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Curso de Acabamento Têxtil à Distância
                                                                      AULA 2
                                                                         Pg. 1




                                    AULA 2
       Introdução ao Estudo dos Beneficiamentos Primários
                Beneficiamentos Primários a Seco



Por que estudar este assunto?

   Para identificar as modalidades dos processos de beneficiamento a seco,
especialmente no que diz respeito às funções de escovagem, navalhagem e
chamuscagem, bem como interpretar os fluxogramas básicos de beneficiamentos de
outras fibras têxteis.

   Nesta aula, vamos aprofundar um pouco mais os assuntos tratados na aula anterior,
relativos aos primeiros beneficiamentos aplicados em fibras soltas, fios e tecidos.



O que preciso saber...

   É oportuno iniciar o desenvolvimento desse tema, relembrando um conceito muito
importante, porque constitui a base dos conhecimentos que se seguirão e, em
conseqüência, da nossa prática. Reflita sobre ele.

              A química têxtil é parte da química aplicada a esse
           ramo da indústria que trata das transformações de
           natureza físico-químicas ocorridas nos diversos estágios
           sofridos pela matéria-prima durante a elaboração de
           artigos manufaturados, bem como das substâncias
           envolvidas nos processos.


                           Beneficiamentos Primários

    Os beneficiamentos primários são os primeiros a serem aplicados à matéria têxtil,
isto é, fibras soltas, fios ou tecidos. As fibras soltas, por exemplo, costumam
apresentar impurezas de toda ordem, tais como sujeiras, gorduras, ceras, graxas,
lubrificantes, pigmentos, etc., que precisam ser removidas através de diversos
processos e de acordo com a finalidade do substrato. Além disso, as fibras não são,
de modo geral, absorvidas pela água, o que implica dificuldade na obtenção de
tingimento uniforme. Mas, com a eliminação desses problemas, os substratos tendem
à uniformização das características de limpeza, hidrofilidade e cor.

   Para eliminar as essas impurezas, existem vários tratamentos, chamados de
beneficiamentos a úmido, nos quais costuma-se empregar álcalis, agentes oxidantes,
enzimas, detergentes, solventes e outros produtos. Mas, existem também os
tratamentos a seco, beneficiamentos mecânicos cuja finalidade é a de eliminar
segmentos de fibras projetados na superfície do tecido.
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                                                                         AULA 2
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    Na verdade, todas essas modalidades de beneficiamentos têm um único objetivo,
fundamental para o fortalecimento da indústria têxtil, ou seja, conseguir um produto
final que encontre melhor aceitação no mercado.

   No quadro a seguir, você pode verificar que para cada tipo de fibra há um
tratamento específico, ou melhor dizendo, mais apropriado às suas características.
Confira!

   QUADRO SINÓPTICO DOS BENEFICIAMENTOS PRIMÁRIOS NAS PRINCIPAIS FIBRAS

          Fibra Têxtil                        Beneficiamento Primário
    Algodão, linho e rami           Escovagem, navalhagem, chamuscagem,
                                    desengomagem, cozinhamento, mercerização e
                                    alvejamento
    Rami e raiom viscose            Desengomagem, purga e alvejamento
    Acetato                         Desengomagem, purga e alvejamento
    Seda                            Desengomagem, ensaboamento e alvejamento
    Lã                              Carbonização, lavagem e alvejamento
    Náilon, poliéster e acrílico    Termofixação e purga

    Embora tenhamos nos referido aos beneficiamentos a seco e úmido, somente o
primeiro será abordado neste tema; deixaremos o último para uma próxima
oportunidade.


                        Beneficiamentos Primários a Seco

   Existem algumas modalidades desse tipo de tratamento. Agora, vamos concentrar
nossa atenção apenas nos três tipos, que costumam ser aplicados a tecidos
constituídos de fios fabricados com fibras cortadas.


               Os tecidos fabricados com fios constituídos de filamentos contínuos não
           são submetidos aos beneficiamentos listados a seguir, isto é, escovagem,
           navalhagem e chamuscagem.




Escovagem

   Trata-se de um beneficiamento mecânico, que visa levantar as pelugens e retirar
fibras soltas da superfície do tecido, preparando-o para a operação de chamuscagem.
Vejamos suas principais características.

