividade, quando as larvas penetram
Por via transcutânea.
Manifestações Clínicas: Lesões cutâneas, lesões pulmonares e lesões
Intestinais – anemia!
Diagnóstico: O clínico baseia-se na anamnese e na associação de sintomas
cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. O laboratorial
se dá pelo evidenciamento de ovos de ancilostomídeos através do
parasitológico de fezes.
Epidemiologia: Ocorre preferencialmente em crianças com mais de 6 anos,
adolescentes e em indivíduos mais velhos. No Brasil, a ancilostomose é mais
freqüente por N. americanus sempre foi motivo de muita preocupação (Jeca
Tatu de Monteiro Lobato).
Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária (abrange o conjunto de
atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes,
crenças e comportamento, visando a melhoria da saúde do indivíduo, da
família e da comunidade), suplementação de ferro e proteínas..
Tratamento: Vermífugos à base de pirimidinas (pamoato de pirantel) e de
benzimidazóis (mebendazol e albendazol).
TRICURÍASE
Helminto: Trichuris trichiura
Habitat no Homem: Os adultos de T. trichiura são parasitos de intestino
grosso de humanos, e em infecções leves ou moderadas, estes vermem
habitam principalmente o ceco e o cólon ascendente do hospedeiro. Nas
infecções intensas ocupam também cólon distal, reto e porção distal do íleo.
Morfologia: Os vermes adultos apresentam uma forma típica semelhante a
um chicote. Esta aparência é conseqüência do afilamento da região
esofagiana. Medem cerca de 3 a 5cm de comprimento, sendo os machos
menores que as fêmeas. A casca do ovo do Trichuris é formada por 3 camadas
distintas, que favorecem a resistência destes ovos à fatores ambientais.
Ciclo Biológico: É do tipo monóxeno, fêmeas e machos que habitam o IG se
reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com
as fezes.
Homem doente → elimina nas fezes ovos → chegam ao solo, temp. 25-30º
C, umidade-oxigênio → interior do ovo → Formação da Larva infectante →
em um período de 10 a 15 dias → ovo embrionado →ingerido → Liberam
Larva → tubo digestivo → penetram criptas glandulares do ceco → onde
permanecem 2 dias após a infecção → completado o seu desenvolvimento
fixa-se a mucosa do ceco e 70 a 90 dias após a infecção → Homem doente
→ elimina nas fezes ovos.
Transmissão: Os ovos de T. trichiura eliminados com as fezes do hospedeiro
infectado contaminam o ambiente, em locais sem saneamento básico. Com os
ovos são extremamente resistentes às condições ambientais, podem ser
disseminados pelo vento ou pela água e contaminar os alimentos sólidos ou
líquidos, sendo, então, ingeridos pelo hospedeiro. Esses ovos também podem
ser disseminados por mosca doméstica.
Manifestações Clínicas: A gravidade da tricuríase depende da carga
parasitária, mas também tem importante influência de fatores, como idade do
hospedeiro, estado nutricional e a distribuição dos vermes adultos no
6 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2
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intestino. A maioria dos pacientes com infecções leves é assintomática ou
apresentam sintomatologia intestinal discreta, enquanto os pacientes com
infecção moderada apresentam graus variados de sintomas, como cefaléias,
dor epigástrica e no baixo abdômen, diarréia, náusea e vômitos. A síndrome
disentérica crônica é, em geral, relatada em crianças como infecções intensas.
Diagnóstico: O quadro clínico não é específico. O laboratorial se dá pela
demonstração de ovos do parasita nas fezes
Epidemiologia: Distribuição cosmopolita, sendo estimada cerca de 1 bilhão de
pessoas infectadas no mundo, das quais, aproximadamente 350 milhões
apresentam idade inferior a 15 anos e, geralmente, estão expostas a infecções
com alta carga parasitária, apresentando os quadros mais graves desta
helmintose. É mais prevalente em regiões de clima quente e úmido condições
sanitárias precárias
Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária, tratamento do infectados,
tratamento em massa dos habitantes de áreas endêmicas e higiene pessoal.
Tratamento: Albendazol e Mebendazol.
