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Enrico Calvette Conti 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica 
Comunitária 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em Agronomia 
da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do 
título de Engenheiro Agrônomo. 
Orientador: Prof. Méd. Vet., M.Sc. 
Antônio Carlos Machado da Rosa.
Florianópolis, 15 de Junho de 2009.
AGRADECIMENTOS 
Agradeço e desejo paz no caminho de todos 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
i
SUMÁRIO 
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................III 
SUMÁRIO.....................................................................................................................................IV 
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................VI 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES......................................................................................................VII 
LISTA DE TABELAS..................................................................................................................IX 
RESUMO........................................................................................................................................X 
1 DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO................................................................................................1 
2 OBJETIVOS GERAIS.................................................................................................................3 
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................................3 
3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................................4 
4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA.....................................................................................................8 
4.1 DESEQUILÍBRIOS NA SOCIEDADE DE CONSUMO.......................................................................8 
4.2 DESEQUILÍBRIOS NA AGRICULTURA CONVENCIONAL..............................................................9 
4.3 AGRICULTURA URBANA .......................................................................................................11 
4.4 A AGROECOLOGIA COMO REFERENCIAL ................................................................................14 
4.4.1 Alguns princípios da Agroecologia...............................................................................15 
4.4.2 Praticas Agroecológicas...............................................................................................17 
4.4.2.1 Adubação orgânica e manejo de solo...................................................................................17 
4.4.2.2 Defensivos naturais.............................................................................................................18 
4.4.2.3 Combinação e rotação de culturas.......................................................................................19 
4.4.2.4 Reciclagem de resíduos orgânicos.......................................................................................19 
4.4.2.5 Cobertura morta...................................................................................................................19 
4.4.2.6 Integração com pequenos animais ......................................................................................20 
5 METODOLOGIA.......................................................................................................................22 
5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESPAÇO BIOFÍSICO E SOCIOCULTURAL...........................................27 
5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIOCULTURAIS ................................................................27 
5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS BIOFÍSICOS...........................................................................27 
5.4 DESENVOLVIMENTO DAS PRATICAS ......................................................................................27 
5.4.1 Procedimentos de preparo das áreas............................................................................27 
5.4.2 Recursos utilizados .......................................................................................................27 
5.4.3 Cultivo em canteiros agroecológicos com cobertura de palha.....................................27 
5.4.4 Cultivos em canteiros agroecológicos sem cobertura..................................................27 
5.4.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação..................................27 
5.4.6 Cultivo em canteiro elevado de palha...........................................................................27 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
i
5.4.7 Reciclagem de resíduos orgânicos................................................................................27 
5.4.8 Cultivo de mudas em Viveiro........................................................................................27 
5.4.9 Integração com aves......................................................................................................27 
5.4.9.1 Criação de Codornas matrizes ............................................................................................27 
5.4.9.2 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos..................................27 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................27 
6.1 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS NO DESENVOLVIMENTO DA UAC.............................................27 
6.2 ASPECTOS BIOFÍSICOS NO DESENVOLVIMENTO DA UAC.......................................................29 
6.2.1 Avaliação das parcelas ...............................................................................................29 
6.2.2 Recursos locais..............................................................................................................32 
6.2.2.1 Árvores pioneiras................................................................................................................32 
6.2.2.2 Cobertura morta...................................................................................................................33 
6.2.2.3 Estercos...............................................................................................................................35 
6.3 PRATICAS DESENVOLVIDAS E SEUS BENEFÍCIOS....................................................................37 
6.3.1 Escalonamento dos cultivos..........................................................................................37 
6.3.2 Semeadura direta nos berços de cultivo.......................................................................37 
6.3.3 Produção de mudas em viveiro.....................................................................................38 
6.3.4 Cultivo em Canteiros agroecológicos...........................................................................39 
6.3.4.1 Beneficio ao solo.................................................................................................................40 
6.3.4.2 Biodiversidade.....................................................................................................................41 
6.3.4.3 Produção vegetal e segurança alimentar e nutricional..........................................................43 
6.3.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação .................................44 
6.3.6 Cultivo em canteiro elevado de palha...........................................................................45 
6.3.7 Reciclagem de resíduos orgânicos ...............................................................................46 
6.3.8 Integração com aves......................................................................................................47 
6.3.9 Criação de Codornas matrizes .....................................................................................49 
6.3.10 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos.......................50 
6.3.10.1 Evolução do peso corporal.................................................................................................51 
6.3.10.2 Produção de ovos...............................................................................................................52 
6.3.10.3 Consumo de ração.............................................................................................................54 
6.3.10.4 Produção de excrementos..................................................................................................54 
6.3.10.5 Integração na UAC............................................................................................................55 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................56 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................58 
9 ANEXOS......................................................................................................................................63 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
v
LISTA DE ABREVIATURAS 
AU – Agricultura Urbana 
EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural 
FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
MDS – Ministério do Desenvolvimento Agrário e Combate a fome 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
UAC – Unidade Agroecológica Comunitária 
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
FIGURA 1 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE, POR GRUPOS DE 
IDADE, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR EXISTENTE NO 
DOMICILIO – BRASIL - 2004.....................................................................................................................5 
FIGURA 2 – QUANTIDADE DIÁRIA DE LIXO COLETADO – 2000....................................6 
FIGURA 3 - OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA MODERNA...............10 
FIGURA 4 – A ESPIRAL DOS AGROTÓXICOS.....................................................................16 
FIGURA 5 – CRIANÇAS DAS FAMÍLIAS ENVOLVIDAS ...................................................27 
FIGURA 6 – ÁREA NO INICIO, COM GRANDE PRESENÇA DE GALHOS E CAPIM 
CORTADO....................................................................................................................................................27 
FIGURA 7 – PROCEDIMENTO BÁSICO DE RETIRADA DE ENTULHOS E GALHOS.27 
FIGURA 8 – APARAS DE GRAMAS COLETADAS DE RESIDÊNCIAS VIZINHAS........27 
FIGURA 9 – APLICAÇÃO DE ESTERCO SOBRE SOLO AFOFADO.................................27 
FIGURA 10 – SEMEANDO NOS BERÇOS ABERTOS NA CAMADA DE COBERTURA27 
FIGURA 11 – ÁREA ANTERIOR A MANEJO (ESQUERDA), APÓS MANEJO 
CANTEIRO CIRCULAR SEM COBERTURA AO FUNDO (DIREITA).............................................27 
FIGURA 12 – SOLO DESCOMPACTADO E COQUETEL DE SEMENTES (ESQUERDA), 
BERÇOS JÁ PLANTADOS COM CAMADA DE HÚMUS (DIREITA)...............................................27 
FIGURA 13 – CANTEIRO ELEVADO DE PALHA SOBRE ENTULHO.............................27 
FIGURA 14 – INICIO DA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DAS 
RESIDÊNCIAS E EXCREMENTOS DAS AVES COM ADIÇÃO DE SERRAGEM.........................27 
FIGURA 15 – CONJUNTO DE QUATRO REPETIÇÕES DE QUATRO CODORNAS 
CADA.............................................................................................................................................................27 
FIGURA 16 – AFOFANDO SOLO DA PARCELA “CIMA” COM A ROCHA LOGO 
ABAIXO........................................................................................................................................................30 
FIGURA 17 – PISO DE CONCRETO SOB CAMADA DE SOLO DA PARCELA “BAIXO” 
........................................................................................................................................................................30 
FIGURA 18 – ÁRVORES PIONEIRAS DA ÁREA, APROVEITAMENTO DOS TRONCOS 
E GALHOS, PRODUÇÃO DE COBERTURA MORTA E PRODUÇÃO DE CINZAS PARA 
FERTILIZAÇÃO.........................................................................................................................................33 
FIGURA 19 - COBERTURA MORTA EVITANDO A EXPOSIÇÃO DO SOLO E A 
EMERGÊNCIA DE PLANTAS ESPONTÂNEAS, CONTRIBUINDO PARA UM SISTEMA 
EQUILIBRADO E BIODIVERSO.............................................................................................................34
FIGURA 20 - COBERTURA DE APARAS DE GRAMA (ESQUERDA), COBERTURA DE 
PALHA TRITURADA POR ROÇADEIRA (DIREITA).........................................................................35 
FIGURA 21 – BANDEJAS COM MUDAS DESENVOLVIDAS..............................................39 
FIGURA 22 – ESTÁGIOS NO DESENVOLVIMENTO DOS CANTEIROS 
AGROECOLÓGICOS - INICIO, IMPLANTAÇÃO E EM PLENO DESENVOLVIMENTO...........40 
FIGURA 23 - MINHOCOÇU (RHINODRILUS ALATUS) ENCONTRADO NA ÁREA.....41 
FIGURA 24 – GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES GARANTE EQUILÍBRIO NO 
SISTEMA......................................................................................................................................................42 
FIGURA 25 – RÚCULA E COUVE COLHIDAS DA UNIDADE E DISTRIBUÍDA ENTRE 
AS FAMÍLIAS..............................................................................................................................................43 
FIGURA 26 – GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NOS BERÇOS.............................44 
FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS NO CANTEIRO 
ELEVADO DE PALHA...............................................................................................................................45 
FIGURA 28 – COMPOSTAGEM EM AVANÇADO ESTAGIO DE DECOMPOSIÇÃO....46 
FIGURA 29 – AVES CONSUMINDO PLANTAS ESPONTÂNEAS ARRANCADAS 
MANUALMENTE DOS CULTIVOS........................................................................................................48 
FIGURA 30 – CODORNAS ECLODINDO NA CHOCADEIRA ELÉTRICA.......................49 
FIGURA 31 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO PESO CORPORAL DE CODORNAS 
(MÉDIA) ENTRE OS 35 E 65 DIAS DE IDADE......................................................................................51 
FIGURA 32 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DA POSTURA DE CODORNAS DE ACORDO 
COM A IDADE.............................................................................................................................................52 
FIGURA 33 – GRÁFICO DO CONSUMO MÉDIO DE RAÇÃO POR CODORNA DOS 35 
AOS 65 DIAS ...............................................................................................................................................54 
FIGURA 34 – CRIADOURO MÓVEL COM CODORNAS SOBRE OS CANTEIROS 
(ESQUERDA), CODORNAS CISCANDO O SOLO E COMENDO PLANTAS ESPONTÂNEAS 
(DIREITA)....................................................................................................................................................55
LISTA DE TABELAS 
TABELA 1 - MORADORES EM DOMICÍLIOS PARTICULARES, POR SITUAÇÃO DO 
DOMICILIO, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR EXISTENTE NO 
DOMICILIO – BRASIL – 2004....................................................................................................................4 
TABELA 2 – CRONOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA UAC..................................23 
TABELA 3 – ESTIMATIVAS DE CONSUMO SEMANAL POR FAMÍLIA E CONSUMO 
ANUAL POR PESSOA DE ALIMENTOS DA UAC, SE ESTES ESTIVESSEM DISPONÍVEIS, EM 
COMPARAÇÃO COM O CONSUMO PER CAPITA REAL NA REGIÃO SUDESTE SEGUNDO 
IBGE (2003)..................................................................................................................................................27 
TABELA 4 – RESULTADO DA ANALISE DE SOLOS DAS PARCELAS “CIMA” E 
“BAIXO” PELO LABFER DA UFRRJ.....................................................................................................31 
TABELA 5 – COMPARAÇÃO ENTRE ESTERCO DE DIVERSAS ESPÉCIES ANIMAIS 
........................................................................................................................................................................37 
TABELA 6 – DADOS DO ACOMPANHAMENTO DAS CODORNAS ENTRE OS 35 E 65 
DIAS DE IDADE..........................................................................................................................................50 
TABELA 7 - COMPARAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DO OVO DE CODORNA E DE 
GALINHA (EM %)......................................................................................................................................53
RESUMO 
A Agricultura Urbana (AU) inclui diversas iniciativas que buscam o 
aproveitamento dos espaços urbanos para vários fins. No atual contexto de 
insustentabilidade da sociedade de consumo, praticas de Agricultura Urbana vem 
demonstrando boas alternativas para melhoria de vários aspectos envolvidos, entre eles a 
segurança alimentar e nutricional e qualidade de vida e do meio ambiente. Este trabalho 
teve como objetivo principal identificar práticas de Agricultura Urbana através do 
desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária (UAC). O trabalho foi 
realizado em área incluindo rua e lotes abandonados na região metropolitana do 
município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Os principais aspectos biofísicos e 
socioculturais envolvidos foram identificados, foi possível fazer um planejamento a curto 
e longo prazo da UAC e as praticas desenvolvidas tiveram grande sucesso 
individualmente, como na formação de um sistema interligado sustentável. Por fim, este 
trabalho pode servir de embasamento para modalidades de Agricultura Urbana como esta. 
Palavras-chave: Agricultura urbana, agroecologia, praticas
1 DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO 
Atualmente vivemos numa sociedade marcada pela avançada industrialização, 
tecnologia e urbanização, e que suporta bilhões de pessoas na face do planeta terra. Este 
contexto gerou um ambiente onde grande parte dos recursos naturais é explorada e a 
maioria dos espaços onde a civilização tem acesso é modificada. 
Além das diversas intervenções no ambiente este sistema também gera graves 
distúrbios na sua própria sociedade, como: as guerras, a desigualdade social, o senso de 
poder, a conturbada política, diversos distúrbios na saúde, nas relações de convivência e a 
violência como um todo. Ate o mais básico das necessidades é negado para muitos, 
gerando a FOME. 
Como setor fundamental da sociedade, a agropecuária atual, é um dos principais 
causadores de distúrbios. A agricultura moderna utiliza indiscriminadamente os recursos 
naturais, além de gerar muitos resíduos, degradar os espaços, excluir famílias e criar 
riscos à saúde de muitas pessoas. Muitas vezes em vez de garantir o acesso a comida, 
gera somente mais fome pelo mundo. 
Diante deste contexto de degradação, em meados da década de 80, surgiu o 
conceito de sustentabilidade, que passou a ser utilizado com freqüência e propõe novas 
dimensões nas áreas econômica, social e ambiental, objetivando a busca de uma nova 
forma de desenvolvimento. 
É dentro deste contexto que a Agricultura Urbana (AU) se encaixa. Esta atividade 
é incentivada como forma de minimizar alguns desafios que fazem parte do atual cenário 
de desenvolvimento como, por exemplo, o combate à insegurança alimentar e nutricional, 
ocorrendo também uma contribuição significativa para a conservação da biodiversidade e 
melhoria da qualidade de vida das cidades. 
Na AU vários princípios da Agroecologia podem ser utilizados. Na pratica da 
Agroecologia busca-se manter a agricultura uma atividade menos impactante possível, e 
com melhores contribuições as populações, como um ambiente saudável, alimentos 
saudáveis, equilíbrio das famílias e das relações entre todos os aspectos envolvidos. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
Para solidificar a contribuição da Agricultura Urbana para o desenvolvimento 
sustentável, torna-se essencial o entendimento de seus princípios fundamentais, através 
do conhecimento de suas potencialidades e limitações. 
Neste sentido, este trabalho visa identificar práticas de Agricultura Urbana através 
do desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária. 
Uma Unidade Agroecológica Comunitária (UAC), é uma modalidade de 
Agricultura Urbana, em que numa área restrita, dentro de zonas urbanas e periurbanas, 
diversas praticas agroecológicas podem ser desenvolvidas a fim de criar um 
agroecossistema o mais equilibrado possível, que traga benefícios no contexto em que se 
insere. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
2 OBJETIVOS GERAIS 
Identificar práticas de Agricultura Urbana através do desenvolvimento de uma 
Unidade Agroecológica Comunitária. 
2.1 Objetivos específicos 
· Identificar aspectos biofísicos e socioculturais envolvidos no 
desenvolvimento da Unidade Agroecológica Comunitária. 
· Planejar o desenvolvimento da UAC. 
· Implantar , acompanhar e avaliar as práticas utilizadas na UAC. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
3 JUSTIFICATIVA 
Segundo a FAO (2008), atualmente mais de 900 milhões de pessoas encontram-se 
em estado de desnutrição, situação agravada principalmente pela alta dos preços dos 
alimentos ocorrida nos últimos anos. 
Na América Latina e Caribe as estatísticas são bem agravantes, sendo que um em 
cada dez habitantes sofre de desnutrição (FAO, 2008). Além disso, a grande proporção da 
população, a de baixa renda, gasta entre 40% a 60% de seus baixos ganhos com 
alimentação e quase 15% com saúde e remédios (DUBBELING E SANTANDREU, 
2003). 
No Brasil, os seguintes dados divulgados pelo IBGE (2006) também são base para 
esta discussão. Há 72 milhões de brasileiros que se encontram em alguma situação de 
insegurança alimentar, sendo a população da zona urbana os mais afetados (TABELA 1). 
TABELA 1 - Moradores em domicílios particulares, por situação do domicilio, 
segundo a situação de segurança alimentar existente no domicilio – Brasil – 2004. 
Moradores em domicílios particulares 
Situação de 
segurança alimentar 
Total 
(pessoas) 
(% 
) 
Urbana 
(pessoas) 
(% 
) 
Rural 
(pessoas) 
(% 
) 
Total 181.428.80 
7 
100,0 150.529.088 100,0 30.899.71 
9 
100,0 
Com segurança 
alimentar 
109.190.42 
9 
60,2 93.721.824 62,3 15.468.60 
5 
50,1 
Com insegurança 
alimentar 
72.163.886 39,8 56.736.950 37,7 15.426.93 
6 
49,9 
Leve 32.645.194 18,0 26.697.916 17,7 5.947.278 19,2 
Moderada 25.596.991 14,1 19.561.233 13,0 6.035.758 19,5 
Grave 13.921.701 7,7 10.477.801 7,0 3.443.900 11,1 
Fonte: IBGE, 2006 (adaptação). 
O mais agravante é a situação da população entre 0 e 17 anos. Neste caso, o senso 
de 2006 realizado pelo IBGE, mostra que a metade sofre de alguma forma de insegurança 
alimentar (FIGURA 1). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
FIGURA 1 - Distribuição da população residente, por grupos de idade, segundo a 
situação de segurança alimentar existente no domicilio – Brasil - 2004 
Fonte: IBGE, 2006. 
Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso 
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem 
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas 
alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, 
econômica e ambientalmente sustentáveis (PROJETO DE LEI ORGÂNICA DE 
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2005). 
Diante deste contexto desponta a Agricultura Urbana, sendo que sua função mais 
estudada atualmente consiste na contribuição à segurança alimentar e nutricional das 
populações (BOUKHARAEVA, 2005). 
No Brasil, a Agricultura Urbana deve seu desenvolvimento recente à 
modernização da agricultura, que provocou forte migração em direção às cidades e às 
respectivas periferias a partir da década de 40, onde acabavam de alguma forma, 
praticando agricultura. Mundialmente estima-se que 800 milhões de pessoas pratiquem a 
Agricultura Urbana (op. cit.). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
Ao mesmo tempo estimativas afirmam que 15% dos alimentos consumidos nas 
áreas urbanas do mundo são advindos da própria agricultura urbana, estimando-se que 
haja um crescimento destas iniciativas durante a próxima década (BELLENDA, 2005). 
No contexto do desequilíbrio ambiental, Dubbeling e Santandreu (2003), também 
aprofundam a discussão em relação à agricultura urbana como beneficente da qualidade 
do ambiente. Indicam que apenas 2% dos resíduos produzidos nas cidades são tratados 
adequadamente, sendo a maioria não tratada ou tratada indevidamente. Além disso, 
milhares de metros cúbicos de águas residuais são desperdiçados ou tratados por 
processos custosos demais. Estes números refletem a potencialidade de estes resíduos se 
transformarem em excelentes fontes de adubo, água para irrigação, além de outros 
recursos para a Agricultura Urbana. Como exemplo, pode-se citar que entre 30 a 60% 
destes resíduos produzidos nas cidades são de natureza orgânica, podendo ser 
transformado em um ótimo recurso para a Agricultura Urbana. Na FIGURA 2, observa-se 
que a região metropolitana do Rio de Janeiro produz mais de 3 mil toneladas diárias de 
lixo, sendo grande parte deste de natureza orgânica. 
FIGURA 2 – Quantidade diária de lixo coletado – 2000 
Fonte: IBGE, 2000. 
Assim a AU desponta como um grande movimento em prol da sustentabilidade 
socioeconômica e ecológica. Através de iniciativas vários aspectos das nossas vidas 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
6
podem ser trabalhados, retornando na forma de diversos benefícios. Ocorre uma melhora 
na qualidade de vida e nas condições econômicas das pessoas envolvidas. Os benefícios 
sociais são evidentes, como o aumento da solidariedade e união das pessoas e a formação 
de pessoas mais conscientes (BELLENDA, 2005). 
Nota-se ainda que um crescente número de governos locais e nacionais estão 
promovendo a AU em resposta as questões alimentares, ambientais e de bem-estar das 
populações (DUBBELING & SANTANDREU 2003). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
7
4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 
4.1 Desequilíbrios na sociedade de consumo 
Atualmente presenciamos a instauração mundial do modelo de desenvolvimento 
capitalista na sociedade moderna, com suas estruturas econômicas e políticas. Este 
modelo acaba gerando diversas implicações culturais, sociais, ambientais e econômicas 
que repercutem principalmente na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente. 
