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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
AGRICULTURA URBANA: Diagnóstico e Educação 
Ambiental na Comunidade da Praia das Areias do 
Campeche – Florianópolis (SC) 
Relatório de Estágio de Conclusão do 
Curso de Agronomia para a obtenção 
do título de Engenheiro Agrônomo. 
Orientador: Prof. Dr. Ademir A. Cazella 
Acadêmico: Marcos José de Abreu 
Florianópolis, Abril de 2006. 
´
2 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço por ter “la alegria de vivir ao cuerpo”, como diz “la chica Côco”. Por 
minhas motivações, inquietudes e paixões. Também agradeço ao grande criador por 
existir no meu coração e reger este universo. Ao inesperado, o novo, o verdadeiro, a 
mudança e a busca pelo que de fato dá sentido a vida. 
Aos meus pais, José e Ana, que com tanto trabalho, luta, dedicação e esmero 
me geraram, cuidaram e fizeram-me crescer com valores simples, respeito e amor. 
Às minhas irmãs, Joseana e Mariana, á Isabelinha por compartilharem suas vidas 
comigo. E ainda agradeço aos meus familiares, que são dezenas, por contribuírem 
na minha formação humana, pelo amor e por suas referências de vida. 
Aos moradores da Praia das Areias, em especial ao Luiz e a Liu pela atenção 
e carinho com esta comunidade. 
A Grande família da Base do Morro das Pedras, Evandro, Rafa, Dani, Cainã, 
Jú, Côco, Ágata e todas aquelas pessoas que passam por nossas vidas e as 
constroem, dividem, somam e sempre deixam suas contribuições. Sem esquecer 
dos Sacis e suas peripécias. 
Ao pessoal do Cepagro, em especial ao Bagé e Luiz, que participaram muito 
da minha vida e formação acadêmica, sendo exemplos de vida e trabalho pra mim. 
Agradeço também a Cordélia, Inês, Prof Abdon, Liliam, e a galera do Pastoreio 
Voisin.. 
Ao povo da Agricultura Urbana da AS-PTA e da Cidades Sem Fome, os 
“rapazi” da Associação Orgânica e a família Harmonia Na Terra. 
Aos companheiros da faculdade e da vida, Enrico, Júlio, Paulinho, Ogata, 
Pedrão, Raoni, Tiaguinho, Carol, Hatsi, Rafaéis, Rodrigo, etc.. etc...etc... aqueles e 
aquelas que participaram intensivamente em algum momento destes 5 anos e meio. 
Pela atenção do Henrique da Inês e orientação do Kito neste trabalho. 
À vida........
3 
ÍNDICE 
1 – INTRODUÇÃO.......................................................................................................5 
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................8 
2.1 – Contextualizando a Agricultura Urbana....................................................8 
2.2 – Aspectos da Agricultura Urbana.............................................................10 
2.3 – Metodologias de trabalho em Agricultura Urbana..................................12 
3 – METODOLOGIA..................................................................................................17 
3.1 – Como construímos um panorama sócio-econômico e Histórico da 
Comunidade...............................................................................................................17 
3.2 – Métodos utilizados para fazer a Pesquisa (Diagnóstico) e a formação do 
Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais..................................18 
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................20 
4.1 – Comunidade da Praia das Areias do Campeche: aspectos históricos, 
sócio-econômicos, culturais e estruturais...................................................................20 
4.2 – Principais elementos do diagnóstico sócio-econômico das famílias e 
suas experiência em Agricultura Urbana....................................................................26 
4.3 – Aspectos dos entrevistados que “NÃO” praticam Agricultura Urbana... 31 
4.4 – Aspectos dos entrevistados que responderam que já praticaram 
Agricultura Urbana, mas pararam..............................................................................34 
4.5 – Aspectos dos entrevistados que responderam que fazem Agricultura 
Urbana........................................................................................................................35 
4.5.1 – Panorama da Agricultura Urbana demonstrado pelos 
entrevistados..............................................................................................................36 
4.5.2 – Manejo dos Quintais.................................................................39 
a) Construção dos Canteiros......................................................39 
b) Adubação...............................................................................40 
c) Cobertura de solo...................................................................41 
d) O solo dos quintais................................................................42 
e) O uso da Água.......................................................................43 
f) “Pragas” e “Doenças”..............................................................44
4 
g) Lixo doméstico.......................................................................45 
4.6 – Aspectos do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em 
Quintais......................................................................................................................46 
5 – CONCLUSÕES....................................................................................................48 
6 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................51 
7 – ANEXOS..............................................................................................................55 
Anexo I............................................................................................................55 
Anexo II...........................................................................................................57 
Anexo III..........................................................................................................61 
Anexo IV..........................................................................................................65
5 
“ E a história humana não se desenrola apenas 
nos campos de batalhas e nos gabinetes 
presidenciais. 
Ela se desenrola também nos quintais, entre 
plantas e galinhas, nas ruas dos subúrbios, nas 
casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, 
nas usinas, nos namoros de esquinas. 
Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa 
matéria humilde e humilhada, dessa vida 
obscura e injustiçada, porque o canto não pode 
ser uma traição a vida, e só é justo cantar se o 
nosso canto arrasta consigo as pessoas e as 
coisas que não tem voz.” 
(Ferreira Gullar) 
1. INTRODUÇÃO 
Entre setembro e dezembro de 2005 foi realizado este Estágio de Conclusão 
de Curso, sendo desempenhado as atividades através do Centro de Estudos e 
Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). Utilizando métodos de pesquisa-ação, 
pretendíamos diagnosticar as diferentes práticas de agricultura urbana, bem como, a 
estrutura social que envolve este tema na comunidade que faz parte da Associação 
dos Moradores da Praia da Areias (AMPA), bairro Campeche, municípios de 
Florianópolis/SC, com o propósito de empreender ações que promovam esse tipo de 
agricultura de forma associada à princípios de preservação ambiental e segurança 
alimentar. 
Antecedendo este Estágio algumas ações e vivências construíram um 
panorama da Agricultura Urbana na minha vida acadêmica. Primeiramente, 
participamos de um trabalho prático na Comunidade da Praia das Areias do 
Campeche, executado entre maio e dezembro de 2004, chamado de Agroecologia 
Urbana. Esse trabalho contou com a participação do Cepagro, da Associação dos
6 
Moradores da Praia das Areias (AMPA), do Instituto Harmonia Na Terra1, da 
Associação Orgânica2 e voluntários. 
Através de um grupo de mães que participavam do Projeto Aplysia3 na 
comunidade, demonstraram interesse em aprender a fazer pão integral. A partir 
deste fato foi planejada e estruturada as estratégias de atuação nesta comunidade. 
A Oficina do Pão foi tema gerador de discussões e propostas para outras atividades; 
o local de encontros era a sede da AMPA e a demanda do grupo foi de se fazer 
oficinas de pão integral e alimentação saudável, organização de um grupo de 
produção para geração de renda e o trabalho denominado por elas de “Hortas 
Caseiras”. 
Nos encontros das Oficinas do Pão e das Hortas Caseiras participamos na 
condição de responsável por este último tema. Assim, o projeto iniciou em maio com 
discussões internas sobre a metodologia, as ações a desenvolver e a identificação 
do local de implementação do projeto. Teve sua primeira atividade concreta em 
agosto, junto à diretoria da Associação dos Moradores das Areias que aceitou ceder 
o espaço físico para a discussão das atividades com a comunidade interessada e 
para a realização das primeiras oficinas do pão. A partir de então foram realizadas 
as seguintes atividades: 
• 4 encontros na comunidade para divulgação, planejamento e avaliação 
de atividades futuras; 
• 6 Oficinas do pão, com uma participação média de 8 mulheres por 
oficina; 
• produzidos mais de 100 pães integrais e 20 tortas integrais de banana 
e realizado demonstrações de receita e degustação de carne de soja; 
• implantadas 3 hortas, sendo 2 nas residências de participantes da 
Oficina do pão e 1 no quintal da AMPA. Esse trabalho foi realizado com 
as crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). 
1 OSCIP de Florianópolis que trabalha com Ecopedagogia, Educação Ambiental e trabalhos de geração de renda 
em comunidades. Atuou no Projeto promovendo um trabalho chamado de “Comunidade Viva”, revitalizando a 
AMPA. 
2 Através de práticas em agricultura orgânica, diversos profissionais e produtores a compõe e praticam atividades 
como: certificação de produtos orgânicos, gerenciamento de resíduos sólidos, educação ambiental e produção de 
alimentos orgânicos. Contribuiu com o trabalho doando composto proveniente do trabalho desenvolvido junto ao 
CEASA/SC. 
3 ONG que promove oficinas de Dança Contemporânea em comunidades periféricas de Florianópolis.
7 
• 1 oficina de brinquedos com material reciclável com as crianças do 
PETI e um “teatrinho” com os bonecos elaborados na oficina. 
• Plantio de árvores frutíferas no espaço da AMPA. 
• Implantação de 2 composteiras para resíduos orgânicos na residência 
de duas famílias participantes do projeto. 
• Em parceria com o Instituto Harmonia Na Terra, realizamos a 
recuperação da sede da AMPA, através do azulejamento da cozinha, 
construção de um forno a lenha e recuperação da instalação elétrica da 
sede. 
• Realização de um trabalho contínuo de educação ambiental junto às 
crianças que participam do PETI, através de diversas atividades como 
caminhadas de observação, trabalhos em grupo, oficinas de 
reciclagem, visitas a composteiras e atividades fora da comunidade e a 
produção e consumo de produtos da horta. 
Este trabalho motivou-nos em saber mais sobre a Agricultura Urbana, por 
isso, durante os meses de julho e agosto de 2005 realizamos estágios extra-curriculares 
na Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), 
que desenvolve um projeto de agricultura urbana na cidade do Rio de Janeiro 
há seis anos. Outro local de estágio foi junto à Prefeitura de São Paulo através da 
organização Cidades Sem Fome4, onde tivemos a oportunidade de conhecer o 
Projeto de Agricultura Urbana na Cidade de São Paulo executado durante o 
mandato da ex-prefeita Marta Suplicy. Estes estágios extra-curriculares nos 
motivaram a executar o estágio de conclusão de curso sobre o tema da Agricultura 
Urbana na Comunidade da Praia das Areias do Campeche, adaptando e 
aprimorando metodologias de trabalho utilizadas nas ações anteriores executadas 
pelo Projeto Agroecologia Urbana. 
Assim, esta etapa do estágio partiu do propósito de realizar um diagnóstico 
socioeconômico das famílias desta comunidade, visando a promoção da Agricultura 
Urbana e educação ambiental, através de métodos de pesquisa-ação. Sendo assim, 
este trabalho apresenta três focos principais: 
4 ONG formada por técnicos que trabalhavam no Programa de Agricultura Urbana da Cidade de São Paulo, 
despedidos formaram esta ONG para captar recursos com a finalidade da promoção da Agricultura Urbana.
8 
a) conhecer melhor a Comunidade da Praia das Areias, traçando um perfil 
sócio-econômico e resgatar a História de formação desta comunidade, identificando 
as pessoas que participam ou participaram de algum movimento social ou 
comunitário; 
b) Fazer um levantamento sobre agricultura urbana com seus moradores, 
identificando as pessoas da comunidade que não praticam ou que já praticaram 
Agricultura Urbana e pararam. Na forma quantitativa e qualitativa saber quem são as 
pessoas que praticam agricultura em seus quintais, de que forma a praticam e quais 
são suas motivações e limitações. Também procuramos conhecer das práticas de 
agricultura em quintais através do manejo de solo, irrigação, adubação, controle de 
pragas e doenças, espécies cultivadas, bem como, saber se os cultivos apresentam 
significativos incrementos na renda familiar ou importância na segurança alimentar 
destas famílias; 
c) constituir um Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais 
nesta comunidade, convidando os entrevistados a participar deste Grupo para 
tratarmos de assuntos temáticos como: compostagem, controle de pragas e 
doenças, banco de sementes, agroecologia, economia solidária através de oficinas. 
Também pretendemos fazer mutirões de trabalhos nos quintais dos envolvidos. 
. Mas antes de discutirmos esses focos, apresentamos alguns elementos 
referentes à agricultura urbana a partir de bibliografias e das experiências dos 
estágios extra-curriculares mencionados acima. 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 - Contextualizando a Agricultura Urbana 
Devido ao rápido crescimento das cidades no mundo, o interior e a periferia 
das áreas urbanas executariam um papel cada vez mais importante na alimentação 
de sua população. (FAO, 2005) 
O crescimento da população no planeta nos próximos 30 anos estará 
concentrado nas áreas urbanas dos países em desenvolvimento, isto significa que 
em torno de 60% da população destes países viverão em cidades. Atualmente, a 
agricultura em áreas urbanas e peri-urbanas proporcionam comida a cerca de
9 
700 milhões de moradores nas cidades, ou seja, um quarto da população urbana 
mundial. (FAO, 2005) 
Ainda segundo a FAO, a produção agrícola em cidades é um fenômeno 
crescente no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a 
possibilidade de acesso aos alimentos é muito desigual e o sistema de 
abastecimento inadequado. A FAO define agricultura urbana ou intra-urbana como 
aquela referente ao cultivo dentro das cidades; já a agricultura peri-urbana como 
sendo aquela praticada em unidades periféricas, no entorno das cidades. Ambas 
são realizadas principalmente por ex-camponeses, trabalhadores da terra que, 
devido ao êxodo rural, vieram para os centros urbanos em busca de emprego. Ao 
produzir alimento para seu próprio consumo, esses moradores também reforçam sua 
renda com a comercialização do excedente da colheita, proporcionando à 
comunidade local maior acesso a alimentos de qualidade e a preços mais baixos. 
Este debate conceitual sobre agricultura peri-urbana e intra-urbana é motivo 
de muitas controvérsias, Mougeot (2000), em revisão de estudos de todo o mundo 
sobre agricultura urbana, diz que os critérios utilizados para definir a "agricultura 
intra-urbana" são: o número de habitantes; a densidade mínima; os limites oficiais da 
cidade; os limites municipais da cidade; o uso agrícola da terra zonificada para outra 
atividade; e a agricultura dentro da competência legal e regulamentar das 
autoridades urbanas. Já para a agricultura peri-urbana, sua definição quanto ao local 
é mais problemática. Os sítios peri-urbanos estão em contato mais próximo com as 
áreas rurais e tendem a sofrer, no decorrer do tempo, mudanças agrícolas mais 
profundas que os locais mais centrais e as partes construídas da cidade. Os autores 
têm buscado traçar o limite externo da área peri-urbana, identificando por exemplo 
as zonas urbanas, suburbanas e peri-urbanas com relação à sua porcentagem de 
edificações, à infraestrutura viária e aos espaços abertos por km². Outros usam a 
distância máxima entre o centro urbano e as áreas que podem abastecer, com bens 
perecíveis, a cidade, de modo cotidiano; ou a área até a qual as pessoas que vivem 
dentro dos limites administrativos da cidade podem deslocar-se para se dedicarem a 
atividades agrícolas. O importante é que para estas definições foram analisados 
estudos feitos a partir de casos conduzidos em grandes cidades, freqüentemente
10 
capitais nacionais ou de províncias/estados e, portanto, que não se confunde com a 
agricultura localizada em áreas rurais típicas dos países. 
Na busca de uma definição para estes conceitos afino minhas inclinações 
conceituais com a revisão feita por Monteiro, Mendonça e Silva (2004) que propõe o 
conceito dado por Mougeot (2000), dizendo que “a agricultura urbana se situa dentro 
(intra) ou na periferia (peri) de um povoado, uma cidade ou uma metrópole, e cultiva 
ou cria, processa e distribui uma diversidade de produtos alimentares e não 
alimentares, (re)utilizando em grande medida recursos humanos e materiais, 
produtos e serviços que se encontram dentro e ao redor dessa zona, e por sua vez 
provê recursos humanos e materiais, produtos e serviços em grande parte a essa 
mesma zona”. 
2.2. – Aspectos da Agricultura Urbana 
Segundo Roese (2005), o principal aspecto no qual a agricultura 
urbana difere da rural, no entanto, é o ambiente. A agricultura urbana pode ser 
realizada em qualquer ambiente intra-urbano ou peri-urbano, podendo ser praticada 
diretamente no solo, em canteiros suspensos, em vasos, ou onde a criatividade 
sugerir. Qualquer área disponível pode ser aproveitada, desde um vaso dentro de 
um apartamento até extensas áreas de terra, sob luz natural ou artificial. Exige, no 
entanto, alguns cuidados especiais, como sombreamento parcial, especialmente 
para a formação de mudas e onde ocorra alto insolação, e irrigação cuidadosa e 
freqüente. Desta forma o autor fala que existem muitas maneiras e motivos para se 
praticar a agricultura urbana, e diversas vantagens podem ser obtidas através dessa 
prática, dentre elas citamos as mais comumente observadas: produção de 
alimentos, reciclagem de lixo, utilização racional de espaços, educação ambiental, 
desenvolvimento humano, segurança alimentar, desenvolvimento local, recreação e 
lazer, farmácias caseiras, formação de micro-climas e manutenção da 
biodiversidade, escoamento de águas das chuvas, embelezamento dos ambientes, 
diminuição da pobreza, atividade ocupacional e aumento da renda. Todos estes são 
conseqüências e características de práticas em Agricultura Urbana citadas pelo 
autor.
11 
Desta forma percebemos que a Agricultura Urbana desempenha múltiplas 
funções além da produção de alimentos. Em diversos estudos no mundo observa-se 
que esta prática proporciona aumento na qualidade de vida, segurança alimentar, 
benefícios ambientais, desenvolvimento local, organização e perspectivas através do 
aumento da auto-estima dos praticantes. 
Como relata Almeida (2004, p.26), “o uso produtivo de áreas urbanas 
proporciona a limpeza destas áreas e uma melhoria considerável ao ambiente local, 
diminuindo a proliferação de vetores de doenças. Muitos materiais como 
embalagens, pneus e entulhos, também são utilizados para a contensão de 
pequenas encostas e canteiros. Os resíduos orgânicos domiciliares são 
aproveitados na produção de composto empregado nas atividades de agricultura 
urbana”. 
Em pesquisa realizada com moradores da periferia do Rio de Janeiro 
Monteiro, Mendonça e Silva (2004) dizem que as agriculturas desenvolvidas no meio 
urbano tendem a ser diversificadas, com cultivos de diversas espécies numa mesma 
área, como estratégia de maximização dos pequenos espaços disponíveis...”, e 
complementam dizendo, “além disso, muitas vezes são cultivadas espécies e 
variedades não encontradas facilmente nos mercados, reflexos de hábitos culturais 
trazidos de outras regiões e mantidos no meio urbano. Esta citação é mencionada 
para percebermos como a Agricultura Urbana também promove agrobiodiversidade, 
bem como, mantém práticas que justificam um verdadeiro resgate cultural através do 
cultivo de determinadas plantas e seus respectivos consumos, que de certa forma, 
contribuem para uma soberania cultural através da manutenção de seus costumes e 
hábitos apesar de estarem fora de seus locais de origem. 
A Agricultura Urbana, desenvolvida de forma planejada, promove diversas 
melhorias nas estruturas sociais de uma região, pois favorece o diálogo e a 
integração familiar, assim como, estimula o trabalho comunitário e coletivo, além de 
ser um trabalho recreativo e útil como afirma (SIAU & YURJEVIC,1993). Ainda neste 
fluxo de reflexão, Dias (s.d) relata experiências, através de trabalhos realizados na 
zona leste de Belo Horizonte, de aumento significativo da saúde física e mental de 
famílias pelo fato de estarem em contato com as plantas e o que isso traz como 
valorização em saúde mental e espiritual, proporcionado através da fonte energética
12 
que é a terra. Dias (s.d.) também fala que outro aspecto relevante é a potencialidade 
dos quintais em estar gerando uma economia familiar, dispensando as compras 
feitas em sacolões, e com a garantia do consumo de alimentos isentos de 
agrotóxicos e coliformes fecais. Além dessa economia familiar, alguns quintais, 
principalmente os de maior tamanho, podem se tornar fonte de geração de renda 
pela venda dos alimentos excedentes ao consumo das famílias. Estes autores 
mostram que a Agricultura Urbana é realmente fonte de desenvolvimento seja para 
uma região através de mudanças significativas numa comunidade, numa família por 
melhores condições de relacionamentos e econômicas ou individuais através de 
percepções de valores espirituais e emocionais. 
Sendo assim, a Agricultura Urbana, se praticada sem a utilização de 
Agrotóxicos para o controle de “pragas e doenças”, não utilizando de adubos 
químicos sintéticos, pode ser considerada uma prática Agroecológica, como define 
Altieri (2002, p.26) “a Agroecologia geralmente representa uma abordagem agrícola 
que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, assim como os problemas 
sociais, enfocando não somente a produção, mas também a sustentabilidade 
ecológica do sistema de produção.” 
2.3 – Metodologias de trabalho em Agricultura Urbana 
Ao estudar este tema percebemos que existem diversas experiências 
acontecendo em vários lugares de todo o mundo, principalmente em países em 
desenvolvimento, como menciona a FAO. Países desenvolvidos também 
apresentam projetos de Agricultura Urbana, mas a Ilha de Cuba é a expoente 
máxima, com seu Projeto de Agricultura Urbana. Isto acontece devido sua estrutura 
política e social, bem como, suas limitações comerciais e o histórico de seu modelo 
de agricultura. 
“Desde os anos 50 a agricultura cubana havia se modernizado e os 
monocultivos de exportação tinham maior importância que a produção de alimentos. 
Além disso, os métodos de produção dependiam de insumos e matérias primas 
importadas, e muitos componentes dos produtos agrícolas eram importados o que 
intensificava a dependência das importações” Aquino (2002, p.08).
13 
Com o forte bloqueio econômico dos Estados Unidos, o desmantelamento da 
União Soviética, com que mantinha 85% de seu intercambio comercial, e com a 
queda do socialismo em outros países, no final de 1989 e início de 1990, Cuba 
apresenta-se numa situação de não dispor de recursos energéticos suficientes e 
nem capital abundante. Devido a estes fatos ocasiona-se uma crise generalizada. 
Em 1991 os cubanos tiveram um marco na sua História que chamaram de “Período 
especial em tempos de paz” e segundo Aquino (2002), neste período o governo 
cubano começou a somar forças para estudar saídas da crise que o país vivia, desta 
forma chamaram pesquisadores do INIFAT (Instituto de Investigaciones 
Fundamentales em Agricultura Tropical) que já realizavam pesquisas com substratos 
orgânicos para a produção agrícola e em 1994 com a produção de hortaliças, 
mediante um movimento de popularização, incorporando grandes massas da 
população para produzir alimentos em cada m² das cidades e assentamentos 
populacionais, utilizando o máximo dos recursos territoriais, com princípios de 
agricultura sustentável, objetivando reduzir a cadeia fundamental de produção e 
comercialização. 
