O documento discute a doação de órgãos no Brasil. Ele descreve que a doação de órgãos pode salvar vidas ou melhorar a qualidade de vida, mas que o Brasil enfrenta desafios como a falta de doadores e a alta taxa de recusa das famílias em autorizar a doação. O documento também fornece estratégias para aumentar as taxas de doação, como conscientizar a população e melhorar a infraestrutura hospitalar.
2. DEFINIÇÃO
A doação de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual
manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes do
nosso corpo para ajudar no tratamento de outras
pessoas.
A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração,
pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos,
válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue
de cordão umbilical). A doação de órgãos como o rim,
parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em
vida.
3. DEFINIÇÃO
A doação de órgãos de pessoas falecidas somente
acontecerá após a confirmação do diagnóstico de
morte encefálica. Geralmente, são pessoas que
sofreram um acidente que provocou traumatismo
craniano (acidente com carro, moto, quedas etc.) ou
sofreram acidente vascular cerebral (derrame) e
evoluíram para morte encefálica.
4. Historia
O primeiro transplante bem sucedido de órgãos
aconteceu em 1954, em Boston (EUA), quando o
Dr. Joseph E. Murray realizou um transplante de
rins entre dois gêmeos idênticos no Hospital
Brigham and Women. Murray se baseou na
descoberta dos médicos até então de que em
transplante entre gêmeos idênticos não havia o
perigo de rejeição uma vez que o genoma de
ambos, receptor e doador, é o mesmo.
5. Porém, foi somente na década de 60 que os
médicos descobriram um meio de realizar um
transplante de órgão entre não parentes sem que
houvesse a rejeição. Mesmo assim, os riscos eram
altos e as chances de sobrevivência após a
cirurgia eram baixíssimos. Foi só a partir da
década de 80 que os medicamentos
imunossupressores tiveram uma evolução
tremenda e possibilitaram que a prática de
transplantes de órgãos e tecidos se tornasse
rotineira.
Historia
6. No Brasil, a realização de transplante de órgãos
começou em 1964 no Rio de Janeiro e é
regulamentada pela Lei 9.434 de 4 de fevereiro de
1997 e pela Lei 10.211 de 23 de março de 2001.
Ambas determinam que a doação de órgãos e
tecidos pode ocorrer em duas situações: de doador
vivo com até 4º grau de parentesco, desde que
não haja prejuízo para o doador; e de um doador
morto, que deve ser autorizada por escrito por um
familiar até 2º grau de parentesco.
Contexto Atual
7. No Brasil 86% dos transplantes são
realizados pelo SUS (Sistema Único de
Saúde) com verbas do governo, ou seja, nem
doador nem receptor precisam pagar pelas
operações. Esse fato coloca o Brasil no
segundo lugar do ranking de países com
maior número de transplantes por ano, atrás
apenas dos EUA (são cerca de 11 mil
transplantados por ano).
Contexto Atual
8. Doar órgãos é um ato de amor e
solidariedade. O transplante pode salvar
vidas, no caso de órgãos vitais como o
coração, ou devolver a qualidade de vida,
quando o órgão transplantado não é vital,
como os rins. Além disso, estrutura a saúde
física e psicológica de toda a família
envolvida com o paciente transplantado.
Por que doar?
9. A carência de doadores de órgãos é ainda um grande
obstáculo para a efetivação de transplantes no Brasil.
Mesmo nos casos em que o órgão pode ser obtido de um
doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena
diante da demanda de pacientes que esperam pela
cirurgia. A falta de informação e o preconceito também
acabam limitando o número de doações obtidas de
pacientes com morte cerebral. Com a conscientização
efetiva da população, o número de doações pode
aumentar de forma significativa. Para muitos pacientes, o
transplante de órgãos é a única forma de salvar suas
vidas.
Por que doar?
10. Dia Nacional de Doação
de Órgãos e Tecidos
No dia 27 de setembro, é comemorado o Dia
Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, uma
campanha do Ministério da Saúde, que visa
conscientizar a sociedade sobre a importância da
doação de órgãos e tecidos, bem como mobilizar
os médicos e demais profissionais da saúde, para
a necessidade de notificar todas as mortes
encefálicas ocorridas no âmbito de seus hospitais.
A notificação de morte encefálica é compulsória
por Lei (9.434/1997).
11. •Um dos principais fatores que limita a doação de órgãos
é a baixa taxa de autorização da família do doador.