Este modelo de desenvolvimento tem como principal influencia o processo de 
industrialização dos países subdesenvolvidos. Homogeneizou hábitos de consumo e 
tecnologias de produção, independente dos aspectos regionais, culturais e ambientais. 
Implementando assim um padrão único de desenvolvimento (MENEGETTI, 2005). 
Também esta baseado no uso de energia fóssil não renovável e em sistemas de 
produção, como os da agricultura, altamente demandantes de energia. Neste caso, 
normalmente os recursos são transferidos de paises e classes mais pobres aos grandes 
consumidores ricos, com conseqüente concentração de renda e riquezas. Enquanto uma 
grande maioria não atinge o consumo necessário para satisfazer as necessidades básicas, 
uma minoria composta pelas populações dos países ricos e uma classe privilegiada 
minoritária dos países pobres, consome, esbanja, polui, e é responsável por mais de 80% 
do consumo de recursos naturais no mundo (op. cit.). 
Assim encontramos um planeta onde por toda parte há: tráfico de drogas e de 
armas, o desemprego estrutural, a fome e a exclusão social, a violência e o terrorismo 
internacional, a insustentabilidade de nossos estilos de vida individual e social e de 
nossas relações com o mundo natural. 
Ainda segundo Menegetti (2005) este desenvolvimento atual, mesmo sendo o 
responsável pelo “crescimento econômico”, também é responsável pela geração de 
desigualdades, concentração de renda, pobreza, com uma conseqüente degradação 
irreparável dos recursos naturais. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
8
4.2 Desequilíbrios na agricultura convencional 
Neste contexto de desequilíbrio sócio-eco-ambiental também se insere o modelo 
agrícola e florestal atual, no qual sua principal característica é o uso indiscriminado dos 
recursos naturais sem levar em conta a capacidade de suporte dos ecossistemas, e hoje é 
uma das atividades com maior impacto nestes (GRAZIANO NETO, 1991). 
Tal agricultura gera conseqüências ecológicas, energéticas, econômicas e sociais 
negativas; que certamente levarão a insustentabilidade deste modelo. (ALTIERE, 2002). 
Os principais resultados são: erosão dos solos, a poluição das águas e dos solos por 
nitratos, fosfatos e agrotóxicos, a contaminação dos agricultores e dos alimentos, a 
destruição das florestas, a diminuição da biodiversidade e dos recursos genéticos e a 
destruição dos recursos não renováveis. (MENEGETTI, 2005). 
Segundo Altiere (2002), os solos são um dos principais aspectos atingidos pela 
agricultura moderna. Com a utilização intensiva de mecanização inadequada, o uso 
indiscriminado de agrotóxicos, corretivos e adubos químicos solúveis, somados ao 
monocultivo e a falta de práticas adequadas de combate à erosão, a maioria dos solos na 
agricultura sofreu intensa degradação. Isto é caracterizado principalmente pela perda do 
horizonte A, redução da matéria orgânica e da atividade biológica do solo. 
Além dos solos degradados a agricultura moderna esgota diversos outros recursos 
como a água e energia. Também é responsável pela geração de grandes quantidades de 
resíduos que ao serem devolvidos ao ambiente contribuem significativamente para a 
perda de biodiversidade (COMPANIONI, 1997). 
Para a FAO (2007), o atual modelo agrícola é paradoxal: parece apresentar 
grandes produções (principalmente de commodities), porem a fome atinge mais de 800 
milhões de pessoas no planeta; aumenta cada vez mais o uso de insumos industrializados 
(principalmente agrotóxicos e adubos sintéticos), mas a produtividade em si não varia; 
apesar do conhecimento sobre alimentação e nutrição estar cada vez mais acessíveis à 
todos, grande parte da população ainda não consegue ter segurança alimentar garantida. 
Este modelo afirma gerar mais lucros, porem não melhorou as precárias condições sociais 
dos pequenos agricultores familiares, por exemplo. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
9
A FIGURA 3 mostra as características da Agricultura moderna que criam grande 
dependência dos agricultores, e que normalmente acabam expulsando-o do meio rural. 
Este é o principal fenômeno que marcou o surgimento de legiões de indivíduos 
desassistidos no meio urbano, que são freqüentemente vítimas da violência, desnutrição e 
desemprego. 
FIGURA 3 - Outras características da agricultura moderna 
Fonte: FAO, 1989 (adaptação). 
Neste contexto como aponta a FAO (1989), a busca pela sustentabilidade da 
agricultura está direcionada na manutenção, a longo prazo, da qualidade e quantidade dos 
recursos naturais dos agroecossistemas, conciliando a produtividade agrícola com a 
redução dos diversos impactos ao meio ambiente e atendendo as necessidades sociais e 
econômicas das comunidades rurais e urbanas. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
4.3 Agricultura Urbana 
Agricultura Urbana é um movimento que envolve iniciativas como: cultivos ou 
criação de animais, reciclagem de resíduos ou águas residuais com fins produtivos, 
processamento e distribuição de uma ampla variedade de produtos alimentares e não 
alimentares. Para isto utilizam-se recursos humanos e materiais, produtos e serviços que 
se encontram na zona urbana, para então gerar novos recursos e situações mais 
sustentáveis neste contexto (DUBBELING & SANTANDREU, 2003). 
A agricultura urbana pode ser praticada em qualquer ambiente urbano ou 
periurbano, independentemente se for diretamente no solo, em canteiros suspensos, em 
vasos, ou em qualquer outro lugar possível (ROESE, 2003). 
De acordo com Dubbeling e Santandreu (2003) vários espaços tipicamente 
urbanos podem ser utilizados, como: as margens dos rios e vias, parques, terrenos não 
edificáveis debaixo das linhas de alta tensão ou ao redor dos aterros sanitários. 
Segundo Roese (2003) existem muitas maneiras e motivos para se praticar a 
agricultura urbana, e diversas vantagens podem ser obtidas através dessa prática, dentre 
elas citamos as mais comumente observadas: 
· Produção de alimentos: incremento da quantidade e da qualidade de 
alimentos disponíveis para consumo das pessoas envolvidas. 
· Reciclagem de lixo: aproveitamento de resíduos orgânicos para a 
produção de composto orgânico e resíduos inorgânicos para reaproveitamento em 
parcelas de cultivo. 
· Utilização racional de espaços: melhor aproveitamento de espaços 
ociosos, evitando o acúmulo de lixo e entulhos e possíveis focos de transmissores de 
doenças como o mosquito da dengue. 
· Educação ambiental: as pessoas envolvidas direta e indiretamente por 
iniciativas de AU têm acesso a maior conhecimento sobre o meio ambiente, 
aumentando a consciência da conservação ambiental. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
· Desenvolvimento humano: aliada à educação ambiental e à recreação, 
ocorre melhoria da qualidade de vida e prevenção ao estresse, além da formação de 
lideranças e trocas de experiências. 
· Segurança alimentar: através de cultivos e criações ecológicas de grande 
diversidade obtêm-se produtos de alta qualidade nutricional para as pessoas 
envolvidas com tais iniciativas. 
· Desenvolvimento local: valoriza a produção local de alimentos e outras 
plantas úteis, como medicinais e ornamentais, fortalecendo a cultura popular e 
criando oportunidades para o associativismo. 
· Recreação e Lazer: a agricultura urbana pode ser usada como atividade 
recreativa/lúdica. 
· Farmácia caseira: prevenção e combate a doenças através da utilização e 
aproveitamento de princípios medicinais de plantas cultivadas. 
· Formação de microclimas e manutenção da biodiversidade: com o 
desenvolvimento de áreas agroecológicas em espaços urbanos há contribuições na 
manutenção da biodiversidade, proporcionando sombreamento, odores agradáveis, 
contribuindo para a manutenção da umidade, além de outras características 
agradáveis. 
· Escoamento de águas das chuvas e diminuição da temperatura: favorece a 
infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento de água nas vias públicas, e 
contribuindo para diminuição da temperatura, devido à ampliação da área vegetada. 
· Diminuição da pobreza: através da produção de alimentos para consumo 
próprio ou comunitário (em associações, escolas, etc.), e eventual receita da venda 
dos excedentes. 
· Atividade Ocupacional: proporciona ocupação de pessoas, evitando o 
ócio, contribuindo para a educação social e ambiental, diminuindo a marginalização 
dessas pessoas na sociedade. 
· Renda: possibilidade de produção em escala comercial, especializada ou 
diversificada, tornando-se uma opção para a geração de renda. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (1996) em 
torno de 800 milhões de pessoas estão engajadas na prática da agricultura urbana ao redor 
do mundo, sendo a maioria delas habitantes de cidades asiáticas. Desses agricultores, 200 
milhões são considerados produtores comerciais, empregando 150 milhões de pessoas em 
tempo integral. 
No Brasil, a recente modernização da agricultura provocou grande emigração do 
campo em direção às zonas urbanas. Grande parte destas pessoas é excluída socialmente, 
vivendo na miséria, em ambientes ecologicamente degradados. São pessoas que, em sua 
maioria, perderam seu patrimônio cultural, não são alfabetizadas e são vítimas da 
violência e da má nutrição. Muitas vezes são estas as pessoas que tomam iniciativas no 
contexto de AU, em busca de melhorias na qualidade de suas vidas (BOUKHARAEVA, 
2005). 
A FAO (2008) está destacando a necessidade de políticas e planejamentos 
específicos para administrar as questões ligadas à agricultura urbana, e enfatizando que 
ela não deve ser desenvolvida em competição com a agricultura rural, mas deve se 
concentrar em atividades nas quais ela tem uma vantagem comparativa, tal como na 
produção de alimentos perecíveis, frescos. 
Neste contexto o Ministério do Desenvolvimento Social (2009) esclarece que a 
Agricultura Urbana faz parte do Programa Fome Zero¹, e que através de iniciativas do 
tipo, há produção de alimentos de forma comunitária com uso de tecnologias de bases 
agroecológicas em espaços urbanos e periurbanos ociosos. Com a mobilização 
comunitária são incentivados há implantação de hortas, viveiros, lavouras, pomares, 
canteiros de ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de 
processamento/beneficiamento agroalimentar e feiras publicas populares. Os alimentos 
produzidos são destinados principalmente para autoconsumo, abastecimento de 
restaurantes populares, cozinhas comunitárias e venda de excedentes no mercado local, 
resultando em inclusão social, melhoria da alimentação e nutrição e geração de renda. 
Sendo que 250.000 famílias já são atendidas por programas pilotos. 
¹ Fome Zero é um programa do governo federal brasileiro que foi criado em 2003 para 
combater a fome e as suas causas estruturais, que geram a exclusão social e para garantir a segurança 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
alimentar de todos os brasileiros e brasileiras. As iniciativas do programa vão desde a ajuda financeira às 
famílias mais pobres (com o cartão Bolsa Família) até a criação de cisternas no Sertão nordestino, 
passando pela construção de restaurantes populares, a instrução sobre hábitos alimentares, a distribuição de 
vitaminas e suplementos alimentares, o empréstimo de microcrédito para famílias mais pobres, entre 
outras. 
4.4 A agroecologia como referencial 
Como ferramenta para fortalecimento da Agricultura Urbana, afim de minimizar 
os distúrbios da atual sociedade, principalmente nos espaços urbanos, a Agroecologia se 
faz como base para qualquer pratica a ser desenvolvida. 
Os princípios básicos da agroecologia, que envolvem as mais diversas situações, 
são: apoio aos requisitos sociais, consideração aos aspectos culturais, preservação dos 
recursos ambientais, apoio à participação política dos envolvidos; favorecendo a 
obtenção de resultados socioeconômicos favoráveis ao conjunto da sociedade. Tais 
iniciativas visam, numa perspectiva de tempo de longo prazo, garantir melhorias no 
presente como para as futuras gerações, em relação as questões ligadas à própria 
agricultura como também a sociedade como um todo (CAPORAL E COSTABEBER, 
2004). 
Na agroecologia, os chamados agroecossistemas, são vistos como sistemas vivos 
e complexos, que devem formar uma biosfera rica em diversidade, com vários tipos de 
plantas, animais, microorganismos, minerais e infinitas formas de relação entre estes e 
outros habitantes de todo o planeta Terra. 
Segundo Altiere (2002) a agroecologia se baseia em tecnologias de processos, 
onde se controlam mais as causas dos problemas e menos os sintomas, levando em conta 
a natureza como modelo. Na natureza observamos a predominância de mais relações 
positivas entre os organismos vivos do que negativas. As interações negativas 
normalmente são observadas na agricultura convencional, enquanto que nos métodos 
alternativos de agricultura buscam-se interações positivas que beneficiem o 
agroecossistema. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
Em relação os solos, os sistemas agroecológicos têm demonstrado que é possível 
produzir possibilitando a renovação natural destes, facilitando a reciclagem de nutrientes, 
utilizando racionalmente os recursos naturais, e por fim, mantendo a biodiversidade, que 
é fator importantíssimo para o solo (PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000). 
A Agroecologia engloba modernas ramificações e especializações, como a: 
agricultura biodinâmica, agricultura ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, 
sistemas agroflorestais entre outros. 
Badgley et al. (2006) fizeram um amplo levantamento de dados documentados em 
todo o mundo comparando a produtividade de sistemas convencionais, agroecológicos e 
tradicionais e concluíram que a agricultura agroecológica pode sim abastecer toda a 
população mundial, tanto local como globalmente. 
A FAO (2007) enfatiza as contribuições da agricultura ecológica para a segurança 
alimentar e nutricional da população mundial, a importância central de os agricultores 
terem livre acesso às suas sementes crioulas e de variedade locais e também o papel 
chave das organizações dos agricultores em trocar e divulgar conhecimentos 
agroecológicos. 
4.4.1 Alguns princípios da Agroecologia 
De acordo com Paulus, Muller, Barcellos (2000) e Souza (2003) vários princípios 
são abordados na pratica da agroecologia, como relatado a seguir. 
Trabalha-se a conservação do solo ao invés de destruí-lo com arações e gradagens 
sucessivas. Em vez de se eliminar os inços, aprende-se a trabalhar a parceria entre as 
ervas e as culturas, entre as criações e as lavouras. 
Nesta lógica não se considera os insetos como pragas, pois com plantas resistentes 
e com equilíbrio entre as populações de insetos e seus predadores, eles não chegam a 
causar danos econômicos nas culturas. Assim não se trata doença com agrotóxico, mas 
busca-se fortalecer a planta para que esta não se torne suscetível ao ataque de doenças e 
de insetos. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
Além disso os agrotóxicos contaminam as águas, envenenam os alimentos, matam 
os inimigos naturais dos parasitas e contaminam quem os manuseia, além de 
desequilibrar as próprias plantas, tornando-as mais suscetíveis. É comum que logo depois 
de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda mais fortes, fazendo 
com que o agricultor acabe por usar venenos mais fortes ainda e entre no chamado espiral 
dos agrotóxicos (FIGURA 4). 
FIGURA 4 – A espiral dos agrotóxicos 
Fonte: PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000. 
Também não se usa adubos químicos solúveis, pois este tipo de adubação é a 
causa de dois problemas sérios: a morte de microorganismos úteis do solo e a absorção 
forçada pela plantas. A planta acaba por absorver em altas concentrações os nutrientes, 
resultando em desequilíbrio fisiológico e metabólico, com acumulo de aminoácidos livres 
na seiva, prejudicando assim a formação de proteínas, deixando-a favorável ao ataque de 
parasitas. Além disso as altas concentrações que se solubilizam na água do solo também 
provocam a morte de grande parte dos microorganismos benéficos do solo. 
Para uma nutrição adequada, é necessário que o solo seja fértil e biologicamente 
ativo, com muita matéria orgânica e com diversas espécies vegetais, insetos e 
microorganismos. Quanto mais matéria orgânica, mais vida tem o solo, melhor nutrida e 
equilibrada é a planta que nele se desenvolve. 
Por fim para a pratica da agroecologia deve-se conhecer cada vez mais os sinais 
da natureza, assim pode-se tentar corrigir o desequilíbrio pela causa e não somente lidar 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
com as conseqüências. Ou seja, a ocorrência de muitos insetos, ou determinado tipo de 
erva nativa, pode indicar algum tipo de desequilíbrio ou alguma carência, que deve ser 
entendida pelo praticante para este desenvolver as melhores praticas a fim de beneficiar o 
sistema, ao invés de ir contra ele. 
4.4.2 Praticas Agroecológicas 
Conforme Francisco Neto (2002) e Souza (2003) existem diversas praticas 
agroecológicas como as descritas nos próximos itens. 
4.4.2.1 Adubação orgânica e manejo de solo 
Dentro de sistemas agroecológicos utiliza-se a adubação orgânica que envolve 
diversos recursos. Utiliza-se de grande variedade de materiais como: esterco curtido, 
vermicomposto de minhocas, compostos fermentados, biofertilizantes enriquecidos com 
micronutrientes, cobertura morta e materiais orgânicos em geral. 
A utilização de materiais orgânicos como estes favorecem: o desenvolvimento da 
biologia do solo, o fornecimento gradual de macro e micronutrientes como também 
antibióticos naturais e substâncias de crescimento, a estruturação do solo, como também 
sua conservação; além de serem materiais independentes das grandes indústrias 
poluidoras. 
Neste contexto a adubação verde é um processo que envolve o cultivo de plantas 
rústicas e grandes formadoras de biomassa que com seu desenvolvimento ajudam no 
acumulo de matéria orgânica rica em nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, 
enxofre, cálcio além de micronutrientes. 
Neste processo as plantas ajudam a: descompactar o solo com suas raízes, 
melhorar sua estrutura, absorver nutrientes que não conseguem ser absorvidos por outras 
plantas e acumular estes nutrientes na sua biomassa. Com manejo podem ser 
incorporadas ao solo ou utilizadas como cobertura morta, enriquecendo com matéria 
orgânica o solo e a camada superficial, favorecendo a atividade biológica, liberando 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
nutrientes gradativamente, protegendo o solo de interperes, como também pode servir de 
alimento para animais. 
Normalmente são utilizados para tal finalidade plantas rústicas e vigorosas como: 
a mucuna (Mucuna aterrima), o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), crotalarias 
(crotalaria sp.), feijão guandu (Cajanus cajan), milheto (Pennisetum glaucum), aveia 
(Avena sativa), ervilhaca (Vicia sativa), e muitas outras. O manejo mais freqüente é o 
corte da biomassa para formação de cobertura morta nos estágios de plena floração destas 
plantas. 
Já a adubação mineral baseia-se na utilização de compostos minerais naturais. São 
compostos que fornecem de maneira lenta e gradual nutrientes as plantas, e não 
provocam desequilíbrios como os adubos sintéticos solúveis. Os mais utilizados são: pó 
de rochas, restos de mineração, entre outros. São muito utilizados para complementação 
da adubação orgânica, pois podem compensar nutrientes que alguns compostos orgânicos 
têm debilitação. Ao mesmo tempo alguns compostos minerais naturais são utilizados para 
preparados usados como biofertilizantes. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio, 
fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da 
planta. 
4.4.2.2 Defensivos naturais 
A utilização de defensivos naturais também é pratica essencial da agroecologia 
que não permite a utilização de nenhum tipo de agrotóxico em seus cultivos e criações. 
Basicamente estes compostos, quando utilizados nas plantas, têm como função principal 
estimular o metabolismo destas. Geralmente são preparados pelo agricultor, não são 
tóxicos e são de baixo custo. 
Como exemplos podem-se citar: biofertilizantes enriquecidos, água de verme 
composto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica, entre outros. 
Normalmente estes defensivos só são utilizados em casos de muita necessidade, quando 
mesmo em busca de equilíbrio no sistema, as plantas estejam sem resistência, ou não há 
ocorrência de inimigos naturais, por exemplo. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
4.4.2.3 Combinação e rotação de culturas 
Outro pratica muito importante na agroecologia é a combinação e rotação de 
culturas. Este manejo é bastante eficiente uma vez que se cultivam plantas de diferentes 
famílias, com diferentes necessidades nutricionais e diferentes arquiteturas de raízes, que 
venham a se complementar. 
Também existem plantas repelentes que quando utilizadas em consórcios podem 
repelir insetos danosos, e plantas de ação alelopatica que evitam que certas outras plantas 
se desenvolvam em sua volta. 
Um exemplo típico de combinação é o consorcio entre leguminosas e gramíneas 
que garante ao mesmo tempo a fixação de nitrogênio e produção de biomassa celulósica. 
As próprias plantas espontâneas podem ser úteis nestas situações, pois são bem 
adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas, colocando-os em disponibilidade na 
superfície com produções de grandes volumes de biomassa. 
4.4.2.4 Reciclagem de resíduos orgânicos 
A reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem também é 
considerada de suma importância na agroecologia, pois através deste processo materiais 
orgânicos sofrem ação de microorganismos e outros organismos que os transformam em 
componentes mais básicos que poderão fornecer nutrientes, além de outros benefícios ao 
complexo sistema. Também, este material ao ser incorporado nas áreas de interesse, serve 
como inoculante deste seres, favorecendo seu crescimento natural na área. 
4.4.2.5 Cobertura morta 
Deve-se ressaltar também a grande importância da formação de cobertura morta 
em áreas com manejo agroecológico. Esta camada de matéria orgânica sobre o solo se 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
1
degrada lentamente liberando nutrientes ao meio, além de proteger o solo do impacto 
direto de gotas de chuvas e da incidência direta dos raios solares que podem provocar 
lixiviação e superaquecimento respectivamente. Portanto favorece a recuperação do solo, 
fornecendo nutrientes, protegendo a estrutura, além de favorecer a vida biológica nele. 