   Na escovagem, os cilindros cobertos com cerdas finas giram em sentido contrário
ao da passagem do tecido, removendo as fibras soltas e jogando-as para fora por
gravidade ou vácuo. De forma simultânea a essa operação as fibrilas da superfície do
tecido são levantadas, para uma melhor chamuscagem.
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    Observe na fig.4, a seguir, um esquema que contém quatro escovas reguláveis,
motorizadas e montadas sobre rolamentos com cerdas, que podem ser feitas com
crina de cavalo, e que se encontram acopladas a uma chamuscadeira. Sua função é,
também, a de levantar os pêlos para uma perfeita chamuscagem.




                          Fig. 4: Conjunto caixa de escovas


Navalhagem ou tosquia

   Este também é um processo mecânico, realizado após a escovagem e que tem
como objetivo cortar as fibras, nós e pêlos da superfície do tecido, tornando-o liso e
limpo, reduzindo, assim, a tendência à formação de pilling. Vejamos como ocorre esse
tipo de tratamento.

   As navalhas helicoidais, presentes na navalhadeira, atuam abrangendo toda a
largura dos tecidos e são dispostas em planos paralelos ao do deslocamento deles, de
maneira que fiquem situadas em posições que permitam o corte de ambas as faces. A
tensão das tangências do tecido com as lâminas é ajustável, e todo o resíduo é
recolhido pneumaticamente em caixas ou por sucção para filtros de tecido.

   Esse tipo de operação é simples e pode ser resumido da seguinte forma: o tecido é
recebido em peça e colocado no equipamento. Ao operador cabe, apenas, pôr o
equipamento em operação e ficar atento ao trabalho, para evitar acidentes, apesar da
existência de sistemas eficientes de proteção.

     Em função de sua simplicidade, as navalhadeiras costumam ser operadas por
pessoal semi-qualificado, treinado no próprio local de trabalho e supervisionado,
diretamente, pelo encarregado ou mestre da seção de sala do pano cru ou da
preparação, o responsável pela produção nessa unidade.

   Após a navalhagem, e já tendo definida a sua classificação em relação à qualidade,
as peças encontram-se prontas para serem costuradas em máquinas tipo industrial,
providas de sistema de corte de bainha preferencialmente. Esta operação, a exemplo
da anterior, também é efetuada por pessoas treinadas no local de trabalho.
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                                                                       AULA 2
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                                   FIQUE DE OLHO

       Alguns dos defeitos já apresentados no tema anterior têm sua origem
       na escovagem e na navalhagem. Um deles, por exemplo, ocorre
       quando o operador deixa o tecido dobrar, o que certamente irá
       comprometer a qualidade do artigo. Portanto, é preciso tomar muito
       cuidado durante a realização desse beneficiamento.


Chamuscagem

    Consiste na eliminação, por queima direta ou indireta, dos segmentos das fibras
projetadas da superfície dos tecidos. Sua finalidade, a exemplo da navalhagem, é a
de produzir uma superfície limpa, lisa, com brilho (devido à reflexão irregular causada
pelas fibrilas), uniforme e com toque diferenciado, diminuindo, assim, a tendência à
formação de pillings.

  Para realizar essa operação, existem máquinas especiais, denominadas
chamuscadeiras, que podem ser de três tipos, conforme veremos a seguir.

       • Chamuscadeira de placas aquecidas
            Neste tipo de equipamento, o tecido entra em contato com uma ou duas
       placas de cobre, curvas e espessas, aquecidas ao rubro por meio de
       combustão de gases ou resistências elétricas, o que leva à carbonização das
       fibrilas projetadas da superfície do tecido.

       • Chamuscadeira de cilindros ou rolos aquecidos
           Nesta máquina, o tecido passa sobre cilindros aquecidos ao rubro,
       eliminando os segmentos das fibras projetadas. Normalmente, utilizam-se dois
       cilindros, a fim de expor os dois lados do tecido à ação do calor.

       • Chamuscadeira de combustão com chama direta

         Os gases naturais, de rua e GLP (gás liqüefeito de petróleo), são os
       combustíveis mais usados nesse tipo de equipamento.

