Este documento discute a importância das campanhas de doação de órgãos e prevenção de doenças renais. Ele descreve uma visita a uma feira do livro para distribuir panfletos sobre a prevenção de doenças renais e doação de órgãos. Além disso, fornece estatísticas sobre transplantes de órgãos no Brasil e esforços para aumentar as taxas de doação através de campanhas de conscientização.
1. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
VANDA BIONDO HOFFMANN
SISTEMATIZAÇÃO Nº 04
Caxias do Sul
2013
2. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL II
SUPERVISORA ACADÊMICA: Prof.ª Margareth Lucia Paese Capra – CRES ¿¿¿¿
SUPERVISORA DE CAMPO: A.S. Simone Dias dos Santos Bresolin – CRES 8452
CAMPO DE ESTÁGIO: Associação dos Renais Crônicos de Caxias do Sul/RS -
RIMVIVER
ESTAGIÁRIA: VANDA BIONDO HOFFMANN
SISTEMATIZAÇÃO: Nº 4
1. APRESENTAÇÃO
PERÍODO: 1º a 15 de outubro de 2013
ATIVIDADES: Visita a Feira do Livro para divulgação, através da distribuição de
panfletos e cartilhas, da prevenção dos rins.
2. DETALHAMENTO DOS PROCESSOS DE TRABALHO
2.1 Atividades Privilegiadas: Acompanhamento de visita a Feira do Livro, em
Caxias do Sul, para divulgação, através da distribuição de panfletos e cartilhas, da
importância da doação de órgãos e tecidos e, também, da prevenção dos rins.
2.2 Objetivos da Estagiária: Exercitar os diferentes processos em que se insere o
assistente social como forma de desenvolver ações, com competência, habilidades e
atitudes necessárias à intervenção profissional comprometida eticamente e
embasadas teoricamente. Além de estabelecer relações entre instituição/ estagiária
e demais usuários da instituição, inclusive, participar de campanha que tem objetivo
de sensibilizar e estimular a doação de órgãos e tecidos em todo país,
principalmente em Caxias do Sul. Bem como, ressaltar a importância dos
transplantes e também estimular o desenvolvimento de todas as atividades
relacionadas com os transplantes de órgãos no Brasil e congregar os profissionais e
as entidades envolvidas com ou interessadas neste assunto.
3. Participantes: Participaram dessa atividade a equipe técnica, assistente social e
psicóloga, diretoria, usuários da instituição e a estagiária Vanda Biondo Hoffmann.
3. ANÁLISE
Tudo que ser realizar é preciso de incentivo, de apoio, para que tenha
êxito. Normalmente quando se quer alcançar um objetivo em determinado fim, se
criam campanhas específicas (por exemplo, campanha de liquidação de verão,
campanha de lançamento de produto, campanha que atrai clientes de uma área
geográfica determinada e campanhas de doação). Com um conjunto de ações e
esforços para um fim determinado é possível anunciar e promover produtos, eventos
ou ideias. Claro que podemos identificar diversas definições de campanha, tais
como:
#Promover uma campanha é “falar mais alto”, chamando a atenção da comunidades
para uma temática importante e orientar os líderes de opinião para soluções;
# Desenvolver uma campanha passa por colocar um problema em agenda, definindo
soluções para o problema e criando suportes para a sua resolução;
# Fomentar uma campanha passa por reunir o esforço de pessoas e organizações
para fazer a diferença;
# Implementar uma campanha passa pela definição de estratégias para se atingirem
objetivos aos níveis local, regional, nacional ou internacional.
Em resumo, uma campanha não é mais do que o esforço para produzir
mudanças. Não é uma ação isolada, mas uma combinação de ações ou eventos
coordenados integradamente num plano sequencial. Assim se faz para incentivar a
doação de órgãos e tecidos, e também a prevenção de muitas doenças, como a
renal. Com esta missão o Ministério da Saúde (MS) promove diversas campanhas,
como a Semana Nacional de Doação de Órgãos e tecidos, que aconteceu no último
mês de setembro, por exemplo. Com ajuda da Associação Brasileira de Transplante
de Órgãos e Tecidos (ABTO), procurou-se sensibilizar as pessoas sobre a
importância da doação de órgãos, principalmente através de eventos pontuais e de
mobilização. Atualmente, conforme apontam números de pesquisas realizadas,
cerca de 30 mil pessoas aguardam na fila de espera e, de cada 10 pessoas
abordadas, 4 se negam a doar os órgãos de seus familiares.
