SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
2
Neste capítulo apresenta‐se uma revisão da literatura relacionada com o tema 
em         estudo.      Neste       sentido,      a        revisão       releva    sobretudo 
actividades/estudos/investigações  desenvolvidos  também  em  Portugal  e  em  meio 
escolar.  
          Na  secção  2.1  apresentam‐se  estudos/investigações  sobre  utilização  de 
substâncias: álcool, tabaco e outras drogas, na secção 2.2 os efeitos associados ao uso 
de  álcool,  tabaco  e  drogas  e  na  secção  2.3  apresentam‐se  uma  descrição  dos 
programas de prevenção desenvolvidos em Portugal.  
 
 
2.1       Uso de substâncias: álcool, tabaco e outras drogas 
 
          O HBSC – Health Behaviour in School‐Aged Children 1  é um estudo periódico, 
de  quatro  em  quatro  anos,  patrocinado  pela  Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS), 
que conta com a participação de vários países incluindo Portugal. O estudo tem como 
público‐alvo alunos dos 2.º e 3.º ciclos e Secundário, nomeadamente dos 6.º, 8.º e 10.º 
anos,  com  idades  médias  de  referência  de  11,  13  e  15  anos  respectivamente.  Até  ao 
momento Portugal vai com quatro participações. A primeira em 1998, a segunda em 
2002, a terceira em 2006 e a quarta em 2010. O estudo tem por base um inquérito e 
como  objecto  o  uso  de  substâncias,  a  prática  de  exercício  físico,  alimentação, 
comportamento sexual, violência, relações e grupos de pares, ambiente familiar entre 
outros.  
          O  ESPAD  –  European  School  Survey  on  Alcohol  and  Others  Drugs  de  1995  a 
2003  é  um  estudo  em  forma  de  inquérito  aplicado  em  meio  escolar  que  aborda 
especificamente o uso de substâncias, como álcool, tabaco e outras drogas por jovens 
que completam 16 anos no ano de recolha de dados. Este estudo é de âmbito europeu 
e  tem  uma  periodicidade  de  4  anos.  O  estudo  teve  o  seu  início  em  1995  e 
posteriormente em 1999 e 2003, é coordenado pelo CAN  ‐ The Swedish Council for 
Information  on  Alcohol  and  Other  Drugs  e  tem  o  apoio  do  Grupo  Pompidou  do 
Conselho da Europa e de instituições dos diferentes países participantes. Portugal tem 
participado desde sempre. 
          Os estudos têm vindo a registar prevalências mais altas e uma tendência para o 
aumento  do  consumo  de  tabaco  e  cannabis,  principalmente  verificado  no  sexo 
feminino  bem  como  a  manutenção  de  prevalências  e  níveis  altos  de  consumo  de 
álcool,  com  alterações  nocivas  dos  padrões  de  consumo.  Estas  prevalências 
encontram‐se em linha com as da população em geral, com destaque para o consumo 
de  álcool,  tabaco  e  cannabis  em  relação  às  demais  substâncias.  As  tendências  de 
resistência  à  redução  do  consumo  destas  substâncias  nos  jovens  revelam‐se 
relevantes. 
 
 
2.2      Efeitos associados ao uso de álcool, tabaco e outras drogas  
 
           O tabaco é a principal causa de problemas de saúde a curto prazo nos jovens, 
nomeadamente  de  agravamento  de  problemas  respiratórios,  tosse,  catarro  e 
dispneia, e  de sintomas relacionados com a asma, chiado na infância e adolescência 
1
    Comportamentos ligados à Saúde em jovens em idade escolar
(USDHHS,  1994,  2004).  O  uso  de  álcool  está  associado  expressivamente  a 
mortalidade nos jovens (Murray et al., 1997) através de acidentes e violência, podendo 
provocar  traumatismos  e  ferimentos  intencionais  ou  acidentais,  problemas  sociais 
com as forças de segurança e actividade sexual não planeada e desprotegida.  
       O  uso  de  outras  substâncias  ao  contrário  do  consumo  do  tabaco  tem 
consequências  directas  e  de  curto  prazo  mais  óbvias  e  graves  para  a  saúde  e 
funcionamento social (Filho & Ferreira‐Borges, 2008).  
        
       O consumo de tabaco está também associado ao uso de álcool e à embriaguez, e 
       esses  tipos  de  comportamento  de  risco  estão  associados  ao  uso  de  substâncias 
       ilícitas  e  ao  comportamento  anti‐social  (Meyers  et  al.,  1994;  Tyas  et  al.,  1998; 
       Cotrim  et  al  .,  1999;  WHO,  2001;  Ferreira‐Borges  et  al  .,  2004,  2006;  Curie  et 
       al.,2000,  2004;  Matos  et  al.,  2006),  o  que  tem  vindo  a  ser  confirmado  por 
       inúmeros  estudos  de  diversos  institutos  de  referência  internacional  (NIDA  1997, 
       1997ª; SAMHSA, 2001; Hawks et al.,2002; UNODC, 2003; Anderson et al., 2006). 
       Por  exemplo,  os  jovens  fumadores  têm  três  vezes  mais  probabilidades  de 
       consumir álcool regularmente e oito vezes mais probabilidades de usar cannabis 
       do  que  os  não‐fumadores,  ao  mesmo  tempo  que  se  pensa  que  o  consumo  de 
       tabaco  seja  o  principal  preditor  para  o  uso  de  outras  substâncias  Kandel,  1992, 
       2002). 
           Tal quadro demonstra um nível considerável de risco para a saúde associado ao 
       uso  destas  substâncias,  nomeadamente  as  ilícitas,  o  que  torna  a  busca  de 
       intervenções preventivas efectivas em relação à redução destes comportamentos 
       uma prioridade de Saúde Pública. Tais dados levam ainda a que cada vez mais se 
       aponte  a  prevenção  do  consumo  de  tabaco  como  um  meio  de  prevenção  do 
       consumo de outras substâncias lícitas, como  o  álcool, e  as  duas  primeiras como 
       um meio de prevenção do consumo de substâncias ilícitas. O uso de substâncias 
       ilícitas como o  haxixe ou a  cocaína,  por  exemplo, é muitas  vezes precedido pelo 
       uso  de  tabaco  e  álcool,  já  que  são  substâncias  de  fácil  acesso  e  socialmente 
       aceites.  Embora  a  maioria  das  pessoas  que  fume  ou  beba  não  use  substâncias 
       ilícitas, quando o último tipo de uso ocorre, na maior parte das vezes, existe essa 
       trajectória. Ela pode reflectir, em parte, a disponibilidade e aceitabilidade social, 
       mas também a interacção de outros factores de risco, ambientais ou individuais, 
       como a desorganização  familiar e comunitária, inconsistência de regras/sanções 
       de comportamento e de apoio, factores genéticos ou a ausência ou inadequação 
       de determinadas habilidades pessoais e sociais (Filho & Ferreira‐Borges, 2008, pp. 
       68‐69). 
 
