SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 43
Notas BOGDAN, Robert e BIKLEN, Sari – “A Tradição da Investigação qualitativa em educação”, Investigação qualitativa em investigação, Porto: Porto Editora, 2006, ISBN: 978-972-0-34112-9, pp 19-46
  A tradição da investigação qualitativa em educação Origens no século XIX O nascimento da antropologia A sociologia de Chicago A sociologia da educação Dos anos trinta aos anos cinquenta Os anos sessenta Os anos setenta Os anos oitenta e noventa
Pág. 19 Ainda que a investigação qualitativa no campo da educação só recentemente tenha sido reconhecida, possui uma longa e rica tradição. As características desta herança auxiliam os investigadores qualitativos a compreender a sua metodologia em contexto histórico.
Pág. 20 Origens no século XIX        No fim do século XIX, nos Estados Unidos, a denúncia jornalística dos problemas sociais exigia resposta, uma delas foi o “movimento dos levantamentos sociais”, constituído por um conjunto de estudos comunitários coordenados, relativos aos problemas urbanos, e levados a cabo próximo do início do século vinte.
Pág. 20        Nos finais do século XIX, o francês FrederickLePlay estudou famílias da classe trabalhadora, recorrendo ao método designado por “observação participante” pelos cientistas sociais dos anos trinta (Wells, 1939).
Pág. 20        A obra de Henry Mayhew, LondonLabourandtheLondonPoor, publicada em quatro volumes entre 1851 e 1862 (Fried e Elman, 1968; Stott, 1973), consiste no registo, ilustração e descrição das condições de vida dos trabalhadores e dos desempregados. Mayhew apresenta histórias de vida e os resultados de entrevistas exaustivas com os pobres.
Pág. 20        A obra de Charles Booth, um estatístico que começou a fazer levantamentos sociais relativos aos pobres de Londres em 1886 (Webb, 1926), seguiu a tendência da literatura urbana emergente. O seu trabalho contém descrições exaustivas e detalhadas das pessoas que estudou.
Pág. 22        Nos Estados Unidos, W.E.B. Du Bois procedeu ao primeiro levantamento social, publicado em 1899 com o título de ThePhiladelphia Negro, consistindo num trabalho levado a cabo durante cerca de um ano e meio de estudo apurado, recorrendo a entrevistas e observação de sujeitos que habitavam essencialmente no Sétimo Bairro da cidade. O objectivo da investigação era examinar “as condições de vida dos mais de quarenta mil indivíduos de raça negra que habitavam na cidade de Filadélfia.
Pág. 22/23        Um dos levantamentos sociais mais significativos foi o de Pittsburgh, conduzido em 1907. O grupo que o conduziu tentou aplicar o “método científico” ao estudo dos problemas sociais.        Ainda que o Inquérito de Pittsburgh apresente quantificações estatísticas, relativamente a questões que vão desde o número de acidentes semanais e valor de salários, até ao tipo de localizações dos sanitários e a frequência escolar, apresenta descrições detalhadas, entrevistas, desenhos e fotografias.
Pág. 23          Os levantamentos sociais têm uma importância particular para a compreensão da história da investigação qualitativa em educação dada a sua relação imediata com os problemas sociais e a sua posição particular a meio caminho entre a narrativa e o estudo científico.
Pág. 25 O nascimento da antropologia Franz Boas, fundador do primeiro departamento universitário dos Estados Unidos, terá possivelmente sido o primeiro antropólogo a escrever sobre antropologia e educação, num artigo publicado em 1898 e dedicado ao ensino da antropologia a nível universitário.
Pág. 25        O contributo mais significativo de Franz Boas foi a sua participação no desenvolvimento da antropologia interpretativa, bem como o seu  conceito de cultura. Em contraste com os antropólogos anteriores, Boas era um “relativista cultural”, acreditando que cada cultura estudada devia ser abordada de forma indutiva.
Pág. 25        Relativamente ao desenvolvimento das técnicas de trabalho de campo é necessário considerar os estudos antropológicos das culturas nativas.  BronislawMalinowski foi o primeiro  antropólogo cultural a passar longos períodos de tempo numa aldeias nativa, para observar o seu funcionamento (Wax, 1971)
Pág. 25 Malinowski foi o primeiro  antropólogo profissional a descrever  o modo como obteve os seus dados e a experiência do trabalho de campo. Estabeleceu as bases da antropologia interpretativa, ao enfatizar a importância de apreender “o ponto de vista do nativo” (Malinowski, 1922, p.25)
Pág. 26        Possivelmente, a primeira aplicação concreta da antropologia à educação nos Estados Unidos foi efectuada pela antropóloga MargaretMead (Mead, 1942 e 1951). Preocupada com o papel do professor e com a escola enquanto organização, recorreu às suas experiências de campo em sociedades menos tecnológicas, para ilustrar o quadro educativo em rápida mudança nos Estados Unidos da época.
Pág. 26        Uma das figuras principais no desenvolvimento do método qualitativo foi RobertRedfield, um antropólogo que estudou na Universidade de Chicago no período de desenvolvimento da sociologia.        O trabalho de campo dos antropólogos constituiu um fundamento importante do modelo que ficou conhecido como a sociologia de Chicago (Douglas, 1976)
Pág. 26 A sociologia de Chicago        A “Escola de Chicago”, rótulo aplicado a um grupo de sociólogos investigadores com funções docentes e discentes no departamento de sociologia da Universidade de Chicago, nos anos vinte e trinta, contribuíram enormemente para o desenvolvimento do método de investigação que designamos por qualitativo.