Antes desta revolução da Agricultura Cubana, a produção de hortaliças em 
Cuba era de 4.200t/ha por ano, isto é, 1g per capta de hortaliças diárias, quando a 
recomendação da FAO é de no mínimo 300g por dia. Conforme o Gráfico 1, 
percebemos o impacto na produção de hortaliças e condimento após esta medida 
que culminou na criação do GNAU (Grupo Nacional de Agricultura Urbana de Cuba). 
Gráfico 1: Impacto da Agricultura Urbana na produção de hortaliças e 
condimentos frescos.
14 
876 
1680 
2360 
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 
4,2 16 58 140 
2500 
2000 
1500 
1000 
500 
0 
1 2 3 4 5 6 7 8 
milhões de toneladas 
Fonte: Aquino (2002, p.12). 
480 
anos 
O movimento da Agricultura Urbana em Cuba, dirigido pelo GNAU é 
altamente organizado hierarquicamente, apoiado por todos os setores envolvidos na 
produção de alimentos executa suas atividades através de diferentes subprogramas 
que são: 12 cultivos, 7 de pecuária e 9 de apoio. Os subprogramas englobam temas 
específicos como a produção de hortaliças, plantas medicinais, condimentos, plantas 
ornamentais, frutíferas, arroz popular, café, cacau, banana popular, raízes e 
tubérculos tropicais, oleaginosas, feijões, milho, sorgo, criação de animais (galinhas, 
coelhos, caprinos, porcos, abelhas e peixes) que desenvolvem em todo o país. 
No Brasil podemos verificar que existem vários projetos de Agricultura Urbana 
acontecendo como em: Minas Gerais, Belém, São Paulo, Curitiba, Rio Grande do 
Sul, Recife, Florianópolis, entre outros. Neste relatório citaremos as experiências 
vividas através de estágios em três diferentes instituições com diferentes 
metodologias de trabalho em Agricultura Urbana. 
Inicialmente mostraremos o trabalho da AS-PTA, desenvolvido na cidade do 
Rio de Janeiro, tendo como prioridade os quintais urbanos e eventualmente 
trabalhos com hortas coletivas ou comunitárias. Embasados no que diz Monteiro e 
Mendonça (2004), técnicos deste projeto, dizem que quando é abordado o tema da 
agricultura na cidade, é comum a imediata referência às hortas comunitárias. De 
fato, muitos projetos de incentivo às práticas agrícolas no meio urbano utilizam a
15 
lógica da promoção exclusiva de hortas comunitárias. Isso ocorre porque, em 
primeiro lugar, a palavra horta é entendida como sinônimo de hortaliças em 
canteiros, o que exclui de antemão diversas possibilidades de aproveitamento 
produtivo integrado dos espaços urbanos, como a utilização de árvores frutíferas, o 
plantio em recipientes (potes, vasos, etc.) e a criação de animais. A perspectiva 
agroecológica, por outro lado, não restringe o olhar a um sistema padronizado de 
produção, com espécies predefinidas, mas procura incorporar ampla diversidade às 
condições específicas de cada espaço disponível. Outro aspecto se refere ao caráter 
comunitário. Na prática, ocorrem poucas experiências espontâneas deste tipo e, 
além disso, existem outras formas de trabalho cooperativo e de socialização de 
informações, como mutirões, os bancos de sementes, os encontros formais e 
informais, etc. A horta comunitária, portanto, deve ser vista como mais uma das 
possibilidades, que demanda certo grau de organização e mobilização e não tida 
como fórmula única. 
Madaleno (2002), em pesquisa sobre a agricultura intraurbana em Belém, 
identificou que os quintais domésticos são os espaços predominantes. Na pesquisa, 
cerca de 71% dos entrevistados cultivam lotes adquiridos legalmente, 20% são 
ocupações ilegais, em terras públicas ou privadas e os demais se valem de espaços 
emprestados. A pesquisa mostrou ainda que a maioria das iniciativas de agricultura 
nos espaços intraurbanos é realizada por mulheres. 
Segundo Monteiro, Mendonça e Silva (2004), a partir da análise do Programa 
de Agricultura Urbana desenvolvido pela Assessoria e Serviços a Projetos em 
agricultura Alternativa (AS-PTA), na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a agricultura 
praticada nos espaços urbanos (intraurbana) convive com diversas outras atividades 
econômicas, e geralmente é ocupação de tempo parcial, escapando, na maioria dos 
casos, das estatísticas oficiais. Quanto aos espaços em que é praticada, tipicamente 
são áreas menores e mais dispersas do que no meio rural. São relevantes os 
pequenos espaços domésticos (quintais) - algumas vezes sem disponibilidade de 
solo - e comunitários, sendo freqüente a insegurança com relação à posse ou 
usufruto da terra, com mecanismos variados com relação a essa questão. A falta de 
espaço disponível é uma das principais limitações identificadas para a prática da 
agricultura nos espaços urbanos.
16 
Este Programa de agricultura urbana desenvolvido pela AS-PTA é executado 
através de parcerias com outras organizações, entidades e movimentos sociais 
populares que possibilitam uma maior credibilidade e base de apoio nas 
comunidades. Ou seja, existe um respaldo de que já executam atividades 
comunitárias há algum tempo. Estas entidades são: a Prefeitura do Rio de Janeiro, 
Rede Fitovida, Pastoral da Criança e da Saúde, Associações de Moradores e 
Igrejas. Organizando suas atividades e ações conjuntamente com estas instituições, 
seu foco de trabalho é sempre a formação de grupos, nunca trabalhos com 
indivíduos isoladamente. 
Estes grupos passam por formações e trocas de experiências temáticas, 
como: farmácias caseiras, banco de sementes, compostagem, educação ambiental 
com crianças, entre outras atividades. Para uma melhor compreensão da realidade 
de onde estão inseridos costumam fazer diagnósticos participativos e pesquisas 
para traçarem um perfil dos participantes. (ver fotos desse programa, em anexo). 
Em cidades como São Paulo, as hortas urbanas têm sido alternativa para 
uma alimentação mais saudável e barata. Locais como a Avenida Radial Leste, uma 
das mais movimentadas da capital paulista, abrigam hortas que alimentam dezenas 
de famílias de baixa renda. Essa atividade está prevista, também, no Plano Diretor 
do município, pois, além de combater a fome e promover a inclusão social, contribui 
para a melhoria das condições ambientais, possibilitando a ocupação de terrenos 
vazios, que ao invés de acumular mato e lixo, são tratados e cultivados, fornecendo 
alimento fresco e sem agrotóxicos. A lei permite redução do Imposto Predial e 
Territorial Urbano (IPTU) aos donos dos locais escolhidos, e estimula a formação de 
cooperativas de agricultores das hortas urbanas e a venda dos produtos cultivados 
de forma orgânica, ou seja, sem o uso de agrotóxicos e demais insumos sintéticos. 
(FOME ZERO, 2005) 
Esta, na verdade, é uma outra metodologia de trabalho onde o poder público 
está diretamente participando das decisões. Neste caso a Prefeitura de São Paulo 
na Gestão da ex-Prefeita Marta Suplicy criou uma Secretaria de Agricultura Urbana, 
a partir de intercâmbios e formações em projetos de Agricultura Urbana em Cuba. 
Com isto, parte do orçamento municipal foi alocado para estas atividades. A 
metodologia utilizada tem como foco as hortas comunitárias para o trabalho de
17 
Agricultura Urbana, formação de cooperativas de agricultores urbanos e sistemas de 
comercialização. O procedimento acontecia da seguinte forma: inicialmente 
escolhiam um terreno baldio preferencialmente público; se for particular se negocia 
sua regularidade com o IPTU. Posteriormente inicia-se a limpeza do terreno, 
retirando lixo, entulhos, capinando e até mesmo passando máquinas de 
terraplanagem; O segundo passo consiste em cercar o terreno com muros ou telas, 
em seguida convoca-se a comunidade para a formação da cooperativa de 
agricultores urbanos; a partir disso promove-se cursos de agricultura urbana e 
acompanha-se tecnicamente este grupo. Em alguns casos estes grupos já existiam 
para outras finalidades, como por exemplo: grupos de mães que recebiam 
benefícios da Prefeitura, ou grupos que trabalhavam com agricultura em terrenos da 
igreja, ou outras instituições. Além de receber acompanhamento técnico, os 
membros dos grupos têm acesso aos materiais para o trabalho, mudas e terra 
adubada, que neste caso era cama de aviário proveniente de áreas próximas do 
município de São Paulo. No período em que estivemos fazendo estágio neste 
programa o governo da Marta Suplicy havia encerrado e o programa havia sido 
abandonado na maior parte dos locais. Em apenas dois lugares dos tantos visitados 
haviam atividades sendo desenvolvidas. Em anexo, apresenta-se fotos ilustrativas 
dessa iniciativa pública. 
Em Florianópolis, durante o período de maio a dezembro de 2004, o Centro 
de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo desenvolveu o projeto chamado de 
Agroecologia Urbana que teve como objetivo principal a divulgação de idéias da 
agroecologia no meio urbano, a utilização de espaços/quintais urbanos para a 
produção de alimento, bem como a criação de possibilidades de geração de renda 
através da elaboração de produtos ecológicos como o pão e as tortas integrais, 
artesanato ou outros produtos que possam ser produzidos de forma ética, solidária e 
ecológica (Cepagro, 2004). Numa fase inicial, e tendo em conta os escassos 
recursos financeiros, optou-se por realizar Oficinas de produção de pão integral e 
Oficinas de hortas caseiras, assim denominados, como forma de aproximação e 
discussão na comunidade. 
3. METODOLOGIA
18 
3.1 – Como construímos um panorama sócio econômico e Histórico da 
Comunidade. 
Este trabalho de conclusão de curso inicia-se após praticamente um ano do 
Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido pelo Cepagro nesta comunidade. 
Portanto, para estar mais próximo das estruturas que compõe o universo desta 
comunidade procuramos a Direção da Associação dos Moradores da Praia das 
Areias com o objetivo de apresentar o projeto deste estágio de conclusão de curso 
e identificar outras pesquisas já realizadas na comunidade. Uma reunião com a 
diretoria da AMPA representou o marco inicial das atividades. 
O segundo passo do trabalho foi resgatar um pouco do que já havia sido 
empreendido na comunidade em etapas anteriores e que tivesse alguma relação 
com este tema, como o Projeto Agroecologia Urbana, por exemplo. Isto se deu 
através da preparação e realização do que chamamos de “Encontro de Um ano Pós- 
Projeto Agroecologia Urbana”, convidamos todas as pessoas que participaram deste 
Projeto como os moradores, equipe técnica do Cepagro e lideranças da 
comunidade. A participação foi pequena com 10 pessoas e na oportunidade foi 
discutido sobre a pesquisa que seria realizada na comunidade, pelo estágio de 
conclusão de curso, através do Questionário: Diagnóstico – Agricultura Urbana na 
Comunidade da Praia das Areias (em Anexo). Este momento serviu também para 
avaliarmos um pouco da importância e conseqüências nas vidas destas pessoas 
que participaram do Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido há um ano. 
Na busca do envolvimento comunitário tentamos inserir outros segmentos da 
comunidade na execução da pesquisa, bem como, otimizar o tempo de pesquisa e 
facilitar a obtenção de respostas fidedignas a partir da proximidade existente entre o 
pesquisador e o entrevistado. Este envolvimento foi através dos jovens que fazem 
parte do Projeto Agente Jovem da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Seis jovens 
entre 15 e 17 anos de idade que, num primeiro momento, receberam uma 
capacitação para a aplicação do questionário (em anexo) e, num segundo momento, 
aplicaram os questionários junto às famílias. Note-se que no decorrer do processo, 
surgiu a proposta desses jovens executarem essa tarefa sob a coordenação da 
Associação dos Moradores da Praia das Areias. Deste modo, os jovens dedicaram-
19 
se exclusivamente ao trabalho deste questionário proposto pela AMPA. Dados desta 
pesquisa foram utilizados para este trabalho. 
3.2 – Métodos utilizados para fazer a Pesquisa (Diagnóstico) e a 
formação do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais 
Com a ajuda de três estudantes do curso de agronomia da UFSC, que já 
estavam inseridos nesta comunidade através de outras atividades, 60 questionários 
foram aplicados num espaço de tempo de um mês. Utilizando um método onde cada 
entrevistador era responsável por determinadas ruas da comunidade preencheu-se 
os questionários sempre que houvesse algum morador apto a respondê-lo. Deste 
modo foram pesquisados aproximadamente 50% das residências da Comunidade da 
Praia das Areias, sendo satisfatório para levantar informações sociais e econômicas 
das famílias e criar um panorama da Agricultura Urbana nesta comunidade. 
Os objetivos principais do questionário são: conhecer aspectos 
socioeconômicos dos(as) moradores(as); saber se os moradores já fizeram algum 
tipo de cultivo (agricultura) no quintal, se continuam ou se pararam e porque o 
fizeram; saber se o entrevistado(a) havia participado ou ainda participa de algum 
movimento social ou mantém algum envolvimento de cunho comunitário. Entre os 
que responderam que continuam fazendo agricultura urbana, uma série de 
perguntas foram feitos para desenharmos um panorama destas práticas na 
comunidade. As questões nessa área tiveram como objetivo explorar os seguintes 
aspectos: 
• As práticas de agricultura urbana são relevantes no contexto familiar, 
contribuindo especialmente na alimentação destas pessoas? Além da 
alimentação, que outra(s) importância(s) é/são atribuída(s) à prática de 
cultivos em quintais? 
• Quais são as motivações que levam as pessoas a essas práticas? 
• Quais os fatores limitantes a essas práticas (materiais, conhecimento, 
motivação, espaço físico, etc.)? 
• Que tipos de cultivos/práticas e estratégias de ocupação dos espaços 
são adotados pelos moradores?
20 
• Conhecer o que estes moradores plantam através de grupos de 
espécies como frutíferas, ornamentais ou hortaliças. 
• Qual a relação destes moradores com o lixo gerado nas suas 
residências. 
Outro importante aspecto do questionário foi o de perceber o interesse dos 
moradores em participar do que chamamos de “primeiro encontro de trocas de 
experiência em agricultura em quintais”. Além de convidá-los para esse evento se 
identificou os melhores dias e horários para esta prática. No próprio questionário da 
pesquisa existem algumas perguntas destinadas ao interesse e disponibilidade da 
formação deste grupo de trocas de experiências, inclusive com um chamado para o 
primeiro encontro deste grupo. Este chamado acontecia no momento da entrevista 
com os moradores. 
A proposta metodológica consistia em planejar, após este primeiro encontro, 
uma agenda de encontros e atividades, onde o objetivo seria a realização de 
mutirões de trabalho nos quintais, encontros técnico/teórico sobre agroecologia, 
compostagem, manejo de solo, práticas alternativas de controle de pragas e 
doenças, economia solidária e plantas medicinais. Sem nenhum recurso financeiro 
para custear essas ações contamos somente com o interesse pelo tema, bem como 
em fortalecer as bases comunitárias de organização. 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
4.1 – Comunidade da Praia das Areias do Campeche: aspectos 
históricos, sócio-econômicos, culturais e estruturais 
A população de Florianópolis passou de 138.337 habitantes em 1970 para 
342.315 em 2000. Verifica-se, portanto, que em 30 anos a população quase que 
triplicou, prejudicando, principalmente, as pessoas com baixa renda e pouca 
qualificação profissional que acabam sentindo, com maior intensidade, os problemas 
de saneamento básico5, acesso aos serviços de saúde, carência alimentar, violência 
urbana entre outros problemas. A cidade de Florianópolis, apesar de ostentar o título 
5 Somente 32,79% do esgoto é tratado e 2,18% do lixo é coletado de maneira seletiva (Prefeitura Municipal de 
Florianópolis).
21 
de capital com melhor qualidade de vida do Brasil, esconde um conjunto de mais de 
50 favelas onde vivem cerca de 10% da população6, texto extraído do Projeto 
enviado para Miserior (Cepagro, 2004) 
A Comunidade onde se realizou esta etapa do estágio está localizada no sul 
da ilha de Santa Catarina, entre os bairros Campeche e Morro das Pedras, 
conhecida popularmente como Areias do Campeche. O acesso ao se dá através da 
Rua Francisco Vieira, que se situa a 100 metros do Trevo do Erasmo, bifurcação da 
SC-405, que dá acesso aos bairros Ribeirão da Ilha e Morro das Pedras. Situada a 
100 metros da Praia do Campeche, junto à faixa de dunas de areia. Os moradores 
denominam o local onde residem de Praia das Areias. 
O aglomerado residencial principal ocupa uma área de 29.000 m², 
relativamente plana (declividade média de aproximadamente 4%), cuja altitude varia 
entre 5 e 10 metros. Apenas na faixa voltada para as dunas existem trechos com 
declividades acentuadas (em torno de 20%). É nesta faixa que ocorrem os pontos 
mais elevados e os mais baixos do sítio. A intensa ocupação das dunas limítrofes 
impede que se tenha visuais diretos para o mar a partir das residências. A inserção 
das mesmas numa área litorânea de relevo pouco acidentado, permite uma boa 
captação dos ventos, configurando um microclima adequado para o uso 
habitacional. 
Para uma melhor compreensão das relações sociais existentes entre esta 
Comunidade (expressão que passamos a utilizar como referência à área em estudo) 
e seu entorno levantamos os pontos orientadores e sua ocupação: 
Ao sul existem condomínios horizontais de padrão elevado, que se estendem 
até a praia. O condomínio voltado para a Rua Francisco Vieira – Village das Azaléias 
– possui um muro alto em toda a sua extensão, impedindo as relações entre os 
moradores das duas áreas residenciais. A maioria das casas destes condomínios 
fica fechada fora da temporada, servindo apenas para o veraneio de seus 
proprietários. 
6 O critério utilizado neste estudo realizado pela Prefeitura Municipal, baseia-se nos padrões determinados pelo Instituto de 
Administração Municipal (Ibam), que considera favela local onde há deficiência de infra-estrutura que comprometa a 
qualidade de vida dos moradores, precariedade de habitação e renda familiar inferior a três salários mínimos, entre outros 
aspectos.
22 
No lado oeste foi implantado há pouco mais de um ano um grande loteamento 
destinado à classe média. Até o momento, poucas residências foram construídas. 
Os lotes limítrofes têm seus fundos voltados para a Rua dos Eucaliptos, o que não 
favorece a relação entre os moradores da comunidade e do novo loteamento. O 
bairro Castanheira, mais a oeste, é composto por vários loteamentos compridos e 
estreitos, ocupados em geral por classe média. Os moradores deste bairro 
praticamente não se relacionam com a comunidade em questão. 
Ao norte, há um amplo terreno desocupado destinado à área verde do 
loteamento recém implantado a oeste. Até pouco tempo atrás, este terreno era 
aproveitado pelos moradores da comunidade para atividades esportivas e 
comunitárias, porém a colocação de cercas de arame farpado impediu a 
continuidade destes usos. 
A leste, encontram-se as dunas da Praia do Campeche, intensamente 
ocupadas por residências de veraneio de padrão elevado e também por residências 
precárias. As dunas estão entre a Comunidade e o mar. A população que freqüenta 
aquela praia se restringe aos moradores locais e surfistas, pois o mar ali é muito 
agitado. O mar é utilizado pela comunidade do assentamento tanto para o lazer no 
verão, quanto para a pesca, servindo assim como fonte de alimento. 
Sobre a história desta comunidade, faremos um resgate desde o uso inicial 
destas terras que originariamente integravam uma vasta área de reflorestamento de 
espécies exóticas -pinnus e eucaliptos-, de propriedade do Governo do Estado de 
Santa Catarina. Há algumas décadas, uma grande área deste reflorestamento 
passou para a propriedade de um particular, incluindo toda a área da Comunidade e 
do loteamento vizinho recém implantado. 
A ocupação do terreno pela população de baixa renda se iniciou nos anos 
1980, quando surgiram as primeiras casas, bastante precárias. Desde então, uma 
série de intervenções sociais e judiciais aconteceram, seguidos de uma forte 
mobilização social desta Comunidade. A seguir apresentamos alguns momentos 
marcantes desse processo de ocupação da área: 
• A Prefeitura Municipal, através da Divisão de Ação Comunitária, 
começou a atuar na Comunidade em 1991, época em que fez o
23 
primeiro cadastramento dos moradores, registrando um total de 104 
famílias; 
• No mesmo período, o proprietário do terreno havia acionado a Justiça 
para requisitar a reintegração de posse; 
Como relata uma matéria publicada no Jornal Diário Catarinense de 18/08/94: 
“O prefeito de Florianópolis, Sérgio Grando (PPS), anunciou ontem a 
desapropriação de uma área localizada na Rua dos Eucaliptos... para o 
assentamento definitivo de 80 famílias. O terreno é reivindicado pelo advogado 
Henrique Berenhausen, que em 1986 entrou com processo de reintegração de 
posse, alegando invasão clandestina no local. Ontem de manhã, por decisão judicial, 
oficiais da Justiça iriam executar o despejo das famílias...”; 
No dia seguinte, o Jornal “O ESTADO” noticiou o assunto da seguinte forma: 
... “Durante toda a manhã de ontem, mais de 100 pessoas permaneceram no 
auditório da prefeitura aguardando a assinatura do decreto. ... Depois da tentativa 
frustrada de reintegração de posse, na última terça-feira, o prefeito Sérgio Grando 
havia garantido aos moradores que desapropriaria o terreno. Acontece que o 
proprietário do terreno apresentou uma nova proposta que transferiria as famílias 
para uma área sem infra-estrutura. O caso foi estudado por técnicos da prefeitura e 
a decisão sairá hoje. O presidente da Associação de Moradores, Marta Reis, 
garantiu que as famílias estão dispostas a pagarem seus lotes para a prefeitura, 
caso saia a desapropriação. ‘Pagaremos duas vezes pelo lugar, já que todos que 
moram lá, compraram o terreno e têm escritura de posse’, frisou.” 
A desapropriação da área em litígio só se efetivou em março do ano seguinte, 
através do Decreto Municipal nº 85/95, destinando-a para o assentamento das 
famílias carentes que ali moravam. Esta grande conquista dos moradores só foi 
possível graças ao seu engajamento para fazer pressão junto à prefeitura, para não 
serem expulsos do local. 
