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Engomagem - Preparação - Meio ambiente
                       Por um Consenso de Harmonia

Autor: Manoel Zauberman - Presidente da Inpal Indústrias Químicas S. A.

1. Introdução
       Como químico têxtil exercendo continuadamente nestes 50 anos as constantes inovações que a
       química têxtil vem oferecendo e engrandecendo à Indústria Têxtil, ficamos orgulhosos do quanto e
       muito podemos e oferecemos ao setor para melhorar a qualidade de vida, beleza e prosperidade a
       todos os segmentos em que os artigos têxteis estão presentes.

      O tema que me permite abordar nesta reunião técnica, envolve antigos interesses conflitantes que
      freqüentemente envolviam as áreas secas (Fiação e Tecelagem) e as áreas úmidas (Preparação,
      Tinturaria e Acabamento). Os produtos de engomagem até bem pouco tempo utilizados, (féculas e
      amidos nativos), com lubrificantes à base de sebo ou parafina, obrigavam a se empregar processos
      onerosos e prolongados (Desengomagem, Cozinhamento muitas vezes sob pressão, alvejantes
      agressivos, que além de castigarem severamente as fibras, muitas vezes não eram totalmente
      eficientes. Os tingimentos irregulares e acabamentos indesejados eram as maiores vitrinas destes
      processamentos. Freqüentes eram os desentendimentos nas mesas de inspeção entre Tecelões e
      Tintureiros, para encontrar o culpado da má aparência do tecido acabado.

      A química têxtil foi muito efetiva para a solução destas centenárias querelas. O desenvolvimento de
      gomas sintéticas de um lado e o grande avanço na química dos amidos fizeram com que se
      alcançasse excelente resultado na tecelagem, onde novas máquinas de tecelagem de alta velocidade
      requeriam produtos que conferissem além de alta adesividade, resistência e resiliência, para
      permitirem altíssimas eficiências na tecelagem.

      Os novos polímeros naturais e sintéticos permitiam remoção cada vez melhores e simplificadas.
      Mais recentemente as incertezas e altos custos do petróleo, necessidade de importação e a crescente
      importância dos efluentes têxteis e seu impacto nos tratamentos ligados ao meio ambiente,
      obrigaram a uma reavaliação da utilização das gomas sintéticas tanto do ponto de vista econômico
      como no seu impacto negativo ao meio ambiente. Como conseqüência um intenso desenvolvimento
      de biopolímeros com base em amidos, permitiu que novos produtos de engomagem que oferecessem
      alta adesividade, resiliência e grande removabilidade fossem criados por serem facilmente
      biodegradáveis. O conhecimento das várias características dos amidos utilizados na engomagem e
      posterior remoção são importantes para a avaliação dos produtos à serem utilizados.

      Os amidos comerciais podem ser divididos em 2 grupos.

      O primeiro grupo compreende os amidos de tubérculos (batata), raízes de mandioca, araruta e batata
      doce. O segundo grupo compreende os amidos de cereais (grãos), milho, trigo, sorgo e arroz. Estes
      dois grupos são distintos entre si pela composição química e propriedades físicas.
2. COMPOSIÇÃO DAS DIFERENTES FONTES DE AMIDO
 2.1 Composição e propriedade dos amidos




Os grãos de amido contêm usualmente de 10 a 20% de umidade e proteínas, lipídeos e traços de matérias
inorgânicas.

Quadro 2 – Composição média dos grânulos de amido




Lipídeos -Os amidos provenientes de tubérculo batata e raízes (mandioca) contêm pequena percentagem de
lipídeos (0,14%) comparado com amidos de cereais (milho, trigo) que contêm de 0,8 a 1% de lipídeos. As
substâncias graxas contidas nos amidos de cereal são predominantemente ácidos graxos livres (palmítico,
linolênico e oléico) que tendem a formar sabões e espuma na engomagem e tratamento de efluentes, além
de tenderem a se tornar rançosos na estocagem.

Proteínas -Os amidos de tubérculos contêm somente uma pequena quantidade, comparados com os amidos
de cereais (milho, trigo e arroz). Devido a este residual protéico os amidos de grãos podem apresentar
sabor, odor e tendência a espuma.

Amilose a Amilopectina
Muitos amidos são uma mistura de amilose e amilopectina cada uma apresentando uma larga faixa de pesos
moleculares e diferentes relações amilose/amilopectina como mostra o quadro 3, além do grau de
polimerização (D.P.) médio de ambas frações em diversas situações.

Quadro 3 - Conteúdo de amilose e amilopectina e grau de polimerização (D.P.) de amidos diversos
Amilose -É um polímero linear contendo até 6.000 unidades de glucose ligadas pelas ligações 1 – 4
(Figura 1)




      Figura 1: estrutura da cadeia linear de moléculas de amilose.

A amilose forma complexos de inclusão com iodo e vários compostos orgânicos como butanol, ácidos
graxos, surfactantes, fenóis e hidrocarbonetos. Tais complexos são essencialmente insolúveis em
água.Acredita-se que a amilose complexa-se formando uma espiral helicoidal em torno do agente
complexante. O complexo da amilose com iodo forma cor azul característica, que é usada para identificar a
presença de amidos que contêm amilose.

Amilopectina -Possue estruturas altamente ramificadas consistindo de cadeias lineares curtas com DP
variando de 10 a 60 unidades de glucose.




