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TENTAÇÕES DE JESUS E DOS CRISTÃOS
BORTOLINE, Pe. José – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 1° DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO

I. INTRODUÇÃO GERAL

mente isso o que acontece em nosso país? Não é a falta de
paz fruto da injustiça?

As comunidades cristãs iniciam sua caminhada quaresmal atentas aos apelos que nos vêm da realidade. Procu- Evangelho (Mt 4,1-11): Como realizar a justiça do Reirando, com base no Evangelho responder aos desafios do no?
presente na implantação do reino de Deus.
6.
Para o evangelista Mateus, Jesus é o Mestre da Justiça.
2.
Na liturgia deste domingo celebramos a memória da- Suas primeiras palavras neste evangelho traçam-lhe o proquele que venceu a tentação do acúmulo, prestígio e poder, grama: "Devemos cumprir toda a justiça" (3,15). Porém,
e se tornou pão de vida para que todos possam viver. Sua como realizar a justiça do Reino? É tentando esclarecer
obediência ao Pai até o fim trouxe para nós a justificação. essa pergunta que Mateus apresenta, logo a seguir, as tenNa celebração da Eucaristia Jesus é a árvore da vida que o tações de Jesus. Elas indicam os caminhos pelos quais a
Pai plantou no centro de nossa existência. Com ele nasce- justiça do Reino não vem até nós.
mos para uma vida nova, baseada na partilha e fraternidade.
7.
As tentações de Jesus acontecem no deserto, onde ele é
conduzido pelo Espírito. O deserto lembra o tempo da gesII. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
tação do projeto de Deus para o povo do Antigo Testamen1ª leitura (Gn 2,7-9; 3,1-7): Quem é o ser humano?
to. Foi lá que forjaram, a duras penas, um projeto político
3.
Temos diante dos olhos o segundo relato da criação, de sociedade alternativa, onde o poder fosse partilhado
surgido no séc. X a.C., quando Salomão reinava sobre Isra- gerando a liberdade (política), e os bens repartidos susciel. Trata-se de uma reflexão sapiencial sobre o ser humano. tando a vida (economia), sem traços nem sinais da opressão
Quem escreveu esse texto não estava preocupado em mos- (perda da liberdade) e exploração (perda dos bens) vividas
trar fatos históricos, e sim ajudar a refletir sobre o projeto no Egito. Mateus recorda que Jesus foi tentado durante
de Deus a respeito do ser humano e sobre a possibilidade quarenta dias e quarenta noites (v. 2). Esse número é simde perversão desse mesmo projeto. De fato, Gn 2,8-17 bólico. Lembra o período em que Moisés ficou na montadescreve, sob a imagem de um jardim, a vida paradisíaca nha (Ex 34,28), sem comer nem beber, a fim de receber, na
que Deus planejou para nós. Trata-se de imagem muito intimidade com Deus, o contrato da aliança para a nova
apreciada pelos que viviam no deserto: seu sonho era morar sociedade. Lembra também o tempo em que Elias permanum pomar onde não faltasse água, com frutos de toda neceu no monte Horeb, depois do qual desceu para transespécie. No centro desse pomar está a árvore da vida, sínte- formar completamente a sociedade, ungindo por meio de
se de tudo o que o ser humano possa desejar (v. 9b). Deus, Eliseu um novo rei para Israel (cf. 1Rs 19,8). Lembra, ainportanto, põe no centro da criação aquilo que as pessoas da, os quarenta anos dos hebreus no deserto, com suas
mais anseiam, isto é, a própria vida. O ser humano pode tentações de voltar ao Egito, mesmo que fosse para viver
usufruir dos bens que Deus destinou à vida. Porém, junto à como escravos, desde que de barriga cheia. Jesus conhecia
árvore da vida está a árvore do conhecimento do bem e do as tentações e descaminhos do seu povo. Por isso propõe
mal, isto é, a possibilidade de o ser humano tornar-se, por novos caminhos para realizar a justiça do Reino. Quais são
sua auto-suficiência e ganância, o último critério na decisão esses caminhos?
do que é bom ou mau para si e para os outros.
a. Primeira tentação: realizar a justiça do Reino mediante
4.
