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UMA RELIGIÃO VOLTADA PARA A VIDA E A LIBERDADE
BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 3º DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. Reunir-se para celebrar é expressar comunitariamente a
própria fé e religião. Todavia, a religião, do modo como nos é
apresentada nas leituras deste domingo, só pode ser verdadeira se
estiver voltada para a vida e a liberdade de cada uma e de todas as
pessoas.
2. As leituras de hoje nos dizem que a solidariedade para com
os excluídos passa por leis justas que preservem e promovam a
vida, sobretudo a dos que estão sendo privados da dignidade, e
passa também através de uma religião que abandone, de uma vez
por todas, a exploração das pessoas, mesmo que os exploradores
da religião estejam invocando em sua defesa o próprio Deus.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (Ex 20,1-17): A vida acima de tudo
3. O Decálogo privilegia a vida, propondo-a como valor ímpar.
De fato, alguns estudos recentes afirmam que o eixo das Dez
Palavras é o v. 13: “Não matarás”. A vida, portanto, é o núcleo da
constituição do povo de Deus. Ao preservar ou promover a vida,
Israel está sendo fiel ao Deus da Aliança que o libertou da escra-
vidão do Egito.
4. O v. 2 funciona como introdução. Ele recorda quem é Deus.
É aquele que ouve os clamores do povo e o liberta. É o Deus do
povo que clama. O Egito é símbolo de todas as opressões infligi-
das às pessoas. Sendo aquele que preserva e promove a vida, Javé
se alia aos que sofrem, libertando-os de todos os “lugares de
escravidão”. Esse versículo, porta de entrada do Decálogo, serve
de ponto de referência, ou seja, Israel irá, através de uma legisla-
ção justa, construir uma sociedade totalmente diferente do Egito,
onde a vida nada valia e as pessoas eram tratadas como objetos.
5. O primeiro mandamento (vv. 3-6) proíbe a idolatria: “Não
terás outros deuses além de mim. Não farás para ti ídolos… não te
prostrarás diante deles, nem os servirás, pois eu sou o Senhor teu
Deus, um Deus ciumento”. Israel não pode fabricar representa-
ções do Deus que preserva e promove a vida, pois uma vez que
pudesse ser representado por imagem ou figura, já estaria sendo
manipulado pelas pessoas. Ao Deus da vida as pessoas respondem
com adesão única e incondicional (fé monoteísta). Se Israel quiser
se aproximar e ver o Deus que preserva e promove a vida, deve
buscá-lo no irmão, feito “à imagem e semelhança de Deus” (cf.
Gn 1,27), e não nos ídolos que não preservam nem promovem a
vida das pessoas. O verdadeiro culto que se presta ao Deus vivo e
verdadeiro é a defesa e promoção da vida.
6. O segundo mandamento (v. 7) proíbe pronunciar o nome de
Deus em vão, “porque o Senhor não deixará de punir quem pro-
nunciar seu nome em vão”. O Deus da vida e da liberdade não
pode ser usado para acobertar a morte e a escravidão.
7. O terceiro mandamento (vv. 8-11) diz respeito ao sábado.
No Egito não havia respeito pela pessoa, pois o que se fazia aí era
trabalho escravo. A proibição do trabalho em dia de sábado é um
freio à ganância e exploração de uma pessoa sobre a outra. O
descanso no sábado permite que a pessoa se sinta viva e livre e
tome consciência de todos os aspectos que envolvem sua vida
(trabalho, lazer, fruição da vida).
8. O quarto mandamento (v. 12) manda honrar pai e mãe, a
fonte da vida. No Egito, onde o povo de Deus viveu escravo, a
honra e a vida eram atribuídas ao Faraó e suas divindades. Israel
tem os pés no chão. O Deus que preserva e promove a vida manda
honrar os pais, pois foi a partir deles que a vida de cada pessoa
começou a existir.
9. O quinto mandamento (v. 13) é o eixo do Decálogo. Ele se
opõe ao sistema social que vigorava no Egito, o lugar da escravi-
dão. Aí fora decretada a extinção do povo de Deus. Israel, para
ser fiel ao Deus que preserva e promove a vida, deverá pôr a vida
como valor absoluto.
10. O sexto mandamento (v. 14) focaliza a preservação e pro-
moção da vida na família: “Não cometerás adultério”. O adultério
destrói a relação familiar.