          Faz com que o tecido passe, em aberto, em frente das chamas produzidas
       pela queima de combustíveis gasosos ou gaseificados em mistura com o ar.

          Comumente, os dois lados do tecido são submetidos à ação das chamas,
       que pegam toda a sua largura. Mas, a velocidade com que o tecido passa deve
       ser ajustada com muito cuidado, para que sejam queimadas somente as fibrilas
       levantadas por escovas na entrada da máquina, sem danificar o material.

          Após a passagem pelas chamas, o tecido deve percorrer um sistema
       fechado, em que é criada uma atmosfera neutra por meio da introdução de
       vapor. A finalidade desse sistema é a de apagar a eventual incandescência
       residual, ou seja, as fagulhas dos pêlos mais grossos, que se alimentam nas
       ourelas em função do ar. Costuma-se, também, utilizar banhos aquosos,
       sprays, cilindros refrigerados, soluções alcalinas ou enzimáticas, para apagar
       eventuais chamas, sendo as duas últimas indicadas à preparação do tecido
       para o cozinhamento e desengomagem, respectivamente.
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          A chamuscadeira é um equipamento mais complexo que os anteriores; sua
       velocidade, por exemplo, chega a atingir, atualmente, 200m/min. Por isso,
       quando você for realizar a operação, será preciso se manter atento e controlar,
       a todo instante, os fatores a seguir relacionados:
       −   distribuição nos bicos de queima;
       −   ângulo de incidência da chama no tecido;
       −   intensidade da chama;
       −   mistura de gás e ar;
       −   velocidade de passagem do tecido pelas chamas;
       −   dobramento do tecido no interior da máquina.

   Observe, nas figs. 5, 6 e 7, alguns dos principais pontos que você deve considerar a
fim de obter da máquina um funcionamento eficiente e um artigo com a qualidade
desejada.




                                                                       V




                                                                                  V




                       Fig.5: Esquema de uma chamuscadeira.




                    Fig.6: Esquema sobre o cuidado necessário à
                      chamuscagem das duas faces do tecido.
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                                                                      AULA 2
                                                                         Pg. 6




                                                                 CHAMUSCAGEM
         CHAMUSCAGEM
                                                                 MÉDIA
                    FORTE
               (tecidos de                                       (tecidos mistos)
          fibras vegetais)




         CHAMUSCAGEM                                             NEUTRA
                   LEVE
                (tecidos
              delicados)




                Fig.7: Possíveis posições de ajuste dos queimadores
                       para atender às necessidades do tecido.

   Em geral, dispõe-se de um encarregado de máquina semiqualificado e treinado para
operar o equipamento, além de um ajudante, para eventualmente substituí-lo. Suas
principais tarefas são: receber o tecido em rolos ou enfraldados; fazer as passagens
no equipamento; acender os bicos; regular a tensão e altura da chama; verificar o
sistema de resfriamento e controlar a saída do substrato.

  Normalmente, o responsável pela execução do processo é o supervisor ou mestre,
que, além de acompanhar toda a operação, faz cumprir a programação determinada
pela direção técnica. Cabe, ainda, ao supervisor elaborar relatórios diários de
produção, que devem incluir anotações sobre o tipo de tecido, metragem, tempo de
paralisações, etc.

  A chamuscadeira costuma ficar localizada no setor de alvejamento.




  Praticando e aprendendo

 A escovagem é necessária para o aumento da eficiência nos processos de
navalhagem e chamuscagem e para a limpeza do tecido.

  Analise as etapas a seguir e indique qual delas é a mais apropriada para proceder a
escovagem e por quê:
   a) antes da navalhagem;
   b) após a navalhagem;
   c) antes da chamuscagem;
   d) após a chamuscagem.
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O que estudei