Pág. 26/27         Do ponto de vista teórico, os sociólogos de Chicago entendiam os símbolos e as personalidades como emergentes da interacção social (Faris, 1967). Do ponto de vista metodológico, todos se baseavam no estudo de caso, quer se tratasse de um indivíduo, de um grupo, de um bairro ou de uma comunidade (Wiley, 1979).
Características da metodologia da Escola de Chicago Os sociólogos de Chicago baseavam-se nos dados recolhidos em primeira mão para as suas investigações. Esta técnica estabeleceu-se a partir do trabalho de dois autores: W.I. Thomase Roberta Park. Park enviava os seus alunos para as ruas de Chicago, nos anos vinte, para que pudessem observar pessoalmente o que se passava.  O ênfase na vida da cidade constitui a segunda característica importante dos sociólogos de Chicago. O que quer que estudassem, faziam-no sempre tendo como pano de fundo a comunidade como um todo, abordagem que Becker designou por “o mosaico científico” (Becker, 1970b) Pág. 27
Pág. 28          Os sociólogos de Chicago assumiram uma abordagem interaccionista relativamente à investigação (Carey, 1975), enfatizando a natureza social e interactiva da realidade.
Pág. 29 A sociologia da educação        O início oficial da sociologia da educação, como campo individualizado, verificou-se em 1915, aquando da inauguração do primeiro curso de “Sociologia da Educação” (Sneden, 1937), mas o JournalofEducationalSociologysó surgiu em 1926.
Pág. 29           O “método científico” e educação identificou-se com a quantificação. A sociologia em geral e a Revista, em particular, afastaram-se da perspectiva de Chicago, encaminhando-se para uma abordagem quantitativa e experimental.
Pág. 30            À medida que os educadores foram aumentando a  sua preocupação com a mensuração, quantificação e predição, as estratégias qualitativas tais como a “investigação e primeira mão”, a utilização de documentos pessoais e a preocupação do investigador de campo com o contexto social tornaram-se menos relevantes para os educadores (Peters, 1937).
Pág. 30            Mas houve excepções. WillardWaller obteve o seu mestrado com EllsworthFaris no Departamento de Sociologia de Chicago, sendo a sua abordagem da sociologia da educação empírica, mas “antiquantitativa”, baseando-se num contacto  directo com  o  mundo social e preocupado com as relações entre as partes e o todo.
Pág. 29 Dos anos trinta aos anos cinquenta       Alguns académicos vêem a investigação realizada entre os anos trinta e os anos cinquenta como um hiato da abordagem qualitativa.
Pág. 31        Os historiadores da investigação qualitativa nunca incluíram Freud e Piaget entre os criadores da abordagem qualitativa, contudo, ambos se basearam em estudos de caso, observações e entrevistas em profundidade.
A investigação qualitativa nos anos 30 A influência do departamento de sociologia de Chicago declinou durante os anos trinta. A Grande Depressão afectou o financiamento dos projectos de investigação. Ainda a Grande Depressão transferiu a preocupação dos sociólogos pelos imigrantes americanos e outras questões étnicas , preocupação dominante  na Escola de Chicago, para os problemas do desemprego maciço. Desacordos significativos entre os sociólogos americanos relativamente a questões políticas e metodológicas, bem como a reforma ou morte de muitas figuras principais de Chicago, desempenharam um papel importante no hiato entre os anos 30 e 50. Um campo amplamente reconhecido da utilização continuada da abordagem qualitativa foi o trabalho desenvolvido pelos antropólogos sociais, que transportaram os métodos de campo que tinham utilizado no estrangeiro para os estudos conduzidos na cultura americana.  A Depressão dos Estados Unidos deu origem a grandes problemas para a maioria dos cidadãos, e muitas pessoas, incluindo aquelas que trabalhavam para as agências governamentais, voltaram-se para a abordagem qualitativa com o objectivo de documentar a natureza e extensão destes problemas.  O documentarismo fotográfico incidindo sobre as dimensões do sofrimento dos americanos sem posses também se desenvolveu. Pág. 32/33
A investigação qualitativa nos anos 40 A investigação qualitativa nos anos 50 No anos quarenta, Mirra Komarovsky, uma socióloga que havia publicado um dos dois estudos qualitativos mais conhecidos sobre a Família e a Depressão, terminou um estudo sobre as mulheres no ensino superior, que viria a constituir um documento importante  para o movimento feminista, no início dos anos setenta. O interesse dos antropólogos pela educação aumentou. Verificaram-se desenvolvimentos significativos dos métodos qualitativos e de trabalho de campo, tanto a nível conceptual como metodológico.  Outra evolução metodológica importante foi o desenvolvimento da entrevista como uma estratégia central da investigação qualitativa. O AmericanJournalofSociologydedicou-lhe um número especial em 1956 Pág. 34-36
Pág.36 Os anos sessenta: uma época de mudança       Os anos sessenta chamaram a atenção nacional para os problemas educativos, reavivaram o interesse pela investigação qualitativa e tornaram os investigadores educacionais mais sensíveis a este tipo de abordagem.
Pág.36       Nos anos sessenta, os próprios investigadores educacionais começaram a manifestar interesse pelas estratégias qualitativas  na investigação, ao mesmo tempo que as agências estatais  começaram a subsidiar a investigação que utilizava métodos qualitativos.