11. O sétimo mandamento (v. 15) ordena: “Não roubarás”.
Vários estudiosos afirmam que o verbo “roubar”, neste caso, está
relacionado com escravização e privação da liberdade de alguém.
Neste caso, não se trata simplesmente de tirar algum objeto que
pertence a outra pessoa. A questão é mais profunda. Trata-se de
não escravizar as pessoas, pois esse era o sistema social que vigo-
rava no Egito, onde a vida não era preservada nem promovida.
Isso nos faz pensar no mundo dos encarcerados, onde muita gente
vive em situação de verdadeira escravidão.
12. O oitavo mandamento (v. 16) diz respeito à vida a ser pre-
servada e promovida através de julgamentos e sentenças justas:
“Não levantarás falso testemunho contra o próximo”. Se os po-
bres e os fracos não encontram quem lhes faça justiça, a socieda-
de se torna um novo Egito, cheio de clamores e opressões, pois a
impunidade da injustiça é a pior escola numa sociedade corrupta.
13. Os dois últimos mandamentos (v. 17) proíbem a cobiça
(casa, mulher, escravo/a, boi, jumento), fonte e origem de toda
injustiça social, pois o desejo do acúmulo é o pai de todos os
males. Isso acontecia no Egito, onde o Faraó concentrava tudo em
suas mãos: terras, poder, bens, riquezas. Para construir uma soci-
edade alternativa, Israel precisa aprender a justiça e a partilha.
Evangelho (Jo 2,13-25): Religião não é comércio
14. Por ocasião da festa da Páscoa a cidade de Jerusalém se
enchia de peregrinos. Páscoa era, para os judeus, a festa principal,
pois nela o povo recordava a libertação da escravidão do Egito.
No tempo de Jesus, o povo ia a Jerusalém para essa celebração
festiva. Contudo, a Páscoa deixara de ser uma festa popular por
ter sido manipulada pelas lideranças religiosas e políticas daquele
tempo. O povo vai a Jerusalém para celebrar a libertação. Mas o
que aí encontra é a maior exploração. Pior ainda: parece que Deus
está de acordo com tudo isso. A Páscoa não é mais a festa do
povo que celebra e revive a libertação, mas a festa das lideranças
exploradoras, que se aproveitam do momento para oprimir mais
ainda o povo.
15. Jesus não concorda com essa situação: “No templo, encon-
trou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas
sentados. Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do
templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e
derrubou as mesas dos cambistas” (vv. 14-15).
16. João nos mostra Jesus usando um chicote. Esse fato recorda
o que fora anunciado por Zacarias: “Nesse dia não haverá mais
comerciantes dentro do templo de Javé dos exércitos” (Zc 14,21).
Com esse gesto Jesus inaugura os tempos do Messias. Zacarias
previa um tempo em que o culto estaria plenamente isento da
exploração do povo. Para João, esse dia chegou com Jesus. A
partir de agora ninguém mais poderá, mesmo que o fizesse em
nome de Deus, defender um culto ou religião que sejam coniven-
tes com a exploração do povo.
17. Para aprofundar esse aspecto é preciso ter presente a situa-
ção econômica daquele tempo. Nessa época, as terras da Palestina
estavam nas mãos dos latifundiários. Esses pertenciam à elite
religiosa (sumos sacerdotes e anciãos) e moravam em Jerusalém.
O sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, o supremo tribu-
nal que condenará Jesus à morte. Três semanas antes da Páscoa os
arredores do templo se tornavam um grande mercado. O sumo
sacerdote enriquecia com o aluguel dos espaços para as barracas
dos vendedores e cambistas. Os animais criados nos latifúndios
eram conduzidos a Jerusalém e vendidos a preços que, nessas
ocasiões, aumentavam assustadoramente.
18. Todo judeu maior de idade devia ir a essa festa e pagar os
impostos previstos para o templo. O templo adotara a moeda tíria
(cunhada em Tiro, cidade pagã) como moeda oficial, pois ela não
desvalorizava com a inflação que, na época de Jesus, era muito
alta. A ironia disso está no fato que a Lei proibia o ingresso no
templo de moedas pagãs. Mas os gananciosos dirigentes religio-
sos burlavam a Lei em vista de seus privilégios. Os cambistas
faziam a troca das moedas “impuras” (as moedas inflacionadas de
quem morava na Palestina ou fora dela) pela moeda “pura” e, por
seu trabalho, cobravam altas taxas (8%).
