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JESUS E A SEDE DA HUMANIDADEBORTOLINE, Pe. José – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 3° DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. Celebramos a memória do amor que Deus tem
para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós
quando ainda éramos pecadores. Por meio da fé fomos
justificados por Deus e estamos em paz com ele por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo (2ª leitura: Rm
5,1-2.5-8). Mas a sede da humanidade revela que ain-
da somos envolvidos por preconceitos de sexo, raça e
religião (evangelho: Jo 4,5-42). Hoje queremos beber
do poço que é Jesus, pois ele é o dom que Deus nos
concedeu. Com ele caminhamos da escravidão para a
liberdade, na certeza de que Deus é aquele que está no
meio de nós (1ª leitura: Ex 17,3-7).
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (Ex 17,3-7): Deus sustenta a caminhada
do povo
2. No nível superficial, o texto de hoje quer explicar
a origem dos lugares chamados Massa e Meriba. Na
língua hebraica esses nomes significam, respectiva-
mente, "provocação" e "contestação". Tentou-se, por
isso, associar esses lugares a um momento difícil da
caminhada do povo de Deus em direção à Terra Pro-
metida, caracterizado pela falta d’água no deserto.
3. No nível profundo, o texto lê os acontecimentos à
luz da fé no Deus libertador, aliado do povo no pro-
cesso de conquista de liberdade e vida. O deserto é
etapa intermediária entre a casa da servidão (Egito) e
o final do êxodo (a posse da Terra Prometida). Só na
Terra Prometida é que irá correr leite e mel. A falta
d’água aparece como sintoma de que o processo de
libertação não foi assumido em sua enorme complexi-
dade. O povo reclama contra Moisés, preferindo ter
ficado escravo no Egito a enfrentar a precariedade do
caminho pelo deserto (vv. 3-4). Em outras palavras, o
povo está a ponto de cometer a maior idolatria: aban-
donar o Deus da vida para servir aos ídolos que sus-
tentavam o sistema de morte vigente no Egito. Quer
dizer, o povo quer voltar a um projeto político opres-
sor ao invés de lutar por um novo projeto de liberdade
e vida, ainda que no momento sinta a precariedade
dos meios à sua disposição.
4. Apesar da inconstância do povo no processo de
libertação, Deus continua fiel ao seu projeto, e faz
jorrar água da rocha (vv. 5-6). Javé é aquele que ca-
minha à frente, dando segurança e apoio (v. 6). Por
isso, em outros textos do AT ele é chamado de Rocha
(cf., por exemplo, Sl 18,2).
5. O Novo Testamento leu esse texto à luz do acon-
tecimento pascal. Jesus dá à humanidade a água que
sacia a sede (cf. evangelho): "Se alguém tem sede
venha a mim, aquele que acredita em mim, beba…"
(Jo 7,37-38). Moisés golpeou a rocha e dela saiu água
para o povo; o soldado atravessou o lado de Jesus, e
imediatamente saiu sangue e água (cf. Jo 19,34).
Evangelho (Jo 4,5-42): Jesus e a sede da humani-
dade
a. Vv. 5-6: Ao redor do poço
6. Tudo começa ao redor do poço. Aí Jesus se en-
contra com uma mulher samaritana. O poço recorda
muitos fatos do Antigo Testamento, entre eles o poço
em que o servo de Abraão encontrou Rebeca, futura
esposa de Isaac (Gn 24,13ss); o poço onde Jacó se
encontrou com Raquel (Gn 29,1-14) e o lugar onde
Moisés se encontrou com as filhas de Jetro, entre elas,
Séfora, com a qual casou (Ex 2,16-21). O poço de
Sicar é, pois, o lugar onde a humanidade encontra seu
esposo e líder. As personagens acima recordadas se
aproximaram do poço à tarde, e quem tinha sede eram
os animais. No episódio de Sicar é Jesus quem tem
sede, em pleno meio-dia. O meio-dia recorda, no e-
vangelho de João, a Hora de Jesus, a sua crucifixão,
onde ele declara ter sede (cf. Jo 19,28).