       Tendo  em  conta  o  objectivo  do  trabalho:  os  problemas  sociais  ou  de 
funcionamento  social,  associados  ao  uso  de  substâncias,  mais  relevantes  são  a 
disfunção familiar, desagregação familiar, baixo rendimento escolar, insucesso escolar 
e  abandono  escolar;  a  principal  consequência  associada  ao  uso  de  tabaco  é  a  maior 
probabilidade de consumo de álcool e de outras substâncias, a principal consequência 
associada  ao  consumo  de  álcool  é  a  desintegração  familiar  e  as  principais 
consequências associadas ao consumo de outras substâncias são problemas escolares 
(insucesso  e  abandono  escolar)  e  desintegração  familiar  (Filho  &  Ferreira‐Borges, 
2008, pp. 45‐46).  
 
        
        
 
2.3      Programas escolares de prevenção em Portugal   
 
          O  Instituto  da  Droga  e  da  Toxicodependência  é  o  principal  proponente  de 
medidas de prevenção de uso de álcool, tabaco e outras drogas, através de programas 
e planos dos quais se destacam o PIF – Programa de Intervenção Focalizada e o PORI – 
Plano  Operacional  de  Respostas  Integradas,  sendo  que  o  PIF  é  exclusivamente 
voltado para a prevenção. Este programa tem como objectivo criar condições para o 
desenvolvimento  de  programas  de  intervenção  baseados  na  evidência  e,  ao  mesmo 
tempo, constitui uma fonte de financiamento dos programas a realizar. 
          Dos  programas  aplicados  e  avaliados  destaca‐se  o  programa  de  prevenção 
universal.  Este  programa  tem  formulação  da  autoria  de  Jorge  Negreiros  em  “Uma 
abordagem socioafectiva de prevenção” (Negreiros, 1998). Este programa teve por 
base  as  componentes,  como  indica  a  sua  designação,  afectiva  e  social.  Em  termos 
gerais, a componente afectiva tem por objectivo facilitar a examinação e a análise das 
atitudes dos jovens em relação ao uso de álcool e outras drogas e a componente social 
visa  estimular  uma  reflexão  centrada  e  aprofundada  nos  diferentes  tipos  de 
influências  sociais  para  consumir  de  forma  excessiva  álcool  e  outras  drogas.  O 
programa desenvolveu‐se em 8 sessões semanais de uma hora cada. A avaliação das 
sessões  demonstrou  a  redução  do  consumo  de  tabaco,  embora  estatisticamente 
pouco  expressiva,  de  álcool  de  forma  mais  significativa  estatisticamente  e  mudança 
em  termos  de  atitudes  menos  favoráveis  em  relação  ao  uso  de  substâncias 
(exceptuando  as  ilícitas  por  não  ter  sido  possível  tirar  conclusões  devido  à  baixa 
prevalência  do  seu  consumo)  nos  estudantes  que  participaram  no  estudo  e  que 
compunham  o  grupo  experimental  comparativamente  aos  estudantes  do  grupo  de 
controlo.  
          No tocante à prevenção do uso de tabaco, no âmbito do programa prevenção 
universal,  existem  alguns  exemplos  de  boas  práticas  em  Portugal.    No  âmbito  do 
ESFA  –  European  Smoking  Prevention  Framework  Approach  desenvolveram‐se  os 
programas  «Querer  é  poder»  e  «Turmas  sem  fumadores»,  levados  a  cabo  pelo 
Conselho  de  Prevenção  do  Tabagismo.  Outros  dois  exemplos  de  programas  de 
prevenção do uso de tabaco são: «Não fumar é que Está a dar» e «Sinais de fumo» 
desenvolvidos por José precioso e Associação CATR – Centro de apoio, tratamento e 
recuperação, respectivamente.  
          O projecto ESFA foi implementado entre 1997 e 2002 na Espanha, Dinamarca, 
Finlândia,  Holanda,  Inglaterra  e  Portugal  tendo  como  objectivo  evitar  ou  atrasar  a 
iniciação do uso do tabaco ou a transição da fase de experimental para a fase regular 
do uso do tabaco em jovens do 3.º ciclo do ensino básico. Neste sentido e numa fase 
intermédia  o  ESFA  pretendia  informar  e  sensibilizar  os  jovens  para  as  várias  razões 
contra  fumar,  melhorar  as  habilidades  sociais  para  resistir  às  pressões  directas  e 
indirectas  para  fumar  e  reforçar  a  intenção  contra  fumar.  No  seguimento  foram 
implementados em Portugal os programas «Querer é Poder I» e «Querer é Poder II». 
Estes  dois  programas  integraram  acções  para  levar  a  cabo  na  escola  e  na  família.  O 
primeiro  consistindo  em  6  sessões  sobre  tabagismo  em  que  se  procurou  informar 
sobre  os  seus  efeitos,  discutir  os  prós  e  contras  de  fumar,  tomar  consciência  dos 
processos de influência social e promover competências  para  lidar  com situações  de 
pressão  social.  O  segundo  também  consistiu  em  6  sessões  sobre  fumo  passivo 
informando  sobre  os  seus  efeitos  e  promovendo  competências  para  lidar  com 
situações de exposição ao fumo passivo. Estas 12 acções relativas aos dois programas 
foram  ainda  reforçadas  com  um  programa  de  educação  inter‐pares  designado 
«Programa 7 OK!» sustentado num jogo animado por colegas que tiveram 7 sessões 
de  formação  previamente.  O  jogo  orientou‐se  por  uma  linha  de  informação  e  uma 
outra  de  promoção  de  competências  sociais.  No  final  do  projecto  ESFA  o  grupo 
experimental  apresentava  uma  prevalência  de  fumadores  regulares  de  7%  enquanto 
que os do grupo de controlo apresentou uma taxa de 12%. Relativamente aos jovens 
que nunca fumaram, no início do projecto eram 83% no grupo experimental e 81% no 
grupo de controlo e no fim do projecto eram 55% e 44%, respectivamente, no grupo 
experimental e no grupo de controlo, 11% de diferença na manutenção do estatuto de 
nunca fumadores no grupo experimental em relação ao grupo de controlo. 
        O  programa  «Turmas  sem  fumadores»  tem  a  participação  de  15  países 
europeus  e  tem  como  objectivo  a  prevenção  do  tabagismo  nos  jovens.  Teve  o  seu 
desenvolvimento  na  escola  dirigido  aos  alunos  do  3.º  ciclo  do  ensino  básico. 
Particularmente,  o  programa  foca  a  sua  acção  na  prevenção  ou  atraso  da  iniciação 
tabágica  e  a  na  promoção  da  mudança  do  comportamento  tabágico  nos  jovens 
iniciados  no  consumo  visando  a  diminuição  ou  cessação  desse  comportamento.  O 
programa  consiste  na  participação  de  turmas em  que  os  respectivos  alunos  assinam 