                    Figura 2: estrutura dos pontos de ramificação da amilopectina

3.UNIDADE DE GLUCOSE
As unidades de glucose das moléculas de amido contêm um grupo hidroxila primário no C-6 e um
secundário no C-2 e C-3 (Figura 4)




                                     Figura 4: Unidade de Glucose
Moléculas de amido tem uma multidão de grupos hidroxila que proporcionam propriedades
      hidrofílicas ao amido, tem a dispersibilidade em água aquecida, tais grupos hidroxila contudo,
      tendem a atrair-se entre si, formando ligações hidrogênio entre moléculas de amido adjacentes
      evitando a dissolução dos grânulos de amido em água fria.

4. RETROGRADAÇÃO
      Se uma solução diluída de amido permanece em repouso por um tempo prolongado, ela
      gradualmente torna-se turva e eventualmente se deposita como um precipitado branco. Já uma
      dispersão mais concentrada, se deixada esfriar, rapidamente transforma-se em um gel elástico.
      Ambos são processos de retrogradação, através da qual o amido passa de um estado dissolvido e
      dissociado para uma condição associada. Nos grânulos de amido, principalmente moléculas de
      amilopectina constituem as miscelas cristalinas. Em contraste, o amido cristalino retrogradado é
      constituído principalmente de moléculas de amilose.




      O mecanismo da retrogradação é mostrado esquematicamente na Figura 5.




                          Figura 5: Mecanismo de retrogradação do amido (amilose)

A retrogradação de pastas ou soluções de amido podem apresentar os seguintes efeitos:

           Aumento de viscosidade
           Desenvolvimento de opacidade e turbidez
           Formação de filmes insolúveis nas pastas quentes
           Precipitação de partículas insolúveis de amido
           Formação de gel
           Sinérese de água da pasta (exsudação)

      Retrogradação é um processo complexo e depende de inúmeros fatores, tais como o tipo de amido,
      concentração, processo de cozinhamento, tempo de estocagem, pH, processo de resfriamento e
      presença de outros produtos. A retrogradação de dispersões de amido é geralmente favorecida por
      baixas temperaturas e por altas concentrações de amido. A taxa de retrogradação é maior a pH 5 – 7,
      diminuindo a valores de pH superiores e inferiores. A retrogradação é retardada por sais de aníons e
      catíons monovalentes e por uréia. É eliminada por reações químicas tais como, carboxilação e
      eterificação que além de evitar a retrogradação, permitem fácil solubilidade e removabilidade.

4.1 O Papel da Fração Amilose
       A amilose é considerada a principal responsável pelo processo de retrogradação, sendo esta a sua
       mais significante propriedade. Moléculas de amilose dissolvidas, podem orientar-se segundo um
       alinhamento paralelo de modo que um grande número de grupos hidroxila ao longo das cadeias
fiquem próximos entre si. Quando isto ocorre, os grupos hidroxila associam-se através de ligações
       hidrogênio e as cadeias de amilose são ligadas entre si formando agregados que são insolúveis em
       água. Em soluções diluídas, as cadeias agregadas de amilose precipitam. Em dispersões mais
       concentradas a amilose agregada bloqueia o fluido aquoso, formando um gel.

4.2 O Papel da Amilopectina
       A amilopectina apresenta muito menos tendência à retrogradação que a amilose. A associação de
       moléculas de amilopectina dissolvidas é fortemente inibida por sua estrutura altamente ramificada.
       Assim, a amilopectina tende a ser solúvel, formando soluções que não geleificam sob condições
       normais.
       A retrogradação normal ocorre geralmente no resfriamento e estocagem de pastas de amido à
       temperaturas de 70º C ou abaixo. Ocorre contudo, uma outra forma de retrogradação que ocorre
       durante a estocagem de soluções de amido de milho a temperaturas relativamente altas (75 – 95º C)
       sob a forma de precipitação de partículas de tamanho regular.




4.3 Retrogração de Vários Amidos Nativos
       A taxa de retrogradação de vários amidos naturais é mostrada na Figura 6. A medida da
       retrogradação é o aumento de viscosidade, após resfriamento das pastas de 95º C para 50º C como
       mostrado nas curvas do Brabender.




                            Figura 6: Curvas Brabender de amidos naturais

Conhecendo as características dos diversos amidos, cabe a caracterização e seleção do processo químico de
modificação para conseguir um polímero natural derivado no caso da mandioca pelas suas superiores
características físico-químicas já elencadas.
A seleção e as possibilidades de reação com os carboidratos para resultarem em polímeros naturais que
confiram as qualidades que um técnico ou químico têxtil, considerem as mais desejáveis para os processos
de:
A) Tecelagem , (eficiência) aí incluindo maior adesividade, flexibilidade, resistência do filme, para evitar
    poeira, ruptura, etc.
B) Remoção - Facilidade de eliminação nos processos de preparação seja por simples lavagem à quente ou
   preparação/alvejamento, utilizando menor percentual de álcalis, agentes alvejantes (oxidantes) ou tenso
   ativos, por minimizar a agressão à natureza da fibra, permitindo conseqüentemente melhor aparência e
   toque.