Também pode-se citar o efeito desta na redução da germinação de sementes e emergência 
de plantas espontâneas. 
4.4.2.6 Integração com pequenos animais 
A utilização de animais como parte integrada de agroecossistemas tropicais é 
considerada essencial como prática agroecológica visando à transição para sistemas 
sustentáveis, visto que seus dejetos através da compostagem geram matéria orgânica rica 
em nutrientes que favorecem a fertilização das áreas a serem trabalhadas. Além disso 
fornecem produtos de alta qualidade nutricional como o leite, ovos e carne, podendo 
gerar fonte de renda constante (SOUZA et al. 2007). 
Num experimento idealizado por Souza et al. (2007) na região serrana 
fluminense, através da inserção de duas cabras e 50 galinhas poedeiras nas propriedades 
de agricultores familiares, foi constatado que houve aumento da renda mensal do 
produtor que integrava a produção vegetal com a produção animal em 658,41 reais, 
representando um aumento em 42,89 % sobre o valor de 1535,00 reais mensais que eram 
obtidos apenas com a produção vegetal. Ocorrendo assim uma melhor distribuição da 
renda ao longo do ano que passa do valor de 1535,00 reais para 2193,41 reais/mês 
durante 12 meses. 
O mesmo autor ainda aponta que a integração com animais também proporciona 
altos padrões de bem-estar animal e o melhoramento da infra-estrutura de ambiente da 
propriedade. Também foi observado o interesse dos jovens na produção animal, o que 
estimula a permanência deste junto à família; e a participação ativa da mulher neste 
âmbito, valorizando ainda mais a sua contribuição na manutenção econômica da família. 
Ainda no estado do Rio de Janeiro verifica-se que a demanda por produtos de 
origem animal é bem elevada, inclusive sendo necessário importação de outros estados 
como Minas Gerais (SOUZA et al. 2007). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
Para ilustração da importância da integração com animais para produção de 
adubos orgânicos em sistemas de agricultura urbana cita-se o caso da cidade Kumasi em 
Gana na África. Neste município avaliou-se a existência de 3.000 cabeças de boi, 30.000 
ovelhas e 26.000 cabras na região metropolitana, além de granjas de frango e criações 
caseiras de aves e outros pequenos animais como cotias, coelhos e caracóis. Neste caso 
não existem dados disponíveis sobre a quantidade de estrume produzido por estes 
animais, porém as estimativas que incluem a zona periurbana de Kumasi indicam uma 
produção anual (matéria seca) de aproximadamente 34.000 t de esterco de aves criadas 
confinadas, 54.000 t de esterco de ovelhas e cabras, e cerca de 12.000 t de esterco de 
porcos (DRECHSEL et al., 2000). 
No caso da avicultura integrada à sistemas de produção vegetal, esta tem 
contribuído para o equilíbrio de diversos sistemas. Além dos subprodutos que contribuem 
para a recuperação e manutenção da fertilidade do sistema, ajuda na redução da mão-de-obra 
na capina e na compra de insumos para o controle de insetos, uma vez que estes são 
inimigos naturais natos. Também contribui para a segurança alimentar e nutricional, em 
outros casos para o incremento na renda, através de produtos como carne e ovos 
(GOMES, 2007). 
No contexto da Agricultura Urbana, a codorna (Coturnix coturnix japonica) vem-se 
destacando, nos últimos tempos, como promissora criação de aves adaptada às 
condições de exploração doméstica, por não demandar muito espaço físico. Como 
também fornece excelentes produtos como seus ovos e sua carne, de grande valor 
nutricional e excelente sabor (EMATER, 2009). 
Além disso conforme EMATER (2009) a codorna apresenta características 
atrativas como: o seu rápido crescimento e alcance da idade de postura, a sua elevada 
prolificidade e o seu pequeno consumo de ração. Em anexo tabela com as principais 
características zootécnicas das codornas (ANEXO 1). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
5 METODOLOGIA 
Para realização deste trabalho foi feito planejamento das abordagens desejadas. 
Primeiramente foi feita a identificação dos aspectos biofísicos e socioculturais do espaço 
urbano de interesse para o desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária. 
Com isso inicio-se a implantação das praticas agroecológicas. No decorrer do trabalho 
eram feitas avaliações das praticas e do contexto geral da UAC a fim de contribuir para a 
discussão dos resultados. 
O desenvolvimento das praticas da Unidade Agroecológica comunitária seguiram 
a seguinte cronologia: 
1. Os canteiros agroecológicos com cobertura de palha e sem cobertura foram 
implantados um por semana, a partir da segunda semana do inicio do desenvolvimento da 
UAC ate a oitava semana. 
2. As aves foram criadas em pinteiro nas duas primeiras semanas e então a partir 
da terceira semana foram alocadas em galinheiro dentro da UAC. 
3. Iniciou-se a criação de codornas matrizes a partir da segunda semana. 
4. A reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem foi iniciada a 
partir da terceira semana de implantação da UAC. Os resíduos orgânicos das residências 
eram coletados diariamente, sendo parte oferecida para as aves diariamente e outra parte 
armazenada. Este resíduo armazenado mais os excrementos das codornas em avaliação 
eram adicionados a composteira semanalmente. 
5. A produção de mudas em viveiro iniciou a partir da quinta semana de 
trabalho na Unidade. 
6. Os plantios em parcela através da roçagem e leve descompactação e o cultivo 
em canteiros elevados de palha foram implantados na sexta semana. 
7. A colheita iniciou-se a partir da quarta semana nos canteiros primeiramente 
implantados. Colheitas eram realizadas de dois em dois dias, para abastecimento das 
famílias. 
8. Avaliação da criação de codornas no contexto da Agricultura Urbana iniciou a 
partir da 7ª semana 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
9. As codornas, após os procedimentos de avaliação, foram alocadas em viveiros 
moveis a partir da 11ª semana. 
Na TABELA 2 encontra-se cronograma das atividades realizadas no 
desenvolvimento da UAC. 
TABELA 2 – Cronograma do desenvolvimento da UAC 
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Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
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Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
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Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
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Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
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Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
2
2 Abobrinha 4 (fruto com 0,370 kg) 11,544 0,616 
3 Alface 3 (pé com 0,200 kg) 6,240 0,672 
4 Berinjela 3 (fruto com 0,345 kg) 10,764 0,380 
5 Beterraba 3 (tubérculo com 0,180 kg) 5,616 0,443 
6 Brócolis 2 (maço com 0,130 kg) 2,704 0,196 
7 Cebolinha Verde 1 (maço com 0,110 kg) 1,144 nd 
8 Cenoura 6 (tubérculo com 0,145 kg) 9,048 2,087 
9 Couve 2 (maço com 0,105 kg) 2,184 0,094 
10 Couve-flor 1 (cabeça com 0,555 kg) 5,772 0,286 
11 Espinafre 2 (maço com 0,098 kg) 2,038 nd 
12 Inhame 8 (tubérculos com 0,175 kg) 14,560 0,318 
13 Mandioca 3 (tubérculos com 0,435 kg) 13,572 1,645 
14 Maxixe 9 (fruto com 0,050 kg) 4,680 0,086 
15 Milho Verde 6 (espiga com 0,179 kg) 11,170 0,338 
16 Pepino 3 (fruto com 0,290 kg) 9,048 0,465 
17 Pimentão Verde 2 (fruto com 0,125 kg) 2,600 0,563 
18 Quiabo 15 (fruto com 0,013 kg) 2,028 0,499 
19 Rabanete 8 (tubérculo com 0,030 kg) 2,496 nd 
20 Repolho 0,5 (cabeça com 1,200 kg) 6,240 1,000 
21 Rúcula 2 (maço com 0,075 kg) 1,560 nd 
22 Salsão 1 (maço com 0,065 kg) 0,676 nd 
23 Tomate 12 (fruto com 0,200 kg) 24,960 5,505 
24 Tomate Cereja 30 (fruto com 0,017 kg) 5,304 nd 
25 Vagem 50 (fruto com 0,015 kg) 7,800 0,332 
Através desta comparação pode-se verificar que as estimativas de consumo de 
produtos provindos da UAC pelas famílias seriam superiores ao consumo real segundo o 
IBGE (2003). Assim demonstra-se a grande importância na cultura alimentar e, portanto 
na segurança alimentar e nutricional das famílias, que a disponibilidade de grande 
variedade e quantidade de alimentos como estes, teriam. 
Como forma de envolvimento na Unidade, as famílias pretendem organizar-se 
para dividir as tarefas. Foi decidido que seria feito revezamento das famílias para realizar: 
a implantação dos cultivos, a manutenção das áreas cultivadas, o cuidado com os animais, 
a coleta dos resíduos orgânicos, a irrigação, a colheita e a distribuição dos alimentos entre 
as famílias. 
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2
Sendo assim algum ou alguns representantes de uma família trabalham num dia 
da semana, como por exemplo, na 2ª feira, na 3ª feira outra família trabalharia, na 4ª feira 
outra família e na 5ª feira novamente a família que trabalhou na 2ª feira, seguindo assim 
esta ordem, sendo domingo o dia de descanso ou de realização de mutirões para trabalhos 
mais exigentes como a implantação de novas áreas. 
6.2 Aspectos biofísicos no desenvolvimento da UAC 
Para identificação dos aspectos biofísicos envolvidos no desenvolvimento da 
UAC, foi feito avaliação das áreas a serem trabalhadas e dos recursos locais utilizados. 
6.2.1 Avaliação das parcelas 
Avaliada visualmente as áreas apresentaram grande quantidade de cobertura 
morta composta principalmente por capim e galhos de plantas pioneiras. Além disto, foi 
observada a grande quantidade de entulho na área por conta de ser uma área rodeada de 
casas e muros que provavelmente contribuíram pelo acumulo deste. 
Nas áreas onde foram desenvolvidos canteiros o solo apresentava profundidades 
variando de 10 a 25 centímetros, característica muito comum em espaços urbanos. Na 
parcela denominada “cima” a camada de solo termina numa rocha que impede a 
penetração de qualquer raiz, mas demonstra sofrer erosão com o tempo, além de poder 
ser triturada com ferramentas formando o chamado saibro (FIGURA 18). Na parcela 
nomeada “baixo” a camada de solo também era pequena sobre um velho piso de concreto 
(FIGURA 19). 
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2
FIGURA 16 – Afofando solo da parcela “cima” com a rocha logo abaixo 
FIGURA 17 – Piso de concreto sob camada de solo da parcela “baixo” 
Além disso, visualmente, observou-se que a textura das áreas era 
predominantemente media e possuía certa coloração escura, indicando presença de 
matéria orgânica. 
O resultado das analise de solo dessas duas parcelas encontra-se na . 
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3
TABELA 4 – Resultado da analise de solos das parcelas “cima” e “baixo” pelo 
Labfer da UFRRJ 
Cima Baixo Cima Baixo 
Profund. 20 20 T (CTC) 12,76 12,06 
(cm) Cmolc / dm3 
Na 0,016 0,009 V 91 83 
Cmolc / dm3 % 
Ca 7,5 7,9 m 0 0 
Cmolc / dm3 % 
Mg 4,0 2,1 n 0 0 
Cmolc / dm3 % 
K 0,04 0,05 pHágua 6,7 6,6 
Cmolc / dm3 1:2,5 
H+Al 1,2 2,0 Corg 1,40 1,30 
Cmolc / dm3 % 
Al 0,00 0,00 P 76 28 
Cmolc / dm3 mg/L 
S (SB) 11,56 10,06 K 17 20 
Cmolc / dm3 mg/L 
Conforme Camargo (2005) a interpretação dos resultados das analise de ambas as 
parcelas são similares. Apresentavam acidez fraca não sendo necessária a aplicação de 
corretivos como calcário. Apresentavam CTC (capacidade de troca de cátions) boa com 
saturação de bases muito boa, sem presença de alumínio trocável (Al), além de altos 
níveis de Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e de Fósforo (P). Estes níveis indicam que há 
presença de tais nutrientes em quantidades favoráveis para cultivo de culturas anuais em 
sistema irrigado como este. Porem foi observado que o nível de Carbono orgânico (Corg) 
e de Potássio (K) estavam baixos para estes tipos de culturas. 
Em relação aos níveis de Carbono Orgânico e Potássio grande parte dos manejos 
e dos resultados alcançados foram no sentido de aumentar o nível de matéria orgânica do 
solo e de nutrientes como o Potássio, favorecendo o desenvolvimento das plantas 
cultivadas no sistema. 
O trabalho nestas parcelas demonstrou que é possível trabalhar em condições 
limitantes, como uma camada de solo mínima e solos com deficiências nutricionais, pois, 
como exposto a diante, os plantios desenvolvidos nestas áreas tiveram bom 
desenvolvimento além de um bom equilíbrio das condições gerais de um sistema como 
este. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
6.2.2 Recursos locais 
Vários recursos presentes na área e nas suas redondezas foram utilizados a fim de 
otimizar as praticas desenvolvidas, e podem servir de base para manejos em outras áreas 
inseridas em espaços urbanos semelhantes. 
Entre os recursos utilizados que foram de grande importância para o 
desenvolvimento da Unidade Agroecológica Comunitária estão as árvores pioneiras, a 
cobertura morta e os estercos. 
6.2.2.1 Árvores pioneiras 
Como mencionado na metodologia a área apresenta grande ocorrência de árvores 
pioneiras como o Sabia (Mimosa caesalpiniaefolia), o Marica (Mimosa bimucronata) e o 
Pau jacaré (Piptadenia gonoacantha). 
Estas árvores se estabeleceram na área durante a primavera e o verão passados e 
chegaram a formar um bosque. Elas são vistas pelos moradores como grandes “pragas” 
que ocupam rapidamente a área, possuem espinhos e são de muito difícil manejo. Além 
de presentes nesta área, são espécies muito encontradas em lotes abandonados e outros 
espaços urbanos da região. 
Apesar de seu manejo ser realmente difícil, após as podas radicais realizadas em 
fevereiro, toda essa matéria orgânica de grande valor serviu de cobertura morta para 
grande parte da área. Esta matéria orgânica é rica em Nitrogênio uma vez que tais 
espécies são fixadoras de nitrogênio. (LORENZI, 2002). 
Além disso seu desenvolvimento é de grande valia, pois suas raízes favorecem a 
descompactação do solo, fator presente em praticamente toda a área e típico de áreas 
urbanas. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
FIGURA 18 – Árvores pioneiras da área, aproveitamento dos troncos e galhos, 
produção de cobertura morta e produção de cinzas para fertilização 
No preparo das áreas seus troncos de maior diâmetro e seus galhos finos com 
espinhos foram queimados e a cinza foi distribuída pelos canteiros, servindo como 
composto fertilizante do solo. Os galhos de médio diâmetro e de formação mais ereta 
foram utilizados como guias para plantas que necessitavam de tal, como a ervilha torta 
roxa, pepino e tomates. 
Assim, plantas como estas, típicas dos espaços urbanos, podem ser manejadas a 
fim de obtermos mais recursos para sistemas de Agricultura Urbana. 
6.2.2.2 Cobertura morta 
No contexto urbano, muitas residências e inclusive comércios e indústrias não tem 
nenhum tipo de triagem de resíduos. Em bairros residências, como o bairro de 
Piratininga, por exemplo, verifica-se a ausência de separação de lixo orgânico do lixo 
reciclável. E grande parte do material resultante de podas e cortes de plantas de jardins 
também são ensacados e destinados à coleta de lixo comum (DUBBELING & 
SANTANDREU 2003). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
Nas redondezas da área onde o projeto foi desenvolvido grande quantidade de 
aparas de gramas são ensacadas e destinadas à coleta municipal de lixo. Como iniciativa, 
estes resíduos foram recolhidos e utilizados na unidade ajudando principalmente na 
recuperação do solo e evitando a sobrecarga dos aterros sanitários de lixo urbano. 
Esta cobertura foi aplicada em todas as áreas de cultivo e também em todas as 
áreas de circulação possível, pois estas áreas também devem ser conservadas a fim de 
evitar a erosão e o maior desgaste delas. Com isso trabalha-se para que todos os espaços 
da área estejam equilibrados. 
A cobertura morta de aparas de grama tem grande papel no sistema, pois permiti 
uma cobertura de matéria orgânica que se decompõe lentamente liberando nutrientes ao 
meio, servindo também para proteger o solo do impacto direto de gotas de chuvas e da 
incidência direta dos raios solares que podem provocar lixiviação e superaquecimento, 
respectivamente. Portanto favorece a recuperação do solo, fornecendo nutrientes, 
protegendo a estrutura, além de estimular a vida do solo. Também pode-se citar o efeito 
desta na redução da germinação de sementes e emergência de plantas espontâneas 
(PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000). 
FIGURA 19 - Cobertura morta evitando a exposição do solo e a emergência de 
plantas espontâneas, contribuindo para um sistema equilibrado e biodiverso 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
Além disso as aparas de grama se demonstraram de fácil manipulação, pois se 
apresentam em pedaços pequenos e com volume uniformemente distribuído, facilitando a 
distribuição sobre os canteiros e a abertura de espaços para plantio, como também forma 
uma cobertura uniforme e bem estável em relação a intempéries do tempo como ventos e 
chuvas fortes. 
A roçagem do capim, que ocupava as áreas inicialmente, também favoreceu a 
formação de cobertura morta. Foi realizada periodicamente a fim de controlar o 
crescimento exagerado que comprometesse o desenvolvimento das espécies cultivadas no 
sistema, além de disponibilizar constantemente mais matéria orgânica de cobertura. 
Também o fato de utilizar a roçadeira para triturar mais ainda o capim roçado 
ajuda na uniformização desta cobertura facilitando seu manejo para abertura de berços e 
ate para incorporação caso necessário. 
FIGURA 20 - Cobertura de aparas de grama (esquerda), cobertura de palha 
triturada por roçadeira (direita) 
6.2.2.3 Estercos 
Como principal fonte de matéria orgânica para incorporação ao solo, foi utilizado 
o esterco de cavalo, pois este foi doado em grande quantidade para o projeto. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
O esterco de cavalo utilizado apresentava bastante matéria fibrosa provinda da 
alimentação rica em volumosos, principalmente de gramíneas, que era oferecida aos 
cavalos. Além disso era misturado a restos de capim triturado e uma pequena parte de 
serragem utilizada como cama nas baias. 
Este se apresentava num estado semicurtido, pois ainda seus componentes não 
estavam totalmente degradados, com muita matéria orgânica ainda no seu estado original. 
Porem algumas porções já se apresentavam decompostas. Apesar disto o esterco de 
cavalo nesta forma não apresenta altas concentrações de compostos que podem causar 
prejuízos as plantas, como o aquecimento excessivo ou intoxicação, que outros estercos, 
como o de galinha, podem provocar se aplicados desta forma em canteiros de cultivo 
(GOMES et al., 2008). 
Por fim todas estas características deste esterco favoreceram a melhora das 
condições do solo. Demonstrou ser matéria orgânica de lenta degradação, estimuladora 
de vida no solo, retentora de umidade, fornecedora de nutrientes, além de outros 
benefícios mais (GOMES et al., 2008). 
Na Unidade Agroecológica Comunitária também houve produção de esterco de 
galinhas e codornas que foram direcionados a compostagem. 
Ambos estercos possuem alta concentração de nutrientes porem de acordo com 
Globo Rural (2007) estes variam conforme o nutriente. No que diz respeito ao nível de 
fósforo, o esterco de codorna possui 4,4 % enquanto o de galinha possui 2,2 %. Em 
relação ao potássio, o esterco de codorna tem em media 50% a mais do que o de galinha. 
Já em relação ao Nitrogênio, o esterco de codorna possui menos do que o esterco de 
galinha. Esses níveis podem variar dependendo da quantidade, da qualidade e do tipo de 
ração fornecida para as codornas. 
O uso destes na compostagem pode gerar composto de alta qualidade com 
equilíbrio dos nutrientes de ambos. 
Também outros animais têm grande potencial para serem inseridos na Unidade 
Agroecológica Comunitária, pela capacidade de produção de alimentos de alta qualidade, 
como também na produção de esterco para utilização como fertilizante. A seguir tabela 
comparativa da composição dos principais nutrientes de excrementos de diversas espécies 
como também do composto de lixo orgânico, para utilização na UAC (TABELA 4). 
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3
TABELA 5 – Comparação entre esterco de diversas espécies animais 
Espécie animal % Nitrogênio % Fósforo % Potássio 
Coelho 2.48 2.50 1.33 
Galinha 1.75 2,20 0.85 
Composto 1,20 1,40 0,50 
Cabra 0.97 0.48 0.65 
Porco 1.00 0.40 0.30 
Cavalo 0.60 0.25 0.50 
Vaca 0.50 0.30 0.45 
Fonte: Embrapa caprinos e ovinos 
6.3 Praticas desenvolvidas e seus benefícios 
6.3.1 Escalonamento dos cultivos 
O escalonamento dos cultivos é essencial para garantir a produção de grande 
diversidade de itens e quantidades suficientes para abastecer as famílias. Na implantação 
dos cultivos foram utilizado os dados levantados sobre consumo das famílias para 
planejar quais espécies seriam cultivadas. 