publica e voluntariamente uma declaração de compromisso de não fumarem durante 
5  meses.  Este  compromisso  é  reafirmado  mensalmente  e  verificado  por  uma 
Comissão  de  Escola  a  quem  compete  o  acompanhamento  da  implementação  do 
programa.  As  turmas  competem  entre  si  através  de  actividades  de  prevenção 
tabágica  e  de  promoção  da  saúde.  No  final  dos  5  meses  cada  aluno  das  turmas 
vencedoras recebe um certificado de participação e um prémio enquanto que a turma 
recebe  um  prémio  especial.  Em  termos  da  avaliação  do  impacto  do  programa 
concluiu‐se que o programa parece revelar‐se preventivo no que toca aos jovens que 
nunca fumaram e permitido que um grande número de jovens fumadores ocasionais 
deixassem de fumar o mesmo acontecendo, menos expressivamente, com os jovens 
fumadores regulares. 
        O programa «Não Fumar è que Está a Dar» desenvolveu‐se no âmbito de um 
trabalho  de  doutoramento  nas  Escolas  Secundárias  de  Vila  Verde  e  da  Póvoa  do 
Lanhoso,  distrito  de  Braga.  Os  quatro  objectivos  do  programa  são:  Contrariar  a 
influência  dos  principais  factores  de  risco  relacionados  com  o  comportamento  de 
fumar;  Reduzir  a  percentagem  de  alunos  que  experimentam  fumar  ou  que  fumam 
regularmente;  Ensinar  a  distinguir  os  comportamentos  prejudiciais  dos  que  são 
benéficos para a saúde; e Promover a adopção de um estilo de vida saudável.  
        O  programa  visou  essencialmente  a  prevenção  do  consumo  do  tabaco  mas 
também a  aprendizagem de  comportamentos benéficos para a  saúde  e  a  promoção 
de um estilo de vida saudável. 
        O  programa  consiste  de  um  conjunto  de  15  sessões  semanais  de  uma  hora 
dirigidas  aos  alunos  do  7.º  ano  de  escolaridade  e  por  um  conjunto  de  6  sessões  de 
reforço dirigidas aos alunos do 8.º ano.  
        No  que  toca  aos  resultados  do  programa,  verifica‐se  que  a  primeira  parte  do 
programa teve impacto positivo no controlo de alguns factores de risco relacionados 
com  o  começo  de  fumar  designadamente:  capacidade  de  recusar  cigarros;  resposta 
assertiva; promoção e manutenção de atitudes favoráveis ao não consumo do tabaco. 
No  final  conclui‐se  que  o  programa  não  teve  influências  significativas  quanto  aos 
alunos  que  tinham  experimentado  fumar.  Já  relativamente  aos  jovens  fumadores 
ocasionais  não  houve  evolução.  Assim,  apesar  do  programa  não  ter  atingido  o 
objectivo  no  sentido  de  evitar  a  experimentação  conseguiu  que  os  jovens  que  já 
tinham experimentado não se tornassem fumadores. 
O  programa  «Sinais  de  Fumo»  apoiado  pela  Câmara  Municipal  de  Cascais 
desde 2002 e pela Câmara Municipal de Lisboa desde 2004, envolve as componentes 
individual, família, escola e comunidade e está divido em nove sessões, sete dedicadas 
aos alunos com duração de hora e meia a decorrer nos horários de Área de Projecto e 
Estudo Acompanhado com frequência mensal, uma sessão dedicada a professores e 
auxiliares  de  educação  e  uma  sessão  para  pais  e  encarregados  de  educação.  A 
dimensão  comunitária  do  programa  é‐lhe  atribuída  pela  comemoração  do  Dia 
Mundial  Sem  Tabaco  (31  de  Maio).  Dia  em  que  os  estabelecimentos  de  ensino 
envolvidos  competem  com  actividades  de  prevenção  tabágica.  O  programa  tem  6 
objectivos: 1)  Sensibilizar  os  alunos  para  a  problemática  do  consumo  de  substâncias 
lícitas  e  ilícitas  (Álcool,  Fármacos,  Tabaco  e  outras  drogas)  a  partir  de  uma  reflexão 
durante  as  sessões  da  problemática  do  consumo  de  tabaco  enquanto  um 
comportamento  aditivo,  problemático  e  prejudicial  para  a  saúde;  2)  Incentivar  os 
alunos  a  não  experimentar,  adiar  ou  a  interromper  precocemente  o  consumo  de 
substâncias  psicoactivas,  nomeadamente  em  relação  ao  tabaco,  durante  e  após  a 
realização  do  programa;  3)  Incentivar  os  alunos  a  manifestar  as  suas  opiniões  e 
sentimentos  em  relação  à  problemática  abordada,  promovendo  atitudes  assertivas 
em relação a estas práticas, envolvendo professores, pais e encarregados de educação 
e  motivando  os  alunos  a  participar  activamente  na  promoção  de  espaços  sem  fumo 
(escola,  família  e  comunidade);  4)  Fornecer  informações  e  aumentar  os 
conhecimentos dos  alunos sobre conceitos como.  O  que são drogas, como  actua no 
organismo, o que envolve o uso, abuso e dependência destas substâncias psicoactivas 
e as suas consequências; 5) Consciencializar sobre a existência da pressão dos pares, 
da publicidade, dos estilos de vida e das normas sociais em relação a fumar, beber e 
usar  outro  tipo  de  drogas;  6)  Desenvolver  competências  sociais  e  habilidades  que 
ajudem  a  gerir  situações  de  pressão  social  para  fumar  ou  usar  outro  tipo  de 
substâncias psicoactivas. 
          O  programa  teve  duas  edições  (2002  e  2003  e  2003/2004)  e  envolveu  uma 
metodologia  de  avaliação  ante  e  pós  aplicação  do  programa.  Da  análise  dos 
questionários  iniciais  e  finais  verificou‐se  uma  ligeira  diminuição  em  2,4  pontos 
percentuais  do  número  de  fumadores  e,  ao  mesmo  tempo,  um  aumento  dos  que  já 
tinham  experimentado  ao  longo  da  vida  em  2,4  pontos  percentuais.  Verificou‐se 
também  uma  diminuição  de  pais  e  mães  fumadores  entre  o  início  e  o  final  do 
programa  (4%  para  os  pais  e  4,1%  para  as  mães).  Desta  forma  e  em  síntese,  o 
programa parece ter conseguido o seu objectivo quanto a evitar a experimentação e o 
aumento do consumo do tabaco, estabilizando‐os, e parece ter um efeito positivo em 
relação ao comportamento dos pais em relação ao tabaco. 
          Da  revisão  sobre  programas  escolares,  resulta  que  os  resultados  dos 
programas  dependem  do  número  de  componentes  incluídas,  da  resposta 
multidisciplinar  e  da  incorporação  dos  conhecimentos  científicos  obtidos  nesta  área 
na  construção  e  desenvolvimento  dos  programas  de  prevenção,  os  designados,  por 
Filho e Ferreira‐Borges (2008), programas compreensivos.  
           