Pág. 38       A audiência para a investigação qualitativa em educação cresceu na década de sessenta. Não se encontrando ainda firmemente estabelecido moo um paradigma legítimo de investigação, o seu estatuto causou múltiplos problemas aos alunos que os pretendiam usar no seu trabalho. Mas as abordagens qualitativas provocavam entusiasmo.
Quais as razões para que a abordagem qualitativa em educação começasse a sair de um longo período de hibernação na década de sessenta? Os tumultos sociais da época indicavam claramente que não se sabia o suficiente sobe o modo como os alunos experimentavam  a escola. Eram necessárias descrições esclarecedoras. Os métodos qualitativos ganhavam popularidade devido ao reconhecimento que emprestavam às perspectivas dos mais desfavorecidos e excluídos socialmente.  Os métodos de investigação qualitativa representavam o espírito democrático em ascendência na década de sessenta. Surgiu a necessidade de professores experientes neste tipo de investigação, abrindo-se o caminho a inovações e desenvolvimentos metodológicos.  Na década de sessenta, o campo da sociologia, que tinha sido dominado pelas ideias da teoria estrutural-funcional durante vinte anos, começou a virar-se para os escritos fenomenologistas.  Pág. 38-39
Pág. 39 Os anos setenta: investigação qualitativa em educação, a diversidade       Na década de sessenta, a perspectiva qualitativa era ainda marginal em educação, só praticada pelos mais heterodoxos. No início dos anos setenta, ainda que os métodos qualitativos não fossem, de modo algum, os dominantes, já não podiam ser vistos como marginais.
Pág. 39        Verificou-se, nas comunicações apresentadas em associações profissionais, como a AmericanEducationalResearchAssociation, um aumento das que recorriam aos métodos qualitativos, tendo estes métodos obtido reconhecimento crescente em campos como a investigação avaliativa (Guba, 1978; Patton, 1980).
Pág. 39          Defensores de todas as perspectivas participaram nas discussões: “qualitativos” versus “quantitativos”, “jornalismo” versus “investigação” e “científico” versus “intuitivo”. Verificou-se uma mudança dos investigadores quantitativos relativamente à investigação qualitativa. As tensões entre investigadores qualitativos e quantitativos diminuíram, instalando-se um clima de diálogo entre os dois grupos.
Pág. 39          Defensores de todas as perspectivas participaram nas discussões: “qualitativos” versus “quantitativos”, “jornalismo” versus “investigação” e “científico” versus “intuitivo”. Verificou-se uma mudança dos investigadores quantitativos relativamente à investigação qualitativa. As tensões entre investigadores qualitativos e quantitativos diminuíram, instalando-se um clima de diálogo entre os dois grupos.
Pág. 43 Anos oitenta e noventa: computadores, feminismo e a investigação qualitativa pós-moderna       Os teóricos da educação ainda discutem sobre as diferenças entre a investigação quantitativa e qualitativa e se as duas podem e devem ser articuladas (Smith, 1983; Stainback,eStainback, 1985; Howe, 1988; Firestone, 1987; Smith e Heshusius, 1986).
Pág. 43       Nos anos oitenta e noventa, o número de publicações para artigos qualitativos aumentou.          Surgiu uma nova revista  exclusivamente dedicada à publicação de investigação qualitativa em educação – InternationalJournal for QualitativeStudiesinEducatione várias editoras iniciaram séries de livros com uma preocupação semelhante.
Pág. 43       Desde o académico AmericanEducationalResearchJournalaté à revista de grande tiragem Phi Delta Kappa, os responsáveis pelas publicações periódicas de educação solicitam activamente a apresentação de manuscritos baseados em investigação qualitativa.
Pág. 43       Uma inovação significativa, de carácter mais técnico do que conceptual, foi a utilização do computador na recolha, gestão e análise dos dados qualitativos.       Os investigadores qualitativos registam os seus apontamentos em processadores de texto para ordenar os muitos parágrafos de dados produzidos num estudo qualitativo.
Pág. 43-45       A teoria e a prática feministas também influenciaram a investigação qualitativa da época de oitenta.  O feminismo influenciou o tipo de sujeitos que os investigadores qualitativos (feministas) estudaram.        As feministas tiveram um papel importante enquanto impulsionadoras da investigação sobre as emoções e os sentimentos (Hochschild, 1983).        O feminismo afectou igualmente as questões metodológicas.
Pág. 45       O pós-modernismo (também designado por pós-estruturalismo e desconstrucionismo) representa uma posição intelectual que reivindica o facto de vivermos num período “pós”-moderno, um tempo histórico real que difere do modernismo.
Pág. 45-46       Os pós-modernistas defendem só ser possível conhecer algo tendo como referência uma determinada perspectiva. Tal posição desafia a possibilidade de alcançar a verdade através do adequado, ou seja, científico uso da razão. Não é possível raciocinar ou conceptualizar para além da localização do eu num contexto histórico-social específico. Desta forma, esta perspectiva enfatiza a interpretação e a escrita como características centrais da investigação.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Características da investigação qualitativa
Características da investigação qualitativaCaracterísticas da investigação qualitativa
Características da investigação qualitativa
Lucila Pesce
 
