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Terezinha de Jesus Sousa


   Capanema
                                        Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
                                   ________________________________________________________

                              S725 Sousa, Terezinha de Jesus
                                  Capanema: minha terra, nossa gente e sua história / Terezinha de Jesus Sousa. –


Minha Terra, nossa
                                  Capanema: Gráfica Vale, 2010.




Gente e sua História.                 ISBN: 978-85-911260-0-2



                                  1.Capanema (PA)-História. I. Título.
                                                                         CDD – 20.ed.: 981.15
                                   ________________________________________________________

                                                     Email: tecajsousa@yahoo.com.br




          Capanema
            2010
Agradecimentos.

                                                                           HOMENAGEM:
        Àquele que é ¢ëöá êáé ÙìÝãá

     Expresso também minha gratidão a todos que acreditaram ser possível   Ao primeiro centenário da Cidade de Capanema.
resgatar a história da luta de nossos antepassados na construção deste     Aos guerreiros da educação deste município;
Município ou pelo menos parte dela. Foram muitos que colaboraram, além     Aos estudantes que buscam entender este rincão;
dos nomes que estão registrados ao longo da apresentação deste trabalho    À minha irmã;
quero registrar também a colaboração dos lutadores:                                  Sobrinhas,
                                                                                     Sobrinhos e
   1.   Professor Daniel Lima;                                                       Primas.
   2.   Professor João Watanabe;
   3.   Professora Madalena Oliveira;
   4.   Professora Maria Creuza da Silva e Silva;
   5.   Professora Rosilda Dax;
   6.   Sr. Antônio Kauati;
   7.   Sra. Walmeire Melo;
   8.   Sr. Clóvis Almeida;
   9.   Sr. Waldir Campos;
SUMÁRIO
Apresentação
              Há cem anos, nossa Capanema recebeu seu primeiro
documento de existência, foi uma Lei de Nº 1164 datada de 05 de novembro
de 1910, nela está escrito que a atual Cidade de Capanema passava e ser uma
povoação, e para comemorar esse marco singular para nós, filhos desta terra,
filhos de nascimento ou de opção, juntamo-nos para expressar o nosso muito
obrigado a Capanema e expressar nossa gratidão e amor, então resolvemos
juntar neste livro um pouco de suas paisagens e passos dos que fizeram dessas
plagas a região desenvolvida e acolhedora que é hoje e registramos também
um pouco de nossas crenças e lendas.
              Para isso, coletamos, alguns relatos do nosso povo, alguns
testemunhos, algumas pesquisas, e de posse disso tudo, fizemos este livro
que é o registro da saga de nossos antepassados, como forma de deixar neste
centenário, documentada um pouco de nossa história que nada mais é do que
o caminhar e o agir dos que resolveram fazer de Capanema o seu pedaço da
pátria mãe.
              Reconhecemos que não é uma obra-prima, nem tão pouco uma
obra acabada, mas foi o que conseguimos no momento, porém dizemos aos
leitores e estudantes que nos esforçamos para registrar o máximo possível de
nossa história para a festa deste centenário e esperamos que estejamos
contribuindo para o entendimento e futuro aprofundamento de nossa
história.
              Queremos também dizer que dedicamos este livro de modo
especial às nossas crianças, estudantes de 1ª a 4ª séries, pois é fato que no
curso de ensino fundamental a pesquisa sobre nosso Município ainda é muito
exígua, e os livros didáticos usados em nossas Escolas geralmente retratam
regiões de culturas, linguagens, hábitos tradições e toda uma identidade,
diferente da nossa região e, foi também querendo diminuir um pouco o
tamanho dessa lacuna que escrevemos: CAPANEMA: minha Terra, nossa
Gente e sua História e o apresentamos a você para ser lido, e julgado sob a
ótica da complementação de nossa história segundo uma visão crítica e
analítica do que fomos, o que somos e o que seremos como povo pois que
com uma contribuição mais ampla poderemos entender e redefinir melhor a
construção de nosso Município.

                                                   Professora Terezinha Sousa.


                                     09
Espanha a tomar posse da terra descoberta enviando expedições de
                PRELÚDIO DE NOSSA HISTÓRIA.                                      reconhecimento, de exploração e militares para expulsar os “invasores”
                                                                                 erguer fortes e fundar povoações para assegurar o domínio nas terras. Além
       No século XV, os europeus que buscavam um caminho que os                  disso, aqueles povos Instalaram também o sistema de pirataria: alguns
levassem às Índias navegando as águas do oceano Atlântico, descobriram a
existência de terras até então desconhecidas. Nessa época destacam-se            cidadãos de posse de embarcações e marujos passaram a patrulhar as águas
destemidos marinheiros como Cristóvão Colombo1 e exploradores que                do Oceano Atlântico. Atacavam e saqueavam as embarcações que vinham
ambicionavam encontrar riquezas em terras distantes da Europa como o El          tanto das Índias quanto das América, que eles sabiam estarem carregadas de
dourado, outros vinham para analisar e pesquisar a natureza pródiga do novo      riquezas; tudo isso muitas vezes com incentivo e apoio financeiro dos
mundo do qual tanto se falava na Europa e cujas informações eram divulgadas      monarcas de seus países.
por marinheiros e escritores como é o caso de Américo Vespúcio que além de
piloto era homem culto e sabia anotar tudo o que via, escrevendo com                   A expulsão dos invasores e início do povoamento no norte do Brasil
vivacidade e clareza, legou-nos cartas que fizeram sucesso e correram pela       (do Maranhão ao Amapá), ocorreu durante a União Ibérica, período
Europa.
                                                                                 compreendido entre 1580 a 1640 durante o qual ocorreu a unificação das
        Américo Vespúcio, observador arguto, notou, revelou e registrou          monarquias ibéricas (reinos de Espanha e Portugal) sob a direção da coroa
antes que nenhum outro que entre a Europa e a Ásia havia um continente até       espanhola.
então não revelado ao Velho Mundo.
        A grande quantidade de riquezas, que chegava à Espanha                   Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiere, conquistador frances, fundou a
(principalmente minerais vinda da América) e a Portugal (vinda das Índias        Cidade de São Luís do Maranhão (única capital brasileira fundada pelos
com a exploração do comércio das especiarias), enriqueceu sobremaneira           franceses), estabeleceu alianças com os Tupinambás que povoavam
aqueles países que resolveram assinar entre si um acordo chamado TRATADO         amplamente as margens dos rios e partiu para conquistar a Amazônia saindo
DE TORDESILHAS que dividiu o mundo entre eles, acordaram que toda terra          de São Luís ( Maranhão) a 8 de julho de 1613, rumo a aldeia do
descoberta ou por descobrir situadas a 370 léguas a oeste do Arquipélago de
                                                                                 caeté(Bragança).
Cabo Verde (Continente africano), pertenceriam a Espanha e, as localizadas a
oeste pertenceriam a Portugal e, segundo esse tratado quase toda a
Amazônia brasileira incluindo Capanema pertenceria à Espanha.                            A 17 de agosto do mesmo ano dirigiu-se para a aldeia de Meron
                                                                                 (Maracanan) com apenas 40 (praças) soldados, 10 marinheiros e 20 chefes de
Esse acordo não agradou a muitos povos europeus como: ingleses, franceses
e holandeses e, a exemplo dos países ibéricos tentaram invadir e explorar        tribo indígenas.
partes das terras descobertas, eles diziam não ser justo que apenas Portugal e
                                                                                       Em Meron embarcou mais índios e franceses e seguiu para a aldeia de
Espanha tivessem direito a elas, pois que Deus ao criar o mundo não o teria
dividido entre aqueles dois países, portanto não reconheciam o direito de        Tabapará (Vigia) depois para o Rio Pará indo até o Araguaia onde fincou a
Espanha e Portugal sobre o continente e, em 1605 deram início à ocupação do      Bandeira da França.
território da Guiana e a partir daí tentaram instalar-se em vários outros
pontos do Brasil (Capitania do cabo Norte atual Amapá), além de outros
pontos do Continente Americano: franceses, holandeses e ingleses fundaram        1
                                                                                     - Segundo a história foi o primeiro europeu a chegar ao continente americano ou novo mundo.

colônias na América do Norte, Central e Sul, o que levou Portugal e

                                     10                                                                                                           11
Os portugueses liderados por Alexandre Moura expulsaram os                      ?de La Touche, Senhor de La Ravardière, foi rendidos aos
                                                                                         Daniel
franceses do Maranhão e organizaram uma expedição militar para combater                        portugueses no Araguaia.
e expulsar os holandeses e franceses da região e também ocupar as terras.
Essa expedição ficou sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco que              ? Marieta (Maracanã) tem essa denominação desde nove de
                                                                                         A Ilha de
partiu para guarnecer o litoral norte brasileiro do Estado do Maranhão à foz                  fevereiro de 1622 quando ali foram sinalizadas as 50 léguas marítimas
do Rio Amazonas.                                                                              a oeste do Rio Turiaçú que figurava nos limites da Capitania do Gurupi.
        Na Baía de Guajará, a 40 léguas distante de Maracanã foi erguido um
forte de madeira chamado Presépio, hoje Forte do Castelo, que deu origem à               Nossa Capitania Hereditária.
Cidade de Nossa Senhora de Belém atual Capital do Estado do Pará fundada
em 12 de janeiro de 1616.                                                              Depois da expulsão dos franceses, ingleses e holandeses que haviam
                                                                               se fixado no norte (dessas invasões originaram-se as três Guianas) do nosso
       Vale dizer que:                                                         país, foi feito o reconhecimento das áreas que tinham rios que permitissem a
    ? Ibérica favoreceu o processo de expansão portuguesa na
    A União                                                                    passagem de invasores para o interior, essas áreas foram divididas em
       Amazônia posto que quando do término dessa união, com a                 Capitanias e, fundados povoados e fortalezas em pontos estratégicos para
       restauração da autonomia portuguesa, o processo de ocupação             defender a propriedade das terras para Portugal.
       Lusitânia na Amazônia estava avançado e consolidado.
                                                                                       De acordo com essa divisão, o Município de Capanema, fazia parte da
    ? através do Tratado de Madrid, a Espanha reconheceu
    Em 1750,                                                                   Capitania do Gurupi. Essa Capitania foi criada pelo rei Felipe III da Espanha e
       formalmente o direito português sobre a vasta região Amazônica.         doada a Gaspar de Sousa através da carta de 9 de janeiro de 1622. Sua área era
                                                                               de 50 léguas de costa marítima com 20 de sertão, e compreendia as terras
    Os Tupinambás que eram aliados dos franceses receberam bem os
    ?                                                                          localizadas do Rio Turiaçú no Maranhão a Ilha de Marieta (Maracanã) no Pará.
       portugueses, porém as relações amistosas foram curtas devido aos        Portanto além do nosso município constituíam a Capitania de Gurupí: os
       abusos cometidos pelos portugueses contra os indígenas (abusos          atuais municípios de Bragança, Quatipurú, Primavera, as terras de São João
       morais incluindo escravidão). Os Tupinambás resolveram então            de Pirabas e Bonito.
       expulsar os lusitanos da região. Invadiram Belém em sete de janeiro,
       comandados pelo cacique Guaimiaba (Cabelo de Velha), porém                     Bragança _ Segundo o relato do capuchinho francês Padre Ives
       foram abatidos e, com a morte de Cabelo de Velha, bateram em            D´Evreux, foi em terras hoje bragantinas que os Franceses se refugiaram em
       retirada.
                                                                               1612 acossados por Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque quando
                                                                               expulsos do Maranhão mas, a primeira povoação considerada é Souza do
    A fundação de Belém na embocadura do Rio Amazonas permitiu aos
    ?
       portugueses o efetivo controle da navegação fluvial que comunica o      Caeté fundada por Álvaro de Sousa possivelmente em fevereiro de 1634.
       rio-mar ao Oceano Atlântico. Foi o primeiro passo importante dos
       portugueses em suas ações de posse da região.                                  Quatipurú – originalmente foi fundada a povoação denominada
                                                                               Valentim com data incerta, porém segundo Saturnino Marques da Costa2 no
    ? Sol na Ilha de Mosqueiro (1633) e a aldeia de Joanes na Ilha
    A Baía do                                                                  ano de 1653 já se contava com 13 casas que abrigavam 78 habitantes vindos
       de Marajó (1655) foram indicadas para ser a sede administrativa da      expulsos da então Sousa do Caeté3 por divergências políticas com o novo
       Capitania do Grão- Pará.                                                donatário da Capitania do Gurupi.
                                                                               2
                                                                                   - Conhecido por Tio Satuca.
    ? Militar de Maracanã (Meron) foi o mais antigo núcleo
    A base                                                                     3
                                                                                   - Atual Cidade de Bragança.
       povoamento fluvial Frances.

                                     12                                                                                     13
Capanema _ tem fundação mais recente que os municípios acima                      A Lei de nº 1.802, de 04 de novembro de 1919 que elevava Capanema
citados, mas quanto área de possessão tem a mesma origem, nasceram sob o         não apenas a Vila, mas também a transformava em sede administrativa do
nome: Capitania do Gurupi, os colonizadores também tem a mesma origem            Município de Quatipurú, não agradou aos quatipuruenses, eles não acataram
foram os portugueses açorianos, espanhóis, libaneses africanos e sobretudo       a Lei, não aceitavam que Quatipurú perdesse a condição de sede e voltasse a
nordestinos que ao longo dos anos construíram cada um desses municípios          figurar no cenário político administrativo simplesmente como Vila, e ser
com peculiaridades próprias e rumos históricos diferentes.
                                                                                 administrado por uma vila que sempre fora seu distrito e também não
                                                                                 aceitavam que outra figura política surgisse para contrapor-se ao Coronel
              A VILA DE CAPANEMA É SEDE DO MUNICÍPIO.                            (Leandro Pinheiro) que dominava a região, então, organizaram-se em grupos
                                                                                 armados para defender a autonomia política e administrativa de Quatipurú,
       No ano de 1753, Bragança foi elevada à categoria de Vila e fazia parte    fizeram barricadas e esperaram os defensores de Capanema liderados por
de sua ação administrativa terras que atualmente constituem vários               João Eustaquilino Pessoa. Depois de lutas armadas e políticas, os
municípios entre eles Capanema (que não era povoada) e Quatipuru que             capanemenses saíram vitoriosos e no dia 07 de março de 1920 Capanema
estava sendo povoado antes dos anos de 1655 e, que conquistou sua                festejou a instalação da Vila e da nova sede municipal: CAPANEMA passa a
autonomia política e administrativa em 1879.                                     condição de sede do Município de Quatipurú.
                                                                                 Por imposições políticas, em 27 de dezembro de 1930 a denominação
      Com o surgimento do novo município no território Paraense:
QUATIPURÚ e, com a nova divisão territorial, Capanema passou a fazer parte       Capanema dada a nossa Cidade foi substituída por Siqueira Campos e com
desse Município, sendo elevada a condição de Vila e sede do Município de         essa denominação permaneceu até o ano de 1938.
Quatipurú, no dia 04 de Novembro de 1919.
        Dentre as Povoações e Vilas do Município de Quatipuru, a que atingiu
maior desenvolvimento foi Capanema, pois que por aqui passava a Estrada de
Ferro, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio local, com o interior,
as Vilas vizinhas que já estavam interligadas por ramais embora bastante
precários e a cidade de Belém. A vinda dos imigrantes estrangeiros e
nordestinos radicados aqui melhorou consideravelmente, agora já se podia
adquirir com mais facilidade produtos básicos para a sobrevivência, já
podíamos melhorar e variar a alimentação, obter produtos como açúcar,
batatas, Charque, sal, louças, tecidos, perfumes produtos de limpeza,
material para construção, remédios, etc.                                         4
                                                                                     - Um dos militares da Revolução de 1930.

Vale dizer – os ramais que interligavam as colônias e municípios vizinhos
foram abertos a machado e facão, aterrados e aplainados a braço por
trabalhadores denominados de CASSACOS.


                                     14                                                                                         15
O REGATÃO
     Nesse período de nossa história destacou-se um personagem muito interessante e
     que era esperado com ansiedade no interior de nossa região: era o REGATÃO, homem
     que percorria longas distâncias carregando em lombo de cavalos, em barquinhos, ou
     nos próprios ombros uma espécie de mochilas chamadas canastras, naquelas
     canastras ele levava de um tudo: pedaços de tecidos chamados “cortes”, botões,
     agulhas, barbantes, linhas, perfumes, sapatos, espelhos, rouge, batons, fitas,
     remédios, uma infinidade de coisas e, ele fazia o comércio na base do escambo:
     trocava os produtos que levava por produtos que os fregueses tinham como galinha,
     patos, porcos, farinha, ovos, feijão etc. e quando chegava na cidade ele trocava tudo
     por dinheiro para comprar novos produtos e retornar novamente. Com esse trabalho
     realizado com sacrifícios, (pois além de enfrentar as intempéries do tempo, vencer
     grandes distâncias, passar muito tempo para vender sua mercadoria e ficar longo
     tempo longe de sua família), muitos Regatões conseguiram juntar algum dinheiro e
     fizeram fortuna.

     Vale dizer: Fazendo o comércio entre a capital e o interlan paraense existiu também o
     caixeiro viajante.




16                                            17
Governantes:

            Em 1863, chegou em Quatipurú o Coronel Leandro Pinheiro vindo de
     Vizeu, candidatou-se a intendente, venceu o pleito e passou a governar
     Quatipurú a quem era subordinada a área territorial de Capanema. Quatro
     anos depois nova eleição foi realizada vencendo dessa vez o Coronel Cezar
     Pinheiro que levou a intendência para Mirasselvas, lá permanecendo até o
     ano de 1873, quando o Coronel Leandro Pinheiro conseguiu vencer levou a
     sede do governo de volta para Quatipurú lá permanecendo por mais por
     menos 36 anos.
            No ano de 1900, o território foi anexado ao de Bragança, sendo
     restaurado dois anos depois.
            O último intendente foi o Coronel Leandro Pinheiro, deposto pela
     Revolução de 1930.