Mesmo com a desapropriação, nem todas as famílias conseguiram manter as 
suas casas. Isto ocorreu porque algumas moradias se localizavam fora dos limites 
da área desapropriada. O Jornal “O ESTADO” de 23/05/95 noticiou a demolição de 
residências no local:
24 
“A Prefeitura de Florianópolis determinou, ontem pela manhã, a demolição de 
aproximadamente 20 casas construídas ilegalmente no terreno de propriedade de 
Henrique Berenhausen na Praia do Campeche. Algumas das famílias desalojadas 
foram transferidas para o terreno que a prefeitura desapropriou do próprio 
Berenhausen no começo deste ano. ... A força policial presente à ação de demolição 
– quase 100 homens – foi justificada como ‘de rotina’. Todas as famílias já haviam 
sido avisadas da demolição, a tempo de retirarem os móveis dos interiores das 
casas. ... A ação demolitória de ontem transcorreu sem qualquer incidente. A única 
dificuldade foi causada pela qualidade de algumas casas, construídas de alvenaria. 
... A Prefeitura agora concentra esforços para a realização do projeto de 
urbanização, concebido ao mesmo tempo em que a desapropriação era feita. A 
intenção é oferecer toda a infra-estrutura às famílias assentadas. ...” 
Mais uma vez, a comunidade demonstrou união e solidariedade, empenhando 
agora esforços coletivos para construir novas casas, nos vazios existentes no interior 
da área desapropriada, para abrigar as famílias que foram alvo da demolição. 
Nesta época, às pressas, os moradores fizeram a redemarcação dos lotes, 
atribuindo a cada família um lote entre 180 e 220 m². Nenhuma das casas existentes 
dentro dos limites da desapropriação foi demolida. Não houve sorteio dos lotes; cada 
família escolhia o lote onde iria construir a sua casa. Em algumas casas, residiam 
várias famílias de parentes. Mesmo assim, sobraram alguns lotes, que 
posteriormente foram destinados pela prefeitura a famílias que residiam em áreas 
ocupadas no continente. 
Os moradores entrevistados relataram que nesse período não havia 
abastecimento público de água; a energia elétrica era obtida clandestinamente; o 
local era esconderijo de bandidos, sendo visto até hoje pelas comunidades vizinhas 
como uma área marginalizada, denominada de favela. 
Depois de garantida a permanência no local, a luta da comunidade 
prosseguiu, desta vez para conseguir a implantação da infra-estrutura urbana. A 
Associação de Moradores da localidade conseguiu organizar uma equipe de 
técnicos voluntários para elaborar um projeto de urbanização da área. Porém, essa 
equipe não chegou a desenvolver o projeto, frustrando os anseios da população.
25 
O poder de mobilização da comunidade também se fez notar através da sua 
atuação no orçamento participativo de 1996, no qual foram destinadas verbas para a 
urbanização e construção de moradias populares nas Areias do Campeche. Porém, 
o governo federal não enviou a verba destinada a estes projetos, deixando a 
comunidade mais uma vez frustrada e desmotivada. 
Apenas recentemente, surgiram novas perspectivas de que a Comunidade 
seria alvo de um projeto de urbanização, através do convite dirigido pela prefeitura 
municipal, através da sua Secretaria da Saúde e Desenvolvimento Social, à 
Universidade Federal de Santa Catarina (Departamento de Arquitetura e Urbanismo/ 
Grupo de Estudos da Habitação e Departamento de Engenharia Civil) para 
estabelecerem uma parceria entre as duas instituições e a Associação dos 
Moradores da Praia das Areias. 
Atualmente cerca de 120 famílias residem no assentamento da Praia das 
Areias. Trata-se de uma população heterogênea, com acentuadas diferenças quanto 
à origem, nível socioeconômico e composição do grupo familiar. Os levantamentos 
cadastrais da prefeitura revelam que mais da metade dos moradores é procedente 
de outros estados, e que aproximadamente 30% vieram de cidades do interior do 
estado, principalmente do sul e do oeste de Santa Catarina. Embora em menor 
quantidade, há também moradores naturais de Florianópolis. Outro dado é que mais 
de 70% dos moradores atuais residem na Comunidade desde a época da 
desapropriação. 
A situação econômica das famílias em geral é precária, sendo que a maioria 
dos moradores exerce atividade autônoma sem qualificação. Predominam os 
serventes de pedreiro, artesãos, faxineiras e biscateiros. Além dos autônomos, 
existem alguns moradores que são empregados em pequenas empresas, outros são 
funcionários públicos e há ainda os que possuem um pequeno comércio na própria 
localidade. Durante os dias de folga, é comum os moradores trabalharem na reforma 
de suas casas ou ajudarem na reforma das casas dos vizinhos. A Comunidade 
parece um canteiro de obras que nunca acaba. 
Em relação às famílias percebe-se que os núcleos tradicionais predominam, 
porém há também casos de mulheres viúvas ou separadas residindo sozinhas ou 
com os filhos; de filhos casados morando com os pais; de indivíduos ou casais
26 
morando sozinhos. A maioria das famílias é jovem e têm-se muitas crianças e 
adolescentes. A maioria das mulheres não exerce atividade remunerada. Algumas 
delas fazem trabalhos eventuais como faxineiras, principalmente quando os maridos 
estão sem trabalho. 
Com relação aos problemas sociais destacamos o desemprego ou 
subemprego que atingem várias famílias, gerando muitas carências, havendo 
inclusive casos de subnutrição. Uma equipe da pastoral da criança vem realizando a 
distribuição de leite e o acompanhamento mensal do peso das crianças. Além disto 
também as Agentes de Saúde comunitária da Prefeitura Municipal de Florianópolis 
executam trabalhos desta natureza. Aliado ao problema do desemprego e da falta 
de ocupação, há um índice elevado de pessoas dependentes de drogas e/ou de 
álcool. A área é um importante ponto de tráfico de drogas. Outro dado é que existem 
diversos casos de analfabetismo entre os moradores. 
Vale ressaltar ainda que esta análise da comunidade foi elaborada a partir 
das conversas com moradores e diretoria da AMPA, bem como pela leitura de 
documentos dessa Associação e da “Caracterização das Moradias da Praia das 
Areias”, elaborado em novembro de 1998 pelo Grupo de estudos em Habitação 
(GHab) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal de 
Santa Catarina. 
A Comunidade da Praia das Areias do Campeche é marcada por uma forte 
luta pela posse e uso da terra que compreende este assentamento, assim, um 
histórico de aquisições, relocações, brigas jurídicas e negociações como poder 
público resume a constituição deste assentamento. Também vale ressaltar que por 
ser uma área de dunas, mais precisamente, num ecossistema de restinga, esta é 
uma área ilegal para a ocupação humana como delimita o Plano Diretor da 
Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF). 
Segundo estudos da PMF esta é uma área de risco social, devido ao alto 
índice de desemprego, baixa escolaridade e índices crescentes de consumo de 
drogas, bem como, o aumento dos pequenos furtos que acontecem nas regiões 
adjacentes ao assentamento que sempre se dirigem a esta comunidade como 
oriunda dos fatos.
27 
Por estar situada no meio de condomínios residenciais de classe média alta, 
sofrem discriminações e também grande pressão por conta da especulação 
imobiliária, que é um fato marcante em Florianópolis, principalmente em áreas de 
balneário como as Areias do Campeche. Conseqüência disto, a instabilidade e 
insegurança dos moradores em relação ao uso e posse da terra é marcante entre os 
moradores, atingindo diretamente a sua relação com o seu quintal ou terreno. 
O fato de pesquisas anteriores feitas na comunidade não considerarem os 
cultivos dos quintais como práticas e ocupações dos moradores, desconsidera-se 
qualquer possibilidade destas informações estarem contidas em estratégias e 
políticas públicas voltadas para esta comunidade. Esta seria uma ótima estratégia 
de atuação na comunidade para ocupação de mulheres e homens 
desempregadas/os, jovens e crianças. 
4.2 – Principais elementos do diagnóstico sócio-econômico das famílias 
e suas experiência em Agricultura Urbana 
A partir do questionário “Diagnóstico – Agricultura Urbana na Praia das Areias 
do Campeche” foi possível observar o perfil sócio-econômico dos entrevistados e 
suas relações com a temática deste trabalho. Através de perguntas chaves do 
questionário que está em anexo, temos o objetivo de analisar as potencialidades em 
Agricultura Urbana desta comunidade. Através de gráficos, citações de outras 
pesquisas e observações serão demonstrados os principais elementos do 
diagnóstico, onde, 62 entrevistados, que respondem por sua família, irão 
representar as relações existentes entre Agricultura Urbana e as características da 
comunidade em questão . 
Inicialmente dividimos os resultados das repostas negativas e afirmativas para 
os cultivos nos quintais, encontrando nas respostas positivas casos de pessoas que 
pararam e que continuam a produzir. 
Figura 1: Gráfico que mostra a proporção de moradores em relação a 
prática de Agricultura Urbana.
28 
12 
40 
10 
Dos 62 entrevistados, doze (20%) responderam que “Não”, não fazem 
nenhum tipo de cultivo em seus quintais. Dez (17%) responderam que “Sim”, já 
fizeram algum tipo cultivo em seus quintais mas pararam por diversos motivos. 
Quarenta (63%) responderam que “Sim” e continuam fazendo algum tipo de cultivo 
em seus quintais. Observamos que 80% dos entrevistados tem alguma relação 
agrícola com seus quintais. Estes, inicialmente são alvo desta pesquisa que tem 
como objetivo conhecer melhor destes moradores para posteriormente formar um 
grupo que trate deste tema na comunidade. 
Para melhor conhecer a situação econômica dos entrevistados e suas 
respectivas famílias, um quadro com o panorama da renda mensal dos integrantes 
da família, foi aplicado ao entrevistado. 
Figura 2: Renda familiar mensal. 
não 
sim e continua 
sim e parou
29 
16 
22 
n° de famílias 
5 4 
15 
menos de 
R$400,00 
R$600,00 - 
R$1000,00 
R$1000,00 - 
R$1500,00 
mais de 
R$1500,00 
não 
declarou 
Renda mensal 
Como resultados, obtivemos 16 famílias que vivem com menos de R$ 400,00 
mensais e 22 famílias que vivem com uma renda mensal entre R$600,00 e 
R$1000,00 representando 61% dos entrevistados. Apenas 5 famílias vivem com 
uma renda entre R$1000,00 e R$1500,00 mensais e 4 famílias vivem com mais de 
R$1500,00 por mês, representando 15% dos entrevistados. Compreendemos que as 
15 pessoas, representando 24% dos entrevistados, que não declaram sua renda não 
o fizeram por não se sentirem confortáveis ao declararem o quanto ganham ou por 
desconhecerem o valor da renda familiar. 
Sabendo que quase 50% dos entrevistados têm renda mensal família menor 
que R$1.000,00, pela baixa renda mensal destas famílias, percebemos que a 
comunidade é realmente alvo de um projeto que vise melhorias e garantias na 
qualidade de vida através da segurança alimentar, melhores condições ambientais e 
um cuidado especial com a saúde desta população como objetiva um Projeto de 
Agricultura Urbana. 
Segundo Siau & Yurjevic (1993, p.44) “um aspecto importante da relação 
entre o urbano e o rural é a migração de pessoas. O principal fluxo é o que parte do 
rural, e que está constituído principalmente por jovens”. Estes jovens que o autor se 
refere, foram aqueles que há 10 – 15 anos vieram de suas cidades originárias rurais 
e constituíram suas famílias nos centros urbanos. Também existem os casos de 
famílias que vieram já formadas para as cidades oriundas do meio rural, todas 
reflexos do êxodo rural, que na sua maioria se instalam nas periferias dos centros. 
Na comunidade da Praia das Areias isto está representado na Figura 3.
30 
Figura 3: Gráfico da origem das famílias entrevistadas 
40 
n° de famílias 
20 
2 
40 
35 
30 
25 
20 
15 
10 
5 
0 
rural urbana não declarou 
A migração de pessoas do rural para urbano nessa comunidade tem uma 
representatividade bastante significativa, onde 65% dos entrevistados é de origem 
rural. Este fato acaba acarretando uma série de fatores em relação ao manejo dos 
quintais, espécies plantadas e motivações de cultivarem nos quintais, sendo melhor 
apresentados no decorrer desta analise do diagnóstico. 
Um dos objetivos do questionário era sabermos se os entrevistados tinham 
algum histórico de participações em trabalhos comunitários ou movimentos sociais e 
populares, a fim de constatar facilidade ou dificuldade de empreender atividades 
deste caráter na comunidade da Praia das Areias. Para isto construímos uma 
pergunta que esclareceria estas dúvidas. 
Figura 4: Representa a participação do entrevistado em algum trabalho 
comunitário, formação de grupos ou movimentos populares sociais.
31 
48% 
52% 
Sim, já participou 
Não, nunca participou 
A partir desta figura observamos que 48% dos entrevistados nunca participou 
de atividades coletivas e 52% já participou, sendo assim, com uma diferença tão 
pequena entre os resultados, não sendo parâmetro para a identificação de 
potenciais para a atividade a ser proposta na comunidade sob forma de um Grupo 
de Trocas de Experiência em Agricultura Urbana. 
Apesar de não serem representativos para este objetivo do diagnóstico, 
observamos que 52% de participação é um número bem significativo para uma 
comunidade, reforçando e refletindo todo processo de lutas e mobilizações em prol 
de suas moradias, já constatado neste capítulo. 
Pensando nas estratégias e ações do Grupo de Trocas de Experiência Sobre 
Agricultura em Quintais da comunidade, concluímos que seria de fundamental 
importância sabermos do interesse dos entrevistados de estar participando, ou não. 
Daqueles que responderam que teriam interesse, buscamos verificar um dia comum 
para as atividades, 
Figura 5: Percentagem de interessados em participar do Grupo de Trocas de 
Experiências Sobre Agricultura em Quintais na Comunidade.
32 
10% 
34% 56% 
Sim 
Não 
Talvez 
Figura 6: Dias disponíveis para os encontros e atividades. 
9 
1 1 1 
5 6 
2 
3 
2 
Sábado 
qualquer dia 
fim de semana 
dia de semana 
Segunda 
Quinta 
Terça 
Sexta 
quando o filho crescer 
Como constatamos nas Figuras 5 e 6, existe um grande percentual de 
interessados para a atividade. A escolha do melhor dia para estes encontros foi feita 
analisando que a maioria das pessoas tem disponibilidade nos finais de semana, 
especialmente aos sábados, desta forma quando realizamos o primeiro encontro do 
Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade, 
escolhemos o Sábado. 
4.3 – Aspectos dos entrevistados que “NÃO” praticam Agricultura 
Urbana 
Aproximadamente 19% dos entrevistados respondeu que nunca tiveram 
nenhum tipo de cultivo em seus quintas, nessa comunidade. A partir dessa reposta
33 
devemos ser cuidadosos pois o fato de não terem experiências na atual residência 
não podemos excluir a possibilidade de um dia surgir o interesse pelo assunto. 
Seguindo a resposta negativa analisamos outros elementos do diagnóstico 
para justificar esta posição de não praticar Agricultura Urbana, pois, estes também 
são moradores que devem ser considerados. Conhecê-los é fundamental para 
construirmos melhores estratégias de aproximação. 
Figura 7: Renda familiar mensal das famílias que não praticam 
Agricultura Urbana 
6 
4 
2 
0 
menos de 
400,00 
600,00 - 
1000,00 
acima de 
1000,00 
Não declarou 
EM R$ POR FAMÍLIA 
Nº 
DE 
FA 
MÍ 
LI 
AS 
Conforme Figura 7, das 12 pessoas que responderam esta categoria, 05 
delas tem renda familiar mensal inferior a R$400,00, computando 42% do total. 
Este resultado mostra que estas famílias seriam realmente o alvo de ações 
que promovessem segurança alimentar como faz a prática de agricultura urbana. 
Em experiências com moradores da periferia do Rio de Janeiro em Agricultura 
Urbana Monteiro e Mendonça (2004) falam que é comum nas famílias de baixa 
renda se observar uma baixa auto-estima, o que restringe fortemente a participação 
em atividades comunitárias e as desmotiva a cuidar de seus quintais. 
Outro ponto relevante para a ação a ser proposta na comunidade, é o fato de 
que 66% dos entrevistados que não praticam Agricultura Urbana, tem origem rural, 
num trabalho de sensibilização esse indicativo pode ser utilizado como um grande 
potencial para o resgate cultural. 
Saber que 07 dos 12 entrevistados nunca participaram de trabalhos 
comunitários ou movimentos sociais e populares, foi de fundamental importância
34 
para concluirmos que a maioria realmente tem um histórico de desmobilização 
comunitária. Como já esperávamos 08 dos 12 não têm interesse em participar do 
Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade. 
Também foram observados pontos que são negativos nesse grupo de 
entrevistados para uma articulação de trabalhos coletivos, o fato de da maioria 
nunca ter participado de trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares, 
07 dos 12 entrevistados, mostrando que a maioria realmente tem um histórico de 
desmobilização comunitária, e ainda, 08 dos 12 não têm interesse em participar do 
Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade. 
Figura 8: Representação das causas levantadas pelos moradores ao fato 
de não plantarem em seus quintais. 
3 
2 
2 
2 
1 
1 
1 
1 
não têm espaço 
moradores novos 
a terra é muito ruim 
não responderam 
casa para veraneio 
não gosta de plantar 
mora de aluguel 
nunca pensou 
A pergunta chave para esta categoria era saber por que estas famílias não 
plantavam em seus quintais. Com estas respostas poderíamos criar melhores 
estratégias de aproximação a estas famílias, pois sabemos que são alvo de 
trabalhos com Agricultura Urbana como justificado acima. Na Figura 8 mostramos 
que as justificativas para não plantar nos quintais são as mais diversas, no entanto, 
as questões de falta de espaço, baixa fertilidade do solo e moradias novas são as 
mais encontradas. Devemos considerar esta diversidade de motivos para 
planejarmos e promoção ações em Agricultura Urbana nesta comunidade. Também,
35 
vale salientar que mantivemos as respostas na íntegra para haver uma maior 
transparência nos resultados. 
4.4 – Aspectos dos entrevistados que responderam que já praticaram 
Agricultura Urbana, mas pararam. 
Com 10 respostas nesta categoria, computou aproximados 16% dos totais 
que responderam ao questionário. Temos um interesse principal em saber o que 
levaram a parar com estas práticas em suas residências. Assim verificamos que 04 
entrevistados perderam o espaço que tinham para cultivar, principalmente para 
construções. Como já mostramos neste trabalho, os terrenos geralmente são muito 
pequenos, assim quando as famílias precisam aumentar as construções, muitas 
vezes é porque os filhos casam, ou outros familiares vêm morar junto destas 
famílias. Com o aumento do número de integrantes da família acabam utilizando de 
todo o terreno para construírem. Ainda dentro destes 04 alguns perderam o espaço 
para animais, principalmente cachorros. Vale salientar que duas destas pessoas 
participaram do Projeto Agroecologia Urbana. Dos entrevistados, 04 dizem que seus 
cultivos foram acabando, como justificativa falam que a terra é ruim ou faltou um 
muro para proteger. Um entrevistado diz que não tem sorte e o outro fala que ainda 
não fez nesta comunidade e sim onde morava antes de vir morar ali. 
Em relação à Renda mensal familiar, constatou que 60% dos entrevistados 
recebem entre R$600,00 e R$1000,00, o que de fato não os coloca numa categoria 
muito desprivilegiada economicamente, tranqüilizando os ânimos de quem avalia 
que a Agricultura Urbana é uma ótima ferramenta no combate a pobreza e geração 
de soberania alimentar para as famílias praticantes. 
Estas famílias são na sua maioria de origem urbana, com 60% dos 
entrevistados. Também verificamos que 08 entrevistados já participaram de 
trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares e 07 deles têm interesse 
em participar do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da 
comunidade. Resultados que mostram um grande potencial destes famílias 
retomarem às práticas de Agricultura Urbana devido à formação do Grupo e ao 
envolvimento comunitário que seus históricos apresentam.
36 
4.5 – Aspectos dos entrevistados que responderam que fazem 
Agricultura Urbana. 
Foram 40 entrevistas que responderam que já fez algum tipo de cultivo 
(agricultura) no seu quintal e continuam fazendo, representando cerca de 60% do 
total de entrevistados. Neste eixo da pesquisa observamos que a origem das 
famílias exerce influência na prática da Agricultura Urbana, pois 70% destes 40 
entrevistados são de origem rural e apenas 30% de origem urbana que nunca 
moraram em zonas rurais ou tivessem vivido da agricultura. 
Figura 9: Renda familiar mensal dos que responderam que fazem 
Agricultura Urbana. 
10 
13 
n° de famílias 
4 3 
10 
menos de 
R$400,00 
(16) 
R$600,00 - 
R$1000,00 
(22) 
R$1000,00 - 
R$1500,00 
(5) 
mais de 
R$1500,00 
(4) 
não 
declarou 
(15) 
Renda mensal 
Como mostra a Figura 9, a renda familiar mensal de 48% dos entrevistados é 
inferior a R$1000,00, não mostrando relação direta entre os praticantes de 
Agricultura Urbana e índices de pobreza. Quando mostrarmos os resultados das 
motivações a praticarem agricultura urbana, serão observadas várias motivações 
que não estão relacionados à carência econômica destas famílias. 
Percebemos que a participação em trabalhos comunitários ou movimentos 
sociais e populares teve um grande equilíbrio nas respostas com 21 respostas que 
nunca participaram e 19 que já participaram. O interesse em participar do Grupo de 
Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade foi bem 
relevante pois, 24 entrevistados responderam que tinham interesse, 10 não tinham e 
06 talvez o tivessem, dependendo do dia, horário ou disponibilidade.
37 
4.5.1 – Panorama da Agricultura Urbana demonstrado pelos 
entrevistados. 
Neste momento entramos numa das partes mais importantes deste 
diagnóstico, a constatação das práticas em Agricultura Urbana. Poderemos traçar 
um perfil destas pessoas que praticam Agricultura Urbana, para que de certa forma, 
possamos compreender melhor este universo na Comunidade da Praia das Areias. 
“Nos espaços urbanos, são comuns pequenas parcelas que mantêm diversas 
categorias de cultivos, frutíferas, medicinais, cereais, hortaliças e ornamentais.” 
(MONTEIRO, MENDONÇA E SILVA. s.d.) 
Figura 10: Gráfico que mostra as proporções de espécies vegetais 
encontradas nos quintais. 
19% 
18% 
22% 
21% 
20% 
Temperos 
Chás 
(medicinais) 
Frutíferas 
Flores ou 
Ornamentais 
Hortaliças ou 
Legumes 
Inicialmente foi identificado o que estava plantado nos quintais dos 
entrevistados, procuramos categorizar as respostas em: Temperos, Chás, Frutíferas, 
Flores/Ornamentais e Hortaliças ou Legumes, já que os entrevistadores eram todos 
estudantes de agronomia, conseguindo assim homogeneizar a linguagem para 
traduzir as respostas. Desta forma, não pudemos citar as espécies mais cultivadas 
nem mesmo os casos de maior ou menor diversidade nos quintais, isto foi apenas 
presenciado pelos entrevistadores nas suas visitas aos quintais. Como mostra a 
Figura 10 há um equilíbrio entre as espécies plantadas nos quintais, caracterizando 
quintais com uma boa diversidade vegetal. 