Porem para estipular a quantidade de plantas de cada espécies necessárias para 
alcançar a produção desejada, sugere-se a realização de estudos mais avançados sobre 
escalonamento e planejamento dos cultivos para garantir o abastecimento continuo destas 
famílias. 
Neste período de estagio foram cultivadas as várias espécies desejadas, porem a 
quantidade de plantas de cada espécie foi decidida de acordo com os espaços disponíveis 
nos canteiros e nas outras áreas trabalhadas. 
6.3.2 Semeadura direta nos berços de cultivo 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
Foi adotado a semeadura direta, sem a produção da muda e transplantio, comum 
na horticultura, pois assim iniciou-se o plantio nos canteiros o mais cedo possível 
possibilitando o estabelecimento rápido das hortaliças e o aproveitamento do solo por 
elas. 
Apesar de 23 % das sementes não terem germinado ou germinadas e morrerem 
bem jovens, o índice de germinação e estabelecimento destas sementes plantadas 
diretamente nos berços foi bom (77%). Este dado foi a média de todos os canteiros 
implantados. 
Após verificado que as sementes não haviam germinado, da mesma forma eram 
semeadas novamente outras sementes, algumas vezes da mesma planta ou de plantas 
diferentes que melhor se adaptassem ao sistema encontrado no momento. Em alguns 
casos foram plantadas estacas nos berços que haviam falhado, como por exemplo, 
espinafre e manjericão. 
Apesar da produção de mudas para os futuros plantios, algumas espécies 
continuam a ser plantas através de semeadura direta, como: abobrinha, pepino, milho 
verde, abóbora, ervilha torta roxa, feijão vagem, rabanete, beterraba, espinafre, entre 
outras. 
6.3.3 Produção de mudas em viveiro 
Para continuidade do projeto optou-se pela construção de viveiro onde foram 
cultivadas mudas das diversas espécies a serem plantadas na área. Com as mudas 
desenvolvidas, o transplantio é feito direto nos berços, sendo mais rápido o 
estabelecimento das plantas, pois já possuem estruturas desenvolvidas que possibilitam 
seu crescimento nas condições dos canteiros (SOUZA, LEDO, SILVA, 1997). 
Como a produção de alimentos pretende ser escalonada, a produção de mudas 
deve ser planejada a fim de obter-se mudas em intervalos de tempo que favoreçam seu 
plantio nos espaços desocupados e assim obter uma produção constante de grande 
diversidade de hortaliças. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
O desenvolvimento das mudas cultivadas no período de estagio foi satisfatório, 
sendo essencial à estrutura do viveiro que proporcionava uma menor incidência de 
insolação, além de proteger do impacto direto das gotas de chuva e manter um 
microclima favorável para o desenvolvimento destas. Além disso o húmus utilizado, se 
demonstrou com características favoráveis para a formação das mudas, pois tinha boa 
agregação e disponibilidade de nutrientes para o crescimento inicial das plantas, 
principalmente de suas raízes (SOUZA, LEDO, SILVA, 1997). 
Durante o período foram produzidas satisfatoriamente mudas de brócolis, couve-manteiga, 
couve-flor, pimentão, tomate cereja, berinjela, alface crespo, rúcula, cebolinha 
e feijão guandu. 
FIGURA 21 – Bandejas com mudas desenvolvidas 
6.3.4 Cultivo em Canteiros agroecológicos 
Os canteiros desenvolvidos são a principal forma para cultivar as espécies de 
interesse para esta UAC. 
Através da descompactação, incorporação de esterco de cavalo, cobertura com 
aparas de gramas, plantio direto de sementes e cobertura das mesmas com camada de 
húmus; os canteiros desenvolvidos na unidade se demonstraram bem eficientes em 
relação a diversos aspectos. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
3
FIGURA 22 – Estágios no desenvolvimento dos canteiros agroecológicos - inicio, 
implantação e em pleno desenvolvimento. 
6.3.4.1 Beneficio ao solo 
A estrutura do solo durante o período se manteve bem conservada graças ao 
trabalho inicial de descompactação com leve incorporação de material orgânico e a 
cobertura morta que o protegeu da chuva e da insolação. Além disso evitou-se ao máximo 
a circulação por dentro dos canteiros, evitando assim compactação mecânica do solo. 
A presença de organismo benéficos no solo também foi favorecida graças a 
melhor estrutura do solo, com maior aeração e melhor hidratação, além da melhor 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
disponibilização de matéria orgânica, fonte primaria de alimento para a vida do solo. 
Também a proteção contra incidência direta de chuva e insolação, da cobertura morta, 
evita efeitos danosos aos organismos que habitam o solo (ALTIERE, 2002). 
Dentre os organismos observados estão minhocas, diplópodes, tesourinhas, 
lacraias e ate um minhocoçu (Rhinodrilus alatus). Este ultimo é um oligoqueto (minhoca) 
e pode chegar a mais de 60 cm de comprimento e diâmetro de até 1,5 cm (DRUMOND et 
al, 2007). 
FIGURA 23 - minhocoçu (Rhinodrilus alatus) encontrado na área 
Para as plantas cultivadas, dentre os principais benefícios destes canteiros, foi a 
conservação de umidade em toda a camada de solo atingida pelas raízes, como também a 
proteção contra superaquecimento do solo e a liberação de nutrientes gradual. Também 
pode-se correlacionar um possível aumento da interação de organismos do solo com as 
plantas, como por exemplo, as micorizas (SOUZA, 2003, ALTIERE, 2002). 
6.3.4.2 Biodiversidade 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
Além da presença de organismo na camada de solo, a cobertura morta também 
favoreceu a ocorrência de outros organismos que vivem na superfície do solo e no estrato 
de vegetais cultivados, aumentando a biodiversidade e as interações ecológicas. 
A grande diversidade de espécies cultivadas em consorcio também é um dos 
princípios de uma agricultura mais ecológica. Com esta pratica pôde-se ver a interação 
entre as plantas em relação à ocupação de espaço, aproveitamento do solo, dos nutrientes, 
da água, da insolação, e etc. Esta interação entre as espécies também evitou a 
monocultura, o que diminui a probabilidade de desequilíbrios como: o surgimento de 
pragas e doenças, deficiências nutricionais, além de outros problemas relacionados à 
simplificação dos agroecossistema (FRANCISCO NETO, 2002). 
FIGURA 24 – Grande diversidade de espécies garante equilíbrio no sistema 
Grande variedade e quantidade de hortaliças foram produzidas durante este 
período inicial do projeto. Dentre os itens que foram colhidos e consumidos pelas 
famílias durante este período estão: Rúcula, alface, couve, abobrinha, coentro, rabanete e 
acelga. Sendo que já havia tomates, maxixes, quiabos e pepinos em formação nas plantas 
cultivadas. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
6.3.4.3 Produção vegetal e segurança alimentar e nutricional 
Dentro do contexto da AU sabe-se da importância da produção vegetal à favor do 
meio ambiente, mas principalmente, para o bem-estar das pessoas garantindo maior 
segurança alimentar e nutricional para estas. Assim a produção vegetal da UAC é 
diretamente utilizada pelas famílias envolvidas. 
Além disto, em certos momentos, a biomassa oriunda dos cultivos também era 
manejada e acabava como cobertura morta. 
Através do escalonamento da produção e da utilização de grande variedade pode-se 
obter hortaliças suficientes para substituir aquelas que outrora eram compradas e que 
possuíam risco de contaminação. 
FIGURA 25 – Rúcula e Couve colhidas da unidade e distribuída entre as famílias 
A tabela do ANEXO 3 expõe a composição das diversas espécies com potencial 
para cultivo na área. Nota-se o grande valor nutricional destas, o que fortalece a 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
importância de seu consumo para garantia de segurança alimentar e nutricional das 
pessoas. 
6.3.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação 
Também foram utilizados outros manejos para plantio na área. Estes manejos 
foram bem adaptados de acordo com a situação do local onde foram aplicados. 
O plantio com roçagem e leve descompactação teve grande funcionalidade, 
aproveitando-se de uma área extensa que por sua forte compactação e inclinação não 
permitia a elaboração de canteiros, o que também é muito comum em espaços urbanos. 
Assim a descompactação localizada aliada à presença de esterco de cavalo 
contribuíram para formação de um berço com quantidade suficiente de solo 
descompactado, bem estruturado e com bastante matéria orgânica, favorecendo assim o 
estabelecimento das raízes das plantas cultivadas. 
FIGURA 26 – Grande diversidade de espécies nos berços 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
A cobertura morta de capim roçado e bem triturado formou uma camada 
considerável sobre a superfície da área. Contribuiu positivamente para varias 
características do sistema como mencionado no item 6.2.2.2. 
Nestes cultivos, foi dada prioridade a plantas mais robustas, assim estas poderiam 
se adaptar as condições mais difíceis em comparação a plantas cultivadas em canteiros. 
Como forma de promover melhorias no solo, o plantio de feijão de porco, por exemplo, 
poderá contribuir para melhor descompactação do solo inclusive podendo servir de 
adubação verde através do seu corte. 
6.3.6 Cultivo em canteiro elevado de palha 
O cultivo em canteiro elevado de palha sobre o entulho, através da utilização de 
uma espessa camada de matéria orgânica, obteve grande aproveitamento da área. O 
desenvolvimento nos estágios iniciais das plantas foi normal. Neste caso as plantas 
utilizadas também tinham características mais robustas. Neste tipo de situação onde não 
há presença de solo ou sua estrutura esta muito prejudicada esta pratica se demonstrou 
bem viável. 
FIGURA 27 – Desenvolvimento das espécies cultivadas no canteiro elevado de palha 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
Uma curiosidade foi o fato de, mesmo com camada de matéria orgânica, os berços 
implantados perdiam rapidamente sua umidade. Verificou-se então que por a área ser 
bastante exposta a ventos, a alta camada de palha permitia a circulação destes fazendo 
com que sua umidade dissipasse mais rapidamente. Porem com o desenvolvimento das 
raízes e formação de solo na camada de palha, esta superaeração pode diminuir. Também 
indica-se o plantio de espécies que sirvam de quebra-vento na área, já que a área é bem 
exposta a ventos. 
6.3.7 Reciclagem de resíduos orgânicos 
O processo de compostagem se demonstrou bem eficiente, sendo essencial a 
adição de serragem para ajustar a proporção de C:N, a aeração da pilha e a manutenção 
de umidade adequada através de irrigação para o processo de compostagem, além do 
revolvimento do conteúdo com certa freqüência (FRANSCISCO NETO, 2002). A 
irrigação era necessária, pois a incidência de chuvas no período não era regular e a 
insolação causava grande perda de umidade da pilha. 
FIGURA 28 – Compostagem em avançado estagio de decomposição 
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4
Não houve uma consistência na produção de resíduo orgânico residencial, pois 
notou-se grande aproveitamento por parte das famílias que evitavam o desperdício. Além 
disso grande parte do resíduo que acabava sendo produzido era fornecido as aves. 
Assim a maior parte do resíduo destinado a compostagem eram os excrementos 
das aves criadas no galinheiro e das codornas mantidas em observação. Este 
procedimento é imprescindível para a utilização deste como adubo orgânico nos canteiros 
de hortaliças. Com a adição de serragem, a proporção C:N fica num nível adaptado para 
inicio dos processos de degradação dos compostos dos excrementos em nutrientes 
absorvíveis pelas plantas. 
Assim o composto produzido tem alta qualidade química, física e biológica e 
pode ser utilizado diretamente nos cultivos, sendo importantíssimo para fornecimento de 
nutrientes e outras condições necessárias para um bom desenvolvimento dos cultivos na 
Unidade Agroecológica Comunitária. 
6.3.8 Integração com aves 
A criação de aves se iniciou com poucas aves por causa do alto custo para 
aquisição destas. Contudo estes animais serão suficientes como matrizes para expansão 
do plantel, a fim de atingir uma quantidade de aves que irão produzir alimentos de alta 
qualidade nutricional, como ovos e carne, suficientes para o abastecimento das famílias 
(SOUZA, 2007). 
Esta integração com aves contribui fortemente para a produção de alimentos de 
alta qualidade nutricional como o ovo. O ovo é reconhecidamente um importante 
contribuinte para uma nutrição humana de qualidade. Na sua composição estão contidos 
os principais nutrientes necessários ao desenvolvimento físico humano. Em crianças com 
idade de até três anos o consumo diário de um ovo atende aproximadamente 50% das 
necessidades de proteína. Desta forma o seu consumo está diretamente relacionado à 
questão da segurança alimentar e nutricional (SANTOS & SCHLINDWEIN, 2007). 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
Neste caso as aves criadas na Unidade apresentaram crescimento satisfatório, pois 
em apenas dois meses se tornaram adultas e bem adaptadas ao ambiente da Unidade. 
Como meta pretende-se ampliar o plantel, a partir destas matrizes, para 24 aves, 
sendo que já foi doado um galo de outra linhagem para servir de reprodutor quando estas 
aves estiverem na sua maturidade sexual. Assim pretende-se produzir um ovo por pessoa 
por dia, ou seja, em media 16 ovos por dia, com as aves em 70 % de postura (GOMES, 
2007). 
Além disto o plantel será reposto por novas aves de acordo com o envelhecimento 
destas. Com o descarte e renovação das aves pretende-se manter a produção constante e 
ainda obter proteína animal de alta qualidade pelo consumo das aves descartadas. 
Almoços comunitários com o consumo das galinhas abatidas podem representar um 
evento social para o grupo. 
O fornecimento dos resíduos orgânicos às aves demonstrou-se alternativa 
eficiente, pois fornece maior diversidade à alimentação das aves, que neste sistema 
estavam em cercado, limitando o espaço de circulação destas. Também verificou-se que 
as plantas espontâneas retiradas por arranque manual e outras partes das plantas 
cultivadas que não iam para o consumo das famílias, serviram como ótimo complemento 
para a alimentação das aves. 
FIGURA 29 – Aves consumindo plantas espontâneas arrancadas manualmente dos 
cultivos. 
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4
Outra importância das aves no sistema são seus excrementos que periodicamente 
eram raspados das áreas com maior concentração do galinheiro e adicionados a 
composteira. Assim ao final do processo, obteve-se composto de alta qualidade para 
utilização nas áreas, tornando o sistema mais auto-suficiente como discutido no item 8.9. 
6.3.9 Criação de Codornas matrizes 
Como alternativa de integração à Unidade Agroecológica Comunitária, a criação 
de codornas foi analisada em diversos aspectos. 
As aves do lote de matrizes, adquiridas inicialmente, atingiram maturidade sexual 
em media com 60 dias de idade, sua produção de ovos era media, sendo 4 ovos por dia 
das oito fêmeas, assim foram armazenados durante 12 dias, 48 ovos, que foram então 
destinados à incubação. 
A chocadeira construída para tal, demonstrou bom funcionamento. Através do 
termostato ajustado manualmente conseguiu-se manter a temperatura do interior entre 37o 
e 37,5o C. O ambiente interno foi mantido favorável para incubação através da 
disponibilização da bandeja de água e da aspersão diária de água, junto à abertura gradual 
de orifícios. 
Dos 48 ovos incubados 33 eclodiram. Isso demonstrou uma porcentagem de 
68,75% de taxa de eclosão. 
FIGURA 30 – Codornas eclodindo na chocadeira elétrica 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
4
6.3.10 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos. 
Outro lote de codornas foi mantido em observação para analise: do consumo 
diário de ração, produção de excrementos diário, ganho de peso diário e postura diária. 
Este lote foi acompanhado durante o período de dia 8 de Maio ao dia 8 de Junho. 
A seguir tabela com as medias dos dados coletados de acordo com a idade das 
codornas (TABELA 6). 
TABELA 6 – Dados do acompanhamento das codornas entre os 35 e 65 dias de 
idade. 
Idade 
(dias) 
Consumo de 
ração médio (g) 
Peso corporal 
medio (g) 
Peso excrementos 
medio (g) 
Postura média 
(ovos) 
35 20,8 128,1 19,1 0,00 
36 24,3 131,1 28,2 0,00 
37 27,1 131,7 25,1 0,00 
38 29,1 131,9 23,4 0,00 
39 29,4 132,6 23,1 0,00 
40 30,6 133,6 25,8 0,00 
41 28,6 133,6 29,6 0,06 
42 29,7 133,7 26,6 0,06 
43 32,0 133,7 25,9 0,06 
44 34,9 133,8 26,1 0,00 
45 27,3 136,8 28,6 0,06 
46 32,3 142,3 25,4 0,06 
47 34,7 143,0 26,4 0,06 
48 34,1 143,4 21,3 0,13 
49 33,4 143,6 22,7 0,06 
50 24,8 145,6 17,6 0,13 
51 21,9 147,1 16,4 0,13 
52 30,1 147,9 18,4 0,19 
53 27,4 148,6 21,8 0,25 
54 29,5 148,1 19,6 0,25 
55 23,7 148,8 19,4 0,25 
56 21,7 148,8 18,9 0,44 
57 20,4 148,9 20,0 0,56 
58 19,3 149,4 15,8 0,25 
59 25,9 148,8 22,4 0,44 
60 19,6 147,8 15,8 0,50 
61 24,7 150,0 20,2 0,38 
62 25,3 150,1 18,8 0,44 
63 26,2 150,1 18,9 0,38 
64 27,5 150,4 18,3 0,44 
65 27,5 150,6 18,8 0,50 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
6.3.10.1 Evolução do peso corporal 
A seguir gráfico demonstrando a evolução do peso corporal (media) durante o 
período de observação (FIGURA 31). 
Evolução do peso corporal de codornas (media) entre os 35 e 65 
dias de idade. 
155,0 
150,0 
145,0 
140,0 
135,0 
130,0 
125,0 
120,0 
115,0 
35 
36 
37 
38 
39 
40 
41 
42 
43 
44 
45 
46 
47 
48 
49 
50 
51 
52 
53 
54 
55 
56 
57 
58 
59 
60 
61 
62 
63 
64 
65 
Idade (dias) 
Peso Corporal Medio (g) 
FIGURA 31 – Gráfico da evolução do peso corporal de codornas (média) entre os 35 
e 65 dias de idade 
Através do gráfico, pode-se concluir que há um incremento do peso corporal das 
codornas neste período, que em media passaram de 128,1 g para 150,6 g, ou seja, 
engordaram em media 22,5 g. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
6.3.10.2 Produção de ovos 
Já em relação à produção de ovos, o inicio da postura foi observado desde os 42 
dias de idade, reforçando a característica de rapidez à atingir a maturidade sexual que as 
codornas possuem. 
Neste aspecto a produtividade da criação se demonstrou baixa levando em conta o 
período inteiro, dos 35 dias aos 65 dias de idade. Tal fato tem grande ralação à época do 
ano em que o experimento foi realizado. Os meses de Maio e Junho são meses de menor 
fotoperíodo, o que afeta codornas criadas em sistemas caseiros sem iluminação artificial, 
desestimulando o inicio da postura e a postura diária (ARIKI, 2000). 
Para melhor ilustrar a taxa de postura das codornas o gráfico da FIGURA 32 
mostra a evolução da postura de acordo com a idade das aves. Na ultima semana de 
observação, observou-se a postura media de 0,5 ovos por ave, indicando assim que mais 
codornas estavam em produção comparados com as primeiras semanas. 
Postura de acordo com idade (ovos por codorna) 
0,60 
0,50 
postura (ovos por codorna) FIGURA 32 – Gráfico da evolução da postura de codornas de acordo com a idade 
0,40 
0,30 
0,20 
0,10 
0,00 
35 
36 
37 
38 
39 
40 
41 
42 
43 
44 
45 
46 
47 
48 
49 
50 
51 
52 
53 
54 
55 
56 
57 
58 
59 
60 
61 
62 
63 
64 
65 
idade 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
Levando em conta que a postura destas codornas se mantenha num nível de 0,5 
ovos por dia por codorna, já que a partir desta idade a tendência é que a postura se 
mantenha num patamar, pode-se estimar que são necessárias 64 codornas em postura para 
produção diária de 32 ovos, o que abasteceria as famílias com dois ovos por pessoa por 
dia. 
Os ovos de codorna têm excelente composição de nutrientes, e com o seu 
consumo pode-se avigorar um alto nível de nutrição alimentar as famílias. A tabela a 
seguir compara a composição de ovos de codorna e ovos de galinha, reforçando a sua 
característica de ser mais protéico e menos gorduroso do que o ovo de galinha 
complementando assim uma dieta rica em tais componentes (). 
TABELA 7 - Comparação da composição do ovo de codorna e de galinha (em %). 
Gema Albumen Ovo inteiro 
Composição codorn 
a 
galinha codorn 
a 
galinha codorn 
a 
galinha 
Água 48,20 48,09 87,36 89,90 73,78 74,72 
Proteína 19,30 16,16 11,18 9,41 13,23 12,00 
Gordura 30,00 34,10 0,00 0,00 10,83 12,30 
Carboidratos 0,70 X 0,67 X 1,03 X 
Minerais 1,80 1,65 0,79 0,69 1,13 0,98 
Fonte: ARIKI, 2000 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
6.3.10.3 Consumo de ração 
Em relação ao consumo de ração, os dados coletados demonstraram uma 
oscilação, com uma tendência central, do consumo diário por codorna no período 
observado, como mostra a FIGURA 33. 
