2. • A reciprocidade refere-se à capacidade de os
membros coordenarem suas atividades um
com o outro, o que favorece a aquisição de
habilidades interativas e a noção de
interdependência, estimula os participantes a
se engajarem em padrões mais complexos de
interação e produz importantes efeitos para
o desenvolvimento cognitivo.
3. Desenvolvimento e socialização da criança
• O desenvolvimento humano não pode ser
considerado apenas em relação ás características
intrapessoais dos sujeitos;
• Os contextos sociais onde nos movemos e os
processos interativos que ocorrem são essenciais
para o desenvolvimento integral dos sujeitos;
• A família, enquanto contexto social de referência,
assume papel determinante no desenvolvimento
cognitivo e psicossocial dos seus elementos;
4. Desenvolvimento e socialização da criança
• A forma adotada por cada famíIia para
relacionar-se com os filhos, são consideradas
variáveis de relevância no desenvolvimento
da criança;
• Na última década, tem sido adotado por
muitos pesquisadores o termo Estilos
Educativos parentais para se referir á forma
como pais relacionam-se com seus filhos,
5. Processo de socialização da criança
• No processo de socialização da criança, podem ser
citadas três grandes fontes de influencia:
⮚O contexto social
⮚A família
⮚Os grupos aos quais o individuo pertence ou se
envolve no decorrer da vida
• A “aprendizagem social”, oriunda de cada uma dessas
fontes de influência serão determinantes para as
habilidades sociais adquiridas e pelo desempenho
social do indivíduo;
6. Processo de socialização da criança
• Mesmo existindo variação cultural nos valores e
comportamentos parentais, a proteção, o treino
e o controle social existem em todas as
sociedades para assegurar que crianças
atendam satisfatoriamente ás demandas sociais;
• Na maioria das sociedades são os pais que têm a
responsabilidade de orientar a criança na direção
desejada, através de supervisão, ensino e
disciplina;
7. Objetivo do processo de socialização da criança
• Adequar indivíduos às normas, competências,
comportamentos, enfim ao papel que se espera que
um determinado indivíduo desempenhe na
sociedade;
• Variáveis que atuam sobre a socialização da criança:
• A parentalidade;
• A influencia ambiental que agiu no passado sobre a
socialização dos pais, incidindo sobre os processos
cognitivos dos envolvidos;
• A qualidade da interação pais-criança;
8. Práticas e estilos educativos
• Os processos cognitivos parentais englobam
conhecimentos, pensamentos, idéias,
expectativas, atribuições, valores, crenças e
percepções que os pais têm sobre o
desenvolvimento e educação dos seus filhos,
determinando os estilos educativos e práticas
que adotarão;
• Práticas educativas parentais e estilos educativos
parentais são termos que embora estejam
relacionados não devem ser usados como
sinônimos;
9. Práticas e estilos educativos
• Práticas educativas parentais são entendidos como
comportamentos específicos adotados por pais orientados por
objetivos de socialização de seus filhos(ex.conselhos, castigos
físicos, etc...)