7. Para o povo da Bíblia, o poço é símbolo da Lei,
das instituições judaicas e da sabedoria. Nesse contex-
to, Jesus recorda um arranjo social que não satisfaz
aos anseios do povo por liberdade e vida. Sentando
sobre o poço Jesus se dá a conhecer como fonte da
qual a humanidade inteira bebe. A partir de agora não
se deve mais beber água da Lei ou das instituições,
porque foram superadas pela fonte de água viva que é
Jesus.
8. Uma mulher sem nome se aproxima, ao meio-dia,
para buscar água. Ela não tem nome porque é a pró-
pria humanidade que está procurando, no sufoco do
calor, algo que sacie de uma vez por todas sua sede
(lembremos as primeiras palavras de Jesus em Jo
1,38: "O que vocês estão procurando?").
b. Vv. 7-15: Quebrando o preconceito racial
9. Jesus sente o que é próprio de todo ser humano:
sede. E pede de beber. Com isso está começando a
quebrar o preconceito racial. Judeus e samaritanos se
detestavam mutuamente. Os judeus mais radicais ha-
viam decretado o estado permanente de impureza das
mulheres samaritanas. Pedir que essa mulher lhe dê de
beber parece ser um ato insano por parte de Jesus.
Mas ele está acabando com a pretensa superioridade
dos judeus e dos homens sobre as mulheres. Dar água
é a mesma coisa que dar hospedagem.
10. Jesus está com sede, mas quem acaba pedindo
água é a mulher, pois ele tem água capaz de saciar
para sempre a sede de todos: "Se você conhecesse o
dom de Deus e quem é que está dizendo a você: Dê-
me de beber, você é que lhe pediria, e ele lhe daria
água viva… Aquele que beber da água que eu vou
dar, esse nunca mais terá sede" (vv. 10.14a). Jesus é o
presente de Deus que a humanidade precisa conhecer.
Os judeus acreditavam se aproximar de Deus median-
te o conhecimento e a prática da Lei. Jesus, aquele
que revela o Pai, mostra-o presente nas relações de
frater-nidade e gratuidade.
11. A água que Jesus dá é o Espírito, a força que vem
de dentro e jorra para a vida eterna. A mulher-
humanidade tem sede dessa água, e por isso pede:
"Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha
mais sede e nem tenha de vir mais aqui para tirar" (v.
15).
c. Vv. 16-26: Quebrando o preconceito religioso
12. A samaritana não tem nome, mas certamente vá-
rios nomes lhe foram impostos por ter tido cinco ma-
ridos e conviver com o sexto, que não é seu marido e,
apesar disso, continuar com sede da água que só Je-
sus, esposo da humanidade, pode dar… Mas ela des-
conversa e passa para assunto religioso. Os samarita-
nos aguardavam um messias diferente do esperado
pelos judeus. Ao preconceito racial era acrescentado o
religioso. Jesus acaba com esses preconceitos, mos-
trando que a época dos templos chegou ao fim, pois
ele é o novo santuário de onde brota o Espírito fiel:
"Está chegando a hora, e é agora, em que os verdadei-
ros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade.
E, de fato, estes são os adoradores que o Pai procura"
(v. 23).
d. Vv. 27-42: O anúncio que leva à fé
13. Os discípulos de Jesus continuam presos à menta-
lidade judaica que discrimina pela raça, sexo e religi-
ão. O verdadeiro discípulo — início da comunidade-
esposa de Jesus Messias — é a samaritana que, depois
de abandonar o balde, anuncia aos habitantes da cida-
de seu encontro com um homem, levando as pessoas a
conhecê-lo.
14. O diálogo com os discípulos (vv. 31-38) mostra
que o alimento de Jesus, sua nova lei, é levar a termo
a criação do Pai, restabelecendo a harmonia perdida
pela auto-suficiência humana. Jesus é, ao mesmo tem-
po, o semeador do projeto do Pai e o trigo a ser seme-
ado.
15. A experiência da mulher conduziu as pessoas a
Jesus e fez deste o hóspede dos samaritanos. Agora,
porém, eles não precisam mais do testemunho dela,
pois sabem que Jesus é realmente o salvador do mun-
do (cf. v. 42).