            

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicasPrevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicasRute Teles
 
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...Universidade Estadual de Maringá
 
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiar
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiarJovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiar
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiarAnderson Souza
 
Projeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasProjeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasRosangela Res
 
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdf
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdfAlcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdf
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdfAlinebrauna Brauna
 
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal Divulga Psi
 
Oswald de Andrade novembro 2014
Oswald de Andrade novembro 2014Oswald de Andrade novembro 2014
Oswald de Andrade novembro 2014Cesar Pazinatto
 

Mais procurados (12)

Projeto curso drogas
Projeto   curso drogasProjeto   curso drogas
Projeto curso drogas
 
Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicasPrevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
Prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas
 
I forum-sobre-o-crack[1]
I forum-sobre-o-crack[1]I forum-sobre-o-crack[1]
I forum-sobre-o-crack[1]
 
Projeto da unb ( drogas)
Projeto da unb (  drogas)Projeto da unb (  drogas)
Projeto da unb ( drogas)
 
5 tabagismo e_a_transdisciplinaridade
5 tabagismo e_a_transdisciplinaridade5 tabagismo e_a_transdisciplinaridade
5 tabagismo e_a_transdisciplinaridade
 
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
 
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiar
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiarJovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiar
Jovens infratores e a convivência com drogas no ambiente familiar
 
Projeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasProjeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogas
 
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdf
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdfAlcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdf
Alcoolesuasconsequencias pt-cap5adwfsdf
 
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal
Mulher toxicodependente no Brasil e em Portugal
 
Oswald de Andrade novembro 2014
Oswald de Andrade novembro 2014Oswald de Andrade novembro 2014
Oswald de Andrade novembro 2014
 
Artigo toxicologia social
Artigo toxicologia socialArtigo toxicologia social
Artigo toxicologia social
 

Destaque

Plataformas virtuales
Plataformas  virtualesPlataformas  virtuales
Plataformas virtualesCinaReyes096
 
Pràctica.1 els elements i els compostos químics
Pràctica.1 els elements i els compostos químicsPràctica.1 els elements i els compostos químics
Pràctica.1 els elements i els compostos químicsRafael Alvarez Alonso
 
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus pro
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus proDesign de vestuário de moda contemporânea criação versus pro
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus proSabrine Souza
 
Aula (001) Introdução ao CENFATEE
Aula (001) Introdução ao CENFATEEAula (001) Introdução ao CENFATEE
Aula (001) Introdução ao CENFATEECENFATEE
 
Kaluptein. Photography by Carlos M. Fernandes
Kaluptein. Photography by Carlos M. FernandesKaluptein. Photography by Carlos M. Fernandes
Kaluptein. Photography by Carlos M. FernandesCarlos M. Fernandes
 
Caribbean princess (sales presentation)
Caribbean princess (sales presentation)Caribbean princess (sales presentation)
Caribbean princess (sales presentation)Cheryn Glez Lusares
 
Investigacion lic. ross_2016
Investigacion lic. ross_2016Investigacion lic. ross_2016
Investigacion lic. ross_2016licenciadoross
 
Importancia de las bases de datos y los
Importancia de las bases de datos y losImportancia de las bases de datos y los
Importancia de las bases de datos y losChristian Montes
 
The sociology of sports: On sport-related pain and injury
The sociology of sports: On sport-related pain and injuryThe sociology of sports: On sport-related pain and injury
The sociology of sports: On sport-related pain and injuryUniversity of Calgary
 
Inuyasha presentation1
Inuyasha presentation1Inuyasha presentation1
Inuyasha presentation1twinklepalma
 

Destaque (16)

Plataformas virtuales
Plataformas  virtualesPlataformas  virtuales
Plataformas virtuales
 
Pràctica.1 els elements i els compostos químics
Pràctica.1 els elements i els compostos químicsPràctica.1 els elements i els compostos químics
Pràctica.1 els elements i els compostos químics
 
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus pro
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus proDesign de vestuário de moda contemporânea criação versus pro
Design de vestuário de moda contemporânea criação versus pro
 
GG
GGGG
GG
 
Aula (001) Introdução ao CENFATEE
Aula (001) Introdução ao CENFATEEAula (001) Introdução ao CENFATEE
Aula (001) Introdução ao CENFATEE
 
Novigrad
Novigrad Novigrad
Novigrad
 
Dongguan jieyong industrial co.,ltd tv wall mount catalog
Dongguan jieyong industrial co.,ltd  tv wall mount catalogDongguan jieyong industrial co.,ltd  tv wall mount catalog
Dongguan jieyong industrial co.,ltd tv wall mount catalog
 
Mecanismos de participacion
Mecanismos de participacionMecanismos de participacion
Mecanismos de participacion
 
Kaluptein. Photography by Carlos M. Fernandes
Kaluptein. Photography by Carlos M. FernandesKaluptein. Photography by Carlos M. Fernandes
Kaluptein. Photography by Carlos M. Fernandes
 
Caribbean princess (sales presentation)
Caribbean princess (sales presentation)Caribbean princess (sales presentation)
Caribbean princess (sales presentation)
 
Investigacion lic. ross_2016
Investigacion lic. ross_2016Investigacion lic. ross_2016
Investigacion lic. ross_2016
 
Importancia de las bases de datos y los
Importancia de las bases de datos y losImportancia de las bases de datos y los
Importancia de las bases de datos y los
 
Atomo
AtomoAtomo
Atomo
 
The sociology of sports: On sport-related pain and injury
The sociology of sports: On sport-related pain and injuryThe sociology of sports: On sport-related pain and injury
The sociology of sports: On sport-related pain and injury
 
Inuyasha presentation1
Inuyasha presentation1Inuyasha presentation1
Inuyasha presentation1
 
Enfermedad vascular cerebral
Enfermedad vascular cerebralEnfermedad vascular cerebral
Enfermedad vascular cerebral
 