C) Conseguir melhores níveis de biodegradabilidade nas águas residuais da desengomagem, para evitar a
sobrecarga orgânica nas ETE, evitando custos adicionais operacionais para se adequar as normas dos
agentes estaduais do meio ambiente.
       Provas de laboratório foram efetuadas para formular produtos com as propriedades e características
       de engomagem de origem natural removíveis, levando em consideração suas características físico
       químicas no processo de engomagem tais como adesividade, flexibilidade, coesão e transparência
       como e principalmente suas maiores ou menores propriedades de remoção seja simplesmente com
       água a várias temperaturas, seja em processos simplificados de preparação e alvejamento
       considerando a melhor resultante procurando a menor ação agressiva dos álcalis, oxidantes ou
       surfactantes às fibras.


      Os gráficos seqüenciais ilustram os resultados obtidos e os tratamentos submetidos.
      Selecionados os produtos que permitam melhor removabilidade, prosseguimos os estudos para
      determinar a biodegradabilidade dos mesmos tendo submetido amostras ao laboratório independente
      - UMWELT Ltda de Assessoria Ambiental em Blumenau que possui Know-how e procedimentos
      reconhecidos pela indústria têxtil e a quem recorremos usualmente.
      O trabalho realizado pelo laboratório é apresentado a seguir com suas metodologias, observações,
      resultados e condições.

5. OBJETIVO
      O objetivo deste trabalho foi a caracterização das propriedades biológicas de seis produtos usados
      em combinação ou isoladamente na engomagem de fios de algodão. Os insumos incluem gomas
      naturais modificadas, além de gomas sintéticas com base vinílica e acrílica. Segue uma breve
      descrição destes insumos:
      Agetex S-44: amido natural de mandioca quimicamente modificado em éter de amido de caráter
      aniônico.
      Inpalgel BV: goma à base de amido quimicamente modificado em seu derivado carboximetílico -
      carboximetil amido, também de caráter aniônico.
      Fécula de Mandioca: Trata-se de um extrato de amido natural, não modificado.
      Álcool Polivinílico (PVA)
      Poliacrilato de sódio
      Poliacrilamida

      • Estudo da ecotoxicidade
      Os seis produtos foram submetidos a ensaios ecotoxicológicos de toxicidade aguda com o
      bioindicador Vibrio fischeri, visando à complementação das fichas técnicas dos fornecedores. Os
      ensaios tiveram como objetivo obter informações referentes a um possível impacto tóxico destes
      seis produtos sobre a microbiota dos lodos ativados.

      • Ensaios de tratabilidade
       Estes ensaios foram realizados em reatores de bancada, aplicando a metodologia Zahn-Wellens
      de tratabilidade em condições aeróbicas. Os ensaios devem fornecer informações sobre o grau de
      remoção da DQO no sistema de lodos ativados e sobre a modificação do floco biológico em
      contato com teores variados dos seis produtos analisados. Foi usado um lodo não comprometido e
      não adaptado, proveniente da estação de tratamento de efluentes de uma indústria têxtil, para a
      observação dos efeitos induzidos pelos produtos. Foram usadas concentrações das seis gomas
      aproximadamente três a cinco vezes superiores àqueles encontrados no processo têxtil. Os
produtos foram adicionados na sua forma pura, isto é, sem a presença dos demais auxiliares
       normalmente usados nos banhos de engomagem. Um ensaio paralelo, com dietilenoglicol como
       única fonte de carbono, serviu como controle operacional da adaptabilidade do lodo ativado
       selecionado nos testes.

       Contrariamente aos ensaios de biodegradabilidade (conforme Zahn&Wellens), a série de ensaios de
       tratabilidade foi realizada sem repetições em paralelo, utilizando apenas um único reator por
       substância teste.

6. RESULTADOS
6.1 Ensaios ecotoxicológicos
       Os testes foram realizados com diluições seriadas dos produtos dissolvidos numa concentração
       inicial de 5% p/v (exceto a poliacrilamida, que foi dissolvida em concentração inicial igual a 0,5%
       p/v) em água destilada e, quando necessário, com aquecimento a 90ºC e agitação constante. A tabela
       1 mostra os valores de inibição das substâncias sobre a luminescência do bioindicador V. fischeri. Os
       resultados encontram-se em forma de laudo anexado a este relatório.




Os valores mostram que nenhum dos produtos apresentou um impacto significativo sobre as bactérias
luminescentes. O maior impacto foi causado pela poliacrilamida, enquanto que os efeitos tóxicos do
poliacrilato ficaram semelhantes ao do produto Inpalgel BV. Nenhum efeito foi medido com a fécula de
mandioca, com o amido modificado Agetex S 44 e com o álcool polivinílico.
6.2 Ensaios de tratabilidade
       O ensaio de tratabilidade das gomas teve como objetivo verificar o percentual de degradação dos
       polímeros em condições de operação em batelada.
       A partir da cinética de redução da carga orgânica também é possível a determinação da constante de
       utilização de substrato, µ S. O procedimento consiste em uma adaptação da metodologia de análise
       da biodegradabilidade aparente, descrita por ZAHN & WELLENS (1978). Esta técnica está sendo
       utilizada no UMWELT-Labor para detecção do grau de degradabilidade de substâncias utilizadas no
       processo fabril. Basicamente, a técnica consiste na inoculação de reatores biológicos aerados com
       quantidades conhecidas de lodos ativados (tipicamente provenientes das ETEs Hering/Omino e
       Karsten), da substância teste e, em determinados casos, de fontes adicionais de
       crescimento/nutrientes. Contrariamente ao ensaio de biodegradabilidade, cada substância teste é
       inoculada apenas em um reator e o experimento faz uso de um período de incubação entre 4 e 11
       dias.
       Os parâmetros operacionais básicos dos ensaios estão resumidos na tabela 2. Os resultados dos
       testes são apresentados nas tabelas 3 a 5 e nas figuras 1 a 7 para cada produto ensaiado.
Tabela 2: Parâmetros operacionais básicos dos ensaios de tratabilidade