FILARIOSE LINFÁTICA (ELEFANTÍASE)
Helminto: Wuchereria bancrofti
Habitat no Homem: Vermes Adultos: nos vasos e gânglios linfáticos humanos,
vivendo em media cerca de 4 a 8 meses. Microfilárias: vivem na circulação
sanguínea do hospedeiro.
Ciclo Biológico: É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao
exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no
estômago do mosquito, depois de poucas horas, perde a bainha, atravessam
a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral e migram para o
tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e transformam-se em uma larva,
chamada de larva salsichóide ou L1. Seis a dez dias após o repasto infectante,
ocorre a primeira muda originando a L2. A L2 cresce muito e, 10 a 15 dias
depois, sofre a segunda muda, transformando-se em L3 (larva infectante), que
migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador), concentrando-
se no lábio do mosquito. O ciclo no mosquito é de 15 a 20 dias. Quando o
inseto vetor vai fazer novo repasto sanguíneo, as larvas L3 escapam do lábio,
penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro (não são
inoculadas pelos mosquitos) migram para os vasos linfáticos, tornam-se
vermes adultos e, sete a oito meses depois, as fêmeas grávidas produzem as
primeiras microfilárias.
Transmissão: Pela picada da fêmea do Culex quinquefasciatus (inseto vetor) e
deposição das larvas infectantes na pele lesada das pessoas. Obs.: A vida
média de um mosquito do gênero Culex é cerca de 30 dias e o ciclo biológico
do parasito no interior deste vetor ocorre em torno de 20 dias. Desta forma, é
curto o período de tempo em que o vetor pode estar transmitindo o parasito
ao ser humano.
Manifestações Clínicas:
 Fenômenos inflamatórios
 Linfangite – inflamação dos vasos linfáticos
 Linfadenite – inflamação dos gânglios linfáticos
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 Fenômenos obstrutivos
 Linfagiectasia-circulação lenta da linfa, resultante do processo
inflamatório
 Linforragia
 Quilorragia
 Elefantíase
 Fenômenos alérgicos
Diagnóstico:
 O clínico é difícil devido à semelhança com as alterações produzidas por
outros agentes etiológicos. Numa área endêmica, a história clínica da
febre recorrente associada adenolinfangite pode ser indicativo de infecção
filarial. Paciente com alteração pulmonar, eosinofilia sanguínea e altos
níveis de IgE total no soro leva à suspeita de EPT (Eosinofilia Pulmonar
Tropical).
 O laboratorial se dá pela pesquisa de microfilárias no sangue periférico
por diferentes métodos parasitológicos, sendo o mais utilizado gota
espessa; pesquisa de anticorpos e antígenos circulantes; Pesquisa de DNA;
pesquisa de vermes adultos e diagnóstico da infecção no vetor.
Epidemiologia: Cerca de 112 milhões de pessoas infectadas em pelo menos 80
países, destes, um terço vive na Índia, um terço na África e o restante no
Sudeste Asiático, ilhas a oeste do pacífico de Américas. Nas Américas, os focos
de maior prevalência da infecção se encontram no Haiti, RD, Guiana e Brasil.
Profilaxia: Tratamento de todas as pessoas parasitadas, combate ao inseto
vetor e melhoria sanitária.
Tratamento: É feito tendo-se 3 objetivos: reduzir ou prevenir a morbidade em
indivíduos com infecção ativa; correção das alterações provenientes do
parasitismo (edema, hidrocele) e impedir a transmissão a novos hospedeiros.
ONCOCERCOSE (Cegueira dos Rios)
Helminto: Onchocerca volvulus
Habitat no Homem: Vivem enovelados em oncocercomas ou nódulos fibrosos
subcutâneos. Há geralmente um casal de vermes adultos em cada nódulo.
Morfologia: As fêmeas medem entre 40 e 50 cm e os machos entre 2 e 4 cm.
As microfilárias não apresentam bainha e medem cerca de 300µm de
comprimento.