• O estilo educativo parental é uma característica do
comportamento parental, comunica uma atitude “afetiva” frente
à criança, podendo moderar as práticas educativas;
Ex: Expressão facial, gestos, tom de voz, ou outros
comportamentos que transmitem o modo como os pais se sentem
em relação ao comportamento dos filhos demonstrando através
da forma como agem, amor, aceitação, preocupação X indiferença
e/ou hostilidade)
10. Práticas Educativas e comportamento
• Dependendo da freqüência e intensidade
com que o casal parental utiliza
determinadas práticas educativas
relacionadas a transmissão de regras e
padrões sociais, poderão contribuir para o
desenvolvimento de comportamentos pró-
sociais e/ou anti-sociais,
11. Comportamentos pró e anti-sociais
• Para conviver bem socialmente, espera-se que os
indivíduos adquiram comportamentos pró-sociais,
caracterizados pela capacidade para ajudar ou
beneficiar outros voluntariamente, sem influencia
de pressões externas, sem expectativa de prêmios ou
recompensas materiais;
• Por outro lado, comportamentos anti-sociais, são
caracterizados pela ausência de desenvolvimento
moral, distorção de valores humanos, desprezo,
descumprimento de normas sociais,etc.. quando
presentes no repertório das pessoas, promovem
prejuízos significativos á todos o grupo;
12. Práticas educativas parentais
• Vários pesquisadores tem estudados a influência
de práticas educativas e estilos educativos
parentais na educação de crianças;
• Entre eles, Gomide, 2003, pesquisadora da UEL,
que, estudando o assunto apontou 08 práticas
educativas parentais, a saber:
• Monitoria positiva, Comportamento Moral,
Abuso físico, abuso psicológico e sexual, Punição
inconsistente, Disciplina Relaxada, Negligência, e
Monitoria Negativa
13. Monitoria positiva
• Medidas que representam esforços parentais no
sentido de orientar filhos envolvendo atenção,
estabelecimento de limites, posicionamentos claros
em relação a regras, direitos, deveres e suas
consequências;
• Nesse caso os pais procuram saber onde estão os
filhos, conhecer suas atividades, seus amigos, a
quantia de dinheiro que possuem, quanto gastam,
como gastam, como utilizam o tempo livre, etc...
• Envolve relacionamento estreito com os membros da
família;
14. Comportamento Moral
• Nessa prática educativa pais procuram transmitir
valores culturais importantes presentes nos costumes,
crenças, práticas tais como honestidade, generosidade,
justiça, compaixão, etc..
• Valores culturais são transmitidos por agentes
socializadores dentre os quais os pais são os mais
importantes;
• Da solidez (ou não) do comportamento moral
introduzido pelos pais dependerá boa parte da
atuação social ética do indivíduo;
15. Comportamento Moral
• Dependendo da forma como tais valores forem
transmitidos poderão suscitar dois tipos de moral:
⮚A moral da autonomia e do respeito mútuo, que
surge quando a criança pode viver relações
verdadeiras, experenciar a cooperação entre iguais;
⮚A moral do dever e da obediencia: Onde predominam
as relações do respeito unilateral , da coação do mais
forte ao mais fraco; do medo; temor, etc...
16. COMPORTAMENTO MORAL
• Segundo pesquisadores da área, as noções de
justiça como subordinada á autoridade
adulta, só serão efetivas se transmitidas até
7-8 anos,
• Depois dessa idade, passam a ser
determinadas pelas experiências do próprio
indivíduo;
17. Abuso físico
• Há diferença entre punição corporal e abuso físico. No
primeiro caso há a intenção de corrigir ou controlar
comportamentos através do uso da força física, com a
intenção de que a criança sinta alguma dor mas não
seja machucada;
• No abuso físico, a tentativa de controle do
comportamento ocorre através da utilização de técnicas
que provoquem dor física tais como espancamento,
chutes, socos, amarrar, queimar, etc... enfim qualquer
forma utilizada por pais que possam causar trauma
físico á criança;
18. Abuso físico
• Geralmente o abuso físico é acompanhado do
abuso verbal onde xingamentos, insultos e
ameaças estão presentes;
• A criança que é espancada frequentemente não
discrimina o certo do errado em seu
comportamento, ficando sem ação diante das
surras ás quais é submetido;
19. ABUSO FÍSICO
• Embora a punição corporal, sem causar danos físicos á
criança tais como palmadas e tapas, possa ser considerada
como um método educativo podem ultrapassar a linha para
o abuso físico;
• Estudos demonstram que quanto mais severamente os pais
foram punidos com agressão, mais abusivos se tornam com
seus filhos; portanto ocorre transmissão transgeracional de
violência;
• Muitas crianças submetidas a abuso físico na adolescência e
idade adulta podem apresentar comportamentos
delinquenciais e/ou disturbios psiquiátricos;
20. Abuso físico
• Referencias à criminalidade, abuso de substâncias,
prostituição, dissolução, promiscuidade são alguns
dos resultados frequentes de tal prática educativa;
• A utilização da prática é extremamente prejudicial
ao desenvolvimeto infantil pois atinge a criança e
não o “mau comportamento” por ela exibido;
• Gomide e outros pesquisadores salientam que tais
praticas podem gerar crianças apáticas, medrosas,
desinteressadas, com deficits cognitivos e
socioemocionais, igualmente violentas no futuro;
21. Abuso fisico
• O abuso sexual, faz parte do abuso físico, deixando claro
que muitas vezes familiares ou pessoas próximas a
familiares, ultrapassam a linha divisória entre práticas
educativas negativa para uma das formas mais destrutivas
de coerção ao outro, e dominação do outro;
• O abuso sexual, quando ocorre, deixa sequelas graves e
profundas, funcionando como uma ferida aberta dificicl de
cicatrizar.