O jogo da serpente, símbolo da auto-suficiência e da a abundância (vv. 1-4)
idolatria, é fazer com que as pessoas, apropriando-se da
8.
O diabo é aquele que tem um projeto social capaz de
árvore do conhecimento do bem e do mal, se tornem como
perverter o projeto de Deus e de Jesus. Pode ser uma intuiDeus, conhecedoras do bem e do mal (3,4). Quando nos
ção, um projeto, um tipo de sociedade, um partido político
colocamos no lugar de Deus roubamos uma prerrogativa
etc. A proposta que ele faz é de que Jesus realize a justica
que pertence unicamente ao Criador e nos tornamos idólado Reino mediante um passe de mágica, utilizando Deus
tras, pois cultuamos a nós mesmos e a nossa ganância. A
em benefício próprio: "Se és Filho de Deus, manda que
ganância é descrita no cap. 3 sob a forma de comer. Esse
essas pedras se tornem pães!" (v. 3). Ele quer um deus que
verbo, que aí aparece várias vezes, outra coisa não é senão
seja garantia de prosperidade, um deus de palanque.
o desejo de possuir tudo e todos.
9.
Jesus recusa ser o messias da abundância porque o
5.
O que acontece quando as pessoas dão livre curso à
projeto de Deus vai além de promessas eleitoreiras: "Não
ganância, ao desejo de posse e à auto-suficiência? Elas
só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da
deparam com a morte. De fato, a culpa do ser humano desboca de Deus" (v. 4; cf. Dt 8,3). O texto do Deuteronômio
crita no cap. 3 adquire contornos definitivos no cap. 4,
citado por Jesus fala do tempo em que o povo vivia no
onde Caim se apodera da vida do irmão fraco e indefeso,
deserto e se contentava em viver assim desde que tivesse
matando-o. Essa é a nudez do ser humano: perceber que,
pão para comer. A palavra de Javé, porém, tem objetivos
quando abrimos as portas à ganância, não nos resta outra
mais amplos: conduzir todo o povo à plena posse da libercoisa senão nos defender, pois as pessoas se tornam, mutudade e da vida. A palavra que sai da boca de Deus recorda
amente, um perigo que devora: "Então se abriram os olhos
também o início da criação: ela sai da boca de Deus e a
de ambos e eles viram que estavam nus. Teceram, então,
harmonia da criação vai acontecendo à medida que ele fala,
para si vestes com folhas de figueira" (3,7). Não é justatransformando a desordem em vida.
1.
Mais adiante, no episódio dos pães, Jesus mostrará que quê?", questionando-nos sob o tema: "Fraternidade e dea justiça do Reino se constrói mediante a partilha de tudo sempregados". Ótima ocasião para abrir os olhos e perceentre todos.
bermos que a injustiça de nossa sociedade é fruto do acúmulo dos bens (1ª tentação), da busca de prestígio (2ª tentab. Segunda tentação: realizar a justiça do Reino mediante
ção) e da concentração do poder (3ª tentação). As possibilio prestígio (vv. 5-7)
dades de emprego aumentarão quando o povo começar a
11. O diabo tenta Jesus para que abuse do poder de Deus a crer que é possível, também mediante a participação polítifim de se livrar da morte. E desta vez utiliza um texto da ca, mudar os rumos da sociedade que privilegia alguns às
Bíblia (Sl 91,11-12). Jesus é convidado a se precipitar do custas da ignorância, manipulação ou omissão de muitos.
ponto mais alto do Templo de Jerusalém, para demonstrar
18. É um alerta também para quantos lidam com religião e
que Deus está do lado dele e que será capaz de libertá-lo da
fé populares. Pôr Deus a nosso serviço (1ª tentação) para
morte. Segundo a crença popular, era nesse lugar que o
acumular prestígio e fama (2ª tentação) e assim ter mais
Messias daria mostras de ser o enviado de Deus.
poder (3ª tentação) é um risco para todas as pessoas de
12. Jesus recusa ser o messias do prestígio. Recusa-se, religião, sobretudo os "missionários oportunistas" que exsobretudo, escapar da morte, pois o projeto de Deus, que é ploram a fé e o bolso do povo.
realizar a justiça do Reino, passa pela morte do Mestre da
2ª leitura (Rm 5,12-19): Em Cristo passamos da morte à
Justiça: "Não tentarás o Senhor teu Deus" (v. 7). Ser messivida
as do prestígio é idolatria.