  Os beneficiamentos primários a seco foram, por assim dizer, o carro-chefe de nosso
estudo. E, para desenvolver o tema, partimos do conceito de química têxtil e, logo a
seguir, procedemos a uma análise dos três processos aplicados aos tecidos
constituídos de fios fabricados com fibra cortadas. Dos diversos pontos estudados,
destacam-se os seguintes:
   ü o campo de ação da química têxtil, ou seja, o estudo das transformações
      químicas e físicas sofridas por substratos têxteis, após processos de
      beneficiamento;
   ü os beneficiamentos primários que fazem parte da primeira etapa do processo e
      se destinam a preparar os substratos para os passos subseqüentes,
      eliminando gomas, ceras, graxas, gorduras, pigmentos e sujidades em geral;
   ü a subdivisão dos beneficiamentos primários em a seco e úmido;
   ü o processamento da escovagem, navalhagem e chamuscagem, sendo a
      finalidade da primeira a de limpar a superfície do tecido e levantar os pêlos,
      para facilitar a chamuscagem; na segunda, são eliminadas as saliências da
      superfície dos tecidos; na última, os pêlos são queimados, melhorando o toque
      e o brilho.


Como andam seus estudos?

  Atenção, é hora de refletir sobre os assuntos estudados e avaliar seu rendimento.

1. Complete o sentido dos trechos a seguir, preenchendo as lacunas com a única
palavra correta apresentada na seqüência adiante.

  a. Os beneficiamentos das fibras podem _________________ suas propriedades
  físicas, e físico-químicas.
  (eliminar; reduzir; acrescentar; favorecer; alterar)

  b. Uma finalidade importante do processo de _________________ é a de eliminar
  irregularidades, tais como pontas presas, na superfície do tecido.
  (beneficiamento; escovagem; sucção; navalhagem; chamuscagem)

  c. Na chamuscagem, os controles das posições dos queimadores, a intensidade da
  chama e a velocidade da máquina devem ser regulados conforme a
  __________________ do tecido a ser processado.
   (pureza; sujeira; largura; gramatura; delicadeza)

  2. Reflita sobre as afirmativas a seguir e, depois, marque as CORRETAS.

  (   )   Beneficiamentos a seco são aqueles em que aplicamos solvente orgânico, e
          não água, nos processos.
  (   )   O processo de escovagem tem um melhor efeito, quando realizado após a
          chamuscagem, pois permite obter um substrato mais limpo.
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Referências bibliográficas

Cegarra, J. Fundamentos de la maquinaria de tintoreria. Universitat Politécnica de
Catalunha, 1987.
Apostila de beneficiamentos primários. Senai /Cetiqt. 1980.



Glossário

Enfraldados: acondicionamento do tecido em camadas.
Hidrofilidade: capacidade de absorver água.
Ourelas: orlas, geralmente de tecido mais encorpado, de uma peça de fazenda.
Pilling: são pequenos nódulos que aparecem na superfície das peças de vestuário e
que resultam do entrelaçamento das fibrilas projetadas da superfície do tecido,
proporcionando um aspecto visual não muito agradável às vestimentas.

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Beneficiamentos primários a seco