Consumo medio de ração por codorna dos 35 aos 65 dias de vida 
40,0 
35,0 
30,0 
25,0 
20,0 
15,0 
10,0 
5,0 
0,0 
35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 
Idade (dias) 
Consumo medio por codorna (g) 
FIGURA 33 – Gráfico do consumo médio de ração por codorna dos 35 aos 65 dias 
Como foi observado uma tendência central nos dados, pode-se afirmar que neste 
período analisado, as codornas consomem em media 24,5 gramas por dia por codorna. 
Este consumo é relativamente baixo, de baixo custo e com relativo retorno em produtos 
como os ovos e carne. 
6.3.10.4 Produção de excrementos 
Como característica marcante, foi observada a produção de excrementos das 
codornas, como base para produção de composto de alta qualidade nutricional para 
utilização na unidade agroecológica. 
Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 
5
Durante o período do experimento cada codorna produziu diariamente em media 
21,9 g de excrementos. Caso sejam criadas 64 codornas, estas produzirão 1,4 kg de 
excrementos por dia, e 42 kg por mês. 
Tal esterco é adicionado a composteira. Somando-se aos resíduos orgânicos 
domésticos e a serragem, houve uma produção considerável de composto para utilização 
na unidade agroecológica conforme discutido no item 8.9. 
6.3.10.5 Integração na UAC 
Como forma de tornar a criação de codornas mais sustentável, optou-se pela 
construção de um viveiro móvel que proporcionava contato direto das codornas com as 
áreas de cultivo, principalmente as áreas onde já haviam sido feito colheitas. Nestas áreas 
as codornas acabavam por comer os restos culturais e outros elementos como insetos e 
larvas presentes no solo. Este procedimento enfim proporcionou ambiente mais saudável 
para as codornas, pois permitia que estas procurassem seu próprio alimento, além de 
poder fazer atos instintivos como o ato de ciscar, que eu outros casos é privado pelo uso 
de gaiolas. Todas as codornas criadas na Unidade foram alocadas em viveiros como este 
após o termino dos procedimentos realizados (FIGURA 34). 
FIGURA 34 – Criadouro móvel com codornas sobre os canteiros (esquerda), 
codornas ciscando o solo e comendo plantas espontâneas (direita). 
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5
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Desenvolvimento de Unidade Agroecológica Comunitária

  • 1. Enrico Calvette Conti Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. Méd. Vet., M.Sc. Antônio Carlos Machado da Rosa.
  • 2. Florianópolis, 15 de Junho de 2009.
  • 3. AGRADECIMENTOS Agradeço e desejo paz no caminho de todos Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária i
  • 4. SUMÁRIO AGRADECIMENTOS.................................................................................................................III SUMÁRIO.....................................................................................................................................IV LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................VI LISTA DE ILUSTRAÇÕES......................................................................................................VII LISTA DE TABELAS..................................................................................................................IX RESUMO........................................................................................................................................X 1 DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO................................................................................................1 2 OBJETIVOS GERAIS.................................................................................................................3 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................................3 3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................................4 4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA.....................................................................................................8 4.1 DESEQUILÍBRIOS NA SOCIEDADE DE CONSUMO.......................................................................8 4.2 DESEQUILÍBRIOS NA AGRICULTURA CONVENCIONAL..............................................................9 4.3 AGRICULTURA URBANA .......................................................................................................11 4.4 A AGROECOLOGIA COMO REFERENCIAL ................................................................................14 4.4.1 Alguns princípios da Agroecologia...............................................................................15 4.4.2 Praticas Agroecológicas...............................................................................................17 4.4.2.1 Adubação orgânica e manejo de solo...................................................................................17 4.4.2.2 Defensivos naturais.............................................................................................................18 4.4.2.3 Combinação e rotação de culturas.......................................................................................19 4.4.2.4 Reciclagem de resíduos orgânicos.......................................................................................19 4.4.2.5 Cobertura morta...................................................................................................................19 4.4.2.6 Integração com pequenos animais ......................................................................................20 5 METODOLOGIA.......................................................................................................................22 5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESPAÇO BIOFÍSICO E SOCIOCULTURAL...........................................27 5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS SOCIOCULTURAIS ................................................................27 5.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ASPECTOS BIOFÍSICOS...........................................................................27 5.4 DESENVOLVIMENTO DAS PRATICAS ......................................................................................27 5.4.1 Procedimentos de preparo das áreas............................................................................27 5.4.2 Recursos utilizados .......................................................................................................27 5.4.3 Cultivo em canteiros agroecológicos com cobertura de palha.....................................27 5.4.4 Cultivos em canteiros agroecológicos sem cobertura..................................................27 5.4.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação..................................27 5.4.6 Cultivo em canteiro elevado de palha...........................................................................27 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária i
  • 5. 5.4.7 Reciclagem de resíduos orgânicos................................................................................27 5.4.8 Cultivo de mudas em Viveiro........................................................................................27 5.4.9 Integração com aves......................................................................................................27 5.4.9.1 Criação de Codornas matrizes ............................................................................................27 5.4.9.2 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos..................................27 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................27 6.1 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS NO DESENVOLVIMENTO DA UAC.............................................27 6.2 ASPECTOS BIOFÍSICOS NO DESENVOLVIMENTO DA UAC.......................................................29 6.2.1 Avaliação das parcelas ...............................................................................................29 6.2.2 Recursos locais..............................................................................................................32 6.2.2.1 Árvores pioneiras................................................................................................................32 6.2.2.2 Cobertura morta...................................................................................................................33 6.2.2.3 Estercos...............................................................................................................................35 6.3 PRATICAS DESENVOLVIDAS E SEUS BENEFÍCIOS....................................................................37 6.3.1 Escalonamento dos cultivos..........................................................................................37 6.3.2 Semeadura direta nos berços de cultivo.......................................................................37 6.3.3 Produção de mudas em viveiro.....................................................................................38 6.3.4 Cultivo em Canteiros agroecológicos...........................................................................39 6.3.4.1 Beneficio ao solo.................................................................................................................40 6.3.4.2 Biodiversidade.....................................................................................................................41 6.3.4.3 Produção vegetal e segurança alimentar e nutricional..........................................................43 6.3.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação .................................44 6.3.6 Cultivo em canteiro elevado de palha...........................................................................45 6.3.7 Reciclagem de resíduos orgânicos ...............................................................................46 6.3.8 Integração com aves......................................................................................................47 6.3.9 Criação de Codornas matrizes .....................................................................................49 6.3.10 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos.......................50 6.3.10.1 Evolução do peso corporal.................................................................................................51 6.3.10.2 Produção de ovos...............................................................................................................52 6.3.10.3 Consumo de ração.............................................................................................................54 6.3.10.4 Produção de excrementos..................................................................................................54 6.3.10.5 Integração na UAC............................................................................................................55 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................56 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................58 9 ANEXOS......................................................................................................................................63 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária v
  • 6. LISTA DE ABREVIATURAS AU – Agricultura Urbana EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MDS – Ministério do Desenvolvimento Agrário e Combate a fome PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento UAC – Unidade Agroecológica Comunitária UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • 7. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE, POR GRUPOS DE IDADE, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR EXISTENTE NO DOMICILIO – BRASIL - 2004.....................................................................................................................5 FIGURA 2 – QUANTIDADE DIÁRIA DE LIXO COLETADO – 2000....................................6 FIGURA 3 - OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA MODERNA...............10 FIGURA 4 – A ESPIRAL DOS AGROTÓXICOS.....................................................................16 FIGURA 5 – CRIANÇAS DAS FAMÍLIAS ENVOLVIDAS ...................................................27 FIGURA 6 – ÁREA NO INICIO, COM GRANDE PRESENÇA DE GALHOS E CAPIM CORTADO....................................................................................................................................................27 FIGURA 7 – PROCEDIMENTO BÁSICO DE RETIRADA DE ENTULHOS E GALHOS.27 FIGURA 8 – APARAS DE GRAMAS COLETADAS DE RESIDÊNCIAS VIZINHAS........27 FIGURA 9 – APLICAÇÃO DE ESTERCO SOBRE SOLO AFOFADO.................................27 FIGURA 10 – SEMEANDO NOS BERÇOS ABERTOS NA CAMADA DE COBERTURA27 FIGURA 11 – ÁREA ANTERIOR A MANEJO (ESQUERDA), APÓS MANEJO CANTEIRO CIRCULAR SEM COBERTURA AO FUNDO (DIREITA).............................................27 FIGURA 12 – SOLO DESCOMPACTADO E COQUETEL DE SEMENTES (ESQUERDA), BERÇOS JÁ PLANTADOS COM CAMADA DE HÚMUS (DIREITA)...............................................27 FIGURA 13 – CANTEIRO ELEVADO DE PALHA SOBRE ENTULHO.............................27 FIGURA 14 – INICIO DA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DAS RESIDÊNCIAS E EXCREMENTOS DAS AVES COM ADIÇÃO DE SERRAGEM.........................27 FIGURA 15 – CONJUNTO DE QUATRO REPETIÇÕES DE QUATRO CODORNAS CADA.............................................................................................................................................................27 FIGURA 16 – AFOFANDO SOLO DA PARCELA “CIMA” COM A ROCHA LOGO ABAIXO........................................................................................................................................................30 FIGURA 17 – PISO DE CONCRETO SOB CAMADA DE SOLO DA PARCELA “BAIXO” ........................................................................................................................................................................30 FIGURA 18 – ÁRVORES PIONEIRAS DA ÁREA, APROVEITAMENTO DOS TRONCOS E GALHOS, PRODUÇÃO DE COBERTURA MORTA E PRODUÇÃO DE CINZAS PARA FERTILIZAÇÃO.........................................................................................................................................33 FIGURA 19 - COBERTURA MORTA EVITANDO A EXPOSIÇÃO DO SOLO E A EMERGÊNCIA DE PLANTAS ESPONTÂNEAS, CONTRIBUINDO PARA UM SISTEMA EQUILIBRADO E BIODIVERSO.............................................................................................................34
  • 8. FIGURA 20 - COBERTURA DE APARAS DE GRAMA (ESQUERDA), COBERTURA DE PALHA TRITURADA POR ROÇADEIRA (DIREITA).........................................................................35 FIGURA 21 – BANDEJAS COM MUDAS DESENVOLVIDAS..............................................39 FIGURA 22 – ESTÁGIOS NO DESENVOLVIMENTO DOS CANTEIROS AGROECOLÓGICOS - INICIO, IMPLANTAÇÃO E EM PLENO DESENVOLVIMENTO...........40 FIGURA 23 - MINHOCOÇU (RHINODRILUS ALATUS) ENCONTRADO NA ÁREA.....41 FIGURA 24 – GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES GARANTE EQUILÍBRIO NO SISTEMA......................................................................................................................................................42 FIGURA 25 – RÚCULA E COUVE COLHIDAS DA UNIDADE E DISTRIBUÍDA ENTRE AS FAMÍLIAS..............................................................................................................................................43 FIGURA 26 – GRANDE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NOS BERÇOS.............................44 FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS NO CANTEIRO ELEVADO DE PALHA...............................................................................................................................45 FIGURA 28 – COMPOSTAGEM EM AVANÇADO ESTAGIO DE DECOMPOSIÇÃO....46 FIGURA 29 – AVES CONSUMINDO PLANTAS ESPONTÂNEAS ARRANCADAS MANUALMENTE DOS CULTIVOS........................................................................................................48 FIGURA 30 – CODORNAS ECLODINDO NA CHOCADEIRA ELÉTRICA.......................49 FIGURA 31 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO PESO CORPORAL DE CODORNAS (MÉDIA) ENTRE OS 35 E 65 DIAS DE IDADE......................................................................................51 FIGURA 32 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DA POSTURA DE CODORNAS DE ACORDO COM A IDADE.............................................................................................................................................52 FIGURA 33 – GRÁFICO DO CONSUMO MÉDIO DE RAÇÃO POR CODORNA DOS 35 AOS 65 DIAS ...............................................................................................................................................54 FIGURA 34 – CRIADOURO MÓVEL COM CODORNAS SOBRE OS CANTEIROS (ESQUERDA), CODORNAS CISCANDO O SOLO E COMENDO PLANTAS ESPONTÂNEAS (DIREITA)....................................................................................................................................................55
  • 9. LISTA DE TABELAS TABELA 1 - MORADORES EM DOMICÍLIOS PARTICULARES, POR SITUAÇÃO DO DOMICILIO, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR EXISTENTE NO DOMICILIO – BRASIL – 2004....................................................................................................................4 TABELA 2 – CRONOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA UAC..................................23 TABELA 3 – ESTIMATIVAS DE CONSUMO SEMANAL POR FAMÍLIA E CONSUMO ANUAL POR PESSOA DE ALIMENTOS DA UAC, SE ESTES ESTIVESSEM DISPONÍVEIS, EM COMPARAÇÃO COM O CONSUMO PER CAPITA REAL NA REGIÃO SUDESTE SEGUNDO IBGE (2003)..................................................................................................................................................27 TABELA 4 – RESULTADO DA ANALISE DE SOLOS DAS PARCELAS “CIMA” E “BAIXO” PELO LABFER DA UFRRJ.....................................................................................................31 TABELA 5 – COMPARAÇÃO ENTRE ESTERCO DE DIVERSAS ESPÉCIES ANIMAIS ........................................................................................................................................................................37 TABELA 6 – DADOS DO ACOMPANHAMENTO DAS CODORNAS ENTRE OS 35 E 65 DIAS DE IDADE..........................................................................................................................................50 TABELA 7 - COMPARAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DO OVO DE CODORNA E DE GALINHA (EM %)......................................................................................................................................53
  • 10. RESUMO A Agricultura Urbana (AU) inclui diversas iniciativas que buscam o aproveitamento dos espaços urbanos para vários fins. No atual contexto de insustentabilidade da sociedade de consumo, praticas de Agricultura Urbana vem demonstrando boas alternativas para melhoria de vários aspectos envolvidos, entre eles a segurança alimentar e nutricional e qualidade de vida e do meio ambiente. Este trabalho teve como objetivo principal identificar práticas de Agricultura Urbana através do desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária (UAC). O trabalho foi realizado em área incluindo rua e lotes abandonados na região metropolitana do município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Os principais aspectos biofísicos e socioculturais envolvidos foram identificados, foi possível fazer um planejamento a curto e longo prazo da UAC e as praticas desenvolvidas tiveram grande sucesso individualmente, como na formação de um sistema interligado sustentável. Por fim, este trabalho pode servir de embasamento para modalidades de Agricultura Urbana como esta. Palavras-chave: Agricultura urbana, agroecologia, praticas
  • 11. 1 DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO Atualmente vivemos numa sociedade marcada pela avançada industrialização, tecnologia e urbanização, e que suporta bilhões de pessoas na face do planeta terra. Este contexto gerou um ambiente onde grande parte dos recursos naturais é explorada e a maioria dos espaços onde a civilização tem acesso é modificada. Além das diversas intervenções no ambiente este sistema também gera graves distúrbios na sua própria sociedade, como: as guerras, a desigualdade social, o senso de poder, a conturbada política, diversos distúrbios na saúde, nas relações de convivência e a violência como um todo. Ate o mais básico das necessidades é negado para muitos, gerando a FOME. Como setor fundamental da sociedade, a agropecuária atual, é um dos principais causadores de distúrbios. A agricultura moderna utiliza indiscriminadamente os recursos naturais, além de gerar muitos resíduos, degradar os espaços, excluir famílias e criar riscos à saúde de muitas pessoas. Muitas vezes em vez de garantir o acesso a comida, gera somente mais fome pelo mundo. Diante deste contexto de degradação, em meados da década de 80, surgiu o conceito de sustentabilidade, que passou a ser utilizado com freqüência e propõe novas dimensões nas áreas econômica, social e ambiental, objetivando a busca de uma nova forma de desenvolvimento. É dentro deste contexto que a Agricultura Urbana (AU) se encaixa. Esta atividade é incentivada como forma de minimizar alguns desafios que fazem parte do atual cenário de desenvolvimento como, por exemplo, o combate à insegurança alimentar e nutricional, ocorrendo também uma contribuição significativa para a conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida das cidades. Na AU vários princípios da Agroecologia podem ser utilizados. Na pratica da Agroecologia busca-se manter a agricultura uma atividade menos impactante possível, e com melhores contribuições as populações, como um ambiente saudável, alimentos saudáveis, equilíbrio das famílias e das relações entre todos os aspectos envolvidos. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 12. Para solidificar a contribuição da Agricultura Urbana para o desenvolvimento sustentável, torna-se essencial o entendimento de seus princípios fundamentais, através do conhecimento de suas potencialidades e limitações. Neste sentido, este trabalho visa identificar práticas de Agricultura Urbana através do desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária. Uma Unidade Agroecológica Comunitária (UAC), é uma modalidade de Agricultura Urbana, em que numa área restrita, dentro de zonas urbanas e periurbanas, diversas praticas agroecológicas podem ser desenvolvidas a fim de criar um agroecossistema o mais equilibrado possível, que traga benefícios no contexto em que se insere. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 13. 2 OBJETIVOS GERAIS Identificar práticas de Agricultura Urbana através do desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária. 2.1 Objetivos específicos · Identificar aspectos biofísicos e socioculturais envolvidos no desenvolvimento da Unidade Agroecológica Comunitária. · Planejar o desenvolvimento da UAC. · Implantar , acompanhar e avaliar as práticas utilizadas na UAC. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 14. 