4. Poucos sabem, mas vários órgãos sólidos podem ser doados, como
fígado, coração e pulmão, além de tecidos (córnea) e medula óssea. No caso de
doador falecido, deve haver a constatação da morte encefálica, diagnóstico dado por
dois médicos diferentes, com a comprovação de exame complementar, interpretado
por um terceiro profissional. Portanto, não existe dúvida quanto ao diagnóstico. O
coordenador do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Heder Murari, afirmou
que, nos últimos tempos, houve um aumento expressivo da quantidade de doadores
por milhão de habitantes (pmp). “Aumentamos o números de doadores e reduzimos
a recusa das famílias, o que é o principal indicador do bom funcionamento do
sistema de transplantes”, justificou. Segundo Murari o Brasil levou mais de duas
décadas para atingir 9,9 doadores por milhão de pessoas. Nos últimos 3 anos, esse
número cresceu para 13,5 doadores (projeção para o ano) por milhão da população
(1º semestre de 2013). Todavia, a meta do SNT é chegar a 15 pmp até 2014.
Graças às mobilizações, às campanhas, atualmente o Brasil se tornou
referência mundial no campo dos transplantes. Atualmente, 95% das cirurgias são
realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Para atender a quantidade de
pacientes e cirurgias de transplantes, existem no país 27 centrais de notificação,
captação e distribuição de órgãos, 11 câmaras técnicas nacionais; 748 serviços
distribuídos em 467 centros; 1.047 equipes de transplantes; além de 62
Organizações de Procura por Órgãos (OPOs), no Brasil. O trabalho exige
profissionais especializados de várias áreas, como enfermagem, psicologia e
assistência social. No caso da disfunção renal, por exemplo, segundo o censo de
diálise 2011, realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), existem
aproximadamente 91 mil pacientes em tratamento dialítico, 90% deles em
tratamento pelo SUS. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de algum grau
desta doença. Mais de 70% dos pacientes que iniciam a diálise descobrem somente
quando os rins já estão totalmente comprometidos.
Diante a estes números e a gravidade da enfermidade a Associação dos
Renais Crônicos de Caxias do Sul (RIMVIVER) implantou na entidade o programa
denominado 'Previna-se'. A meta deste é alertar a população quanto à importância
da prevenção da insuficiência renal crônica, buscando evitar desta forma, que mais
famílias e indivíduos entrem em situação de risco social devido a esta problemática.
Para divulgar o programa muitas ações são realizadas, tais como palestras que
indiquem os fatores de risco e medidas preventivas; distribuição de material
informativo; divulgação nos veículos de comunicação; e campanhas de prevenção
5. da doença. O público alvo é a população em geral e a capacidade de atendimento
varia de acordo com a demanda. O 'Previna-se' é mantido pela RIMVIVER através
de parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), que disponibiliza
gratuitamente material informativo (cartazes, folders) e, também, com veículos de
comunicação que fazem a divulgação de campanhas, que são promovidas e
colocadas em prática pelos membros da diretoria e técnicos da associação.
Ressalta-se que os insuficientes renais crônicos têm sua qualidade de vida
modificada em função da desvantagem pessoal resultante de deficiência renal, pois
juntamente com a doença agravam-se os problemas econômicos e biopsicossociais.
Do mesmo modo as limitações impostas pela doença renal crônica afetam também a
dinâmica familiar impondo novas necessidades e adaptações deste núcleo diante da
questão do adoecer. Assim, a RIMVIVER prioriza o atendimento as pessoas com
insuficiência renal crônica e seus familiares, sem distinção, de forma integrada com
a rede socioassistencial do município, realizando encaminhamentos a fim de
acessar benefícios aos usuários que se encontram em situação de vulnerabilidade e
risco social.
4. SÍNTESE DAS REFLEXÕES
Sabe-se que o Brasil é referência mundial no campo dos transplantes. A
cada dia o Ministério da Saúde (MS) vem investindo fortemente na adoção de
medidas para estimular a doação de órgãos no país. Inclusive, uma foi a parceria
firmada entre o MS e o Facebook, que completou um ano em 30 de julho deste ano.