  • 1. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 1 AULA 2 Introdução ao Estudo dos Beneficiamentos Primários Beneficiamentos Primários a Seco Por que estudar este assunto? Para identificar as modalidades dos processos de beneficiamento a seco, especialmente no que diz respeito às funções de escovagem, navalhagem e chamuscagem, bem como interpretar os fluxogramas básicos de beneficiamentos de outras fibras têxteis. Nesta aula, vamos aprofundar um pouco mais os assuntos tratados na aula anterior, relativos aos primeiros beneficiamentos aplicados em fibras soltas, fios e tecidos. O que preciso saber... É oportuno iniciar o desenvolvimento desse tema, relembrando um conceito muito importante, porque constitui a base dos conhecimentos que se seguirão e, em conseqüência, da nossa prática. Reflita sobre ele. A química têxtil é parte da química aplicada a esse ramo da indústria que trata das transformações de natureza físico-químicas ocorridas nos diversos estágios sofridos pela matéria-prima durante a elaboração de artigos manufaturados, bem como das substâncias envolvidas nos processos. Beneficiamentos Primários Os beneficiamentos primários são os primeiros a serem aplicados à matéria têxtil, isto é, fibras soltas, fios ou tecidos. As fibras soltas, por exemplo, costumam apresentar impurezas de toda ordem, tais como sujeiras, gorduras, ceras, graxas, lubrificantes, pigmentos, etc., que precisam ser removidas através de diversos processos e de acordo com a finalidade do substrato. Além disso, as fibras não são, de modo geral, absorvidas pela água, o que implica dificuldade na obtenção de tingimento uniforme. Mas, com a eliminação desses problemas, os substratos tendem à uniformização das características de limpeza, hidrofilidade e cor. Para eliminar as essas impurezas, existem vários tratamentos, chamados de beneficiamentos a úmido, nos quais costuma-se empregar álcalis, agentes oxidantes, enzimas, detergentes, solventes e outros produtos. Mas, existem também os tratamentos a seco, beneficiamentos mecânicos cuja finalidade é a de eliminar segmentos de fibras projetados na superfície do tecido.
  • 2. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 2 Na verdade, todas essas modalidades de beneficiamentos têm um único objetivo, fundamental para o fortalecimento da indústria têxtil, ou seja, conseguir um produto final que encontre melhor aceitação no mercado. No quadro a seguir, você pode verificar que para cada tipo de fibra há um tratamento específico, ou melhor dizendo, mais apropriado às suas características. Confira! QUADRO SINÓPTICO DOS BENEFICIAMENTOS PRIMÁRIOS NAS PRINCIPAIS FIBRAS Fibra Têxtil Beneficiamento Primário Algodão, linho e rami Escovagem, navalhagem, chamuscagem, desengomagem, cozinhamento, mercerização e alvejamento Rami e raiom viscose Desengomagem, purga e alvejamento Acetato Desengomagem, purga e alvejamento Seda Desengomagem, ensaboamento e alvejamento Lã Carbonização, lavagem e alvejamento Náilon, poliéster e acrílico Termofixação e purga Embora tenhamos nos referido aos beneficiamentos a seco e úmido, somente o primeiro será abordado neste tema; deixaremos o último para uma próxima oportunidade. Beneficiamentos Primários a Seco Existem algumas modalidades desse tipo de tratamento. Agora, vamos concentrar nossa atenção apenas nos três tipos, que costumam ser aplicados a tecidos constituídos de fios fabricados com fibras cortadas. Os tecidos fabricados com fios constituídos de filamentos contínuos não são submetidos aos beneficiamentos listados a seguir, isto é, escovagem, navalhagem e chamuscagem. Escovagem Trata-se de um beneficiamento mecânico, que visa levantar as pelugens e retirar fibras soltas da superfície do tecido, preparando-o para a operação de chamuscagem. Vejamos suas principais características. Na escovagem, os cilindros cobertos com cerdas finas giram em sentido contrário ao da passagem do tecido, removendo as fibras soltas e jogando-as para fora por gravidade ou vácuo. De forma simultânea a essa operação as fibrilas da superfície do tecido são levantadas, para uma melhor chamuscagem.