                Figura 1: Dados de tratabilidade; substrato: dietilenoglicol (=controle funcional)


6.3 Inpalgel BV, Agetex S44 e Fécula de Mandioca
       Os resultados dos ensaios de tratabilidade das gomas naturais (modificadas ou não) estão
       apresentados na tabela 4 e nas figuras 2 a 4.
       O perfil de remoção da carga orgânica é característico, nos três casos, para produtos de fácil
       degradabilidade. Todas as cinéticas atingiram o equilíbrio após 7 dias de incubação. Mesmo assim, o
       percentual de redução da DQO do produto Inpalgel BV chegou apenas a um valor final de 53 %,
       enquanto as gomas Agetex e a fécula de mandioca foram degradadas em 77% e 72 %,
       respectivamente. O residual da DQO pode ser explicado pela liberação de material orgânico no
       sistema de lodos ativados. O valor de µ S do substrato Inpalgel BV foi igual a 0,106. Os valores da
       taxa de consumo do substrato dos produtos Agetex e fécula foram de 0,216 e 0,296, respectivamente.
       A variação da biomassa no reator apresentou valores positivos para as gomas com base de amido,
       indicando aumento de massa celular através da incorporação do substrato na massa celular.
Tabela 4: Dados de tratabilidade; substratos: Inpalgel BV, Agetex S44 e Fécula de Mandioca.
Valores em vermelho significam correção de pH para valores fisiológicos.




                    Figura 2: Dados de tratabilidade; substrato: Inpalgel BV




                    Figura 3: Dados de tratabilidade; substrato: Agetex S44
Figura 4: Dados de tratabilidade; substrato: Fécula de Mandioca

Tabela 5: Dados de tratabilidade; substratos: PVA, Poliacrilato e Poliacrilamida.




     Figura 5: Dados de tratabilidade; substrato: Álcool polivinílico (PVA)
Figura 6: Dados de tratabilidade; substrato: Poliacrilato




                        Figura 7: Dados de tratabilidade; substrato: Poliacrilamida


7. RESUMO DOS RESULTADOS
A figura 8 representa a variação do teor de sólidos, como medida da biomassa, no sistema biológico, na
presença dos seis produtos testados. Enquanto as gomas com base de amido aumentaram o teor de biomassa
no sistema de lodos ativados, os produtos com base vinílico e acrílico mostraram efeitos de estabilização do
lodo, isto é, consumo de matéria orgânica nos processos de metabolismo de manutenção da biota dos lodos
ativados. Vale ressaltar que os ensaios foram realizados com biomassa não adaptado; é possível obter perfis
diferentes com lodos ativados adaptados por períodos maiores.
Figura 8: Variação do teor de sólidos nos reatores operando com os produtos especificados acima como
única fonte de carbono. SST = Sólidos suspensos totais, SSV = Sólidos suspensos voláteis.

A tabela 6 mostra uma apresentação dos resultados obtidos com os seis produtos analisados.
Tabela 6: Dados de tratabilidade - Resumo de todos os substratos




8. CONCLUSÕES
Os ensaios de impacto dos produtos Inpalgel BV, Agetex S44, Fécula de Mandioca, Álcool Polivinílico,
Poliacrilato e Poliacrilamida levou às seguintes conclusões:
    • As gomas naturais (modificadas) à base de amido Inpalgel BV, Agetex S44 eFécula de Mandioca
       apresentaram elevada biodegradabilidade com taxas de remoção da carga orgânica superior a 70%,
       no caso da Fécula e do Agetex S44, e com valores em torno de 50% para o derivado
       carboximetilado. Não observamos nenhum efeito de inibição da biota mais desenvolvida do
       sistema de lodos ativados. Nenhuma das substâncias apresentou efeito tóxico significativo no
       bioensaio com V. fischeri.
    • O Álcool Polivinílico mostrou perfil de degradabilidade mais lento, atingindo uma remoção da
       carga orgânica de 38% no período de observação; embora o ensaio utilizado não permite a
       caracterização das propriedades de biodegradação da substância teste, tudo indica que, no caso do
       PVA, trata-se de uma substância de biodegradabilidade moderada. Nenhum efeito negativo foi
       observado na microscopia do sistema de lodos ativados e no ensaio de toxicidade aguda com o
       bioindicador V. fischeri.
    • Os polímeros derivados do ácido acrílico, Poliacrilato e Poliacrilamida, não apresentaram
       biodegradabilidade no sistema teste usado nestes ensaios. Embora o ensaio utilizado não permite a
       caracterização das propriedades de biodegradação da substância teste, tudo indica que em ambos os
       casos trata-se de substâncias recalcitrantes à degradação biológica. Efeitos tóxicos observados
       com estes substratos. Observamos um impacto negativo inicial na presença de poliacrilato sobre
       o sistema teste de lodos ativados; este efeito, portanto, foi rapidamente superado pela biota presente
nos lodos ativados.