19. Paulo apresenta duas personagens das quais dependem
c. Terceira tentação: realizar a justiça do Reino mediante
dois modos de vida contrastantes entre si: Adão e Cristo. O
o poder (vv. 8-10)
primeiro, desobediente, introduziu no mundo o pecado.
13. O diabo volta à carga, propondo que Jesus realize a Solidário com ele, todos pecaram e todos estão sob o regijustiça do Reino mediante a usurpação do poder: "Eu te me da morte. O segundo, obediente, trouxe à humanidade a
darei todos os reinos do mundo e as suas riquezas se te graça e o dom, de onde nasce a vida para todos. O interesse
prostrares diante de mim, para me adorar" (vv. 8b-9).
de Paulo não é tanto mostrar o contraste entre Adão e Cristo, quanto reforçar a idéia de que, pelo batismo, estamos
14. Os adversários de Jesus diziam que ele expulsava devivendo tempo e regime novos, pois em Cristo a humanimônios por ordem de Belzebu, chefe dos demônios (cf. Mt
dade renasceu para a vida plena. O tempo da graça é infini12,25-28). Jesus é tentado a realizar a justiça do Reino
tamente superior ao regime da escravidão e da morte, pois
tornando-se chefe político de uma sociedade injusta. Como
"não acontece com a graça o mesmo que acontece com a
poderá realizar a justiça do Reino tornando-se dono da vida
falta. Portanto, se pela falta de um só todos morreram, com
e controlando a liberdade das pessoas?
maior razão se espalhou sobre todos com abundância a
15. Jesus recusa ser o messias do poder: "A Escritura diz: graça de Deus e o dom concedido em um só homem, Jesus
Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele servirás" (v. Cristo" (v. 15).
10; cf. Dt 6,13). A citação completa desse versículo do
20. Cada um de nós traz Adão na sua carne. Ele é nosso
Deuteronômio mostra claramente que absolutizar-se no
pai, irmão e filho ao mesmo tempo, pois nós também nos
poder é repetir a ação opressora do Faraó. Além disso, a
deixamos submeter pela auto-suficiência e ganância (cf. I
última tentação deixa claro que os reinos do mundo e as
leitura). Contudo, o batismo, que é participação na morte e
suas riquezas são coisas diabólicas. Jesus tem outros camiressurreição de Jesus, fez de nós gente nova. Isso não é
nhos para realizar a justiça do Reino.
mérito nosso, e sim fruto da solidariedade de Jesus que,
16. O evangelho de hoje termina dizendo que o diabo dei- com sua morte, nos justificou, fazendo-nos passar da morte
xou Jesus, os anjos de Deus se aproximaram e o serviram à vida.
(v. 11). Vencidas as tentações da abundância, prestígio e
21. A solidariedade de Jesus para conosco, e a nossa para
poder, ele está pronto a proclamar e instaurar a justiça do
com ele, abriu o caminho para a fraternidade universal.
Reino através da partilha, do cumprimento da vontade de
Fraternidade sem justiça é mentira. E paz sem justiça é
Deus e do serviço até a doação da vida.
impossível.
17. – Demos ouvido neste momento ao grito profético da
Campanha da Fraternidade de 1999: "Sem trabalho… por
10.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO
22. O projeto de Deus é um projeto de vida (1ª leitura, Gn 2,7-9; 3,1-7). A vida se traduz, entre outras coisas, na justiça que gera a paz. Nesse caso, o que a serpente representa?
23. Jesus realiza a justiça do Reino vencendo a tentação da abundância, prestígio e poder (evangelho, Mt
4,1-11). Como vencer a tentação do acúmulo e do poder? Quais são as formas alternativas descobertas pelas
CEBs para realizar a justiça do Reino? O que se esconde por trás da concentração dos bens e do poder em
nosso país?
24. Paulo afirma que o batismo é o nascimento para uma vida nova, pois é participação na morteressurreição de Jesus (2ª leitura, Rm 5,12-19). Com isso, desaparece o "Adão", marcado pela ganância e auto-suficiência, para dar lugar à nova maneira de ver e sentir a vida humana, baseada na fraternidade e na justiça que gera a paz. Contudo, por que, no que se refere especificamente à justiça, ainda vivemos situações de
morte e de "velha humanidade"?