Essa ação permite ao internauta se declarar doador em seu perfil na rede de
relacionamento. De 2012 eram 121 mil e, hoje, são 135 mil, aumento de 12% no
número de internautas que se declaram doadores. Cabe ressaltar que para ser
doador no Brasil, não há necessidade de fazer uma declaração por escrito, em
nenhum documento. Basta conversar com a família sobre esse desejo, pois a
doação só acontecerá após a autorização e consentimento de um familiar de até 2º
grau. Portanto, o anúncio dessa vontade é fundamental para subsidiar a decisão da
família na hora de doar os órgãos.
Na opinião do médico José Osmar Medina Pestana, presidente da
Associação Brasileira de Transplante de órgãos (ABTO), a recusa dos familiares
ainda é um dos motivos para a falta de doadores e está relacionado à falta de
manifestação da vontade de doação em vida. “Sempre que o indivíduo se manifesta
6. a favor da doação os familiares autorizam”. De acordo com a Associação, a principal
dificuldade para o aumento do número de doadores é, exatamente, o baixo nível de
informação sobre o assunto e por isso a importância das campanhas. “Apostamos
na adesão da sociedade, com apoio de profissionais de saúde e da mídia, para um
dia tornar essa espera por um órgão menos longa e dolorosa”, afirma Medina.
Neste ano as peças da Campanha Nacional de Doação de Órgãos
incluem vídeo para televisão, spot de rádio, 177,2 mil cartazes, 450 mil filipetas, e-
mail marketing, intervenções na internet, no Facebook e Twitter, além de anúncios
em revistas e jornais. Também foram veiculadas peças em mídia alternativa –
televisões instaladas em elevadores e metrôs. E as campanhas provaram que dão
repercussão e conscientizam bastante a população, como no caso da produzida
pela agência Leo Burnett Tailor Made que preparou uma ação de grande impacto
para a ABTO, em parceria com o Conde Chiquinho Scarpa. A ideia foi despertar as
pessoas para o absurdo que seria enterrar um órgão saudável que poderia salvar a
vida de alguém. “Apesar de serem mais valiosos do que qualquer riqueza, as
pessoas não se chocam com o desperdício de se enterrar órgãos capazes de salvar
várias vidas. É mais fácil se chocar com o enterro de um carro. Para ajudar a mudar
isso, corajosamente e voluntariamente Chiquinho Scarpa comunicou em sua página
no Facebook que iria enterrar o seu maior bem: um Bentley no valor de 1,5 milhão”,
explicou a agência. A repercussão foi enorme e a opinião pública criticou fortemente
a decisão do Conde. No dia do enterro, com a imprensa reunida para uma coletiva, a
mensagem foi revelada e foi anunciada oficialmente a abertura da Semana Nacional
de Doação de Órgãos. O Conde Chiquinho, protagonista da ação, reforçou sua
postura nobre, consciente e engajado com importantes causas sociais.
De acordo com o Ministério da Saúde, melhorou a aceitação familiar
quanto à doação. A negativa para doação caiu de 80%, em 2003, para 45%, em
2012. Também houve queda de 40% na quantidade de pessoas na fila de espera por
transplantes nos últimos anos. Os números caíram de 64.774, em 2008, para
38.759, em 2013. Segundo a ABTO até junho deste ano, o país teve 1.273 doadores
de órgãos. Com esta marca, o Brasil ocupa o segundo lugar do mundo em número
de transplantes. Porém, os números de doadores efetivos, por milhão de população,
ainda são muito baixos em relação a outros países. Para se ter ideia, em 2011 o
número chegou a 10,7, enquanto a Espanha, o melhor país em doação de órgãos,
atingiu 35,3, seguidos por Croácia 35,0; Bélgica 29,3; Portugal 28,5; e EUA 26,0. A
maior lista de espera é por um rim – 20 mil pessoas. Em segundo lugar, estão os
7. que precisam de transplante de córnea (6 mil). Em seguida, vem fígado, com 1.300
pessoas na lista de espera, e, por último, coração e pulmão, com 200 e 170
respectivamente.