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
Flavio Oliveira Alencar
 
Exemplos de Cronogramas de Pesquisa
Exemplos de Cronogramas de PesquisaExemplos de Cronogramas de Pesquisa
Exemplos de Cronogramas de Pesquisa
richard_romancini
 
O conceito de pesquisa documental
O conceito de pesquisa documentalO conceito de pesquisa documental
O conceito de pesquisa documental
Fabio Tadeu
 
Filosofia e educação
Filosofia e educaçãoFilosofia e educação
Filosofia e educação
Peedagogia
 

Mais procurados (20)

Etnografia e Observação
Etnografia e ObservaçãoEtnografia e Observação
Etnografia e Observação
 
Pesquisa Em EducaçãO
Pesquisa Em EducaçãOPesquisa Em EducaçãO
Pesquisa Em EducaçãO
 
RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...
RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...
RESUMO - Formação de Professores: Identidades e Saberes da Docência - Selma G...
 
Características da investigação qualitativa
Características da investigação qualitativaCaracterísticas da investigação qualitativa
Características da investigação qualitativa
 
Metodologia - Aula 1 (A pesquisa científica)
Metodologia - Aula 1 (A pesquisa científica)Metodologia - Aula 1 (A pesquisa científica)
Metodologia - Aula 1 (A pesquisa científica)
 
Defesa de tese do mestrado
Defesa de tese do mestradoDefesa de tese do mestrado
Defesa de tese do mestrado
 
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
Metodologia pesquisa cientifica 24 03 2009
 
Slides para a qualificação
Slides para a qualificaçãoSlides para a qualificação
Slides para a qualificação
 
Exemplos de Cronogramas de Pesquisa
Exemplos de Cronogramas de PesquisaExemplos de Cronogramas de Pesquisa
Exemplos de Cronogramas de Pesquisa
 
Trabalhando Ciências da Natureza nos Anos Iniciais
Trabalhando Ciências da Natureza nos Anos IniciaisTrabalhando Ciências da Natureza nos Anos Iniciais
Trabalhando Ciências da Natureza nos Anos Iniciais
 
Pesquisa Documental ou Análise de Documentos
Pesquisa Documental ou Análise de DocumentosPesquisa Documental ou Análise de Documentos
Pesquisa Documental ou Análise de Documentos
 
O conceito de pesquisa documental
O conceito de pesquisa documentalO conceito de pesquisa documental
O conceito de pesquisa documental
 
Filosofia e educação
Filosofia e educaçãoFilosofia e educação
Filosofia e educação
 
Casos clínicos
Casos clínicosCasos clínicos
Casos clínicos
 
Alfabetização cientifica e sequencia didática no ensino de ciências - 2012
Alfabetização cientifica e sequencia didática no ensino de ciências - 2012Alfabetização cientifica e sequencia didática no ensino de ciências - 2012
Alfabetização cientifica e sequencia didática no ensino de ciências - 2012
 
Pesquisa qualitativa
Pesquisa qualitativaPesquisa qualitativa
Pesquisa qualitativa
 
Monografia: como fazer
Monografia: como fazerMonografia: como fazer
Monografia: como fazer
 
Teorias do Currículo
Teorias do CurrículoTeorias do Currículo
Teorias do Currículo
 
Max weber
Max weberMax weber
Max weber
 
fred-kerlinger-metodologia-da-pesquisa-em-ciencias-sociais
fred-kerlinger-metodologia-da-pesquisa-em-ciencias-sociaisfred-kerlinger-metodologia-da-pesquisa-em-ciencias-sociais
fred-kerlinger-metodologia-da-pesquisa-em-ciencias-sociais
 

Destaque (9)

Sociologia geral
Sociologia geralSociologia geral
Sociologia geral
 
O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?
 
Principais sociólogos
Principais sociólogosPrincipais sociólogos
Principais sociólogos
 
Pensadores Da Sociologia
Pensadores Da Sociologia Pensadores Da Sociologia
Pensadores Da Sociologia
 
Sociologia para o vestibular
Sociologia para o vestibularSociologia para o vestibular
Sociologia para o vestibular
 
Sociologia
SociologiaSociologia
Sociologia
 
Sociologia - Principais teoricos da sociologia
Sociologia - Principais teoricos da sociologiaSociologia - Principais teoricos da sociologia
Sociologia - Principais teoricos da sociologia
 
Sociologia introdução - o que é, principais pensamentos e pensadores
Sociologia   introdução - o que é, principais pensamentos e pensadoresSociologia   introdução - o que é, principais pensamentos e pensadores
Sociologia introdução - o que é, principais pensamentos e pensadores
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1
 

Semelhante a A Tradição Da Investigação Qualitativa Em EducaçãO Notas

O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIXO ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
Fabrício Dutra
 
A sociologia no brasil por antonio candido
A sociologia no brasil por antonio candidoA sociologia no brasil por antonio candido
A sociologia no brasil por antonio candido
Carlos Weinman
 
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
Leandro Lopes
 

Semelhante a A Tradição Da Investigação Qualitativa Em EducaçãO Notas (20)

Capítulo 4 - Antropologia Brasileira
Capítulo 4 - Antropologia BrasileiraCapítulo 4 - Antropologia Brasileira
Capítulo 4 - Antropologia Brasileira
 
Design gráfico 5a aula
Design  gráfico   5a aulaDesign  gráfico   5a aula
Design gráfico 5a aula
 
Sociologia espaco urbano_13
Sociologia espaco urbano_13Sociologia espaco urbano_13
Sociologia espaco urbano_13
 
A sociologia no brasil
A sociologia no brasilA sociologia no brasil
A sociologia no brasil
 
Sociologia 7
Sociologia 7Sociologia 7
Sociologia 7
 
Fichamento do livro Para ensinar e aprender geografia.
Fichamento do livro Para ensinar e aprender geografia.Fichamento do livro Para ensinar e aprender geografia.
Fichamento do livro Para ensinar e aprender geografia.
 