  • 3. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 3 Observe na fig.4, a seguir, um esquema que contém quatro escovas reguláveis, motorizadas e montadas sobre rolamentos com cerdas, que podem ser feitas com crina de cavalo, e que se encontram acopladas a uma chamuscadeira. Sua função é, também, a de levantar os pêlos para uma perfeita chamuscagem. Fig. 4: Conjunto caixa de escovas Navalhagem ou tosquia Este também é um processo mecânico, realizado após a escovagem e que tem como objetivo cortar as fibras, nós e pêlos da superfície do tecido, tornando-o liso e limpo, reduzindo, assim, a tendência à formação de pilling. Vejamos como ocorre esse tipo de tratamento. As navalhas helicoidais, presentes na navalhadeira, atuam abrangendo toda a largura dos tecidos e são dispostas em planos paralelos ao do deslocamento deles, de maneira que fiquem situadas em posições que permitam o corte de ambas as faces. A tensão das tangências do tecido com as lâminas é ajustável, e todo o resíduo é recolhido pneumaticamente em caixas ou por sucção para filtros de tecido. Esse tipo de operação é simples e pode ser resumido da seguinte forma: o tecido é recebido em peça e colocado no equipamento. Ao operador cabe, apenas, pôr o equipamento em operação e ficar atento ao trabalho, para evitar acidentes, apesar da existência de sistemas eficientes de proteção. Em função de sua simplicidade, as navalhadeiras costumam ser operadas por pessoal semi-qualificado, treinado no próprio local de trabalho e supervisionado, diretamente, pelo encarregado ou mestre da seção de sala do pano cru ou da preparação, o responsável pela produção nessa unidade. Após a navalhagem, e já tendo definida a sua classificação em relação à qualidade, as peças encontram-se prontas para serem costuradas em máquinas tipo industrial, providas de sistema de corte de bainha preferencialmente. Esta operação, a exemplo da anterior, também é efetuada por pessoas treinadas no local de trabalho.
  • 4. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 4 FIQUE DE OLHO Alguns dos defeitos já apresentados no tema anterior têm sua origem na escovagem e na navalhagem. Um deles, por exemplo, ocorre quando o operador deixa o tecido dobrar, o que certamente irá comprometer a qualidade do artigo. Portanto, é preciso tomar muito cuidado durante a realização desse beneficiamento. Chamuscagem Consiste na eliminação, por queima direta ou indireta, dos segmentos das fibras projetadas da superfície dos tecidos. Sua finalidade, a exemplo da navalhagem, é a de produzir uma superfície limpa, lisa, com brilho (devido à reflexão irregular causada pelas fibrilas), uniforme e com toque diferenciado, diminuindo, assim, a tendência à formação de pillings. Para realizar essa operação, existem máquinas especiais, denominadas chamuscadeiras, que podem ser de três tipos, conforme veremos a seguir. • Chamuscadeira de placas aquecidas Neste tipo de equipamento, o tecido entra em contato com uma ou duas placas de cobre, curvas e espessas, aquecidas ao rubro por meio de combustão de gases ou resistências elétricas, o que leva à carbonização das fibrilas projetadas da superfície do tecido. • Chamuscadeira de cilindros ou rolos aquecidos Nesta máquina, o tecido passa sobre cilindros aquecidos ao rubro, eliminando os segmentos das fibras projetadas. Normalmente, utilizam-se dois cilindros, a fim de expor os dois lados do tecido à ação do calor. • Chamuscadeira de combustão com chama direta Os gases naturais, de rua e GLP (gás liqüefeito de petróleo), são os combustíveis mais usados nesse tipo de equipamento. Faz com que o tecido passe, em aberto, em frente das chamas produzidas pela queima de combustíveis gasosos ou gaseificados em mistura com o ar. Comumente, os dois lados do tecido são submetidos à ação das chamas, que pegam toda a sua largura. Mas, a velocidade com que o tecido passa deve ser ajustada com muito cuidado, para que sejam queimadas somente as fibrilas levantadas por escovas na entrada da máquina, sem danificar o material. Após a passagem pelas chamas, o tecido deve percorrer um sistema fechado, em que é criada uma atmosfera neutra por meio da introdução de vapor. A finalidade desse sistema é a de apagar a eventual incandescência residual, ou seja, as fagulhas dos pêlos mais grossos, que se alimentam nas ourelas em função do ar. Costuma-se, também, utilizar banhos aquosos, sprays, cilindros refrigerados, soluções alcalinas ou enzimáticas, para apagar eventuais chamas, sendo as duas últimas indicadas à preparação do tecido para o cozinhamento e desengomagem, respectivamente.
  • 5. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 5 A chamuscadeira é um equipamento mais complexo que os anteriores; sua velocidade, por exemplo, chega a atingir, atualmente, 200m/min. Por isso, quando você for realizar a operação, será preciso se manter atento e controlar, a todo instante, os fatores a seguir relacionados: − distribuição nos bicos de queima; − ângulo de incidência da chama no tecido; − intensidade da chama; − mistura de gás e ar; − velocidade de passagem do tecido pelas chamas; − dobramento do tecido no interior da máquina. Observe, nas figs. 5, 6 e 7, alguns dos principais pontos que você deve considerar a fim de obter da máquina um funcionamento eficiente e um artigo com a qualidade desejada. V V Fig.5: Esquema de uma chamuscadeira. Fig.6: Esquema sobre o cuidado necessário à chamuscagem das duas faces do tecido.