19. Jesus expulsou do templo bois, ovelhas, pombas, animais
usados nos sacrifícios que o povo oferecia a Deus. Expulsando-os
do templo, Jesus declara inválidos todos esses sacrifícios, bem
como o culto que se sustenta graças à exploração.
20. Os vendedores de pombas são os mais visados por Jesus:
“Tirem isso daqui. Não façam da casa de meu Pai um mercado”
(v. 16). Os pobres, não tendo condições de oferecer a Deus ove-
lhas ou bois, sacrificavam pombas para os ritos de expiação e
purificação, bem como para os holocaustos de propiciação (cf. Lv
5,7; 14,22.30s). Pobres desses pobres! Além de nada terem, até
Deus parecia estar distante deles. A teologia veiculada pelo tem-
plo de Jerusalém é extremamente conservadora, isso porque os
dirigentes do templo estão por trás de todo o comércio que nele se
desenvolve. “O culto proporcionava enormes riquezas à cidade.
Sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do
templo. O gesto de Jesus toca, portanto, o ponto nevrálgico: o
sistema econômico do templo, com seu enorme afluxo de dinheiro
procedente do mundo todo conhecido… Era outra forma de ex-
ploração” (J. Mateos-J. Barreto, O Evangelho de São João, Pau-
lus, 1989, p. 150). Nas grandes festas o preço das pombas (sacri-
fício dos pobres) ia às nuvens, fortalecendo a exploração dos ricos
sobre os empobrecidos.
21. Deus, o aliado dos sofredores empobrecidos, sempre denun-
ciou, através dos profetas, a exploração da religião. Ele é o Deus
que ouve o clamor dos marginalizados. Mas a teologia veiculada
pelo templo de Jerusalém afirma o contrário. Para ser ouvido,
Deus precisa ser comprado através de sacrifícios. Mais ainda:
Deus precisa ser comprado por “dinheiro limpo”. A ira de Jesus
tem toda razão de ser.
22. O gesto de expulsar os comerciantes do templo suscita duas
reações. A primeira vem dos discípulos. Para eles, Jesus seria um
reformador da instituição. E até citam a Bíblia: “O zelo por tua
casa me consome” (v. 17; cf. Sl 69,9). Logo adiante (vv. 21-22)
João afirma que os discípulos, após a ressurreição de Jesus, redi-
mensionam seus conceitos a respeito de Jesus. Ele não é um re-
formador do templo, mas aquele que o substitui.
23. A segunda reação vem dos dirigentes, exatamente os que se
sentem lesados pelo gesto de Jesus acabar com o comércio no
templo. Eles o querem intimidar: “Que sinal nos mostras para agir
assim?” (v. 18). Jesus responde dizendo que sua morte e ressur-
reição serão o grande sinal: “Destruam este templo, e em três dias
eu o levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste
dia. Jesus não só aboliu os sacrifícios no templo de Jerusalém; ele
decretou que o fim do templo já chegou. É através do seu corpo,
morto e ressuscitado, que o povo se reencontra com Deus para
celebrar a Páscoa da libertação. A essa altura o Evangelho de João
já aponta para os responsáveis pela morte de Jesus.
24. Os vv. 23-25 iniciam novo assunto. Eles servem de introdu-
ção ao diálogo de Jesus com Nicodemos (cf. evangelho do próxi-
mo domingo). Parece estranho que Jesus não confie nas pessoas:
“Jesus não confiava neles, pois conhecia a todos. Ele não precisa-
va do testemunho de ninguém, porque conhecia o homem por
dentro”. Ele não confiava porque as pessoas viam nele um refor-
mador das velhas instituições, e não aquele que vem trazer o
vinho novo (cf. 2,10). Além disso, no Evangelho de João as pes-
soas são convidadas, a partir dos sinais que Jesus realiza (v. 23), a
descobrir a realidade para a qual apontam, mas que permanece
oculta a quem não dá, pela fé, sua adesão incondicional a Jesus.
2ªleitura (1Cor 1,22-25): Uma religião “escandalosa” e “lou-
ca”
25. A comunidade de Corinto era composta, em sua maioria,
por pessoas pobres e escravas: “entre vocês não há muitos intelec-
tuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade”
(1,26). Sabe-se que essa gente trabalhava nos cais dos portos,
transportando cargas pesadas, empurrando navios, levando uma
vida de verdadeiros “crucificados” da sociedade.