            Após essa Revolução tivemos os interventores (eram nomeados):


               1. Padre José Maria do Lago;
               2. Sr. João Eustaquilino Pessoa;
               3. Major Horácio de Figueiredo;
               4. Dr. Euclides Cumarú;
               5. Sr. Ciriaco Oliveira;
               6. Sr. Manoel Aires da Silva;
               7. Edgar Dantas de Vasconcelos;
               8. Juvenal Leal;
               9. Sr. Custódio Ferreira.
               10. Sr. Felipe Silva;
               11. Sr. Raimundo Neves;




18                                      19
+                       Nome                        Ano    Prefeitos Municipais
                                                                                                                                     e Interinos
                                                                         26 Adalberto do Espírito Santo Ferraz de Lima   1991        Interino
                                                                         27 Frederico Carlos Abdon Braun                 1991        Interino
                     Nome              Ano    Prefeitos Municipais       28 Maria do Céo Maciel Coutinho                 1992        Interina
                                                   e Interinos
01 Felipe Antonio da Silva             1948        Prefeito              29 Dr. Jorge Neto da Costa                      1993        Prefeito
02 Raimundo Maurício da Silva Neves    1951        Prefeito              30 José Fernando da Silva Mendes                1993        Interino
03 Jorge Wilson Arbage                 1955        Prefeito              31 Francisco Ferreira Freitas Neto              1997        Prefeito
04 Joaquim Rodrigues da Silva          1955        Prefeito              32 Eslon Aguiar Martins                         2001        Interino
05 Maria do Céu Alves Leite                        Interina              33 Dr. Jorge Neto da Costa                      2001        Prefeito
06 Jorge Wilson Arbage                 1959        Prefeito              34 José Alexandre Buchacra de Araújo            2002        Prefeito
07 Miguel Aissar Anaisse               1963        Prefeito              35 Francisco de Oliveira e Silva                2004        Interino
08 Hugo Travassos da Rosa              1967        Prefeito              36 José Alexandre Buchacra                      2004        Interino
09 Inácio Ferreira da Silva            1967        Interino              37 Francisco de Oliveira e Silva                2004        Interino
10 Miguel Aissar Anaisse               1971        Prefeito              38 José Alexandre Buchacra                      2005        Interino
11 Francisco de Freitas Filho                                            39 Eslon Aguiar Martins                         2009        Prefeito
                                       1973        Prefeito
12 Jaime Nascimento                                                      40 Antonio David Peixoto Pinheiro               2009        Interino
                                       1973        Interino
13 Jaime Nascimento                    1974        Interino
14 Raimundo Rodrigues Moreira          1974        Interino
15 José Pinheiro da Silva              1974        Interino
16 Jaime Nascimento                    1975        Interino


                                                                                                            Maria do Céu
17 Jaime Nascimento                    1976        Prefeito
18 Herbert Matos Veríssimo             1977        Prefeito
19 Júlio Maciel Batista                1977        Interino
20 Jaime Nascimento
21 Francisco Gomes Reinaldo
22 Edmilsom Lopes Acácio
                                       1983
                                       1986
                                       1989
                                                   Prefeito
                                                   Interino
                                                   Prefeito
                                                                                                             Ayres Leite
23 Frederico Carlos Abdon Braun        1989        Interino
24 Djalma Durval de Melo               1989        Interino
25 Frederico Carlos Abdon Braun        1990        Interino




                                  20                                                                          21
Os símbolos que representam ou evocam
               nosso Município.


                         1. NOSSO HINO

Letra e música: Professora Rosalina Favacho.
Oficializado pela Lei nº 6.014 de 14 de junho de 2002.

Foste chamada Siqueira Campos
Há alguns anos atrás,
Cidade com habitantes
Que têm coragem até demais
Vigor e energia, inteligência eficaz
Povo sadio e altaneiro
É tradição de brasileiro

As tuas matas verde cinzento
E o teu povo a educar
A cultura aqui de expande
Analfabeto em ti não há

Na ligação norte nordeste
Tomaste o primeiro lugar
Mostraste ao viajante
Grande riqueza que em ti há
Guardaste teu solo fértil
Pra dar ao povo varonil
Construção de edifícios
Isto é Cimento do Brasil

Capanema está vibrando
Se destacando no Pará
Os jovens e os adultos
Sempre unidos a trabalhar.


                                22                       23
A AVENTURA EM VIAJAR




            Em 1938, viver aqui já se gozava de relativo conforto, embora não
     tivéssemos estrada de rodagem (o único transporte com motor que tínhamos
     aqui era o trem) já se vislumbrava algum desenvolvimento social e
     econômico.
             Com os trens passamos a ter ligação com mais facilidade entre todo o
     nordeste paraense e a capital do Estado, embora uma viagem de trem entre
     Belém e Bragança durasse de 12 a 15 horas e eles fizessem esse percurso
     apenas duas vezes por semana, isso era um avanço muito grande visto que
     até então para chegarmos à Belém por exemplo, o roteiro da odisséia era
     assim: cavalgávamos até Mirasselvas de lá navegávamos o rio Quatipurú num
     barquinho chamado casco ou montaria até a Vila de Quatipurú, chegando lá
     tínhamos que esperar a chegada de um barco maior que tivesse calado
     suficiente para navegar o oceano Atlântico. Então ficávamos em Quatipurú o
     tempo necessário e como não existiam pousadas ou hotéis recorríamos aos
     quatipuruenses para nos abrigar lavar nossa roupa e nos alimentar, em outras
     palavras, passávamos um tempo convivendo com aquela família, portanto,
     uma viagem de Capanema a Belém durava muitas vezes mais de uma semana
     e em barcos sem cobertura.
             Com o funcionamento dos trens o Rio quatipuru perdeu
     enormemente a importância na navegação, agora viajávamos de trem que era
     muito mais confortável e a viagem era rápida. Essa mudança também
     contribuiu sobremaneira para o refluxo político, econômico e social da Vila de
     Quatipurú.

                      Vale dizer: A Estrada de Ferro de Bragança trouxe o
     desenvolvimento para as Vilas e localidades que a margeavam em detrimento
     das Vilas litorâneas e ribeirinhas.

24                                        25
LÁ VEM O TREM!

                A CHEGADA DO TREM ERA PAI D'ÉGUA

        A Ferrovia cortou nossa Cidade de oeste para leste e, trouxe para
nosso Município muitas gentes vindas principalmente do nordeste brasileiro.
Na hora da chegada do trem a expectativa era enorme.
Quando de longe ele apitava, fazendo a terra tremer, soltando pelos ares
fuligem e fumaça, anunciando sua chegada, as pessoas adultas, crianças,
vendedores, carregadores, todo mundo saía rumo à Estação para ver o trem
chegar ou ganhar algum dinheiro, e o que se via era uma multidão em ação,
era uma festa: gente correndo para ocupar lugar no assento, outras descendo,
pais e mães gritando por seus filhos, gente que soltava foguetes para avisar à
comunidade ou à família distante a chegada de alguém que estava sendo
esperado, crianças correndo, gente procurando por alguém, estivadores
trazendo mercadorias para embarcar, outras sendo desembarcadas, desciam
grandes amarras de papel - eram os últimos números do jornal Folha do
Norte, da Província do Pará, da Folha da tarde, da revista O Cruzeiro que
traziam as notícias mais atuais do momento: era o manequim, o gibi, os
periódicos (foto-novelas intitulado Grande Hotel), que chegavam para o
deleite das jovens moças senhoras e crianças, eram os vendedores de
guloseimas adentrando o trem uns, com pipocas em sacos multicoloridos e
brilhantes, outros com doces arrumados em embalagens bonitas aos olhos de

                                     26                                          27
Ouricuri, Capanema, Garrafão, jaburu e soldadinho entre outros. Mas,
               ERA UMA VEREDA DE BOIADEIROS.                                  por aqui passavam peões que tangiam bois do Maranhão para Quatipurú e
                                                                              regiões circunvizinhas formando caminhos chamados veredas de boiadeiros,
                                                                              mais tarde um desses boiadeiros chamado Antonio Jerônimo escolheria essa
                                                                              região para morar.

                                                                                   Vale dizer:

                                                                                          a) Quando os colonizadores chegaram, os índios tiveram que ir
                                                                              para o interior das matas, contudo muitas tribos indígenas reagiram a essa
                                                                              expulsão. Na região norte do Brasil, tivemos guerreiros que tentaram
                                                                              organizar as nações indígenas para lutar contra os invasores, nessas lutas
                                                                              destacaram-se os caciques: Ajuricaba em Manaus e o Guaimiaba aqui em
                                                                              nossa região (Maranhão e Pará), Guaimiaba era também chamado Cabelo de
                                                                              Velha por ter cabelos longos e loiros.

                                                                                         b) Não sabemos se Guaimiaba era de origem indígena ou se fora
                                                                              alguma criança européia criada pelos índios.


      Se tivéssemos registrado em uma foto aérea o território onde está
edificada nossa Cidade em meados do Século XIX, ou por volta de mais ou
menos 1800, seria impossível identificarmos a Capanema que conhecemos
hoje porque nada está como era nem mesmo no aspecto natural, o relevo era
constituído de pequenos montes de terras separados entre si por grandes
áreas baixas cortadas por pequenos igarapés que formavam pântanos ou
igapós e quanto à povoação era inexistente, não conhecemos nenhum
registro de pesquisa nem relato que aqui tenha havido aldeias de índios.
Vamos saber da presença de tribos como os Tupinambás, Caetés, Potiangas,
Urubus, em regiões mais afastadas de onde é hoje nossa Cidade, eles
moravam às margens de Rios maiores: Caeté, Quatipurú e Peixe-Boi, rios
navegáveis durante o ano todo o que permitia a navegação e eram muito ricos
em quantidade e diversidade de peixes, aqui tínhamos apenas as nascentes
desses rios, os igarapés:



                                    28                                                                           29
O NASCIMENTO DE NOSSA CIDADE.

         Foi o próprio Senhor Antonio Jerônimo de Barros que em entrevista para o jornal
     A Província do Pará do dia 26 de setembro de 1954 quem declarou já ter percorrido
     esta região tangendo gado e afirmou ser um dos primeiros moradores de Capanema
     chegando aqui em 1907. Devido essa afirmação, alguns autores consideram Antônio
     Jerônimo o primeiro morador da Cidade de Capanema entretanto temos notícia de
     que antes desse ano já tinham famílias morando aqui, uma dessas famílias é a do
     senhor Antônio Joaquim da Silva avô do Sr. Jaime Nascimento ex prefeito do
     Município de Capanema que chegou em 1906.

            Antônio Jerônimo de Barros era natural de Baturité (Ceará), aqui chegou com
     sua esposa dona Luzinha vindo de barco até Bragança e dali saiu procurando terras
     onde pudessem erguer moradia. Aqui chegando possivelmente no mês de julho.
     Ergueram sua casa coberta com palhas no local onde funciona hoje a Estação
     Rodoviária Felipe Iglésias.

         No mesmo ano (1907), chegaram outras famílias nordestinas que assim como
     Antônio Jerônimo, também vinham fugindo das secas inclementes que
     periodicamente assolavam o sertão, eram as famílias do Senhor João Rodrigues,
     conhecido como João Grande, Família Juvêncio e Queiroz entre outras. Depois da
     morte de Dona Luzinha, Antônio Jerônimo casou-se com sua cunhada, dona Adélia e
     foram morar em outra casa no local onde hoje está edificado o Posto da Texaco ao
     lado da Estação Rodoviária Felipe Iglesias na Avenida João Paulo II com a Av. Barão de
     Capanema.

             Foi esse o nosso marco: uma casinha de taipa, coberta com palhas que se
     multiplicou por muitas outras e no dia 08 de dezembro de 1933, foi elevada à
     categoria de Cidade: Cidade de Siqueira Campos, depois, em 1938 -CIDADE DE
     CAPANEMA.




30                                            31
Depoimento de Alfredo Oliveira.
    Quando cheguei, em 1917, vindo de navio até Belém como tantos outros
nordestinos, encontrei esta Cidade povoada apenas em alguns trechos da Avenida
Barão de Capanema: nas proximidades da Estação Ferroviária; na Rua Barão do Rio -
Branco: da Igreja do Sagrado Coração de Jesus à Rua D´Jalma Dutra e na Avenida João
Paulo II, da Estação Rodoviária até a Passagem Cruzeiro. O restante era tudo mata,
capoeira, igarapés e igapós de onde tirávamos lenha, frutos, caça, tomávamos banho
e pescávamos.

    A Avenida João Paulo II naquela época era chamada Rua de Igarapé-Açú e dividia
os dois Municípios: da atual Estação Rodoviária para o leste eram terras do
Município de Quatipurú e para oeste, as terras pertenciam ao Município de Igarapé-
Açú, o nosso cemitério era localizado mais ou menos onde é hoje o Estádio de
Futebol Leandro Pinheiro, e a Igreja católica, ficava na Passagem Cruzeiro, portanto,
o cemitério e a Igreja (Nossa Senhora do Carmo) ficavam em território de Peixe-Boi
Município de Igarapé-Açú. Nessa época não havia Igreja Evangélica aqui.

   Toda a área onde está o Fórum, aqui a Casa Oliveira, Bradesco etc. era um grande
pantanal provocado por um córrego que vinha do local onde é hoje a Radisco
Magazine.

    Escolhi esse pantanal para erguer nele a minha propriedade, eu reconhecia o
grande esforço que seria vencer aquele lamaçal cheio de aninga, mas estava bem
localizado, era próximo à Estação do Trem e, era livre, não estava sendo cobiçado por
ninguém e aqui fiquei. Naquela época o comércio se resumia nuns poucos botecos, e
tabernas6 e a carne era vendida aos domingos sob um cajueiro.

     Com a vinda de novos colonizadores é que o povoado foi crescendo, construiu-se
                                                                                        Nota – Alfredo Oliveira era maranhense e se destacou no comércio capanemense,
a primeira Igreja católica cercada de paxiúba e coberta com cavacos7 onde hoje está o
                                                                                        deixando seu nome registrado em uma loja de material de construção: Casa Oliveira.
prédio da Caixa Econômica Federal e, a Prefeitura que era chamada Intendência, foi
erguida em frente à atual Igreja Matriz.                                                6
                                                                                            - Tabernas - eram mercearias que vendiam todos os produtos necessários ao nosso consumo da farinha ao tabaco.
                                                                                        7
                                                                                            - Cavacos – eram pedaços de madeira tirados de toras de árvores a facão para cobrir casas.
    Muitas foram as transformações operadas em nossa Cidade de 1917 até nossos
dias, transformações advindas do esforço dos colonizadores que para cá vieram
principalmente nordestinos, portugueses, libaneses, espanhóis, e japoneses que
vieram a partir de 1930. Esses povos deram origem ao povo capanemense.

                                         32                                                                                                      33
Essa equipe ficou acampada às margens de um rio e quando as
           Por que te chamam Capanema?                                        pessoas se referiam àquele local chamavam Capanema, diziam: vou à
                                                                              Capanema, passei por Capanema etc., pois era do conhecimento de todos
                                                                              que aquela turma era chefiada pelo Barão de Capanema embora ele não
                                                                              estivesse alojado ali (não temos registro da presença do Barão em nosso
                                                                              Estado do Pará). Com o tempo a tradição desse nome foi incorporado ao rio,
                                                                              Rio Capanema, e dali se estendeu à povoação que se formava mais para leste
                                                                              daquele alojamento. Contudo o nome Capanema dado à nossa Cidade e
                                                                              Município não foi referência intencional a ele, somente a Avenida Barão de
                                                                              Capanema é homenagem direta ao brasileiro nascido nas Minas Gerais-
                                                                              Guilherme Schuch – o Barão de Capanema.

                                                                                     Mas existem pessoas que por não conhecerem nossa história insistem
                                                                              em associar o nome Capanema ao significado da língua tupi, porém isso é
                                                                              errôneo mesmo porque se tivermos um pouco de discernimento e
                                                                              analisarmos o aspecto natural deste município veremos que temos matas,
                                                                              nosso relevo é baixo e que aqui nascem vários rios e igarapés e onde tem rio
                                                                              de águas limpas tem peixe, onde tem água e peixe tem muitos animais e nossa
                                                                              área territorial apesar do violento desmatamento que já sofreu ainda é
       São quatro capanemas que temos aqui: O Município de Capanema, a        berçário de muitos tipos de peixes, aves, de animais mamíferos, de répteis,
Cidade de Capanema, a Avenida Barão de Capanema e o Rio Capanema. Afinal      quelônios etc..e se voltarmos na observação do tempo podemos imaginar a
o que é Capanema?                                                             riqueza que era Capanema para a prática da caça e pesca naquela época.
                                                                              Portanto afirmar que nossas matas eram azaradas, que aqui não tinham
        Vejamos - na tecnologia do mundo moderno os povos conseguiram         animais para a prática de caça nem peixes é uma afirmação muito duvidosa.
comunicar-se a longa distância através da telegrafia*8, processo que usava
                                                                                      Vale dizer – A telegrafia foi inventada por Samuel Fiunley Breese
sinais chamados Código Morse para transmitir mensagens através de fios e
                                                                              Morse, norte americano de Massachusetts. Em 1835 construiu o primeiro
depois essas mensagens eram escritas e um homem a quem se chamava             protótipo funcional de um telégrafo que passou a funcionar efetivamente
estafeta ia entregar ao destinatário na grande maioria das vezes cavalgando   através de sinais chamados CÓDIGO MORSE em 1838.
um cavalo para vencer as longas distâncias, e essa mensagem era chamada
Telegrama. No Brasil império destacou-se nessa área um cidadão chamado                     Atualmente o Código Morse é usado:
Guilherme Schuch que por ter prestado muitos serviços à nação brasileira,
recebeu de D. Pedro II imperador do Brasil o título de Barão de Capanema                   Em NDB - espécie de rádio-farol utilizado na navegação aérea e
porque no povoado onde ele nasceu (Freguesia de Antônio Pereira em Ouro                    marítima.
Preto Minas Gerais) tem uma pequena serra chamada Capanema.
                                                                                           Em satélites - para sinal de identificação e localização por telemetria
        Guilherme Schuch planejou a implantação do telégrafo em todo o
Brasil incluindo nossa região e mandou para cá uma equipe para fazer o                     E pelo radioamadorismo
reconhecimento do terreno por onde deveria passar a rede telegráfica
Maranhão-Pará bem como implantar a referida linha telegráfica                 8
                                                                                  - O Telégrafo foi inventado por Samuel Morse nos Estados Unidos e dali estendido para o mundo.