Os números de transplantes de órgãos realizados no país até o momento são:
Órgãos Total
Rim 2.707
Fígado 844
Pâncreas/Rim 65
Pulmão 42
Pâncreas 15
Total 3.799
Recentemente foi anunciada outra boa notícia relacionada ao assunto. O
Ministério da Saúde, em parceria com as centrais estaduais de transplante, acabou
com o tempo de espera pela cirurgia de transplante de córnea em Pernambuco,
Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Em outros sete estados
tempo de espera também foi reduzido. Nesses locais, o tempo que o paciente
aguarda pela cirurgia é praticamente nulo, já que a capacidade instalada dos
serviços especializados e a quantidade de doações são suficientes para atender a
demanda atual, sem que o paciente precise aguardar numa lista. Juntos, os quatro
estados e o Distrito Federal realizaram 3.967 cirurgias de córnea no primeiro
semestre deste ano, o equivalente a 58% das cirurgias deste tipo realizadas no país
(6.781, no total). Comparado com os primeiros seis meses de 2012, quando
ocorreram 7.777 atendimentos, houve redução de 13%. Outro avanço foi que o
Brasil também aumentou o número de transplantes de órgãos sólidos (pulmão,
coração, pâncreas, rim e fígado). No primeiro semestre de 2013, o Sistema Nacional
de Transplantes registrou um total de 3.842 cirurgias realizadas, o que representa
aumento de 3,8% de crescimento em relação ao mesmo período de 2012 (3.703).
Os transplantes de medula óssea também cresceram 13% na comparação do último
ano. Foram 974 no primeiro semestre de 2013 contra 862 (primeiro semestre de
2012). No total, o Brasil realizou 11.569 até junho de 2013. Em termos percentuais,
o transplante de pulmão teve aumento de 113%, chegando a 64 atendimentos no
primeiro semestre de 2013 contra 30 cirurgias realizadas no mesmo período de
2012. Em segundo lugar, ficou o transplante conjugado de pâncreas e rim, que
totalizou 65 neste ano, no período avaliado, correspondendo a 18% a mais do que
em 2012. Logo depois, vem o transplante de coração, que fechou o primeiro
8. semestre de 2013 com 124 atendimentos, contra 108 realizados em 2012, um
incremento de 14,8%. Quanto aos transplantes de fígado, o Brasil realizou 860
cirurgias, crescimento de 7% os primeiros seis meses de 2013, contra 801 no
mesmo período de 2012.
Recentemente o ministro Alexandre Padilha assinou uma portaria que
aumenta as cotas para cadastros de doadores no Registro Brasileiro de Doadores
Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Com esta medida, podem ser realizados
até 400 mil exames por ano pelos estados. Atualmente, podem ser feitos até 267 mil
registros. A medida vai gerar impacto financeiro no valor de R$ 49,8 milhões. Esta
portaria tem objetivo de ampliar as possibilidades de identificação de doadores
geneticamente compatíveis. Hoje, o Brasil possui cerca de 40 Laboratórios de
histocompatibilidade, entre públicos, filantrópicos e privados, que realizam esse tipo
de exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso vai garantir maior
representatividade e diversidade do registro.
Nos últimos anos, percebe-se que muitos avanços ocorreram na área
de transplantes no Brasil, impactando no crescimento de 40% no número de
doações. Entretanto, o país ainda tem um grande desafio pela frente, pois o
número de doadores é significativamente menor do que a necessidade de
órgãos para transplantes. Neste momento, milhares de pessoas aguardam uma
doação em uma fila que parece não ter fim. Para reverter esses números, o
envolvimento da sociedade é fundamental. Hoje, a desinformação e o
preconceito são as principais barreiras. Por este motivo uma campanha de
incentivo ou mesmo de prevenção deve ser suficientemente abrangente para fazer a
diferença, mas gerida de modo a produzir resultados. Cabe ressaltar que qualquer
pessoa pode doar órgãos, gesto que demonstra amor ao próximo, que inclui o ato de
doar-se. Para um transplante de órgãos, só importa a compatibilidade entre você e
as várias pessoas que esperam um coração, um pulmão, um rim. Uma vida. Salve
Vidas, doe Órgãos!
5. REFERÊNCIAS
9. AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença/deficiência. Brasília: CORDE,
1994.
BRASIL. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
BRASIL. Constituição Federal, 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde.
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. Novembro, 2004
BRASIL. Sistema Único de Saúde.
10. AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença/deficiência. Brasília: CORDE,
1994.
BRASIL. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
BRASIL. Constituição Federal, 1998.
BRASIL. Ministério da Saúde.
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. Novembro, 2004
BRASIL. Sistema Único de Saúde.