26. Paulo chegou a Corinto e foi anunciar a esses crucificados a
vitória de um crucificado como eles. Se dermos crédito ao que
Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, a opção preferencial de
Paulo pelos pobres deu-se sobretudo depois do fracasso diante das
elites de Atenas.
27. Não é possível falar de Deus aos crucificados de ontem e de
hoje a não ser falando da cruz de Cristo, ou seja, falando de um
Deus “escandaloso” e de uma religião “escandalosa” e “louca”,
pois Deus assumiu em Jesus esse risco. De fato, para um judeu a
cruz é o que existe de mais horrendo, pois a própria Lei considera
maldito quem foi crucificado (cf. Gl 3,13). Os judeus exigem uma
religião de sinais prodigiosos para acreditar. Em outras palavras,
uma religião sem riscos, “arroz-com-feijão”. Os gregos procuram
sabedoria (v. 22), ou seja, uma religião que não se encarna jamais,
puramente racional e científica, uma religião de laboratório.
28. Jesus escolheu o caminho do escândalo e da loucura, pois a
cruz é símbolo do fracasso, fraqueza, vergonha e maldição, mas
ao mesmo tempo é símbolo da encarnação do Filho de Deus em
nossa realidade mais concreta. Morrendo na cruz Jesus nos liber-
tou. É aí que reside o poder de Deus e sua sabedoria, pois Jesus é
a revelação máxima do projeto e do amor de Deus.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
29. A 1ª leitura (Ex 20,1-17) mostra que é possível construir uma sociedade justa e fraterna onde a vida de todos
seja preservada e promovida. O que os mandamentos nos sugerem diante da situação dos excluídos?
30. Jesus não veio pôr remendos em instituições que, além de não preservar e promover a vida, exploram o povo
em nome de Deus. E hoje, quais as instituições que não preservam nem promovem a vida do povo?...
31. Paulo nos ajuda a descobrir a verdadeira religião (1Cor 1,22-25). Quem acha que religião se resume em espe-
táculos programados sem riscos (sinais prodigiosos) ou em raciocínios bem elaborados (os gregos... religião de labo-
ratório), cedo ou tarde deverá ajustar contas com a necessidade de se encarnar nas realidades concretas do povo po-
bre e crucificado. Se não o fizer, não estará anunciando Cristo crucificado, mas a si mesmo.

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UMA RELIGIÃO VOLTADA PARA A VIDA E A LIBERDADE

  • 1. UMA RELIGIÃO VOLTADA PARA A VIDA E A LIBERDADE BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulos, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 3º DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO I. INTRODUÇÃO GERAL 1. Reunir-se para celebrar é expressar comunitariamente a própria fé e religião. Todavia, a religião, do modo como nos é apresentada nas leituras deste domingo, só pode ser verdadeira se estiver voltada para a vida e a liberdade de cada uma e de todas as pessoas. 2. As leituras de hoje nos dizem que a solidariedade para com os excluídos passa por leis justas que preservem e promovam a vida, sobretudo a dos que estão sendo privados da dignidade, e passa também através de uma religião que abandone, de uma vez por todas, a exploração das pessoas, mesmo que os exploradores da religião estejam invocando em sua defesa o próprio Deus. II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (Ex 20,1-17): A vida acima de tudo 3. O Decálogo privilegia a vida, propondo-a como valor ímpar. De fato, alguns estudos recentes afirmam que o eixo das Dez Palavras é o v. 13: “Não matarás”. A vida, portanto, é o núcleo da constituição do povo de Deus. Ao preservar ou promover a vida, Israel está sendo fiel ao Deus da Aliança que o libertou da escra- vidão do Egito. 4. O v. 2 funciona como introdução. Ele recorda quem é Deus. É aquele que ouve os clamores do povo e o liberta. É o Deus do povo que clama. O Egito é símbolo de todas as opressões infligi- das às pessoas. Sendo aquele que preserva e promove a vida, Javé se alia aos que sofrem, libertando-os de todos os “lugares de escravidão”. Esse versículo, porta de entrada do Decálogo, serve de ponto de referência, ou seja, Israel irá, através de uma legisla- ção justa, construir uma sociedade totalmente diferente do Egito, onde a vida nada valia e as pessoas eram tratadas como objetos. 