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Jorge, Madalena
Madalena (falando ao bastidor) – Vai, ouves, Miranda? Vai e deixa-te lá estar até veres
chegar o bergantim; e quando desembarcarem,vem-me dizer para eu ficar descansada. (Vem
para a cena) Não há vento, e o dia está lindo. Ao menos não tenho sustos com a viagem. Mas
a volta… quem sabe? O tempo muda tão depressa…
Jorge – Não,hoje não tem perigo.
Madalena – Hoje… hoje! Pois hoje é o dia da minha vida que mais tenho receado… que ainda
temo que não acabe sem muito grande desgraça… É um dia fatal para mim: faz hoje anos que…
que caseia primeira vez – faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião – e faz anos também que…
vi pela primeira vez a Manuel de Sousa.
Jorge – Pois contais essa entre as infelicidades da vossa vida?
Madalena – Conto. Este amor – que hoje está santificado e bendito no Céu, porque Manuel de
Sousa é meu marido começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi… e quando o vi,
hoje, hoje… foi em tal dia como hoje! – D. João de Portugal ainda era vivo! O pecado estava-
me no coração; a boca não o disse… os olhos não sei o que fizeram; mas dentro da alma eu já
não tinha outra imagem senão a do amante… já não guardava1 a meu marido, a meu bom… a
meu generoso marido… senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que
mais deve a si do que ao esposo. Permitiu Deus… quem sabe se para me tentar?… que naquela
funesta batalha de Alcácer,entre tantos, ficasse também D. João.
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Ato II, Cena X
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
1. Situa o excerto na estrutura interna da obra.
2. Especifica o estado anímico de D. Madalena ao longo deste diálogo.
3. Relaciona o seu estado de espírito com a referência obsessiva de D. Madalena ao «hoje».
4. Explica a relação afetiva que a personagem feminina estabeleceu com os seus dois maridos.
5. Identifica o papel desempenhado por Frei Jorge neste diálogo e especifica as outras funções
que lhe são atribuídas
ao longo da peça.
A crítica
No caso específico da literatura, fica-nos cada vez mais a sensação de que, se qualquer leitura é
possível, há umas melhores que outras. (Imagine-se alguém afirmando que a tese fundamental
de Os Lusíadas é que os portugueses foram à Índia em busca da verdade) Mas não é fácil, na
prática, fora os casos mais disparatados, destrinçar exatamente quais e porquê. Por isso o crítico
será sempre um leitor, tão falível como o autor, que exprime em público as suas impressões,
mais ou menos cultas, mais ou menos informadas, mais ou menos apuradas, da leitura que fez,
devendo ter em conta que não existe necessariamente o meu e o mau gosto, mas o meu e outros
gostos. O crítico é um leitor com poder tanto maior quanto mais poderoso for o meio de
comunicação utilizado, mas o leitor vai, também ele, aos poucos, construindo a sua impressão
do crítico (se é coerente, poderá mesmo ao fim de algum tempo retratar-lhe o perfil dos valores
e saber exatamente de onde vem e o que pretende). Creio ser por isso que muita gente tem hoje
saudades da crítica do tempo de João Gaspar Simões, Óscar Lopes e Mário Dionísio. Mas isso
é, afinal, nostalgia do tempo em que tínhamos certezas. Ou, melhor, alguns as tinham e
honestamente as passavam aos leitores. Nos nossos dias, multiplicaram-se as dúvidas e as
variedades de convicções e não é justo culpar-se disso os críticos contemporâneos.
Esses grandes senhores da crítica de outrora eram larga e respeitosamente ouvidos porque eram
poucos. Hoje estamos constantemente sujeitos a múltiplas vozes e isso não me parece
necessariamente um declínio.
Num mundo onde cada vez mais somos ignorantes, não por sermos menos cultos do que os
nossos antepassados mas porque sabemos cada vez menos do que é possível saber, nada melhor
do que a modéstia – humildade mesmo – recomendada por Jacinto do Prado Coelho. Isso
permitirá ao crítico reconhecer o respeito devido ao autor, ao público, à publicação onde escreve
e a si próprio. Se ele não admitir os seus limites, reconhecê-los-ão os leitores, como também o
fazem aos livros que leem.
Onésimo Teotónio Almeida, Despenteando Parágrafos, 2015, Quetzal
Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, seleciona a única opção que permite
obter uma afirmação correta.