2ª leitura (Rm 5,1-2.5-8): Cristo morreu por nós
quando ainda éramos pecadores
16. Paulo afirma que a humanidade não pode se salvar
por própria conta. Mas Deus salva a humanidade, isto
é, justifica-a, concedendo-lhe a anistia sob esta condi-
ção: que ela creia em Jesus Cristo, que tornou conhe-
cido o projeto do Pai. Crer é aceitar Jesus e compro-
meter-se com ele.
17. A morte e ressurreição de Jesus são a anistia que
Deus concedeu à humanidade: "Agora que fomos
justificados por Deus por meio da fé, estamos em paz
com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo" (v. 1). Jesus
restabeleceu a aliança entre Deus e seu povo, não por
causa dos méritos das pessoas, mas por ação do Deus
fiel. De fato — pensa Paulo — se nós fôssemos jus-
tos, não precisaríamos de alguém que morresse por
nós; se fôssemos pessoas de bem, talvez. Fato é que
Cristo morreu por nós quando ainda estávamos sem
força, ímpios e pecadores (vv. 6-8), e isso só ressalta a
força da graça de Deus. Esse dado anima a esperança
dos cristãos em meio aos conflitos, na certeza de al-
cançar a glória de Deus (v. 2). Os discípulos de Jesus
caminham da fé para a esperança na salvação definiti-
va, apesar de não terem superado ainda todas as alie-
nações, das quais a morte é a expressão última. Cami-
nham sob o impulso da Trindade, pois o Pai justificou
a humanidade por meio do Filho, que nos tirou da
alienação e nos concedeu o Espírito Santo, a fim de
que possamos pôr em prática o projeto divino.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
18. A 1ª leitura, (Ex 17,3-7) e o evangelho (Jo 4,5-42) deste domingo falam da sede da hu-
manidade por vida e liberdade, e mostram que Deus não permite que essa sede continue su-
focando a vida das pessoas. A samaritana é o retrato do povo brasileiro e latino-americano:
marginalizado em nível político-social (não toma parte nas decisões que regem a vida da so-
ciedade), explorado economicamente, vê-se obrigado a se esconder nas periferias das gran-
des cidades ou no sertão abandonado, sem condições de vida digna. A sede da samaritana é
a sede do povo brasileiro em busca de emprego e participação política nas decisões que afe-
tam a vida de cada cidadão.
19. O texto da carta aos Romanos mostra que Cristo morreu por todos, estabelecendo a paz
da humanidade com Deus. O que significa, então, conservar a esperança que não decepcio-
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Jesus, a fonte da água viva que sacia a sede da humanidade

  • 1. JESUS E A SEDE DA HUMANIDADEBORTOLINE, Pe. José – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: A – TEMPO LITÚRGICO: 3° DOMINGO DA QUARESMA – COR: ROXO I. INTRODUÇÃO GERAL 1. Celebramos a memória do amor que Deus tem para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Por meio da fé fomos justificados por Deus e estamos em paz com ele por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (2ª leitura: Rm 5,1-2.5-8). Mas a sede da humanidade revela que ain- da somos envolvidos por preconceitos de sexo, raça e religião (evangelho: Jo 4,5-42). Hoje queremos beber do poço que é Jesus, pois ele é o dom que Deus nos concedeu. Com ele caminhamos da escravidão para a liberdade, na certeza de que Deus é aquele que está no meio de nós (1ª leitura: Ex 17,3-7). II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (Ex 17,3-7): Deus sustenta a caminhada do povo 2. No nível superficial, o texto de hoje quer explicar a origem dos lugares chamados Massa e Meriba. Na língua hebraica esses nomes significam, respectiva- mente, "provocação" e "contestação". Tentou-se, por isso, associar esses lugares a um momento difícil da caminhada do povo de Deus em direção à Terra Pro- metida, caracterizado pela falta d’água no deserto. 