Quando perguntados sobre o porquê ou para que fazia o cultivo em seu 
quintal, vimos que o fato de serem maioria de origem rural acaba plantando porque
38 
gostam. Isto na verdade, é conseqüência das heranças rurais que os fazem gostar 
desta prática, pois, oriundos do êxodo rural chagam nas cidades e no processo de 
adaptação ao modo de vida da cidade acabam praticando costumes do local de 
origem, sendo a agricultura uma delas. Como o espaço é bem mais reduzido, fazem 
justamente pela satisfação da prática. 
Figura 11: Respostas quanto aos objetivos em plantar nos quintais. 
13 
15 
7 
4 
1 
DOAR AOS VISINHOS E 
AMIGOS 
OCUPAR O TEMPO 
EMBELEZAR 
UTILIZAR NA CASA 
GOSTAM 
Cumprindo com dois objetivos da Agricultura Urbana, segurança alimentar e 
qualidade nutricional na alimentação, 13 entrevistados responderam que utilizam 
seus cultivos na casa, isto é, na cozinha para sua alimentação. Desta forma 
diminuem suas despesas, pois deixam de comprar quando passam a consumir de 
seus próprios quintais, bem como acessar alimentos que não teriam condições de 
adquirir. Isto é evidenciado também na pesquisa participativa em segurança 
alimentar e agricultura urbana realizada em Belo Horizonte nos bairros do Taquaril e 
Granja de Freitas desenvolvido pela Rede de Intercâmbio em Tecnologias 
Alternativas. (REDE DE INTERCAMBIO EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS, s.d.). 
Sobre os principais problemas encontrados pelos agricultores de quintais na 
comunidade das Areias do Campeche são quase os mesmos que fizeram as 
pessoas que praticavam Agricultura nos Quintais a desistirem, que são: a falta de
39 
espaço, o fato da terra muito arenosa e consequentemente muito fraca; e problemas 
com animais como cachorros e gatos. 
Figura 12: Principais problemas encontrados ao fazer Agricultura Urbana 
na Praia das Areias do Campeche. 
40% 
17% 
3% 
10% 
7% 
10% 
13% 
falta de espaço 
terra fraca 
animais 
pragas 
maresia 
falta de tempo 
não têm problemas 
Com estes dados, sabemos que para implementar um trabalho com 
agricultura nos quintais desta comunidade é importante estudarmos técnicas e 
práticas para otimizar os pequenos e restritos espaços, além de práticas que 
melhorem a qualidade do solo com adubação a partir da produção de composto e 
utilização de palhada. Como mostra a Figura 12 existem também outros principais 
problemas, bem como a inexistência dos mesmos. Problemas com pragas e 
doenças que poderiam dificultar a Agricultura Urbana aparecem em 4° lugar, 
mostrando que esta prática é diferente da Agricultura Rural que, quando 
convencional, gasta uma grande quantidade de dinheiro com venenos. Quando 
ecológica, é sempre motivo de grande atenção e preocupação para quem planta. 
As motivações a cultivarem em seus quintais confunde-se bastante com o 
porquê ou para que o entrevistado cultiva em seu quintal. 
Figura 13: As motivações dos moradores em praticar Agricultura Urbana
40 
27% 
10% 8% 
15% 20% 
10% 
10% 
gostam 
já foi agricultor 
terapia 
desenvolvimento das plantas 
sonham em ter uma horta 
grande 
gostam de comer o que 
plantam 
Percebemos que é de fundamental importância sabermos das motivações 
destes moradores, portanto, a origem rural e o gosto por plantar na maioria das 
famílias são fatores de motivação da prática de agricultura também nos espaços 
urbanos. Com 15% das respostas o fato de ser uma terapia plantar, torna-se o 
agente motivador desta prática, merecedor de uma atenção especial para 
planejamento das atividades, pois mostra uma relação direta com a qualidade da 
saúde mental e o bem estar dos praticantes de Agricultura Urbana como cita 
Almeida (2004), “O ato de plantar, mexer na terra, conversar com as plantas e 
animais é muito relacionado com a manutenção da saúde. Casos de melhoria de 
pressão alta, depressão, aumento da sociabilidade e de menor necessidade de 
procurar o centro de saúde são relatados.” 
4.5.2 – Manejo dos quintais 
a) Construção dos Canteiros 
Como mostra na pesquisa participativa em segurança alimentar e agricultura 
urbana em Belo Horizonte no bairro do Taquaril desenvolvido pela Rede de 
Intercâmbio em Tecnologias Alternativas, experiências de plantios em lajes de 
casas, não havendo problemas com infiltrações. Como formas de reaproveitamento 
de recipientes, encontramos: geladeiras velhas, carcaças de televisão, vasos 
sanitários, pneus, latas, bacias e vasilhas velhas. (REDE DE INTERCAMBIO EM 
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS, s.d.)
41 
Figura 14: Formas utilizadas por moradores da comunidade para 
construção de canteiros. 
27% 
8% 8% 3% 
14% 19% 
8% 
13% 
qualquer lugar 
com tijolos 
madeira 
em vasos 
caixas 
garrafas PET 
pneus 
onde foi um galinheiro 
Conforme Figura 14, na comunidade da Praia das Areias do Campeche, 
também encontramos diversas formas de reaproveitamento de recipientes, bem 
como delimitação dos canteiros com madeira ou tijolos e até mesmo sem apresentar 
delimitações. Vale ressaltar que, para intervenções nesta comunidade com trabalhos 
em Agricultura Urbana devemos incentivar a utilização alternativa de espaços como, 
utilização de floreiras, plantios em vasos, cultivos nem cima das lajes e utilização de 
espaços públicos e abandonados. 
b) Adubação 
Segundo, a Rede de Intercambio em Tecnologias Alternativas (s.d.) em 
Diagnóstico nas comunidades do Taquaril e Granja do Freitas, Belo Horizonte/MG, 
“quase todos os moradores fazem algum tipo de adubação, utilizando esterco 
bovino, que pegam nos arredores ou utilizam o lixo doméstico para adubação, de 
formas diferenciadas.” Isto também acontece na comunidade da Praia das Areias, 
no Figura 15 mostraremos os resultados das formas de adubação encontradas 
durante a pesquisa.
42 
Figura 15: Formas encontradas de adubação dos quintais. 
25% 
20% 
10% 
20% 25% 
esterco que compram ou 
que catam no pasto 
enterram os restos vegetais 
compram terra preta em 
agropecuárias 
não têm nenhuma forma de 
adubação 
utilizam composto, que são 
produzidos nos próprios 
quintais 
Como a comunidade está próxima de alguns terrenos grandes, onde existem 
cavalos, bois ou vacas pastando, existe a possibilidade da catação do esterco 
destes animais. Outro fator importante é a presença do “Seu Chinico” que cria 
alguns animais na região e tem um curral onde coleta os estercos e vende 
“carroçadas” para os moradores da Praia das Areias e bairros próximos, sendo ele o 
maior ou único fornecedor de esterco da região. A utilização do composto produzido 
na própria casa ou o fato de enterrar os restos vegetais da cozinha, mostra a 
consciência dos moradores sobre a importância da reciclagem de lixo orgânico na 
própria residência. 
c) Cobertura de solo 
Para ser sustentada nos princípios ecológicos na Agricultura Urbana devem 
constar práticas conservacionistas do solo como a utilização de palhada para 
diminuição das perdas de água por evapotranspiração, bem como, aumentar a 
quantidade de matéria orgânica do solo. 
Figura 16: Presença de cobertura do solo nos quintais.
43 
57% 
25% 
18% 
não 
apresentam 
apresentaram 
cobertura 
não 
identificado 
Como está explicito no Gráfico a maioria dos entrevistados não utilizam 
palhada ou qualquer outro tipo de cobertura do solo. Os quintais são capinados e os 
restos culturais na maioria dos casos ficam “amontoados” num canto do quintal, 
viram composto ou são enterrados. Estas são, muitas vezes, reflexos de práticas 
que desenvolviam quando eram trabalhadores rurais no manejos de suas hortas, 
pomares ou lavouras. Através de um diagnóstico, dentre outras, esta reflexão foi 
feita por Almeida (2004, p.27) “Em Belo Horizonte, os moradores das comunidades 
urbanas e periurbanas de baixa renda são, principalmente, oriundos da zona rural de 
outras regiões do estado. Muitos deles relacionam o conhecimento sobre manejo 
dos quintais a uma experiência rural anterior, na qual aprenderam com os pais, 
mães ou avós, sobre cultivo das roças, o uso de plantas medicinais e nativas na 
alimentação e a criação de animais. Por outro lado, observamos limitações de 
conhecimento sobre compostagem, cultivo em pequenos espaços, planejamento da 
produção, armazenamento de sementes, manejo do solo, alelopatia, podas, 
enxertia, controle de erosão e de insetos e doenças.” 
d) Os solo dos quintais 
Já citado neste trabalho, a comunidade da Praia das Areias do Campeche 
está localizada numa área de restinga, num ecossistema de dunas, caracterizando 
um solo arenoso de origem. Muitos dos quintais obtiveram um incremento de “barro” 
ou algum material orgânico desde a sua ocupação original modificando parte de sua 
composição.
44 
Figura 17: característica do solo dos quintais. 
25% Arenoso 
Esta figura representa estas características, sabemos que o fato dos lotes 
apresentarem na sua maioria solos arenosos, e que justamente este fato é causa de 
desistência e limitação para a Agricultura Urbana, em metodologias de trabalho 
nesta comunidade deve-se estrategiar formas de aumentar os teores de argila e 
matéria orgânica destes solos. 
e) O uso da Água 
Com o passar do tempo a escassez de água potável é cada vez maior, seu 
custo está aumentando e em determinados períodos do ano é comum a falta de 
água em locais urbanos. Na comunidade da Praia das Areias este fato não é 
diferente, a falta de água é muito comum especialmente no verão. Isto acontece por 
ser uma região de balneário onde a população aumenta consideravelmente nesta 
estação e também pelo fato de acontecerem “trombas d’agua” chovendo uma 
grande quantidade em pouco tempo fazendo com que a água fique turva e ocasione 
problemas nas tubulações sendo necessário o que o fornecimento seja interrompido. 
Figura 18: Gráfico dos moradores quanto ao costumes de regar seus 
quintais 
50% 
25% 
Areno-argiloso 
Não 
identificaram
45 
20 
10 
9 
1 
não identificou 
solta a água 
da máquina de 
lavar 
não regam 
regam 
Esta figura mostra se a prática de irrigação é feita ou não nos quintais, dos 
49% que irrigam seus quintais todos utilizam mangueiras ou regadores para fazerem 
a rega, isto é, utilizando água tratada e de alto custo para a mesma. Para uma 
futura intervesão devemos pensar em alternativas de captação de água para estas 
práticas como a captação de água dos telhados. Também devemos promover 
praticas que diminuam a necessidade de irrigação. 
f) “Pragas” e “Doenças” 
Aparecendo em 4° lugar na escala de importância nas maiores dificuldades 
encontradas na prática da Agricultura Urbana. Esta despreocupação dos moradores 
é explícita nesta questão do questionário onde poucas espécies de insetos, fungos 
ou bactérias apareçam como causadores de problemas e com a grande maioria dos 
entrevistados respondendo que não têm problemas. 
Figura 19: Problemas encontrados nos quintais.
46 
PRAGAS E DOENÇAS 
6 3 1 
30 
30 
20 
10 
0 
Lagartas Pulgões Lesma Não têm 
problemas 
Os tratamentos, ou formas de controle na maioria dos casos eram com caldas 
de sabão e fumo e em poucos casos compravam venenos na Agropecuária. 
g) Lixo doméstico 
Uma das preocupações e intenções deste trabalhos foi de seber o que 
os moradores faziam com o lixo produzido em suas propriedade. Se a prática de 
separação ou compostagem era aplicada entre os moradores. Como mostra a Figura 
20, grande parte dos moradores separa seu lixo. 
Figura 20: Manejo do lixo doméstico. 
38% 
62% 
não separam o lixo 
separam o Lixo 
A separação feita por eles é enterrando cascas, dando o restante da 
comida para os gatos e cachorro. Mas, não constatamos separação por materiais 
papel, vidro, plástico e rejeito. Em muitos casos, metais, papel, papelão e latinhas 
são separados para os catadores que passam recolhendo com suas carroças e 
carrocinhas.
47 
4.6 – Aspectos do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em 
Quintais. 
Após o convite realizado durante as entrevistas, no dia 24 de setembro de 
2004, um sábado às 15:00h estávamos na AMPA a espera dos participantes, 
tínhamos preparado uma exposição de fotos e a apresentação de um vídeo 
produzido pela AS-PTA sobre Agricultura Urbana, mostrando relatos de moradores 
da periferia do Rio de Janeiro. 
Para nossa maior surpresa apenas três pessoas vieram para o encontro que 
chamamos de “trocas de experiência em Agricultura em Quintais”. Das três pessoas, 
duas haviam participado do Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido na 
comunidade. 
Conversamos um pouco sobre as motivações e os reais anseios das pessoas, 
comentando um pouco sobre a falta de participação nas atividades comunitárias, 
falamos sobre a pesquisa realizada introduzindo o tema da Agricultura Urbana, 
assistimos ao filme e planejamos as atividades posteriores. 
No planejamento buscamos saber o que de fato era importante para cada 
participante, e o que elas buscavam daquele grupo. Vimos que o principal interesse 
era em aumentar o espaço de plantio que haviam em seus terrenos ou quintais. 
Assim, combinamos de no próximo encontro, que seria no próximo sábado, faríamos 
mudas de hortaliças e temperos, além de visitas aos quintais. 
No segundo encontro, como combinado, fizemos as mudas, algumas 
sementes elas levaram outras fomos nós quem levamos. Falamos um pouco sobre o 
“poder” das sementes, transgenia e a importância de produzir a própria semente. 
Visitamos os quintais e cada participante levou a bandeja de mudas que havia 
plantado. Neste encontro já havia indicativos que o grupo não continuaria, devido ao 
forte desinteresse das participantes, para combinarmos o terceiro encontro através 
de vários obstáculos e limites que foram apontados. Mesmo assim marcamos o 
terceiro encontro para fazermos um mutirão numa das casas. 
Neste encontro não apareceu ninguém exceto a dona da casa, este foi o 
terceiro e último encontro, devido ao desânimo e falta de interesse dos participantes 
o grupo de trocas de experiência em agricultura em quintais terminou.
48 
O fracasso na formação do “Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura 
Urbana” tem algumas hipotéticas causas que foram sendo construídas e sintetizadas 
ao longo do trabalho através de conversas informais com pessoas envolvidas com a 
comunidade, educadores, extensionistas e moradores. 
Destas causas, a que mais chama atenção é o que diz um morador da 
comunidade: 
“...o pessoal já não sai mais de casa para se reunir e discutir os 
assuntos da comunidade como antigamente, eles preferem ficar em 
casa vendo televisão ou jogando no bar. Só aparecem se 
receberem bolsa ou cesta básica, como faz a Prefeitura...”. 
Este depoimento foi muito importante, pois retratou o processo de alienação e 
comodismo que sofre nossa sociedade, principalmente urbana, com acesso ao 
entretenimento facilitado pela televisão através de programas que não os fazem 
refletir sobre sua realidade, e mais, não havendo um envolvimento com os assuntos 
coletivos. 
Projetos sociais ligados às políticas governamentais onde a participação 
corresponde ao recebimento de bolsas ou cestas básicas, são também, fatores que 
influenciaram de forma direta a dificuldade de formação deste grupo. O fato de o 
participante não receber nenhum benefício não os fez interessados estimulados por 
outros fatores. Estas pessoas, na sua maioria, procuram ocupações que o tragam 
retornos econômico ou materiais e o fato de trocas de experiências, organização 
comunitária e a temática da educação ambiental não foram suficientes para animá-los 
à participação deste Grupo. 
Outro depoimento foi de um educador que trabalhou no Projeto Agroecologia 
Urbana e em outros projetos que acontecem na comunidade, que diz o seguinte: 
“...o problema está na descontinuidade dos projetos, falta de 
estrutura e de dinheiro para tocá-los, assim a comunidade não 
percebe nem acompanha o desenvolvimento das atividades e dizem: 
lá vem aqueles novamente, será que desta vez vai dar certo? Por 
fim, acabam participando mais pela relação pessoal e afetiva que 
criamos, do que pela proposta do trabalho...”
49 
Este educador refere-se ao Projeto Agroecologia Urbana que de certa forma 
foi executado sem recursos financeiros e estruturais para a continuidade das 
atividades. Quase um ano depois aparecemos para fazer a pesquisa e propor a 
formação do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura Urbana. A pesquisa 
foi tranqüila, mas para o Grupo apareceram três pessoas, sendo duas destas, com 
fortes relações pessoais e afetivas construídas com o tempo. O cuidado que 
devemos tomar ao estarmos nos inserindo nas comunidades deve ser planejado 
com muita atenção e sensibilidade, mesmo que não prometemos nada e sempre 
deixamos as pretensões, objetivos e planos futuros da forma mais clara possível, 
devem ser intervenções muito bem estrategiadas para não serem criados traumas, 
vícios ou mau entendimentos. Sabemos que o Projeto Agroecologia Urbana não foi 
assim catastrófico, nem mesmo causador de má impressão pelos moradores, a ao 
perceberem que esta pesquisa-ação estava sendo feita novamente sem recursos 
financeiros nem estruturais, não os causou uma boa impressão, portanto não foi 
estimulador o suficiente para a continuidade do Grupo. 
Quando citados os problemas estruturais é para referenciar as redes de 
relações que foram estabelecidas para este trabalho. O Cepagro neste momento 
estava passando por dificuldades em seu quadro de funcionários, bem como, não 
tendo um projeto desta natureza implementado, apenas idealizado e apresentado 
para agências financiadoras. A AMPA também passava por sérios problemas com 
sua direção segmentada, por um momento ficando inclusive sem Diretoria além do 
baixo envolvimento dos moradores nas tomadas de decisões, ficando poucos 
responsáveis respondendo pelas atividades lá desenvolvidas. Programas sociais da 
Prefeitura sendo aplicados sem critérios para tornar os moradores agentes 
participativos do processo, apenas cumprimento de metas. Enfim, esta era a 
estrutura no qual este Estágio desenvolveu-se, acarretando suas conseqüências. 
5. CONCLUSÕES 
Avaliando os diferentes métodos de trabalhos com Agricultura Urbana 
apresentados neste Relatório, percebemos distintas formas de tratar o tema. 
Algumas com sucessos numéricos, como o caso do Projeto da Prefeitura de São
50 
Paulo. Outros preocupados em fortalecer as bases e construir processos 
gradativamente como faz a AS-PTA. Também apresentamos experiências que 
apresentam dificuldades financeiras, estruturais e organizacionais não conseguindo 
se estabelecer como o Projeto de Agroecologia Urbana do Cepagro. 
Este trabalho serviu para refletimos sobre estas metodologias, suas 
potencialidades e limitações, bem como, para conhecer melhor a Comunidade da 
Praia das Areias do Campeche em relação as suas práticas de Agricultura Urbana, 
principalmente as espontâneas. 
As metodologias que valorizem processos de construções coletivas, 
envolvendo estruturas e atores já estabelecidos nas comunidades como os 
movimentos sociais e entidades comprometidas com os cidadãos da região de 
trabalho, são realmente as mais sustentáveis, dentre as pesquisadas. Desta forma, 
é importante frisarmos que os projetos que promovem inclusão e valorizem as 
diferenças locais e organizacionais que cada comunidade possui, contribui com a 
criação de redes comprometidas com a promoção do desenvolvimento local 
humano partir de um trabalho de Agricultura Urbana. Diferente de uma visão 
produtivista de Agricultura Urbana que acaba não se comprometendo com estes 
aspectos. 
O fato de Cuba apresentar um modelo de sucesso em Agricultura Urbana 
acaba sendo fonte de metodologias para estes trabalhos em todo mundo, mas como 
mostra este relatório, sabemos que Cuba apresenta diversas peculiaridades em 
suas estruturas políticas, econômicas e sociais que a faz ter um Projeto de 
Agroecologia Urbana tão bem sucedido. 
Diferente do Brasil, e de quase toda a população mundial restante, Cuba deve 
sim, ser fonte de inspiração para estes projetos e não de cópias de modelos em 
Agricultura Urbana. Por constituirmos uma sociedade capitalista de consumo, nossa 
população apresenta e têm acesso a diferentes bens de consumo e padrões de 
desenvolvimento bem diferentes de Cuba, portanto primeiramente, devemos levar 
este fator como um grande diferencial. 
Um aspecto importante a levantarmos nesta conclusão é o fato de 
confundirmos a Agricultura Urbana com o trabalho de hortas comunitárias, onde as 
hortas comunitárias são mais um elemento da Agricultura Urbana e não a sua
51 
integridade. Devemos sim, valorizar as expressões espontâneas de agricultura 
existentes nas comunidades, bem como, estarmos atentos às comunidades que 
realmente demandam este trabalho, estando minimamente organizadas e 
sensibilizadas para este tema ao iniciarmos um trabalho. 
A comunidade da Praia das Areias é realmente uma comunidade em 
potencial para o tema da Agricultura Urbana, por vários motivos que são: 
• Sua forte mobilização política para a conquista de seus lotes; 
• Ser uma comunidade com a maioria dos moradores de origem rural; 
• Apresentar um nível socioeconômico relativamente baixo; 
• Mostrar interesse e práticas significativas em cultivo nos seus quintais. 
Embora não tenha sido efetivado e estabelecido o Grupo de Trocas de Experiências 
em Agricultura nos Quintais da comunidade, concluo que este fato é devido há uma 
série de elementos que de alguma forma já foram descritos neste trabalho, mas que 
reforço em apresenta-los: 
• Problemas existentes nos atores de base da comunidade como associação 
de moradores; 
• Metodologias assistencialistas de trabalho da Prefeitura Municipal de 
Florianópolis junto às comunidades, acarretando a desmobilização das 
mesmas; 
• Falta de estrutura financeira, técnica e organizacional do Cepagro, durante a 
execução do Projeto Agroecologia Urbana, acarretando num possível 
descrédito perante a comunidade. 
Todos estes aspectos se forem trabalhados estrategicamente na comunidade 
podem fortalecê-la e torná-la apta e capaz de ancorar um trabalho de Agroecologia 
Urbana que traga grandes benefícios sócio-econômicos, ambientais e estruturais 
para a Comunidade da Praia das Areias do Campeche. 
Fazendo parte de um quadro de poucas entidades no Brasil dispostas a 
refletirem, planejarem e implementarem projetos, o Cepagro com este trabalho, 
recebe subsídios para reflexões sobre metodologias e estratégias de atuação em 
comunidades, principalmente periféricas e excluídas. No intuito de desenvolver 
trabalhos de Agricultura Urbana, este Relatório faz uma série de reflexões técnicas e 
metodológicas sobre o tema de grande valia ao Cepagro.