                                    34                                                                                                  35
Bons tempos aqueles, havia entrosamento, amizade cooperação entre
                 Exemplo de Comunidade                                            todos, quando uma mulher dava à luz, as vizinhas em sistema de rodízio iam
                                                                                  ajudar nas tarefas doméstica até acabar o resguardo, quando alguém

N     aqueles tempos idos, a tecnologia por aqui era rara, a iluminação           adoecia também recebia a ajuda e visita dos vizinhos e parentes e nesse
      pública, por exemplo, era restrita a determinada área, eram uns             ambiente as crianças aprendiam a viver em comunidade respeitando-se e
      poucos postes de ferro redondos cuja parte superior tinha uma               sendo amigas para toda a vida, e quando adultas participavam também da
iluminaria parecida com lampião, sob ela havia um depósito onde era               vida uns dos outros, em outras palavras atuavam como Anjo da Guarda do
colocado carbureto com água e todos os dias ao cair da noite vinha um             próximo ajudando-se uns aos outros nas horas difíceis, na doenças e nas
homem que acendia esse candeeiro e ao amanhecer vinha apagar.                     labutas diárias organizando-se em mutirões para fazer suas roças, cuidar do
                                                                                  gado, e na época da produção do tabaco, ao declinar da tarde, fechavam-se
     Tempos depois a iluminação foi feita pelo lampião a querosene, nesse         em uma sala para destalar o tabaco ( tirar o talo da parte central das folhas do
sistema era assim: em cada poste havia um lampião, às dezessete horas vinha       fumo), e assim eram todos os finais das tardes. Quando terminava a
um trabalhador da Intendência (chamado acendedor de lampiões) com uma             destalagem de uma família todo mundo ia para outra até acabar a safra de
escada numa mão e uma vasilha com um pano e querosene na outra, ele               todos, depois os homens iam prensar o tabaco para fazer os molhes, tarefa
limpava a fuligem das vidraças dos lampiões, depois colocava o querosene e        realizada nas primeiras horas do dia.
limpava o pavio, quando terminava esse trabalho em todos os postes, voltava
acendendo e pela manhã vinha apagar de um por um os lampiões que                        Nessas reuniões rolava comida, café, mingau, piadas, e uma coisa que
acendera ao entardecer do dia anterior.                                           divertia e ao mesmo tempo fazia tremer de medo a criançada: eram os relatos
                                                                                  sobre as visagens e assombrações que apareciam no lugar, os bichos do
      Nas residências, a iluminação era feita na base da lamparina alimentada     mato, essas eram as horas da matinta-perêra, da mãe-d'água, da mula–sem-
por resina, óleo ou querosene e é claro que não existia televisão, mas tinha      cabeça, do curupira do lobisomem, do mapinguari, de todo o imaginário
alguém que por ter posses, adquiriu uma bateria (pois também não tínhamos         popular e seus segredos, dos príncipes e princesas e é claro que nesses
acesso a pilhas) e um rádio e, quando chegava à noite a vida mudava na nossa      mutirões o lugar de destaque era do contador ou contadora de histórias.
Capanema, a vizinhança desse senhor vinha toda para a casa dele ouvir o que
dizia o rádio e era aquela multidão sentada no chão da sala e no terreiro e com         Outra reunião que se fazia à boca da noite eram as leituras. Após o
todo mundo junto se aproveitava também para passar a limpo os                     jantar, a família e vizinhos reuniam-se ao redor da mesa e à luz de lamparina
acontecimentos do dia que eram poucos, limitavam-se ao trabalho da roça,          ou candeeiro a pessoa que lesse melhor começava a sessão, os preferidos
manejo com o gado e acontecimentos domésticos enquanto isso as crianças           eram geralmente da Literatura de Cordel (por ser leitura breve e de tradição
divertiam-se brincando de pira, de roda, de bandeirinha e outras brincadeira      nordestina), e os ouvintes transportavam-se para aqueles versos vivendo o
infantis.
                                                                                  seu conteúdo rindo em alguns momentos chorando em outros, assim, ainda
                                                                                  hoje muita gente lembra a estória da Princesa da Pedra Fina, dos feitos de
                                                                                  Pedro Malazarte, da saga de Lampião e Maria Bonita e outros, lia-se também
                                                                                  o jornal e revistas, porém em menor escala.

                                                                                       Essa foi uma época não só de vida comunitária, mas também de
                                                                                  segurança. Nas residências as portas eram apenas para resguardar os
                                                                                  moradores do sereno, do frio, das chuvas, não existiam grades nem tranca
                                                                                  nas portas, dormia-se de portas encostadas ou abertas sem nenhum temor,
                                                                                  Também ainda não existiam grandes desníveis sociais.
                                                                                  8
                                                                                   - Resguardo – tempo de 40 dias dado para recuperação da parturiente, nesse período ela não fazia nenhuma tarefa
     Plantação de fumo.                                                           que exigisse esforço físico.

                                      36                                                                                               37
Já muito tempo depois é que nossa Cidade conheceu a luz elétrica.
                        No local onde atualmente funciona o atendimento ao público da Rede
Vai um Picolé Aí?   Celpa tinha uma pequena casa chamada Casa de Força e Luz, lá tinha um
                    motor a óleo que gerava energia. Aí passamos a ter luz elétrica nas ruas, na
                    praça e nas residências e por essa prestação de serviço não se pagava, porém
                    quando o relógio marcava 22 horas a luz piscava três vezes ai todo mundo já
                    sabia o que iria acontecer: o motor parava de funcionar e tudo ficavam no
                    escuro, e nas residências se acendia a conhecida lamparina ou o candeeiro,
                    (essa foi a época do Pretomax).

                         Só tinha uma exceção: era quando falecia alguém, nessa noite o motor
                    não era desligado pois era noite de velório e também era preciso que se
                    fizesse o ataúde para colocar a pessoa falecida e para realizar essa tarefa já
                    tinham pessoas experientes em providenciar o necessário: fazer a mortalha,
                    armar e forrar o caixão que era geralmente em tábuas de Marupá, madeira
                    leve e de fácil labor e forrado com tecido preto ou roxo se fosse para adulto e
                    de azul claro ou branco se fosse para criança. Mas isso era apenas na Cidade, o
                    interior continuava na lamparina, mas tanto cá quanto lá para se ter geladeira
                    em casa só se fosse a querosene, portanto, aqui não tínhamos sorveteria nem
                    fábrica de gelo. Essa situação durou até 1975.

                            O ano de 1975 foi muito importante para nós, nesse ano passamos a
                    ser atendidos pelas Usinas Térmicas de Belém e em 1981 houve a interligação
                    norte-nordeste, foi um grande avanço, todo o nordeste paraense passou a ter
                    sistema elétrico de potência, portanto energia elétrica 24 horas por dia.

                    Vale dizer: a Casa de Força e Luz funcionou na avenida Barão de Capanema,
                    em frente a Transportadora Caeté depois na Rua D'jalma Dutra esquina com a
                    Rua João Pessoa.




       38                                                 39
O Ouricuri era um rio muito bonito e de águas muito limpas, mais para
                  Capanema sob a ótica de dona                                 baixo ele enlarguescia, próximo dele tinha o matadouro e bem perto tinha o
                                                                               pau de Urubu, era uma árvore imensa que ficava cheinha de urubus quando
                       Nair Fernandes.                                         faziam o abate do gado, ou de porco. A água desse rio era usada para lavar as
                                                                               vísceras dos animais abatidos. Hoje nesse local existem as vendas de refeições
                                                                               perto do mercado.
Sou filha desta terra,
                                                                                    A minha infância foi maravilhosa, aos domingos, os moradores da
Falo égua                                                                      Timbiras se juntavam e íamos com meu avô pescar no Rio Capanema, íamos
                                                                               pelos trilhos, pois nos domingos não tinha trem, quando chegávamos lá, nós,
Sou capanemense,                                                               as crianças íamos brincar no rio, pulávamos da ponte, tomávamos muito
                                                                               banho e meu avô ficava pescando, ele pegava muitos peixes, grandes, gordos,
Sou Pai d'égua.                                                                maravilhosos, pescava com fisga e anzol, ele levava sal, farinha, pimenta e
                                                                               fazia um grande avoado e assim passávamos nosso domingo com muito
       Em 1942 eu morava na Rua Timbiras, margeando a Timbiras tem o Rio,      banho, muita brincadeira e muito avoado, sinto saudades daquele tempo,
ele é grande e recebe os nomes de Ouricuri, Rio da Mata e Pau grosso. Quando   não tinha a violência que tem hoje.
criança, eu tomava muito banho lá na parte chamada Rio da Mata, era onde a
mulherada lavava roupas e tomava banho, as pessoas vinham da rua pra lá,             Além das festas religiosas tínhamos as festas chamadas profanas: de
era um balneário. Os homens tomavam banho no Pau grosso, agente chama          Santa Luzia e São Benedito, organizadas por uma diretoria comandada pela
pau grosso porque tinha uma árvore grande, de tronco muito largo no meio       juíza e pelo juiz, nessas festas tinha a marujada, com mastro, leilão, o almoço,
do rio.                                                                        era tudo muito bom. Tínhamos também o carimbó da Praça Moura, lá era
                                                                               muito animado, tinha a Julica. A Julica usava muletas porque tinha problemas
                                                                               nas duas pernas, mas era mestra do curimbó, tocava a noite toda, e com muita
                                                                               animação, ela usava aquelas roupas de saias rodadas coloridas, era um visual
                                                                               muito bonito, e próprio dela.

                                                                                     Tínhamos também outra diversão e veículo de cultura: o cinema, o
                                                                               cinema funcionava na Avenida Barão de Capanema em um prédio, até hoje
                                                                               pertencente à Prefeitura, próximo de onde está instalado atualmente o
                                                                               DETRAN - era o Cine Rosa Mar, mas não durou muito tempo, foi desativado,
                                                                               depois surgiu o Cine Brasília já no ano de 1960. O prédio era uma casa de taipa
                                                                               localizado na atual Avenida Barão de Capanema nesse local está atualmente
                                                                               erguido o prédio da Receita Federal. Este prédio caiu depois de exibir o filme
                                                                               “O Ébrio” e uns dois anos mais tarde Veio o Cine Pálace.




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No prédio onde funcionava o Cine Pálace, nas manhãs de domingo          Faz parte da história de todos nós,
apresentavam o Show artístico, à tarde era exibido o filme do vesperal ou
matinal como chamávamos que eram filmes para crianças e adolescentes, a         Foi Casa de Ensino e Educação para o Lar,
noite tinha mais uma sessão. Em todos esses horários o cinema lotava, e tinha
uma música que chamavam de prefixo que tocava na Almeida Divulgações            Cinema, Setor de Merenda, Biblioteca e Teatro,
antes de iniciar o filme, essa música funcionava para nós como se fosse um
chamado. Quando ela tocava, corríamos para ir ao cinema, esse tema musical      Também da arquitetura Art Déco
era O Milionário, a Marcha do Assobiador ou A Ponte do Rio Kwan, eram
                                                                                Bem poucos irão recordar.
músicas muito bonitas e nos lembram aquela época, nos lembra do Cine
Pálace.

           Vale dizer:                                                          E agora o que se vê por lá?
        Mais ou menos em frente a Transportadora Caeté, há um prédio da         Apenas um prédio antigo e abandonado,
Prefeitura onde funcionou a casa de Força e luz na época da iluminação a
carbureto e depois a querosene. Nesse prédio funcionou também os                Em nenhum momento lembrado,
primeiros Cinemas de Capanema:
                                                                                Esquecido de que um dia
           1. Cinema mudo – trazido por Joaquim Costa (pai do ex-prefeito
              Jorge Neto da Costa).                                             Foi palco da Arte do saber e da Alegria.

           2. Cine Teatro Moura Carvalho – trazido pelo ex-governador do
              Pará Moura Carvalho.
                                                                                Hoje por lá nada reluz
           3. Cine Iracema.
                                                                                Que estranha e triste ironia
           4. Cine Rosa Mar
                                                                                Para quem já fora chamada
           5. Cine Brasília.
                                                                                Casa de Força e Luz.
           6. Cine Pálace – foi o único a funcionar em prédio próprio e
              adequado para exibir filmes para o público.

              O Cine pálace funcionou de 1960 a 1981. Não resistiu à crise                     Profª Cleni
              que acometeu aos cinemas no Brasil com a difusão da
              Televisão, Vídeos Cassetes e Antena Parabólica então faliu.




                                     42                                                                  43
Uma Referencia Referenciada.
           Em nossa Capanema existem lugares pitorescos uns construídos pela
     natureza como o Rio Quatipurú, onde passear de barcos ou canoas seja à luz
     do sol ou à luz da lua é de um prazer ímpar para alguns, bem como fazer um
     piquenique às suas margens nos finais de semana é relax para outros, porém
     existe um recanto que é freqüentado por todo capanemense desde a mais
     tenra idade. Estamos falando de nossa querida Praça Magalhães Barata que,
     aliás, foi a primeira construída nessa Cidade.
              A Praça Magalhães Barata também é conhecida por Praça da Bandeira,
     pois era ali que hasteávamos a Bandeira durante a semana da pátria.

             Portanto era para lá que convergiam pais e alunos para referenciar a
     Pátria: cantar o hino Nacional, ouvir os discursos proferidos pelo Prefeito,
     Juiz, Professores, alunos e todos os patriotas que quisessem fazer sua
     homenagem pelo dia da independência do Brasil.




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Eu nasci e me criei

    Ao longo de sua existência essa Praça tem testemunhado os                                                   Eu nasci e me criei
                                                                                Capanema atualmente
acontecimentos históricos e corriqueiros de nosso povo. E por ser o ponto dos                                   Nesta maravilhosa cidade
acontecimentos, abrimos espaço para que o repentista Professor Lucivaldo        Para você se informar           Acompanhei seu crescimento
através da Literatura de Cordel faça sua devida homenagem a nossa Praça         Tem 614 km quadrados            E suas necessidades
querida.                                                                        De área pra se explorar         Tentei entender a política
                                                                                Um monte de habitantes          E sua história escrita
                                                                                É um município importante       E sua realidade
                                                                                Quem mora aqui pode provar
                                                                                                                As ruas que eram veredas
                                                                                Capanema localiza-se            Que hoje são avenidas
                                                                                                                Das velhas casas de taipas
                                                                                Ao nordeste do Pará
                                                                                                                Das ruelas sem saídas
                                                                                E ao norte do Brasil            Das feiras no meio das ruas
                                                                                É fácil de se encontrar         Das matas virgens e nuas
                                                                                Nos mapas que tem nos livros    Dos paus-de –araras da vida
                                                                                Ou no meio dos arquivos
                                                                                É fácil localizar               Hoje ela tem evoluído
                                                                                                                De uma maneira desigual
                                                                                Lá pelos anos cinqüenta         Mas tiramos proveito nisso
                                                                                De porta se namorava            De um jeito natural
                                                                                Crianças brincavam de rodas     Aqui se faz o que se pode
                                                                                E os vizinhos conversavam       Levanta a poeira e sacode
                                                                                Se escrevia pros amigos         Assim dizia o Cival
                                                                                Não tinha tantos perigos
                                                                                Nas festas ninguém brigava      Pra gente se divertir
                                                                                                                Só temos algumas praças
                                                                                As feiras em Capanema           E uma delas é famosa
                                                                                No sábado acontecia             Mesmo entregue as traças
                                                                                Era quando agricultores         A mais antiga e verdadeira
                                                                                O seu produto vendia            É a Praça da Bandeira
                                                                                Nos cavalos ou nas costas       Onde tomei muita cachaça
                                                                                Enfrente o ciço costa
                                                                                Comprava-se e se vendia

                                     46                                                                        47
Centro de concentração                 Também teve uma grande loja     A primeira Biblioteca
Das manifestações culturais            Por nome Pernambucana           Ali também foi implantada
Testemunhou muitas lutas               Era uma loja amarela            Por lá ficou pouco tempo
De muitos profissionais                Por dentro muito bacana         E pra outro lugar foi trocada
Fica a nossa praça velha
Que nunca morre jamais                 Vendia de tudo um pouco         E com toda essa mudança
Ao lado do Maria Amélia                Tecidos e roupas pra jogo       Ganhamos um salão de dança
                                       Só não vendia banana            Pra nossa rapaziada
Serviu de testemunha das festas
Por exemplo, o carnaval
Na assembléia recreativa               Também serviu de testemunha     Mesmo assim ela resiste
Que hoje foi pro cacau                 Do incêndio da casa costa       E proporciona lazer
Veja o tamanho da maldade
                                       Que se queimou por inteira      Desde o tempo do vovô
Que hoje só é saudade
Aqui no nosso pessoal                  Que não sobrou nada a mostra    Para mim e pra você
                                       Foi um incêndio danado          Um local maravilhoso
A primeira prefeitura                  Que ficou tudo queimado         Para os novos e idosos
Um prédio muito belo                   Como amendoim que tosta         Tudo pode acontecer
Ficava em frente à praça
Todo pintado em amarelo                A Procissão de corpus Christi   Quero aqui deixar
Botaram fogo nos seus arquivos         Também passa ao seu redor       O meu agradecimento
 Que não sobrou nenhum livro
Do passado perdeu o elo                São milhares de fieis           Pelos momentos felizes
                                       Que do chão levanta pó          E de total contentamento
A segunda prefeitura                   São anos de romaria             onde pude namorar
Ficava ali pelo lado                   Todo mundo em sintonia          e de mãos dadas passear
Passaram-se alguns anos                Desde o tempo da vovó           mesmo depois do casamento
E de novo foi trocado
Hoje com o prédio reformado            Ela também recebeu o programa   tudo isso e muito mais
Temos o beijo gelado
Com muitos frios variados              A cultura vai à praça           nessa praça tão querida
                                       O povo se reunia                nosso patrimônio,nossas lembranças
Depois de todo o desfile               Ninguém pagou foi de graça      nossa história nossa vida
Do dia sete de setembro                Foi o grupo cultural            nosso presente,nosso bem
Os jovens a ocupam                     Os Timbiras e coisa e tal       nosso amor e de mais ninguém
Qualquer coisinha comendo              Pessoas de muita raça           desde quando fostes construída
Não fica ninguém de toca
É muito beijo na boca
Outros ficam se roendo


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Um Pouco da Saga
     de Nossos Distritos:




50            51
Tauari é um dos Distritos do Município de Capanema, dista da sede 22
                  km. Seu nome deriva do tauarizeiro uma árvore em torno da qual se
                  aglutinaram os colonizadores que seriam mais tarde os tauarienses.