  • 6. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 6 CHAMUSCAGEM CHAMUSCAGEM MÉDIA FORTE (tecidos de (tecidos mistos) fibras vegetais) CHAMUSCAGEM NEUTRA LEVE (tecidos delicados) Fig.7: Possíveis posições de ajuste dos queimadores para atender às necessidades do tecido. Em geral, dispõe-se de um encarregado de máquina semiqualificado e treinado para operar o equipamento, além de um ajudante, para eventualmente substituí-lo. Suas principais tarefas são: receber o tecido em rolos ou enfraldados; fazer as passagens no equipamento; acender os bicos; regular a tensão e altura da chama; verificar o sistema de resfriamento e controlar a saída do substrato. Normalmente, o responsável pela execução do processo é o supervisor ou mestre, que, além de acompanhar toda a operação, faz cumprir a programação determinada pela direção técnica. Cabe, ainda, ao supervisor elaborar relatórios diários de produção, que devem incluir anotações sobre o tipo de tecido, metragem, tempo de paralisações, etc. A chamuscadeira costuma ficar localizada no setor de alvejamento. Praticando e aprendendo A escovagem é necessária para o aumento da eficiência nos processos de navalhagem e chamuscagem e para a limpeza do tecido. Analise as etapas a seguir e indique qual delas é a mais apropriada para proceder a escovagem e por quê: a) antes da navalhagem; b) após a navalhagem; c) antes da chamuscagem; d) após a chamuscagem.
  • 7. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 7 O que estudei Os beneficiamentos primários a seco foram, por assim dizer, o carro-chefe de nosso estudo. E, para desenvolver o tema, partimos do conceito de química têxtil e, logo a seguir, procedemos a uma análise dos três processos aplicados aos tecidos constituídos de fios fabricados com fibra cortadas. Dos diversos pontos estudados, destacam-se os seguintes: ü o campo de ação da química têxtil, ou seja, o estudo das transformações químicas e físicas sofridas por substratos têxteis, após processos de beneficiamento; ü os beneficiamentos primários que fazem parte da primeira etapa do processo e se destinam a preparar os substratos para os passos subseqüentes, eliminando gomas, ceras, graxas, gorduras, pigmentos e sujidades em geral; ü a subdivisão dos beneficiamentos primários em a seco e úmido; ü o processamento da escovagem, navalhagem e chamuscagem, sendo a finalidade da primeira a de limpar a superfície do tecido e levantar os pêlos, para facilitar a chamuscagem; na segunda, são eliminadas as saliências da superfície dos tecidos; na última, os pêlos são queimados, melhorando o toque e o brilho. Como andam seus estudos? Atenção, é hora de refletir sobre os assuntos estudados e avaliar seu rendimento. 1. Complete o sentido dos trechos a seguir, preenchendo as lacunas com a única palavra correta apresentada na seqüência adiante. a. Os beneficiamentos das fibras podem _________________ suas propriedades físicas, e físico-químicas. (eliminar; reduzir; acrescentar; favorecer; alterar) b. Uma finalidade importante do processo de _________________ é a de eliminar irregularidades, tais como pontas presas, na superfície do tecido. (beneficiamento; escovagem; sucção; navalhagem; chamuscagem) c. Na chamuscagem, os controles das posições dos queimadores, a intensidade da chama e a velocidade da máquina devem ser regulados conforme a __________________ do tecido a ser processado. (pureza; sujeira; largura; gramatura; delicadeza) 2. Reflita sobre as afirmativas a seguir e, depois, marque as CORRETAS. ( ) Beneficiamentos a seco são aqueles em que aplicamos solvente orgânico, e não água, nos processos. ( ) O processo de escovagem tem um melhor efeito, quando realizado após a chamuscagem, pois permite obter um substrato mais limpo.
  • 8. Curso de Acabamento Têxtil à Distância AULA 2 Pg. 8 Referências bibliográficas Cegarra, J. Fundamentos de la maquinaria de tintoreria. Universitat Politécnica de Catalunha, 1987. Apostila de beneficiamentos primários. Senai /Cetiqt. 1980. Glossário Enfraldados: acondicionamento do tecido em camadas. Hidrofilidade: capacidade de absorver água. Ourelas: orlas, geralmente de tecido mais encorpado, de uma peça de fazenda. Pilling: são pequenos nódulos que aparecem na superfície das peças de vestuário e que resultam do entrelaçamento das fibrilas projetadas da superfície do tecido, proporcionando um aspecto visual não muito agradável às vestimentas.