52 
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
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técnicos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, dez. 2002. 25p. 
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sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. 592p. 
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Projeto à Miserior: rede de iniciativas rurais e urbanas de Santa Catarina. 
Florianópolis, Santa Catarina, 2004. 15p. 
CENTRO DE PROMOÇÃO DA AGRICULTURA DE GRUPO. Relatório de 
Atividades. Florianópolis, Santa Catarina, 2004. 57p. 
DIAS, J. E. Práticas e Estratégias Participativas de Desenvolvimento Local no 
Campo e na Cidade: que tal nosso quintal? Revista Sociedade Sustentável. s.d. 
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53 
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agriculture, a response to crisis? Urban agriculture magazine. S. l.: RUAF, v. 1, n. 
1, jul. 2000. 
GOMES, G. Plantio Direto de Hortaliças Orgânicas: estudo de caso em 
uma propriedade periurbana em Florianópolis, SC. Dissertação de Mestrado. 
Florianópolis: UFSC: 2004 
GRUPO DE ESTUDOS EM HABITAÇÃO, DEPARTAMENTO DE 
ARQUITETURA E URBANISMO – UFSC. Caracterização das Moradias da Praia 
das Areias (Situação em 11/98): caracterização do assentamento. Santa Catarina., 
s.d. 28p. 
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espaço nas cidades brasileiras. Ambientebrasil. Disponível em: 
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias. Acesso em: 17 novembro 2005. 
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Instituto Solo Vivo. Joinville, Santa Catarina, 2004. 40p. 
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do Pará. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, Fundação para a Ciência e a 
Tecnologia, 2002. 193 p. 
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Situación. RUAF, v. 1, n. 5, out. 2002. p.7-9. 
MENDONÇA, M. M; LUNARDI, V. C. Conhecendo os Quintais do 
Loteamento Ana Gonzaga: texto reflexivo – AS-PTA. Rio de Janeiro, 2003. 14p. 
(mimeografado).
54 
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MONTEIRO, D; MENDONÇA, M. M. Quintais na cidade: a experiência de 
moradores da periferia do Rio de Janeiro. Revista Agriculturas: experiências em 
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MONTEIRO, D; MENDONÇA, M. M; SILVA, R. M. Agricultura Urbana: 
ensaio exploratório e pequeno mosaico de experiências. Rio de Janeiro, 2004. 17p. 
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MÜHLBACH, R. Plantar, pescar… cozinhar e comer: estudando o sabor 
local. Dissertação de Mestrado: UFSC: 2004. 
MURPHY, C. Cultivating Havana: urban agriculture and food security in the 
years of crisis. Oakland: Institute for Food and Development Policy, 1999. 51 p. 
NUGENT, R. A. Measuring the sustainability of urban agriculture. In: KOC, 
Mustafa, MacRAE, Rod, MOUGEOT, Luc J. A. e WELSH, Jennifer. For hunger 
proof cities: sustainable urban food systems. Toronto: IDRC, 1999. p. 95-99. 
REDE DE INTERCÂMBIO EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS. Relatório: 
diagnóstico urbano participativo em segurança alimentar e agricultura urbana. 
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Urbana: contexto e importância. Belo Horizonte, s.d. 6p.
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AGRICULTURA URBANA: Diagnóstico e Educação Ambiental na Comunidade da Praia das Areias do Campeche – Florianópolis (SC)

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS AGRICULTURA URBANA: Diagnóstico e Educação Ambiental na Comunidade da Praia das Areias do Campeche – Florianópolis (SC) Relatório de Estágio de Conclusão do Curso de Agronomia para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. Dr. Ademir A. Cazella Acadêmico: Marcos José de Abreu Florianópolis, Abril de 2006. ´
  • 2. 2 AGRADECIMENTOS Agradeço por ter “la alegria de vivir ao cuerpo”, como diz “la chica Côco”. Por minhas motivações, inquietudes e paixões. Também agradeço ao grande criador por existir no meu coração e reger este universo. Ao inesperado, o novo, o verdadeiro, a mudança e a busca pelo que de fato dá sentido a vida. Aos meus pais, José e Ana, que com tanto trabalho, luta, dedicação e esmero me geraram, cuidaram e fizeram-me crescer com valores simples, respeito e amor. Às minhas irmãs, Joseana e Mariana, á Isabelinha por compartilharem suas vidas comigo. E ainda agradeço aos meus familiares, que são dezenas, por contribuírem na minha formação humana, pelo amor e por suas referências de vida. Aos moradores da Praia das Areias, em especial ao Luiz e a Liu pela atenção e carinho com esta comunidade. A Grande família da Base do Morro das Pedras, Evandro, Rafa, Dani, Cainã, Jú, Côco, Ágata e todas aquelas pessoas que passam por nossas vidas e as constroem, dividem, somam e sempre deixam suas contribuições. Sem esquecer dos Sacis e suas peripécias. Ao pessoal do Cepagro, em especial ao Bagé e Luiz, que participaram muito da minha vida e formação acadêmica, sendo exemplos de vida e trabalho pra mim. Agradeço também a Cordélia, Inês, Prof Abdon, Liliam, e a galera do Pastoreio Voisin.. Ao povo da Agricultura Urbana da AS-PTA e da Cidades Sem Fome, os “rapazi” da Associação Orgânica e a família Harmonia Na Terra. Aos companheiros da faculdade e da vida, Enrico, Júlio, Paulinho, Ogata, Pedrão, Raoni, Tiaguinho, Carol, Hatsi, Rafaéis, Rodrigo, etc.. etc...etc... aqueles e aquelas que participaram intensivamente em algum momento destes 5 anos e meio. Pela atenção do Henrique da Inês e orientação do Kito neste trabalho. À vida........
  • 3. 3 ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO.......................................................................................................5 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................8 2.1 – Contextualizando a Agricultura Urbana....................................................8 2.2 – Aspectos da Agricultura Urbana.............................................................10 2.3 – Metodologias de trabalho em Agricultura Urbana..................................12 3 – METODOLOGIA..................................................................................................17 3.1 – Como construímos um panorama sócio-econômico e Histórico da Comunidade...............................................................................................................17 3.2 – Métodos utilizados para fazer a Pesquisa (Diagnóstico) e a formação do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais..................................18 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................20 4.1 – Comunidade da Praia das Areias do Campeche: aspectos históricos, sócio-econômicos, culturais e estruturais...................................................................20 4.2 – Principais elementos do diagnóstico sócio-econômico das famílias e suas experiência em Agricultura Urbana....................................................................26 4.3 – Aspectos dos entrevistados que “NÃO” praticam Agricultura Urbana... 31 4.4 – Aspectos dos entrevistados que responderam que já praticaram Agricultura Urbana, mas pararam..............................................................................34 4.5 – Aspectos dos entrevistados que responderam que fazem Agricultura Urbana........................................................................................................................35 4.5.1 – Panorama da Agricultura Urbana demonstrado pelos entrevistados..............................................................................................................36 4.5.2 – Manejo dos Quintais.................................................................39 a) Construção dos Canteiros......................................................39 b) Adubação...............................................................................40 c) Cobertura de solo...................................................................41 d) O solo dos quintais................................................................42 e) O uso da Água.......................................................................43 f) “Pragas” e “Doenças”..............................................................44
  • 4. 4 g) Lixo doméstico.......................................................................45 4.6 – Aspectos do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais......................................................................................................................46 5 – CONCLUSÕES....................................................................................................48 6 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................51 7 – ANEXOS..............................................................................................................55 Anexo I............................................................................................................55 Anexo II...........................................................................................................57 Anexo III..........................................................................................................61 Anexo IV..........................................................................................................65
  • 5. 5 “ E a história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas dos subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição a vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.” (Ferreira Gullar) 1. INTRODUÇÃO Entre setembro e dezembro de 2005 foi realizado este Estágio de Conclusão de Curso, sendo desempenhado as atividades através do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro). Utilizando métodos de pesquisa-ação, pretendíamos diagnosticar as diferentes práticas de agricultura urbana, bem como, a estrutura social que envolve este tema na comunidade que faz parte da Associação dos Moradores da Praia da Areias (AMPA), bairro Campeche, municípios de Florianópolis/SC, com o propósito de empreender ações que promovam esse tipo de agricultura de forma associada à princípios de preservação ambiental e segurança alimentar. Antecedendo este Estágio algumas ações e vivências construíram um panorama da Agricultura Urbana na minha vida acadêmica. Primeiramente, participamos de um trabalho prático na Comunidade da Praia das Areias do Campeche, executado entre maio e dezembro de 2004, chamado de Agroecologia Urbana. Esse trabalho contou com a participação do Cepagro, da Associação dos
  • 6. 6 Moradores da Praia das Areias (AMPA), do Instituto Harmonia Na Terra1, da Associação Orgânica2 e voluntários. Através de um grupo de mães que participavam do Projeto Aplysia3 na comunidade, demonstraram interesse em aprender a fazer pão integral. A partir deste fato foi planejada e estruturada as estratégias de atuação nesta comunidade. A Oficina do Pão foi tema gerador de discussões e propostas para outras atividades; o local de encontros era a sede da AMPA e a demanda do grupo foi de se fazer oficinas de pão integral e alimentação saudável, organização de um grupo de produção para geração de renda e o trabalho denominado por elas de “Hortas Caseiras”. Nos encontros das Oficinas do Pão e das Hortas Caseiras participamos na condição de responsável por este último tema. Assim, o projeto iniciou em maio com discussões internas sobre a metodologia, as ações a desenvolver e a identificação do local de implementação do projeto. Teve sua primeira atividade concreta em agosto, junto à diretoria da Associação dos Moradores das Areias que aceitou ceder o espaço físico para a discussão das atividades com a comunidade interessada e para a realização das primeiras oficinas do pão. A partir de então foram realizadas as seguintes atividades: • 4 encontros na comunidade para divulgação, planejamento e avaliação de atividades futuras; • 6 Oficinas do pão, com uma participação média de 8 mulheres por oficina; • produzidos mais de 100 pães integrais e 20 tortas integrais de banana e realizado demonstrações de receita e degustação de carne de soja; • implantadas 3 hortas, sendo 2 nas residências de participantes da Oficina do pão e 1 no quintal da AMPA. Esse trabalho foi realizado com as crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). 1 OSCIP de Florianópolis que trabalha com Ecopedagogia, Educação Ambiental e trabalhos de geração de renda em comunidades. Atuou no Projeto promovendo um trabalho chamado de “Comunidade Viva”, revitalizando a AMPA. 2 Através de práticas em agricultura orgânica, diversos profissionais e produtores a compõe e praticam atividades como: certificação de produtos orgânicos, gerenciamento de resíduos sólidos, educação ambiental e produção de alimentos orgânicos. Contribuiu com o trabalho doando composto proveniente do trabalho desenvolvido junto ao CEASA/SC. 3 ONG que promove oficinas de Dança Contemporânea em comunidades periféricas de Florianópolis.
  • 7. 7 • 1 oficina de brinquedos com material reciclável com as crianças do PETI e um “teatrinho” com os bonecos elaborados na oficina. • Plantio de árvores frutíferas no espaço da AMPA. • Implantação de 2 composteiras para resíduos orgânicos na residência de duas famílias participantes do projeto. • Em parceria com o Instituto Harmonia Na Terra, realizamos a recuperação da sede da AMPA, através do azulejamento da cozinha, construção de um forno a lenha e recuperação da instalação elétrica da sede. • Realização de um trabalho contínuo de educação ambiental junto às crianças que participam do PETI, através de diversas atividades como caminhadas de observação, trabalhos em grupo, oficinas de reciclagem, visitas a composteiras e atividades fora da comunidade e a produção e consumo de produtos da horta. Este trabalho motivou-nos em saber mais sobre a Agricultura Urbana, por isso, durante os meses de julho e agosto de 2005 realizamos estágios extra-curriculares na Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), que desenvolve um projeto de agricultura urbana na cidade do Rio de Janeiro há seis anos. Outro local de estágio foi junto à Prefeitura de São Paulo através da organização Cidades Sem Fome4, onde tivemos a oportunidade de conhecer o Projeto de Agricultura Urbana na Cidade de São Paulo executado durante o mandato da ex-prefeita Marta Suplicy. Estes estágios extra-curriculares nos motivaram a executar o estágio de conclusão de curso sobre o tema da Agricultura Urbana na Comunidade da Praia das Areias do Campeche, adaptando e aprimorando metodologias de trabalho utilizadas nas ações anteriores executadas pelo Projeto Agroecologia Urbana. Assim, esta etapa do estágio partiu do propósito de realizar um diagnóstico socioeconômico das famílias desta comunidade, visando a promoção da Agricultura Urbana e educação ambiental, através de métodos de pesquisa-ação. Sendo assim, este trabalho apresenta três focos principais: 4 ONG formada por técnicos que trabalhavam no Programa de Agricultura Urbana da Cidade de São Paulo, despedidos formaram esta ONG para captar recursos com a finalidade da promoção da Agricultura Urbana.
  • 8. 8 a) conhecer melhor a Comunidade da Praia das Areias, traçando um perfil sócio-econômico e resgatar a História de formação desta comunidade, identificando as pessoas que participam ou participaram de algum movimento social ou comunitário; b) Fazer um levantamento sobre agricultura urbana com seus moradores, identificando as pessoas da comunidade que não praticam ou que já praticaram Agricultura Urbana e pararam. Na forma quantitativa e qualitativa saber quem são as pessoas que praticam agricultura em seus quintais, de que forma a praticam e quais são suas motivações e limitações. Também procuramos conhecer das práticas de agricultura em quintais através do manejo de solo, irrigação, adubação, controle de pragas e doenças, espécies cultivadas, bem como, saber se os cultivos apresentam significativos incrementos na renda familiar ou importância na segurança alimentar destas famílias; c) constituir um Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais nesta comunidade, convidando os entrevistados a participar deste Grupo para tratarmos de assuntos temáticos como: compostagem, controle de pragas e doenças, banco de sementes, agroecologia, economia solidária através de oficinas. Também pretendemos fazer mutirões de trabalhos nos quintais dos envolvidos. . Mas antes de discutirmos esses focos, apresentamos alguns elementos referentes à agricultura urbana a partir de bibliografias e das experiências dos estágios extra-curriculares mencionados acima. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 - Contextualizando a Agricultura Urbana Devido ao rápido crescimento das cidades no mundo, o interior e a periferia das áreas urbanas executariam um papel cada vez mais importante na alimentação de sua população. (FAO, 2005) O crescimento da população no planeta nos próximos 30 anos estará concentrado nas áreas urbanas dos países em desenvolvimento, isto significa que em torno de 60% da população destes países viverão em cidades. Atualmente, a agricultura em áreas urbanas e peri-urbanas proporcionam comida a cerca de
  • 9. 9 700 milhões de moradores nas cidades, ou seja, um quarto da população urbana mundial. (FAO, 2005) Ainda segundo a FAO, a produção agrícola em cidades é um fenômeno crescente no mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a possibilidade de acesso aos alimentos é muito desigual e o sistema de abastecimento inadequado. A FAO define agricultura urbana ou intra-urbana como aquela referente ao cultivo dentro das cidades; já a agricultura peri-urbana como sendo aquela praticada em unidades periféricas, no entorno das cidades. Ambas são realizadas principalmente por ex-camponeses, trabalhadores da terra que, devido ao êxodo rural, vieram para os centros urbanos em busca de emprego. Ao produzir alimento para seu próprio consumo, esses moradores também reforçam sua renda com a comercialização do excedente da colheita, proporcionando à comunidade local maior acesso a alimentos de qualidade e a preços mais baixos. Este debate conceitual sobre agricultura peri-urbana e intra-urbana é motivo de muitas controvérsias, Mougeot (2000), em revisão de estudos de todo o mundo sobre agricultura urbana, diz que os critérios utilizados para definir a "agricultura intra-urbana" são: o número de habitantes; a densidade mínima; os limites oficiais da cidade; os limites municipais da cidade; o uso agrícola da terra zonificada para outra atividade; e a agricultura dentro da competência legal e regulamentar das autoridades urbanas. Já para a agricultura peri-urbana, sua definição quanto ao local é mais problemática. Os sítios peri-urbanos estão em contato mais próximo com as áreas rurais e tendem a sofrer, no decorrer do tempo, mudanças agrícolas mais profundas que os locais mais centrais e as partes construídas da cidade. Os autores têm buscado traçar o limite externo da área peri-urbana, identificando por exemplo as zonas urbanas, suburbanas e peri-urbanas com relação à sua porcentagem de edificações, à infraestrutura viária e aos espaços abertos por km². Outros usam a distância máxima entre o centro urbano e as áreas que podem abastecer, com bens perecíveis, a cidade, de modo cotidiano; ou a área até a qual as pessoas que vivem dentro dos limites administrativos da cidade podem deslocar-se para se dedicarem a atividades agrícolas. O importante é que para estas definições foram analisados estudos feitos a partir de casos conduzidos em grandes cidades, freqüentemente
  • 10. 10 capitais nacionais ou de províncias/estados e, portanto, que não se confunde com a agricultura localizada em áreas rurais típicas dos países. Na busca de uma definição para estes conceitos afino minhas inclinações conceituais com a revisão feita por Monteiro, Mendonça e Silva (2004) que propõe o conceito dado por Mougeot (2000), dizendo que “a agricultura urbana se situa dentro (intra) ou na periferia (peri) de um povoado, uma cidade ou uma metrópole, e cultiva ou cria, processa e distribui uma diversidade de produtos alimentares e não alimentares, (re)utilizando em grande medida recursos humanos e materiais, produtos e serviços que se encontram dentro e ao redor dessa zona, e por sua vez provê recursos humanos e materiais, produtos e serviços em grande parte a essa mesma zona”. 2.2. – Aspectos da Agricultura Urbana Segundo Roese (2005), o principal aspecto no qual a agricultura urbana difere da rural, no entanto, é o ambiente. A agricultura urbana pode ser realizada em qualquer ambiente intra-urbano ou peri-urbano, podendo ser praticada diretamente no solo, em canteiros suspensos, em vasos, ou onde a criatividade sugerir. Qualquer área disponível pode ser aproveitada, desde um vaso dentro de um apartamento até extensas áreas de terra, sob luz natural ou artificial. Exige, no entanto, alguns cuidados especiais, como sombreamento parcial, especialmente para a formação de mudas e onde ocorra alto insolação, e irrigação cuidadosa e freqüente. Desta forma o autor fala que existem muitas maneiras e motivos para se praticar a agricultura urbana, e diversas vantagens podem ser obtidas através dessa prática, dentre elas citamos as mais comumente observadas: produção de alimentos, reciclagem de lixo, utilização racional de espaços, educação ambiental, desenvolvimento humano, segurança alimentar, desenvolvimento local, recreação e lazer, farmácias caseiras, formação de micro-climas e manutenção da biodiversidade, escoamento de águas das chuvas, embelezamento dos ambientes, diminuição da pobreza, atividade ocupacional e aumento da renda. Todos estes são conseqüências e características de práticas em Agricultura Urbana citadas pelo autor.
  • 11. 11 Desta forma percebemos que a Agricultura Urbana desempenha múltiplas funções além da produção de alimentos. Em diversos estudos no mundo observa-se que esta prática proporciona aumento na qualidade de vida, segurança alimentar, benefícios ambientais, desenvolvimento local, organização e perspectivas através do aumento da auto-estima dos praticantes. Como relata Almeida (2004, p.26), “o uso produtivo de áreas urbanas proporciona a limpeza destas áreas e uma melhoria considerável ao ambiente local, diminuindo a proliferação de vetores de doenças. Muitos materiais como embalagens, pneus e entulhos, também são utilizados para a contensão de pequenas encostas e canteiros. Os resíduos orgânicos domiciliares são aproveitados na produção de composto empregado nas atividades de agricultura urbana”. Em pesquisa realizada com moradores da periferia do Rio de Janeiro Monteiro, Mendonça e Silva (2004) dizem que as agriculturas desenvolvidas no meio urbano tendem a ser diversificadas, com cultivos de diversas espécies numa mesma área, como estratégia de maximização dos pequenos espaços disponíveis...”, e complementam dizendo, “além disso, muitas vezes são cultivadas espécies e variedades não encontradas facilmente nos mercados, reflexos de hábitos culturais trazidos de outras regiões e mantidos no meio urbano. Esta citação é mencionada para percebermos como a Agricultura Urbana também promove agrobiodiversidade, bem como, mantém práticas que justificam um verdadeiro resgate cultural através do cultivo de determinadas plantas e seus respectivos consumos, que de certa forma, contribuem para uma soberania cultural através da manutenção de seus costumes e hábitos apesar de estarem fora de seus locais de origem. A Agricultura Urbana, desenvolvida de forma planejada, promove diversas melhorias nas estruturas sociais de uma região, pois favorece o diálogo e a integração familiar, assim como, estimula o trabalho comunitário e coletivo, além de ser um trabalho recreativo e útil como afirma (SIAU & YURJEVIC,1993). Ainda neste fluxo de reflexão, Dias (s.d) relata experiências, através de trabalhos realizados na zona leste de Belo Horizonte, de aumento significativo da saúde física e mental de famílias pelo fato de estarem em contato com as plantas e o que isso traz como valorização em saúde mental e espiritual, proporcionado através da fonte energética
  • 12. 12 que é a terra. Dias (s.d.) também fala que outro aspecto relevante é a potencialidade dos quintais em estar gerando uma economia familiar, dispensando as compras feitas em sacolões, e com a garantia do consumo de alimentos isentos de agrotóxicos e coliformes fecais. Além dessa economia familiar, alguns quintais, principalmente os de maior tamanho, podem se tornar fonte de geração de renda pela venda dos alimentos excedentes ao consumo das famílias. Estes autores mostram que a Agricultura Urbana é realmente fonte de desenvolvimento seja para uma região através de mudanças significativas numa comunidade, numa família por melhores condições de relacionamentos e econômicas ou individuais através de percepções de valores espirituais e emocionais. Sendo assim, a Agricultura Urbana, se praticada sem a utilização de Agrotóxicos para o controle de “pragas e doenças”, não utilizando de adubos químicos sintéticos, pode ser considerada uma prática Agroecológica, como define Altieri (2002, p.26) “a Agroecologia geralmente representa uma abordagem agrícola que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, assim como os problemas sociais, enfocando não somente a produção, mas também a sustentabilidade ecológica do sistema de produção.” 2.3 – Metodologias de trabalho em Agricultura Urbana Ao estudar este tema percebemos que existem diversas experiências acontecendo em vários lugares de todo o mundo, principalmente em países em desenvolvimento, como menciona a FAO. Países desenvolvidos também apresentam projetos de Agricultura Urbana, mas a Ilha de Cuba é a expoente máxima, com seu Projeto de Agricultura Urbana. Isto acontece devido sua estrutura política e social, bem como, suas limitações comerciais e o histórico de seu modelo de agricultura. “Desde os anos 50 a agricultura cubana havia se modernizado e os monocultivos de exportação tinham maior importância que a produção de alimentos. Além disso, os métodos de produção dependiam de insumos e matérias primas importadas, e muitos componentes dos produtos agrícolas eram importados o que intensificava a dependência das importações” Aquino (2002, p.08).