3. No nível profundo, o texto lê os acontecimentos à luz da fé no Deus libertador, aliado do povo no pro- cesso de conquista de liberdade e vida. O deserto é etapa intermediária entre a casa da servidão (Egito) e o final do êxodo (a posse da Terra Prometida). Só na Terra Prometida é que irá correr leite e mel. A falta d’água aparece como sintoma de que o processo de libertação não foi assumido em sua enorme complexi- dade. O povo reclama contra Moisés, preferindo ter ficado escravo no Egito a enfrentar a precariedade do caminho pelo deserto (vv. 3-4). Em outras palavras, o povo está a ponto de cometer a maior idolatria: aban- donar o Deus da vida para servir aos ídolos que sus- tentavam o sistema de morte vigente no Egito. Quer dizer, o povo quer voltar a um projeto político opres- sor ao invés de lutar por um novo projeto de liberdade e vida, ainda que no momento sinta a precariedade dos meios à sua disposição. 4. Apesar da inconstância do povo no processo de libertação, Deus continua fiel ao seu projeto, e faz jorrar água da rocha (vv. 5-6). Javé é aquele que ca- minha à frente, dando segurança e apoio (v. 6). Por isso, em outros textos do AT ele é chamado de Rocha (cf., por exemplo, Sl 18,2). 5. O Novo Testamento leu esse texto à luz do acon- tecimento pascal. Jesus dá à humanidade a água que sacia a sede (cf. evangelho): "Se alguém tem sede venha a mim, aquele que acredita em mim, beba…" (Jo 7,37-38). Moisés golpeou a rocha e dela saiu água para o povo; o soldado atravessou o lado de Jesus, e imediatamente saiu sangue e água (cf. Jo 19,34). Evangelho (Jo 4,5-42): Jesus e a sede da humani- dade a. Vv. 5-6: Ao redor do poço 6. Tudo começa ao redor do poço. Aí Jesus se en- contra com uma mulher samaritana. O poço recorda muitos fatos do Antigo Testamento, entre eles o poço em que o servo de Abraão encontrou Rebeca, futura esposa de Isaac (Gn 24,13ss); o poço onde Jacó se encontrou com Raquel (Gn 29,1-14) e o lugar onde Moisés se encontrou com as filhas de Jetro, entre elas, Séfora, com a qual casou (Ex 2,16-21). O poço de Sicar é, pois, o lugar onde a humanidade encontra seu esposo e líder. As personagens acima recordadas se aproximaram do poço à tarde, e quem tinha sede eram os animais. No episódio de Sicar é Jesus quem tem sede, em pleno meio-dia. O meio-dia recorda, no e- vangelho de João, a Hora de Jesus, a sua crucifixão, onde ele declara ter sede (cf. Jo 19,28). 7. Para o povo da Bíblia, o poço é símbolo da Lei, das instituições judaicas e da sabedoria. Nesse contex- to, Jesus recorda um arranjo social que não satisfaz aos anseios do povo por liberdade e vida. Sentando sobre o poço Jesus se dá a conhecer como fonte da qual a humanidade inteira bebe. A partir de agora não se deve mais beber água da Lei ou das instituições, porque foram superadas pela fonte de água viva que é Jesus. 8. Uma mulher sem nome se aproxima, ao meio-dia, para buscar água. Ela não tem nome porque é a pró- pria humanidade que está procurando, no sufoco do calor, algo que sacie de uma vez por todas sua sede (lembremos as primeiras palavras de Jesus em Jo 1,38: "O que vocês estão procurando?"). b. Vv. 7-15: Quebrando o preconceito racial 9. Jesus sente o que é próprio de todo ser humano: sede. E pede de beber. Com isso está começando a quebrar o preconceito racial. Judeus e samaritanos se detestavam mutuamente. Os judeus mais radicais ha- viam decretado o estado permanente de impureza das mulheres samaritanas. Pedir que essa mulher lhe dê de beber parece ser um ato insano por parte de Jesus. Mas ele está acabando com a pretensa superioridade dos judeus e dos homens sobre as mulheres. Dar água é a mesma coisa que dar hospedagem. 10. Jesus está com sede, mas quem acaba pedindo água é a mulher, pois ele tem água capaz de saciar para sempre a sede de todos: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está dizendo a você: Dê-
