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DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS: UMA TEMÁTICA
CONTEMPORÂNEA
Elcione Alves Sorna Neves1
Maria Luiza Segatto2
RESUMO
Este artigo aborda o consumo de drogas e suas conseqüências na saúde e nos aspectos
psicossociais. Os objetivos da investigação se constituíram em apontar dados epidemiológicos
de consumo das drogas no Brasil, conhecerem os efeitos e, ao mesmo tempo, os fatores que
prejudicam o consumidor que é discriminado socialmente e segregado do convívio sócio-
familiar. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, através do método de
pesquisa literária, que é considerado por Gil (2002), uma abordagem a conteúdos já
publicados por outros autores. Estudos exploratórios como pesquisa bibliográfica, a partir da
técnica de análise de conteúdo.
Droga lícita ou ilícita é um problema de saúde pública que afeta milhares de pessoas de todas
as faixas etárias. Este é um problema de ordem social, a partir do momento em que suas
conseqüências alcançam níveis quantitativos assustadores em todo o mundo. Ações
preventivas no âmbito escolar é um tema que vem sendo defendido em diversos países com
resultados promissores. Assim pôde-se observar o uso de drogas como uma solução mágica
para os conflitos interiores e exteriores como os conflitos familiares inerentes a adolescência.
É notória a relevância das pesquisas brasileiras colaborando com programas educativos.
Palavras-chave: Drogas. Lícitas. Ilícitas. Dependência.
INTRODUÇÃO
As políticas voltadas para o consumo de drogas são de nível mundial. Segundo
Mathiasen (2009) um novo desafio representa a iminência do surgimento de substâncias
psicoativas mais fortes. Esta tendência conduz debates sobre políticas de drogas.
Noto et al (2003) alerta que todas as drogas tem potencial para modificar o sistema
nervoso central (SNC) e são reforçadoras do uso. A sociedade tem uma postura permissiva e
aceita o consumo de algumas drogas como o álcool e o tabaco.
De um lado, tem-se a tendência da liberação ou legalização do consumo de drogas e,
de outro, as posturas reacionárias de controle e repressão. Em Contagem observa-se um
crescimento de 400% de adolescentes envolvidos em crimes relacionados às drogas ilegais.
No entanto, os impactos maiores no Brasil envolvem saúde e segurança (SANTOS, 2009-
2010).
. Este estudo fundamenta-se no fato de ser um problema de saúde pública que afeta
pessoas de todas as faixas etárias, em todas as sociedades, com consequências
biopsicossociais que precisam ser discutidas nacional e internacionalmente. Um tema que
deve ser constantemente abordado por todos os profissionais que realizam atendimento a
dependentes químicos (LARANJEIRA, 2003).
Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, através do método de
pesquisa literária, que é considerado por Gil (2002), uma abordagem a conteúdos já
1
Faculdade Católica de Uberlândia – elcionesorna@hotmail.com.
2
Faculdade Católica de Uberlândia ml.segatto@uol.com.br.
publicados por outros autores. Estudos exploratórios como pesquisa bibliográfica, a partir da
técnica de análise de conteúdo.
2. ORIGEM DAS DROGAS
Para MacRae (2003) desde a pré- história, várias substâncias psicoativas vêm sendo
usadas para diferentes finalidades, estados de êxtase místico/ religioso, prazeroso, lúdico até
os curativos. Na década de 60, após a epidemia da AIDS (Síndrome da Imune Deficiência
Humana Adquirida) e de outras doenças transmissíveis é que começou um novo olhar sobre o
contexto sócio-cultural como também do contexto biopsicossocial dos usuários de drogas.
O mesmo autor enfatiza que no contexto médico-científico da atualidade o enfoque é
farmacológico. Raramente são vistos como ameaçadores à ordem social vigente. O olhar de
hoje está mais voltado para a prevenção contra o uso, abuso, mau uso, com tendência ao bem
estar do individuo, da sociedade onde as políticas públicas possam contemplar a sua eficácia.
De acordo com Moreno et al (2009) e a Federação das Comunidades
Terapêuticas
(2001) o álcool é a droga mais antiga que muda mentes e emoções. Através do avanço nas
técnicas de fermentação das matérias primas como cevada e frutas originou-se a produção de
bebidas alcoólicas por vários povos. Na idade média como droga saudável e utilizada para
fins terapêuticos foi denominada aqua vitae. No século XIX, com a revolução industrial
ocorreu sua popularidade e consequências. No Brasil uma bebida de fabricação indígena pela
fermentação da mandioca chamada cauim foi encontrada pelos portugueses. Mais tarde
fabricaram a cachaça da cana de açúcar. Atualmente a bebida alcoólica no país é usada na
alegria e na tristeza, em todas as classes sociais em todos os contextos (ANDRADE et al,
2010).
Para Amaral (2000-2010) o tabaco é uma planta chamada vulgarmente de erva-santa.
Era um remédio para a cura de várias doenças, infalível para as enxaquecas, pneumonia,
chagas, gota, raiva, servindo como lazer. Sua origem é confusa já que muitos continentes a
requerem para si.Cultivada em quase todos os países não possui a visão curativa e sim nociva
ao ser humano.
Para Laranjeira (2003) o consumo de anfetaminas é pouco conhecido. Sintetizadas na
década de 30 para o tratamento de déficit de atenção e hiperatividade, nos últimos 20 anos
fabricadas para fins não médicos. Ecstasy é a mais usada em festas conhecidas como raves.
O mesmo autor estima que 50 milhões de pessoas usem benzodiazepínicos
(ansiolíticos). Na década de 70 com uso nocivo e dependência. Os opiáceos são usados desde
a pré história. O natural, ópio, morfina, codeína. O sintético, metadona, meperidina, petidina
ou semi-sintética a heroína.