5. O primeiro mandamento (vv. 3-6) proíbe a idolatria: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti ídolos… não te prostrarás diante deles, nem os servirás, pois eu sou o Senhor teu Deus, um Deus ciumento”. Israel não pode fabricar representa- ções do Deus que preserva e promove a vida, pois uma vez que pudesse ser representado por imagem ou figura, já estaria sendo manipulado pelas pessoas. Ao Deus da vida as pessoas respondem com adesão única e incondicional (fé monoteísta). Se Israel quiser se aproximar e ver o Deus que preserva e promove a vida, deve buscá-lo no irmão, feito “à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn 1,27), e não nos ídolos que não preservam nem promovem a vida das pessoas. O verdadeiro culto que se presta ao Deus vivo e verdadeiro é a defesa e promoção da vida. 6. O segundo mandamento (v. 7) proíbe pronunciar o nome de Deus em vão, “porque o Senhor não deixará de punir quem pro- nunciar seu nome em vão”. O Deus da vida e da liberdade não pode ser usado para acobertar a morte e a escravidão. 7. O terceiro mandamento (vv. 8-11) diz respeito ao sábado. No Egito não havia respeito pela pessoa, pois o que se fazia aí era trabalho escravo. A proibição do trabalho em dia de sábado é um freio à ganância e exploração de uma pessoa sobre a outra. O descanso no sábado permite que a pessoa se sinta viva e livre e tome consciência de todos os aspectos que envolvem sua vida (trabalho, lazer, fruição da vida). 8. O quarto mandamento (v. 12) manda honrar pai e mãe, a fonte da vida. No Egito, onde o povo de Deus viveu escravo, a honra e a vida eram atribuídas ao Faraó e suas divindades. Israel tem os pés no chão. O Deus que preserva e promove a vida manda honrar os pais, pois foi a partir deles que a vida de cada pessoa começou a existir. 9. O quinto mandamento (v. 13) é o eixo do Decálogo. Ele se opõe ao sistema social que vigorava no Egito, o lugar da escravi- dão. Aí fora decretada a extinção do povo de Deus. Israel, para ser fiel ao Deus que preserva e promove a vida, deverá pôr a vida como valor absoluto. 10. O sexto mandamento (v. 14) focaliza a preservação e pro- moção da vida na família: “Não cometerás adultério”. O adultério destrói a relação familiar. 11. O sétimo mandamento (v. 15) ordena: “Não roubarás”. Vários estudiosos afirmam que o verbo “roubar”, neste caso, está relacionado com escravização e privação da liberdade de alguém. Neste caso, não se trata simplesmente de tirar algum objeto que pertence a outra pessoa. A questão é mais profunda. Trata-se de não escravizar as pessoas, pois esse era o sistema social que vigo- rava no Egito, onde a vida não era preservada nem promovida. Isso nos faz pensar no mundo dos encarcerados, onde muita gente vive em situação de verdadeira escravidão. 12. O oitavo mandamento (v. 16) diz respeito à vida a ser pre- servada e promovida através de julgamentos e sentenças justas: “Não levantarás falso testemunho contra o próximo”. Se os po- bres e os fracos não encontram quem lhes faça justiça, a socieda- de se torna um novo Egito, cheio de clamores e opressões, pois a impunidade da injustiça é a pior escola numa sociedade corrupta. 13. Os dois últimos mandamentos (v. 17) proíbem a cobiça (casa, mulher, escravo/a, boi, jumento), fonte e origem de toda injustiça social, pois o desejo do acúmulo é o pai de todos os males. Isso acontecia no Egito, onde o Faraó concentrava tudo em suas mãos: terras, poder, bens, riquezas. Para construir uma soci- edade alternativa, Israel precisa aprender a justiça e a partilha. Evangelho (Jo 2,13-25): Religião não é comércio 14. Por ocasião da festa da Páscoa a cidade de Jerusalém se enchia de peregrinos. Páscoa era, para os judeus, a festa principal, pois nela o povo recordava a libertação da escravidão do Egito. No tempo de Jesus, o povo ia a Jerusalém para essa celebração festiva. Contudo, a Páscoa deixara de ser uma festa popular por ter sido manipulada pelas lideranças religiosas e políticas daquele tempo. O povo vai a Jerusalém para celebrar a libertação. Mas o que aí encontra é a maior exploração. Pior ainda: parece que Deus está de acordo com tudo isso. A Páscoa não é mais a festa do povo que celebra e revive a libertação, mas a festa das lideranças exploradoras, que se aproveitam do momento para oprimir mais ainda o povo. 15. Jesus não concorda com essa situação: “No templo, encon- trou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas” (vv. 14-15). 