                          Desconhecemos a data de sua fundação, porém temos uma
Apresento-lhes:   referência: é a Estrada de Ferro. Em 1906, quando ela estava sendo construída
                  sua população era de quatro moradores. Com a conclusão dessa Estrada
                  várias famílias vindas no trem escolheram aquela região para morar, eram em
  TAUARI          sua maioria nordestinos acrescidos de imigrantes estrangeiros representados
                  por espanhóis, libaneses e portugueses que encontraram ali terra farta, fértil
                  e clima com boa umidade, esses fatores foram decisivos para que em pouco
                  tempo a região se tornasse referência na produção agrícola e também na
                  pecuária. Ao lado do sucesso da terra veio também a instalação e
                  desenvolvimento do comércio.

                         Quando o trem chegava em Tauari e Mirasselvas os vagões ficavam
                  abarrotados de arroz, algodão, milho e feijão para serem comercializados em
                  Belém e dali exportados para outros Estados, foi o aumento da produção
                  aliado ao funcionamento do trem que trouxe os comerciantes estrangeiros
                  para Tauari e, antes mesmo de Capanema receber o título de Cidade, Tauari e
                  Mirasselvas contribuíam para a riqueza do município com um comércio
                  consideravelmente grande se comparado ao atual.

                          Em Tauari já contávamos com 9 grandes lojas, 2 farmácias também
                  grandes, casas comerciais de vários produtos e usina de beneficiamento de
                  arroz e algodão que funcionou até o ano de 1946.

                         Quando a Estrada de Ferro foi extinta, ficou difícil transportar a
                  produção para a Capital, aquela fase de desenvolvimento e riqueza não
                  conseguiu manter-se, o declínio econômico, obrigou algumas famílias que
                  até então eram referência no comércio paraense saírem de Tauari para
                  aventurar-se em outras paragens mais promissoras.




     52                                                53
Início do povoamento.


    Mirasselvas: terra de Coronelismo
                                        No ano de 1879, aqui chegaram José e Mel Ferreira das Neves ( pai e filho)
                     e                  acompanhados do amigo Bento Pereira da Silva, vieram os três da Serra
                                        Grande ou do Ibiapaba, serra que é limite entre os Estados brasileiros Piauí e
           Escravidão negra.            Ceará, e por não ter nenhum impedimento, dividiram entre eles toda a
                                        extensão de terras que seus olhos alcançavam: Os Neves ficaram com a área à
                                        margem direita do rio Quatipurú e Bento apoderou-se das terras à esquerda
                                        do dito rio, ainda em nossos dias a área que coube aos neves é chamada
                                        colônia dos Neves.

                                              Bento Pereira da Silva homem de muitas falas, membro da Guarda
                                        Nacional e de patente comprada, com o passar do tempo tornou-se pessoa
                                        influente entre políticos e moradores das redondezas.

                                             Dentre os três Distritos que compõem o Município de Capanema, o de
                                        Mirasselvas foi o pioneiro em povoamento e em reconhecimento legal.

                                             Pelo Decreto nº 1512 de 20 de abril de 1908, Mirasselvas foi elevada a
                                        povoação, portanto podemos dizer que Mirasselvas é o Distrito Mãe do
                                        Município de Capanema visto que foi o primeiro a ser povoado e a existir
                                        legalmente.




Este é um relato do Sr. Smith.




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Origem do nome:

                                     Mirasselvas

         Os três amigos: José, Mel Ferreira e Bento Pereira da Silva deram início à
     povoação que nasceu com o nome de Cachoeira ou Cachoeira do Major
     Bento porque aos olhos dos moradores, a visão do Rio Quatipurú
     serpenteando entre os dois montes que eram de propriedade dos três
     moradores parecia ser uma cachoeira.

         Dizem que no transcorrer da colonização, uma pessoa estava debruçada
     sobre a janela de sua casa (possivelmente o Coronel Cezar Pinheiro)
     admirando a exuberância e beleza dos matizes, o colorido das copas das
     árvores que compunham a floresta que circundava a povoação de Cachoeira,
     quando passou uma pessoa e perguntou: o que estas fazendo? Ao que o
     outro respondeu – ESTOU MIRANDO AS SELVAS, daí o nome Mirasselvas.
     Ainda nos dias de hoje é muito bom parar no alto daqueles montes e beber
     com os olhos a beleza natural de MIRASSELVAS.

                 Mirasselvas foi terra de coronelismo, ali moraram e
           contribuíram no panorama político, na economia e no
           desenvolvimento social:

               1. Coronel José Felipe;

               2. Coronel Cezar Pinheiro;

               3. Coronel Aníbal Augusto Freire;

               4. Coronel Chilourico;

               5. Capitão Józimo;

               6. Major Bento (um dos fundadores de Cachoeira, hoje
                  Mirasselvas);

               7. Capitão Serzinato Ferreira da Silva;

               8. Capitão Nogueira.

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Curiosidades
     Além desses coronéis, major e capitães, Mirasselvas viveu também sob a
                                                                                   de
Influência de vários outros líderes políticos, porém os maiores acirramentos
ocorreram entre dois primos coronéis: Cezar Pinheiro radicado em
Mirasselvas e Leandro Pinheiro radicado em Quatipurú e dependendo do
                                                                               Mirasselvas.
resultado nas urnas, a sede do Município de Quatipurú ora estava em
Mirasselvas, ora em Quatipurú. Dessas atuações Mirasselvas foi palco de
alguns avanços e desatinos das ações políticas como: A Escola Magalhães
Barata prédio suntuoso que alguns anos depois cedeu lugar a outro que
ostentava o nome – Escola Reunida Cezar Pinheiro.




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1. Fidel, Ditador cubano é Quatipuruense?                                             Havia apenas um escravo que o encarava, era chamado de José
                                                                                 Pachiúba, um negro forte e alto comparado a uma Pachiubeira.
             O Sr. Smith nos conta que em 1943 a professora Nazaré Pereira o
chamou à secretaria da Escola e mostrou-lhe um livro de ponto escolar muito              Nota: O senhor Antônio Elizeu é o último bisneto do Coronel que ainda
antigo e falou: Simitinho nessa escola passou há alguns anos atrás uma           reside em Mirasselvas.
professora que seria sua parenta, o nome dela é Delfina Smith de Castro. Ele
                                                                                      3.E a última palavra não foi a do Coronel.
diz que hoje, depois de ler alguns artigos em jornais supõe que a referida
professora é a possível mãe de Fidel Castro presidente da República Socialista        As desavenças políticas entre o coronel Cezar Pinheiro e o major Bento
de Cuba, pois que ela teve um filho chamado Fidel nascido ás margens do Rio      eram freqüentes e conta o senhor Manuel Atanázio , que o coronel Cezar
Quatipurú no lugar chamado Bom que dói, próximo ao Curral Velho, área que        então intendente do Município de Quatipurú ia viajar para Belém para ter
hoje pertence ao Município de Tracuateua.                                        uma conversa com o governador, essa conversa poderia ferir politicamente o
                                                                                 major Bento que falou: ele não vai!
              Dona Delfina e seu marido (que se dizia peruano) mudaram-se
rumo ao Peru (não se sabe ao certo o lugar) juntamente com o filho Fidel              O trem chegou à estação às 05h30min, o major Bento já estava com seus
quando este tinha doze anos de idade, tempos depois ela escreveu à família       capangas, na esquina da Travessa Senador Lemos, (hoje em frente ao posto de
dizendo ter tido outros filhos: Raul e Juanita depois dessa carta nunca mais     saúde da Vila). O coronel veio de sua fazenda (hoje Malacacheta) também
souberam de Dona Delfina Smith de Castro.                                        com alguns capangas, porém não viu seu adversário e quando o trem parou na
                                                                                 estação, agarrou-se ao balaustre do vagão para subir, o Major Bento
Vale dizer: se o Fidel Castro que nasceu na povoação chamada Bom que dói é
                                                                                 sorrateiramente aproximou-se à retaguarda, atracou-se na cintura do coronel
o mesmo que governa Cuba, não sabemos, somente sabemos que já não
                                                                                 Cezar e os dois foram ao chão aos murros enquanto os capangas também
podemos constatar o registro de seu nascimento no Cartório de Registro Civil,
                                                                                 lutavam entre si, o maquinista vendo aquela escaramuça arrancou com o
pois segundo a memória popular, na época em que Janio Quadros presidente
                                                                                 trem de imediato e o coronel Cezar não viajou naquele dia e o Bento falou: eu
do Brasil condecorou Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do
                                                                                 disse que ele não ia.
Cruzeiro do Sul e, posterior atuação da Operação Condor, o Cartório em
questão foi incendiado.
                                                                                         Nota: De descendentes o Major Bento tem em Mirasselvas a família
2. Escravocrata sim senhor!                                                      do Sr. Antônio Elizeu Conhecido por Suíno.
         Sobre o coronel José Felipe, um dos coronéis radicados em
Mirasselvas conta-se que era um homem muito duro, e que em épocas de
chuvas quando os pastos ficavam enlameados, ele ordenava aos seus
escravos que deitassem um ao lado do outro formando uma grande passarela
humana e ele passava por cima deles para não sujar as botas na lama do pasto.

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Agricultor X Terra X Fibra = dinheiro a rodo.                           Em Belém construíram a Companhia Têxtil de Aniagem da Amazônia
                                                                                 conhecida por CATA, em Castanhal a Companhia Textil de Castanhal- C T C e
      As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o       aqui em Capanema tivemos a Tecelagem Nossa Senhora de Fátima, o cultivo
Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro      da malva e da Juta era bem aceito pelos agricultores porque além de ter
trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se   mercado certo eles poderiam ter duas culturas no ano plantando malva
dizia “banhar o cavalo a cerveja”.                                               depois feijão no mesmo roçado pois a terra ficava adubada com as folhas
                                                                                 apodrecidas da malva, aí era lucro certo.
                                                                                         Nessa época muitos produtos eram comercializados em sacas e as
                                                                                 fibras de malva ou juta eram necessárias nas tecelagens para a fabricação de
                                                                                 sacas para exportar os produtos que precisavam ser ensacados, como o café
                                                                                 brasileiro, também chamado ouro negro.
                                                                                                Porém entre as invenções tecnológicas apareceu a fibra
                                                                                 sintética e aquele período áureo da fibra da malva e juta perdeu espaço, daí
                                                                                 em diante passou a reinar as sacas de plástico.
                                                                                         Vale dizer: em Capanema os maiores postos no comercio da malva
                                                                                 foram – Sobral irmão, Cata e Tece Fátima.

                                                                                        Cavalo: o nosso outro




        As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o
Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro
trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se
dizia “banhar o cavalo a cerveja”.

         No Estado surgiram grandes companhias para beneficiá-la e outras
para financiar seu plantio e também para comprar a fibra, essas companhias
tinham posto de compra em toda a região, a malva foi rainha na lavoura e
praticamente todo agricultor plantava a malva e juta, uns em grandes roçados
outros em pequenos, mas todo mundo se envolveu com ela.


                                     62                                                                              63
Dos meios de transporte, o pioneiro por aqui foi o cavalo, ele era
solicitado para ir ao roçado, para carregar todo tipo de produção: a malva,
arroz, farinha, feijão, carregava a lenha para alimentar o trem e as cozinhas
das casas, carregava a madeira, palhas, telhas para a fabricação das casas,
                                                                                                      Capanema já foi mar?
todo tipo de carga pesada passava pelos lombos dele além de levar seus
donos a passear por longas distâncias inclusive para ir às festas.

        Quando acontecia um casamento o noivo ia num cavalo, a noiva toda
vestida de branco com a tiara na cabeça e o véu longo e esvoaçante ia em
outro, se a distância fosse grande os padrinhos e parente iam cada um em um
cavalo. Na volta os noivos voltavam juntos no cavalo do noivo e o cortejo vinha
atrás.

       Daí termos dois tipos de cavalos os de carga e os de passeio, mas foi o
cavalo de carga que ajudou os colonizadores a desbravar a terra, plantar,
produzir e transportar toda a riqueza produzida. Iniciou o desenvolvimento
desta terra e por muito tempo foi o único transporte usado em nossa região.
O agricultor teve também a ajuda do jumento, porém em menor escala.


                              Segurança.
                         Do início de nossa colonização até a publicação da
Constituição Federal do Brasil de 1988, o serviço de segurança era feito por
pessoas indicadas. O governador indicava um policial para chefiar a segurança
pública na sede do Município, esse delegado nomeava um homem que                  Há milhões de anos atrás em muitas áreas de nosso município existiam
gozasse de sua confiança e o investia no cargo de Comissário de Polícia, (em      grandes lagoas de água salgada, nessas lagoas a vida marinha era abundante,
Tauari e Mirasselvas havia o comissário), este escolhia seus auxiliares
                                                                                  tinham peixes de vários tamanhos, inclusive tubarões, tinham caranguejos,
chamados Agentes de polícia que trabalhavam, mas não tinham salário, então
o comissário cobrava taxas para manter a sobrevivência daquelas pessoas,          ostras, e sarnambis (depósitos de conchinhas). Com o passar dos séculos, o
cobrava pelo funcionamento de festas, de atestados de vida e residência, e        mar foi se afastando, as lagoas foram secando e como a água do mar é rica em
quando uma pessoa era detida por perturbar a ordem pública ou desabonar a         carbonato de cálcio esse cálcio foi se solidificando e formando o calcário que é
conduta de alguém, para ser libertado pagava uma taxa chamada carceragem          uma rocha rica ou quase que exclusiva em carbonato de cálcio, os ossos e as
e quando a pessoa em questão não tinha dinheiro, pagava com trabalho              conchas formaram fósseis que são encontrados facilmente nas atuais jazidas
disciplinar: entregavam-lhe um terçado e o detento ia roçar em local
                                                                                  de exploração de calcário pela CIBRASA.
movimentado sob os olhares e zombarias dos curiosos.


                                      64                                                                                65
Atualmente quem industrializa esse minério é a CIBRASA, porém temos
relatos que há vinte anos antes de se instalar aqui a Pires Carneiro (primeira                                                           As Paisagens Naturais.
companhia de exploração desse calcário), inaugurada em 1962, o senhor José
Cândido já beneficiava esse minério, fazia isso, de modo muito artesanal, ele                                             Paisagens vegetais: por estarmos próximos do Equador, região,
era queimado e depois peneirado, a parte fina era usada como cal e a grossa                                       portanto de baixa latitude, onde o calor é constante devido os raios solares
                                                                                                                  incidirem de modo quase que perpendicular sobre o solo, as temperatura
era usada como liga para rebocar as paredes das casas. A embalagem desses
                                                                                                                  aqui são elevadas durante todo o ano, a umidade também é muito grande
produtos era feita em paneiros forrados com guarimã. Como lembrança e                                             (mesmo nos período sem chuvas), e as chuvas são abundantes, aliado a um
testemunha dessa atividade extrativa artesanal temos ainda o forno: uma                                           relevo de planície ondular, a nossa vegetação é formada por vários andares ou
construção com tijolos à beira da BR-308 no quilômetro cinco ao lado direito                                      estratos de árvores com alturas diferentes. Daí termos paisagens vegetais
no sentido Capanema Bragança.                                                                                     diversificadas.
                                           Limites Geográficos.
    LOCALIZAÇÃO - O Município de Capanema está localizado na
microrregião Bragantina a nordeste do Estado do Pará ao norte do Brasil país
da América do Sul. Ocupamos terra em dois hemisférios apresentando as
seguintes coordenadas geográficas:

              1º 11 33” de latitude sul;

              47º 10 38” de longitude oeste.

        Este é o nosso endereço geográfico. Onde cruzam essas duas linhas no
globo terrestre aí está Capanema.

LIMITES:

Ao Norte: Município de Primavera e Peixe Boi;
                                                                                                                                 Paisagem dos campos Naturais no período de cheia.
Ao Sul: Município de Ourém;
                                                                                                                        Por ser área de terra baixa, no período chuvoso os nossos campos são
                                                                                                                  recobertos pelas águas e apresentam uma vegetação predominante de
Ao Leste: Município de Tracuateua;                                                                                água-pé, capim e junco, essa vegetação é cortada por muitos meandros
                                                                                                                  formados pelos rios e igarapés, sobre esses meandros vemos canoinhas que
Ao Oeste: Municípios de Bonito e Peixe Boi.                                                                       levam pessoas a passear, a transportar mercadorias ou utensílios de
                                                                                                                  trabalho, (nesse período o único meio de deslocamento entre as ilhas
                                                                                                                  campineineira são as canoas) nesses meandros tomamos banho, pescamos,
                                                                                           Marco Zero (Macapá )   (a diversidade e quantidade de peixes é muito grande)além disso em nossos
                                                                                                                  campo podemos observar vários tipos de aves como garças do tipo pequeno
                                                                                                                  e grandes, cantaú, carão, ciganas, araçari, galinhas-d'água, ariranha, jabutis,
10
     - Equador é a linha imaginária que divide a terra nos dois hemisférios: norte e sul                          sucuris, jibóias, Camaleão, tijú-açú, perema, e outros animais.
11
     - Greenwich linha imaginária que divide a terra nos hemisférios: leste e oeste.

                                                             66                                                                                         67
No início e término do dia acontece um espetáculo deslumbrante em              No período de estiagem das chuvas, a paisagem natural muda
nossos campos: são as revoadas dos pássaros que alegram os olhos e põe a       completamente, as águas desaparecem dos igarapés, o solo seca ao ponto de
alma em festa de qualquer observador. Temos toda essa riqueza porque os        rachar em alguns trechos, do que era um mundo de água restam apenas
campos é área de berçário, aliás, é um dos maiores berçário na região. Na      algumas poças, muitos peixes morrem outros migram para o Lago do Segredo
piracema os peixes vão para lá desovar, é berçário também de muitas aves que   assim como outros animais vão à busca de água e de vegetação verde, as
lá vão fazer seus ninhos, assim como também os répteis. A visão dos nossos     canoinhas são recolhidas, não tem mais o vai-e-vem de canoas, várias aves
campos se compara ao Pantanal Mato-grossense na pujança de vida animal e       pescam os poucos peixes que ficaram retidos nas poças d'águas chamadas
vegetal.                                                                       lagoinhas, agora as pessoas caminham por longas distâncias a pé seco, em
                                                                               áreas onde até pouco tempo a água cobria, é também o período da caça aos
         Paisagem dos Campos em períodos de estiagem.                          quelônios que restaram, agora quando o vento sopra, levanta-se uma nuvem
                                                                               de poeira negra, é a lama seca do leito do igarapé que está sendo levada pelo
                                                                               vento e senta nas folhas da vegetação que margeia aquela imensidão de lama
                                                                               estorricada.