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As tentações de Jesus e dos cristãos

  • 1. TENTAÇÕES DE JESUS E DOS CRISTÃOS BORTOLINE, Pe. José – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 1° DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO I. INTRODUÇÃO GERAL mente isso o que acontece em nosso país? Não é a falta de paz fruto da injustiça? As comunidades cristãs iniciam sua caminhada quaresmal atentas aos apelos que nos vêm da realidade. Procu- Evangelho (Mt 4,1-11): Como realizar a justiça do Reirando, com base no Evangelho responder aos desafios do no? presente na implantação do reino de Deus. 6. Para o evangelista Mateus, Jesus é o Mestre da Justiça. 2. Na liturgia deste domingo celebramos a memória da- Suas primeiras palavras neste evangelho traçam-lhe o proquele que venceu a tentação do acúmulo, prestígio e poder, grama: "Devemos cumprir toda a justiça" (3,15). Porém, e se tornou pão de vida para que todos possam viver. Sua como realizar a justiça do Reino? É tentando esclarecer obediência ao Pai até o fim trouxe para nós a justificação. essa pergunta que Mateus apresenta, logo a seguir, as tenNa celebração da Eucaristia Jesus é a árvore da vida que o tações de Jesus. Elas indicam os caminhos pelos quais a Pai plantou no centro de nossa existência. Com ele nasce- justiça do Reino não vem até nós. mos para uma vida nova, baseada na partilha e fraternidade. 7. As tentações de Jesus acontecem no deserto, onde ele é conduzido pelo Espírito. O deserto lembra o tempo da gesII. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS tação do projeto de Deus para o povo do Antigo Testamen1ª leitura (Gn 2,7-9; 3,1-7): Quem é o ser humano? to. Foi lá que forjaram, a duras penas, um projeto político 3. Temos diante dos olhos o segundo relato da criação, de sociedade alternativa, onde o poder fosse partilhado surgido no séc. X a.C., quando Salomão reinava sobre Isra- gerando a liberdade (política), e os bens repartidos susciel. Trata-se de uma reflexão sapiencial sobre o ser humano. tando a vida (economia), sem traços nem sinais da opressão Quem escreveu esse texto não estava preocupado em mos- (perda da liberdade) e exploração (perda dos bens) vividas trar fatos históricos, e sim ajudar a refletir sobre o projeto no Egito. Mateus recorda que Jesus foi tentado durante de Deus a respeito do ser humano e sobre a possibilidade quarenta dias e quarenta noites (v. 2). Esse número é simde perversão desse mesmo projeto. De fato, Gn 2,8-17 bólico. Lembra o período em que Moisés ficou na montadescreve, sob a imagem de um jardim, a vida paradisíaca nha (Ex 34,28), sem comer nem beber, a fim de receber, na que Deus planejou para nós. Trata-se de imagem muito intimidade com Deus, o contrato da aliança para a nova apreciada pelos que viviam no deserto: seu sonho era morar sociedade. Lembra também o tempo em que Elias permanum pomar onde não faltasse água, com frutos de toda neceu no monte Horeb, depois do qual desceu para transespécie. No centro desse pomar está a árvore da vida, sínte- formar completamente a sociedade, ungindo por meio de se de tudo o que o ser humano possa desejar (v. 9b). Deus, Eliseu um novo rei para Israel (cf. 1Rs 19,8). Lembra, ainportanto, põe no centro da criação aquilo que as pessoas da, os quarenta anos dos hebreus no deserto, com suas mais anseiam, isto é, a própria vida. O ser humano pode tentações de voltar ao Egito, mesmo que fosse para viver usufruir dos bens que Deus destinou à vida. Porém, junto à como escravos, desde que de barriga cheia. Jesus conhecia árvore da vida está a árvore do conhecimento do bem e do as tentações e descaminhos do seu povo. Por isso propõe mal, isto é, a possibilidade de o ser humano tornar-se, por novos caminhos para realizar a justiça do Reino. Quais são sua auto-suficiência e ganância, o último critério na decisão esses caminhos? do que é bom ou mau para si e para os outros. a. Primeira tentação: realizar a justiça do Reino mediante 4. O jogo da serpente, símbolo