1.1 Este texto tem por tema
A. a leitura.
B. a apreciação crítica.
C. a crítica literária.
D. o crítico de arte.
1.2 Afirmar que a tese fundamental de Os Lusíadas é que os portugueses foram à Índia em
busca da verdade, é
um exemplo
A. de uma leitura como outra qualquer.
B. de uma leitura possível.
C. de uma leitura disparatada.
D. de que todas as leituras fazem sentido.
A crítica literária traduz a leitura feita por um especialista em literatura e, portanto,
A. é infalível nas suas observações.
B. merece toda a credibilidade do leitor.
C. é apenas uma leitura, melhor ou pior, entre muitas outras.
D. é uma leitura possível, uma opinião subjetiva e, geralmente, fiável mas falível.
1.4 Ao considerar que «o meu e o mau gosto» é mais relevante do que «o meu e os outros
gostos», o crítico revela
A. conhecimento.
B. segurança.
C. pretensiosismo.
D. humildade.
1.5 Houve um tempo de certezas. Hoje «multiplicaram-se as dúvidas e as variedades de
convicções», porque
A. há muito menos críticos literários.
B. há muito mais opiniões divergentes.
C. há um declínio da opinião crítica.
D. há poucos leitores.
1.6 «Cada vez mais somos ignorantes» (l. 0), significa
A. cada vez sabemos menos.
B. cada vez se evidencia mais a nossa ignorância.
C. cada vez sabemos menos em função do muito que há para saber.
D. cada vez sabemos menos do que precisávamos.
1.7 Hoje, a maior qualidade de um crítico literário é
A. a modéstia.
B. a certeza.
C. a cultura.
D. o popularismo.
2.1 «Mas não é fácil, na prática, […] destrinçar exatamente quais e porquê.» (l. 0)
• Identifica o referente das palavras sublinhadas.
2.2 «Se ele não admitir os seus limites, reconhecê-los-ão os leitores.» (l. 0)
• Reescreve a frase, iniciando-a pela oração subordinante e fazendo as necessárias
modificações.
2.3 «Esses grandes senhores da crítica de outrora eram larga e respeitosamente ouvidos
porque eram poucos.
Hoje estamos constantemente sujeitos a múltiplas vozes» (l.0).
• Especifica que noção conferem às frases transcritas os deíticos temporais utilizados.
Correção
1. O excerto insere-se no desenvolvimento da peça. Os medos e, consequentemente, o sofrimento de D. Madalena
acentuam-se, pois aproxima-se o momento do reconhecimento que vai desencadear a catástrofe.
2. D. Madalena está agitada e preocupada com a ida dos familiares e, sobretudo da filha, para Lisboa. Essa preocupação
acentua-se pelo fato de ocorrer naquele dia. Um dia que, para ela, é fatídico, um dia que lhe causa pânico.
3. D. Madalena repete, obsessivamente, «hoje», porque, para ela é o dia de todas as desgraças. Muito supersticiosa, D.
Madalena convence-se de que nesse dia alguma coisa terrífica irá acontecer. Esse medo advém-lhe de ser um dia em que
ocorreram muitos factos determinantes para a sua vida. Faz anos que se casou pela primeira vez, faz anos que se deu o
desastre de Alcácer Quibir e faz anos que conheceu Manuel de Sousa Coutinho, por quem logo se apaixonou, embora
ainda fosse casada com D. João de Portugal.
D. Madalena tinha uma grande admiração e um grande respeito pelo seu primeiro marido, D. João de Portugal, com quem
casara ainda adolescente. Estes sentimentos levavam-na a sentir-se ainda mais culpada. Não dera a D. João o amor que
ele merecia, apenas fidelidade. Mas por Manuel de Sousa Coutinho.
4. sentia um amor tão intenso, que a simples ideia de o perder a fazia viver em constante sobressalto.
5. Neste diálogo Frei Jorge tem, quase exclusivamente, o papel de ouvinte. Limita-se a ouvir o lamento, o desabafo
angustiado da cunhada. Ao longo da peça, Frei Jorge é muitas vezes aquele que tranquiliza, que tem uma palavra de
conforto, que apela ao bom-senso ou à resignação, o que acontece, por exemplo, no final da peça, quando os
protagonistas têm momentos de fraqueza e desorientação perante o destino trágico de que foram vítimas.
GRUPO II – LEITURA / GRAMÁTICA
1.1 (C); 1.2 (C); 1.3 (D); 1.4 (C); 1.5 (B); 1.6 (C); 1.7 (A)
2.1 «umas (leituras) melhores que outras» (l. 2).
2.2 os leitores reconhecerão os seus limites, se ele não os admitir.