9. CONCLUSÕES FINAIS
Hoje diferentemente das divergências freqüentemente discutidas entre os técnicos da tecelagem e os
químicos da preparação, tinturaria e acabamento e os responsáveis pelo cumprimento das normas
ambientais, pode-se engomar eficientemente e economicamente, remover facilmente a goma sem
processos enérgicos e agressivos, dispendiosos e morosos, além de permitir que operação das ETEs
sejam aliviadas em seus custos operacionais, alcançando os níveis das legislações ambientais em
vigor, utilizando gomas à base de féculas de mandioca modificadas especificamente para atingir os
objetivos desta nossa apresentação.

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  • 1. Engomagem - Preparação - Meio ambiente Por um Consenso de Harmonia Autor: Manoel Zauberman - Presidente da Inpal Indústrias Químicas S. A. 1. Introdução Como químico têxtil exercendo continuadamente nestes 50 anos as constantes inovações que a química têxtil vem oferecendo e engrandecendo à Indústria Têxtil, ficamos orgulhosos do quanto e muito podemos e oferecemos ao setor para melhorar a qualidade de vida, beleza e prosperidade a todos os segmentos em que os artigos têxteis estão presentes. O tema que me permite abordar nesta reunião técnica, envolve antigos interesses conflitantes que freqüentemente envolviam as áreas secas (Fiação e Tecelagem) e as áreas úmidas (Preparação, Tinturaria e Acabamento). Os produtos de engomagem até bem pouco tempo utilizados, (féculas e amidos nativos), com lubrificantes à base de sebo ou parafina, obrigavam a se empregar processos onerosos e prolongados (Desengomagem, Cozinhamento muitas vezes sob pressão, alvejantes agressivos, que além de castigarem severamente as fibras, muitas vezes não eram totalmente eficientes. Os tingimentos irregulares e acabamentos indesejados eram as maiores vitrinas destes processamentos. Freqüentes eram os desentendimentos nas mesas de inspeção entre Tecelões e Tintureiros, para encontrar o culpado da má aparência do tecido acabado. A química têxtil foi muito efetiva para a solução destas centenárias querelas. O desenvolvimento de gomas sintéticas de um lado e o grande avanço na química dos amidos fizeram com que se alcançasse excelente resultado na tecelagem, onde novas máquinas de tecelagem de alta velocidade requeriam produtos que conferissem além de alta adesividade, resistência e resiliência, para permitirem altíssimas eficiências na tecelagem. Os novos polímeros naturais e sintéticos permitiam remoção cada vez melhores e simplificadas. Mais recentemente as incertezas e altos custos do petróleo, necessidade de importação e a crescente importância dos efluentes têxteis e seu impacto nos tratamentos ligados ao meio ambiente, obrigaram a uma reavaliação da utilização das gomas sintéticas tanto do ponto de vista econômico como no seu impacto negativo ao meio ambiente. Como conseqüência um intenso desenvolvimento de biopolímeros com base em amidos, permitiu que novos produtos de engomagem que oferecessem alta adesividade, resiliência e grande removabilidade fossem criados por serem facilmente biodegradáveis. O conhecimento das várias características dos amidos utilizados na engomagem e posterior remoção são importantes para a avaliação dos produtos à serem utilizados. Os amidos comerciais podem ser divididos em 2 grupos. O primeiro grupo compreende os amidos de tubérculos (batata), raízes de mandioca, araruta e batata doce. O segundo grupo compreende os amidos de cereais (grãos), milho, trigo, sorgo e arroz. Estes dois grupos são distintos entre si pela composição química e propriedades físicas.
  • 2. 2. COMPOSIÇÃO DAS DIFERENTES FONTES DE AMIDO 2.1 Composição e propriedade dos amidos Os grãos de amido contêm usualmente de 10 a 20% de umidade e proteínas, lipídeos e traços de matérias inorgânicas. Quadro 2 – Composição média dos grânulos de amido Lipídeos -Os amidos provenientes de tubérculo batata e raízes (mandioca) contêm pequena percentagem de lipídeos (0,14%) comparado com amidos de cereais (milho, trigo) que contêm de 0,8 a 1% de lipídeos. As substâncias graxas contidas nos amidos de cereal são predominantemente ácidos graxos livres (palmítico, linolênico e oléico) que tendem a formar sabões e espuma na engomagem e tratamento de efluentes, além de tenderem a se tornar rançosos na estocagem. Proteínas -Os amidos de tubérculos contêm somente uma pequena quantidade, comparados com os amidos de cereais (milho, trigo e arroz). Devido a este residual protéico os amidos de grãos podem apresentar sabor, odor e tendência a espuma. Amilose a Amilopectina Muitos amidos são uma mistura de amilose e amilopectina cada uma apresentando uma larga faixa de pesos moleculares e diferentes relações amilose/amilopectina como mostra o quadro 3, além do grau de polimerização (D.P.) médio de ambas frações em diversas situações. Quadro 3 - Conteúdo de amilose e amilopectina e grau de polimerização (D.P.) de amidos diversos