Estudos Culturais
Estudos CulturaisEstudos Culturais
Estudos Culturais
 
Teoria da comunicação Unidade V
Teoria da comunicação Unidade VTeoria da comunicação Unidade V
Teoria da comunicação Unidade V
 
Sociologia no brasil
Sociologia no brasilSociologia no brasil
Sociologia no brasil
 
O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIXO ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
O ‘ser’ professor(a) primário(a) no século XIX
 
A sociologia no brasil por antonio candido
A sociologia no brasil por antonio candidoA sociologia no brasil por antonio candido
A sociologia no brasil por antonio candido
 
Escola de chicago
Escola de chicagoEscola de chicago
Escola de chicago
 
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
Estudos culturais ana carolina escosteguy (Willian)
 
Sociologia clássica 2
Sociologia clássica 2Sociologia clássica 2
Sociologia clássica 2
 
Fundamentos de sociologia Unidade IV
Fundamentos de sociologia Unidade IVFundamentos de sociologia Unidade IV
Fundamentos de sociologia Unidade IV
 
Sociologia 1
Sociologia 1Sociologia 1
Sociologia 1
 
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I  Aula:Bases para uma Sociologia UrbanaUnidade I  Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
Unidade I Aula:Bases para uma Sociologia Urbana
 
Pensamento social brasileiro
Pensamento social brasileiro Pensamento social brasileiro
Pensamento social brasileiro
 
Pesquisa Qualitativa: origens
Pesquisa Qualitativa: origensPesquisa Qualitativa: origens
Pesquisa Qualitativa: origens
 
Pesquisa Qualitativa - origens
Pesquisa Qualitativa - origensPesquisa Qualitativa - origens
Pesquisa Qualitativa - origens
 

Mais de Rosalina Simão Nunes

Mais de Rosalina Simão Nunes (20)

Articulação Curricular Vertical_PROPOSTA || Aedlv
Articulação Curricular Vertical_PROPOSTA || AedlvArticulação Curricular Vertical_PROPOSTA || Aedlv
Articulação Curricular Vertical_PROPOSTA || Aedlv
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
A Distinção entre Frase Simples e Frase Complexa
A Distinção entre Frase Simples e Frase ComplexaA Distinção entre Frase Simples e Frase Complexa
A Distinção entre Frase Simples e Frase Complexa
 
Formação da palavras_Percurso de Aprendizagem
Formação da palavras_Percurso de AprendizagemFormação da palavras_Percurso de Aprendizagem
Formação da palavras_Percurso de Aprendizagem
 
Articulação curricular vertical PROPOSTA
Articulação curricular vertical PROPOSTAArticulação curricular vertical PROPOSTA
Articulação curricular vertical PROPOSTA
 
ArticulaçãoCurricularVertical_PROPOSTA_v2.pdf
ArticulaçãoCurricularVertical_PROPOSTA_v2.pdfArticulaçãoCurricularVertical_PROPOSTA_v2.pdf
ArticulaçãoCurricularVertical_PROPOSTA_v2.pdf
 
Repositório Atividades (Português)
Repositório Atividades (Português)Repositório Atividades (Português)
Repositório Atividades (Português)
 
MAIA_Relatório_RosalinaSimãoNunes.pdf
MAIA_Relatório_RosalinaSimãoNunes.pdfMAIA_Relatório_RosalinaSimãoNunes.pdf
MAIA_Relatório_RosalinaSimãoNunes.pdf
 
5_Projeto de Intervenção_03_julho_2021.pdf
5_Projeto de Intervenção_03_julho_2021.pdf5_Projeto de Intervenção_03_julho_2021.pdf
5_Projeto de Intervenção_03_julho_2021.pdf
 
4_PI_ Contextualização_03_julho_2021.pdf
4_PI_ Contextualização_03_julho_2021.pdf4_PI_ Contextualização_03_julho_2021.pdf
4_PI_ Contextualização_03_julho_2021.pdf
 
3_Tarefas Sessão Síncrona_07_junho_2021.pdf
3_Tarefas Sessão Síncrona_07_junho_2021.pdf3_Tarefas Sessão Síncrona_07_junho_2021.pdf
3_Tarefas Sessão Síncrona_07_junho_2021.pdf
 
2_Tarefas Sessão Presencial_22_maio__2021.pdf
2_Tarefas Sessão Presencial_22_maio__2021.pdf2_Tarefas Sessão Presencial_22_maio__2021.pdf
2_Tarefas Sessão Presencial_22_maio__2021.pdf
 
1_Tarefas Sessão Síncrona_26_abril_2021.pdf
1_Tarefas Sessão Síncrona_26_abril_2021.pdf1_Tarefas Sessão Síncrona_26_abril_2021.pdf
1_Tarefas Sessão Síncrona_26_abril_2021.pdf
 
CAT_ Aedlv__03_setembro.pptx
CAT_ Aedlv__03_setembro.pptxCAT_ Aedlv__03_setembro.pptx
CAT_ Aedlv__03_setembro.pptx
 
CAT_ Aedlv__19_julho_v4.pptx
CAT_ Aedlv__19_julho_v4.pptxCAT_ Aedlv__19_julho_v4.pptx
CAT_ Aedlv__19_julho_v4.pptx
 
Tutorial - Informação E@D (Reinício do ensino não presencial)
Tutorial - Informação E@D (Reinício do ensino não presencial)Tutorial - Informação E@D (Reinício do ensino não presencial)
Tutorial - Informação E@D (Reinício do ensino não presencial)
 
Tutorial - Informação E@D
Tutorial - Informação E@DTutorial - Informação E@D
Tutorial - Informação E@D
 
Tutorial 5 - Momentos síncronos
Tutorial 5 - Momentos síncronosTutorial 5 - Momentos síncronos
Tutorial 5 - Momentos síncronos
 