16. João nos mostra Jesus usando um chicote. Esse fato recorda o que fora anunciado por Zacarias: “Nesse dia não haverá mais comerciantes dentro do templo de Javé dos exércitos” (Zc 14,21). Com esse gesto Jesus inaugura os tempos do Messias. Zacarias previa um tempo em que o culto estaria plenamente isento da exploração do povo. Para João, esse dia chegou com Jesus. A partir de agora ninguém mais poderá, mesmo que o fizesse em nome de Deus, defender um culto ou religião que sejam coniven- tes com a exploração do povo. 17. Para aprofundar esse aspecto é preciso ter presente a situa- ção econômica daquele tempo. Nessa época, as terras da Palestina estavam nas mãos dos latifundiários. Esses pertenciam à elite religiosa (sumos sacerdotes e anciãos) e moravam em Jerusalém. O sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, o supremo tribu-
  • 2. nal que condenará Jesus à morte. Três semanas antes da Páscoa os arredores do templo se tornavam um grande mercado. O sumo sacerdote enriquecia com o aluguel dos espaços para as barracas dos vendedores e cambistas. Os animais criados nos latifúndios eram conduzidos a Jerusalém e vendidos a preços que, nessas ocasiões, aumentavam assustadoramente. 18. Todo judeu maior de idade devia ir a essa festa e pagar os impostos previstos para o templo. O templo adotara a moeda tíria (cunhada em Tiro, cidade pagã) como moeda oficial, pois ela não desvalorizava com a inflação que, na época de Jesus, era muito alta. A ironia disso está no fato que a Lei proibia o ingresso no templo de moedas pagãs. Mas os gananciosos dirigentes religio- sos burlavam a Lei em vista de seus privilégios. Os cambistas faziam a troca das moedas “impuras” (as moedas inflacionadas de quem morava na Palestina ou fora dela) pela moeda “pura” e, por seu trabalho, cobravam altas taxas (8%). 19. Jesus expulsou do templo bois, ovelhas, pombas, animais usados nos sacrifícios que o povo oferecia a Deus. Expulsando-os do templo, Jesus declara inválidos todos esses sacrifícios, bem como o culto que se sustenta graças à exploração. 20. Os vendedores de pombas são os mais visados por Jesus: “Tirem isso daqui. Não façam da casa de meu Pai um mercado” (v. 16). Os pobres, não tendo condições de oferecer a Deus ove- lhas ou bois, sacrificavam pombas para os ritos de expiação e purificação, bem como para os holocaustos de propiciação (cf. Lv 5,7; 14,22.30s). Pobres desses pobres! Além de nada terem, até Deus parecia estar distante deles. A teologia veiculada pelo tem- plo de Jerusalém é extremamente conservadora, isso porque os dirigentes do templo estão por trás de todo o comércio que nele se desenvolve. “O culto proporcionava enormes riquezas à cidade. Sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do templo. O gesto de Jesus toca, portanto, o ponto nevrálgico: o sistema econômico do templo, com seu enorme afluxo de dinheiro procedente do mundo todo conhecido… Era outra forma de ex- ploração” (J. Mateos-J. Barreto, O Evangelho de São João, Pau- lus, 1989, p. 150). Nas grandes festas o preço das pombas (sacri- fício dos pobres) ia às nuvens, fortalecendo a exploração dos ricos sobre os empobrecidos. 21. Deus, o aliado dos sofredores empobrecidos, sempre denun- ciou, através dos profetas, a exploração da religião. Ele é o Deus que ouve o clamor dos marginalizados. Mas a teologia veiculada pelo templo de Jerusalém afirma o contrário. Para ser ouvido, Deus precisa ser comprado através de sacrifícios. Mais ainda: Deus precisa ser comprado por “dinheiro limpo”. A ira de Jesus tem toda razão de ser. 22. O gesto de expulsar os comerciantes do templo suscita duas reações. A primeira vem dos discípulos. Para eles, Jesus seria um reformador da instituição. E até citam a Bíblia: “O zelo por tua casa me consome” (v. 17; cf. Sl 69,9). Logo adiante (vv. 21-22) João afirma que os discípulos, após a ressurreição de Jesus, redi- mensionam seus conceitos a respeito de Jesus. Ele não é um re- formador do templo, mas aquele que o substitui. 