Semelhante a 2 revisão da literatura

50 457-2-pb
50 457-2-pb50 457-2-pb
50 457-2-pbjsoeiro
 
Fatores de Riscos
Fatores de RiscosFatores de Riscos
Fatores de RiscosNet Viva
 
Drogas na escola
Drogas na escolaDrogas na escola
Drogas na escola-
 
A adolescência e o consumo de substâncias
A adolescência e o consumo de substânciasA adolescência e o consumo de substâncias
A adolescência e o consumo de substânciasLiteracia em Saúde
 
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...Flora Couto
 
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5ed
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5edModulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5ed
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5edMarcos Humberto
 
Projeto alcool e drogas leticya aparecida de lima 93_67341
Projeto alcool e drogas   leticya aparecida de lima 93_67341Projeto alcool e drogas   leticya aparecida de lima 93_67341
Projeto alcool e drogas leticya aparecida de lima 93_67341Renata Oliveira
 
cartilha_drogas.pdf
cartilha_drogas.pdfcartilha_drogas.pdf
cartilha_drogas.pdfluizreey
 
MEIC MJ limpojn.docx
MEIC MJ limpojn.docxMEIC MJ limpojn.docx
MEIC MJ limpojn.docxMochey
 
Projeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasProjeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasRosangela Res
 
Introdução de substancias psicoativas
Introdução de substancias psicoativasIntrodução de substancias psicoativas
Introdução de substancias psicoativasgueste6f5254
 
Projeto prevenir pra não remediar zenildo
Projeto prevenir pra não remediar zenildoProjeto prevenir pra não remediar zenildo
Projeto prevenir pra não remediar zenildomariaisabel123
 
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICA
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICADEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICA
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICAPrisca85
 
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupo
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupoConsumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupo
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupoAlexandra Tenente
 

Semelhante a 2 revisão da literatura (20)

50 457-2-pb
50 457-2-pb50 457-2-pb
50 457-2-pb
 
Fatores de Riscos
Fatores de RiscosFatores de Riscos
Fatores de Riscos
 
Drogas na escola
Drogas na escolaDrogas na escola
Drogas na escola
 
A adolescência e o consumo de substâncias
A adolescência e o consumo de substânciasA adolescência e o consumo de substâncias
A adolescência e o consumo de substâncias
 
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...
V17n2a10: Andretta; Oliveira - A TÉCNICA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL NA ADOLE...
 
Projeto DROGAS
Projeto DROGASProjeto DROGAS
Projeto DROGAS
 
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5ed
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5edModulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5ed
Modulo 2 prevencao_do_uso_de_drogas_5ed
 
Abead_cannabis_descrmini
Abead_cannabis_descrminiAbead_cannabis_descrmini
Abead_cannabis_descrmini
 
Projeto alcool e drogas leticya aparecida de lima 93_67341
Projeto alcool e drogas   leticya aparecida de lima 93_67341Projeto alcool e drogas   leticya aparecida de lima 93_67341
Projeto alcool e drogas leticya aparecida de lima 93_67341
 
cartilha_drogas.pdf
cartilha_drogas.pdfcartilha_drogas.pdf
cartilha_drogas.pdf
 
Redução de danos
Redução de danosRedução de danos
Redução de danos
 
MEIC MJ limpojn.docx
MEIC MJ limpojn.docxMEIC MJ limpojn.docx
MEIC MJ limpojn.docx
 
1256644918[1]
1256644918[1]1256644918[1]
1256644918[1]
 
Projeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogasProjeto de prevenção drogas
Projeto de prevenção drogas
 
Introdução de substancias psicoativas
Introdução de substancias psicoativasIntrodução de substancias psicoativas
Introdução de substancias psicoativas
 
Projeto prevenir pra não remediar zenildo
Projeto prevenir pra não remediar zenildoProjeto prevenir pra não remediar zenildo
Projeto prevenir pra não remediar zenildo
 
Tabagismo
TabagismoTabagismo
Tabagismo
 
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICA
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICADEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICA
DEPENDENCIA QUIMICA: ACAO PEDAGOGICA
 
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupo
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupoConsumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupo
Consumo de álcool nos adolescentes - Trabalho de grupo
 
Crime e adições
Crime e adições Crime e adições
Crime e adições
 

Mais de José Monteiro

4 apresentação e análise dos resultados
4   apresentação e análise dos resultados4   apresentação e análise dos resultados
4 apresentação e análise dos resultadosJosé Monteiro
 
Metodologia instrumentos e-amostra
Metodologia instrumentos e-amostraMetodologia instrumentos e-amostra
Metodologia instrumentos e-amostraJosé Monteiro
 
5 discussão - conclusão
5   discussão - conclusão5   discussão - conclusão
5 discussão - conclusãoJosé Monteiro
 
6 referências - fontes
6   referências - fontes6   referências - fontes
6 referências - fontesJosé Monteiro
 
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010José Monteiro
 
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010José Monteiro
 
Planificação do projecto g rupo
Planificação do projecto g rupoPlanificação do projecto g rupo
Planificação do projecto g rupoJosé Monteiro
 

Mais de José Monteiro (17)

Consumo subst
Consumo substConsumo subst
Consumo subst
 
Consumo substâncias
Consumo substânciasConsumo substâncias
Consumo substâncias
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentação
 
Trabalho completo
Trabalho completoTrabalho completo
Trabalho completo
 
4 apresentação e análise dos resultados
4   apresentação e análise dos resultados4   apresentação e análise dos resultados
4 apresentação e análise dos resultados
 
Capa
CapaCapa
Capa
 
Cartaz
CartazCartaz
Cartaz
 
Trabalho completo
Trabalho completoTrabalho completo
Trabalho completo
 
Prefácio
PrefácioPrefácio
Prefácio
 
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
 
1 introdução
1   introdução1   introdução
1 introdução
 
Metodologia instrumentos e-amostra
Metodologia instrumentos e-amostraMetodologia instrumentos e-amostra
Metodologia instrumentos e-amostra
 
5 discussão - conclusão
5   discussão - conclusão5   discussão - conclusão
5 discussão - conclusão
 
6 referências - fontes
6   referências - fontes6   referências - fontes
6 referências - fontes
 
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010
Carta 1 ao_director_de_4_de_outubro_de_2010
 
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010
Carta ao Ex.mo Sr. Presidente do DEP/UBI 4 de outubro de 2010
 
Planificação do projecto g rupo
Planificação do projecto g rupoPlanificação do projecto g rupo
Planificação do projecto g rupo
 

Último

Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaJúlio Sandes
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 

Último (20)

Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 

2 revisão da literatura

  • 1. 2
  • 2. Neste capítulo apresenta‐se uma revisão da literatura relacionada com o tema  em  estudo.  Neste  sentido,  a  revisão  releva  sobretudo  actividades/estudos/investigações  desenvolvidos  também  em  Portugal  e  em  meio  escolar.   Na  secção  2.1  apresentam‐se  estudos/investigações  sobre  utilização  de  substâncias: álcool, tabaco e outras drogas, na secção 2.2 os efeitos associados ao uso  de  álcool,  tabaco  e  drogas  e  na  secção  2.3  apresentam‐se  uma  descrição  dos  programas de prevenção desenvolvidos em Portugal.       2.1 Uso de substâncias: álcool, tabaco e outras drogas    O HBSC – Health Behaviour in School‐Aged Children 1  é um estudo periódico,  de  quatro  em  quatro  anos,  patrocinado  pela  Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS),  que conta com a participação de vários países incluindo Portugal. O estudo tem como  público‐alvo alunos dos 2.º e 3.º ciclos e Secundário, nomeadamente dos 6.º, 8.º e 10.º  anos,  com  idades  médias  de  referência  de  11,  13  e  15  anos  respectivamente.  Até  ao  momento Portugal vai com quatro participações. A primeira em 1998, a segunda em  2002, a terceira em 2006 e a quarta em 2010. O estudo tem por base um inquérito e  como  objecto  o  uso  de  substâncias,  a  prática  de  exercício  físico,  alimentação,  comportamento sexual, violência, relações e grupos de pares, ambiente familiar entre  outros.   O  ESPAD  –  European  School  Survey  on  Alcohol  and  Others  Drugs  de  1995  a  2003  é  um  estudo  em  forma  de  inquérito  aplicado  em  meio  escolar  que  aborda  especificamente o uso de substâncias, como álcool, tabaco e outras drogas por jovens  que completam 16 anos no ano de recolha de dados. Este estudo é de âmbito europeu  e  tem  uma  periodicidade  de  4  anos.  O  estudo  teve  o  seu  início  em  1995  e  posteriormente em 1999 e 2003, é coordenado pelo CAN  ‐ The Swedish Council for  Information  on  Alcohol  and  Other  Drugs  e  tem  o  apoio  do  Grupo  Pompidou  do  Conselho da Europa e de instituições dos diferentes países participantes. Portugal tem  participado desde sempre.  Os estudos têm vindo a registar prevalências mais altas e uma tendência para o  aumento  do  consumo  de  tabaco  e  cannabis,  principalmente  verificado  no  sexo  feminino  bem  como  a  manutenção  de  prevalências  e  níveis  altos  de  consumo  de  álcool,  com  alterações  nocivas  dos  padrões  de  consumo.  Estas  prevalências  encontram‐se em linha com as da população em geral, com destaque para o consumo  de  álcool,  tabaco  e  cannabis  em  relação  às  demais  substâncias.  As  tendências  de  resistência  à  redução  do  consumo  destas  substâncias  nos  jovens  revelam‐se  relevantes.      2.2      Efeitos associados ao uso de álcool, tabaco e outras drogas      O tabaco é a principal causa de problemas de saúde a curto prazo nos jovens,  nomeadamente  de  agravamento  de  problemas  respiratórios,  tosse,  catarro  e  dispneia, e  de sintomas relacionados com a asma, chiado na infância e adolescência  1 Comportamentos ligados à Saúde em jovens em idade escolar
  • 3. (USDHHS,  1994,  2004).  O  uso  de  álcool  está  associado  expressivamente  a  mortalidade nos jovens (Murray et al., 1997) através de acidentes e violência, podendo  provocar  traumatismos  e  ferimentos  intencionais  ou  acidentais,  problemas  sociais  com as forças de segurança e actividade sexual não planeada e desprotegida.   O  uso  de  outras  substâncias  ao  contrário  do  consumo  do  tabaco  tem  consequências  directas  e  de  curto  prazo  mais  óbvias  e  graves  para  a  saúde  e  funcionamento social (Filho & Ferreira‐Borges, 2008).     O consumo de tabaco está também associado ao uso de álcool e à embriaguez, e  esses  tipos  de  comportamento  de  risco  estão  associados  ao  uso  de  substâncias  ilícitas  e  ao  comportamento  anti‐social  (Meyers  et  al.,  1994;  Tyas  et  al.,  1998;  Cotrim  et  al  .,  1999;  WHO,  2001;  Ferreira‐Borges  et  al  .,  2004,  2006;  Curie  et  al.,2000,  2004;  Matos  et  al.,  2006),  o  que  tem  vindo  a  ser  confirmado  por  inúmeros  estudos  de  diversos  institutos  de  referência  internacional  (NIDA  1997,  1997ª; SAMHSA, 2001; Hawks et al.,2002; UNODC, 2003; Anderson et al., 2006).  Por  exemplo,  os  jovens  fumadores  têm  três  vezes  mais  probabilidades  de  consumir álcool regularmente e oito vezes mais probabilidades de usar cannabis  do  que  os  não‐fumadores,  ao  mesmo  tempo  que  se  pensa  que  o  consumo  de  tabaco  seja  o  principal  preditor  para  o  uso  de  outras  substâncias  Kandel,  1992,  2002).      Tal quadro demonstra um nível considerável de risco para a saúde associado ao  uso  destas  substâncias,  nomeadamente  as  ilícitas,  o  que  torna  a  busca  de  intervenções preventivas efectivas em relação à redução destes comportamentos  uma prioridade de Saúde Pública. Tais dados levam ainda a que cada vez mais se  aponte  a  prevenção  do  consumo  de  tabaco  como  um  meio  de  prevenção  do  consumo de outras substâncias lícitas, como  o  álcool, e  as  duas  primeiras como  um meio de prevenção do consumo de substâncias ilícitas. O uso de substâncias  ilícitas como o  haxixe ou a  cocaína,  por  exemplo, é muitas  vezes precedido pelo  uso  de  tabaco  e  álcool,  já  que  são  substâncias  de  fácil  acesso  e  socialmente  aceites.  Embora  a  maioria  das  pessoas  que  fume  ou  beba  não  use  substâncias  ilícitas, quando o último tipo de uso ocorre, na maior parte das vezes, existe essa  trajectória. Ela pode reflectir, em parte, a disponibilidade e aceitabilidade social,  mas também a interacção de outros factores de risco, ambientais ou individuais,  como a desorganização  familiar e comunitária, inconsistência de regras/sanções  de comportamento e de apoio, factores genéticos ou a ausência ou inadequação  de determinadas habilidades pessoais e sociais (Filho & Ferreira‐Borges, 2008, pp.  68‐69).    Tendo  em  conta  o  objectivo  do  trabalho:  os  problemas  sociais  ou  de  funcionamento  social,  associados  ao  uso  de  substâncias,  mais  relevantes  são  a  disfunção familiar, desagregação familiar, baixo rendimento escolar, insucesso escolar  e  abandono  escolar;  a  principal  consequência  associada  ao  uso  de  tabaco  é  a  maior  probabilidade de consumo de álcool e de outras substâncias, a principal consequência  associada  ao  consumo  de  álcool  é  a  desintegração  familiar  e  as  principais  consequências associadas ao consumo de outras substâncias são problemas escolares  (insucesso  e  abandono  escolar)  e  desintegração  familiar  (Filho  &  Ferreira‐Borges,  2008, pp. 45‐46).        