Último

19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
RogrioGonalves41
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
AntonioVieira539017
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
lenapinto
 

Último (20)

Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.pptArtigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
Artigo Científico - Estrutura e Formatação.ppt
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
3 2 - termos-integrantes-da-oracao-.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
 
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdfAula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XVExpansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
 
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRenascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 

A Tradição Da Investigação Qualitativa Em EducaçãO Notas

  • 1. Notas BOGDAN, Robert e BIKLEN, Sari – “A Tradição da Investigação qualitativa em educação”, Investigação qualitativa em investigação, Porto: Porto Editora, 2006, ISBN: 978-972-0-34112-9, pp 19-46
  • 2. A tradição da investigação qualitativa em educação Origens no século XIX O nascimento da antropologia A sociologia de Chicago A sociologia da educação Dos anos trinta aos anos cinquenta Os anos sessenta Os anos setenta Os anos oitenta e noventa
  • 3. Pág. 19 Ainda que a investigação qualitativa no campo da educação só recentemente tenha sido reconhecida, possui uma longa e rica tradição. As características desta herança auxiliam os investigadores qualitativos a compreender a sua metodologia em contexto histórico.
  • 4. Pág. 20 Origens no século XIX No fim do século XIX, nos Estados Unidos, a denúncia jornalística dos problemas sociais exigia resposta, uma delas foi o “movimento dos levantamentos sociais”, constituído por um conjunto de estudos comunitários coordenados, relativos aos problemas urbanos, e levados a cabo próximo do início do século vinte.
  • 5. Pág. 20 Nos finais do século XIX, o francês FrederickLePlay estudou famílias da classe trabalhadora, recorrendo ao método designado por “observação participante” pelos cientistas sociais dos anos trinta (Wells, 1939).
  • 6. Pág. 20 A obra de Henry Mayhew, LondonLabourandtheLondonPoor, publicada em quatro volumes entre 1851 e 1862 (Fried e Elman, 1968; Stott, 1973), consiste no registo, ilustração e descrição das condições de vida dos trabalhadores e dos desempregados. Mayhew apresenta histórias de vida e os resultados de entrevistas exaustivas com os pobres.
  • 7. Pág. 20 A obra de Charles Booth, um estatístico que começou a fazer levantamentos sociais relativos aos pobres de Londres em 1886 (Webb, 1926), seguiu a tendência da literatura urbana emergente. O seu trabalho contém descrições exaustivas e detalhadas das pessoas que estudou.
  • 8. Pág. 22 Nos Estados Unidos, W.E.B. Du Bois procedeu ao primeiro levantamento social, publicado em 1899 com o título de ThePhiladelphia Negro, consistindo num trabalho levado a cabo durante cerca de um ano e meio de estudo apurado, recorrendo a entrevistas e observação de sujeitos que habitavam essencialmente no Sétimo Bairro da cidade. O objectivo da investigação era examinar “as condições de vida dos mais de quarenta mil indivíduos de raça negra que habitavam na cidade de Filadélfia.
  • 9. Pág. 22/23 Um dos levantamentos sociais mais significativos foi o de Pittsburgh, conduzido em 1907. O grupo que o conduziu tentou aplicar o “método científico” ao estudo dos problemas sociais. Ainda que o Inquérito de Pittsburgh apresente quantificações estatísticas, relativamente a questões que vão desde o número de acidentes semanais e valor de salários, até ao tipo de localizações dos sanitários e a frequência escolar, apresenta descrições detalhadas, entrevistas, desenhos e fotografias.
  • 10. Pág. 23 Os levantamentos sociais têm uma importância particular para a compreensão da história da investigação qualitativa em educação dada a sua relação imediata com os problemas sociais e a sua posição particular a meio caminho entre a narrativa e o estudo científico.
  • 11. Pág. 25 O nascimento da antropologia Franz Boas, fundador do primeiro departamento universitário dos Estados Unidos, terá possivelmente sido o primeiro antropólogo a escrever sobre antropologia e educação, num artigo publicado em 1898 e dedicado ao ensino da antropologia a nível universitário.
  • 12. Pág. 25 O contributo mais significativo de Franz Boas foi a sua participação no desenvolvimento da antropologia interpretativa, bem como o seu conceito de cultura. Em contraste com os antropólogos anteriores, Boas era um “relativista cultural”, acreditando que cada cultura estudada devia ser abordada de forma indutiva.
  • 13. Pág. 25 Relativamente ao desenvolvimento das técnicas de trabalho de campo é necessário considerar os estudos antropológicos das culturas nativas. BronislawMalinowski foi o primeiro antropólogo cultural a passar longos períodos de tempo numa aldeias nativa, para observar o seu funcionamento (Wax, 1971)
  • 14. Pág. 25 Malinowski foi o primeiro antropólogo profissional a descrever o modo como obteve os seus dados e a experiência do trabalho de campo. Estabeleceu as bases da antropologia interpretativa, ao enfatizar a importância de apreender “o ponto de vista do nativo” (Malinowski, 1922, p.25)
  • 15. Pág. 26 Possivelmente, a primeira aplicação concreta da antropologia à educação nos Estados Unidos foi efectuada pela antropóloga MargaretMead (Mead, 1942 e 1951). Preocupada com o papel do professor e com a escola enquanto organização, recorreu às suas experiências de campo em sociedades menos tecnológicas, para ilustrar o quadro educativo em rápida mudança nos Estados Unidos da época.