  • 13. 13 Com o forte bloqueio econômico dos Estados Unidos, o desmantelamento da União Soviética, com que mantinha 85% de seu intercambio comercial, e com a queda do socialismo em outros países, no final de 1989 e início de 1990, Cuba apresenta-se numa situação de não dispor de recursos energéticos suficientes e nem capital abundante. Devido a estes fatos ocasiona-se uma crise generalizada. Em 1991 os cubanos tiveram um marco na sua História que chamaram de “Período especial em tempos de paz” e segundo Aquino (2002), neste período o governo cubano começou a somar forças para estudar saídas da crise que o país vivia, desta forma chamaram pesquisadores do INIFAT (Instituto de Investigaciones Fundamentales em Agricultura Tropical) que já realizavam pesquisas com substratos orgânicos para a produção agrícola e em 1994 com a produção de hortaliças, mediante um movimento de popularização, incorporando grandes massas da população para produzir alimentos em cada m² das cidades e assentamentos populacionais, utilizando o máximo dos recursos territoriais, com princípios de agricultura sustentável, objetivando reduzir a cadeia fundamental de produção e comercialização. Antes desta revolução da Agricultura Cubana, a produção de hortaliças em Cuba era de 4.200t/ha por ano, isto é, 1g per capta de hortaliças diárias, quando a recomendação da FAO é de no mínimo 300g por dia. Conforme o Gráfico 1, percebemos o impacto na produção de hortaliças e condimento após esta medida que culminou na criação do GNAU (Grupo Nacional de Agricultura Urbana de Cuba). Gráfico 1: Impacto da Agricultura Urbana na produção de hortaliças e condimentos frescos.
  • 14. 14 876 1680 2360 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 4,2 16 58 140 2500 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 7 8 milhões de toneladas Fonte: Aquino (2002, p.12). 480 anos O movimento da Agricultura Urbana em Cuba, dirigido pelo GNAU é altamente organizado hierarquicamente, apoiado por todos os setores envolvidos na produção de alimentos executa suas atividades através de diferentes subprogramas que são: 12 cultivos, 7 de pecuária e 9 de apoio. Os subprogramas englobam temas específicos como a produção de hortaliças, plantas medicinais, condimentos, plantas ornamentais, frutíferas, arroz popular, café, cacau, banana popular, raízes e tubérculos tropicais, oleaginosas, feijões, milho, sorgo, criação de animais (galinhas, coelhos, caprinos, porcos, abelhas e peixes) que desenvolvem em todo o país. No Brasil podemos verificar que existem vários projetos de Agricultura Urbana acontecendo como em: Minas Gerais, Belém, São Paulo, Curitiba, Rio Grande do Sul, Recife, Florianópolis, entre outros. Neste relatório citaremos as experiências vividas através de estágios em três diferentes instituições com diferentes metodologias de trabalho em Agricultura Urbana. Inicialmente mostraremos o trabalho da AS-PTA, desenvolvido na cidade do Rio de Janeiro, tendo como prioridade os quintais urbanos e eventualmente trabalhos com hortas coletivas ou comunitárias. Embasados no que diz Monteiro e Mendonça (2004), técnicos deste projeto, dizem que quando é abordado o tema da agricultura na cidade, é comum a imediata referência às hortas comunitárias. De fato, muitos projetos de incentivo às práticas agrícolas no meio urbano utilizam a
  • 15. 15 lógica da promoção exclusiva de hortas comunitárias. Isso ocorre porque, em primeiro lugar, a palavra horta é entendida como sinônimo de hortaliças em canteiros, o que exclui de antemão diversas possibilidades de aproveitamento produtivo integrado dos espaços urbanos, como a utilização de árvores frutíferas, o plantio em recipientes (potes, vasos, etc.) e a criação de animais. A perspectiva agroecológica, por outro lado, não restringe o olhar a um sistema padronizado de produção, com espécies predefinidas, mas procura incorporar ampla diversidade às condições específicas de cada espaço disponível. Outro aspecto se refere ao caráter comunitário. Na prática, ocorrem poucas experiências espontâneas deste tipo e, além disso, existem outras formas de trabalho cooperativo e de socialização de informações, como mutirões, os bancos de sementes, os encontros formais e informais, etc. A horta comunitária, portanto, deve ser vista como mais uma das possibilidades, que demanda certo grau de organização e mobilização e não tida como fórmula única. Madaleno (2002), em pesquisa sobre a agricultura intraurbana em Belém, identificou que os quintais domésticos são os espaços predominantes. Na pesquisa, cerca de 71% dos entrevistados cultivam lotes adquiridos legalmente, 20% são ocupações ilegais, em terras públicas ou privadas e os demais se valem de espaços emprestados. A pesquisa mostrou ainda que a maioria das iniciativas de agricultura nos espaços intraurbanos é realizada por mulheres. Segundo Monteiro, Mendonça e Silva (2004), a partir da análise do Programa de Agricultura Urbana desenvolvido pela Assessoria e Serviços a Projetos em agricultura Alternativa (AS-PTA), na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a agricultura praticada nos espaços urbanos (intraurbana) convive com diversas outras atividades econômicas, e geralmente é ocupação de tempo parcial, escapando, na maioria dos casos, das estatísticas oficiais. Quanto aos espaços em que é praticada, tipicamente são áreas menores e mais dispersas do que no meio rural. São relevantes os pequenos espaços domésticos (quintais) - algumas vezes sem disponibilidade de solo - e comunitários, sendo freqüente a insegurança com relação à posse ou usufruto da terra, com mecanismos variados com relação a essa questão. A falta de espaço disponível é uma das principais limitações identificadas para a prática da agricultura nos espaços urbanos.
  • 16. 16 Este Programa de agricultura urbana desenvolvido pela AS-PTA é executado através de parcerias com outras organizações, entidades e movimentos sociais populares que possibilitam uma maior credibilidade e base de apoio nas comunidades. Ou seja, existe um respaldo de que já executam atividades comunitárias há algum tempo. Estas entidades são: a Prefeitura do Rio de Janeiro, Rede Fitovida, Pastoral da Criança e da Saúde, Associações de Moradores e Igrejas. Organizando suas atividades e ações conjuntamente com estas instituições, seu foco de trabalho é sempre a formação de grupos, nunca trabalhos com indivíduos isoladamente. Estes grupos passam por formações e trocas de experiências temáticas, como: farmácias caseiras, banco de sementes, compostagem, educação ambiental com crianças, entre outras atividades. Para uma melhor compreensão da realidade de onde estão inseridos costumam fazer diagnósticos participativos e pesquisas para traçarem um perfil dos participantes. (ver fotos desse programa, em anexo). Em cidades como São Paulo, as hortas urbanas têm sido alternativa para uma alimentação mais saudável e barata. Locais como a Avenida Radial Leste, uma das mais movimentadas da capital paulista, abrigam hortas que alimentam dezenas de famílias de baixa renda. Essa atividade está prevista, também, no Plano Diretor do município, pois, além de combater a fome e promover a inclusão social, contribui para a melhoria das condições ambientais, possibilitando a ocupação de terrenos vazios, que ao invés de acumular mato e lixo, são tratados e cultivados, fornecendo alimento fresco e sem agrotóxicos. A lei permite redução do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) aos donos dos locais escolhidos, e estimula a formação de cooperativas de agricultores das hortas urbanas e a venda dos produtos cultivados de forma orgânica, ou seja, sem o uso de agrotóxicos e demais insumos sintéticos. (FOME ZERO, 2005) Esta, na verdade, é uma outra metodologia de trabalho onde o poder público está diretamente participando das decisões. Neste caso a Prefeitura de São Paulo na Gestão da ex-Prefeita Marta Suplicy criou uma Secretaria de Agricultura Urbana, a partir de intercâmbios e formações em projetos de Agricultura Urbana em Cuba. Com isto, parte do orçamento municipal foi alocado para estas atividades. A metodologia utilizada tem como foco as hortas comunitárias para o trabalho de
  • 17. 17 Agricultura Urbana, formação de cooperativas de agricultores urbanos e sistemas de comercialização. O procedimento acontecia da seguinte forma: inicialmente escolhiam um terreno baldio preferencialmente público; se for particular se negocia sua regularidade com o IPTU. Posteriormente inicia-se a limpeza do terreno, retirando lixo, entulhos, capinando e até mesmo passando máquinas de terraplanagem; O segundo passo consiste em cercar o terreno com muros ou telas, em seguida convoca-se a comunidade para a formação da cooperativa de agricultores urbanos; a partir disso promove-se cursos de agricultura urbana e acompanha-se tecnicamente este grupo. Em alguns casos estes grupos já existiam para outras finalidades, como por exemplo: grupos de mães que recebiam benefícios da Prefeitura, ou grupos que trabalhavam com agricultura em terrenos da igreja, ou outras instituições. Além de receber acompanhamento técnico, os membros dos grupos têm acesso aos materiais para o trabalho, mudas e terra adubada, que neste caso era cama de aviário proveniente de áreas próximas do município de São Paulo. No período em que estivemos fazendo estágio neste programa o governo da Marta Suplicy havia encerrado e o programa havia sido abandonado na maior parte dos locais. Em apenas dois lugares dos tantos visitados haviam atividades sendo desenvolvidas. Em anexo, apresenta-se fotos ilustrativas dessa iniciativa pública. Em Florianópolis, durante o período de maio a dezembro de 2004, o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo desenvolveu o projeto chamado de Agroecologia Urbana que teve como objetivo principal a divulgação de idéias da agroecologia no meio urbano, a utilização de espaços/quintais urbanos para a produção de alimento, bem como a criação de possibilidades de geração de renda através da elaboração de produtos ecológicos como o pão e as tortas integrais, artesanato ou outros produtos que possam ser produzidos de forma ética, solidária e ecológica (Cepagro, 2004). Numa fase inicial, e tendo em conta os escassos recursos financeiros, optou-se por realizar Oficinas de produção de pão integral e Oficinas de hortas caseiras, assim denominados, como forma de aproximação e discussão na comunidade. 3. METODOLOGIA
  • 18. 18 3.1 – Como construímos um panorama sócio econômico e Histórico da Comunidade. Este trabalho de conclusão de curso inicia-se após praticamente um ano do Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido pelo Cepagro nesta comunidade. Portanto, para estar mais próximo das estruturas que compõe o universo desta comunidade procuramos a Direção da Associação dos Moradores da Praia das Areias com o objetivo de apresentar o projeto deste estágio de conclusão de curso e identificar outras pesquisas já realizadas na comunidade. Uma reunião com a diretoria da AMPA representou o marco inicial das atividades. O segundo passo do trabalho foi resgatar um pouco do que já havia sido empreendido na comunidade em etapas anteriores e que tivesse alguma relação com este tema, como o Projeto Agroecologia Urbana, por exemplo. Isto se deu através da preparação e realização do que chamamos de “Encontro de Um ano Pós- Projeto Agroecologia Urbana”, convidamos todas as pessoas que participaram deste Projeto como os moradores, equipe técnica do Cepagro e lideranças da comunidade. A participação foi pequena com 10 pessoas e na oportunidade foi discutido sobre a pesquisa que seria realizada na comunidade, pelo estágio de conclusão de curso, através do Questionário: Diagnóstico – Agricultura Urbana na Comunidade da Praia das Areias (em Anexo). Este momento serviu também para avaliarmos um pouco da importância e conseqüências nas vidas destas pessoas que participaram do Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido há um ano. Na busca do envolvimento comunitário tentamos inserir outros segmentos da comunidade na execução da pesquisa, bem como, otimizar o tempo de pesquisa e facilitar a obtenção de respostas fidedignas a partir da proximidade existente entre o pesquisador e o entrevistado. Este envolvimento foi através dos jovens que fazem parte do Projeto Agente Jovem da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Seis jovens entre 15 e 17 anos de idade que, num primeiro momento, receberam uma capacitação para a aplicação do questionário (em anexo) e, num segundo momento, aplicaram os questionários junto às famílias. Note-se que no decorrer do processo, surgiu a proposta desses jovens executarem essa tarefa sob a coordenação da Associação dos Moradores da Praia das Areias. Deste modo, os jovens dedicaram-
  • 19. 19 se exclusivamente ao trabalho deste questionário proposto pela AMPA. Dados desta pesquisa foram utilizados para este trabalho. 3.2 – Métodos utilizados para fazer a Pesquisa (Diagnóstico) e a formação do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais Com a ajuda de três estudantes do curso de agronomia da UFSC, que já estavam inseridos nesta comunidade através de outras atividades, 60 questionários foram aplicados num espaço de tempo de um mês. Utilizando um método onde cada entrevistador era responsável por determinadas ruas da comunidade preencheu-se os questionários sempre que houvesse algum morador apto a respondê-lo. Deste modo foram pesquisados aproximadamente 50% das residências da Comunidade da Praia das Areias, sendo satisfatório para levantar informações sociais e econômicas das famílias e criar um panorama da Agricultura Urbana nesta comunidade. Os objetivos principais do questionário são: conhecer aspectos socioeconômicos dos(as) moradores(as); saber se os moradores já fizeram algum tipo de cultivo (agricultura) no quintal, se continuam ou se pararam e porque o fizeram; saber se o entrevistado(a) havia participado ou ainda participa de algum movimento social ou mantém algum envolvimento de cunho comunitário. Entre os que responderam que continuam fazendo agricultura urbana, uma série de perguntas foram feitos para desenharmos um panorama destas práticas na comunidade. As questões nessa área tiveram como objetivo explorar os seguintes aspectos: • As práticas de agricultura urbana são relevantes no contexto familiar, contribuindo especialmente na alimentação destas pessoas? Além da alimentação, que outra(s) importância(s) é/são atribuída(s) à prática de cultivos em quintais? • Quais são as motivações que levam as pessoas a essas práticas? • Quais os fatores limitantes a essas práticas (materiais, conhecimento, motivação, espaço físico, etc.)? • Que tipos de cultivos/práticas e estratégias de ocupação dos espaços são adotados pelos moradores?
  • 20. 20 • Conhecer o que estes moradores plantam através de grupos de espécies como frutíferas, ornamentais ou hortaliças. • Qual a relação destes moradores com o lixo gerado nas suas residências. Outro importante aspecto do questionário foi o de perceber o interesse dos moradores em participar do que chamamos de “primeiro encontro de trocas de experiência em agricultura em quintais”. Além de convidá-los para esse evento se identificou os melhores dias e horários para esta prática. No próprio questionário da pesquisa existem algumas perguntas destinadas ao interesse e disponibilidade da formação deste grupo de trocas de experiências, inclusive com um chamado para o primeiro encontro deste grupo. Este chamado acontecia no momento da entrevista com os moradores. A proposta metodológica consistia em planejar, após este primeiro encontro, uma agenda de encontros e atividades, onde o objetivo seria a realização de mutirões de trabalho nos quintais, encontros técnico/teórico sobre agroecologia, compostagem, manejo de solo, práticas alternativas de controle de pragas e doenças, economia solidária e plantas medicinais. Sem nenhum recurso financeiro para custear essas ações contamos somente com o interesse pelo tema, bem como em fortalecer as bases comunitárias de organização. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 – Comunidade da Praia das Areias do Campeche: aspectos históricos, sócio-econômicos, culturais e estruturais A população de Florianópolis passou de 138.337 habitantes em 1970 para 342.315 em 2000. Verifica-se, portanto, que em 30 anos a população quase que triplicou, prejudicando, principalmente, as pessoas com baixa renda e pouca qualificação profissional que acabam sentindo, com maior intensidade, os problemas de saneamento básico5, acesso aos serviços de saúde, carência alimentar, violência urbana entre outros problemas. A cidade de Florianópolis, apesar de ostentar o título 5 Somente 32,79% do esgoto é tratado e 2,18% do lixo é coletado de maneira seletiva (Prefeitura Municipal de Florianópolis).
  • 21. 21 de capital com melhor qualidade de vida do Brasil, esconde um conjunto de mais de 50 favelas onde vivem cerca de 10% da população6, texto extraído do Projeto enviado para Miserior (Cepagro, 2004) A Comunidade onde se realizou esta etapa do estágio está localizada no sul da ilha de Santa Catarina, entre os bairros Campeche e Morro das Pedras, conhecida popularmente como Areias do Campeche. O acesso ao se dá através da Rua Francisco Vieira, que se situa a 100 metros do Trevo do Erasmo, bifurcação da SC-405, que dá acesso aos bairros Ribeirão da Ilha e Morro das Pedras. Situada a 100 metros da Praia do Campeche, junto à faixa de dunas de areia. Os moradores denominam o local onde residem de Praia das Areias. O aglomerado residencial principal ocupa uma área de 29.000 m², relativamente plana (declividade média de aproximadamente 4%), cuja altitude varia entre 5 e 10 metros. Apenas na faixa voltada para as dunas existem trechos com declividades acentuadas (em torno de 20%). É nesta faixa que ocorrem os pontos mais elevados e os mais baixos do sítio. A intensa ocupação das dunas limítrofes impede que se tenha visuais diretos para o mar a partir das residências. A inserção das mesmas numa área litorânea de relevo pouco acidentado, permite uma boa captação dos ventos, configurando um microclima adequado para o uso habitacional. Para uma melhor compreensão das relações sociais existentes entre esta Comunidade (expressão que passamos a utilizar como referência à área em estudo) e seu entorno levantamos os pontos orientadores e sua ocupação: Ao sul existem condomínios horizontais de padrão elevado, que se estendem até a praia. O condomínio voltado para a Rua Francisco Vieira – Village das Azaléias – possui um muro alto em toda a sua extensão, impedindo as relações entre os moradores das duas áreas residenciais. A maioria das casas destes condomínios fica fechada fora da temporada, servindo apenas para o veraneio de seus proprietários. 6 O critério utilizado neste estudo realizado pela Prefeitura Municipal, baseia-se nos padrões determinados pelo Instituto de Administração Municipal (Ibam), que considera favela local onde há deficiência de infra-estrutura que comprometa a qualidade de vida dos moradores, precariedade de habitação e renda familiar inferior a três salários mínimos, entre outros aspectos.
  • 22. 22 No lado oeste foi implantado há pouco mais de um ano um grande loteamento destinado à classe média. Até o momento, poucas residências foram construídas. Os lotes limítrofes têm seus fundos voltados para a Rua dos Eucaliptos, o que não favorece a relação entre os moradores da comunidade e do novo loteamento. O bairro Castanheira, mais a oeste, é composto por vários loteamentos compridos e estreitos, ocupados em geral por classe média. Os moradores deste bairro praticamente não se relacionam com a comunidade em questão. Ao norte, há um amplo terreno desocupado destinado à área verde do loteamento recém implantado a oeste. Até pouco tempo atrás, este terreno era aproveitado pelos moradores da comunidade para atividades esportivas e comunitárias, porém a colocação de cercas de arame farpado impediu a continuidade destes usos. A leste, encontram-se as dunas da Praia do Campeche, intensamente ocupadas por residências de veraneio de padrão elevado e também por residências precárias. As dunas estão entre a Comunidade e o mar. A população que freqüenta aquela praia se restringe aos moradores locais e surfistas, pois o mar ali é muito agitado. O mar é utilizado pela comunidade do assentamento tanto para o lazer no verão, quanto para a pesca, servindo assim como fonte de alimento. Sobre a história desta comunidade, faremos um resgate desde o uso inicial destas terras que originariamente integravam uma vasta área de reflorestamento de espécies exóticas -pinnus e eucaliptos-, de propriedade do Governo do Estado de Santa Catarina. Há algumas décadas, uma grande área deste reflorestamento passou para a propriedade de um particular, incluindo toda a área da Comunidade e do loteamento vizinho recém implantado. A ocupação do terreno pela população de baixa renda se iniciou nos anos 1980, quando surgiram as primeiras casas, bastante precárias. Desde então, uma série de intervenções sociais e judiciais aconteceram, seguidos de uma forte mobilização social desta Comunidade. A seguir apresentamos alguns momentos marcantes desse processo de ocupação da área: • A Prefeitura Municipal, através da Divisão de Ação Comunitária, começou a atuar na Comunidade em 1991, época em que fez o
  • 23. 23 primeiro cadastramento dos moradores, registrando um total de 104 famílias; • No mesmo período, o proprietário do terreno havia acionado a Justiça para requisitar a reintegração de posse; Como relata uma matéria publicada no Jornal Diário Catarinense de 18/08/94: “O prefeito de Florianópolis, Sérgio Grando (PPS), anunciou ontem a desapropriação de uma área localizada na Rua dos Eucaliptos... para o assentamento definitivo de 80 famílias. O terreno é reivindicado pelo advogado Henrique Berenhausen, que em 1986 entrou com processo de reintegração de posse, alegando invasão clandestina no local. Ontem de manhã, por decisão judicial, oficiais da Justiça iriam executar o despejo das famílias...”; No dia seguinte, o Jornal “O ESTADO” noticiou o assunto da seguinte forma: ... “Durante toda a manhã de ontem, mais de 100 pessoas permaneceram no auditório da prefeitura aguardando a assinatura do decreto. ... Depois da tentativa frustrada de reintegração de posse, na última terça-feira, o prefeito Sérgio Grando havia garantido aos moradores que desapropriaria o terreno. Acontece que o proprietário do terreno apresentou uma nova proposta que transferiria as famílias para uma área sem infra-estrutura. O caso foi estudado por técnicos da prefeitura e a decisão sairá hoje. O presidente da Associação de Moradores, Marta Reis, garantiu que as famílias estão dispostas a pagarem seus lotes para a prefeitura, caso saia a desapropriação. ‘Pagaremos duas vezes pelo lugar, já que todos que moram lá, compraram o terreno e têm escritura de posse’, frisou.” A desapropriação da área em litígio só se efetivou em março do ano seguinte, através do Decreto Municipal nº 85/95, destinando-a para o assentamento das famílias carentes que ali moravam. Esta grande conquista dos moradores só foi possível graças ao seu engajamento para fazer pressão junto à prefeitura, para não serem expulsos do local. Mesmo com a desapropriação, nem todas as famílias conseguiram manter as suas casas. Isto ocorreu porque algumas moradias se localizavam fora dos limites da área desapropriada. O Jornal “O ESTADO” de 23/05/95 noticiou a demolição de residências no local:
  • 24. 24 “A Prefeitura de Florianópolis determinou, ontem pela manhã, a demolição de aproximadamente 20 casas construídas ilegalmente no terreno de propriedade de Henrique Berenhausen na Praia do Campeche. Algumas das famílias desalojadas foram transferidas para o terreno que a prefeitura desapropriou do próprio Berenhausen no começo deste ano. ... A força policial presente à ação de demolição – quase 100 homens – foi justificada como ‘de rotina’. Todas as famílias já haviam sido avisadas da demolição, a tempo de retirarem os móveis dos interiores das casas. ... A ação demolitória de ontem transcorreu sem qualquer incidente. A única dificuldade foi causada pela qualidade de algumas casas, construídas de alvenaria. ... A Prefeitura agora concentra esforços para a realização do projeto de urbanização, concebido ao mesmo tempo em que a desapropriação era feita. A intenção é oferecer toda a infra-estrutura às famílias assentadas. ...” Mais uma vez, a comunidade demonstrou união e solidariedade, empenhando agora esforços coletivos para construir novas casas, nos vazios existentes no interior da área desapropriada, para abrigar as famílias que foram alvo da demolição. Nesta época, às pressas, os moradores fizeram a redemarcação dos lotes, atribuindo a cada família um lote entre 180 e 220 m². Nenhuma das casas existentes dentro dos limites da desapropriação foi demolida. Não houve sorteio dos lotes; cada família escolhia o lote onde iria construir a sua casa. Em algumas casas, residiam várias famílias de parentes. Mesmo assim, sobraram alguns lotes, que posteriormente foram destinados pela prefeitura a famílias que residiam em áreas ocupadas no continente. Os moradores entrevistados relataram que nesse período não havia abastecimento público de água; a energia elétrica era obtida clandestinamente; o local era esconderijo de bandidos, sendo visto até hoje pelas comunidades vizinhas como uma área marginalizada, denominada de favela. Depois de garantida a permanência no local, a luta da comunidade prosseguiu, desta vez para conseguir a implantação da infra-estrutura urbana. A Associação de Moradores da localidade conseguiu organizar uma equipe de técnicos voluntários para elaborar um projeto de urbanização da área. Porém, essa equipe não chegou a desenvolver o projeto, frustrando os anseios da população.