  • 3. Amilose -É um polímero linear contendo até 6.000 unidades de glucose ligadas pelas ligações 1 – 4 (Figura 1) Figura 1: estrutura da cadeia linear de moléculas de amilose. A amilose forma complexos de inclusão com iodo e vários compostos orgânicos como butanol, ácidos graxos, surfactantes, fenóis e hidrocarbonetos. Tais complexos são essencialmente insolúveis em água.Acredita-se que a amilose complexa-se formando uma espiral helicoidal em torno do agente complexante. O complexo da amilose com iodo forma cor azul característica, que é usada para identificar a presença de amidos que contêm amilose. Amilopectina -Possue estruturas altamente ramificadas consistindo de cadeias lineares curtas com DP variando de 10 a 60 unidades de glucose. Figura 2: estrutura dos pontos de ramificação da amilopectina 3.UNIDADE DE GLUCOSE As unidades de glucose das moléculas de amido contêm um grupo hidroxila primário no C-6 e um secundário no C-2 e C-3 (Figura 4) Figura 4: Unidade de Glucose
  • 4. Moléculas de amido tem uma multidão de grupos hidroxila que proporcionam propriedades hidrofílicas ao amido, tem a dispersibilidade em água aquecida, tais grupos hidroxila contudo, tendem a atrair-se entre si, formando ligações hidrogênio entre moléculas de amido adjacentes evitando a dissolução dos grânulos de amido em água fria. 4. RETROGRADAÇÃO Se uma solução diluída de amido permanece em repouso por um tempo prolongado, ela gradualmente torna-se turva e eventualmente se deposita como um precipitado branco. Já uma dispersão mais concentrada, se deixada esfriar, rapidamente transforma-se em um gel elástico. Ambos são processos de retrogradação, através da qual o amido passa de um estado dissolvido e dissociado para uma condição associada. Nos grânulos de amido, principalmente moléculas de amilopectina constituem as miscelas cristalinas. Em contraste, o amido cristalino retrogradado é constituído principalmente de moléculas de amilose. O mecanismo da retrogradação é mostrado esquematicamente na Figura 5. Figura 5: Mecanismo de retrogradação do amido (amilose) A retrogradação de pastas ou soluções de amido podem apresentar os seguintes efeitos: Aumento de viscosidade Desenvolvimento de opacidade e turbidez Formação de filmes insolúveis nas pastas quentes Precipitação de partículas insolúveis de amido Formação de gel Sinérese de água da pasta (exsudação) Retrogradação é um processo complexo e depende de inúmeros fatores, tais como o tipo de amido, concentração, processo de cozinhamento, tempo de estocagem, pH, processo de resfriamento e presença de outros produtos. A retrogradação de dispersões de amido é geralmente favorecida por baixas temperaturas e por altas concentrações de amido. A taxa de retrogradação é maior a pH 5 – 7, diminuindo a valores de pH superiores e inferiores. A retrogradação é retardada por sais de aníons e catíons monovalentes e por uréia. É eliminada por reações químicas tais como, carboxilação e eterificação que além de evitar a retrogradação, permitem fácil solubilidade e removabilidade. 4.1 O Papel da Fração Amilose A amilose é considerada a principal responsável pelo processo de retrogradação, sendo esta a sua mais significante propriedade. Moléculas de amilose dissolvidas, podem orientar-se segundo um alinhamento paralelo de modo que um grande número de grupos hidroxila ao longo das cadeias
  • 5. fiquem próximos entre si. Quando isto ocorre, os grupos hidroxila associam-se através de ligações hidrogênio e as cadeias de amilose são ligadas entre si formando agregados que são insolúveis em água. Em soluções diluídas, as cadeias agregadas de amilose precipitam. Em dispersões mais concentradas a amilose agregada bloqueia o fluido aquoso, formando um gel. 4.2 O Papel da Amilopectina A amilopectina apresenta muito menos tendência à retrogradação que a amilose. A associação de moléculas de amilopectina dissolvidas é fortemente inibida por sua estrutura altamente ramificada. Assim, a amilopectina tende a ser solúvel, formando soluções que não geleificam sob condições normais. A retrogradação normal ocorre geralmente no resfriamento e estocagem de pastas de amido à temperaturas de 70º C ou abaixo. Ocorre contudo, uma outra forma de retrogradação que ocorre durante a estocagem de soluções de amido de milho a temperaturas relativamente altas (75 – 95º C) sob a forma de precipitação de partículas de tamanho regular. 4.3 Retrogração de Vários Amidos Nativos A taxa de retrogradação de vários amidos naturais é mostrada na Figura 6. A medida da retrogradação é o aumento de viscosidade, após resfriamento das pastas de 95º C para 50º C como mostrado nas curvas do Brabender. Figura 6: Curvas Brabender de amidos naturais Conhecendo as características dos diversos amidos, cabe a caracterização e seleção do processo químico de modificação para conseguir um polímero natural derivado no caso da mandioca pelas suas superiores características físico-químicas já elencadas. A seleção e as possibilidades de reação com os carboidratos para resultarem em polímeros naturais que confiram as qualidades que um técnico ou químico têxtil, considerem as mais desejáveis para os processos de: A) Tecelagem , (eficiência) aí incluindo maior adesividade, flexibilidade, resistência do filme, para evitar poeira, ruptura, etc.