                                                                                                         A paisagem de várzea e igapós.

                                                                                       Nas áreas de Várzea e Igapós a vegetação é bem mais alta, lá é o
                                                                               domínio dos buritis, açaizeiros, andirobeiras, assacus, marachimbés, ananis e
                                                                               muitos outros é lá que se encontram também as bromélias, as orquídeas e
                                                                               borboletas e assim como os campos, durante o período de chuvas é inundado
                                                                               pelas águas dos igarapés e das chuvas e,quando chega o estio, a maioria das
                                                                               áreas dos igapós apresenta solo pantanoso mas a biodiversidade tanto num
                                                                               como noutro é grande.

                                                                                                            Paisagem de Terra Firme.

                                                                                       Terra Firme é o relevo mais elevado de nossa planície, essa região fica
                                                                               fora do alcance das inundações periódicas e nela se encontram as árvores de
                                                                               maiores portes e as mais exuberantes. Em nosso Município a mata primitiva
       Quando chega o período de estiagem a vegetação fica ressequida pela     de terra firme é muito reduzida, conseqüência da ação de desmatamento que
falta de água e morre. A sobrevivência dos peixes e animais fica               vem sendo feito desde o início da colonização, mas ainda temos algumas
comprometida e antes que os campos sequem totalmente a grande maioria          espécies como as Samaumeiras, árvores nativas da Amazônia e também
deles migram em busca de água e vegetação viva e espessa, assim os peixes      madeiras de lei como o cedro, pau d'arco, jarana, cumaru etc.
chegam a lagos como o Lago do Segredo e dos rios, outros animais atingem o
relevo mais alto chamado terra firme domínio das grandes árvores, quando o              A nossa vegetação é bastante diversificada, nela encontramos
período de chuvas voltar eles retornarão aos campos outra vez para o período   árvores, cipós, flores e plantas rasteiras que são remédios milagrosos contra
de reprodução, mas é bom ressaltar que muitos dos que foram não voltarão       doenças que acometem nosso corpo, além disso, tanto na mata de igapó
porque foram caçados, pescados ou aprisionados para alimentar os
                                                                               quanto na de terra firme temos árvores que nos dão frutos que além de
habitantes da região ou por terem sido vítimas da ação predatória de outros
animais além dos humanos.                                                      estarem entre os mais saborosos são também muito nutritivos e quando


                                    68                                                                               69
ingeridos regularmente tornam nosso corpo forte contra doenças
dando-nos vida longa e são também fontes de juventude pois previnem
contra a velhice precoce, vejamos alguns desses fruto que são nativos de
nossa região.




                                  70
Capanema: minha terra, nossa gente e sua história
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Capanema: minha terra, nossa gente e sua história