  • 4.   2.3      Programas escolares de prevenção em Portugal      O  Instituto  da  Droga  e  da  Toxicodependência  é  o  principal  proponente  de  medidas de prevenção de uso de álcool, tabaco e outras drogas, através de programas  e planos dos quais se destacam o PIF – Programa de Intervenção Focalizada e o PORI –  Plano  Operacional  de  Respostas  Integradas,  sendo  que  o  PIF  é  exclusivamente  voltado para a prevenção. Este programa tem como objectivo criar condições para o  desenvolvimento  de  programas  de  intervenção  baseados  na  evidência  e,  ao  mesmo  tempo, constitui uma fonte de financiamento dos programas a realizar.  Dos  programas  aplicados  e  avaliados  destaca‐se  o  programa  de  prevenção  universal.  Este  programa  tem  formulação  da  autoria  de  Jorge  Negreiros  em  “Uma  abordagem socioafectiva de prevenção” (Negreiros, 1998). Este programa teve por  base  as  componentes,  como  indica  a  sua  designação,  afectiva  e  social.  Em  termos  gerais, a componente afectiva tem por objectivo facilitar a examinação e a análise das  atitudes dos jovens em relação ao uso de álcool e outras drogas e a componente social  visa  estimular  uma  reflexão  centrada  e  aprofundada  nos  diferentes  tipos  de  influências  sociais  para  consumir  de  forma  excessiva  álcool  e  outras  drogas.  O  programa desenvolveu‐se em 8 sessões semanais de uma hora cada. A avaliação das  sessões  demonstrou  a  redução  do  consumo  de  tabaco,  embora  estatisticamente  pouco  expressiva,  de  álcool  de  forma  mais  significativa  estatisticamente  e  mudança  em  termos  de  atitudes  menos  favoráveis  em  relação  ao  uso  de  substâncias  (exceptuando  as  ilícitas  por  não  ter  sido  possível  tirar  conclusões  devido  à  baixa  prevalência  do  seu  consumo)  nos  estudantes  que  participaram  no  estudo  e  que  compunham  o  grupo  experimental  comparativamente  aos  estudantes  do  grupo  de  controlo.   No tocante à prevenção do uso de tabaco, no âmbito do programa prevenção  universal,  existem  alguns  exemplos  de  boas  práticas  em  Portugal.    No  âmbito  do  ESFA  –  European  Smoking  Prevention  Framework  Approach  desenvolveram‐se  os  programas  «Querer  é  poder»  e  «Turmas  sem  fumadores»,  levados  a  cabo  pelo  Conselho  de  Prevenção  do  Tabagismo.  Outros  dois  exemplos  de  programas  de  prevenção do uso de tabaco são: «Não fumar é que Está a dar» e «Sinais de fumo»  desenvolvidos por José precioso e Associação CATR – Centro de apoio, tratamento e  recuperação, respectivamente.   O projecto ESFA foi implementado entre 1997 e 2002 na Espanha, Dinamarca,  Finlândia,  Holanda,  Inglaterra  e  Portugal  tendo  como  objectivo  evitar  ou  atrasar  a  iniciação do uso do tabaco ou a transição da fase de experimental para a fase regular  do uso do tabaco em jovens do 3.º ciclo do ensino básico. Neste sentido e numa fase  intermédia  o  ESFA  pretendia  informar  e  sensibilizar  os  jovens  para  as  várias  razões  contra  fumar,  melhorar  as  habilidades  sociais  para  resistir  às  pressões  directas  e  indirectas  para  fumar  e  reforçar  a  intenção  contra  fumar.  No  seguimento  foram  implementados em Portugal os programas «Querer é Poder I» e «Querer é Poder II».  Estes  dois  programas  integraram  acções  para  levar  a  cabo  na  escola  e  na  família.  O  primeiro  consistindo  em  6  sessões  sobre  tabagismo  em  que  se  procurou  informar  sobre  os  seus  efeitos,  discutir  os  prós  e  contras  de  fumar,  tomar  consciência  dos  processos de influência social e promover competências  para  lidar  com situações  de  pressão  social.  O  segundo  também  consistiu  em  6  sessões  sobre  fumo  passivo  informando  sobre  os  seus  efeitos  e  promovendo  competências  para  lidar  com  situações de exposição ao fumo passivo. Estas 12 acções relativas aos dois programas  foram  ainda  reforçadas  com  um  programa  de  educação  inter‐pares  designado 
  • 5. «Programa 7 OK!» sustentado num jogo animado por colegas que tiveram 7 sessões  de  formação  previamente.  O  jogo  orientou‐se  por  uma  linha  de  informação  e  uma  outra  de  promoção  de  competências  sociais.  No  final  do  projecto  ESFA  o  grupo  experimental  apresentava  uma  prevalência  de  fumadores  regulares  de  7%  enquanto  que os do grupo de controlo apresentou uma taxa de 12%. Relativamente aos jovens  que nunca fumaram, no início do projecto eram 83% no grupo experimental e 81% no  grupo de controlo e no fim do projecto eram 55% e 44%, respectivamente, no grupo  experimental e no grupo de controlo, 11% de diferença na manutenção do estatuto de  nunca fumadores no grupo experimental em relação ao grupo de controlo.  O  programa  «Turmas  sem  fumadores»  tem  a  participação  de  15  países  europeus  e  tem  como  objectivo  a  prevenção  do  tabagismo  nos  jovens.  Teve  o  seu  desenvolvimento  na  escola  dirigido  aos  alunos  do  3.º  ciclo  do  ensino  básico.  Particularmente,  o  programa  foca  a  sua  acção  na  prevenção  ou  atraso  da  iniciação  tabágica  e  a  na  promoção  da  mudança  do  comportamento  tabágico  nos  jovens  iniciados  no  consumo  visando  a  diminuição  ou  cessação  desse  comportamento.  O  programa  consiste  na  participação  de  turmas em  que  os  respectivos  alunos  assinam  publica e voluntariamente uma declaração de compromisso de não fumarem durante  5  meses.  