• Tras sentimentos como vergonha, culpa, medo, asco,
insegurança, depressão, podendo trazer problemas
sexuais em relacionamentos íntimos na vida adulta;
22. ABUSO PSICOLÓGICO OU EMOCIONAL
• Abuso psicológico ou emocional: Caracteriza-se por um padrão
de comportamento verbal (ou não), que tem como intenção
causar sofrimento psicológico em uma outra pessoa;
• As práticas utilizadas podem ser ameaças, confinamento em
espaço pequeno, humilhação individual ou em publico,
rejeição, depreciação, discriminação, desprezo;
• Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais
visíveis mas marca emocionalmente, causa cicatrizes para a
vida toda;
• Aparece na literatura com menor frequência por ser mais sutil
e de difícil mensuração;
23. DISCIPLINA RELAXADA
• Nesse caso há o não cumprimento de regras pré-
estabelecidas pelos responsáveis pela criança;
• Pais (ou responsáveis), ameaçam, estabelecem regras e
quando se confrontam com comportamentos opositores e
agressivos os filhos, abrem mão de seu papel educativo para
evitar confronto;
• Nesses casos geralmente temos pais que não são capazes de
cumprir metas educativas, que encaram a agressividade e
impulsividade da criança como características altamente
aversivas a eles;
24. DISCIPLINA RELAXADA
• A falta de efetividade parental aumenta o
comportamento de hostilidade e é
frequentemente seguida por redução de
esforço parental em monitorar e disciplinar
seus filhos;
• Também nesse caso há aumento da
possibilidade da criança vir a ter problemas
de conduta futuros;
25. MONITORIA NEGATIVA
• Monitoria negativa (ou supervisão estressante):
Caracteriza-se pelo excesso de fiscalização na
vida dos filhos e pela grande quantidade de
instruções repetitivas que em sua maioria não
são seguidas pelos filhos,
• Causa ambientes familiares estressados e sem
diálogo onde os filhos podem fazer uso de
comportamentos agressivos para manter sua
privacidade;
26. MONITORI NEGATIVA
• inibe ou interfere na independência e
autodirecionamento da criança, impedindo a
emergência de autonomia psicológica,
• Gera uma relação pais/filhos baseada na
hostilidade, insegurança, mentiras e/ou
surgimento de comportamentos desadaptados
tais como retraimento, insegurança, sentimentos
de inadaquação, ansiedade, enurese, gagueira,
etc...