Ciclo Biológico: É do tipo heteroxênico e ocorre entre humanos de dípteros do
gênero Simulium, popularmente conhecidos com borrachudo ou pium. As
espécies vetoras na Amazônia são: S. guianense (maior responsável pela
transmissão). As fêmeas destes dípteros são hematófagas, mas sugam
também o líquido tissular, ocasião em que ingerem as microfilárias que irão se
desenvolver até larva infectante (L3). Este desenvolvimento no hospedeiro
invertebrado ocorre em cerca de 10 a 12 dias. As larvas infectantes alcançam a
probóscida do vetor e, na ocasião de um repasto sanguíneo, irão atingir um
novo hospedeiro, dando origem a vermes adultos no tecido subcutâneo,
aproximadamente um ano após a infecção. Um casal de vermes adultos vive
em média 12 anos e cada fêmea produz milhões de microfilárias, cuja
longevidade é de até 24 meses.
8 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2
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Transmissão: picada do inseto vetor e deposição da larva infectante.
Manifestações Clínicas: Oncocercomas, oncodermatite, lesões oculares,
lesões linfáticas e disseminação.
Diagnóstico: Pela sintomatologia do paciente e dados epidemiológicos pode-
se suspeitar da infecção, mas o diagnóstico laboratorial confirma a parasitose.
O melhor método é a retirada de um fragmento superficial da pele (retalho
cutâneo) da região escapular e/ou do quadril ou da região do corpo mais
afetada para observação das microfilárias.
Epidemiologia: A oncocercose atinge cerca de 18 milhões de pessoas no
mundo (99% na África) das quais aproximadamente 270 mil são cegas, devido
ao parasitismo.
Profilaxia: Consiste no tratamento dos parasitados com terapêutica adequada
e combate ao borrachudo com o uso de inseticidas biodegradáveis. Uso de
repelentes e roupas adequadas.
Tratamento: Ivermectina
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. NEVES, David Pereira - Parasitologia Humana, 11ª Edição, São Paulo:
Editora Atheneu.
2. REY, Luís - Bases da Parasitologia Médica, 2ª Edição, Rio de Janeiro:
Editora Guanabara
3. NEVES, David Pereira - Parasitologia Dinâmica, São Paulo: Editora Atheneu
ANOTAÇÕES:_____________________________________________________
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“O gênio, esse poder que deslumbra os olhos humanos, não é outra coisa
senão a perseverança bem disfarçada.”
Johann Goethe

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Parasitologia Humana - Nematelmintos III

  • 1. 1 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados RESUMÃO PARASITOLOGIA HUMANA - NEMATELMINTOS III Unidade ASCARIDÍASE Helminto: Ascaris lumbricoides Habitat no Homem: os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, em infecções intensas podem ocupar toda extensão do intestino delgado Morfologia:  Macho - 20 a 30 cm quando adultos, cor leitosa. Extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral (caráter sexual externo que o diferencia facilmente da fêmea)  Fêmea - 30 a 40 cm quando adultas e com extremidade posterior retilínea.  Ovos – são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes, apresentam grande resistência às condições adversas do ambiente. Ciclo Biológico: Monoxênico, ou seja, possui um único hospedeiro - A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditóide (esôfago com 2 dilatações e uma constrição no meio). Após uma semana, ainda dentro do ovo, transforma-se em L2 e, em seguida, transforma-se em L3 infectante. Estas formas permanecem infectantes no solo por vários meses podendo ser ingeridas pelo hospedeiro. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no ID. Uma vez liberadas, as lavas atravessam a parede intestinal, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado entre 18 e 24 hrs após a infecção. Em 2 a 3 dias chegam ao coração direito e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões. Cerca de 8 dias da infecção, elas mudam pra L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam pra L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando o estômago e fixando-se no ID. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos tem uma longevidade de 1 a 2 anos. Transmissão: Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo L3. Poeiras, aves e insetos (moscas e baratas) podem transportar ovos de A. lumbricoides. Manifestações Clínicas: Larvas: Alterações pulmonares, Síndrome de Loeffler - febre, tosse e eosinofilia elevada; Adultos: Dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólicas, indisposição, náuseas/vômitos, flatulência, irritabilidade, sensação de coceira no nariz, sono intranquilo e ranger de dentes à noite. Diagnóstico: Pesquisa de ovos nas fezes. Diagnóstico clínico é difícil. Epidemiologia: É o helminto mais freqüente nos países pobres Controle: Repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas; tratamento das vezes humanas (fertilizantes); saneamento básico e educação em saúde. Tratamento: Benzimidazóis (Albendazol, Mebendazol), Levamisol, Pamoato de Pirantel e Ivermectina. Imagem 1 – Ciclo biológico da Ascaris lumbricoides