  • 6. B) Remoção - Facilidade de eliminação nos processos de preparação seja por simples lavagem à quente ou preparação/alvejamento, utilizando menor percentual de álcalis, agentes alvejantes (oxidantes) ou tenso ativos, por minimizar a agressão à natureza da fibra, permitindo conseqüentemente melhor aparência e toque. C) Conseguir melhores níveis de biodegradabilidade nas águas residuais da desengomagem, para evitar a sobrecarga orgânica nas ETE, evitando custos adicionais operacionais para se adequar as normas dos agentes estaduais do meio ambiente. Provas de laboratório foram efetuadas para formular produtos com as propriedades e características de engomagem de origem natural removíveis, levando em consideração suas características físico químicas no processo de engomagem tais como adesividade, flexibilidade, coesão e transparência como e principalmente suas maiores ou menores propriedades de remoção seja simplesmente com água a várias temperaturas, seja em processos simplificados de preparação e alvejamento considerando a melhor resultante procurando a menor ação agressiva dos álcalis, oxidantes ou surfactantes às fibras. Os gráficos seqüenciais ilustram os resultados obtidos e os tratamentos submetidos. Selecionados os produtos que permitam melhor removabilidade, prosseguimos os estudos para determinar a biodegradabilidade dos mesmos tendo submetido amostras ao laboratório independente - UMWELT Ltda de Assessoria Ambiental em Blumenau que possui Know-how e procedimentos reconhecidos pela indústria têxtil e a quem recorremos usualmente. O trabalho realizado pelo laboratório é apresentado a seguir com suas metodologias, observações, resultados e condições. 5. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi a caracterização das propriedades biológicas de seis produtos usados em combinação ou isoladamente na engomagem de fios de algodão. Os insumos incluem gomas naturais modificadas, além de gomas sintéticas com base vinílica e acrílica. Segue uma breve descrição destes insumos: Agetex S-44: amido natural de mandioca quimicamente modificado em éter de amido de caráter aniônico. Inpalgel BV: goma à base de amido quimicamente modificado em seu derivado carboximetílico - carboximetil amido, também de caráter aniônico. Fécula de Mandioca: Trata-se de um extrato de amido natural, não modificado. Álcool Polivinílico (PVA) Poliacrilato de sódio Poliacrilamida • Estudo da ecotoxicidade Os seis produtos foram submetidos a ensaios ecotoxicológicos de toxicidade aguda com o bioindicador Vibrio fischeri, visando à complementação das fichas técnicas dos fornecedores. Os ensaios tiveram como objetivo obter informações referentes a um possível impacto tóxico destes seis produtos sobre a microbiota dos lodos ativados. • Ensaios de tratabilidade Estes ensaios foram realizados em reatores de bancada, aplicando a metodologia Zahn-Wellens de tratabilidade em condições aeróbicas. Os ensaios devem fornecer informações sobre o grau de remoção da DQO no sistema de lodos ativados e sobre a modificação do floco biológico em contato com teores variados dos seis produtos analisados. Foi usado um lodo não comprometido e não adaptado, proveniente da estação de tratamento de efluentes de uma indústria têxtil, para a observação dos efeitos induzidos pelos produtos. Foram usadas concentrações das seis gomas aproximadamente três a cinco vezes superiores àqueles encontrados no processo têxtil. Os
  • 7. produtos foram adicionados na sua forma pura, isto é, sem a presença dos demais auxiliares normalmente usados nos banhos de engomagem. Um ensaio paralelo, com dietilenoglicol como única fonte de carbono, serviu como controle operacional da adaptabilidade do lodo ativado selecionado nos testes. Contrariamente aos ensaios de biodegradabilidade (conforme Zahn&Wellens), a série de ensaios de tratabilidade foi realizada sem repetições em paralelo, utilizando apenas um único reator por substância teste. 6. RESULTADOS 6.1 Ensaios ecotoxicológicos Os testes foram realizados com diluições seriadas dos produtos dissolvidos numa concentração inicial de 5% p/v (exceto a poliacrilamida, que foi dissolvida em concentração inicial igual a 0,5% p/v) em água destilada e, quando necessário, com aquecimento a 90ºC e agitação constante. A tabela 1 mostra os valores de inibição das substâncias sobre a luminescência do bioindicador V. fischeri. Os resultados encontram-se em forma de laudo anexado a este relatório. Os valores mostram que nenhum dos produtos apresentou um impacto significativo sobre as bactérias luminescentes. O maior impacto foi causado pela poliacrilamida, enquanto que os efeitos tóxicos do poliacrilato ficaram semelhantes ao do produto Inpalgel BV. Nenhum efeito foi medido com a fécula de mandioca, com o amido modificado Agetex S 44 e com o álcool polivinílico. 6.2 Ensaios de tratabilidade O ensaio de tratabilidade das gomas teve como objetivo verificar o percentual de degradação dos polímeros em condições de operação em batelada. A partir da cinética de redução da carga orgânica também é possível a determinação da constante de utilização de substrato, µ S. O procedimento consiste em uma adaptação da metodologia de análise da biodegradabilidade aparente, descrita por ZAHN & WELLENS (1978). Esta técnica está sendo utilizada no UMWELT-Labor para detecção do grau de degradabilidade de substâncias utilizadas no processo fabril. Basicamente, a técnica consiste na inoculação de reatores biológicos aerados com quantidades conhecidas de lodos ativados (tipicamente provenientes das ETEs Hering/Omino e Karsten), da substância teste e, em determinados casos, de fontes adicionais de crescimento/nutrientes. Contrariamente ao ensaio de biodegradabilidade, cada substância teste é inoculada apenas em um reator e o experimento faz uso de um período de incubação entre 4 e 11 dias. Os parâmetros operacionais básicos dos ensaios estão resumidos na tabela 2. Os resultados dos testes são apresentados nas tabelas 3 a 5 e nas figuras 1 a 7 para cada produto ensaiado.