  • 25. 25 O poder de mobilização da comunidade também se fez notar através da sua atuação no orçamento participativo de 1996, no qual foram destinadas verbas para a urbanização e construção de moradias populares nas Areias do Campeche. Porém, o governo federal não enviou a verba destinada a estes projetos, deixando a comunidade mais uma vez frustrada e desmotivada. Apenas recentemente, surgiram novas perspectivas de que a Comunidade seria alvo de um projeto de urbanização, através do convite dirigido pela prefeitura municipal, através da sua Secretaria da Saúde e Desenvolvimento Social, à Universidade Federal de Santa Catarina (Departamento de Arquitetura e Urbanismo/ Grupo de Estudos da Habitação e Departamento de Engenharia Civil) para estabelecerem uma parceria entre as duas instituições e a Associação dos Moradores da Praia das Areias. Atualmente cerca de 120 famílias residem no assentamento da Praia das Areias. Trata-se de uma população heterogênea, com acentuadas diferenças quanto à origem, nível socioeconômico e composição do grupo familiar. Os levantamentos cadastrais da prefeitura revelam que mais da metade dos moradores é procedente de outros estados, e que aproximadamente 30% vieram de cidades do interior do estado, principalmente do sul e do oeste de Santa Catarina. Embora em menor quantidade, há também moradores naturais de Florianópolis. Outro dado é que mais de 70% dos moradores atuais residem na Comunidade desde a época da desapropriação. A situação econômica das famílias em geral é precária, sendo que a maioria dos moradores exerce atividade autônoma sem qualificação. Predominam os serventes de pedreiro, artesãos, faxineiras e biscateiros. Além dos autônomos, existem alguns moradores que são empregados em pequenas empresas, outros são funcionários públicos e há ainda os que possuem um pequeno comércio na própria localidade. Durante os dias de folga, é comum os moradores trabalharem na reforma de suas casas ou ajudarem na reforma das casas dos vizinhos. A Comunidade parece um canteiro de obras que nunca acaba. Em relação às famílias percebe-se que os núcleos tradicionais predominam, porém há também casos de mulheres viúvas ou separadas residindo sozinhas ou com os filhos; de filhos casados morando com os pais; de indivíduos ou casais
  • 26. 26 morando sozinhos. A maioria das famílias é jovem e têm-se muitas crianças e adolescentes. A maioria das mulheres não exerce atividade remunerada. Algumas delas fazem trabalhos eventuais como faxineiras, principalmente quando os maridos estão sem trabalho. Com relação aos problemas sociais destacamos o desemprego ou subemprego que atingem várias famílias, gerando muitas carências, havendo inclusive casos de subnutrição. Uma equipe da pastoral da criança vem realizando a distribuição de leite e o acompanhamento mensal do peso das crianças. Além disto também as Agentes de Saúde comunitária da Prefeitura Municipal de Florianópolis executam trabalhos desta natureza. Aliado ao problema do desemprego e da falta de ocupação, há um índice elevado de pessoas dependentes de drogas e/ou de álcool. A área é um importante ponto de tráfico de drogas. Outro dado é que existem diversos casos de analfabetismo entre os moradores. Vale ressaltar ainda que esta análise da comunidade foi elaborada a partir das conversas com moradores e diretoria da AMPA, bem como pela leitura de documentos dessa Associação e da “Caracterização das Moradias da Praia das Areias”, elaborado em novembro de 1998 pelo Grupo de estudos em Habitação (GHab) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal de Santa Catarina. A Comunidade da Praia das Areias do Campeche é marcada por uma forte luta pela posse e uso da terra que compreende este assentamento, assim, um histórico de aquisições, relocações, brigas jurídicas e negociações como poder público resume a constituição deste assentamento. Também vale ressaltar que por ser uma área de dunas, mais precisamente, num ecossistema de restinga, esta é uma área ilegal para a ocupação humana como delimita o Plano Diretor da Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF). Segundo estudos da PMF esta é uma área de risco social, devido ao alto índice de desemprego, baixa escolaridade e índices crescentes de consumo de drogas, bem como, o aumento dos pequenos furtos que acontecem nas regiões adjacentes ao assentamento que sempre se dirigem a esta comunidade como oriunda dos fatos.
  • 27. 27 Por estar situada no meio de condomínios residenciais de classe média alta, sofrem discriminações e também grande pressão por conta da especulação imobiliária, que é um fato marcante em Florianópolis, principalmente em áreas de balneário como as Areias do Campeche. Conseqüência disto, a instabilidade e insegurança dos moradores em relação ao uso e posse da terra é marcante entre os moradores, atingindo diretamente a sua relação com o seu quintal ou terreno. O fato de pesquisas anteriores feitas na comunidade não considerarem os cultivos dos quintais como práticas e ocupações dos moradores, desconsidera-se qualquer possibilidade destas informações estarem contidas em estratégias e políticas públicas voltadas para esta comunidade. Esta seria uma ótima estratégia de atuação na comunidade para ocupação de mulheres e homens desempregadas/os, jovens e crianças. 4.2 – Principais elementos do diagnóstico sócio-econômico das famílias e suas experiência em Agricultura Urbana A partir do questionário “Diagnóstico – Agricultura Urbana na Praia das Areias do Campeche” foi possível observar o perfil sócio-econômico dos entrevistados e suas relações com a temática deste trabalho. Através de perguntas chaves do questionário que está em anexo, temos o objetivo de analisar as potencialidades em Agricultura Urbana desta comunidade. Através de gráficos, citações de outras pesquisas e observações serão demonstrados os principais elementos do diagnóstico, onde, 62 entrevistados, que respondem por sua família, irão representar as relações existentes entre Agricultura Urbana e as características da comunidade em questão . Inicialmente dividimos os resultados das repostas negativas e afirmativas para os cultivos nos quintais, encontrando nas respostas positivas casos de pessoas que pararam e que continuam a produzir. Figura 1: Gráfico que mostra a proporção de moradores em relação a prática de Agricultura Urbana.
  • 28. 28 12 40 10 Dos 62 entrevistados, doze (20%) responderam que “Não”, não fazem nenhum tipo de cultivo em seus quintais. Dez (17%) responderam que “Sim”, já fizeram algum tipo cultivo em seus quintais mas pararam por diversos motivos. Quarenta (63%) responderam que “Sim” e continuam fazendo algum tipo de cultivo em seus quintais. Observamos que 80% dos entrevistados tem alguma relação agrícola com seus quintais. Estes, inicialmente são alvo desta pesquisa que tem como objetivo conhecer melhor destes moradores para posteriormente formar um grupo que trate deste tema na comunidade. Para melhor conhecer a situação econômica dos entrevistados e suas respectivas famílias, um quadro com o panorama da renda mensal dos integrantes da família, foi aplicado ao entrevistado. Figura 2: Renda familiar mensal. não sim e continua sim e parou
  • 29. 29 16 22 n° de famílias 5 4 15 menos de R$400,00 R$600,00 - R$1000,00 R$1000,00 - R$1500,00 mais de R$1500,00 não declarou Renda mensal Como resultados, obtivemos 16 famílias que vivem com menos de R$ 400,00 mensais e 22 famílias que vivem com uma renda mensal entre R$600,00 e R$1000,00 representando 61% dos entrevistados. Apenas 5 famílias vivem com uma renda entre R$1000,00 e R$1500,00 mensais e 4 famílias vivem com mais de R$1500,00 por mês, representando 15% dos entrevistados. Compreendemos que as 15 pessoas, representando 24% dos entrevistados, que não declaram sua renda não o fizeram por não se sentirem confortáveis ao declararem o quanto ganham ou por desconhecerem o valor da renda familiar. Sabendo que quase 50% dos entrevistados têm renda mensal família menor que R$1.000,00, pela baixa renda mensal destas famílias, percebemos que a comunidade é realmente alvo de um projeto que vise melhorias e garantias na qualidade de vida através da segurança alimentar, melhores condições ambientais e um cuidado especial com a saúde desta população como objetiva um Projeto de Agricultura Urbana. Segundo Siau & Yurjevic (1993, p.44) “um aspecto importante da relação entre o urbano e o rural é a migração de pessoas. O principal fluxo é o que parte do rural, e que está constituído principalmente por jovens”. Estes jovens que o autor se refere, foram aqueles que há 10 – 15 anos vieram de suas cidades originárias rurais e constituíram suas famílias nos centros urbanos. Também existem os casos de famílias que vieram já formadas para as cidades oriundas do meio rural, todas reflexos do êxodo rural, que na sua maioria se instalam nas periferias dos centros. Na comunidade da Praia das Areias isto está representado na Figura 3.
  • 30. 30 Figura 3: Gráfico da origem das famílias entrevistadas 40 n° de famílias 20 2 40 35 30 25 20 15 10 5 0 rural urbana não declarou A migração de pessoas do rural para urbano nessa comunidade tem uma representatividade bastante significativa, onde 65% dos entrevistados é de origem rural. Este fato acaba acarretando uma série de fatores em relação ao manejo dos quintais, espécies plantadas e motivações de cultivarem nos quintais, sendo melhor apresentados no decorrer desta analise do diagnóstico. Um dos objetivos do questionário era sabermos se os entrevistados tinham algum histórico de participações em trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares, a fim de constatar facilidade ou dificuldade de empreender atividades deste caráter na comunidade da Praia das Areias. Para isto construímos uma pergunta que esclareceria estas dúvidas. Figura 4: Representa a participação do entrevistado em algum trabalho comunitário, formação de grupos ou movimentos populares sociais.
  • 31. 31 48% 52% Sim, já participou Não, nunca participou A partir desta figura observamos que 48% dos entrevistados nunca participou de atividades coletivas e 52% já participou, sendo assim, com uma diferença tão pequena entre os resultados, não sendo parâmetro para a identificação de potenciais para a atividade a ser proposta na comunidade sob forma de um Grupo de Trocas de Experiência em Agricultura Urbana. Apesar de não serem representativos para este objetivo do diagnóstico, observamos que 52% de participação é um número bem significativo para uma comunidade, reforçando e refletindo todo processo de lutas e mobilizações em prol de suas moradias, já constatado neste capítulo. Pensando nas estratégias e ações do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade, concluímos que seria de fundamental importância sabermos do interesse dos entrevistados de estar participando, ou não. Daqueles que responderam que teriam interesse, buscamos verificar um dia comum para as atividades, Figura 5: Percentagem de interessados em participar do Grupo de Trocas de Experiências Sobre Agricultura em Quintais na Comunidade.
  • 32. 32 10% 34% 56% Sim Não Talvez Figura 6: Dias disponíveis para os encontros e atividades. 9 1 1 1 5 6 2 3 2 Sábado qualquer dia fim de semana dia de semana Segunda Quinta Terça Sexta quando o filho crescer Como constatamos nas Figuras 5 e 6, existe um grande percentual de interessados para a atividade. A escolha do melhor dia para estes encontros foi feita analisando que a maioria das pessoas tem disponibilidade nos finais de semana, especialmente aos sábados, desta forma quando realizamos o primeiro encontro do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade, escolhemos o Sábado. 4.3 – Aspectos dos entrevistados que “NÃO” praticam Agricultura Urbana Aproximadamente 19% dos entrevistados respondeu que nunca tiveram nenhum tipo de cultivo em seus quintas, nessa comunidade. A partir dessa reposta
  • 33. 33 devemos ser cuidadosos pois o fato de não terem experiências na atual residência não podemos excluir a possibilidade de um dia surgir o interesse pelo assunto. Seguindo a resposta negativa analisamos outros elementos do diagnóstico para justificar esta posição de não praticar Agricultura Urbana, pois, estes também são moradores que devem ser considerados. Conhecê-los é fundamental para construirmos melhores estratégias de aproximação. Figura 7: Renda familiar mensal das famílias que não praticam Agricultura Urbana 6 4 2 0 menos de 400,00 600,00 - 1000,00 acima de 1000,00 Não declarou EM R$ POR FAMÍLIA Nº DE FA MÍ LI AS Conforme Figura 7, das 12 pessoas que responderam esta categoria, 05 delas tem renda familiar mensal inferior a R$400,00, computando 42% do total. Este resultado mostra que estas famílias seriam realmente o alvo de ações que promovessem segurança alimentar como faz a prática de agricultura urbana. Em experiências com moradores da periferia do Rio de Janeiro em Agricultura Urbana Monteiro e Mendonça (2004) falam que é comum nas famílias de baixa renda se observar uma baixa auto-estima, o que restringe fortemente a participação em atividades comunitárias e as desmotiva a cuidar de seus quintais. Outro ponto relevante para a ação a ser proposta na comunidade, é o fato de que 66% dos entrevistados que não praticam Agricultura Urbana, tem origem rural, num trabalho de sensibilização esse indicativo pode ser utilizado como um grande potencial para o resgate cultural. Saber que 07 dos 12 entrevistados nunca participaram de trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares, foi de fundamental importância
  • 34. 34 para concluirmos que a maioria realmente tem um histórico de desmobilização comunitária. Como já esperávamos 08 dos 12 não têm interesse em participar do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade. Também foram observados pontos que são negativos nesse grupo de entrevistados para uma articulação de trabalhos coletivos, o fato de da maioria nunca ter participado de trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares, 07 dos 12 entrevistados, mostrando que a maioria realmente tem um histórico de desmobilização comunitária, e ainda, 08 dos 12 não têm interesse em participar do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade. Figura 8: Representação das causas levantadas pelos moradores ao fato de não plantarem em seus quintais. 3 2 2 2 1 1 1 1 não têm espaço moradores novos a terra é muito ruim não responderam casa para veraneio não gosta de plantar mora de aluguel nunca pensou A pergunta chave para esta categoria era saber por que estas famílias não plantavam em seus quintais. Com estas respostas poderíamos criar melhores estratégias de aproximação a estas famílias, pois sabemos que são alvo de trabalhos com Agricultura Urbana como justificado acima. Na Figura 8 mostramos que as justificativas para não plantar nos quintais são as mais diversas, no entanto, as questões de falta de espaço, baixa fertilidade do solo e moradias novas são as mais encontradas. Devemos considerar esta diversidade de motivos para planejarmos e promoção ações em Agricultura Urbana nesta comunidade. Também,
  • 35. 35 vale salientar que mantivemos as respostas na íntegra para haver uma maior transparência nos resultados. 4.4 – Aspectos dos entrevistados que responderam que já praticaram Agricultura Urbana, mas pararam. Com 10 respostas nesta categoria, computou aproximados 16% dos totais que responderam ao questionário. Temos um interesse principal em saber o que levaram a parar com estas práticas em suas residências. Assim verificamos que 04 entrevistados perderam o espaço que tinham para cultivar, principalmente para construções. Como já mostramos neste trabalho, os terrenos geralmente são muito pequenos, assim quando as famílias precisam aumentar as construções, muitas vezes é porque os filhos casam, ou outros familiares vêm morar junto destas famílias. Com o aumento do número de integrantes da família acabam utilizando de todo o terreno para construírem. Ainda dentro destes 04 alguns perderam o espaço para animais, principalmente cachorros. Vale salientar que duas destas pessoas participaram do Projeto Agroecologia Urbana. Dos entrevistados, 04 dizem que seus cultivos foram acabando, como justificativa falam que a terra é ruim ou faltou um muro para proteger. Um entrevistado diz que não tem sorte e o outro fala que ainda não fez nesta comunidade e sim onde morava antes de vir morar ali. Em relação à Renda mensal familiar, constatou que 60% dos entrevistados recebem entre R$600,00 e R$1000,00, o que de fato não os coloca numa categoria muito desprivilegiada economicamente, tranqüilizando os ânimos de quem avalia que a Agricultura Urbana é uma ótima ferramenta no combate a pobreza e geração de soberania alimentar para as famílias praticantes. Estas famílias são na sua maioria de origem urbana, com 60% dos entrevistados. Também verificamos que 08 entrevistados já participaram de trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares e 07 deles têm interesse em participar do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade. Resultados que mostram um grande potencial destes famílias retomarem às práticas de Agricultura Urbana devido à formação do Grupo e ao envolvimento comunitário que seus históricos apresentam.
  • 36. 36 4.5 – Aspectos dos entrevistados que responderam que fazem Agricultura Urbana. Foram 40 entrevistas que responderam que já fez algum tipo de cultivo (agricultura) no seu quintal e continuam fazendo, representando cerca de 60% do total de entrevistados. Neste eixo da pesquisa observamos que a origem das famílias exerce influência na prática da Agricultura Urbana, pois 70% destes 40 entrevistados são de origem rural e apenas 30% de origem urbana que nunca moraram em zonas rurais ou tivessem vivido da agricultura. Figura 9: Renda familiar mensal dos que responderam que fazem Agricultura Urbana. 10 13 n° de famílias 4 3 10 menos de R$400,00 (16) R$600,00 - R$1000,00 (22) R$1000,00 - R$1500,00 (5) mais de R$1500,00 (4) não declarou (15) Renda mensal Como mostra a Figura 9, a renda familiar mensal de 48% dos entrevistados é inferior a R$1000,00, não mostrando relação direta entre os praticantes de Agricultura Urbana e índices de pobreza. Quando mostrarmos os resultados das motivações a praticarem agricultura urbana, serão observadas várias motivações que não estão relacionados à carência econômica destas famílias. Percebemos que a participação em trabalhos comunitários ou movimentos sociais e populares teve um grande equilíbrio nas respostas com 21 respostas que nunca participaram e 19 que já participaram. O interesse em participar do Grupo de Trocas de Experiência Sobre Agricultura em Quintais da comunidade foi bem relevante pois, 24 entrevistados responderam que tinham interesse, 10 não tinham e 06 talvez o tivessem, dependendo do dia, horário ou disponibilidade.
  • 37. 37 4.5.1 – Panorama da Agricultura Urbana demonstrado pelos entrevistados. Neste momento entramos numa das partes mais importantes deste diagnóstico, a constatação das práticas em Agricultura Urbana. Poderemos traçar um perfil destas pessoas que praticam Agricultura Urbana, para que de certa forma, possamos compreender melhor este universo na Comunidade da Praia das Areias. “Nos espaços urbanos, são comuns pequenas parcelas que mantêm diversas categorias de cultivos, frutíferas, medicinais, cereais, hortaliças e ornamentais.” (MONTEIRO, MENDONÇA E SILVA. s.d.) Figura 10: Gráfico que mostra as proporções de espécies vegetais encontradas nos quintais. 19% 18% 22% 21% 20% Temperos Chás (medicinais) Frutíferas Flores ou Ornamentais Hortaliças ou Legumes Inicialmente foi identificado o que estava plantado nos quintais dos entrevistados, procuramos categorizar as respostas em: Temperos, Chás, Frutíferas, Flores/Ornamentais e Hortaliças ou Legumes, já que os entrevistadores eram todos estudantes de agronomia, conseguindo assim homogeneizar a linguagem para traduzir as respostas. Desta forma, não pudemos citar as espécies mais cultivadas nem mesmo os casos de maior ou menor diversidade nos quintais, isto foi apenas presenciado pelos entrevistadores nas suas visitas aos quintais. Como mostra a Figura 10 há um equilíbrio entre as espécies plantadas nos quintais, caracterizando quintais com uma boa diversidade vegetal. Quando perguntados sobre o porquê ou para que fazia o cultivo em seu quintal, vimos que o fato de serem maioria de origem rural acaba plantando porque
  • 38. 38 gostam. Isto na verdade, é conseqüência das heranças rurais que os fazem gostar desta prática, pois, oriundos do êxodo rural chagam nas cidades e no processo de adaptação ao modo de vida da cidade acabam praticando costumes do local de origem, sendo a agricultura uma delas. Como o espaço é bem mais reduzido, fazem justamente pela satisfação da prática. Figura 11: Respostas quanto aos objetivos em plantar nos quintais. 13 15 7 4 1 DOAR AOS VISINHOS E AMIGOS OCUPAR O TEMPO EMBELEZAR UTILIZAR NA CASA GOSTAM Cumprindo com dois objetivos da Agricultura Urbana, segurança alimentar e qualidade nutricional na alimentação, 13 entrevistados responderam que utilizam seus cultivos na casa, isto é, na cozinha para sua alimentação. Desta forma diminuem suas despesas, pois deixam de comprar quando passam a consumir de seus próprios quintais, bem como acessar alimentos que não teriam condições de adquirir. Isto é evidenciado também na pesquisa participativa em segurança alimentar e agricultura urbana realizada em Belo Horizonte nos bairros do Taquaril e Granja de Freitas desenvolvido pela Rede de Intercâmbio em Tecnologias Alternativas. (REDE DE INTERCAMBIO EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS, s.d.). Sobre os principais problemas encontrados pelos agricultores de quintais na comunidade das Areias do Campeche são quase os mesmos que fizeram as pessoas que praticavam Agricultura nos Quintais a desistirem, que são: a falta de
  • 39. 39 espaço, o fato da terra muito arenosa e consequentemente muito fraca; e problemas com animais como cachorros e gatos. Figura 12: Principais problemas encontrados ao fazer Agricultura Urbana na Praia das Areias do Campeche. 40% 17% 3% 10% 7% 10% 13% falta de espaço terra fraca animais pragas maresia falta de tempo não têm problemas Com estes dados, sabemos que para implementar um trabalho com agricultura nos quintais desta comunidade é importante estudarmos técnicas e práticas para otimizar os pequenos e restritos espaços, além de práticas que melhorem a qualidade do solo com adubação a partir da produção de composto e utilização de palhada. Como mostra a Figura 12 existem também outros principais problemas, bem como a inexistência dos mesmos. Problemas com pragas e doenças que poderiam dificultar a Agricultura Urbana aparecem em 4° lugar, mostrando que esta prática é diferente da Agricultura Rural que, quando convencional, gasta uma grande quantidade de dinheiro com venenos. Quando ecológica, é sempre motivo de grande atenção e preocupação para quem planta. As motivações a cultivarem em seus quintais confunde-se bastante com o porquê ou para que o entrevistado cultiva em seu quintal. Figura 13: As motivações dos moradores em praticar Agricultura Urbana
  • 40. 40 27% 10% 8% 15% 20% 10% 10% gostam já foi agricultor terapia desenvolvimento das plantas sonham em ter uma horta grande gostam de comer o que plantam Percebemos que é de fundamental importância sabermos das motivações destes moradores, portanto, a origem rural e o gosto por plantar na maioria das famílias são fatores de motivação da prática de agricultura também nos espaços urbanos. Com 15% das respostas o fato de ser uma terapia plantar, torna-se o agente motivador desta prática, merecedor de uma atenção especial para planejamento das atividades, pois mostra uma relação direta com a qualidade da saúde mental e o bem estar dos praticantes de Agricultura Urbana como cita Almeida (2004), “O ato de plantar, mexer na terra, conversar com as plantas e animais é muito relacionado com a manutenção da saúde. Casos de melhoria de pressão alta, depressão, aumento da sociabilidade e de menor necessidade de procurar o centro de saúde são relatados.” 4.5.2 – Manejo dos quintais a) Construção dos Canteiros Como mostra na pesquisa participativa em segurança alimentar e agricultura urbana em Belo Horizonte no bairro do Taquaril desenvolvido pela Rede de Intercâmbio em Tecnologias Alternativas, experiências de plantios em lajes de casas, não havendo problemas com infiltrações. Como formas de reaproveitamento de recipientes, encontramos: geladeiras velhas, carcaças de televisão, vasos sanitários, pneus, latas, bacias e vasilhas velhas. (REDE DE INTERCAMBIO EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS, s.d.)