  • 2. 2 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados ENTEROBÍASE (caseira) Helminto: Enterobius vermiculares Habitat no Homem: machos e fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas, repletas de ovos (5 a 16 mil ovos), são encontradas na região perianal. Em mulheres, pode-se encontrar esse parasito na vagina, útero e bexiga. Morfologia: - apresenta nítido dimorfismo sexual, alguns caracteres são comuns aos dois sexos: cor baça, filiformes.  Macho – mede cerca de 5 mm de comprimento, cauda fortemente recurvada em sentido ventral, com um espículo presente, apresenta um único testículo.  Fêmea – mede cerca de 1cm de comprimento, cauda pontiaguda e longa  Ovos – apresenta o aspecto grosseiro de um D, no momento em que sai da fêmea, já apresenta no seu interior uma larva. Ciclo Biológico: Monoxênico, ou seja, possuem um único hospedeiro – Após a cópula, os amchos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas, repletas de vos, se desprendem dom ceco e dirigem-se para o ânus (principalmente à noite). Os ovos eliminados, já embrionados, se tornam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado as larvas rabditóides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal ate o ceco. Aí chegado, transformam-se em vermes adultos. 1 a 2 meses depois as fêmeas são encontradas na região perianal. Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se aí. Transmissão: Os mecanismos de infecção que podem ocorrer são: heteroinfecção (ovos presentes na poeira ou alimentos atingem novo hospedeiro); indireta (ovos presentes na poeira ou alimentos atinem o mesmo hospedeiro que os eliminou); auto-infeção externa ou direta (a criança ou o adulto levam os ovos da região perianal na boca; auto-infecção interna (larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco) e retroinfecção (as larvas eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo IG chegando até o ceco, onde se transforma em VA. Manifestações Clínicas: Sintoma mais característico: prurido anal e vulvar (devido à presença dos vermes nas regiões anal, perianal e perineal); Exacerba à noite. Diagnóstico: Clínico: suspeita devido ao prurido anal. Laboratorial: comprobatório - método de fita gomada (Swab anal) ou método de Graham são os mais indicados. Epidemiologia: Alta prevalência nas crianças em idade escolar Profilaxia: Não sacudir a roupa de dormir e de cama usada pelo hospedeiro, tratamentos de todas as pessoas parasitadas da família, corte rente das unhas, banho de chuveiro ao levantar-se e limpeza doméstica com aspirador de pós. Tratamento: Os mesmos medicamentos empregados contra o Ascaris lumbricoides. Imagem 2 – Ciclo biológico do Enterobius vermiculares
  • 3. 3 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados ESTRONGILOIDÍASE Helminto: Strongyloides stercoralis Habitat no Homem: As fêmeas em seu habitat natural localizam-se na parede do intestino e na porção superior do jejuno, onde fazem as posturas. Nas formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o IG. Morfologia:  Fêmea Partenogenética Parasita – corpo cilíndrico com aspecto filiforme logo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada.  Fêmea de Vida Livre ou Estercoral – aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Apresenta receptáculo seminal.  Macho de Vida Livre – aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente, apresenta dois pequenos espículos, auxiliares na cópula.  Ovos – são elípticos, de parede fina e transparente, praticamente iguais aos dos ancilostomídeos. Excepcionalmente, os ovos podem ser observados nas fezes de indivíduos com diarréia grave ou após utilização de laxantes.  