Este  compromisso  é  reafirmado  mensalmente  e  verificado  por  uma  Comissão  de  Escola  a  quem  compete  o  acompanhamento  da  implementação  do  programa.  As  turmas  competem  entre  si  através  de  actividades  de  prevenção  tabágica  e  de  promoção  da  saúde.  No  final  dos  5  meses  cada  aluno  das  turmas  vencedoras recebe um certificado de participação e um prémio enquanto que a turma  recebe  um  prémio  especial.  Em  termos  da  avaliação  do  impacto  do  programa  concluiu‐se que o programa parece revelar‐se preventivo no que toca aos jovens que  nunca fumaram e permitido que um grande número de jovens fumadores ocasionais  deixassem de fumar o mesmo acontecendo, menos expressivamente, com os jovens  fumadores regulares.  O programa «Não Fumar è que Está a Dar» desenvolveu‐se no âmbito de um  trabalho  de  doutoramento  nas  Escolas  Secundárias  de  Vila  Verde  e  da  Póvoa  do  Lanhoso,  distrito  de  Braga.  Os  quatro  objectivos  do  programa  são:  Contrariar  a  influência  dos  principais  factores  de  risco  relacionados  com  o  comportamento  de  fumar;  Reduzir  a  percentagem  de  alunos  que  experimentam  fumar  ou  que  fumam  regularmente;  Ensinar  a  distinguir  os  comportamentos  prejudiciais  dos  que  são  benéficos para a saúde; e Promover a adopção de um estilo de vida saudável.   O  programa  visou  essencialmente  a  prevenção  do  consumo  do  tabaco  mas  também a  aprendizagem de  comportamentos benéficos para a  saúde  e  a  promoção  de um estilo de vida saudável.  O  programa  consiste  de  um  conjunto  de  15  sessões  semanais  de  uma  hora  dirigidas  aos  alunos  do  7.º  ano  de  escolaridade  e  por  um  conjunto  de  6  sessões  de  reforço dirigidas aos alunos do 8.º ano.   No  que  toca  aos  resultados  do  programa,  verifica‐se  que  a  primeira  parte  do  programa teve impacto positivo no controlo de alguns factores de risco relacionados  com  o  começo  de  fumar  designadamente:  capacidade  de  recusar  cigarros;  resposta  assertiva; promoção e manutenção de atitudes favoráveis ao não consumo do tabaco.  No  final  conclui‐se  que  o  programa  não  teve  influências  significativas  quanto  aos  alunos  que  tinham  experimentado  fumar.  Já  relativamente  aos  jovens  fumadores  ocasionais  não  houve  evolução.  Assim,  apesar  do  programa  não  ter  atingido  o  objectivo  no  sentido  de  evitar  a  experimentação  conseguiu  que  os  jovens  que  já  tinham experimentado não se tornassem fumadores. 
  • 6. O  programa  «Sinais  de  Fumo»  apoiado  pela  Câmara  Municipal  de  Cascais  desde 2002 e pela Câmara Municipal de Lisboa desde 2004, envolve as componentes  individual, família, escola e comunidade e está divido em nove sessões, sete dedicadas  aos alunos com duração de hora e meia a decorrer nos horários de Área de Projecto e  Estudo Acompanhado com frequência mensal, uma sessão dedicada a professores e  auxiliares  de  educação  e  uma  sessão  para  pais  e  encarregados  de  educação.  A  dimensão  comunitária  do  programa  é‐lhe  atribuída  pela  comemoração  do  Dia  Mundial  Sem  Tabaco  (31  de  Maio).  Dia  em  que  os  estabelecimentos  de  ensino  envolvidos  competem  com  actividades  de  prevenção  tabágica.  O  programa  tem  6  objectivos: 1)  Sensibilizar  os  alunos  para  a  problemática  do  consumo  de  substâncias  lícitas  e  ilícitas  (Álcool,  Fármacos,  Tabaco  e  outras  drogas)  a  partir  de  uma  reflexão  durante  as  sessões  da  problemática  do  consumo  de  tabaco  enquanto  um  comportamento  aditivo,  problemático  e  prejudicial  para  a  saúde;  2)  Incentivar  os  alunos  a  não  experimentar,  adiar  ou  a  interromper  precocemente  o  consumo  de  substâncias  psicoactivas,  nomeadamente  em  relação  ao  tabaco,  durante  e  após  a  realização  do  programa;  3)  Incentivar  os  alunos  a  manifestar  as  suas  opiniões  e  sentimentos  em  relação  à  problemática  abordada,  promovendo  atitudes  assertivas  em relação a estas práticas, envolvendo professores, pais e encarregados de educação  e  motivando  os  alunos  a  participar  activamente  na  promoção  de  espaços  sem  fumo  (escola,  família  e  comunidade);  4)  Fornecer  informações  e  aumentar  os  conhecimentos dos  alunos sobre conceitos como.  O  que são drogas, como  actua no  organismo, o que envolve o uso, abuso e dependência destas substâncias psicoactivas  e as suas consequências; 5) Consciencializar sobre a existência da pressão dos pares,  da publicidade, dos estilos de vida e das normas sociais em relação a fumar, beber e  usar  outro  tipo  de  drogas;  6)  Desenvolver  competências  sociais  e  habilidades  que  ajudem  a  gerir  situações  de  pressão  social  para  fumar  ou  usar  outro  tipo  de  substâncias psicoactivas.  O  programa  teve  duas  edições  (2002  e  2003  e  2003/2004)  e  envolveu  uma  metodologia  de  avaliação  ante  e  pós  aplicação  do  programa.  Da  análise  dos  questionários  iniciais  e  finais  verificou‐se  uma  ligeira  diminuição  em  2,4  pontos  percentuais  do  número  de  fumadores  e,  ao  mesmo  tempo,  um  aumento  dos  que  já  tinham  experimentado  ao  longo  da  vida  em  2,4  pontos  percentuais.  Verificou‐se  também  uma  diminuição  de  pais  e  mães  fumadores  entre  o  início  e  o  final  do  programa  (4%  para  os  pais  e  4,1%  para  as  mães).  Desta  forma  e  em  síntese,  o  programa parece ter conseguido o seu objectivo quanto a evitar a experimentação e o  aumento do consumo do tabaco, estabilizando‐os, e parece ter um efeito positivo em  relação ao comportamento dos pais em relação ao tabaco.  Da  revisão  sobre  programas  escolares,  resulta  que  os  resultados  dos  programas  dependem  do  número  de  componentes  incluídas,  da  resposta  multidisciplinar  e  da  incorporação  dos  conhecimentos  científicos  obtidos  nesta  área  na  construção  e  desenvolvimento  dos  programas  de  prevenção,  os  designados,  por  Filho e Ferreira‐Borges (2008), programas compreensivos.