2.3 Os deíticos temporais «outrora» e «hoje» permitem estabelecer a comparação entre dois momentos do tempo.

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337766033 teste freiluisatoi-icenax

  • 1. Jorge, Madalena Madalena (falando ao bastidor) – Vai, ouves, Miranda? Vai e deixa-te lá estar até veres chegar o bergantim; e quando desembarcarem,vem-me dizer para eu ficar descansada. (Vem para a cena) Não há vento, e o dia está lindo. Ao menos não tenho sustos com a viagem. Mas a volta… quem sabe? O tempo muda tão depressa… Jorge – Não,hoje não tem perigo. Madalena – Hoje… hoje! Pois hoje é o dia da minha vida que mais tenho receado… que ainda temo que não acabe sem muito grande desgraça… É um dia fatal para mim: faz hoje anos que… que caseia primeira vez – faz anos que se perdeu el-rei D. Sebastião – e faz anos também que… vi pela primeira vez a Manuel de Sousa. Jorge – Pois contais essa entre as infelicidades da vossa vida? Madalena – Conto. Este amor – que hoje está santificado e bendito no Céu, porque Manuel de Sousa é meu marido começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi… e quando o vi, hoje, hoje… foi em tal dia como hoje! – D. João de Portugal ainda era vivo! O pecado estava- me no coração; a boca não o disse… os olhos não sei o que fizeram; mas dentro da alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante… já não guardava1 a meu marido, a meu bom… a meu generoso marido… senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que mais deve a si do que ao esposo. Permitiu Deus… quem sabe se para me tentar?… que naquela funesta batalha de Alcácer,entre tantos, ficasse também D. João. Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Ato II, Cena X EDUCAÇÃO LITERÁRIA 1. Situa o excerto na estrutura interna da obra. 2. Especifica o estado anímico de D. Madalena ao longo deste diálogo. 3. Relaciona o seu estado de espírito com a referência obsessiva de D. Madalena ao «hoje». 4. Explica a relação afetiva que a personagem feminina estabeleceu com os seus dois maridos. 5. Identifica o papel desempenhado por Frei Jorge neste diálogo e especifica as outras funções que lhe são atribuídas ao longo da peça. A crítica No caso específico da literatura, fica-nos cada vez mais a sensação de que, se qualquer leitura é possível, há umas melhores que outras. (Imagine-se alguém afirmando que a tese fundamental de Os Lusíadas é que os portugueses foram à Índia em busca da verdade) Mas não é fácil, na prática, fora os casos mais disparatados, destrinçar exatamente quais e porquê. Por isso o crítico será sempre um leitor, tão falível como o autor, que exprime em público as suas impressões, mais ou menos cultas, mais ou menos informadas, mais ou menos apuradas, da leitura que fez, devendo ter em conta que não existe necessariamente o meu e o mau gosto, mas o meu e outros gostos. O crítico é um leitor com poder tanto maior quanto mais poderoso for o meio de comunicação utilizado, mas o leitor vai, também ele, aos poucos, construindo a sua impressão do crítico (se é coerente, poderá mesmo ao fim de algum tempo retratar-lhe o perfil dos valores e saber exatamente de onde vem e o que pretende). Creio ser por isso que muita gente tem hoje saudades da crítica do tempo de João Gaspar Simões, Óscar Lopes e Mário Dionísio. Mas isso é, afinal, nostalgia do tempo em que tínhamos certezas. Ou, melhor, alguns as tinham e honestamente as passavam aos leitores. Nos nossos dias, multiplicaram-se as dúvidas e as variedades de convicções e não é justo culpar-se disso os críticos contemporâneos. Esses grandes senhores da crítica de outrora eram larga e respeitosamente ouvidos porque eram poucos. Hoje estamos constantemente sujeitos a múltiplas vozes e isso não me parece necessariamente um declínio. Num mundo onde cada vez mais somos ignorantes, não por sermos menos cultos do que os nossos antepassados mas porque sabemos cada vez menos do que é possível saber, nada melhor do que a modéstia – humildade mesmo – recomendada por Jacinto do Prado Coelho. Isso permitirá ao crítico reconhecer o respeito devido ao autor, ao público, à publicação onde escreve e a si próprio. Se ele não admitir os seus limites, reconhecê-los-ão os leitores, como também o fazem aos livros que leem. Onésimo Teotónio Almeida, Despenteando Parágrafos, 2015, Quetzal