  • 1.
  • 2. Terezinha de Jesus Sousa Capanema Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) ________________________________________________________ S725 Sousa, Terezinha de Jesus Capanema: minha terra, nossa gente e sua história / Terezinha de Jesus Sousa. – Minha Terra, nossa Capanema: Gráfica Vale, 2010. Gente e sua História. ISBN: 978-85-911260-0-2 1.Capanema (PA)-História. I. Título. CDD – 20.ed.: 981.15 ________________________________________________________ Email: tecajsousa@yahoo.com.br Capanema 2010
  • 3. Agradecimentos. HOMENAGEM: Àquele que é ¢ëöá êáé ÙìÝãá Expresso também minha gratidão a todos que acreditaram ser possível Ao primeiro centenário da Cidade de Capanema. resgatar a história da luta de nossos antepassados na construção deste Aos guerreiros da educação deste município; Município ou pelo menos parte dela. Foram muitos que colaboraram, além Aos estudantes que buscam entender este rincão; dos nomes que estão registrados ao longo da apresentação deste trabalho À minha irmã; quero registrar também a colaboração dos lutadores: Sobrinhas, Sobrinhos e 1. Professor Daniel Lima; Primas. 2. Professor João Watanabe; 3. Professora Madalena Oliveira; 4. Professora Maria Creuza da Silva e Silva; 5. Professora Rosilda Dax; 6. Sr. Antônio Kauati; 7. Sra. Walmeire Melo; 8. Sr. Clóvis Almeida; 9. Sr. Waldir Campos;
  • 5. Apresentação Há cem anos, nossa Capanema recebeu seu primeiro documento de existência, foi uma Lei de Nº 1164 datada de 05 de novembro de 1910, nela está escrito que a atual Cidade de Capanema passava e ser uma povoação, e para comemorar esse marco singular para nós, filhos desta terra, filhos de nascimento ou de opção, juntamo-nos para expressar o nosso muito obrigado a Capanema e expressar nossa gratidão e amor, então resolvemos juntar neste livro um pouco de suas paisagens e passos dos que fizeram dessas plagas a região desenvolvida e acolhedora que é hoje e registramos também um pouco de nossas crenças e lendas. Para isso, coletamos, alguns relatos do nosso povo, alguns testemunhos, algumas pesquisas, e de posse disso tudo, fizemos este livro que é o registro da saga de nossos antepassados, como forma de deixar neste centenário, documentada um pouco de nossa história que nada mais é do que o caminhar e o agir dos que resolveram fazer de Capanema o seu pedaço da pátria mãe. Reconhecemos que não é uma obra-prima, nem tão pouco uma obra acabada, mas foi o que conseguimos no momento, porém dizemos aos leitores e estudantes que nos esforçamos para registrar o máximo possível de nossa história para a festa deste centenário e esperamos que estejamos contribuindo para o entendimento e futuro aprofundamento de nossa história. Queremos também dizer que dedicamos este livro de modo especial às nossas crianças, estudantes de 1ª a 4ª séries, pois é fato que no curso de ensino fundamental a pesquisa sobre nosso Município ainda é muito exígua, e os livros didáticos usados em nossas Escolas geralmente retratam regiões de culturas, linguagens, hábitos tradições e toda uma identidade, diferente da nossa região e, foi também querendo diminuir um pouco o tamanho dessa lacuna que escrevemos: CAPANEMA: minha Terra, nossa Gente e sua História e o apresentamos a você para ser lido, e julgado sob a ótica da complementação de nossa história segundo uma visão crítica e analítica do que fomos, o que somos e o que seremos como povo pois que com uma contribuição mais ampla poderemos entender e redefinir melhor a construção de nosso Município. Professora Terezinha Sousa. 09
  • 6. Espanha a tomar posse da terra descoberta enviando expedições de PRELÚDIO DE NOSSA HISTÓRIA. reconhecimento, de exploração e militares para expulsar os “invasores” erguer fortes e fundar povoações para assegurar o domínio nas terras. Além No século XV, os europeus que buscavam um caminho que os disso, aqueles povos Instalaram também o sistema de pirataria: alguns levassem às Índias navegando as águas do oceano Atlântico, descobriram a existência de terras até então desconhecidas. Nessa época destacam-se cidadãos de posse de embarcações e marujos passaram a patrulhar as águas destemidos marinheiros como Cristóvão Colombo1 e exploradores que do Oceano Atlântico. Atacavam e saqueavam as embarcações que vinham ambicionavam encontrar riquezas em terras distantes da Europa como o El tanto das Índias quanto das América, que eles sabiam estarem carregadas de dourado, outros vinham para analisar e pesquisar a natureza pródiga do novo riquezas; tudo isso muitas vezes com incentivo e apoio financeiro dos mundo do qual tanto se falava na Europa e cujas informações eram divulgadas monarcas de seus países. por marinheiros e escritores como é o caso de Américo Vespúcio que além de piloto era homem culto e sabia anotar tudo o que via, escrevendo com A expulsão dos invasores e início do povoamento no norte do Brasil vivacidade e clareza, legou-nos cartas que fizeram sucesso e correram pela (do Maranhão ao Amapá), ocorreu durante a União Ibérica, período Europa. compreendido entre 1580 a 1640 durante o qual ocorreu a unificação das Américo Vespúcio, observador arguto, notou, revelou e registrou monarquias ibéricas (reinos de Espanha e Portugal) sob a direção da coroa antes que nenhum outro que entre a Europa e a Ásia havia um continente até espanhola. então não revelado ao Velho Mundo. A grande quantidade de riquezas, que chegava à Espanha Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiere, conquistador frances, fundou a (principalmente minerais vinda da América) e a Portugal (vinda das Índias Cidade de São Luís do Maranhão (única capital brasileira fundada pelos com a exploração do comércio das especiarias), enriqueceu sobremaneira franceses), estabeleceu alianças com os Tupinambás que povoavam aqueles países que resolveram assinar entre si um acordo chamado TRATADO amplamente as margens dos rios e partiu para conquistar a Amazônia saindo DE TORDESILHAS que dividiu o mundo entre eles, acordaram que toda terra de São Luís ( Maranhão) a 8 de julho de 1613, rumo a aldeia do descoberta ou por descobrir situadas a 370 léguas a oeste do Arquipélago de caeté(Bragança). Cabo Verde (Continente africano), pertenceriam a Espanha e, as localizadas a oeste pertenceriam a Portugal e, segundo esse tratado quase toda a Amazônia brasileira incluindo Capanema pertenceria à Espanha. A 17 de agosto do mesmo ano dirigiu-se para a aldeia de Meron (Maracanan) com apenas 40 (praças) soldados, 10 marinheiros e 20 chefes de Esse acordo não agradou a muitos povos europeus como: ingleses, franceses e holandeses e, a exemplo dos países ibéricos tentaram invadir e explorar tribo indígenas. partes das terras descobertas, eles diziam não ser justo que apenas Portugal e Em Meron embarcou mais índios e franceses e seguiu para a aldeia de Espanha tivessem direito a elas, pois que Deus ao criar o mundo não o teria dividido entre aqueles dois países, portanto não reconheciam o direito de Tabapará (Vigia) depois para o Rio Pará indo até o Araguaia onde fincou a Espanha e Portugal sobre o continente e, em 1605 deram início à ocupação do Bandeira da França. território da Guiana e a partir daí tentaram instalar-se em vários outros pontos do Brasil (Capitania do cabo Norte atual Amapá), além de outros pontos do Continente Americano: franceses, holandeses e ingleses fundaram 1 - Segundo a história foi o primeiro europeu a chegar ao continente americano ou novo mundo. colônias na América do Norte, Central e Sul, o que levou Portugal e 10 11
  • 7. Os portugueses liderados por Alexandre Moura expulsaram os ?de La Touche, Senhor de La Ravardière, foi rendidos aos Daniel franceses do Maranhão e organizaram uma expedição militar para combater portugueses no Araguaia. e expulsar os holandeses e franceses da região e também ocupar as terras. Essa expedição ficou sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco que ? Marieta (Maracanã) tem essa denominação desde nove de A Ilha de partiu para guarnecer o litoral norte brasileiro do Estado do Maranhão à foz fevereiro de 1622 quando ali foram sinalizadas as 50 léguas marítimas do Rio Amazonas. a oeste do Rio Turiaçú que figurava nos limites da Capitania do Gurupi. Na Baía de Guajará, a 40 léguas distante de Maracanã foi erguido um forte de madeira chamado Presépio, hoje Forte do Castelo, que deu origem à Nossa Capitania Hereditária. Cidade de Nossa Senhora de Belém atual Capital do Estado do Pará fundada em 12 de janeiro de 1616. Depois da expulsão dos franceses, ingleses e holandeses que haviam se fixado no norte (dessas invasões originaram-se as três Guianas) do nosso Vale dizer que: país, foi feito o reconhecimento das áreas que tinham rios que permitissem a ? Ibérica favoreceu o processo de expansão portuguesa na A União passagem de invasores para o interior, essas áreas foram divididas em Amazônia posto que quando do término dessa união, com a Capitanias e, fundados povoados e fortalezas em pontos estratégicos para restauração da autonomia portuguesa, o processo de ocupação defender a propriedade das terras para Portugal. Lusitânia na Amazônia estava avançado e consolidado. De acordo com essa divisão, o Município de Capanema, fazia parte da ? através do Tratado de Madrid, a Espanha reconheceu Em 1750, Capitania do Gurupi. Essa Capitania foi criada pelo rei Felipe III da Espanha e formalmente o direito português sobre a vasta região Amazônica. doada a Gaspar de Sousa através da carta de 9 de janeiro de 1622. Sua área era de 50 léguas de costa marítima com 20 de sertão, e compreendia as terras Os Tupinambás que eram aliados dos franceses receberam bem os ? localizadas do Rio Turiaçú no Maranhão a Ilha de Marieta (Maracanã) no Pará. portugueses, porém as relações amistosas foram curtas devido aos Portanto além do nosso município constituíam a Capitania de Gurupí: os abusos cometidos pelos portugueses contra os indígenas (abusos atuais municípios de Bragança, Quatipurú, Primavera, as terras de São João morais incluindo escravidão). Os Tupinambás resolveram então de Pirabas e Bonito. expulsar os lusitanos da região. Invadiram Belém em sete de janeiro, comandados pelo cacique Guaimiaba (Cabelo de Velha), porém Bragança _ Segundo o relato do capuchinho francês Padre Ives foram abatidos e, com a morte de Cabelo de Velha, bateram em D´Evreux, foi em terras hoje bragantinas que os Franceses se refugiaram em retirada. 1612 acossados por Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque quando expulsos do Maranhão mas, a primeira povoação considerada é Souza do A fundação de Belém na embocadura do Rio Amazonas permitiu aos ? portugueses o efetivo controle da navegação fluvial que comunica o Caeté fundada por Álvaro de Sousa possivelmente em fevereiro de 1634. rio-mar ao Oceano Atlântico. Foi o primeiro passo importante dos portugueses em suas ações de posse da região. Quatipurú – originalmente foi fundada a povoação denominada Valentim com data incerta, porém segundo Saturnino Marques da Costa2 no ? Sol na Ilha de Mosqueiro (1633) e a aldeia de Joanes na Ilha A Baía do ano de 1653 já se contava com 13 casas que abrigavam 78 habitantes vindos de Marajó (1655) foram indicadas para ser a sede administrativa da expulsos da então Sousa do Caeté3 por divergências políticas com o novo Capitania do Grão- Pará. donatário da Capitania do Gurupi. 2 - Conhecido por Tio Satuca. ? Militar de Maracanã (Meron) foi o mais antigo núcleo A base 3 - Atual Cidade de Bragança. povoamento fluvial Frances. 12 13
  • 8. Capanema _ tem fundação mais recente que os municípios acima A Lei de nº 1.802, de 04 de novembro de 1919 que elevava Capanema citados, mas quanto área de possessão tem a mesma origem, nasceram sob o não apenas a Vila, mas também a transformava em sede administrativa do nome: Capitania do Gurupi, os colonizadores também tem a mesma origem Município de Quatipurú, não agradou aos quatipuruenses, eles não acataram foram os portugueses açorianos, espanhóis, libaneses africanos e sobretudo a Lei, não aceitavam que Quatipurú perdesse a condição de sede e voltasse a nordestinos que ao longo dos anos construíram cada um desses municípios figurar no cenário político administrativo simplesmente como Vila, e ser com peculiaridades próprias e rumos históricos diferentes. administrado por uma vila que sempre fora seu distrito e também não aceitavam que outra figura política surgisse para contrapor-se ao Coronel A VILA DE CAPANEMA É SEDE DO MUNICÍPIO. (Leandro Pinheiro) que dominava a região, então, organizaram-se em grupos armados para defender a autonomia política e administrativa de Quatipurú, No ano de 1753, Bragança foi elevada à categoria de Vila e fazia parte fizeram barricadas e esperaram os defensores de Capanema liderados por de sua ação administrativa terras que atualmente constituem vários João Eustaquilino Pessoa. Depois de lutas armadas e políticas, os municípios entre eles Capanema (que não era povoada) e Quatipuru que capanemenses saíram vitoriosos e no dia 07 de março de 1920 Capanema estava sendo povoado antes dos anos de 1655 e, que conquistou sua festejou a instalação da Vila e da nova sede municipal: CAPANEMA passa a autonomia política e administrativa em 1879. condição de sede do Município de Quatipurú. Por imposições políticas, em 27 de dezembro de 1930 a denominação Com o surgimento do novo município no território Paraense: QUATIPURÚ e, com a nova divisão territorial, Capanema passou a fazer parte Capanema dada a nossa Cidade foi substituída por Siqueira Campos e com desse Município, sendo elevada a condição de Vila e sede do Município de essa denominação permaneceu até o ano de 1938. Quatipurú, no dia 04 de Novembro de 1919. Dentre as Povoações e Vilas do Município de Quatipuru, a que atingiu maior desenvolvimento foi Capanema, pois que por aqui passava a Estrada de Ferro, o que possibilitou o desenvolvimento do comércio local, com o interior, as Vilas vizinhas que já estavam interligadas por ramais embora bastante precários e a cidade de Belém. A vinda dos imigrantes estrangeiros e nordestinos radicados aqui melhorou consideravelmente, agora já se podia adquirir com mais facilidade produtos básicos para a sobrevivência, já podíamos melhorar e variar a alimentação, obter produtos como açúcar, batatas, Charque, sal, louças, tecidos, perfumes produtos de limpeza, material para construção, remédios, etc. 4 - Um dos militares da Revolução de 1930. Vale dizer – os ramais que interligavam as colônias e municípios vizinhos foram abertos a machado e facão, aterrados e aplainados a braço por trabalhadores denominados de CASSACOS. 14 15
  • 9. O REGATÃO Nesse período de nossa história destacou-se um personagem muito interessante e que era esperado com ansiedade no interior de nossa região: era o REGATÃO, homem que percorria longas distâncias carregando em lombo de cavalos, em barquinhos, ou nos próprios ombros uma espécie de mochilas chamadas canastras, naquelas canastras ele levava de um tudo: pedaços de tecidos chamados “cortes”, botões, agulhas, barbantes, linhas, perfumes, sapatos, espelhos, rouge, batons, fitas, remédios, uma infinidade de coisas e, ele fazia o comércio na base do escambo: trocava os produtos que levava por produtos que os fregueses tinham como galinha, patos, porcos, farinha, ovos, feijão etc. e quando chegava na cidade ele trocava tudo por dinheiro para comprar novos produtos e retornar novamente. Com esse trabalho realizado com sacrifícios, (pois além de enfrentar as intempéries do tempo, vencer grandes distâncias, passar muito tempo para vender sua mercadoria e ficar longo tempo longe de sua família), muitos Regatões conseguiram juntar algum dinheiro e fizeram fortuna. Vale dizer: Fazendo o comércio entre a capital e o interlan paraense existiu também o caixeiro viajante. 16 17
  • 10. Governantes: Em 1863, chegou em Quatipurú o Coronel Leandro Pinheiro vindo de Vizeu, candidatou-se a intendente, venceu o pleito e passou a governar Quatipurú a quem era subordinada a área territorial de Capanema. Quatro anos depois nova eleição foi realizada vencendo dessa vez o Coronel Cezar Pinheiro que levou a intendência para Mirasselvas, lá permanecendo até o ano de 1873, quando o Coronel Leandro Pinheiro conseguiu vencer levou a sede do governo de volta para Quatipurú lá permanecendo por mais por menos 36 anos. No ano de 1900, o território foi anexado ao de Bragança, sendo restaurado dois anos depois. O último intendente foi o Coronel Leandro Pinheiro, deposto pela Revolução de 1930. Após essa Revolução tivemos os interventores (eram nomeados): 1. Padre José Maria do Lago; 2. Sr. João Eustaquilino Pessoa; 3. Major Horácio de Figueiredo; 4. Dr. Euclides Cumarú; 5. Sr. Ciriaco Oliveira; 6. Sr. Manoel Aires da Silva; 7. Edgar Dantas de Vasconcelos; 8. Juvenal Leal; 9. Sr. Custódio Ferreira. 10. Sr. Felipe Silva; 11. Sr. Raimundo Neves; 18 19
  • 11. + Nome Ano Prefeitos Municipais e Interinos 26 Adalberto do Espírito Santo Ferraz de Lima 1991 Interino 27 Frederico Carlos Abdon Braun 1991 Interino Nome Ano Prefeitos Municipais 28 Maria do Céo Maciel Coutinho 1992 Interina e Interinos 01 Felipe Antonio da Silva 1948 Prefeito 29 Dr. Jorge Neto da Costa 1993 Prefeito 02 Raimundo Maurício da Silva Neves 1951 Prefeito 30 José Fernando da Silva Mendes 1993 Interino 03 Jorge Wilson Arbage 1955 Prefeito 31 Francisco Ferreira Freitas Neto 1997 Prefeito 04 Joaquim Rodrigues da Silva 1955 Prefeito 32 Eslon Aguiar Martins 2001 Interino 05 Maria do Céu Alves Leite Interina 33 Dr. Jorge Neto da Costa 2001 Prefeito 06 Jorge Wilson Arbage 1959 Prefeito 34 José Alexandre Buchacra de Araújo 2002 Prefeito 07 Miguel Aissar Anaisse 1963 Prefeito 35 Francisco de Oliveira e Silva 2004 Interino 08 Hugo Travassos da Rosa 1967 Prefeito 36 José Alexandre Buchacra 2004 Interino 09 Inácio Ferreira da Silva 1967 Interino 37 Francisco de Oliveira e Silva 2004 Interino 10 Miguel Aissar Anaisse 1971 Prefeito 38 José Alexandre Buchacra 2005 Interino 11 Francisco de Freitas Filho 39 Eslon Aguiar Martins 2009 Prefeito 1973 Prefeito 12 Jaime Nascimento 40 Antonio David Peixoto Pinheiro 2009 Interino 1973 Interino 13 Jaime Nascimento 1974 Interino 14 Raimundo Rodrigues Moreira 1974 Interino 15 José Pinheiro da Silva 1974 Interino 16 Jaime Nascimento 1975 Interino Maria do Céu 17 Jaime Nascimento 1976 Prefeito 18 Herbert Matos Veríssimo 1977 Prefeito 19 Júlio Maciel Batista 1977 Interino 20 Jaime Nascimento 21 Francisco Gomes Reinaldo 22 Edmilsom Lopes Acácio 1983 1986 1989 Prefeito Interino Prefeito Ayres Leite 23 Frederico Carlos Abdon Braun 1989 Interino 24 Djalma Durval de Melo 1989 Interino 25 Frederico Carlos Abdon Braun 1990 Interino 20 21
  • 12. Os símbolos que representam ou evocam nosso Município. 1. NOSSO HINO Letra e música: Professora Rosalina Favacho. Oficializado pela Lei nº 6.014 de 14 de junho de 2002. Foste chamada Siqueira Campos Há alguns anos atrás, Cidade com habitantes Que têm coragem até demais Vigor e energia, inteligência eficaz Povo sadio e altaneiro É tradição de brasileiro As tuas matas verde cinzento E o teu povo a educar A cultura aqui de expande Analfabeto em ti não há Na ligação norte nordeste Tomaste o primeiro lugar Mostraste ao viajante Grande riqueza que em ti há Guardaste teu solo fértil Pra dar ao povo varonil Construção de edifícios Isto é Cimento do Brasil Capanema está vibrando Se destacando no Pará Os jovens e os adultos Sempre unidos a trabalhar. 22 23
  • 13. A AVENTURA EM VIAJAR Em 1938, viver aqui já se gozava de relativo conforto, embora não tivéssemos estrada de rodagem (o único transporte com motor que tínhamos aqui era o trem) já se vislumbrava algum desenvolvimento social e econômico. Com os trens passamos a ter ligação com mais facilidade entre todo o nordeste paraense e a capital do Estado, embora uma viagem de trem entre Belém e Bragança durasse de 12 a 15 horas e eles fizessem esse percurso apenas duas vezes por semana, isso era um avanço muito grande visto que até então para chegarmos à Belém por exemplo, o roteiro da odisséia era assim: cavalgávamos até Mirasselvas de lá navegávamos o rio Quatipurú num barquinho chamado casco ou montaria até a Vila de Quatipurú, chegando lá tínhamos que esperar a chegada de um barco maior que tivesse calado suficiente para navegar o oceano Atlântico. Então ficávamos em Quatipurú o tempo necessário e como não existiam pousadas ou hotéis recorríamos aos quatipuruenses para nos abrigar lavar nossa roupa e nos alimentar, em outras palavras, passávamos um tempo convivendo com aquela família, portanto, uma viagem de Capanema a Belém durava muitas vezes mais de uma semana e em barcos sem cobertura. Com o funcionamento dos trens o Rio quatipuru perdeu enormemente a importância na navegação, agora viajávamos de trem que era muito mais confortável e a viagem era rápida. Essa mudança também contribuiu sobremaneira para o refluxo político, econômico e social da Vila de Quatipurú. Vale dizer: A Estrada de Ferro de Bragança trouxe o desenvolvimento para as Vilas e localidades que a margeavam em detrimento das Vilas litorâneas e ribeirinhas. 24 25
  • 14. LÁ VEM O TREM! A CHEGADA DO TREM ERA PAI D'ÉGUA A Ferrovia cortou nossa Cidade de oeste para leste e, trouxe para nosso Município muitas gentes vindas principalmente do nordeste brasileiro. Na hora da chegada do trem a expectativa era enorme. Quando de longe ele apitava, fazendo a terra tremer, soltando pelos ares fuligem e fumaça, anunciando sua chegada, as pessoas adultas, crianças, vendedores, carregadores, todo mundo saía rumo à Estação para ver o trem chegar ou ganhar algum dinheiro, e o que se via era uma multidão em ação, era uma festa: gente correndo para ocupar lugar no assento, outras descendo, pais e mães gritando por seus filhos, gente que soltava foguetes para avisar à comunidade ou à família distante a chegada de alguém que estava sendo esperado, crianças correndo, gente procurando por alguém, estivadores trazendo mercadorias para embarcar, outras sendo desembarcadas, desciam grandes amarras de papel - eram os últimos números do jornal Folha do Norte, da Província do Pará, da Folha da tarde, da revista O Cruzeiro que traziam as notícias mais atuais do momento: era o manequim, o gibi, os periódicos (foto-novelas intitulado Grande Hotel), que chegavam para o deleite das jovens moças senhoras e crianças, eram os vendedores de guloseimas adentrando o trem uns, com pipocas em sacos multicoloridos e brilhantes, outros com doces arrumados em embalagens bonitas aos olhos de 26 27