da auto-suficiência e da a abundância (vv. 1-4) idolatria, é fazer com que as pessoas, apropriando-se da 8. O diabo é aquele que tem um projeto social capaz de árvore do conhecimento do bem e do mal, se tornem como perverter o projeto de Deus e de Jesus. Pode ser uma intuiDeus, conhecedoras do bem e do mal (3,4). Quando nos ção, um projeto, um tipo de sociedade, um partido político colocamos no lugar de Deus roubamos uma prerrogativa etc. A proposta que ele faz é de que Jesus realize a justica que pertence unicamente ao Criador e nos tornamos idólado Reino mediante um passe de mágica, utilizando Deus tras, pois cultuamos a nós mesmos e a nossa ganância. A em benefício próprio: "Se és Filho de Deus, manda que ganância é descrita no cap. 3 sob a forma de comer. Esse essas pedras se tornem pães!" (v. 3). Ele quer um deus que verbo, que aí aparece várias vezes, outra coisa não é senão seja garantia de prosperidade, um deus de palanque. o desejo de possuir tudo e todos. 9. Jesus recusa ser o messias da abundância porque o 5. O que acontece quando as pessoas dão livre curso à projeto de Deus vai além de promessas eleitoreiras: "Não ganância, ao desejo de posse e à auto-suficiência? Elas só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da deparam com a morte. De fato, a culpa do ser humano desboca de Deus" (v. 4; cf. Dt 8,3). O texto do Deuteronômio crita no cap. 3 adquire contornos definitivos no cap. 4, citado por Jesus fala do tempo em que o povo vivia no onde Caim se apodera da vida do irmão fraco e indefeso, deserto e se contentava em viver assim desde que tivesse matando-o. Essa é a nudez do ser humano: perceber que, pão para comer. A palavra de Javé, porém, tem objetivos quando abrimos as portas à ganância, não nos resta outra mais amplos: conduzir todo o povo à plena posse da libercoisa senão nos defender, pois as pessoas se tornam, mutudade e da vida. A palavra que sai da boca de Deus recorda amente, um perigo que devora: "Então se abriram os olhos também o início da criação: ela sai da boca de Deus e a de ambos e eles viram que estavam nus. Teceram, então, harmonia da criação vai acontecendo à medida que ele fala, para si vestes com folhas de figueira" (3,7). Não é justatransformando a desordem em vida. 1.
  • 2. Mais adiante, no episódio dos pães, Jesus mostrará que quê?", questionando-nos sob o tema: "Fraternidade e dea justiça do Reino se constrói mediante a partilha de tudo sempregados". Ótima ocasião para abrir os olhos e perceentre todos. bermos que a injustiça de nossa sociedade é fruto do acúmulo dos bens (1ª tentação), da busca de prestígio (2ª tentab. Segunda tentação: realizar a justiça do Reino mediante ção) e da concentração do poder (3ª tentação). As possibilio prestígio (vv. 5-7) dades de emprego aumentarão quando o povo começar a 11. O diabo tenta Jesus para que abuse do poder de Deus a crer que é possível, também mediante a participação polítifim de se livrar da morte. E desta vez utiliza um texto da ca, mudar os rumos da sociedade que privilegia alguns às Bíblia (Sl 91,11-12). Jesus é convidado a se precipitar do custas da ignorância, manipulação ou omissão de muitos. ponto mais alto do Templo de Jerusalém, para demonstrar 18. É um alerta também para quantos lidam com religião e que Deus está do lado dele e que será capaz de libertá-lo da fé populares. Pôr Deus a nosso serviço (1ª tentação) para morte. Segundo a crença popular, era nesse lugar que o acumular prestígio e fama (2ª tentação) e assim ter mais Messias daria mostras de ser o enviado de Deus. poder (3ª tentação) é um risco para todas as pessoas de 12. Jesus recusa ser o messias do prestígio. Recusa-se, religião, sobretudo os "missionários oportunistas" que exsobretudo, escapar da morte, pois o projeto de Deus, que é ploram a fé e o bolso do povo. realizar a justiça do Reino, passa pela morte do Mestre da 2ª leitura (Rm 5,12-19): Em Cristo passamos da morte à Justiça: "Não tentarás o Senhor teu Deus" (v. 7). Ser messivida as do prestígio é idolatria. 