27. NEGLIGENCIA
• Pais negligentes são aqueles não responsivos,
pouco exigentes, pouco afetivos, pouco
envolvidos com o ensinamento de regras e
limites, que não aceitam suas responsabilidades
para com a educação e cuidados com a criança;
• Deixam-nas fazer o que querem e quando
chegam ao limitem tentam controlar
exageradamente punindo ou premiando;
28. Negligencia
• Pais negligentes:
⮚ Tendem Ignorar a maioria dos comportamentos dos filhos,
⮚ Respondem muito pouco ás suas iniciativas de
comunicação,
⮚ Costumam apresentar constantes feedbacks negativos á
realizações deles;
⮚ São considerados ausentes, muitas vezes esperando que
sejam os filhos atendam suas necessidades;
⮚ São poucos presentes na vida dos filhos,
⮚ Não tem tolerância,
⮚ Aborrecem-se facilmente com as crianças,
29. NEGLIGÊNCIA
⮚É frequente que os filhos apresentem sentimentos de
insegurança, vulnerabilidade, hostilidade, agressão
em ambiente social;
⮚Na adolescência e vida adulta frequentemente
surgem problemas afetivos, comportamentais,sociais
(ex. abuso de substâncias, início de vida sexual
precoce, ocorrências de DSTS, maiores probilidades
de depressão entre outros transtornos ;
⮚ Formam famílias instáveis com separações,
conciliações frequentes, recasamentos, etc...
30. PUNIÇÃO INCONSISTENTE
• Caracteriza-se pela punição dependente do humor
dos pais e não em consequência ao comportamento
da criança;
• Frequentemente leva crianças a testar suas chances,
ora obedecendo ora não obedecendo, pois nunca
sabe qual será a consequência dessa vez;
• A criança aprende a discriminar mais o humor dos
pais do que a forma errada ou correta de agir;
31. Punição inconsistente
• Tem reflexos sobre a percepção do indivíduo,
prejudicando sua avaliação no que se refere
aos efeitos que suas ações tem sobre os
outros e sobre o meio;
• Dificulta a interiorização de valores éticos e
morais tão importantes para o bom convívio
social;
32. Conclusões
• Os estudos indicam claramente que o comportamento
parental influencia o desenvolvimento da criança durante
o a infância e consequentemente no período escolar,
repercutindo no seu percurso desenvolvimental posterior;
• A saúde mental dos pais está associada a um menor
envolvimento, responsividade e sensibilidade parentais,
• Estilos educativos parentais negativos, caracterizados pelo
uso de técnicas de controle hostis e negligentes, tem tido
preço cada vez mais alto não só para a criança como para
toda sociedade;
33. CONCLUSÕES
• Conclusões: Os comportamentos anti-sociais exibidos por
pessoas que desrespeitam e burlam regras sociais,
frequentemente são produtos de modelos parentais de
monitoria negativa;
• Estudos demonstram grandes relações entre a sociopatia e os
estilos parentais de monitoria negativa;
(Sociopatia: Condição na qual o indivíduo despreza francamente
ás leis e a sociedade, tornando-se insensível aos sentimentos
alheios, desrespeitando normas, regras, obrigações,
estabelecendo e rompendo facilmente relações, exibindo baixa
tolerância á frustração com freqüentes rompantes de violência e
incapacidade para assumir culpa ou aprender com seus erros e
com as punições ás quais é submetido);
34. Referências Bibliográficas
• GOMIDE, P. I. Estilos parentais e comportamento anti-social. IN: DEL
PRETTE, Almir e DEL PRETTE, Zilda; (Orgs). Habilidades sociais,
desenvolvimento e aprendizagem. Questões conceituais, avaliação e
intervenção. Campinas, S.P., Editora Alinea, 2003.;
• COCCENELLO, A.M. e cols. Práticas Educativas, estilos parentais e abuso
físico no contexto familiar. Revista Psicologia em Estudos, Maringá, Vol
8, n. esp. Pg. 45-54, 2003
• CARLO, G & KOLLER, S.H. Desenvolvimento pro-social em crianças e
adolescentes: Aspectos conceituais, metodológicos e pesquisas no Brasil.
Revista Teoria e Pesquisa, vol.2, pg. 161-172.