  • 15. Ouricuri, Capanema, Garrafão, jaburu e soldadinho entre outros. Mas, ERA UMA VEREDA DE BOIADEIROS. por aqui passavam peões que tangiam bois do Maranhão para Quatipurú e regiões circunvizinhas formando caminhos chamados veredas de boiadeiros, mais tarde um desses boiadeiros chamado Antonio Jerônimo escolheria essa região para morar. Vale dizer: a) Quando os colonizadores chegaram, os índios tiveram que ir para o interior das matas, contudo muitas tribos indígenas reagiram a essa expulsão. Na região norte do Brasil, tivemos guerreiros que tentaram organizar as nações indígenas para lutar contra os invasores, nessas lutas destacaram-se os caciques: Ajuricaba em Manaus e o Guaimiaba aqui em nossa região (Maranhão e Pará), Guaimiaba era também chamado Cabelo de Velha por ter cabelos longos e loiros. b) Não sabemos se Guaimiaba era de origem indígena ou se fora alguma criança européia criada pelos índios. Se tivéssemos registrado em uma foto aérea o território onde está edificada nossa Cidade em meados do Século XIX, ou por volta de mais ou menos 1800, seria impossível identificarmos a Capanema que conhecemos hoje porque nada está como era nem mesmo no aspecto natural, o relevo era constituído de pequenos montes de terras separados entre si por grandes áreas baixas cortadas por pequenos igarapés que formavam pântanos ou igapós e quanto à povoação era inexistente, não conhecemos nenhum registro de pesquisa nem relato que aqui tenha havido aldeias de índios. Vamos saber da presença de tribos como os Tupinambás, Caetés, Potiangas, Urubus, em regiões mais afastadas de onde é hoje nossa Cidade, eles moravam às margens de Rios maiores: Caeté, Quatipurú e Peixe-Boi, rios navegáveis durante o ano todo o que permitia a navegação e eram muito ricos em quantidade e diversidade de peixes, aqui tínhamos apenas as nascentes desses rios, os igarapés: 28 29
  • 16. O NASCIMENTO DE NOSSA CIDADE. Foi o próprio Senhor Antonio Jerônimo de Barros que em entrevista para o jornal A Província do Pará do dia 26 de setembro de 1954 quem declarou já ter percorrido esta região tangendo gado e afirmou ser um dos primeiros moradores de Capanema chegando aqui em 1907. Devido essa afirmação, alguns autores consideram Antônio Jerônimo o primeiro morador da Cidade de Capanema entretanto temos notícia de que antes desse ano já tinham famílias morando aqui, uma dessas famílias é a do senhor Antônio Joaquim da Silva avô do Sr. Jaime Nascimento ex prefeito do Município de Capanema que chegou em 1906. Antônio Jerônimo de Barros era natural de Baturité (Ceará), aqui chegou com sua esposa dona Luzinha vindo de barco até Bragança e dali saiu procurando terras onde pudessem erguer moradia. Aqui chegando possivelmente no mês de julho. Ergueram sua casa coberta com palhas no local onde funciona hoje a Estação Rodoviária Felipe Iglésias. No mesmo ano (1907), chegaram outras famílias nordestinas que assim como Antônio Jerônimo, também vinham fugindo das secas inclementes que periodicamente assolavam o sertão, eram as famílias do Senhor João Rodrigues, conhecido como João Grande, Família Juvêncio e Queiroz entre outras. Depois da morte de Dona Luzinha, Antônio Jerônimo casou-se com sua cunhada, dona Adélia e foram morar em outra casa no local onde hoje está edificado o Posto da Texaco ao lado da Estação Rodoviária Felipe Iglesias na Avenida João Paulo II com a Av. Barão de Capanema. Foi esse o nosso marco: uma casinha de taipa, coberta com palhas que se multiplicou por muitas outras e no dia 08 de dezembro de 1933, foi elevada à categoria de Cidade: Cidade de Siqueira Campos, depois, em 1938 -CIDADE DE CAPANEMA. 30 31
  • 17. Depoimento de Alfredo Oliveira. Quando cheguei, em 1917, vindo de navio até Belém como tantos outros nordestinos, encontrei esta Cidade povoada apenas em alguns trechos da Avenida Barão de Capanema: nas proximidades da Estação Ferroviária; na Rua Barão do Rio - Branco: da Igreja do Sagrado Coração de Jesus à Rua D´Jalma Dutra e na Avenida João Paulo II, da Estação Rodoviária até a Passagem Cruzeiro. O restante era tudo mata, capoeira, igarapés e igapós de onde tirávamos lenha, frutos, caça, tomávamos banho e pescávamos. A Avenida João Paulo II naquela época era chamada Rua de Igarapé-Açú e dividia os dois Municípios: da atual Estação Rodoviária para o leste eram terras do Município de Quatipurú e para oeste, as terras pertenciam ao Município de Igarapé- Açú, o nosso cemitério era localizado mais ou menos onde é hoje o Estádio de Futebol Leandro Pinheiro, e a Igreja católica, ficava na Passagem Cruzeiro, portanto, o cemitério e a Igreja (Nossa Senhora do Carmo) ficavam em território de Peixe-Boi Município de Igarapé-Açú. Nessa época não havia Igreja Evangélica aqui. Toda a área onde está o Fórum, aqui a Casa Oliveira, Bradesco etc. era um grande pantanal provocado por um córrego que vinha do local onde é hoje a Radisco Magazine. Escolhi esse pantanal para erguer nele a minha propriedade, eu reconhecia o grande esforço que seria vencer aquele lamaçal cheio de aninga, mas estava bem localizado, era próximo à Estação do Trem e, era livre, não estava sendo cobiçado por ninguém e aqui fiquei. Naquela época o comércio se resumia nuns poucos botecos, e tabernas6 e a carne era vendida aos domingos sob um cajueiro. Com a vinda de novos colonizadores é que o povoado foi crescendo, construiu-se Nota – Alfredo Oliveira era maranhense e se destacou no comércio capanemense, a primeira Igreja católica cercada de paxiúba e coberta com cavacos7 onde hoje está o deixando seu nome registrado em uma loja de material de construção: Casa Oliveira. prédio da Caixa Econômica Federal e, a Prefeitura que era chamada Intendência, foi erguida em frente à atual Igreja Matriz. 6 - Tabernas - eram mercearias que vendiam todos os produtos necessários ao nosso consumo da farinha ao tabaco. 7 - Cavacos – eram pedaços de madeira tirados de toras de árvores a facão para cobrir casas. Muitas foram as transformações operadas em nossa Cidade de 1917 até nossos dias, transformações advindas do esforço dos colonizadores que para cá vieram principalmente nordestinos, portugueses, libaneses, espanhóis, e japoneses que vieram a partir de 1930. Esses povos deram origem ao povo capanemense. 32 33
  • 18. Essa equipe ficou acampada às margens de um rio e quando as Por que te chamam Capanema? pessoas se referiam àquele local chamavam Capanema, diziam: vou à Capanema, passei por Capanema etc., pois era do conhecimento de todos que aquela turma era chefiada pelo Barão de Capanema embora ele não estivesse alojado ali (não temos registro da presença do Barão em nosso Estado do Pará). Com o tempo a tradição desse nome foi incorporado ao rio, Rio Capanema, e dali se estendeu à povoação que se formava mais para leste daquele alojamento. Contudo o nome Capanema dado à nossa Cidade e Município não foi referência intencional a ele, somente a Avenida Barão de Capanema é homenagem direta ao brasileiro nascido nas Minas Gerais- Guilherme Schuch – o Barão de Capanema. Mas existem pessoas que por não conhecerem nossa história insistem em associar o nome Capanema ao significado da língua tupi, porém isso é errôneo mesmo porque se tivermos um pouco de discernimento e analisarmos o aspecto natural deste município veremos que temos matas, nosso relevo é baixo e que aqui nascem vários rios e igarapés e onde tem rio de águas limpas tem peixe, onde tem água e peixe tem muitos animais e nossa área territorial apesar do violento desmatamento que já sofreu ainda é São quatro capanemas que temos aqui: O Município de Capanema, a berçário de muitos tipos de peixes, aves, de animais mamíferos, de répteis, Cidade de Capanema, a Avenida Barão de Capanema e o Rio Capanema. Afinal quelônios etc..e se voltarmos na observação do tempo podemos imaginar a o que é Capanema? riqueza que era Capanema para a prática da caça e pesca naquela época. Portanto afirmar que nossas matas eram azaradas, que aqui não tinham Vejamos - na tecnologia do mundo moderno os povos conseguiram animais para a prática de caça nem peixes é uma afirmação muito duvidosa. comunicar-se a longa distância através da telegrafia*8, processo que usava Vale dizer – A telegrafia foi inventada por Samuel Fiunley Breese sinais chamados Código Morse para transmitir mensagens através de fios e Morse, norte americano de Massachusetts. Em 1835 construiu o primeiro depois essas mensagens eram escritas e um homem a quem se chamava protótipo funcional de um telégrafo que passou a funcionar efetivamente estafeta ia entregar ao destinatário na grande maioria das vezes cavalgando através de sinais chamados CÓDIGO MORSE em 1838. um cavalo para vencer as longas distâncias, e essa mensagem era chamada Telegrama. No Brasil império destacou-se nessa área um cidadão chamado Atualmente o Código Morse é usado: Guilherme Schuch que por ter prestado muitos serviços à nação brasileira, recebeu de D. Pedro II imperador do Brasil o título de Barão de Capanema Em NDB - espécie de rádio-farol utilizado na navegação aérea e porque no povoado onde ele nasceu (Freguesia de Antônio Pereira em Ouro marítima. Preto Minas Gerais) tem uma pequena serra chamada Capanema. Em satélites - para sinal de identificação e localização por telemetria Guilherme Schuch planejou a implantação do telégrafo em todo o Brasil incluindo nossa região e mandou para cá uma equipe para fazer o E pelo radioamadorismo reconhecimento do terreno por onde deveria passar a rede telegráfica Maranhão-Pará bem como implantar a referida linha telegráfica 8 - O Telégrafo foi inventado por Samuel Morse nos Estados Unidos e dali estendido para o mundo. 34 35
  • 19. Bons tempos aqueles, havia entrosamento, amizade cooperação entre Exemplo de Comunidade todos, quando uma mulher dava à luz, as vizinhas em sistema de rodízio iam ajudar nas tarefas doméstica até acabar o resguardo, quando alguém N aqueles tempos idos, a tecnologia por aqui era rara, a iluminação adoecia também recebia a ajuda e visita dos vizinhos e parentes e nesse pública, por exemplo, era restrita a determinada área, eram uns ambiente as crianças aprendiam a viver em comunidade respeitando-se e poucos postes de ferro redondos cuja parte superior tinha uma sendo amigas para toda a vida, e quando adultas participavam também da iluminaria parecida com lampião, sob ela havia um depósito onde era vida uns dos outros, em outras palavras atuavam como Anjo da Guarda do colocado carbureto com água e todos os dias ao cair da noite vinha um próximo ajudando-se uns aos outros nas horas difíceis, na doenças e nas homem que acendia esse candeeiro e ao amanhecer vinha apagar. labutas diárias organizando-se em mutirões para fazer suas roças, cuidar do gado, e na época da produção do tabaco, ao declinar da tarde, fechavam-se Tempos depois a iluminação foi feita pelo lampião a querosene, nesse em uma sala para destalar o tabaco ( tirar o talo da parte central das folhas do sistema era assim: em cada poste havia um lampião, às dezessete horas vinha fumo), e assim eram todos os finais das tardes. Quando terminava a um trabalhador da Intendência (chamado acendedor de lampiões) com uma destalagem de uma família todo mundo ia para outra até acabar a safra de escada numa mão e uma vasilha com um pano e querosene na outra, ele todos, depois os homens iam prensar o tabaco para fazer os molhes, tarefa limpava a fuligem das vidraças dos lampiões, depois colocava o querosene e realizada nas primeiras horas do dia. limpava o pavio, quando terminava esse trabalho em todos os postes, voltava acendendo e pela manhã vinha apagar de um por um os lampiões que Nessas reuniões rolava comida, café, mingau, piadas, e uma coisa que acendera ao entardecer do dia anterior. divertia e ao mesmo tempo fazia tremer de medo a criançada: eram os relatos sobre as visagens e assombrações que apareciam no lugar, os bichos do Nas residências, a iluminação era feita na base da lamparina alimentada mato, essas eram as horas da matinta-perêra, da mãe-d'água, da mula–sem- por resina, óleo ou querosene e é claro que não existia televisão, mas tinha cabeça, do curupira do lobisomem, do mapinguari, de todo o imaginário alguém que por ter posses, adquiriu uma bateria (pois também não tínhamos popular e seus segredos, dos príncipes e princesas e é claro que nesses acesso a pilhas) e um rádio e, quando chegava à noite a vida mudava na nossa mutirões o lugar de destaque era do contador ou contadora de histórias. Capanema, a vizinhança desse senhor vinha toda para a casa dele ouvir o que dizia o rádio e era aquela multidão sentada no chão da sala e no terreiro e com Outra reunião que se fazia à boca da noite eram as leituras. Após o todo mundo junto se aproveitava também para passar a limpo os jantar, a família e vizinhos reuniam-se ao redor da mesa e à luz de lamparina acontecimentos do dia que eram poucos, limitavam-se ao trabalho da roça, ou candeeiro a pessoa que lesse melhor começava a sessão, os preferidos manejo com o gado e acontecimentos domésticos enquanto isso as crianças eram geralmente da Literatura de Cordel (por ser leitura breve e de tradição divertiam-se brincando de pira, de roda, de bandeirinha e outras brincadeira nordestina), e os ouvintes transportavam-se para aqueles versos vivendo o infantis. seu conteúdo rindo em alguns momentos chorando em outros, assim, ainda hoje muita gente lembra a estória da Princesa da Pedra Fina, dos feitos de Pedro Malazarte, da saga de Lampião e Maria Bonita e outros, lia-se também o jornal e revistas, porém em menor escala. Essa foi uma época não só de vida comunitária, mas também de segurança. Nas residências as portas eram apenas para resguardar os moradores do sereno, do frio, das chuvas, não existiam grades nem tranca nas portas, dormia-se de portas encostadas ou abertas sem nenhum temor, Também ainda não existiam grandes desníveis sociais. 8 - Resguardo – tempo de 40 dias dado para recuperação da parturiente, nesse período ela não fazia nenhuma tarefa Plantação de fumo. que exigisse esforço físico. 36 37
  • 20. Já muito tempo depois é que nossa Cidade conheceu a luz elétrica. No local onde atualmente funciona o atendimento ao público da Rede Vai um Picolé Aí? Celpa tinha uma pequena casa chamada Casa de Força e Luz, lá tinha um motor a óleo que gerava energia. Aí passamos a ter luz elétrica nas ruas, na praça e nas residências e por essa prestação de serviço não se pagava, porém quando o relógio marcava 22 horas a luz piscava três vezes ai todo mundo já sabia o que iria acontecer: o motor parava de funcionar e tudo ficavam no escuro, e nas residências se acendia a conhecida lamparina ou o candeeiro, (essa foi a época do Pretomax). Só tinha uma exceção: era quando falecia alguém, nessa noite o motor não era desligado pois era noite de velório e também era preciso que se fizesse o ataúde para colocar a pessoa falecida e para realizar essa tarefa já tinham pessoas experientes em providenciar o necessário: fazer a mortalha, armar e forrar o caixão que era geralmente em tábuas de Marupá, madeira leve e de fácil labor e forrado com tecido preto ou roxo se fosse para adulto e de azul claro ou branco se fosse para criança. Mas isso era apenas na Cidade, o interior continuava na lamparina, mas tanto cá quanto lá para se ter geladeira em casa só se fosse a querosene, portanto, aqui não tínhamos sorveteria nem fábrica de gelo. Essa situação durou até 1975. O ano de 1975 foi muito importante para nós, nesse ano passamos a ser atendidos pelas Usinas Térmicas de Belém e em 1981 houve a interligação norte-nordeste, foi um grande avanço, todo o nordeste paraense passou a ter sistema elétrico de potência, portanto energia elétrica 24 horas por dia. Vale dizer: a Casa de Força e Luz funcionou na avenida Barão de Capanema, em frente a Transportadora Caeté depois na Rua D'jalma Dutra esquina com a Rua João Pessoa. 38 39
  • 21. O Ouricuri era um rio muito bonito e de águas muito limpas, mais para Capanema sob a ótica de dona baixo ele enlarguescia, próximo dele tinha o matadouro e bem perto tinha o pau de Urubu, era uma árvore imensa que ficava cheinha de urubus quando Nair Fernandes. faziam o abate do gado, ou de porco. A água desse rio era usada para lavar as vísceras dos animais abatidos. Hoje nesse local existem as vendas de refeições perto do mercado. Sou filha desta terra, A minha infância foi maravilhosa, aos domingos, os moradores da Falo égua Timbiras se juntavam e íamos com meu avô pescar no Rio Capanema, íamos pelos trilhos, pois nos domingos não tinha trem, quando chegávamos lá, nós, Sou capanemense, as crianças íamos brincar no rio, pulávamos da ponte, tomávamos muito banho e meu avô ficava pescando, ele pegava muitos peixes, grandes, gordos, Sou Pai d'égua. maravilhosos, pescava com fisga e anzol, ele levava sal, farinha, pimenta e fazia um grande avoado e assim passávamos nosso domingo com muito Em 1942 eu morava na Rua Timbiras, margeando a Timbiras tem o Rio, banho, muita brincadeira e muito avoado, sinto saudades daquele tempo, ele é grande e recebe os nomes de Ouricuri, Rio da Mata e Pau grosso. Quando não tinha a violência que tem hoje. criança, eu tomava muito banho lá na parte chamada Rio da Mata, era onde a mulherada lavava roupas e tomava banho, as pessoas vinham da rua pra lá, Além das festas religiosas tínhamos as festas chamadas profanas: de era um balneário. Os homens tomavam banho no Pau grosso, agente chama Santa Luzia e São Benedito, organizadas por uma diretoria comandada pela pau grosso porque tinha uma árvore grande, de tronco muito largo no meio juíza e pelo juiz, nessas festas tinha a marujada, com mastro, leilão, o almoço, do rio. era tudo muito bom. Tínhamos também o carimbó da Praça Moura, lá era muito animado, tinha a Julica. A Julica usava muletas porque tinha problemas nas duas pernas, mas era mestra do curimbó, tocava a noite toda, e com muita animação, ela usava aquelas roupas de saias rodadas coloridas, era um visual muito bonito, e próprio dela. Tínhamos também outra diversão e veículo de cultura: o cinema, o cinema funcionava na Avenida Barão de Capanema em um prédio, até hoje pertencente à Prefeitura, próximo de onde está instalado atualmente o DETRAN - era o Cine Rosa Mar, mas não durou muito tempo, foi desativado, depois surgiu o Cine Brasília já no ano de 1960. O prédio era uma casa de taipa localizado na atual Avenida Barão de Capanema nesse local está atualmente erguido o prédio da Receita Federal. Este prédio caiu depois de exibir o filme “O Ébrio” e uns dois anos mais tarde Veio o Cine Pálace. 40 41
  • 22. No prédio onde funcionava o Cine Pálace, nas manhãs de domingo Faz parte da história de todos nós, apresentavam o Show artístico, à tarde era exibido o filme do vesperal ou matinal como chamávamos que eram filmes para crianças e adolescentes, a Foi Casa de Ensino e Educação para o Lar, noite tinha mais uma sessão. Em todos esses horários o cinema lotava, e tinha uma música que chamavam de prefixo que tocava na Almeida Divulgações Cinema, Setor de Merenda, Biblioteca e Teatro, antes de iniciar o filme, essa música funcionava para nós como se fosse um chamado. Quando ela tocava, corríamos para ir ao cinema, esse tema musical Também da arquitetura Art Déco era O Milionário, a Marcha do Assobiador ou A Ponte do Rio Kwan, eram Bem poucos irão recordar. músicas muito bonitas e nos lembram aquela época, nos lembra do Cine Pálace. Vale dizer: E agora o que se vê por lá? Mais ou menos em frente a Transportadora Caeté, há um prédio da Apenas um prédio antigo e abandonado, Prefeitura onde funcionou a casa de Força e luz na época da iluminação a carbureto e depois a querosene. Nesse prédio funcionou também os Em nenhum momento lembrado, primeiros Cinemas de Capanema: Esquecido de que um dia 1. Cinema mudo – trazido por Joaquim Costa (pai do ex-prefeito Jorge Neto da Costa). Foi palco da Arte do saber e da Alegria. 2. Cine Teatro Moura Carvalho – trazido pelo ex-governador do Pará Moura Carvalho. Hoje por lá nada reluz 3. Cine Iracema. Que estranha e triste ironia 4. Cine Rosa Mar Para quem já fora chamada 5. Cine Brasília. Casa de Força e Luz. 6. Cine Pálace – foi o único a funcionar em prédio próprio e adequado para exibir filmes para o público. O Cine pálace funcionou de 1960 a 1981. Não resistiu à crise Profª Cleni que acometeu aos cinemas no Brasil com a difusão da Televisão, Vídeos Cassetes e Antena Parabólica então faliu. 42 43
  • 23. Uma Referencia Referenciada. Em nossa Capanema existem lugares pitorescos uns construídos pela natureza como o Rio Quatipurú, onde passear de barcos ou canoas seja à luz do sol ou à luz da lua é de um prazer ímpar para alguns, bem como fazer um piquenique às suas margens nos finais de semana é relax para outros, porém existe um recanto que é freqüentado por todo capanemense desde a mais tenra idade. Estamos falando de nossa querida Praça Magalhães Barata que, aliás, foi a primeira construída nessa Cidade. A Praça Magalhães Barata também é conhecida por Praça da Bandeira, pois era ali que hasteávamos a Bandeira durante a semana da pátria. Portanto era para lá que convergiam pais e alunos para referenciar a Pátria: cantar o hino Nacional, ouvir os discursos proferidos pelo Prefeito, Juiz, Professores, alunos e todos os patriotas que quisessem fazer sua homenagem pelo dia da independência do Brasil. 44 45
  • 24. Eu nasci e me criei Ao longo de sua existência essa Praça tem testemunhado os Eu nasci e me criei Capanema atualmente acontecimentos históricos e corriqueiros de nosso povo. E por ser o ponto dos Nesta maravilhosa cidade acontecimentos, abrimos espaço para que o repentista Professor Lucivaldo Para você se informar Acompanhei seu crescimento através da Literatura de Cordel faça sua devida homenagem a nossa Praça Tem 614 km quadrados E suas necessidades querida. De área pra se explorar Tentei entender a política Um monte de habitantes E sua história escrita É um município importante E sua realidade Quem mora aqui pode provar As ruas que eram veredas Capanema localiza-se Que hoje são avenidas Das velhas casas de taipas Ao nordeste do Pará Das ruelas sem saídas E ao norte do Brasil Das feiras no meio das ruas É fácil de se encontrar Das matas virgens e nuas Nos mapas que tem nos livros Dos paus-de –araras da vida Ou no meio dos arquivos É fácil localizar Hoje ela tem evoluído De uma maneira desigual Lá pelos anos cinqüenta Mas tiramos proveito nisso De porta se namorava De um jeito natural Crianças brincavam de rodas Aqui se faz o que se pode E os vizinhos conversavam Levanta a poeira e sacode Se escrevia pros amigos Assim dizia o Cival Não tinha tantos perigos Nas festas ninguém brigava Pra gente se divertir Só temos algumas praças As feiras em Capanema E uma delas é famosa No sábado acontecia Mesmo entregue as traças Era quando agricultores A mais antiga e verdadeira O seu produto vendia É a Praça da Bandeira Nos cavalos ou nas costas Onde tomei muita cachaça Enfrente o ciço costa Comprava-se e se vendia 46 47