  • 2. me de beber, você é que lhe pediria, e ele lhe daria água viva… Aquele que beber da água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede" (vv. 10.14a). Jesus é o presente de Deus que a humanidade precisa conhecer. Os judeus acreditavam se aproximar de Deus median- te o conhecimento e a prática da Lei. Jesus, aquele que revela o Pai, mostra-o presente nas relações de frater-nidade e gratuidade. 11. A água que Jesus dá é o Espírito, a força que vem de dentro e jorra para a vida eterna. A mulher- humanidade tem sede dessa água, e por isso pede: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir mais aqui para tirar" (v. 15). c. Vv. 16-26: Quebrando o preconceito religioso 12. A samaritana não tem nome, mas certamente vá- rios nomes lhe foram impostos por ter tido cinco ma- ridos e conviver com o sexto, que não é seu marido e, apesar disso, continuar com sede da água que só Je- sus, esposo da humanidade, pode dar… Mas ela des- conversa e passa para assunto religioso. Os samarita- nos aguardavam um messias diferente do esperado pelos judeus. Ao preconceito racial era acrescentado o religioso. Jesus acaba com esses preconceitos, mos- trando que a época dos templos chegou ao fim, pois ele é o novo santuário de onde brota o Espírito fiel: "Está chegando a hora, e é agora, em que os verdadei- ros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. E, de fato, estes são os adoradores que o Pai procura" (v. 23). d. Vv. 27-42: O anúncio que leva à fé 13. Os discípulos de Jesus continuam presos à menta- lidade judaica que discrimina pela raça, sexo e religi- ão. O verdadeiro discípulo — início da comunidade- esposa de Jesus Messias — é a samaritana que, depois de abandonar o balde, anuncia aos habitantes da cida- de seu encontro com um homem, levando as pessoas a conhecê-lo. 14. O diálogo com os discípulos (vv. 31-38) mostra que o alimento de Jesus, sua nova lei, é levar a termo a criação do Pai, restabelecendo a harmonia perdida pela auto-suficiência humana. Jesus é, ao mesmo tem- po, o semeador do projeto do Pai e o trigo a ser seme- ado. 15. A experiência da mulher conduziu as pessoas a Jesus e fez deste o hóspede dos samaritanos. Agora, porém, eles não precisam mais do testemunho dela, pois sabem que Jesus é realmente o salvador do mun- do (cf. v. 42). 2ª leitura (Rm 5,1-2.5-8): Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores 16. Paulo afirma que a humanidade não pode se salvar por própria conta. Mas Deus salva a humanidade, isto é, justifica-a, concedendo-lhe a anistia sob esta condi- ção: que ela creia em Jesus Cristo, que tornou conhe- cido o projeto do Pai. Crer é aceitar Jesus e compro- meter-se com ele. 17. A morte e ressurreição de Jesus são a anistia que Deus concedeu à humanidade: "Agora que fomos justificados por Deus por meio da fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo" (v. 1). Jesus restabeleceu a aliança entre Deus e seu povo, não por causa dos méritos das pessoas, mas por ação do Deus fiel. De fato — pensa Paulo — se nós fôssemos jus- tos, não precisaríamos de alguém que morresse por nós; se fôssemos pessoas de bem, talvez. Fato é que Cristo morreu por nós quando ainda estávamos sem força, ímpios e pecadores (vv. 6-8), e isso só ressalta a força da graça de Deus. Esse dado anima a esperança dos cristãos em meio aos conflitos, na certeza de al- cançar a glória de Deus (v. 2). Os discípulos de Jesus caminham da fé para a esperança na salvação definiti- va, apesar de não terem superado ainda todas as alie- nações, das quais a morte é a expressão última. Cami- nham sob o impulso da Trindade, pois o Pai justificou a humanidade por meio do Filho, que nos tirou da alienação e nos concedeu o Espírito Santo, a fim de que possamos pôr em prática o projeto divino. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 18. A 1ª leitura, (Ex 17,3-7) e o evangelho (Jo 4,5-42) deste domingo falam da sede da hu- manidade por vida e liberdade, e mostram que Deus não permite que essa sede continue su- focando a vida das pessoas. A samaritana é o retrato do povo brasileiro e latino-americano: marginalizado em nível político-social (não toma parte nas decisões que regem a vida da so- ciedade), explorado economicamente, vê-se obrigado a se esconder nas periferias das gran- des cidades ou no sertão abandonado, sem condições de vida digna. A sede da samaritana é a sede do povo brasileiro em busca de emprego e participação política nas decisões que afe- tam a vida de cada cidadão. 19. O texto da carta aos Romanos mostra que Cristo morreu por todos, estabelecendo a paz da humanidade com Deus. O que significa, então, conservar a esperança que não decepcio- na?