  • 8. Tabela 2: Parâmetros operacionais básicos dos ensaios de tratabilidade Figura 1: Dados de tratabilidade; substrato: dietilenoglicol (=controle funcional) 6.3 Inpalgel BV, Agetex S44 e Fécula de Mandioca Os resultados dos ensaios de tratabilidade das gomas naturais (modificadas ou não) estão apresentados na tabela 4 e nas figuras 2 a 4. O perfil de remoção da carga orgânica é característico, nos três casos, para produtos de fácil degradabilidade. Todas as cinéticas atingiram o equilíbrio após 7 dias de incubação. Mesmo assim, o percentual de redução da DQO do produto Inpalgel BV chegou apenas a um valor final de 53 %, enquanto as gomas Agetex e a fécula de mandioca foram degradadas em 77% e 72 %, respectivamente. O residual da DQO pode ser explicado pela liberação de material orgânico no sistema de lodos ativados. O valor de µ S do substrato Inpalgel BV foi igual a 0,106. Os valores da taxa de consumo do substrato dos produtos Agetex e fécula foram de 0,216 e 0,296, respectivamente. A variação da biomassa no reator apresentou valores positivos para as gomas com base de amido, indicando aumento de massa celular através da incorporação do substrato na massa celular.
  • 9. Tabela 4: Dados de tratabilidade; substratos: Inpalgel BV, Agetex S44 e Fécula de Mandioca. Valores em vermelho significam correção de pH para valores fisiológicos. Figura 2: Dados de tratabilidade; substrato: Inpalgel BV Figura 3: Dados de tratabilidade; substrato: Agetex S44
  • 10. Figura 4: Dados de tratabilidade; substrato: Fécula de Mandioca Tabela 5: Dados de tratabilidade; substratos: PVA, Poliacrilato e Poliacrilamida. Figura 5: Dados de tratabilidade; substrato: Álcool polivinílico (PVA)
  • 11. Figura 6: Dados de tratabilidade; substrato: Poliacrilato Figura 7: Dados de tratabilidade; substrato: Poliacrilamida 7. RESUMO DOS RESULTADOS A figura 8 representa a variação do teor de sólidos, como medida da biomassa, no sistema biológico, na presença dos seis produtos testados. Enquanto as gomas com base de amido aumentaram o teor de biomassa no sistema de lodos ativados, os produtos com base vinílico e acrílico mostraram efeitos de estabilização do lodo, isto é, consumo de matéria orgânica nos processos de metabolismo de manutenção da biota dos lodos ativados. Vale ressaltar que os ensaios foram realizados com biomassa não adaptado; é possível obter perfis diferentes com lodos ativados adaptados por períodos maiores.
  • 12. Figura 8: Variação do teor de sólidos nos reatores operando com os produtos especificados acima como única fonte de carbono. SST = Sólidos suspensos totais, SSV = Sólidos suspensos voláteis. A tabela 6 mostra uma apresentação dos resultados obtidos com os seis produtos analisados. Tabela 6: Dados de tratabilidade - Resumo de todos os substratos 8. CONCLUSÕES Os ensaios de impacto dos produtos Inpalgel BV, Agetex S44, Fécula de Mandioca, Álcool Polivinílico, Poliacrilato e Poliacrilamida levou às seguintes conclusões: • As gomas naturais (modificadas) à base de amido Inpalgel BV, Agetex S44 eFécula de Mandioca apresentaram elevada biodegradabilidade com taxas de remoção da carga orgânica superior a 70%, no caso da Fécula e do Agetex S44, e com valores em torno de 50% para o derivado carboximetilado. Não observamos nenhum efeito de inibição da biota mais desenvolvida do sistema de lodos ativados. Nenhuma das substâncias apresentou efeito tóxico significativo no bioensaio com V. fischeri. • O Álcool Polivinílico mostrou perfil de degradabilidade mais lento, atingindo uma remoção da carga orgânica de 38% no período de observação; embora o ensaio utilizado não permite a caracterização das propriedades de biodegradação da substância teste, tudo indica que, no caso do PVA, trata-se de uma substância de biodegradabilidade moderada. Nenhum efeito negativo foi observado na microscopia do sistema de lodos ativados e no ensaio de toxicidade aguda com o bioindicador V. fischeri. • Os polímeros derivados do ácido acrílico, Poliacrilato e Poliacrilamida, não apresentaram biodegradabilidade no sistema teste usado nestes ensaios. Embora o ensaio utilizado não permite a caracterização das propriedades de biodegradação da substância teste, tudo indica que em ambos os casos trata-se de substâncias recalcitrantes à degradação biológica. Efeitos tóxicos observados com estes substratos. Observamos um impacto negativo inicial na presença de poliacrilato sobre o sistema teste de lodos ativados; este efeito, portanto, foi rapidamente superado pela biota presente
  • 13. nos lodos ativados. 9. CONCLUSÕES FINAIS Hoje diferentemente das divergências freqüentemente discutidas entre os técnicos da tecelagem e os químicos da preparação, tinturaria e acabamento e os responsáveis pelo cumprimento das normas ambientais, pode-se engomar eficientemente e economicamente, remover facilmente a goma sem processos enérgicos e agressivos, dispendiosos e morosos, além de permitir que operação das ETEs sejam aliviadas em seus custos operacionais, alcançando os níveis das legislações ambientais em vigor, utilizando gomas à base de féculas de mandioca modificadas especificamente para atingir os objetivos desta nossa apresentação.