  • 16. Pág. 26 Uma das figuras principais no desenvolvimento do método qualitativo foi RobertRedfield, um antropólogo que estudou na Universidade de Chicago no período de desenvolvimento da sociologia. O trabalho de campo dos antropólogos constituiu um fundamento importante do modelo que ficou conhecido como a sociologia de Chicago (Douglas, 1976)
  • 17. Pág. 26 A sociologia de Chicago A “Escola de Chicago”, rótulo aplicado a um grupo de sociólogos investigadores com funções docentes e discentes no departamento de sociologia da Universidade de Chicago, nos anos vinte e trinta, contribuíram enormemente para o desenvolvimento do método de investigação que designamos por qualitativo.
  • 18. Pág. 26/27 Do ponto de vista teórico, os sociólogos de Chicago entendiam os símbolos e as personalidades como emergentes da interacção social (Faris, 1967). Do ponto de vista metodológico, todos se baseavam no estudo de caso, quer se tratasse de um indivíduo, de um grupo, de um bairro ou de uma comunidade (Wiley, 1979).
  • 19. Características da metodologia da Escola de Chicago Os sociólogos de Chicago baseavam-se nos dados recolhidos em primeira mão para as suas investigações. Esta técnica estabeleceu-se a partir do trabalho de dois autores: W.I. Thomase Roberta Park. Park enviava os seus alunos para as ruas de Chicago, nos anos vinte, para que pudessem observar pessoalmente o que se passava. O ênfase na vida da cidade constitui a segunda característica importante dos sociólogos de Chicago. O que quer que estudassem, faziam-no sempre tendo como pano de fundo a comunidade como um todo, abordagem que Becker designou por “o mosaico científico” (Becker, 1970b) Pág. 27
  • 20. Pág. 28 Os sociólogos de Chicago assumiram uma abordagem interaccionista relativamente à investigação (Carey, 1975), enfatizando a natureza social e interactiva da realidade.
  • 21. Pág. 29 A sociologia da educação O início oficial da sociologia da educação, como campo individualizado, verificou-se em 1915, aquando da inauguração do primeiro curso de “Sociologia da Educação” (Sneden, 1937), mas o JournalofEducationalSociologysó surgiu em 1926.
  • 22. Pág. 29 O “método científico” e educação identificou-se com a quantificação. A sociologia em geral e a Revista, em particular, afastaram-se da perspectiva de Chicago, encaminhando-se para uma abordagem quantitativa e experimental.
  • 23. Pág. 30 À medida que os educadores foram aumentando a sua preocupação com a mensuração, quantificação e predição, as estratégias qualitativas tais como a “investigação e primeira mão”, a utilização de documentos pessoais e a preocupação do investigador de campo com o contexto social tornaram-se menos relevantes para os educadores (Peters, 1937).
  • 24. Pág. 30 Mas houve excepções. WillardWaller obteve o seu mestrado com EllsworthFaris no Departamento de Sociologia de Chicago, sendo a sua abordagem da sociologia da educação empírica, mas “antiquantitativa”, baseando-se num contacto directo com o mundo social e preocupado com as relações entre as partes e o todo.
  • 25. Pág. 29 Dos anos trinta aos anos cinquenta Alguns académicos vêem a investigação realizada entre os anos trinta e os anos cinquenta como um hiato da abordagem qualitativa.
  • 26. Pág. 31 Os historiadores da investigação qualitativa nunca incluíram Freud e Piaget entre os criadores da abordagem qualitativa, contudo, ambos se basearam em estudos de caso, observações e entrevistas em profundidade.
  • 27. A investigação qualitativa nos anos 30 A influência do departamento de sociologia de Chicago declinou durante os anos trinta. A Grande Depressão afectou o financiamento dos projectos de investigação. Ainda a Grande Depressão transferiu a preocupação dos sociólogos pelos imigrantes americanos e outras questões étnicas , preocupação dominante na Escola de Chicago, para os problemas do desemprego maciço. Desacordos significativos entre os sociólogos americanos relativamente a questões políticas e metodológicas, bem como a reforma ou morte de muitas figuras principais de Chicago, desempenharam um papel importante no hiato entre os anos 30 e 50. Um campo amplamente reconhecido da utilização continuada da abordagem qualitativa foi o trabalho desenvolvido pelos antropólogos sociais, que transportaram os métodos de campo que tinham utilizado no estrangeiro para os estudos conduzidos na cultura americana. A Depressão dos Estados Unidos deu origem a grandes problemas para a maioria dos cidadãos, e muitas pessoas, incluindo aquelas que trabalhavam para as agências governamentais, voltaram-se para a abordagem qualitativa com o objectivo de documentar a natureza e extensão destes problemas. O documentarismo fotográfico incidindo sobre as dimensões do sofrimento dos americanos sem posses também se desenvolveu. Pág. 32/33
  • 28. A investigação qualitativa nos anos 40 A investigação qualitativa nos anos 50 No anos quarenta, Mirra Komarovsky, uma socióloga que havia publicado um dos dois estudos qualitativos mais conhecidos sobre a Família e a Depressão, terminou um estudo sobre as mulheres no ensino superior, que viria a constituir um documento importante para o movimento feminista, no início dos anos setenta. O interesse dos antropólogos pela educação aumentou. Verificaram-se desenvolvimentos significativos dos métodos qualitativos e de trabalho de campo, tanto a nível conceptual como metodológico. Outra evolução metodológica importante foi o desenvolvimento da entrevista como uma estratégia central da investigação qualitativa. O AmericanJournalofSociologydedicou-lhe um número especial em 1956 Pág. 34-36