3 JUSTIFICATIVA Segundo a FAO (2008), atualmente mais de 900 milhões de pessoas encontram-se em estado de desnutrição, situação agravada principalmente pela alta dos preços dos alimentos ocorrida nos últimos anos. Na América Latina e Caribe as estatísticas são bem agravantes, sendo que um em cada dez habitantes sofre de desnutrição (FAO, 2008). Além disso, a grande proporção da população, a de baixa renda, gasta entre 40% a 60% de seus baixos ganhos com alimentação e quase 15% com saúde e remédios (DUBBELING E SANTANDREU, 2003). No Brasil, os seguintes dados divulgados pelo IBGE (2006) também são base para esta discussão. Há 72 milhões de brasileiros que se encontram em alguma situação de insegurança alimentar, sendo a população da zona urbana os mais afetados (TABELA 1). TABELA 1 - Moradores em domicílios particulares, por situação do domicilio, segundo a situação de segurança alimentar existente no domicilio – Brasil – 2004. Moradores em domicílios particulares Situação de segurança alimentar Total (pessoas) (% ) Urbana (pessoas) (% ) Rural (pessoas) (% ) Total 181.428.80 7 100,0 150.529.088 100,0 30.899.71 9 100,0 Com segurança alimentar 109.190.42 9 60,2 93.721.824 62,3 15.468.60 5 50,1 Com insegurança alimentar 72.163.886 39,8 56.736.950 37,7 15.426.93 6 49,9 Leve 32.645.194 18,0 26.697.916 17,7 5.947.278 19,2 Moderada 25.596.991 14,1 19.561.233 13,0 6.035.758 19,5 Grave 13.921.701 7,7 10.477.801 7,0 3.443.900 11,1 Fonte: IBGE, 2006 (adaptação). O mais agravante é a situação da população entre 0 e 17 anos. Neste caso, o senso de 2006 realizado pelo IBGE, mostra que a metade sofre de alguma forma de insegurança alimentar (FIGURA 1). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 15. FIGURA 1 - Distribuição da população residente, por grupos de idade, segundo a situação de segurança alimentar existente no domicilio – Brasil - 2004 Fonte: IBGE, 2006. Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (PROJETO DE LEI ORGÂNICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, 2005). Diante deste contexto desponta a Agricultura Urbana, sendo que sua função mais estudada atualmente consiste na contribuição à segurança alimentar e nutricional das populações (BOUKHARAEVA, 2005). No Brasil, a Agricultura Urbana deve seu desenvolvimento recente à modernização da agricultura, que provocou forte migração em direção às cidades e às respectivas periferias a partir da década de 40, onde acabavam de alguma forma, praticando agricultura. Mundialmente estima-se que 800 milhões de pessoas pratiquem a Agricultura Urbana (op. cit.). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 16. Ao mesmo tempo estimativas afirmam que 15% dos alimentos consumidos nas áreas urbanas do mundo são advindos da própria agricultura urbana, estimando-se que haja um crescimento destas iniciativas durante a próxima década (BELLENDA, 2005). No contexto do desequilíbrio ambiental, Dubbeling e Santandreu (2003), também aprofundam a discussão em relação à agricultura urbana como beneficente da qualidade do ambiente. Indicam que apenas 2% dos resíduos produzidos nas cidades são tratados adequadamente, sendo a maioria não tratada ou tratada indevidamente. Além disso, milhares de metros cúbicos de águas residuais são desperdiçados ou tratados por processos custosos demais. Estes números refletem a potencialidade de estes resíduos se transformarem em excelentes fontes de adubo, água para irrigação, além de outros recursos para a Agricultura Urbana. Como exemplo, pode-se citar que entre 30 a 60% destes resíduos produzidos nas cidades são de natureza orgânica, podendo ser transformado em um ótimo recurso para a Agricultura Urbana. Na FIGURA 2, observa-se que a região metropolitana do Rio de Janeiro produz mais de 3 mil toneladas diárias de lixo, sendo grande parte deste de natureza orgânica. FIGURA 2 – Quantidade diária de lixo coletado – 2000 Fonte: IBGE, 2000. Assim a AU desponta como um grande movimento em prol da sustentabilidade socioeconômica e ecológica. Através de iniciativas vários aspectos das nossas vidas Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 6
  • 17. podem ser trabalhados, retornando na forma de diversos benefícios. Ocorre uma melhora na qualidade de vida e nas condições econômicas das pessoas envolvidas. Os benefícios sociais são evidentes, como o aumento da solidariedade e união das pessoas e a formação de pessoas mais conscientes (BELLENDA, 2005). Nota-se ainda que um crescente número de governos locais e nacionais estão promovendo a AU em resposta as questões alimentares, ambientais e de bem-estar das populações (DUBBELING & SANTANDREU 2003). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 7
  • 18. 4 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 4.1 Desequilíbrios na sociedade de consumo Atualmente presenciamos a instauração mundial do modelo de desenvolvimento capitalista na sociedade moderna, com suas estruturas econômicas e políticas. Este modelo acaba gerando diversas implicações culturais, sociais, ambientais e econômicas que repercutem principalmente na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente. Este modelo de desenvolvimento tem como principal influencia o processo de industrialização dos países subdesenvolvidos. Homogeneizou hábitos de consumo e tecnologias de produção, independente dos aspectos regionais, culturais e ambientais. Implementando assim um padrão único de desenvolvimento (MENEGETTI, 2005). Também esta baseado no uso de energia fóssil não renovável e em sistemas de produção, como os da agricultura, altamente demandantes de energia. Neste caso, normalmente os recursos são transferidos de paises e classes mais pobres aos grandes consumidores ricos, com conseqüente concentração de renda e riquezas. Enquanto uma grande maioria não atinge o consumo necessário para satisfazer as necessidades básicas, uma minoria composta pelas populações dos países ricos e uma classe privilegiada minoritária dos países pobres, consome, esbanja, polui, e é responsável por mais de 80% do consumo de recursos naturais no mundo (op. cit.). Assim encontramos um planeta onde por toda parte há: tráfico de drogas e de armas, o desemprego estrutural, a fome e a exclusão social, a violência e o terrorismo internacional, a insustentabilidade de nossos estilos de vida individual e social e de nossas relações com o mundo natural. Ainda segundo Menegetti (2005) este desenvolvimento atual, mesmo sendo o responsável pelo “crescimento econômico”, também é responsável pela geração de desigualdades, concentração de renda, pobreza, com uma conseqüente degradação irreparável dos recursos naturais. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 8
  • 19. 4.2 Desequilíbrios na agricultura convencional Neste contexto de desequilíbrio sócio-eco-ambiental também se insere o modelo agrícola e florestal atual, no qual sua principal característica é o uso indiscriminado dos recursos naturais sem levar em conta a capacidade de suporte dos ecossistemas, e hoje é uma das atividades com maior impacto nestes (GRAZIANO NETO, 1991). Tal agricultura gera conseqüências ecológicas, energéticas, econômicas e sociais negativas; que certamente levarão a insustentabilidade deste modelo. (ALTIERE, 2002). Os principais resultados são: erosão dos solos, a poluição das águas e dos solos por nitratos, fosfatos e agrotóxicos, a contaminação dos agricultores e dos alimentos, a destruição das florestas, a diminuição da biodiversidade e dos recursos genéticos e a destruição dos recursos não renováveis. (MENEGETTI, 2005). Segundo Altiere (2002), os solos são um dos principais aspectos atingidos pela agricultura moderna. Com a utilização intensiva de mecanização inadequada, o uso indiscriminado de agrotóxicos, corretivos e adubos químicos solúveis, somados ao monocultivo e a falta de práticas adequadas de combate à erosão, a maioria dos solos na agricultura sofreu intensa degradação. Isto é caracterizado principalmente pela perda do horizonte A, redução da matéria orgânica e da atividade biológica do solo. Além dos solos degradados a agricultura moderna esgota diversos outros recursos como a água e energia. Também é responsável pela geração de grandes quantidades de resíduos que ao serem devolvidos ao ambiente contribuem significativamente para a perda de biodiversidade (COMPANIONI, 1997). Para a FAO (2007), o atual modelo agrícola é paradoxal: parece apresentar grandes produções (principalmente de commodities), porem a fome atinge mais de 800 milhões de pessoas no planeta; aumenta cada vez mais o uso de insumos industrializados (principalmente agrotóxicos e adubos sintéticos), mas a produtividade em si não varia; apesar do conhecimento sobre alimentação e nutrição estar cada vez mais acessíveis à todos, grande parte da população ainda não consegue ter segurança alimentar garantida. Este modelo afirma gerar mais lucros, porem não melhorou as precárias condições sociais dos pequenos agricultores familiares, por exemplo. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 9
  • 20. A FIGURA 3 mostra as características da Agricultura moderna que criam grande dependência dos agricultores, e que normalmente acabam expulsando-o do meio rural. Este é o principal fenômeno que marcou o surgimento de legiões de indivíduos desassistidos no meio urbano, que são freqüentemente vítimas da violência, desnutrição e desemprego. FIGURA 3 - Outras características da agricultura moderna Fonte: FAO, 1989 (adaptação). Neste contexto como aponta a FAO (1989), a busca pela sustentabilidade da agricultura está direcionada na manutenção, a longo prazo, da qualidade e quantidade dos recursos naturais dos agroecossistemas, conciliando a produtividade agrícola com a redução dos diversos impactos ao meio ambiente e atendendo as necessidades sociais e econômicas das comunidades rurais e urbanas. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 21. 4.3 Agricultura Urbana Agricultura Urbana é um movimento que envolve iniciativas como: cultivos ou criação de animais, reciclagem de resíduos ou águas residuais com fins produtivos, processamento e distribuição de uma ampla variedade de produtos alimentares e não alimentares. Para isto utilizam-se recursos humanos e materiais, produtos e serviços que se encontram na zona urbana, para então gerar novos recursos e situações mais sustentáveis neste contexto (DUBBELING & SANTANDREU, 2003). A agricultura urbana pode ser praticada em qualquer ambiente urbano ou periurbano, independentemente se for diretamente no solo, em canteiros suspensos, em vasos, ou em qualquer outro lugar possível (ROESE, 2003). De acordo com Dubbeling e Santandreu (2003) vários espaços tipicamente urbanos podem ser utilizados, como: as margens dos rios e vias, parques, terrenos não edificáveis debaixo das linhas de alta tensão ou ao redor dos aterros sanitários. Segundo Roese (2003) existem muitas maneiras e motivos para se praticar a agricultura urbana, e diversas vantagens podem ser obtidas através dessa prática, dentre elas citamos as mais comumente observadas: · Produção de alimentos: incremento da quantidade e da qualidade de alimentos disponíveis para consumo das pessoas envolvidas. · Reciclagem de lixo: aproveitamento de resíduos orgânicos para a produção de composto orgânico e resíduos inorgânicos para reaproveitamento em parcelas de cultivo. · Utilização racional de espaços: melhor aproveitamento de espaços ociosos, evitando o acúmulo de lixo e entulhos e possíveis focos de transmissores de doenças como o mosquito da dengue. · Educação ambiental: as pessoas envolvidas direta e indiretamente por iniciativas de AU têm acesso a maior conhecimento sobre o meio ambiente, aumentando a consciência da conservação ambiental. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 22. · Desenvolvimento humano: aliada à educação ambiental e à recreação, ocorre melhoria da qualidade de vida e prevenção ao estresse, além da formação de lideranças e trocas de experiências. · Segurança alimentar: através de cultivos e criações ecológicas de grande diversidade obtêm-se produtos de alta qualidade nutricional para as pessoas envolvidas com tais iniciativas. · Desenvolvimento local: valoriza a produção local de alimentos e outras plantas úteis, como medicinais e ornamentais, fortalecendo a cultura popular e criando oportunidades para o associativismo. · Recreação e Lazer: a agricultura urbana pode ser usada como atividade recreativa/lúdica. · Farmácia caseira: prevenção e combate a doenças através da utilização e aproveitamento de princípios medicinais de plantas cultivadas. · Formação de microclimas e manutenção da biodiversidade: com o desenvolvimento de áreas agroecológicas em espaços urbanos há contribuições na manutenção da biodiversidade, proporcionando sombreamento, odores agradáveis, contribuindo para a manutenção da umidade, além de outras características agradáveis. · Escoamento de águas das chuvas e diminuição da temperatura: favorece a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento de água nas vias públicas, e contribuindo para diminuição da temperatura, devido à ampliação da área vegetada. · Diminuição da pobreza: através da produção de alimentos para consumo próprio ou comunitário (em associações, escolas, etc.), e eventual receita da venda dos excedentes. · Atividade Ocupacional: proporciona ocupação de pessoas, evitando o ócio, contribuindo para a educação social e ambiental, diminuindo a marginalização dessas pessoas na sociedade. · Renda: possibilidade de produção em escala comercial, especializada ou diversificada, tornando-se uma opção para a geração de renda. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 23. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (1996) em torno de 800 milhões de pessoas estão engajadas na prática da agricultura urbana ao redor do mundo, sendo a maioria delas habitantes de cidades asiáticas. Desses agricultores, 200 milhões são considerados produtores comerciais, empregando 150 milhões de pessoas em tempo integral. No Brasil, a recente modernização da agricultura provocou grande emigração do campo em direção às zonas urbanas. Grande parte destas pessoas é excluída socialmente, vivendo na miséria, em ambientes ecologicamente degradados. São pessoas que, em sua maioria, perderam seu patrimônio cultural, não são alfabetizadas e são vítimas da violência e da má nutrição. Muitas vezes são estas as pessoas que tomam iniciativas no contexto de AU, em busca de melhorias na qualidade de suas vidas (BOUKHARAEVA, 2005). A FAO (2008) está destacando a necessidade de políticas e planejamentos específicos para administrar as questões ligadas à agricultura urbana, e enfatizando que ela não deve ser desenvolvida em competição com a agricultura rural, mas deve se concentrar em atividades nas quais ela tem uma vantagem comparativa, tal como na produção de alimentos perecíveis, frescos. Neste contexto o Ministério do Desenvolvimento Social (2009) esclarece que a Agricultura Urbana faz parte do Programa Fome Zero¹, e que através de iniciativas do tipo, há produção de alimentos de forma comunitária com uso de tecnologias de bases agroecológicas em espaços urbanos e periurbanos ociosos. Com a mobilização comunitária são incentivados há implantação de hortas, viveiros, lavouras, pomares, canteiros de ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de processamento/beneficiamento agroalimentar e feiras publicas populares. Os alimentos produzidos são destinados principalmente para autoconsumo, abastecimento de restaurantes populares, cozinhas comunitárias e venda de excedentes no mercado local, resultando em inclusão social, melhoria da alimentação e nutrição e geração de renda. Sendo que 250.000 famílias já são atendidas por programas pilotos. ¹ Fome Zero é um programa do governo federal brasileiro que foi criado em 2003 para combater a fome e as suas causas estruturais, que geram a exclusão social e para garantir a segurança Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 24. alimentar de todos os brasileiros e brasileiras. As iniciativas do programa vão desde a ajuda financeira às famílias mais pobres (com o cartão Bolsa Família) até a criação de cisternas no Sertão nordestino, passando pela construção de restaurantes populares, a instrução sobre hábitos alimentares, a distribuição de vitaminas e suplementos alimentares, o empréstimo de microcrédito para famílias mais pobres, entre outras. 4.4 A agroecologia como referencial Como ferramenta para fortalecimento da Agricultura Urbana, afim de minimizar os distúrbios da atual sociedade, principalmente nos espaços urbanos, a Agroecologia se faz como base para qualquer pratica a ser desenvolvida. Os princípios básicos da agroecologia, que envolvem as mais diversas situações, são: apoio aos requisitos sociais, consideração aos aspectos culturais, preservação dos recursos ambientais, apoio à participação política dos envolvidos; favorecendo a obtenção de resultados socioeconômicos favoráveis ao conjunto da sociedade. Tais iniciativas visam, numa perspectiva de tempo de longo prazo, garantir melhorias no presente como para as futuras gerações, em relação as questões ligadas à própria agricultura como também a sociedade como um todo (CAPORAL E COSTABEBER, 2004). Na agroecologia, os chamados agroecossistemas, são vistos como sistemas vivos e complexos, que devem formar uma biosfera rica em diversidade, com vários tipos de plantas, animais, microorganismos, minerais e infinitas formas de relação entre estes e outros habitantes de todo o planeta Terra. Segundo Altiere (2002) a agroecologia se baseia em tecnologias de processos, onde se controlam mais as causas dos problemas e menos os sintomas, levando em conta a natureza como modelo. Na natureza observamos a predominância de mais relações positivas entre os organismos vivos do que negativas. As interações negativas normalmente são observadas na agricultura convencional, enquanto que nos métodos alternativos de agricultura buscam-se interações positivas que beneficiem o agroecossistema. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 25. Em relação os solos, os sistemas agroecológicos têm demonstrado que é possível produzir possibilitando a renovação natural destes, facilitando a reciclagem de nutrientes, utilizando racionalmente os recursos naturais, e por fim, mantendo a biodiversidade, que é fator importantíssimo para o solo (PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000). A Agroecologia engloba modernas ramificações e especializações, como a: agricultura biodinâmica, agricultura ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, sistemas agroflorestais entre outros. Badgley et al. (2006) fizeram um amplo levantamento de dados documentados em todo o mundo comparando a produtividade de sistemas convencionais, agroecológicos e tradicionais e concluíram que a agricultura agroecológica pode sim abastecer toda a população mundial, tanto local como globalmente. A FAO (2007) enfatiza as contribuições da agricultura ecológica para a segurança alimentar e nutricional da população mundial, a importância central de os agricultores terem livre acesso às suas sementes crioulas e de variedade locais e também o papel chave das organizações dos agricultores em trocar e divulgar conhecimentos agroecológicos. 4.4.1 Alguns princípios da Agroecologia De acordo com Paulus, Muller, Barcellos (2000) e Souza (2003) vários princípios são abordados na pratica da agroecologia, como relatado a seguir. Trabalha-se a conservação do solo ao invés de destruí-lo com arações e gradagens sucessivas. Em vez de se eliminar os inços, aprende-se a trabalhar a parceria entre as ervas e as culturas, entre as criações e as lavouras. Nesta lógica não se considera os insetos como pragas, pois com plantas resistentes e com equilíbrio entre as populações de insetos e seus predadores, eles não chegam a causar danos econômicos nas culturas. Assim não se trata doença com agrotóxico, mas busca-se fortalecer a planta para que esta não se torne suscetível ao ataque de doenças e de insetos. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 26. Além disso os agrotóxicos contaminam as águas, envenenam os alimentos, matam os inimigos naturais dos parasitas e contaminam quem os manuseia, além de desequilibrar as próprias plantas, tornando-as mais suscetíveis. É comum que logo depois de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda mais fortes, fazendo com que o agricultor acabe por usar venenos mais fortes ainda e entre no chamado espiral dos agrotóxicos (FIGURA 4). FIGURA 4 – A espiral dos agrotóxicos Fonte: PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000. Também não se usa adubos químicos solúveis, pois este tipo de adubação é a causa de dois problemas sérios: a morte de microorganismos úteis do solo e a absorção forçada pela plantas. A planta acaba por absorver em altas concentrações os nutrientes, resultando em desequilíbrio fisiológico e metabólico, com acumulo de aminoácidos livres na seiva, prejudicando assim a formação de proteínas, deixando-a favorável ao ataque de parasitas. Além disso as altas concentrações que se solubilizam na água do solo também provocam a morte de grande parte dos microorganismos benéficos do solo. Para uma nutrição adequada, é necessário que o solo seja fértil e biologicamente ativo, com muita matéria orgânica e com diversas espécies vegetais, insetos e microorganismos. Quanto mais matéria orgânica, mais vida tem o solo, melhor nutrida e equilibrada é a planta que nele se desenvolve. Por fim para a pratica da agroecologia deve-se conhecer cada vez mais os sinais da natureza, assim pode-se tentar corrigir o desequilíbrio pela causa e não somente lidar Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 27. com as conseqüências. Ou seja, a ocorrência de muitos insetos, ou determinado tipo de erva nativa, pode indicar algum tipo de desequilíbrio ou alguma carência, que deve ser entendida pelo praticante para este desenvolver as melhores praticas a fim de beneficiar o sistema, ao invés de ir contra ele. 4.4.2 Praticas Agroecológicas Conforme Francisco Neto (2002) e Souza (2003) existem diversas praticas agroecológicas como as descritas nos próximos itens. 4.4.2.1 Adubação orgânica e manejo de solo Dentro de sistemas agroecológicos utiliza-se a adubação orgânica que envolve diversos recursos. Utiliza-se de grande variedade de materiais como: esterco curtido, vermicomposto de minhocas, compostos fermentados, biofertilizantes enriquecidos com micronutrientes, cobertura morta e materiais orgânicos em geral. A utilização de materiais orgânicos como estes favorecem: o desenvolvimento da biologia do solo, o fornecimento gradual de macro e micronutrientes como também antibióticos naturais e substâncias de crescimento, a estruturação do solo, como também sua conservação; além de serem materiais independentes das grandes indústrias poluidoras. Neste contexto a adubação verde é um processo que envolve o cultivo de plantas rústicas e grandes formadoras de biomassa que com seu desenvolvimento ajudam no acumulo de matéria orgânica rica em nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio além de micronutrientes. Neste processo as plantas ajudam a: descompactar o solo com suas raízes, melhorar sua estrutura, absorver nutrientes que não conseguem ser absorvidos por outras plantas e acumular estes nutrientes na sua biomassa. Com manejo podem ser incorporadas ao solo ou utilizadas como cobertura morta, enriquecendo com matéria orgânica o solo e a camada superficial, favorecendo a atividade biológica, liberando Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 28. nutrientes gradativamente, protegendo o solo de interperes, como também pode servir de alimento para animais. Normalmente são utilizados para tal finalidade plantas rústicas e vigorosas como: a mucuna (Mucuna aterrima), o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), crotalarias (crotalaria sp.), feijão guandu (Cajanus cajan), milheto (Pennisetum glaucum), aveia (Avena sativa), ervilhaca (Vicia sativa), e muitas outras. O manejo mais freqüente é o corte da biomassa para formação de cobertura morta nos estágios de plena floração destas plantas. Já a adubação mineral baseia-se na utilização de compostos minerais naturais. São compostos que fornecem de maneira lenta e gradual nutrientes as plantas, e não provocam desequilíbrios como os adubos sintéticos solúveis. Os mais utilizados são: pó de rochas, restos de mineração, entre outros. São muito utilizados para complementação da adubação orgânica, pois podem compensar nutrientes que alguns compostos orgânicos têm debilitação. Ao mesmo tempo alguns compostos minerais naturais são utilizados para preparados usados como biofertilizantes. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da planta. 4.4.2.2 Defensivos naturais A utilização de defensivos naturais também é pratica essencial da agroecologia que não permite a utilização de nenhum tipo de agrotóxico em seus cultivos e criações. Basicamente estes compostos, quando utilizados nas plantas, têm como função principal estimular o metabolismo destas. Geralmente são preparados pelo agricultor, não são tóxicos e são de baixo custo. Como exemplos podem-se citar: biofertilizantes enriquecidos, água de verme composto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica, entre outros. Normalmente estes defensivos só são utilizados em casos de muita necessidade, quando mesmo em busca de equilíbrio no sistema, as plantas estejam sem resistência, ou não há ocorrência de inimigos naturais, por exemplo. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 29. 4.4.2.3 Combinação e rotação de culturas Outro pratica muito importante na agroecologia é a combinação e rotação de culturas. Este manejo é bastante eficiente uma vez que se cultivam plantas de diferentes famílias, com diferentes necessidades nutricionais e diferentes arquiteturas de raízes, que venham a se complementar. Também existem plantas repelentes que quando utilizadas em consórcios podem repelir insetos danosos, e plantas de ação alelopatica que evitam que certas outras plantas se desenvolvam em sua volta. Um exemplo típico de combinação é o consorcio entre leguminosas e gramíneas que garante ao mesmo tempo a fixação de nitrogênio e produção de biomassa celulósica. As próprias plantas espontâneas podem ser úteis nestas situações, pois são bem adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas, colocando-os em disponibilidade na superfície com produções de grandes volumes de biomassa. 4.4.2.4 Reciclagem de resíduos orgânicos A reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem também é considerada de suma importância na agroecologia, pois através deste processo materiais orgânicos sofrem ação de microorganismos e outros organismos que os transformam em componentes mais básicos que poderão fornecer nutrientes, além de outros benefícios ao complexo sistema. Também, este material ao ser incorporado nas áreas de interesse, serve como inoculante deste seres, favorecendo seu crescimento natural na área. 4.4.2.5 Cobertura morta Deve-se ressaltar também a grande importância da formação de cobertura morta em áreas com manejo agroecológico. Esta camada de matéria orgânica sobre o solo se Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 1