Larvas Rabditóides – apresentam cutícula fina e hialina. As originárias das fêmeas parasitas são praticamente indistinguíveis das originadas das de vida livre. Nas formas disseminadas são encontradas na bile, no escarro, na urina, nos líquidos duodenal, pleural e cefalorraquidiano (LCR).  Larvas Filarióides – Esôfago longo, correspondendo à metade do comprimento da lava. Esta é a forma infectante do parasito (L3) capaz, portanto, de penetrar pela pele ou pelas mucosas; além de serem vistas no meio ambiente, também podem evoluir no interior do hospedeiro, ocasionando os casos de auto-infecção interna. Ciclo Biológico e Transmissão: Homem doente → elimina nas fezes larvas →chegam ao solo, temp. 25-30º C, umidade-oxigênio → em um período de 2 a 5 dias→sofre muda → Larva 3 infestante→ L3 infestante→penetra ativamente através da pele ou é ingerida →alcançam circ. sanguínea ou linfática→ coração direito→ artéria pulmonar→ Pulmões→ capilares pulmonares→M3-L4→rompem→sofrem muda→caem na luz alveolar– →ascendem árvore brônquica→chegam a faringe→deglutidas→intestino delgado→penetra na mucosa duodenal→tornam-se adultas→femea partenogenética parasita →21 dias após infecção→inicia a eliminação de larvas rabditóides. Transmissão: Hetero ou primoinfecção (L3 penetram usualmente através da pele ou mucosas); Auto-infecção Externa ou Exógena (larvas rabditóides presentes na região perianal transforma-se em larvas filarióides infectantes e aí penetram completando o ciclo direto) e Auto-infecção Interna ou Endógena (larvas rabditóides, ainda na luz intestinal, transformam-se em larvas filarióides, que penetram na mucosa intestinal). Manifestações Clínicas: Lesões Cutâneas; Lesões Pulmonares; Lesões Intestinais (Espoliadora, Traumática, Irritativo-Inflamatória). Diagnóstico: O clínico é dificultado, uma vez que em aproximadamente 50% dos casos não há sintomas; quando estes existem, são comuns em outras helmintíases intestinais. Laboratorial se dá pela pesquisa de larvas nas secreções –líquidos obtidos dos pulmões e duodeno. Epidemiologia: Distribuição mundial heterogênea. Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária (abrange o conjunto de atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes, crenças e comportamento, visando a melhoria da saúde do indivíduo, da família e da comunidade), uso de calçados e tratamento dos doentes. Tratamento: Tiabendazol, Cambendazol, Albendazol e Ivermectina.
  • 4. 4 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados ANCILOSTOMOSE OU AMARELÃO Helminto: Ancylostoma duodenale e Necator americanus Habitat no Homem: As formas adultas desses parasitas se instalam no aparelho digestivo dos seres humanos, onde ficam fixadas na porção que compreende o intestino delgado, nutrindo-se de sangue do hospedeiro e causando anemia (por isso verme do amarelão). Morfologia: Ciclo Biológico: Imagem 4 – Ciclo biológico do Ancylostomidae de humanos Imagem 3 – Ciclo biológico do Strongyloides stercoralis
  • 5. 5 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados Transmissão: A infecção por A. duodenale se estabelece, em proporções semlehantes, quando as L3 penetram tantopor via oral como transcuânea. Já o N. amaericanus assegura maior infectividade, quando as larvas penetram Por via transcutânea. Manifestações Clínicas: Lesões cutâneas, lesões pulmonares e lesões Intestinais – anemia! Diagnóstico: O clínico baseia-se na anamnese e na associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia. O laboratorial se dá pelo evidenciamento de ovos de ancilostomídeos através do parasitológico de fezes. Epidemiologia: Ocorre preferencialmente em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos. No Brasil, a ancilostomose é mais freqüente por N. americanus sempre foi motivo de muita preocupação (Jeca Tatu de Monteiro Lobato). Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária (abrange o conjunto de atividades tendentes a influenciar ou modificar os conhecimentos, atitudes, crenças e comportamento, visando a melhoria da saúde do indivíduo, da família e da comunidade), suplementação de ferro e proteínas.. Tratamento: Vermífugos à base de pirimidinas (pamoato de pirantel) e de benzimidazóis (mebendazol e albendazol). TRICURÍASE Helminto: Trichuris trichiura Habitat no Homem: Os adultos de T. trichiura são parasitos de intestino grosso de humanos, e em infecções leves ou moderadas, estes vermem habitam principalmente o ceco e o cólon ascendente do hospedeiro. Nas infecções intensas ocupam também cólon distal, reto e porção distal do