  • 2. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, seleciona a única opção que permite obter uma afirmação correta. 1.1 Este texto tem por tema A. a leitura. B. a apreciação crítica. C. a crítica literária. D. o crítico de arte. 1.2 Afirmar que a tese fundamental de Os Lusíadas é que os portugueses foram à Índia em busca da verdade, é um exemplo A. de uma leitura como outra qualquer. B. de uma leitura possível. C. de uma leitura disparatada. D. de que todas as leituras fazem sentido. A crítica literária traduz a leitura feita por um especialista em literatura e, portanto, A. é infalível nas suas observações. B. merece toda a credibilidade do leitor. C. é apenas uma leitura, melhor ou pior, entre muitas outras. D. é uma leitura possível, uma opinião subjetiva e, geralmente, fiável mas falível. 1.4 Ao considerar que «o meu e o mau gosto» é mais relevante do que «o meu e os outros gostos», o crítico revela A. conhecimento. B. segurança. C. pretensiosismo. D. humildade. 1.5 Houve um tempo de certezas. Hoje «multiplicaram-se as dúvidas e as variedades de convicções», porque A. há muito menos críticos literários. B. há muito mais opiniões divergentes. C. há um declínio da opinião crítica. D. há poucos leitores. 1.6 «Cada vez mais somos ignorantes» (l. 0), significa A. cada vez sabemos menos. B. cada vez se evidencia mais a nossa ignorância. C. cada vez sabemos menos em função do muito que há para saber. D. cada vez sabemos menos do que precisávamos. 1.7 Hoje, a maior qualidade de um crítico literário é A. a modéstia. B. a certeza. C. a cultura. D. o popularismo. 2.1 «Mas não é fácil, na prática, […] destrinçar exatamente quais e porquê.» (l. 0) • Identifica o referente das palavras sublinhadas. 2.2 «Se ele não admitir os seus limites, reconhecê-los-ão os leitores.» (l. 0) • Reescreve a frase, iniciando-a pela oração subordinante e fazendo as necessárias modificações. 2.3 «Esses grandes senhores da crítica de outrora eram larga e respeitosamente ouvidos porque eram poucos. Hoje estamos constantemente sujeitos a múltiplas vozes» (l.0). • Especifica que noção conferem às frases transcritas os deíticos temporais utilizados.
  • 3. Correção 1. O excerto insere-se no desenvolvimento da peça. Os medos e, consequentemente, o sofrimento de D. Madalena acentuam-se, pois aproxima-se o momento do reconhecimento que vai desencadear a catástrofe. 2. D. Madalena está agitada e preocupada com a ida dos familiares e, sobretudo da filha, para Lisboa. Essa preocupação acentua-se pelo fato de ocorrer naquele dia. Um dia que, para ela, é fatídico, um dia que lhe causa pânico. 3. D. Madalena repete, obsessivamente, «hoje», porque, para ela é o dia de todas as desgraças. Muito supersticiosa, D. Madalena convence-se de que nesse dia alguma coisa terrífica irá acontecer. Esse medo advém-lhe de ser um dia em que ocorreram muitos factos determinantes para a sua vida. Faz anos que se casou pela primeira vez, faz anos que se deu o desastre de Alcácer Quibir e faz anos que conheceu Manuel de Sousa Coutinho, por quem logo se apaixonou, embora ainda fosse casada com D. João de Portugal. D. Madalena tinha uma grande admiração e um grande respeito pelo seu primeiro marido, D. João de Portugal, com quem casara ainda adolescente. Estes sentimentos levavam-na a sentir-se ainda mais culpada. Não dera a D. João o amor que ele merecia, apenas fidelidade. Mas por Manuel de Sousa Coutinho. 4. sentia um amor tão intenso, que a simples ideia de o perder a fazia viver em constante sobressalto. 5. Neste diálogo Frei Jorge tem, quase exclusivamente, o papel de ouvinte. Limita-se a ouvir o lamento, o desabafo angustiado da cunhada. Ao longo da peça, Frei Jorge é muitas vezes aquele que tranquiliza, que tem uma palavra de conforto, que apela ao bom-senso ou à resignação, o que acontece, por exemplo, no final da peça, quando os protagonistas têm momentos de fraqueza e desorientação perante o destino trágico de que foram vítimas. GRUPO II – LEITURA / GRAMÁTICA 1.1 (C); 1.2 (C); 1.3 (D); 1.4 (C); 1.5 (B); 1.6 (C); 1.7 (A) 2.1 «umas (leituras) melhores que outras» (l. 2). 2.2 os leitores reconhecerão os seus limites, se ele não os admitir. 2.3 Os deíticos temporais «outrora» e «hoje» permitem estabelecer a comparação entre dois momentos do tempo.