Uma análise sobre os impactos do trabalho remoto em tempos de pandemia a partir das categorias "tempo", "espaço" e "presença", refletindo sobre o uso das tecnologias da virtualidade e seus diversos impactos.
Trabalho remoto e ensino a distância durante a pandemia
1. "Carro do ovo": reflexões sobre o trabalho
remoto em tempos de pandemia
Prof. Marcelo Sabbatini (CE-UFPE)
2.
3. A virtualidade é o caminho?
Mas quais os impactos?
Teletrabalho, trabalho remoto, home office, ensino a distância...
4. Espaço
● “Penetração insidiosa do trabalho em todos os
espaços e momentos de seu cotidiano” (Zaidan,
Galvão)
●
Absorção de custos: equipamento, conexão,
energia.
● “Apagamento de toda e qualquer especificidade
humana que seus cotidianos particulares” (idem)
● “Co-penetração entre esferas produtiva e
reprodutiva, racional e emotiva” (De Masi)
● “O prazer da ubiquidade” (idem)
5. Tempo
● “Overtime”, “servilismo zeloso” (De Masi)
● 24x7x365
● Exploração e intensificação do trabalho
● “Elogio da lentidão” vs. “mundo cinicamente
baseado na velocidade e exclusão de quem não é
rápido”
● Tensionamento de limites físicos e emocionais,
cognitivos
7. Presença
● Presença: complexidade e dinamismo
●
Telepresença: estar lá
●
Presença social: estar juntos
●
Proximidade imediata, percepção, disposição
●
Presença cognitiva: reflexão e conhecimento
●
Presença emocional: sentimentos e emoções
como mediadores da percepção
●
O que é estar "presente" numa sessão de
interação remota?
●
Síndrome da Câmara Fechada
8. Reflexões
● A pandemia impacta tempo, espaço e presença
nas interações humanas
● Necessidade de regulação, formal e informal do
trabalho e seus limites
● Atenção para o contexto emocional: problemas
de saúde, renda, impactos psicológicos e a “não
normalidade”
● A existência de um "nó ético": vigilância
tecnológica, privacidade e direitos autorais
● A atuação das "edtechs" na plataformização das
instituições sociais
9. ●
“Plataformas e conteúdos digitais largamente
utilizados no ensino remoto e na educação a
distância não estão desvinculados das limitações
técnicas de algumas funcionalidades que
incrementariam a interatividade; do design ou
layout reféns de determinada concepção de
aprendizagem, muitas vezes reduzida a uma
abordagem instrucionista ou comportamentalista”
(Saldanha)
●
Quais são valores incorporados ao Google
Classroom?
?
?
Questionamento
Tecnologias têm valores?
10. ●
Professor-centrismo: todas ações comandadas pelo professor, aluno
reduzido a um receptor de informações
●
Informação-centrismo: recursos destinados a armazenamento e entrega
de conteúdo, com escassa possibilidade de criação de conteúdos e de
interação
●
Individualismo: inexistência de atividades colaborativas ou formação de
grupos; ferramentas que não potencializam o diálogo ou comunicação
interpessoal
●
Assimetria plataforma-usuário: alunos e professores não têm acesso às
estatísticas e relatórios de síntese do uso. Não permite backup ou gravação
dos dados estruturados
●
Impessoalidade: inexistência de perfil dos participantes, avatar reduzido,
pouco capacidade de customização do ambiente
●
“Proprietarismo”: falta de integração com recursos externos, não adesão a
padrões interoperáveis e/ou abertos
?
?
Análise pessoal
11. Desafios do trabalho/ensino remoto
O que aprendemos?
●
Fatores sociológicos e culturais
●
“Tudo o que acontece na escola só pode ser explicado através do que
ocorre fora dos muros escolares" (Baudelot, Establet)
●
Capital sociocultural (Bourdieu)
●
Posicionamento institucional
●
“Improviso precário” ou “planejamento viável” (Gusso)
●
Formação do usuário: do instrumental à assimilação
●
Acesso e inclusão digital
●
Abismo digital
●
Trabalho/estudo versus casa
●
Plataformas tecnológicas versus hackeamento / gambiarras
●
“Tecnologia ou metodologia”?
●
Ensino remoto não é EaD!
●
Ensino remoto não é presencial por videoconferência
12. Recomendações para o remoto
pandêmico (esboço)
●
Oportunidade para repensar processos
comunicativos, pedagógicos...
●
Foco na afetividade: aula como espaço de
acolhimento e escuta
●
Cultivo de uma cultura de pertencimento,
pequenos rituais diários
●
Avaliação com ênfase no processo. "Pegar
leve", sem perder rigor
13. (cont.)
●
Flexibilidade: muitos caminhos levam ao mesmo
objetivo. De tempo ferramentas. Pensar em
hackeamento e tecnologia “baixa”
●
Estrutura, previsibiIidade, padronização. Até o
momento da monotonia e acomodação à
metodologia
●
Superação dos modelos anteriores (aula,
reunião presencial). Buscar o que o digital tem
de característica própria
14. Quais as perspectivas de futuro?
●
“E se tivéssemos começado antes de começar?"
(Kuklinski, Cobo)
●
“Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais”
(senso comum)
●
Análise crítica ampla: condição periférica e de
dependência, interesses privados, exclusão tecnológica,
dissolução de processos democráticos
●
Concepção de educação mais além do “ensino”, da
comunicação mais além da “transmissão”
●
Busca pela soberania tecnológica, universalização do
acesso digital Ressignificação da relação entre trabalho,
educação e conhecimento, “reinvenção holística”