íleo. Morfologia: Os vermes adultos apresentam uma forma típica semelhante a um chicote. Esta aparência é conseqüência do afilamento da região esofagiana. Medem cerca de 3 a 5cm de comprimento, sendo os machos menores que as fêmeas. A casca do ovo do Trichuris é formada por 3 camadas distintas, que favorecem a resistência destes ovos à fatores ambientais. Ciclo Biológico: É do tipo monóxeno, fêmeas e machos que habitam o IG se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes. Homem doente → elimina nas fezes ovos → chegam ao solo, temp. 25-30º C, umidade-oxigênio → interior do ovo → Formação da Larva infectante → em um período de 10 a 15 dias → ovo embrionado →ingerido → Liberam Larva → tubo digestivo → penetram criptas glandulares do ceco → onde permanecem 2 dias após a infecção → completado o seu desenvolvimento fixa-se a mucosa do ceco e 70 a 90 dias após a infecção → Homem doente → elimina nas fezes ovos. Transmissão: Os ovos de T. trichiura eliminados com as fezes do hospedeiro infectado contaminam o ambiente, em locais sem saneamento básico. Com os ovos são extremamente resistentes às condições ambientais, podem ser disseminados pelo vento ou pela água e contaminar os alimentos sólidos ou líquidos, sendo, então, ingeridos pelo hospedeiro. Esses ovos também podem ser disseminados por mosca doméstica. Manifestações Clínicas: A gravidade da tricuríase depende da carga parasitária, mas também tem importante influência de fatores, como idade do hospedeiro, estado nutricional e a distribuição dos vermes adultos no
  • 6. 6 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados intestino. A maioria dos pacientes com infecções leves é assintomática ou apresentam sintomatologia intestinal discreta, enquanto os pacientes com infecção moderada apresentam graus variados de sintomas, como cefaléias, dor epigástrica e no baixo abdômen, diarréia, náusea e vômitos. A síndrome disentérica crônica é, em geral, relatada em crianças como infecções intensas. Diagnóstico: O quadro clínico não é específico. O laboratorial se dá pela demonstração de ovos do parasita nas fezes Epidemiologia: Distribuição cosmopolita, sendo estimada cerca de 1 bilhão de pessoas infectadas no mundo, das quais, aproximadamente 350 milhões apresentam idade inferior a 15 anos e, geralmente, estão expostas a infecções com alta carga parasitária, apresentando os quadros mais graves desta helmintose. É mais prevalente em regiões de clima quente e úmido condições sanitárias precárias Profilaxia: Saneamento básico, educação sanitária, tratamento do infectados, tratamento em massa dos habitantes de áreas endêmicas e higiene pessoal. Tratamento: Albendazol e Mebendazol. FILARIOSE LINFÁTICA (ELEFANTÍASE) Helminto: Wuchereria bancrofti Habitat no Homem: Vermes Adultos: nos vasos e gânglios linfáticos humanos, vivendo em media cerca de 4 a 8 meses. Microfilárias: vivem na circulação sanguínea do hospedeiro. Ciclo Biológico: É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no estômago do mosquito, depois de poucas horas, perde a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral e migram para o tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e transformam-se em uma larva, chamada de larva salsichóide ou L1. Seis a dez dias após o repasto infectante, ocorre a primeira muda originando a L2. A L2 cresce muito e, 10 a 15 dias depois, sofre a segunda muda, transformando-se em L3 (larva infectante), que migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador), concentrando- se no lábio do mosquito. O ciclo no mosquito é de 15 a 20 dias. Quando o inseto vetor vai fazer novo repasto sanguíneo, as larvas L3 escapam do lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro (não são inoculadas pelos mosquitos) migram para os vasos linfáticos, tornam-se vermes adultos e, sete a oito meses depois, as fêmeas grávidas produzem as primeiras microfilárias. Transmissão: Pela picada da fêmea do Culex quinquefasciatus (inseto vetor) e deposição das larvas infectantes na pele lesada das pessoas. Obs.: A vida média de um mosquito do gênero Culex é cerca de 30 dias e o ciclo biológico do parasito no interior deste vetor ocorre em torno de 20 dias. Desta forma, é curto o período de tempo em que o vetor pode estar transmitindo o parasito ao ser humano. Manifestações Clínicas:  Fenômenos inflamatórios  Linfangite – inflamação dos vasos linfáticos  Linfadenite – inflamação dos gânglios linfáticos