Atualmente, aproximadamente metade das famílias
entrevistadas não concorda que sejam retirados os
órgãos e tecidos do ente falecido para doação. Em 2014
mais de 27 mil pacientes estavam em lista por um
transplante de órgão e quase 11 mil aguardando por um
transplante de córnea. No ano morreram, em hospitais
do país, mais de 36 mil pessoas com traumatismo
craniano ou AVC, sendo que em muitos desses casos a
pessoa poderia ter sido um potencial doador.
Alguns Problemas
enfrentados
12. •Aspectos técnicos da captação.
•Falta de conhecimento de enfermeiros e médicos.
•Segundo o Sistema Nacional de Transplantes 70% dos
órgãos que deveriam ser aproveitados são
desperdiçados. Problemas com transporte, infraestrutura
e manipulação correta dos órgãos respondem a 17%
desse desperdício. Outro dado alarmante é que apenas
metade das mortes encefálicas é comunicada pelos
hospitais à Central Nacional de Captação de Órgãos
(CNCDO).
Alguns Problemas
enfrentados
13. Algumas
alternativas
• Incentivar a discussão do tema na sociedade em geral,
como nas escolas, faculdades, empresas.
• Divulgar a importância da doação de órgão é fundamental,
pois para ocorrer a doação deve haver um consentimento
dos familiares para a realização do procedimento, esta
educação também deve abranger os profissionais da área
de saúde para identificar o possível doador.
• É importante também que todos os hospitais tenham
estruturas adequadas para captação e equipes preparadas
para realizar o procedimento e transporte.
• Buscar ao máximo a redução da burocracia de todo o
processo.
14.
15.
16.
17.
18.
19. Deixo minha visão ao homem que jamais viu o amanhecer nos braços da
mulher amada.
Deixo meu coração à mulher que vive exclusivamente para fazer o
coração de seus filhos felizes.
Deixo meus rins à pessoas que tiveram seus sonhos interrompidos, mas
que ainda os cultivam.
Deixo o meu pulmão ao adolescente que quer gritar ao mundo mais uma
vez “eu te amo”.
Deixo meu fígado para aqueles que não tinham esperança na
recuperação.
Deixo ossos, pele, cada tecido meu à criança que ainda não descobriu o
que é viver por inteiro.
Deixo a você, o meu exemplo.
Deixo à minha família o desejo de ser um doador.
Deixo para a vida, enfim, um recado: nós vencemos.
Mensagem de um
doador anônimo
22. Texto I
Cresce doação de órgãos no Brasil, mas rejeição de
famílias ainda é alta
O Brasil registrou crescimento nas doações e
transplantes de órgãos em 2014, de acordo com
levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de
Órgãos (ABTO). Foram 7.898 órgãos doados no ano
passado, 3% a mais que em 2013. A taxa de doadores
também subiu de 13,5 por milhão de pessoas para 14,2
por milhão, no entanto, ficou abaixo da meta proposta pela
associação para 2014, que era de 15 por milhão. Além
disso, o índice está longe de alcançar o objetivo de 20
doadores por milhão pessoas até 2017.
23. Texto I
Outro problema que dificulta a realização dos
transplantes é a falta de autorização da família para a
cirurgia. Medida pela chamada “taxa de negativa familiar”,
o índice em 2014 ficou em 46%, apenas 1% menor que
em 2013. Em alguns estados, o percentual de famílias que
não aceitam que um parente doe seus órgãos é ainda
maior. Em Goiás, por exemplo, o valor salta para 82%. Em
Sergipe, para 78% e no Acre 73%.
Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/02/cresce-doacao-de-orgaos-no-brasil-mas-rejeicao-de-familias-ainda-e-alta.html
24. Texto II
Doação de órgãos: A arte de dar más notícias
O número de famílias que não autorizam a doação de
órgãos e tecidos de parentes com diagnóstico de morte
encefálica aumentou significativamente no Brasil. (…)
A queixa das famílias é que a abordagem foi feita de
forma mecânica, até mesmo truculenta, sem respeitar o
atordoamento de quem acabou de receber uma notícia
trágica. O estudo também indicou que, entre 1998 e 2012,
cerca de 21 mil famílias se recusaram a doar órgãos. (…)
25. Texto II
Bartira, professora da Unifesp e coordenadora do
estudo, reconhece que a crença religiosa interfere. Em um
dos casos de recusa, uma mulher contou que não doaria
os órgãos da mãe porque acreditava na ressurreição.
Mesmo nesses casos, a pesquisadora acredita que a
culpa não deve ser totalmente atribuída à família, pois o
desempenho do profissional da saúde que propõe a
doação também pode ser decisivo. (…)
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/11/17/doacao-de-orgaos-a-arte-de-dar-mas-noticias/