3. O que você deve saber ao final desse estudo:
-O que foi o projeto colonial português
-Quais foram e como se articularam os agentes do discurso
-Como a literatura de viagens e de catequese contribuíram
para o projeto colonial português
-Que simbolos de nacionalidade o olhar europeu identificou
em terras brasileiras
-Que valores e visão de mundo esses textos apresentam
4. • Hans Staden .
"A América é uma terra vasta onde vivem muitas tribos de homens selvagens com diversas
línguas diferentes. (...) Essa terra tem uma aparência amistosa visto que s árvores ficam
verdes por todo o ano (...) Todos os homens andam nus pois naquela parte da terra (...)
nunca faz tanto frio (...) a parte localizada ao Sul do trópico de Capricórnio (...) é um
pouco mais fria. Os selvagens dessa região chamam-se Carijó e usam peles de animais
limpas e preparadas como vestimenta. Por causa do sol forte, os habitantes da terra têm
uma cor marrom-avermelhada (...) trata-se de um povo orgulhoso e muito astuto (...)
Existe naquele lugar uma grande serra que se estende até cerca de três milhas da costa;
em alguns pontos ela é bem mais afastada, em outros ainda mais próxima (...) os
Tupinambá residem na serra já mencionada, na beira do mar; mas seu território ainda
se estende por cerca de 60 milhas por detrás dela. Residem nas margens do Paraíba,
num rio que vem das montanhas e deságua no mar (...) Os inimigos são uma ameaça
por todos os lados (...) no sul são os Tupiniquim (...)
Hans Staden. A verdadeira história dos selvagens, nus
e ferozes devoradores de homens.
5. 1492 – Cristóvão Colombo chega à América.
1494 – Tratado de Tordesilhas é assinado.
1497- 1498 – Vasco da gama descobre o caminho marítimo para as
índias.
1500 – A esquadra de Cabral chega ao Brasil.
1521 – inicio da colonização no Brasil.
1532 – A maior colonia portuguesa é estabelecida no Brasil com a
fundação da cidade de São Vicente.
6. 1549 – Chega ao Brasil Tomé de Sousa, governador da colonia,
com uma comitiva de mais de 1000 pessoas. Estava autorizado a
matar e escravizar os índios que resistissem ao domínio
portugues. Na comitiva, encontrava-se o padre Manuel da
Nóbrega.
1565 – Os portugueses fundam o Rio de Janeiro.
1578 – D. sebastião, rei de Portugal, desaparece na Batalha de
Alcácer Quibir, o que faz com que o Reino perca sua soberania,
passando a ser governado pelo rei da Espanha.
9. Os agentes do discurso:
-Relatos – Pero Vaz de Caminha ( escrivão); Fernão Cardim, Jean
de Léry (religiosos); Hans Staden (aventureiro); André Thévet
(historiador); Américo Vespúcio (navegador)
Contexto de produção: descrição e experiência do conhecimento
da nova terra.
Condições de circulação: Carta (velada)
Textos jesuítas (disseminados)
10. “...Tambem ha huma fruita que lhe chamão Bananas, e pela lingua dos indios Pacovas: ha na
terra muita abundancia dellas: parecem-se na feição com pepinos, nascem numas arvores mui tenras e
não são muito altas, nem têm ramos senão folhas mui compridas e largas. Estas bananas crião-se em
cachos, algum se acha que tem de cento e cincoenta pera cima, e muitas vezes he tam grande o peso
dellas que faz quebrar a arvore pelo meio; como são de vez colhem estes cachos, e depois de colhidos
madurecem, e tanto que estas arvores dão huma fruita, logo as cortão porque não frutificão mais que a
primeira vez, e tornão a rebentar pelos pés outras novas. Esta he huma fruita mui sabrosa e das boas que
ha na terra, tem huma pelle como de figo, a qual lhes lanção fora quando as querem comer e se come
muitas dellas fazem dano á saude e causão febre a quem se desmanda nellas. E assadas maduras são
muito sadias e mandão-se dar aos enfermos. Com esta fruita se mantem a maior parte dos escravos
desta terra, porque assadas verdes passão por mantimento e quase tem sustancia de pão. Ha duas
qualidades desta fruita huma são pequenas como figos berjaçotes, as outras são maiores e mais com
pridas. Estas pequenas têm dentro em si huma cousa estranha, a qual he que quando as cortão pelo meio
com huma faca ou por qualquer parte que seja acha-se nellas hum signal á maneira de Crucifixo, e assi
totalmente o parecem...”
Pero de Magalhães Gândavo – Tratado da terra do Brasil
11. “... Quando saímos do batel, disse o capitão que seria bom irmos direitos à cruz, que
estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer amanhã, que é sexta-
feira, e que nos puséssemos todos em joelhos e a beijássemos para eles verem o
acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam
acenaram-lhe que fizessem assim, e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal
inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles,
segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença. E portanto, se os
degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não
duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e
crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta
gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho
que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos,
como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa. Portanto Vossa
Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar de sua salvação. E
prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim...”
Carta de Pero Vaz