  • 41. 41 Figura 14: Formas utilizadas por moradores da comunidade para construção de canteiros. 27% 8% 8% 3% 14% 19% 8% 13% qualquer lugar com tijolos madeira em vasos caixas garrafas PET pneus onde foi um galinheiro Conforme Figura 14, na comunidade da Praia das Areias do Campeche, também encontramos diversas formas de reaproveitamento de recipientes, bem como delimitação dos canteiros com madeira ou tijolos e até mesmo sem apresentar delimitações. Vale ressaltar que, para intervenções nesta comunidade com trabalhos em Agricultura Urbana devemos incentivar a utilização alternativa de espaços como, utilização de floreiras, plantios em vasos, cultivos nem cima das lajes e utilização de espaços públicos e abandonados. b) Adubação Segundo, a Rede de Intercambio em Tecnologias Alternativas (s.d.) em Diagnóstico nas comunidades do Taquaril e Granja do Freitas, Belo Horizonte/MG, “quase todos os moradores fazem algum tipo de adubação, utilizando esterco bovino, que pegam nos arredores ou utilizam o lixo doméstico para adubação, de formas diferenciadas.” Isto também acontece na comunidade da Praia das Areias, no Figura 15 mostraremos os resultados das formas de adubação encontradas durante a pesquisa.
  • 42. 42 Figura 15: Formas encontradas de adubação dos quintais. 25% 20% 10% 20% 25% esterco que compram ou que catam no pasto enterram os restos vegetais compram terra preta em agropecuárias não têm nenhuma forma de adubação utilizam composto, que são produzidos nos próprios quintais Como a comunidade está próxima de alguns terrenos grandes, onde existem cavalos, bois ou vacas pastando, existe a possibilidade da catação do esterco destes animais. Outro fator importante é a presença do “Seu Chinico” que cria alguns animais na região e tem um curral onde coleta os estercos e vende “carroçadas” para os moradores da Praia das Areias e bairros próximos, sendo ele o maior ou único fornecedor de esterco da região. A utilização do composto produzido na própria casa ou o fato de enterrar os restos vegetais da cozinha, mostra a consciência dos moradores sobre a importância da reciclagem de lixo orgânico na própria residência. c) Cobertura de solo Para ser sustentada nos princípios ecológicos na Agricultura Urbana devem constar práticas conservacionistas do solo como a utilização de palhada para diminuição das perdas de água por evapotranspiração, bem como, aumentar a quantidade de matéria orgânica do solo. Figura 16: Presença de cobertura do solo nos quintais.
  • 43. 43 57% 25% 18% não apresentam apresentaram cobertura não identificado Como está explicito no Gráfico a maioria dos entrevistados não utilizam palhada ou qualquer outro tipo de cobertura do solo. Os quintais são capinados e os restos culturais na maioria dos casos ficam “amontoados” num canto do quintal, viram composto ou são enterrados. Estas são, muitas vezes, reflexos de práticas que desenvolviam quando eram trabalhadores rurais no manejos de suas hortas, pomares ou lavouras. Através de um diagnóstico, dentre outras, esta reflexão foi feita por Almeida (2004, p.27) “Em Belo Horizonte, os moradores das comunidades urbanas e periurbanas de baixa renda são, principalmente, oriundos da zona rural de outras regiões do estado. Muitos deles relacionam o conhecimento sobre manejo dos quintais a uma experiência rural anterior, na qual aprenderam com os pais, mães ou avós, sobre cultivo das roças, o uso de plantas medicinais e nativas na alimentação e a criação de animais. Por outro lado, observamos limitações de conhecimento sobre compostagem, cultivo em pequenos espaços, planejamento da produção, armazenamento de sementes, manejo do solo, alelopatia, podas, enxertia, controle de erosão e de insetos e doenças.” d) Os solo dos quintais Já citado neste trabalho, a comunidade da Praia das Areias do Campeche está localizada numa área de restinga, num ecossistema de dunas, caracterizando um solo arenoso de origem. Muitos dos quintais obtiveram um incremento de “barro” ou algum material orgânico desde a sua ocupação original modificando parte de sua composição.
  • 44. 44 Figura 17: característica do solo dos quintais. 25% Arenoso Esta figura representa estas características, sabemos que o fato dos lotes apresentarem na sua maioria solos arenosos, e que justamente este fato é causa de desistência e limitação para a Agricultura Urbana, em metodologias de trabalho nesta comunidade deve-se estrategiar formas de aumentar os teores de argila e matéria orgânica destes solos. e) O uso da Água Com o passar do tempo a escassez de água potável é cada vez maior, seu custo está aumentando e em determinados períodos do ano é comum a falta de água em locais urbanos. Na comunidade da Praia das Areias este fato não é diferente, a falta de água é muito comum especialmente no verão. Isto acontece por ser uma região de balneário onde a população aumenta consideravelmente nesta estação e também pelo fato de acontecerem “trombas d’agua” chovendo uma grande quantidade em pouco tempo fazendo com que a água fique turva e ocasione problemas nas tubulações sendo necessário o que o fornecimento seja interrompido. Figura 18: Gráfico dos moradores quanto ao costumes de regar seus quintais 50% 25% Areno-argiloso Não identificaram
  • 45. 45 20 10 9 1 não identificou solta a água da máquina de lavar não regam regam Esta figura mostra se a prática de irrigação é feita ou não nos quintais, dos 49% que irrigam seus quintais todos utilizam mangueiras ou regadores para fazerem a rega, isto é, utilizando água tratada e de alto custo para a mesma. Para uma futura intervesão devemos pensar em alternativas de captação de água para estas práticas como a captação de água dos telhados. Também devemos promover praticas que diminuam a necessidade de irrigação. f) “Pragas” e “Doenças” Aparecendo em 4° lugar na escala de importância nas maiores dificuldades encontradas na prática da Agricultura Urbana. Esta despreocupação dos moradores é explícita nesta questão do questionário onde poucas espécies de insetos, fungos ou bactérias apareçam como causadores de problemas e com a grande maioria dos entrevistados respondendo que não têm problemas. Figura 19: Problemas encontrados nos quintais.
  • 46. 46 PRAGAS E DOENÇAS 6 3 1 30 30 20 10 0 Lagartas Pulgões Lesma Não têm problemas Os tratamentos, ou formas de controle na maioria dos casos eram com caldas de sabão e fumo e em poucos casos compravam venenos na Agropecuária. g) Lixo doméstico Uma das preocupações e intenções deste trabalhos foi de seber o que os moradores faziam com o lixo produzido em suas propriedade. Se a prática de separação ou compostagem era aplicada entre os moradores. Como mostra a Figura 20, grande parte dos moradores separa seu lixo. Figura 20: Manejo do lixo doméstico. 38% 62% não separam o lixo separam o Lixo A separação feita por eles é enterrando cascas, dando o restante da comida para os gatos e cachorro. Mas, não constatamos separação por materiais papel, vidro, plástico e rejeito. Em muitos casos, metais, papel, papelão e latinhas são separados para os catadores que passam recolhendo com suas carroças e carrocinhas.
  • 47. 47 4.6 – Aspectos do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura em Quintais. Após o convite realizado durante as entrevistas, no dia 24 de setembro de 2004, um sábado às 15:00h estávamos na AMPA a espera dos participantes, tínhamos preparado uma exposição de fotos e a apresentação de um vídeo produzido pela AS-PTA sobre Agricultura Urbana, mostrando relatos de moradores da periferia do Rio de Janeiro. Para nossa maior surpresa apenas três pessoas vieram para o encontro que chamamos de “trocas de experiência em Agricultura em Quintais”. Das três pessoas, duas haviam participado do Projeto Agroecologia Urbana desenvolvido na comunidade. Conversamos um pouco sobre as motivações e os reais anseios das pessoas, comentando um pouco sobre a falta de participação nas atividades comunitárias, falamos sobre a pesquisa realizada introduzindo o tema da Agricultura Urbana, assistimos ao filme e planejamos as atividades posteriores. No planejamento buscamos saber o que de fato era importante para cada participante, e o que elas buscavam daquele grupo. Vimos que o principal interesse era em aumentar o espaço de plantio que haviam em seus terrenos ou quintais. Assim, combinamos de no próximo encontro, que seria no próximo sábado, faríamos mudas de hortaliças e temperos, além de visitas aos quintais. No segundo encontro, como combinado, fizemos as mudas, algumas sementes elas levaram outras fomos nós quem levamos. Falamos um pouco sobre o “poder” das sementes, transgenia e a importância de produzir a própria semente. Visitamos os quintais e cada participante levou a bandeja de mudas que havia plantado. Neste encontro já havia indicativos que o grupo não continuaria, devido ao forte desinteresse das participantes, para combinarmos o terceiro encontro através de vários obstáculos e limites que foram apontados. Mesmo assim marcamos o terceiro encontro para fazermos um mutirão numa das casas. Neste encontro não apareceu ninguém exceto a dona da casa, este foi o terceiro e último encontro, devido ao desânimo e falta de interesse dos participantes o grupo de trocas de experiência em agricultura em quintais terminou.
  • 48. 48 O fracasso na formação do “Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura Urbana” tem algumas hipotéticas causas que foram sendo construídas e sintetizadas ao longo do trabalho através de conversas informais com pessoas envolvidas com a comunidade, educadores, extensionistas e moradores. Destas causas, a que mais chama atenção é o que diz um morador da comunidade: “...o pessoal já não sai mais de casa para se reunir e discutir os assuntos da comunidade como antigamente, eles preferem ficar em casa vendo televisão ou jogando no bar. Só aparecem se receberem bolsa ou cesta básica, como faz a Prefeitura...”. Este depoimento foi muito importante, pois retratou o processo de alienação e comodismo que sofre nossa sociedade, principalmente urbana, com acesso ao entretenimento facilitado pela televisão através de programas que não os fazem refletir sobre sua realidade, e mais, não havendo um envolvimento com os assuntos coletivos. Projetos sociais ligados às políticas governamentais onde a participação corresponde ao recebimento de bolsas ou cestas básicas, são também, fatores que influenciaram de forma direta a dificuldade de formação deste grupo. O fato de o participante não receber nenhum benefício não os fez interessados estimulados por outros fatores. Estas pessoas, na sua maioria, procuram ocupações que o tragam retornos econômico ou materiais e o fato de trocas de experiências, organização comunitária e a temática da educação ambiental não foram suficientes para animá-los à participação deste Grupo. Outro depoimento foi de um educador que trabalhou no Projeto Agroecologia Urbana e em outros projetos que acontecem na comunidade, que diz o seguinte: “...o problema está na descontinuidade dos projetos, falta de estrutura e de dinheiro para tocá-los, assim a comunidade não percebe nem acompanha o desenvolvimento das atividades e dizem: lá vem aqueles novamente, será que desta vez vai dar certo? Por fim, acabam participando mais pela relação pessoal e afetiva que criamos, do que pela proposta do trabalho...”
  • 49. 49 Este educador refere-se ao Projeto Agroecologia Urbana que de certa forma foi executado sem recursos financeiros e estruturais para a continuidade das atividades. Quase um ano depois aparecemos para fazer a pesquisa e propor a formação do Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura Urbana. A pesquisa foi tranqüila, mas para o Grupo apareceram três pessoas, sendo duas destas, com fortes relações pessoais e afetivas construídas com o tempo. O cuidado que devemos tomar ao estarmos nos inserindo nas comunidades deve ser planejado com muita atenção e sensibilidade, mesmo que não prometemos nada e sempre deixamos as pretensões, objetivos e planos futuros da forma mais clara possível, devem ser intervenções muito bem estrategiadas para não serem criados traumas, vícios ou mau entendimentos. Sabemos que o Projeto Agroecologia Urbana não foi assim catastrófico, nem mesmo causador de má impressão pelos moradores, a ao perceberem que esta pesquisa-ação estava sendo feita novamente sem recursos financeiros nem estruturais, não os causou uma boa impressão, portanto não foi estimulador o suficiente para a continuidade do Grupo. Quando citados os problemas estruturais é para referenciar as redes de relações que foram estabelecidas para este trabalho. O Cepagro neste momento estava passando por dificuldades em seu quadro de funcionários, bem como, não tendo um projeto desta natureza implementado, apenas idealizado e apresentado para agências financiadoras. A AMPA também passava por sérios problemas com sua direção segmentada, por um momento ficando inclusive sem Diretoria além do baixo envolvimento dos moradores nas tomadas de decisões, ficando poucos responsáveis respondendo pelas atividades lá desenvolvidas. Programas sociais da Prefeitura sendo aplicados sem critérios para tornar os moradores agentes participativos do processo, apenas cumprimento de metas. Enfim, esta era a estrutura no qual este Estágio desenvolveu-se, acarretando suas conseqüências. 5. CONCLUSÕES Avaliando os diferentes métodos de trabalhos com Agricultura Urbana apresentados neste Relatório, percebemos distintas formas de tratar o tema. Algumas com sucessos numéricos, como o caso do Projeto da Prefeitura de São
  • 50. 50 Paulo. Outros preocupados em fortalecer as bases e construir processos gradativamente como faz a AS-PTA. Também apresentamos experiências que apresentam dificuldades financeiras, estruturais e organizacionais não conseguindo se estabelecer como o Projeto de Agroecologia Urbana do Cepagro. Este trabalho serviu para refletimos sobre estas metodologias, suas potencialidades e limitações, bem como, para conhecer melhor a Comunidade da Praia das Areias do Campeche em relação as suas práticas de Agricultura Urbana, principalmente as espontâneas. As metodologias que valorizem processos de construções coletivas, envolvendo estruturas e atores já estabelecidos nas comunidades como os movimentos sociais e entidades comprometidas com os cidadãos da região de trabalho, são realmente as mais sustentáveis, dentre as pesquisadas. Desta forma, é importante frisarmos que os projetos que promovem inclusão e valorizem as diferenças locais e organizacionais que cada comunidade possui, contribui com a criação de redes comprometidas com a promoção do desenvolvimento local humano partir de um trabalho de Agricultura Urbana. Diferente de uma visão produtivista de Agricultura Urbana que acaba não se comprometendo com estes aspectos. O fato de Cuba apresentar um modelo de sucesso em Agricultura Urbana acaba sendo fonte de metodologias para estes trabalhos em todo mundo, mas como mostra este relatório, sabemos que Cuba apresenta diversas peculiaridades em suas estruturas políticas, econômicas e sociais que a faz ter um Projeto de Agroecologia Urbana tão bem sucedido. Diferente do Brasil, e de quase toda a população mundial restante, Cuba deve sim, ser fonte de inspiração para estes projetos e não de cópias de modelos em Agricultura Urbana. Por constituirmos uma sociedade capitalista de consumo, nossa população apresenta e têm acesso a diferentes bens de consumo e padrões de desenvolvimento bem diferentes de Cuba, portanto primeiramente, devemos levar este fator como um grande diferencial. Um aspecto importante a levantarmos nesta conclusão é o fato de confundirmos a Agricultura Urbana com o trabalho de hortas comunitárias, onde as hortas comunitárias são mais um elemento da Agricultura Urbana e não a sua
  • 51. 51 integridade. Devemos sim, valorizar as expressões espontâneas de agricultura existentes nas comunidades, bem como, estarmos atentos às comunidades que realmente demandam este trabalho, estando minimamente organizadas e sensibilizadas para este tema ao iniciarmos um trabalho. A comunidade da Praia das Areias é realmente uma comunidade em potencial para o tema da Agricultura Urbana, por vários motivos que são: • Sua forte mobilização política para a conquista de seus lotes; • Ser uma comunidade com a maioria dos moradores de origem rural; • Apresentar um nível socioeconômico relativamente baixo; • Mostrar interesse e práticas significativas em cultivo nos seus quintais. Embora não tenha sido efetivado e estabelecido o Grupo de Trocas de Experiências em Agricultura nos Quintais da comunidade, concluo que este fato é devido há uma série de elementos que de alguma forma já foram descritos neste trabalho, mas que reforço em apresenta-los: • Problemas existentes nos atores de base da comunidade como associação de moradores; • Metodologias assistencialistas de trabalho da Prefeitura Municipal de Florianópolis junto às comunidades, acarretando a desmobilização das mesmas; • Falta de estrutura financeira, técnica e organizacional do Cepagro, durante a execução do Projeto Agroecologia Urbana, acarretando num possível descrédito perante a comunidade. Todos estes aspectos se forem trabalhados estrategicamente na comunidade podem fortalecê-la e torná-la apta e capaz de ancorar um trabalho de Agroecologia Urbana que traga grandes benefícios sócio-econômicos, ambientais e estruturais para a Comunidade da Praia das Areias do Campeche. Fazendo parte de um quadro de poucas entidades no Brasil dispostas a refletirem, planejarem e implementarem projetos, o Cepagro com este trabalho, recebe subsídios para reflexões sobre metodologias e estratégias de atuação em comunidades, principalmente periféricas e excluídas. No intuito de desenvolver trabalhos de Agricultura Urbana, este Relatório faz uma série de reflexões técnicas e metodológicas sobre o tema de grande valia ao Cepagro.
  • 52. 52 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AQUINO, A. M. Agricultura Urbana em Cuba: análise de alguns aspectos técnicos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, dez. 2002. 25p. ALMEIDA, D. Agricultura Urbana e Segurança Alimentar em Belo Horizonte: cultivando uma cidade sustentável. Revista Agriculturas: experiências em agroecologia, Rio de Janeiro, v.1, n.0, p.25-28, set.2004. ALTIERI, M. Agroecologia: Bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: Agropecuária, 2002. 592p. ARMAR-KLEMESU, M. Urban Agriculture and Food Security, Nutrition and Health. In: BAKKER, Nico et al. (eds.) Growing cities, growing food: Urban agriculture on the policy agenda. Feldafing: DSE, 2000, p. 99-117. BACKWELL, B. Grow your own democracy. The ecologist. S.l, v. 32, n. 8, out. 2002. Disponível em http://www.mindfully.org. Acesso em : 01 abr. 2004. BOURQUE, M.; CANIZARES, K. Urban agriculture in Havana, Cuba. Urban agriculture magazine. S. l.: RUAF, v. 1, n. 1, jul. 2000. CENTRO DE PROMOÇÃO DA AGRICULTURA DE GRUPO. Proposta de Projeto à Miserior: rede de iniciativas rurais e urbanas de Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina, 2004. 15p. CENTRO DE PROMOÇÃO DA AGRICULTURA DE GRUPO. Relatório de Atividades. Florianópolis, Santa Catarina, 2004. 57p. DIAS, J. E. Práticas e Estratégias Participativas de Desenvolvimento Local no Campo e na Cidade: que tal nosso quintal? Revista Sociedade Sustentável. s.d. p. 36-42.
  • 53. 53 DRESCHER, A. W.; JACOBI, P.; AMEND, J. Urban food security: urban agriculture, a response to crisis? Urban agriculture magazine. S. l.: RUAF, v. 1, n. 1, jul. 2000. GOMES, G. Plantio Direto de Hortaliças Orgânicas: estudo de caso em uma propriedade periurbana em Florianópolis, SC. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: UFSC: 2004 GRUPO DE ESTUDOS EM HABITAÇÃO, DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO – UFSC. Caracterização das Moradias da Praia das Areias (Situação em 11/98): caracterização do assentamento. Santa Catarina., s.d. 28p. JORDAN, D. Plantações em meio ao concreto: a agricultura urbana ganha espaço nas cidades brasileiras. Ambientebrasil. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/noticias. Acesso em: 17 novembro 2005. MACIEL, M. Agricultura Urbana: Como e por que produzir na cidade. Instituto Solo Vivo. Joinville, Santa Catarina, 2004. 40p. MADALENO, I. M. A cidade das mangueiras: agricultura urbana em Belém do Pará. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2002. 193 p. MARIN, A; OUDWATER, N; GÜNDEL, S. Metodologías para el Análisis de Situación. RUAF, v. 1, n. 5, out. 2002. p.7-9. MENDONÇA, M. M; LUNARDI, V. C. Conhecendo os Quintais do Loteamento Ana Gonzaga: texto reflexivo – AS-PTA. Rio de Janeiro, 2003. 14p. (mimeografado).
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