  • 29. Pág.36 Os anos sessenta: uma época de mudança Os anos sessenta chamaram a atenção nacional para os problemas educativos, reavivaram o interesse pela investigação qualitativa e tornaram os investigadores educacionais mais sensíveis a este tipo de abordagem.
  • 30. Pág.36 Nos anos sessenta, os próprios investigadores educacionais começaram a manifestar interesse pelas estratégias qualitativas na investigação, ao mesmo tempo que as agências estatais começaram a subsidiar a investigação que utilizava métodos qualitativos.
  • 31. Pág. 38 A audiência para a investigação qualitativa em educação cresceu na década de sessenta. Não se encontrando ainda firmemente estabelecido moo um paradigma legítimo de investigação, o seu estatuto causou múltiplos problemas aos alunos que os pretendiam usar no seu trabalho. Mas as abordagens qualitativas provocavam entusiasmo.
  • 32. Quais as razões para que a abordagem qualitativa em educação começasse a sair de um longo período de hibernação na década de sessenta? Os tumultos sociais da época indicavam claramente que não se sabia o suficiente sobe o modo como os alunos experimentavam a escola. Eram necessárias descrições esclarecedoras. Os métodos qualitativos ganhavam popularidade devido ao reconhecimento que emprestavam às perspectivas dos mais desfavorecidos e excluídos socialmente. Os métodos de investigação qualitativa representavam o espírito democrático em ascendência na década de sessenta. Surgiu a necessidade de professores experientes neste tipo de investigação, abrindo-se o caminho a inovações e desenvolvimentos metodológicos. Na década de sessenta, o campo da sociologia, que tinha sido dominado pelas ideias da teoria estrutural-funcional durante vinte anos, começou a virar-se para os escritos fenomenologistas. Pág. 38-39
  • 33. Pág. 39 Os anos setenta: investigação qualitativa em educação, a diversidade Na década de sessenta, a perspectiva qualitativa era ainda marginal em educação, só praticada pelos mais heterodoxos. No início dos anos setenta, ainda que os métodos qualitativos não fossem, de modo algum, os dominantes, já não podiam ser vistos como marginais.
  • 34. Pág. 39 Verificou-se, nas comunicações apresentadas em associações profissionais, como a AmericanEducationalResearchAssociation, um aumento das que recorriam aos métodos qualitativos, tendo estes métodos obtido reconhecimento crescente em campos como a investigação avaliativa (Guba, 1978; Patton, 1980).
  • 35. Pág. 39 Defensores de todas as perspectivas participaram nas discussões: “qualitativos” versus “quantitativos”, “jornalismo” versus “investigação” e “científico” versus “intuitivo”. Verificou-se uma mudança dos investigadores quantitativos relativamente à investigação qualitativa. As tensões entre investigadores qualitativos e quantitativos diminuíram, instalando-se um clima de diálogo entre os dois grupos.
  • 36. Pág. 39 Defensores de todas as perspectivas participaram nas discussões: “qualitativos” versus “quantitativos”, “jornalismo” versus “investigação” e “científico” versus “intuitivo”. Verificou-se uma mudança dos investigadores quantitativos relativamente à investigação qualitativa. As tensões entre investigadores qualitativos e quantitativos diminuíram, instalando-se um clima de diálogo entre os dois grupos.
  • 37. Pág. 43 Anos oitenta e noventa: computadores, feminismo e a investigação qualitativa pós-moderna Os teóricos da educação ainda discutem sobre as diferenças entre a investigação quantitativa e qualitativa e se as duas podem e devem ser articuladas (Smith, 1983; Stainback,eStainback, 1985; Howe, 1988; Firestone, 1987; Smith e Heshusius, 1986).
  • 38. Pág. 43 Nos anos oitenta e noventa, o número de publicações para artigos qualitativos aumentou. Surgiu uma nova revista exclusivamente dedicada à publicação de investigação qualitativa em educação – InternationalJournal for QualitativeStudiesinEducatione várias editoras iniciaram séries de livros com uma preocupação semelhante.
  • 39. Pág. 43 Desde o académico AmericanEducationalResearchJournalaté à revista de grande tiragem Phi Delta Kappa, os responsáveis pelas publicações periódicas de educação solicitam activamente a apresentação de manuscritos baseados em investigação qualitativa.
  • 40. Pág. 43 Uma inovação significativa, de carácter mais técnico do que conceptual, foi a utilização do computador na recolha, gestão e análise dos dados qualitativos. Os investigadores qualitativos registam os seus apontamentos em processadores de texto para ordenar os muitos parágrafos de dados produzidos num estudo qualitativo.
  • 41. Pág. 43-45 A teoria e a prática feministas também influenciaram a investigação qualitativa da época de oitenta. O feminismo influenciou o tipo de sujeitos que os investigadores qualitativos (feministas) estudaram. As feministas tiveram um papel importante enquanto impulsionadoras da investigação sobre as emoções e os sentimentos (Hochschild, 1983). O feminismo afectou igualmente as questões metodológicas.
  • 42. Pág. 45 O pós-modernismo (também designado por pós-estruturalismo e desconstrucionismo) representa uma posição intelectual que reivindica o facto de vivermos num período “pós”-moderno, um tempo histórico real que difere do modernismo.
  • 43. Pág. 45-46 Os pós-modernistas defendem só ser possível conhecer algo tendo como referência uma determinada perspectiva. Tal posição desafia a possibilidade de alcançar a verdade através do adequado, ou seja, científico uso da razão. Não é possível raciocinar ou conceptualizar para além da localização do eu num contexto histórico-social específico. Desta forma, esta perspectiva enfatiza a interpretação e a escrita como características centrais da investigação.