23. A segunda reação vem dos dirigentes, exatamente os que se sentem lesados pelo gesto de Jesus acabar com o comércio no templo. Eles o querem intimidar: “Que sinal nos mostras para agir assim?” (v. 18). Jesus responde dizendo que sua morte e ressur- reição serão o grande sinal: “Destruam este templo, e em três dias eu o levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste dia. Jesus não só aboliu os sacrifícios no templo de Jerusalém; ele decretou que o fim do templo já chegou. É através do seu corpo, morto e ressuscitado, que o povo se reencontra com Deus para celebrar a Páscoa da libertação. A essa altura o Evangelho de João já aponta para os responsáveis pela morte de Jesus. 24. Os vv. 23-25 iniciam novo assunto. Eles servem de introdu- ção ao diálogo de Jesus com Nicodemos (cf. evangelho do próxi- mo domingo). Parece estranho que Jesus não confie nas pessoas: “Jesus não confiava neles, pois conhecia a todos. Ele não precisa- va do testemunho de ninguém, porque conhecia o homem por dentro”. Ele não confiava porque as pessoas viam nele um refor- mador das velhas instituições, e não aquele que vem trazer o vinho novo (cf. 2,10). Além disso, no Evangelho de João as pes- soas são convidadas, a partir dos sinais que Jesus realiza (v. 23), a descobrir a realidade para a qual apontam, mas que permanece oculta a quem não dá, pela fé, sua adesão incondicional a Jesus. 2ªleitura (1Cor 1,22-25): Uma religião “escandalosa” e “lou- ca” 25. A comunidade de Corinto era composta, em sua maioria, por pessoas pobres e escravas: “entre vocês não há muitos intelec- tuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade” (1,26). Sabe-se que essa gente trabalhava nos cais dos portos, transportando cargas pesadas, empurrando navios, levando uma vida de verdadeiros “crucificados” da sociedade. 26. Paulo chegou a Corinto e foi anunciar a esses crucificados a vitória de um crucificado como eles. Se dermos crédito ao que Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, a opção preferencial de Paulo pelos pobres deu-se sobretudo depois do fracasso diante das elites de Atenas. 27. Não é possível falar de Deus aos crucificados de ontem e de hoje a não ser falando da cruz de Cristo, ou seja, falando de um Deus “escandaloso” e de uma religião “escandalosa” e “louca”, pois Deus assumiu em Jesus esse risco. De fato, para um judeu a cruz é o que existe de mais horrendo, pois a própria Lei considera maldito quem foi crucificado (cf. Gl 3,13). Os judeus exigem uma religião de sinais prodigiosos para acreditar. Em outras palavras, uma religião sem riscos, “arroz-com-feijão”. Os gregos procuram sabedoria (v. 22), ou seja, uma religião que não se encarna jamais, puramente racional e científica, uma religião de laboratório. 28. Jesus escolheu o caminho do escândalo e da loucura, pois a cruz é símbolo do fracasso, fraqueza, vergonha e maldição, mas ao mesmo tempo é símbolo da encarnação do Filho de Deus em nossa realidade mais concreta. Morrendo na cruz Jesus nos liber- tou. É aí que reside o poder de Deus e sua sabedoria, pois Jesus é a revelação máxima do projeto e do amor de Deus. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 29. A 1ª leitura (Ex 20,1-17) mostra que é possível construir uma sociedade justa e fraterna onde a vida de todos seja preservada e promovida. O que os mandamentos nos sugerem diante da situação dos excluídos? 30. Jesus não veio pôr remendos em instituições que, além de não preservar e promover a vida, exploram o povo em nome de Deus. E hoje, quais as instituições que não preservam nem promovem a vida do povo?... 31. Paulo nos ajuda a descobrir a verdadeira religião (1Cor 1,22-25). Quem acha que religião se resume em espe- táculos programados sem riscos (sinais prodigiosos) ou em raciocínios bem elaborados (os gregos... religião de labo- ratório), cedo ou tarde deverá ajustar contas com a necessidade de se encarnar nas realidades concretas do povo po- bre e crucificado. Se não o fizer, não estará anunciando Cristo crucificado, mas a si mesmo.