19. Paulo apresenta duas personagens das quais dependem c. Terceira tentação: realizar a justiça do Reino mediante dois modos de vida contrastantes entre si: Adão e Cristo. O o poder (vv. 8-10) primeiro, desobediente, introduziu no mundo o pecado. 13. O diabo volta à carga, propondo que Jesus realize a Solidário com ele, todos pecaram e todos estão sob o regijustiça do Reino mediante a usurpação do poder: "Eu te me da morte. O segundo, obediente, trouxe à humanidade a darei todos os reinos do mundo e as suas riquezas se te graça e o dom, de onde nasce a vida para todos. O interesse prostrares diante de mim, para me adorar" (vv. 8b-9). de Paulo não é tanto mostrar o contraste entre Adão e Cristo, quanto reforçar a idéia de que, pelo batismo, estamos 14. Os adversários de Jesus diziam que ele expulsava devivendo tempo e regime novos, pois em Cristo a humanimônios por ordem de Belzebu, chefe dos demônios (cf. Mt dade renasceu para a vida plena. O tempo da graça é infini12,25-28). Jesus é tentado a realizar a justiça do Reino tamente superior ao regime da escravidão e da morte, pois tornando-se chefe político de uma sociedade injusta. Como "não acontece com a graça o mesmo que acontece com a poderá realizar a justiça do Reino tornando-se dono da vida falta. Portanto, se pela falta de um só todos morreram, com e controlando a liberdade das pessoas? maior razão se espalhou sobre todos com abundância a 15. Jesus recusa ser o messias do poder: "A Escritura diz: graça de Deus e o dom concedido em um só homem, Jesus Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele servirás" (v. Cristo" (v. 15). 10; cf. Dt 6,13). A citação completa desse versículo do 20. Cada um de nós traz Adão na sua carne. Ele é nosso Deuteronômio mostra claramente que absolutizar-se no pai, irmão e filho ao mesmo tempo, pois nós também nos poder é repetir a ação opressora do Faraó. Além disso, a deixamos submeter pela auto-suficiência e ganância (cf. I última tentação deixa claro que os reinos do mundo e as leitura). Contudo, o batismo, que é participação na morte e suas riquezas são coisas diabólicas. Jesus tem outros camiressurreição de Jesus, fez de nós gente nova. Isso não é nhos para realizar a justiça do Reino. mérito nosso, e sim fruto da solidariedade de Jesus que, 16. O evangelho de hoje termina dizendo que o diabo dei- com sua morte, nos justificou, fazendo-nos passar da morte xou Jesus, os anjos de Deus se aproximaram e o serviram à vida. (v. 11). Vencidas as tentações da abundância, prestígio e 21. A solidariedade de Jesus para conosco, e a nossa para poder, ele está pronto a proclamar e instaurar a justiça do com ele, abriu o caminho para a fraternidade universal. Reino através da partilha, do cumprimento da vontade de Fraternidade sem justiça é mentira. E paz sem justiça é Deus e do serviço até a doação da vida. impossível. 17. – Demos ouvido neste momento ao grito profético da Campanha da Fraternidade de 1999: "Sem trabalho… por 10. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 22. O projeto de Deus é um projeto de vida (1ª leitura, Gn 2,7-9; 3,1-7). A vida se traduz, entre outras coisas, na justiça que gera a paz. Nesse caso, o que a serpente representa? 23. Jesus realiza a justiça do Reino vencendo a tentação da abundância, prestígio e poder (evangelho, Mt 4,1-11). Como vencer a tentação do acúmulo e do poder? Quais são as formas alternativas descobertas pelas CEBs para realizar a justiça do Reino? O que se esconde por trás da concentração dos bens e do poder em nosso país? 24. Paulo afirma que o batismo é o nascimento para uma vida nova, pois é participação na morteressurreição de Jesus (2ª leitura, Rm 5,12-19). Com isso, desaparece o "Adão", marcado pela ganância e auto-suficiência, para dar lugar à nova maneira de ver e sentir a vida humana, baseada na fraternidade e na justiça que gera a paz. Contudo, por que, no que se refere especificamente à justiça, ainda vivemos situações de morte e de "velha humanidade"?