  • 25. Centro de concentração Também teve uma grande loja A primeira Biblioteca Das manifestações culturais Por nome Pernambucana Ali também foi implantada Testemunhou muitas lutas Era uma loja amarela Por lá ficou pouco tempo De muitos profissionais Por dentro muito bacana E pra outro lugar foi trocada Fica a nossa praça velha Que nunca morre jamais Vendia de tudo um pouco E com toda essa mudança Ao lado do Maria Amélia Tecidos e roupas pra jogo Ganhamos um salão de dança Só não vendia banana Pra nossa rapaziada Serviu de testemunha das festas Por exemplo, o carnaval Na assembléia recreativa Também serviu de testemunha Mesmo assim ela resiste Que hoje foi pro cacau Do incêndio da casa costa E proporciona lazer Veja o tamanho da maldade Que se queimou por inteira Desde o tempo do vovô Que hoje só é saudade Aqui no nosso pessoal Que não sobrou nada a mostra Para mim e pra você Foi um incêndio danado Um local maravilhoso A primeira prefeitura Que ficou tudo queimado Para os novos e idosos Um prédio muito belo Como amendoim que tosta Tudo pode acontecer Ficava em frente à praça Todo pintado em amarelo A Procissão de corpus Christi Quero aqui deixar Botaram fogo nos seus arquivos Também passa ao seu redor O meu agradecimento Que não sobrou nenhum livro Do passado perdeu o elo São milhares de fieis Pelos momentos felizes Que do chão levanta pó E de total contentamento A segunda prefeitura São anos de romaria onde pude namorar Ficava ali pelo lado Todo mundo em sintonia e de mãos dadas passear Passaram-se alguns anos Desde o tempo da vovó mesmo depois do casamento E de novo foi trocado Hoje com o prédio reformado Ela também recebeu o programa tudo isso e muito mais Temos o beijo gelado Com muitos frios variados A cultura vai à praça nessa praça tão querida O povo se reunia nosso patrimônio,nossas lembranças Depois de todo o desfile Ninguém pagou foi de graça nossa história nossa vida Do dia sete de setembro Foi o grupo cultural nosso presente,nosso bem Os jovens a ocupam Os Timbiras e coisa e tal nosso amor e de mais ninguém Qualquer coisinha comendo Pessoas de muita raça desde quando fostes construída Não fica ninguém de toca É muito beijo na boca Outros ficam se roendo 48 49
  • 26. Um Pouco da Saga de Nossos Distritos: 50 51
  • 27. Tauari é um dos Distritos do Município de Capanema, dista da sede 22 km. Seu nome deriva do tauarizeiro uma árvore em torno da qual se aglutinaram os colonizadores que seriam mais tarde os tauarienses. Desconhecemos a data de sua fundação, porém temos uma Apresento-lhes: referência: é a Estrada de Ferro. Em 1906, quando ela estava sendo construída sua população era de quatro moradores. Com a conclusão dessa Estrada várias famílias vindas no trem escolheram aquela região para morar, eram em TAUARI sua maioria nordestinos acrescidos de imigrantes estrangeiros representados por espanhóis, libaneses e portugueses que encontraram ali terra farta, fértil e clima com boa umidade, esses fatores foram decisivos para que em pouco tempo a região se tornasse referência na produção agrícola e também na pecuária. Ao lado do sucesso da terra veio também a instalação e desenvolvimento do comércio. Quando o trem chegava em Tauari e Mirasselvas os vagões ficavam abarrotados de arroz, algodão, milho e feijão para serem comercializados em Belém e dali exportados para outros Estados, foi o aumento da produção aliado ao funcionamento do trem que trouxe os comerciantes estrangeiros para Tauari e, antes mesmo de Capanema receber o título de Cidade, Tauari e Mirasselvas contribuíam para a riqueza do município com um comércio consideravelmente grande se comparado ao atual. Em Tauari já contávamos com 9 grandes lojas, 2 farmácias também grandes, casas comerciais de vários produtos e usina de beneficiamento de arroz e algodão que funcionou até o ano de 1946. Quando a Estrada de Ferro foi extinta, ficou difícil transportar a produção para a Capital, aquela fase de desenvolvimento e riqueza não conseguiu manter-se, o declínio econômico, obrigou algumas famílias que até então eram referência no comércio paraense saírem de Tauari para aventurar-se em outras paragens mais promissoras. 52 53
  • 28. Início do povoamento. Mirasselvas: terra de Coronelismo No ano de 1879, aqui chegaram José e Mel Ferreira das Neves ( pai e filho) e acompanhados do amigo Bento Pereira da Silva, vieram os três da Serra Grande ou do Ibiapaba, serra que é limite entre os Estados brasileiros Piauí e Escravidão negra. Ceará, e por não ter nenhum impedimento, dividiram entre eles toda a extensão de terras que seus olhos alcançavam: Os Neves ficaram com a área à margem direita do rio Quatipurú e Bento apoderou-se das terras à esquerda do dito rio, ainda em nossos dias a área que coube aos neves é chamada colônia dos Neves. Bento Pereira da Silva homem de muitas falas, membro da Guarda Nacional e de patente comprada, com o passar do tempo tornou-se pessoa influente entre políticos e moradores das redondezas. Dentre os três Distritos que compõem o Município de Capanema, o de Mirasselvas foi o pioneiro em povoamento e em reconhecimento legal. Pelo Decreto nº 1512 de 20 de abril de 1908, Mirasselvas foi elevada a povoação, portanto podemos dizer que Mirasselvas é o Distrito Mãe do Município de Capanema visto que foi o primeiro a ser povoado e a existir legalmente. Este é um relato do Sr. Smith. 54 55
  • 29. Origem do nome: Mirasselvas Os três amigos: José, Mel Ferreira e Bento Pereira da Silva deram início à povoação que nasceu com o nome de Cachoeira ou Cachoeira do Major Bento porque aos olhos dos moradores, a visão do Rio Quatipurú serpenteando entre os dois montes que eram de propriedade dos três moradores parecia ser uma cachoeira. Dizem que no transcorrer da colonização, uma pessoa estava debruçada sobre a janela de sua casa (possivelmente o Coronel Cezar Pinheiro) admirando a exuberância e beleza dos matizes, o colorido das copas das árvores que compunham a floresta que circundava a povoação de Cachoeira, quando passou uma pessoa e perguntou: o que estas fazendo? Ao que o outro respondeu – ESTOU MIRANDO AS SELVAS, daí o nome Mirasselvas. Ainda nos dias de hoje é muito bom parar no alto daqueles montes e beber com os olhos a beleza natural de MIRASSELVAS. Mirasselvas foi terra de coronelismo, ali moraram e contribuíram no panorama político, na economia e no desenvolvimento social: 1. Coronel José Felipe; 2. Coronel Cezar Pinheiro; 3. Coronel Aníbal Augusto Freire; 4. Coronel Chilourico; 5. Capitão Józimo; 6. Major Bento (um dos fundadores de Cachoeira, hoje Mirasselvas); 7. Capitão Serzinato Ferreira da Silva; 8. Capitão Nogueira. 56 57
  • 30. Curiosidades Além desses coronéis, major e capitães, Mirasselvas viveu também sob a de Influência de vários outros líderes políticos, porém os maiores acirramentos ocorreram entre dois primos coronéis: Cezar Pinheiro radicado em Mirasselvas e Leandro Pinheiro radicado em Quatipurú e dependendo do Mirasselvas. resultado nas urnas, a sede do Município de Quatipurú ora estava em Mirasselvas, ora em Quatipurú. Dessas atuações Mirasselvas foi palco de alguns avanços e desatinos das ações políticas como: A Escola Magalhães Barata prédio suntuoso que alguns anos depois cedeu lugar a outro que ostentava o nome – Escola Reunida Cezar Pinheiro. 58 59
  • 31. 1. Fidel, Ditador cubano é Quatipuruense? Havia apenas um escravo que o encarava, era chamado de José Pachiúba, um negro forte e alto comparado a uma Pachiubeira. O Sr. Smith nos conta que em 1943 a professora Nazaré Pereira o chamou à secretaria da Escola e mostrou-lhe um livro de ponto escolar muito Nota: O senhor Antônio Elizeu é o último bisneto do Coronel que ainda antigo e falou: Simitinho nessa escola passou há alguns anos atrás uma reside em Mirasselvas. professora que seria sua parenta, o nome dela é Delfina Smith de Castro. Ele 3.E a última palavra não foi a do Coronel. diz que hoje, depois de ler alguns artigos em jornais supõe que a referida professora é a possível mãe de Fidel Castro presidente da República Socialista As desavenças políticas entre o coronel Cezar Pinheiro e o major Bento de Cuba, pois que ela teve um filho chamado Fidel nascido ás margens do Rio eram freqüentes e conta o senhor Manuel Atanázio , que o coronel Cezar Quatipurú no lugar chamado Bom que dói, próximo ao Curral Velho, área que então intendente do Município de Quatipurú ia viajar para Belém para ter hoje pertence ao Município de Tracuateua. uma conversa com o governador, essa conversa poderia ferir politicamente o major Bento que falou: ele não vai! Dona Delfina e seu marido (que se dizia peruano) mudaram-se rumo ao Peru (não se sabe ao certo o lugar) juntamente com o filho Fidel O trem chegou à estação às 05h30min, o major Bento já estava com seus quando este tinha doze anos de idade, tempos depois ela escreveu à família capangas, na esquina da Travessa Senador Lemos, (hoje em frente ao posto de dizendo ter tido outros filhos: Raul e Juanita depois dessa carta nunca mais saúde da Vila). O coronel veio de sua fazenda (hoje Malacacheta) também souberam de Dona Delfina Smith de Castro. com alguns capangas, porém não viu seu adversário e quando o trem parou na estação, agarrou-se ao balaustre do vagão para subir, o Major Bento Vale dizer: se o Fidel Castro que nasceu na povoação chamada Bom que dói é sorrateiramente aproximou-se à retaguarda, atracou-se na cintura do coronel o mesmo que governa Cuba, não sabemos, somente sabemos que já não Cezar e os dois foram ao chão aos murros enquanto os capangas também podemos constatar o registro de seu nascimento no Cartório de Registro Civil, lutavam entre si, o maquinista vendo aquela escaramuça arrancou com o pois segundo a memória popular, na época em que Janio Quadros presidente trem de imediato e o coronel Cezar não viajou naquele dia e o Bento falou: eu do Brasil condecorou Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do disse que ele não ia. Cruzeiro do Sul e, posterior atuação da Operação Condor, o Cartório em questão foi incendiado. Nota: De descendentes o Major Bento tem em Mirasselvas a família 2. Escravocrata sim senhor! do Sr. Antônio Elizeu Conhecido por Suíno. Sobre o coronel José Felipe, um dos coronéis radicados em Mirasselvas conta-se que era um homem muito duro, e que em épocas de chuvas quando os pastos ficavam enlameados, ele ordenava aos seus escravos que deitassem um ao lado do outro formando uma grande passarela humana e ele passava por cima deles para não sujar as botas na lama do pasto. 60 61
  • 32. Agricultor X Terra X Fibra = dinheiro a rodo. Em Belém construíram a Companhia Têxtil de Aniagem da Amazônia conhecida por CATA, em Castanhal a Companhia Textil de Castanhal- C T C e As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o aqui em Capanema tivemos a Tecelagem Nossa Senhora de Fátima, o cultivo Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro da malva e da Juta era bem aceito pelos agricultores porque além de ter trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se mercado certo eles poderiam ter duas culturas no ano plantando malva dizia “banhar o cavalo a cerveja”. depois feijão no mesmo roçado pois a terra ficava adubada com as folhas apodrecidas da malva, aí era lucro certo. Nessa época muitos produtos eram comercializados em sacas e as fibras de malva ou juta eram necessárias nas tecelagens para a fabricação de sacas para exportar os produtos que precisavam ser ensacados, como o café brasileiro, também chamado ouro negro. Porém entre as invenções tecnológicas apareceu a fibra sintética e aquele período áureo da fibra da malva e juta perdeu espaço, daí em diante passou a reinar as sacas de plástico. Vale dizer: em Capanema os maiores postos no comercio da malva foram – Sobral irmão, Cata e Tece Fátima. Cavalo: o nosso outro As décadas de 40, 50,60 do século XX trouxeram grande riqueza para o Município de Capanema, foi uma espécie de ciclo têxtil, nosso ciclo de ouro trazido com o cultivo da malva e da juta, a malva trouxe tanto dinheiro que se dizia “banhar o cavalo a cerveja”. No Estado surgiram grandes companhias para beneficiá-la e outras para financiar seu plantio e também para comprar a fibra, essas companhias tinham posto de compra em toda a região, a malva foi rainha na lavoura e praticamente todo agricultor plantava a malva e juta, uns em grandes roçados outros em pequenos, mas todo mundo se envolveu com ela. 62 63
  • 33. Dos meios de transporte, o pioneiro por aqui foi o cavalo, ele era solicitado para ir ao roçado, para carregar todo tipo de produção: a malva, arroz, farinha, feijão, carregava a lenha para alimentar o trem e as cozinhas das casas, carregava a madeira, palhas, telhas para a fabricação das casas, Capanema já foi mar? todo tipo de carga pesada passava pelos lombos dele além de levar seus donos a passear por longas distâncias inclusive para ir às festas. Quando acontecia um casamento o noivo ia num cavalo, a noiva toda vestida de branco com a tiara na cabeça e o véu longo e esvoaçante ia em outro, se a distância fosse grande os padrinhos e parente iam cada um em um cavalo. Na volta os noivos voltavam juntos no cavalo do noivo e o cortejo vinha atrás. Daí termos dois tipos de cavalos os de carga e os de passeio, mas foi o cavalo de carga que ajudou os colonizadores a desbravar a terra, plantar, produzir e transportar toda a riqueza produzida. Iniciou o desenvolvimento desta terra e por muito tempo foi o único transporte usado em nossa região. O agricultor teve também a ajuda do jumento, porém em menor escala. Segurança. Do início de nossa colonização até a publicação da Constituição Federal do Brasil de 1988, o serviço de segurança era feito por pessoas indicadas. O governador indicava um policial para chefiar a segurança pública na sede do Município, esse delegado nomeava um homem que Há milhões de anos atrás em muitas áreas de nosso município existiam gozasse de sua confiança e o investia no cargo de Comissário de Polícia, (em grandes lagoas de água salgada, nessas lagoas a vida marinha era abundante, Tauari e Mirasselvas havia o comissário), este escolhia seus auxiliares tinham peixes de vários tamanhos, inclusive tubarões, tinham caranguejos, chamados Agentes de polícia que trabalhavam, mas não tinham salário, então o comissário cobrava taxas para manter a sobrevivência daquelas pessoas, ostras, e sarnambis (depósitos de conchinhas). Com o passar dos séculos, o cobrava pelo funcionamento de festas, de atestados de vida e residência, e mar foi se afastando, as lagoas foram secando e como a água do mar é rica em quando uma pessoa era detida por perturbar a ordem pública ou desabonar a carbonato de cálcio esse cálcio foi se solidificando e formando o calcário que é conduta de alguém, para ser libertado pagava uma taxa chamada carceragem uma rocha rica ou quase que exclusiva em carbonato de cálcio, os ossos e as e quando a pessoa em questão não tinha dinheiro, pagava com trabalho conchas formaram fósseis que são encontrados facilmente nas atuais jazidas disciplinar: entregavam-lhe um terçado e o detento ia roçar em local de exploração de calcário pela CIBRASA. movimentado sob os olhares e zombarias dos curiosos. 64 65
  • 34. Atualmente quem industrializa esse minério é a CIBRASA, porém temos relatos que há vinte anos antes de se instalar aqui a Pires Carneiro (primeira As Paisagens Naturais. companhia de exploração desse calcário), inaugurada em 1962, o senhor José Cândido já beneficiava esse minério, fazia isso, de modo muito artesanal, ele Paisagens vegetais: por estarmos próximos do Equador, região, era queimado e depois peneirado, a parte fina era usada como cal e a grossa portanto de baixa latitude, onde o calor é constante devido os raios solares incidirem de modo quase que perpendicular sobre o solo, as temperatura era usada como liga para rebocar as paredes das casas. A embalagem desses aqui são elevadas durante todo o ano, a umidade também é muito grande produtos era feita em paneiros forrados com guarimã. Como lembrança e (mesmo nos período sem chuvas), e as chuvas são abundantes, aliado a um testemunha dessa atividade extrativa artesanal temos ainda o forno: uma relevo de planície ondular, a nossa vegetação é formada por vários andares ou construção com tijolos à beira da BR-308 no quilômetro cinco ao lado direito estratos de árvores com alturas diferentes. Daí termos paisagens vegetais no sentido Capanema Bragança. diversificadas. Limites Geográficos. LOCALIZAÇÃO - O Município de Capanema está localizado na microrregião Bragantina a nordeste do Estado do Pará ao norte do Brasil país da América do Sul. Ocupamos terra em dois hemisférios apresentando as seguintes coordenadas geográficas: 1º 11 33” de latitude sul; 47º 10 38” de longitude oeste. Este é o nosso endereço geográfico. Onde cruzam essas duas linhas no globo terrestre aí está Capanema. LIMITES: Ao Norte: Município de Primavera e Peixe Boi; Paisagem dos campos Naturais no período de cheia. Ao Sul: Município de Ourém; Por ser área de terra baixa, no período chuvoso os nossos campos são recobertos pelas águas e apresentam uma vegetação predominante de Ao Leste: Município de Tracuateua; água-pé, capim e junco, essa vegetação é cortada por muitos meandros formados pelos rios e igarapés, sobre esses meandros vemos canoinhas que Ao Oeste: Municípios de Bonito e Peixe Boi. levam pessoas a passear, a transportar mercadorias ou utensílios de trabalho, (nesse período o único meio de deslocamento entre as ilhas campineineira são as canoas) nesses meandros tomamos banho, pescamos, Marco Zero (Macapá ) (a diversidade e quantidade de peixes é muito grande)além disso em nossos campo podemos observar vários tipos de aves como garças do tipo pequeno e grandes, cantaú, carão, ciganas, araçari, galinhas-d'água, ariranha, jabutis, 10 - Equador é a linha imaginária que divide a terra nos dois hemisférios: norte e sul sucuris, jibóias, Camaleão, tijú-açú, perema, e outros animais. 11 - Greenwich linha imaginária que divide a terra nos hemisférios: leste e oeste. 66 67
  • 35. No início e término do dia acontece um espetáculo deslumbrante em No período de estiagem das chuvas, a paisagem natural muda nossos campos: são as revoadas dos pássaros que alegram os olhos e põe a completamente, as águas desaparecem dos igarapés, o solo seca ao ponto de alma em festa de qualquer observador. Temos toda essa riqueza porque os rachar em alguns trechos, do que era um mundo de água restam apenas campos é área de berçário, aliás, é um dos maiores berçário na região. Na algumas poças, muitos peixes morrem outros migram para o Lago do Segredo piracema os peixes vão para lá desovar, é berçário também de muitas aves que assim como outros animais vão à busca de água e de vegetação verde, as lá vão fazer seus ninhos, assim como também os répteis. A visão dos nossos canoinhas são recolhidas, não tem mais o vai-e-vem de canoas, várias aves campos se compara ao Pantanal Mato-grossense na pujança de vida animal e pescam os poucos peixes que ficaram retidos nas poças d'águas chamadas vegetal. lagoinhas, agora as pessoas caminham por longas distâncias a pé seco, em áreas onde até pouco tempo a água cobria, é também o período da caça aos Paisagem dos Campos em períodos de estiagem. quelônios que restaram, agora quando o vento sopra, levanta-se uma nuvem de poeira negra, é a lama seca do leito do igarapé que está sendo levada pelo vento e senta nas folhas da vegetação que margeia aquela imensidão de lama estorricada. A paisagem de várzea e igapós. Nas áreas de Várzea e Igapós a vegetação é bem mais alta, lá é o domínio dos buritis, açaizeiros, andirobeiras, assacus, marachimbés, ananis e muitos outros é lá que se encontram também as bromélias, as orquídeas e borboletas e assim como os campos, durante o período de chuvas é inundado pelas águas dos igarapés e das chuvas e,quando chega o estio, a maioria das áreas dos igapós apresenta solo pantanoso mas a biodiversidade tanto num como noutro é grande. Paisagem de Terra Firme. Terra Firme é o relevo mais elevado de nossa planície, essa região fica fora do alcance das inundações periódicas e nela se encontram as árvores de maiores portes e as mais exuberantes. Em nosso Município a mata primitiva Quando chega o período de estiagem a vegetação fica ressequida pela de terra firme é muito reduzida, conseqüência da ação de desmatamento que falta de água e morre. A sobrevivência dos peixes e animais fica vem sendo feito desde o início da colonização, mas ainda temos algumas comprometida e antes que os campos sequem totalmente a grande maioria espécies como as Samaumeiras, árvores nativas da Amazônia e também deles migram em busca de água e vegetação viva e espessa, assim os peixes madeiras de lei como o cedro, pau d'arco, jarana, cumaru etc. chegam a lagos como o Lago do Segredo e dos rios, outros animais atingem o relevo mais alto chamado terra firme domínio das grandes árvores, quando o A nossa vegetação é bastante diversificada, nela encontramos período de chuvas voltar eles retornarão aos campos outra vez para o período árvores, cipós, flores e plantas rasteiras que são remédios milagrosos contra de reprodução, mas é bom ressaltar que muitos dos que foram não voltarão doenças que acometem nosso corpo, além disso, tanto na mata de igapó porque foram caçados, pescados ou aprisionados para alimentar os quanto na de terra firme temos árvores que nos dão frutos que além de habitantes da região ou por terem sido vítimas da ação predatória de outros animais além dos humanos. estarem entre os mais saborosos são também muito nutritivos e quando 68 69
  • 36. ingeridos regularmente tornam nosso corpo forte contra doenças dando-nos vida longa e são também fontes de juventude pois previnem contra a velhice precoce, vejamos alguns desses fruto que são nativos de nossa região. 70