  • 30. degrada lentamente liberando nutrientes ao meio, além de proteger o solo do impacto direto de gotas de chuvas e da incidência direta dos raios solares que podem provocar lixiviação e superaquecimento respectivamente. Portanto favorece a recuperação do solo, fornecendo nutrientes, protegendo a estrutura, além de favorecer a vida biológica nele. Também pode-se citar o efeito desta na redução da germinação de sementes e emergência de plantas espontâneas. 4.4.2.6 Integração com pequenos animais A utilização de animais como parte integrada de agroecossistemas tropicais é considerada essencial como prática agroecológica visando à transição para sistemas sustentáveis, visto que seus dejetos através da compostagem geram matéria orgânica rica em nutrientes que favorecem a fertilização das áreas a serem trabalhadas. Além disso fornecem produtos de alta qualidade nutricional como o leite, ovos e carne, podendo gerar fonte de renda constante (SOUZA et al. 2007). Num experimento idealizado por Souza et al. (2007) na região serrana fluminense, através da inserção de duas cabras e 50 galinhas poedeiras nas propriedades de agricultores familiares, foi constatado que houve aumento da renda mensal do produtor que integrava a produção vegetal com a produção animal em 658,41 reais, representando um aumento em 42,89 % sobre o valor de 1535,00 reais mensais que eram obtidos apenas com a produção vegetal. Ocorrendo assim uma melhor distribuição da renda ao longo do ano que passa do valor de 1535,00 reais para 2193,41 reais/mês durante 12 meses. O mesmo autor ainda aponta que a integração com animais também proporciona altos padrões de bem-estar animal e o melhoramento da infra-estrutura de ambiente da propriedade. Também foi observado o interesse dos jovens na produção animal, o que estimula a permanência deste junto à família; e a participação ativa da mulher neste âmbito, valorizando ainda mais a sua contribuição na manutenção econômica da família. Ainda no estado do Rio de Janeiro verifica-se que a demanda por produtos de origem animal é bem elevada, inclusive sendo necessário importação de outros estados como Minas Gerais (SOUZA et al. 2007). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 31. Para ilustração da importância da integração com animais para produção de adubos orgânicos em sistemas de agricultura urbana cita-se o caso da cidade Kumasi em Gana na África. Neste município avaliou-se a existência de 3.000 cabeças de boi, 30.000 ovelhas e 26.000 cabras na região metropolitana, além de granjas de frango e criações caseiras de aves e outros pequenos animais como cotias, coelhos e caracóis. Neste caso não existem dados disponíveis sobre a quantidade de estrume produzido por estes animais, porém as estimativas que incluem a zona periurbana de Kumasi indicam uma produção anual (matéria seca) de aproximadamente 34.000 t de esterco de aves criadas confinadas, 54.000 t de esterco de ovelhas e cabras, e cerca de 12.000 t de esterco de porcos (DRECHSEL et al., 2000). No caso da avicultura integrada à sistemas de produção vegetal, esta tem contribuído para o equilíbrio de diversos sistemas. Além dos subprodutos que contribuem para a recuperação e manutenção da fertilidade do sistema, ajuda na redução da mão-de-obra na capina e na compra de insumos para o controle de insetos, uma vez que estes são inimigos naturais natos. Também contribui para a segurança alimentar e nutricional, em outros casos para o incremento na renda, através de produtos como carne e ovos (GOMES, 2007). No contexto da Agricultura Urbana, a codorna (Coturnix coturnix japonica) vem-se destacando, nos últimos tempos, como promissora criação de aves adaptada às condições de exploração doméstica, por não demandar muito espaço físico. Como também fornece excelentes produtos como seus ovos e sua carne, de grande valor nutricional e excelente sabor (EMATER, 2009). Além disso conforme EMATER (2009) a codorna apresenta características atrativas como: o seu rápido crescimento e alcance da idade de postura, a sua elevada prolificidade e o seu pequeno consumo de ração. Em anexo tabela com as principais características zootécnicas das codornas (ANEXO 1). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 32. 5 METODOLOGIA Para realização deste trabalho foi feito planejamento das abordagens desejadas. Primeiramente foi feita a identificação dos aspectos biofísicos e socioculturais do espaço urbano de interesse para o desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária. Com isso inicio-se a implantação das praticas agroecológicas. No decorrer do trabalho eram feitas avaliações das praticas e do contexto geral da UAC a fim de contribuir para a discussão dos resultados. O desenvolvimento das praticas da Unidade Agroecológica comunitária seguiram a seguinte cronologia: 1. Os canteiros agroecológicos com cobertura de palha e sem cobertura foram implantados um por semana, a partir da segunda semana do inicio do desenvolvimento da UAC ate a oitava semana. 2. As aves foram criadas em pinteiro nas duas primeiras semanas e então a partir da terceira semana foram alocadas em galinheiro dentro da UAC. 3. Iniciou-se a criação de codornas matrizes a partir da segunda semana. 4. A reciclagem de resíduos orgânicos através da compostagem foi iniciada a partir da terceira semana de implantação da UAC. Os resíduos orgânicos das residências eram coletados diariamente, sendo parte oferecida para as aves diariamente e outra parte armazenada. Este resíduo armazenado mais os excrementos das codornas em avaliação eram adicionados a composteira semanalmente. 5. A produção de mudas em viveiro iniciou a partir da quinta semana de trabalho na Unidade. 6. Os plantios em parcela através da roçagem e leve descompactação e o cultivo em canteiros elevados de palha foram implantados na sexta semana. 7. A colheita iniciou-se a partir da quarta semana nos canteiros primeiramente implantados. Colheitas eram realizadas de dois em dois dias, para abastecimento das famílias. 8. Avaliação da criação de codornas no contexto da Agricultura Urbana iniciou a partir da 7ª semana Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 33. 9. As codornas, após os procedimentos de avaliação, foram alocadas em viveiros moveis a partir da 11ª semana. Na TABELA 2 encontra-se cronograma das atividades realizadas no desenvolvimento da UAC. TABELA 2 – Cronograma do desenvolvimento da UAC 4567 8910 1112 Ident ificaç ão aspec tos biofí sicos XXX XXX XXX XXX Ident ificaç ão aspec tos socio cultu raisX XXX XXX XXX XXA comp anha ment o geral da UAC XXX XXX XXX Semana 1 2 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 34. XXX Dese nvol vime nto das prati cas: XX XX XX2 - Inte graç ão com aves XX XX XX XX XX3 - Cria ção codo rnas matr izes XX XX XX XX XX XX4 - Com post age m XX XX XX XX XX5 - X X X Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 35. Cult ivo de mud as em vivei roX XX XX1 - Cant eiros agro ecol ógic os3 Ali ment oUn idad es/se man a/fa mília (me dia) Kg por pess oa/a no de prod utos da UA CKg per capit a/an o real segu ndo Abóbora 1 (fruto com 1,000 kg) 10,400 1,250 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 36. IBG E (200 3)1 XX X6- Outr os culti vos agro ecol ógic osX XX XX XX7 - Colh eita XX XX XX XX X8- Cod orna s em avali ação XX XX9 - Cod orna s inser idas na UA CX XX X Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 37. 5.1 Co nte xtu ali zaç ão do esp aço bio físi co e soc ioc ult ura l O pres ente traba lho foi dese Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 38. 2 Abobrinha 4 (fruto com 0,370 kg) 11,544 0,616 3 Alface 3 (pé com 0,200 kg) 6,240 0,672 4 Berinjela 3 (fruto com 0,345 kg) 10,764 0,380 5 Beterraba 3 (tubérculo com 0,180 kg) 5,616 0,443 6 Brócolis 2 (maço com 0,130 kg) 2,704 0,196 7 Cebolinha Verde 1 (maço com 0,110 kg) 1,144 nd 8 Cenoura 6 (tubérculo com 0,145 kg) 9,048 2,087 9 Couve 2 (maço com 0,105 kg) 2,184 0,094 10 Couve-flor 1 (cabeça com 0,555 kg) 5,772 0,286 11 Espinafre 2 (maço com 0,098 kg) 2,038 nd 12 Inhame 8 (tubérculos com 0,175 kg) 14,560 0,318 13 Mandioca 3 (tubérculos com 0,435 kg) 13,572 1,645 14 Maxixe 9 (fruto com 0,050 kg) 4,680 0,086 15 Milho Verde 6 (espiga com 0,179 kg) 11,170 0,338 16 Pepino 3 (fruto com 0,290 kg) 9,048 0,465 17 Pimentão Verde 2 (fruto com 0,125 kg) 2,600 0,563 18 Quiabo 15 (fruto com 0,013 kg) 2,028 0,499 19 Rabanete 8 (tubérculo com 0,030 kg) 2,496 nd 20 Repolho 0,5 (cabeça com 1,200 kg) 6,240 1,000 21 Rúcula 2 (maço com 0,075 kg) 1,560 nd 22 Salsão 1 (maço com 0,065 kg) 0,676 nd 23 Tomate 12 (fruto com 0,200 kg) 24,960 5,505 24 Tomate Cereja 30 (fruto com 0,017 kg) 5,304 nd 25 Vagem 50 (fruto com 0,015 kg) 7,800 0,332 Através desta comparação pode-se verificar que as estimativas de consumo de produtos provindos da UAC pelas famílias seriam superiores ao consumo real segundo o IBGE (2003). Assim demonstra-se a grande importância na cultura alimentar e, portanto na segurança alimentar e nutricional das famílias, que a disponibilidade de grande variedade e quantidade de alimentos como estes, teriam. Como forma de envolvimento na Unidade, as famílias pretendem organizar-se para dividir as tarefas. Foi decidido que seria feito revezamento das famílias para realizar: a implantação dos cultivos, a manutenção das áreas cultivadas, o cuidado com os animais, a coleta dos resíduos orgânicos, a irrigação, a colheita e a distribuição dos alimentos entre as famílias. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 39. Sendo assim algum ou alguns representantes de uma família trabalham num dia da semana, como por exemplo, na 2ª feira, na 3ª feira outra família trabalharia, na 4ª feira outra família e na 5ª feira novamente a família que trabalhou na 2ª feira, seguindo assim esta ordem, sendo domingo o dia de descanso ou de realização de mutirões para trabalhos mais exigentes como a implantação de novas áreas. 6.2 Aspectos biofísicos no desenvolvimento da UAC Para identificação dos aspectos biofísicos envolvidos no desenvolvimento da UAC, foi feito avaliação das áreas a serem trabalhadas e dos recursos locais utilizados. 6.2.1 Avaliação das parcelas Avaliada visualmente as áreas apresentaram grande quantidade de cobertura morta composta principalmente por capim e galhos de plantas pioneiras. Além disto, foi observada a grande quantidade de entulho na área por conta de ser uma área rodeada de casas e muros que provavelmente contribuíram pelo acumulo deste. Nas áreas onde foram desenvolvidos canteiros o solo apresentava profundidades variando de 10 a 25 centímetros, característica muito comum em espaços urbanos. Na parcela denominada “cima” a camada de solo termina numa rocha que impede a penetração de qualquer raiz, mas demonstra sofrer erosão com o tempo, além de poder ser triturada com ferramentas formando o chamado saibro (FIGURA 18). Na parcela nomeada “baixo” a camada de solo também era pequena sobre um velho piso de concreto (FIGURA 19). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 2
  • 40. FIGURA 16 – Afofando solo da parcela “cima” com a rocha logo abaixo FIGURA 17 – Piso de concreto sob camada de solo da parcela “baixo” Além disso, visualmente, observou-se que a textura das áreas era predominantemente media e possuía certa coloração escura, indicando presença de matéria orgânica. O resultado das analise de solo dessas duas parcelas encontra-se na . Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 41. TABELA 4 – Resultado da analise de solos das parcelas “cima” e “baixo” pelo Labfer da UFRRJ Cima Baixo Cima Baixo Profund. 20 20 T (CTC) 12,76 12,06 (cm) Cmolc / dm3 Na 0,016 0,009 V 91 83 Cmolc / dm3 % Ca 7,5 7,9 m 0 0 Cmolc / dm3 % Mg 4,0 2,1 n 0 0 Cmolc / dm3 % K 0,04 0,05 pHágua 6,7 6,6 Cmolc / dm3 1:2,5 H+Al 1,2 2,0 Corg 1,40 1,30 Cmolc / dm3 % Al 0,00 0,00 P 76 28 Cmolc / dm3 mg/L S (SB) 11,56 10,06 K 17 20 Cmolc / dm3 mg/L Conforme Camargo (2005) a interpretação dos resultados das analise de ambas as parcelas são similares. Apresentavam acidez fraca não sendo necessária a aplicação de corretivos como calcário. Apresentavam CTC (capacidade de troca de cátions) boa com saturação de bases muito boa, sem presença de alumínio trocável (Al), além de altos níveis de Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e de Fósforo (P). Estes níveis indicam que há presença de tais nutrientes em quantidades favoráveis para cultivo de culturas anuais em sistema irrigado como este. Porem foi observado que o nível de Carbono orgânico (Corg) e de Potássio (K) estavam baixos para estes tipos de culturas. Em relação aos níveis de Carbono Orgânico e Potássio grande parte dos manejos e dos resultados alcançados foram no sentido de aumentar o nível de matéria orgânica do solo e de nutrientes como o Potássio, favorecendo o desenvolvimento das plantas cultivadas no sistema. O trabalho nestas parcelas demonstrou que é possível trabalhar em condições limitantes, como uma camada de solo mínima e solos com deficiências nutricionais, pois, como exposto a diante, os plantios desenvolvidos nestas áreas tiveram bom desenvolvimento além de um bom equilíbrio das condições gerais de um sistema como este. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 42. 6.2.2 Recursos locais Vários recursos presentes na área e nas suas redondezas foram utilizados a fim de otimizar as praticas desenvolvidas, e podem servir de base para manejos em outras áreas inseridas em espaços urbanos semelhantes. Entre os recursos utilizados que foram de grande importância para o desenvolvimento da Unidade Agroecológica Comunitária estão as árvores pioneiras, a cobertura morta e os estercos. 6.2.2.1 Árvores pioneiras Como mencionado na metodologia a área apresenta grande ocorrência de árvores pioneiras como o Sabia (Mimosa caesalpiniaefolia), o Marica (Mimosa bimucronata) e o Pau jacaré (Piptadenia gonoacantha). Estas árvores se estabeleceram na área durante a primavera e o verão passados e chegaram a formar um bosque. Elas são vistas pelos moradores como grandes “pragas” que ocupam rapidamente a área, possuem espinhos e são de muito difícil manejo. Além de presentes nesta área, são espécies muito encontradas em lotes abandonados e outros espaços urbanos da região. Apesar de seu manejo ser realmente difícil, após as podas radicais realizadas em fevereiro, toda essa matéria orgânica de grande valor serviu de cobertura morta para grande parte da área. Esta matéria orgânica é rica em Nitrogênio uma vez que tais espécies são fixadoras de nitrogênio. (LORENZI, 2002). Além disso seu desenvolvimento é de grande valia, pois suas raízes favorecem a descompactação do solo, fator presente em praticamente toda a área e típico de áreas urbanas. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 43. FIGURA 18 – Árvores pioneiras da área, aproveitamento dos troncos e galhos, produção de cobertura morta e produção de cinzas para fertilização No preparo das áreas seus troncos de maior diâmetro e seus galhos finos com espinhos foram queimados e a cinza foi distribuída pelos canteiros, servindo como composto fertilizante do solo. Os galhos de médio diâmetro e de formação mais ereta foram utilizados como guias para plantas que necessitavam de tal, como a ervilha torta roxa, pepino e tomates. Assim, plantas como estas, típicas dos espaços urbanos, podem ser manejadas a fim de obtermos mais recursos para sistemas de Agricultura Urbana. 6.2.2.2 Cobertura morta No contexto urbano, muitas residências e inclusive comércios e indústrias não tem nenhum tipo de triagem de resíduos. Em bairros residências, como o bairro de Piratininga, por exemplo, verifica-se a ausência de separação de lixo orgânico do lixo reciclável. E grande parte do material resultante de podas e cortes de plantas de jardins também são ensacados e destinados à coleta de lixo comum (DUBBELING & SANTANDREU 2003). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 44. Nas redondezas da área onde o projeto foi desenvolvido grande quantidade de aparas de gramas são ensacadas e destinadas à coleta municipal de lixo. Como iniciativa, estes resíduos foram recolhidos e utilizados na unidade ajudando principalmente na recuperação do solo e evitando a sobrecarga dos aterros sanitários de lixo urbano. Esta cobertura foi aplicada em todas as áreas de cultivo e também em todas as áreas de circulação possível, pois estas áreas também devem ser conservadas a fim de evitar a erosão e o maior desgaste delas. Com isso trabalha-se para que todos os espaços da área estejam equilibrados. A cobertura morta de aparas de grama tem grande papel no sistema, pois permiti uma cobertura de matéria orgânica que se decompõe lentamente liberando nutrientes ao meio, servindo também para proteger o solo do impacto direto de gotas de chuvas e da incidência direta dos raios solares que podem provocar lixiviação e superaquecimento, respectivamente. Portanto favorece a recuperação do solo, fornecendo nutrientes, protegendo a estrutura, além de estimular a vida do solo. Também pode-se citar o efeito desta na redução da germinação de sementes e emergência de plantas espontâneas (PAULUS, MULLER, BARCELLOS, 2000). FIGURA 19 - Cobertura morta evitando a exposição do solo e a emergência de plantas espontâneas, contribuindo para um sistema equilibrado e biodiverso Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 45. Além disso as aparas de grama se demonstraram de fácil manipulação, pois se apresentam em pedaços pequenos e com volume uniformemente distribuído, facilitando a distribuição sobre os canteiros e a abertura de espaços para plantio, como também forma uma cobertura uniforme e bem estável em relação a intempéries do tempo como ventos e chuvas fortes. A roçagem do capim, que ocupava as áreas inicialmente, também favoreceu a formação de cobertura morta. Foi realizada periodicamente a fim de controlar o crescimento exagerado que comprometesse o desenvolvimento das espécies cultivadas no sistema, além de disponibilizar constantemente mais matéria orgânica de cobertura. Também o fato de utilizar a roçadeira para triturar mais ainda o capim roçado ajuda na uniformização desta cobertura facilitando seu manejo para abertura de berços e ate para incorporação caso necessário. FIGURA 20 - Cobertura de aparas de grama (esquerda), cobertura de palha triturada por roçadeira (direita) 6.2.2.3 Estercos Como principal fonte de matéria orgânica para incorporação ao solo, foi utilizado o esterco de cavalo, pois este foi doado em grande quantidade para o projeto. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 46. O esterco de cavalo utilizado apresentava bastante matéria fibrosa provinda da alimentação rica em volumosos, principalmente de gramíneas, que era oferecida aos cavalos. Além disso era misturado a restos de capim triturado e uma pequena parte de serragem utilizada como cama nas baias. Este se apresentava num estado semicurtido, pois ainda seus componentes não estavam totalmente degradados, com muita matéria orgânica ainda no seu estado original. Porem algumas porções já se apresentavam decompostas. Apesar disto o esterco de cavalo nesta forma não apresenta altas concentrações de compostos que podem causar prejuízos as plantas, como o aquecimento excessivo ou intoxicação, que outros estercos, como o de galinha, podem provocar se aplicados desta forma em canteiros de cultivo (GOMES et al., 2008). Por fim todas estas características deste esterco favoreceram a melhora das condições do solo. Demonstrou ser matéria orgânica de lenta degradação, estimuladora de vida no solo, retentora de umidade, fornecedora de nutrientes, além de outros benefícios mais (GOMES et al., 2008). Na Unidade Agroecológica Comunitária também houve produção de esterco de galinhas e codornas que foram direcionados a compostagem. Ambos estercos possuem alta concentração de nutrientes porem de acordo com Globo Rural (2007) estes variam conforme o nutriente. No que diz respeito ao nível de fósforo, o esterco de codorna possui 4,4 % enquanto o de galinha possui 2,2 %. Em relação ao potássio, o esterco de codorna tem em media 50% a mais do que o de galinha. Já em relação ao Nitrogênio, o esterco de codorna possui menos do que o esterco de galinha. Esses níveis podem variar dependendo da quantidade, da qualidade e do tipo de ração fornecida para as codornas. O uso destes na compostagem pode gerar composto de alta qualidade com equilíbrio dos nutrientes de ambos. Também outros animais têm grande potencial para serem inseridos na Unidade Agroecológica Comunitária, pela capacidade de produção de alimentos de alta qualidade, como também na produção de esterco para utilização como fertilizante. A seguir tabela comparativa da composição dos principais nutrientes de excrementos de diversas espécies como também do composto de lixo orgânico, para utilização na UAC (TABELA 4). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 47. TABELA 5 – Comparação entre esterco de diversas espécies animais Espécie animal % Nitrogênio % Fósforo % Potássio Coelho 2.48 2.50 1.33 Galinha 1.75 2,20 0.85 Composto 1,20 1,40 0,50 Cabra 0.97 0.48 0.65 Porco 1.00 0.40 0.30 Cavalo 0.60 0.25 0.50 Vaca 0.50 0.30 0.45 Fonte: Embrapa caprinos e ovinos 6.3 Praticas desenvolvidas e seus benefícios 6.3.1 Escalonamento dos cultivos O escalonamento dos cultivos é essencial para garantir a produção de grande diversidade de itens e quantidades suficientes para abastecer as famílias. Na implantação dos cultivos foram utilizado os dados levantados sobre consumo das famílias para planejar quais espécies seriam cultivadas. Porem para estipular a quantidade de plantas de cada espécies necessárias para alcançar a produção desejada, sugere-se a realização de estudos mais avançados sobre escalonamento e planejamento dos cultivos para garantir o abastecimento continuo destas famílias. Neste período de estagio foram cultivadas as várias espécies desejadas, porem a quantidade de plantas de cada espécie foi decidida de acordo com os espaços disponíveis nos canteiros e nas outras áreas trabalhadas. 6.3.2 Semeadura direta nos berços de cultivo Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 48. Foi adotado a semeadura direta, sem a produção da muda e transplantio, comum na horticultura, pois assim iniciou-se o plantio nos canteiros o mais cedo possível possibilitando o estabelecimento rápido das hortaliças e o aproveitamento do solo por elas. Apesar de 23 % das sementes não terem germinado ou germinadas e morrerem bem jovens, o índice de germinação e estabelecimento destas sementes plantadas diretamente nos berços foi bom (77%). Este dado foi a média de todos os canteiros implantados. Após verificado que as sementes não haviam germinado, da mesma forma eram semeadas novamente outras sementes, algumas vezes da mesma planta ou de plantas diferentes que melhor se adaptassem ao sistema encontrado no momento. Em alguns casos foram plantadas estacas nos berços que haviam falhado, como por exemplo, espinafre e manjericão. Apesar da produção de mudas para os futuros plantios, algumas espécies continuam a ser plantas através de semeadura direta, como: abobrinha, pepino, milho verde, abóbora, ervilha torta roxa, feijão vagem, rabanete, beterraba, espinafre, entre outras. 6.3.3 Produção de mudas em viveiro Para continuidade do projeto optou-se pela construção de viveiro onde foram cultivadas mudas das diversas espécies a serem plantadas na área. Com as mudas desenvolvidas, o transplantio é feito direto nos berços, sendo mais rápido o estabelecimento das plantas, pois já possuem estruturas desenvolvidas que possibilitam seu crescimento nas condições dos canteiros (SOUZA, LEDO, SILVA, 1997). Como a produção de alimentos pretende ser escalonada, a produção de mudas deve ser planejada a fim de obter-se mudas em intervalos de tempo que favoreçam seu plantio nos espaços desocupados e assim obter uma produção constante de grande diversidade de hortaliças. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 49. O desenvolvimento das mudas cultivadas no período de estagio foi satisfatório, sendo essencial à estrutura do viveiro que proporcionava uma menor incidência de insolação, além de proteger do impacto direto das gotas de chuva e manter um microclima favorável para o desenvolvimento destas. Além disso o húmus utilizado, se demonstrou com características favoráveis para a formação das mudas, pois tinha boa agregação e disponibilidade de nutrientes para o crescimento inicial das plantas, principalmente de suas raízes (SOUZA, LEDO, SILVA, 1997). Durante o período foram produzidas satisfatoriamente mudas de brócolis, couve-manteiga, couve-flor, pimentão, tomate cereja, berinjela, alface crespo, rúcula, cebolinha e feijão guandu. FIGURA 21 – Bandejas com mudas desenvolvidas 6.3.4 Cultivo em Canteiros agroecológicos Os canteiros desenvolvidos são a principal forma para cultivar as espécies de interesse para esta UAC. Através da descompactação, incorporação de esterco de cavalo, cobertura com aparas de gramas, plantio direto de sementes e cobertura das mesmas com camada de húmus; os canteiros desenvolvidos na unidade se demonstraram bem eficientes em relação a diversos aspectos. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 3
  • 50. FIGURA 22 – Estágios no desenvolvimento dos canteiros agroecológicos - inicio, implantação e em pleno desenvolvimento. 6.3.4.1 Beneficio ao solo A estrutura do solo durante o período se manteve bem conservada graças ao trabalho inicial de descompactação com leve incorporação de material orgânico e a cobertura morta que o protegeu da chuva e da insolação. Além disso evitou-se ao máximo a circulação por dentro dos canteiros, evitando assim compactação mecânica do solo. A presença de organismo benéficos no solo também foi favorecida graças a melhor estrutura do solo, com maior aeração e melhor hidratação, além da melhor Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 51. disponibilização de matéria orgânica, fonte primaria de alimento para a vida do solo. Também a proteção contra incidência direta de chuva e insolação, da cobertura morta, evita efeitos danosos aos organismos que habitam o solo (ALTIERE, 2002). Dentre os organismos observados estão minhocas, diplópodes, tesourinhas, lacraias e ate um minhocoçu (Rhinodrilus alatus). Este ultimo é um oligoqueto (minhoca) e pode chegar a mais de 60 cm de comprimento e diâmetro de até 1,5 cm (DRUMOND et al, 2007). FIGURA 23 - minhocoçu (Rhinodrilus alatus) encontrado na área Para as plantas cultivadas, dentre os principais benefícios destes canteiros, foi a conservação de umidade em toda a camada de solo atingida pelas raízes, como também a proteção contra superaquecimento do solo e a liberação de nutrientes gradual. Também pode-se correlacionar um possível aumento da interação de organismos do solo com as plantas, como por exemplo, as micorizas (SOUZA, 2003, ALTIERE, 2002). 6.3.4.2 Biodiversidade Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 52. Além da presença de organismo na camada de solo, a cobertura morta também favoreceu a ocorrência de outros organismos que vivem na superfície do solo e no estrato de vegetais cultivados, aumentando a biodiversidade e as interações ecológicas. A grande diversidade de espécies cultivadas em consorcio também é um dos princípios de uma agricultura mais ecológica. Com esta pratica pôde-se ver a interação entre as plantas em relação à ocupação de espaço, aproveitamento do solo, dos nutrientes, da água, da insolação, e etc. Esta interação entre as espécies também evitou a monocultura, o que diminui a probabilidade de desequilíbrios como: o surgimento de pragas e doenças, deficiências nutricionais, além de outros problemas relacionados à simplificação dos agroecossistema (FRANCISCO NETO, 2002). FIGURA 24 – Grande diversidade de espécies garante equilíbrio no sistema Grande variedade e quantidade de hortaliças foram produzidas durante este período inicial do projeto. Dentre os itens que foram colhidos e consumidos pelas famílias durante este período estão: Rúcula, alface, couve, abobrinha, coentro, rabanete e acelga. Sendo que já havia tomates, maxixes, quiabos e pepinos em formação nas plantas cultivadas. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 53. 6.3.4.3 Produção vegetal e segurança alimentar e nutricional Dentro do contexto da AU sabe-se da importância da produção vegetal à favor do meio ambiente, mas principalmente, para o bem-estar das pessoas garantindo maior segurança alimentar e nutricional para estas. Assim a produção vegetal da UAC é diretamente utilizada pelas famílias envolvidas. Além disto, em certos momentos, a biomassa oriunda dos cultivos também era manejada e acabava como cobertura morta. Através do escalonamento da produção e da utilização de grande variedade pode-se obter hortaliças suficientes para substituir aquelas que outrora eram compradas e que possuíam risco de contaminação. FIGURA 25 – Rúcula e Couve colhidas da unidade e distribuída entre as famílias A tabela do ANEXO 3 expõe a composição das diversas espécies com potencial para cultivo na área. Nota-se o grande valor nutricional destas, o que fortalece a Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 54. importância de seu consumo para garantia de segurança alimentar e nutricional das pessoas. 6.3.5 Plantio em parcela através de roçagem e leve descompactação Também foram utilizados outros manejos para plantio na área. Estes manejos foram bem adaptados de acordo com a situação do local onde foram aplicados. O plantio com roçagem e leve descompactação teve grande funcionalidade, aproveitando-se de uma área extensa que por sua forte compactação e inclinação não permitia a elaboração de canteiros, o que também é muito comum em espaços urbanos. Assim a descompactação localizada aliada à presença de esterco de cavalo contribuíram para formação de um berço com quantidade suficiente de solo descompactado, bem estruturado e com bastante matéria orgânica, favorecendo assim o estabelecimento das raízes das plantas cultivadas. FIGURA 26 – Grande diversidade de espécies nos berços Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 55. A cobertura morta de capim roçado e bem triturado formou uma camada considerável sobre a superfície da área. Contribuiu positivamente para varias características do sistema como mencionado no item 6.2.2.2. Nestes cultivos, foi dada prioridade a plantas mais robustas, assim estas poderiam se adaptar as condições mais difíceis em comparação a plantas cultivadas em canteiros. Como forma de promover melhorias no solo, o plantio de feijão de porco, por exemplo, poderá contribuir para melhor descompactação do solo inclusive podendo servir de adubação verde através do seu corte. 6.3.6 Cultivo em canteiro elevado de palha O cultivo em canteiro elevado de palha sobre o entulho, através da utilização de uma espessa camada de matéria orgânica, obteve grande aproveitamento da área. O desenvolvimento nos estágios iniciais das plantas foi normal. Neste caso as plantas utilizadas também tinham características mais robustas. Neste tipo de situação onde não há presença de solo ou sua estrutura esta muito prejudicada esta pratica se demonstrou bem viável. FIGURA 27 – Desenvolvimento das espécies cultivadas no canteiro elevado de palha Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 56. Uma curiosidade foi o fato de, mesmo com camada de matéria orgânica, os berços implantados perdiam rapidamente sua umidade. Verificou-se então que por a área ser bastante exposta a ventos, a alta camada de palha permitia a circulação destes fazendo com que sua umidade dissipasse mais rapidamente. Porem com o desenvolvimento das raízes e formação de solo na camada de palha, esta superaeração pode diminuir. Também indica-se o plantio de espécies que sirvam de quebra-vento na área, já que a área é bem exposta a ventos. 6.3.7 Reciclagem de resíduos orgânicos O processo de compostagem se demonstrou bem eficiente, sendo essencial a adição de serragem para ajustar a proporção de C:N, a aeração da pilha e a manutenção de umidade adequada através de irrigação para o processo de compostagem, além do revolvimento do conteúdo com certa freqüência (FRANSCISCO NETO, 2002). A irrigação era necessária, pois a incidência de chuvas no período não era regular e a insolação causava grande perda de umidade da pilha. FIGURA 28 – Compostagem em avançado estagio de decomposição Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 57. Não houve uma consistência na produção de resíduo orgânico residencial, pois notou-se grande aproveitamento por parte das famílias que evitavam o desperdício. Além disso grande parte do resíduo que acabava sendo produzido era fornecido as aves. Assim a maior parte do resíduo destinado a compostagem eram os excrementos das aves criadas no galinheiro e das codornas mantidas em observação. Este procedimento é imprescindível para a utilização deste como adubo orgânico nos canteiros de hortaliças. Com a adição de serragem, a proporção C:N fica num nível adaptado para inicio dos processos de degradação dos compostos dos excrementos em nutrientes absorvíveis pelas plantas. Assim o composto produzido tem alta qualidade química, física e biológica e pode ser utilizado diretamente nos cultivos, sendo importantíssimo para fornecimento de nutrientes e outras condições necessárias para um bom desenvolvimento dos cultivos na Unidade Agroecológica Comunitária. 6.3.8 Integração com aves A criação de aves se iniciou com poucas aves por causa do alto custo para aquisição destas. Contudo estes animais serão suficientes como matrizes para expansão do plantel, a fim de atingir uma quantidade de aves que irão produzir alimentos de alta qualidade nutricional, como ovos e carne, suficientes para o abastecimento das famílias (SOUZA, 2007). Esta integração com aves contribui fortemente para a produção de alimentos de alta qualidade nutricional como o ovo. O ovo é reconhecidamente um importante contribuinte para uma nutrição humana de qualidade. Na sua composição estão contidos os principais nutrientes necessários ao desenvolvimento físico humano. Em crianças com idade de até três anos o consumo diário de um ovo atende aproximadamente 50% das necessidades de proteína. Desta forma o seu consumo está diretamente relacionado à questão da segurança alimentar e nutricional (SANTOS & SCHLINDWEIN, 2007). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 58. Neste caso as aves criadas na Unidade apresentaram crescimento satisfatório, pois em apenas dois meses se tornaram adultas e bem adaptadas ao ambiente da Unidade. Como meta pretende-se ampliar o plantel, a partir destas matrizes, para 24 aves, sendo que já foi doado um galo de outra linhagem para servir de reprodutor quando estas aves estiverem na sua maturidade sexual. Assim pretende-se produzir um ovo por pessoa por dia, ou seja, em media 16 ovos por dia, com as aves em 70 % de postura (GOMES, 2007). Além disto o plantel será reposto por novas aves de acordo com o envelhecimento destas. Com o descarte e renovação das aves pretende-se manter a produção constante e ainda obter proteína animal de alta qualidade pelo consumo das aves descartadas. Almoços comunitários com o consumo das galinhas abatidas podem representar um evento social para o grupo. O fornecimento dos resíduos orgânicos às aves demonstrou-se alternativa eficiente, pois fornece maior diversidade à alimentação das aves, que neste sistema estavam em cercado, limitando o espaço de circulação destas. Também verificou-se que as plantas espontâneas retiradas por arranque manual e outras partes das plantas cultivadas que não iam para o consumo das famílias, serviram como ótimo complemento para a alimentação das aves. FIGURA 29 – Aves consumindo plantas espontâneas arrancadas manualmente dos cultivos. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 59. Outra importância das aves no sistema são seus excrementos que periodicamente eram raspados das áreas com maior concentração do galinheiro e adicionados a composteira. Assim ao final do processo, obteve-se composto de alta qualidade para utilização nas áreas, tornando o sistema mais auto-suficiente como discutido no item 8.9. 6.3.9 Criação de Codornas matrizes Como alternativa de integração à Unidade Agroecológica Comunitária, a criação de codornas foi analisada em diversos aspectos. As aves do lote de matrizes, adquiridas inicialmente, atingiram maturidade sexual em media com 60 dias de idade, sua produção de ovos era media, sendo 4 ovos por dia das oito fêmeas, assim foram armazenados durante 12 dias, 48 ovos, que foram então destinados à incubação. A chocadeira construída para tal, demonstrou bom funcionamento. Através do termostato ajustado manualmente conseguiu-se manter a temperatura do interior entre 37o e 37,5o C. O ambiente interno foi mantido favorável para incubação através da disponibilização da bandeja de água e da aspersão diária de água, junto à abertura gradual de orifícios. Dos 48 ovos incubados 33 eclodiram. Isso demonstrou uma porcentagem de 68,75% de taxa de eclosão. FIGURA 30 – Codornas eclodindo na chocadeira elétrica Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 4
  • 60. 6.3.10 Criação de codornas para acompanhamento dos índices zootécnicos. Outro lote de codornas foi mantido em observação para analise: do consumo diário de ração, produção de excrementos diário, ganho de peso diário e postura diária. Este lote foi acompanhado durante o período de dia 8 de Maio ao dia 8 de Junho. A seguir tabela com as medias dos dados coletados de acordo com a idade das codornas (TABELA 6). TABELA 6 – Dados do acompanhamento das codornas entre os 35 e 65 dias de idade. Idade (dias) Consumo de ração médio (g) Peso corporal medio (g) Peso excrementos medio (g) Postura média (ovos) 35 20,8 128,1 19,1 0,00 36 24,3 131,1 28,2 0,00 37 27,1 131,7 25,1 0,00 38 29,1 131,9 23,4 0,00 39 29,4 132,6 23,1 0,00 40 30,6 133,6 25,8 0,00 41 28,6 133,6 29,6 0,06 42 29,7 133,7 26,6 0,06 43 32,0 133,7 25,9 0,06 44 34,9 133,8 26,1 0,00 45 27,3 136,8 28,6 0,06 46 32,3 142,3 25,4 0,06 47 34,7 143,0 26,4 0,06 48 34,1 143,4 21,3 0,13 49 33,4 143,6 22,7 0,06 50 24,8 145,6 17,6 0,13 51 21,9 147,1 16,4 0,13 52 30,1 147,9 18,4 0,19 53 27,4 148,6 21,8 0,25 54 29,5 148,1 19,6 0,25 55 23,7 148,8 19,4 0,25 56 21,7 148,8 18,9 0,44 57 20,4 148,9 20,0 0,56 58 19,3 149,4 15,8 0,25 59 25,9 148,8 22,4 0,44 60 19,6 147,8 15,8 0,50 61 24,7 150,0 20,2 0,38 62 25,3 150,1 18,8 0,44 63 26,2 150,1 18,9 0,38 64 27,5 150,4 18,3 0,44 65 27,5 150,6 18,8 0,50 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 61. 6.3.10.1 Evolução do peso corporal A seguir gráfico demonstrando a evolução do peso corporal (media) durante o período de observação (FIGURA 31). Evolução do peso corporal de codornas (media) entre os 35 e 65 dias de idade. 155,0 150,0 145,0 140,0 135,0 130,0 125,0 120,0 115,0 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Idade (dias) Peso Corporal Medio (g) FIGURA 31 – Gráfico da evolução do peso corporal de codornas (média) entre os 35 e 65 dias de idade Através do gráfico, pode-se concluir que há um incremento do peso corporal das codornas neste período, que em media passaram de 128,1 g para 150,6 g, ou seja, engordaram em media 22,5 g. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 62. 6.3.10.2 Produção de ovos Já em relação à produção de ovos, o inicio da postura foi observado desde os 42 dias de idade, reforçando a característica de rapidez à atingir a maturidade sexual que as codornas possuem. Neste aspecto a produtividade da criação se demonstrou baixa levando em conta o período inteiro, dos 35 dias aos 65 dias de idade. Tal fato tem grande ralação à época do ano em que o experimento foi realizado. Os meses de Maio e Junho são meses de menor fotoperíodo, o que afeta codornas criadas em sistemas caseiros sem iluminação artificial, desestimulando o inicio da postura e a postura diária (ARIKI, 2000). Para melhor ilustrar a taxa de postura das codornas o gráfico da FIGURA 32 mostra a evolução da postura de acordo com a idade das aves. Na ultima semana de observação, observou-se a postura media de 0,5 ovos por ave, indicando assim que mais codornas estavam em produção comparados com as primeiras semanas. Postura de acordo com idade (ovos por codorna) 0,60 0,50 postura (ovos por codorna) FIGURA 32 – Gráfico da evolução da postura de codornas de acordo com a idade 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 idade Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 63. Levando em conta que a postura destas codornas se mantenha num nível de 0,5 ovos por dia por codorna, já que a partir desta idade a tendência é que a postura se mantenha num patamar, pode-se estimar que são necessárias 64 codornas em postura para produção diária de 32 ovos, o que abasteceria as famílias com dois ovos por pessoa por dia. Os ovos de codorna têm excelente composição de nutrientes, e com o seu consumo pode-se avigorar um alto nível de nutrição alimentar as famílias. A tabela a seguir compara a composição de ovos de codorna e ovos de galinha, reforçando a sua característica de ser mais protéico e menos gorduroso do que o ovo de galinha complementando assim uma dieta rica em tais componentes (). TABELA 7 - Comparação da composição do ovo de codorna e de galinha (em %). Gema Albumen Ovo inteiro Composição codorn a galinha codorn a galinha codorn a galinha Água 48,20 48,09 87,36 89,90 73,78 74,72 Proteína 19,30 16,16 11,18 9,41 13,23 12,00 Gordura 30,00 34,10 0,00 0,00 10,83 12,30 Carboidratos 0,70 X 0,67 X 1,03 X Minerais 1,80 1,65 0,79 0,69 1,13 0,98 Fonte: ARIKI, 2000 Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 64. 6.3.10.3 Consumo de ração Em relação ao consumo de ração, os dados coletados demonstraram uma oscilação, com uma tendência central, do consumo diário por codorna no período observado, como mostra a FIGURA 33. Consumo medio de ração por codorna dos 35 aos 65 dias de vida 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Idade (dias) Consumo medio por codorna (g) FIGURA 33 – Gráfico do consumo médio de ração por codorna dos 35 aos 65 dias Como foi observado uma tendência central nos dados, pode-se afirmar que neste período analisado, as codornas consomem em media 24,5 gramas por dia por codorna. Este consumo é relativamente baixo, de baixo custo e com relativo retorno em produtos como os ovos e carne. 6.3.10.4 Produção de excrementos Como característica marcante, foi observada a produção de excrementos das codornas, como base para produção de composto de alta qualidade nutricional para utilização na unidade agroecológica. Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5
  • 65. Durante o período do experimento cada codorna produziu diariamente em media 21,9 g de excrementos. Caso sejam criadas 64 codornas, estas produzirão 1,4 kg de excrementos por dia, e 42 kg por mês. Tal esterco é adicionado a composteira. Somando-se aos resíduos orgânicos domésticos e a serragem, houve uma produção considerável de composto para utilização na unidade agroecológica conforme discutido no item 8.9. 6.3.10.5 Integração na UAC Como forma de tornar a criação de codornas mais sustentável, optou-se pela construção de um viveiro móvel que proporcionava contato direto das codornas com as áreas de cultivo, principalmente as áreas onde já haviam sido feito colheitas. Nestas áreas as codornas acabavam por comer os restos culturais e outros elementos como insetos e larvas presentes no solo. Este procedimento enfim proporcionou ambiente mais saudável para as codornas, pois permitia que estas procurassem seu próprio alimento, além de poder fazer atos instintivos como o ato de ciscar, que eu outros casos é privado pelo uso de gaiolas. Todas as codornas criadas na Unidade foram alocadas em viveiros como este após o termino dos procedimentos realizados (FIGURA 34). FIGURA 34 – Criadouro móvel com codornas sobre os canteiros (esquerda), codornas ciscando o solo e comendo plantas espontâneas (direita). Agricultura Urbana: Desenvolvimento de uma Unidade Agroecológica Comunitária 5