  • 7. 7 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados  Fenômenos obstrutivos  Linfagiectasia-circulação lenta da linfa, resultante do processo inflamatório  Linforragia  Quilorragia  Elefantíase  Fenômenos alérgicos Diagnóstico:  O clínico é difícil devido à semelhança com as alterações produzidas por outros agentes etiológicos. Numa área endêmica, a história clínica da febre recorrente associada adenolinfangite pode ser indicativo de infecção filarial. Paciente com alteração pulmonar, eosinofilia sanguínea e altos níveis de IgE total no soro leva à suspeita de EPT (Eosinofilia Pulmonar Tropical).  O laboratorial se dá pela pesquisa de microfilárias no sangue periférico por diferentes métodos parasitológicos, sendo o mais utilizado gota espessa; pesquisa de anticorpos e antígenos circulantes; Pesquisa de DNA; pesquisa de vermes adultos e diagnóstico da infecção no vetor. Epidemiologia: Cerca de 112 milhões de pessoas infectadas em pelo menos 80 países, destes, um terço vive na Índia, um terço na África e o restante no Sudeste Asiático, ilhas a oeste do pacífico de Américas. Nas Américas, os focos de maior prevalência da infecção se encontram no Haiti, RD, Guiana e Brasil. Profilaxia: Tratamento de todas as pessoas parasitadas, combate ao inseto vetor e melhoria sanitária. Tratamento: É feito tendo-se 3 objetivos: reduzir ou prevenir a morbidade em indivíduos com infecção ativa; correção das alterações provenientes do parasitismo (edema, hidrocele) e impedir a transmissão a novos hospedeiros. ONCOCERCOSE (Cegueira dos Rios) Helminto: Onchocerca volvulus Habitat no Homem: Vivem enovelados em oncocercomas ou nódulos fibrosos subcutâneos. Há geralmente um casal de vermes adultos em cada nódulo. Morfologia: As fêmeas medem entre 40 e 50 cm e os machos entre 2 e 4 cm. As microfilárias não apresentam bainha e medem cerca de 300µm de comprimento. Ciclo Biológico: É do tipo heteroxênico e ocorre entre humanos de dípteros do gênero Simulium, popularmente conhecidos com borrachudo ou pium. As espécies vetoras na Amazônia são: S. guianense (maior responsável pela transmissão). As fêmeas destes dípteros são hematófagas, mas sugam também o líquido tissular, ocasião em que ingerem as microfilárias que irão se desenvolver até larva infectante (L3). Este desenvolvimento no hospedeiro invertebrado ocorre em cerca de 10 a 12 dias. As larvas infectantes alcançam a probóscida do vetor e, na ocasião de um repasto sanguíneo, irão atingir um novo hospedeiro, dando origem a vermes adultos no tecido subcutâneo, aproximadamente um ano após a infecção. Um casal de vermes adultos vive em média 12 anos e cada fêmea produz milhões de microfilárias, cuja longevidade é de até 24 meses.
  • 8. 8 SILVA, Michael do Carmo – Enfermagem UESB 2009.2 Setembro de 2011 Todos os direitos reservados Transmissão: picada do inseto vetor e deposição da larva infectante. Manifestações Clínicas: Oncocercomas, oncodermatite, lesões oculares, lesões linfáticas e disseminação. Diagnóstico: Pela sintomatologia do paciente e dados epidemiológicos pode- se suspeitar da infecção, mas o diagnóstico laboratorial confirma a parasitose. O melhor método é a retirada de um fragmento superficial da pele (retalho cutâneo) da região escapular e/ou do quadril ou da região do corpo mais afetada para observação das microfilárias. Epidemiologia: A oncocercose atinge cerca de 18 milhões de pessoas no mundo (99% na África) das quais aproximadamente 270 mil são cegas, devido ao parasitismo. Profilaxia: Consiste no tratamento dos parasitados com terapêutica adequada e combate ao borrachudo com o uso de inseticidas biodegradáveis. Uso de repelentes e roupas adequadas. Tratamento: Ivermectina REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. NEVES, David Pereira - Parasitologia Humana, 11ª Edição, São Paulo: Editora Atheneu. 2. REY, Luís - Bases da Parasitologia Médica, 2ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Guanabara 3. NEVES, David Pereira - Parasitologia Dinâmica, São Paulo: Editora Atheneu ANOTAÇÕES:_____________________________________________________ ________________________________________________________________ _______________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ______________________________________________________________ “O gênio, esse poder que deslumbra os olhos humanos, não é outra coisa senão a perseverança bem disfarçada.” Johann Goethe