Para Laranjeira (2003) a cocaína é uma droga que surgiu nos últimos 20 anos. Dela
originam vários subprodutos, a pasta de coca, crack, e a merla que podem ser cheirados,
injetados ou fumados.
Para o autor a maconha é um arbusto que cresce em regiões tropicais. Efeitos
medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de quatro mil anos. No século XX foi
considerada um “problema social”. Seu uso e abuso estão associados com a degeneração
psíquica, ao crime e à marginalização. No Brasil em 1997 era a droga mais usada por
estudantes do ensino fundamental e do ensino médio.
Os solventes, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos são voláteis, presentes em
produtos como, tinta, gasolina, cola, esmalte, removedor, aerossol, verniz. Na revolução
industrial aperfeiçoados e inalados por trabalhadores apresentavam problemas neurológicos
graves (LARANJEIRA, 2003).
3. CONSUMO DE DROGAS NO MUNDO
São chamadas de drogas psicoativas, as substâncias naturais ou sintéticas que,
absorvidas pelo organismo humano, seja pela ingestão, injeção, inalação ou absorção da pele,
penetram na corrente sanguínea e alcançam o cérebro, afetando o seu equilíbrio e provocando
em seus usuários reações que variam da apatia à agressividade, segundo o Projeto Vencendo
Drogas (2010).
É um problema de ordem social e suas consequências são assustadoras. Constitui-se
em problema para os norte-americanos, com várias vitimas desse tráfico de drogas. A
preocupação é pelo fato das drogas onde 80% é de cocaína e 50% de heroína entrarem no país
com procedência da região andina onde treze milhões de pessoas consomem cocaína, um
índice apontado pelo UNODC - Escritório de Crime e de Drogas das Nações Unidas, de
acordo com Valencia (2005).
Em Boa Saúde (2002) o abuso de drogas é problema de saúde pública enfrentado por
sociedades com consequências biopsicossociais. Assim, o problema não é local, mas global.
Afirmação que corrobora a que é feita por Valencia, acima citada.
"Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais países
consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os
padrões de consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o
terrível aumento nos índices de violência em países como o México
[...] (UNODC, 2009).
Se o mercado global de drogas permanece estável ou em declínio, a produção e
o consumo de drogas sintéticas aumentam nos países em desenvolvimento. O Relatório foi
lançado em Washington pelo diretor do ONDCP - Gabinete de Política Nacional de
Fiscalização das Drogas. O aumento da produção nos países em desenvolvimento tem
preocupado. Isto sinaliza um negócio rentável. As rotas de tráfico também estão mudando,
pois na Arábia Saudita foi apreendido um grande volume de produtos maiores do que as
apreensões na China e nos Estados Unidos (UNODC, 2009).
Por outro lado,
"Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais países
consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os
padrões de consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o
terrível aumento nos índices de violência em países como o México
[...] (UNODC, 2009).
Segundo o Relatório Mundial (UNODC, 2009):
O cultivo de ópio no Afeganistão, país responsável por 93% da
produção mundial de ópio, diminuiu 19% em 2008. A Colômbia, país
que produz a metade da cocaína no mundo, observou uma redução de
18% no cultivo e uma redução de 28% na produção da droga, em
comparação com 2007. A produção global de cocaína foi estimada em
845 toneladas, a mais baixa em cinco anos, apesar de terem sido
observados aumentos no cultivo no Peru e na Bolívia.
A maconha continua sendo a droga mais cultivada e consumida em
todo o mundo. Os dados mostram também que ela é mais danosa à
saúde do que o que se costuma acreditar. O índice médio de THC
observado na maconha na América do Norte quase dobrou na última
década. Essa mudança traz grandes implicações à saúde, evidenciada
por um aumento significante no número de pessoas em busca de
tratamento.
4. O EFEITO DOS DIVERSOS TIPOS DE DROGAS EM USUÁRIOS
Segundo Boa Saúde (2006) a tolerância, é um estado caracterizado pela necessidade
do uso de drogas em maiores quantidades para se obter os mesmos efeitos. Evidência
científica do uso contínuo ocorre pelo envolvimento neuropsicológico do usuário. Há riscos
de morte súbita paranóia,agressividade, parada cardíaca. Na abstinência provoca depressão.
Cada droga utilizada exerce um efeito no organismo. O conhecimento destes é de grande
importância na prevenção. Jovens, devem ter conhecimento desses dados antes de se
aventurar a experimentá-las induzidos pela curiosidade.
Os dados a seguir são de Boa Saúde (2006, p.03).
Cocaína – grande potencial de dependência. O crack, derivado da cocaína, causa
dependência compulsiva com rapidez. Provoca a vaso-constrição periférica, dilatação das
pupilas, aumento da temperatura, da freqüência cardíaca e da pressão arterial. Quanto maior
for a absorção maior a intensidade dos efeitos hiperestimulantes, como a euforia.
Ecstasy possui propriedades estimulantes e alucinógenas. Apresenta efeitos no SNC,
agitação, perda de percepção, da realidade, elevação da temperatura corporal, lesão muscular,
insuficiência renal, cardiovascular, lesão cerebral, podendo resultar em um tipo de paralisia.
Heroína – leva facilmente à dependência. Está associada a graves distúrbios físicos,
overdose fatal, aborto espontâneo, colapso venoso e doenças infecciosas, incluindo HIV e
hepatite. Causa complicação pulmonar, pneumonia. Provoca a obstrução dos vasos
sanguíneos dos pulmões, fígado, rins e cérebro. Causando infecção e morte desses órgãos.
Maconha – o composto químico da maconha, o THC (delta-9-tetrahidrocanabiol) é
responsável pelos efeitos causados no SNC. Ao ser fumado, passa rapidamente dos pulmões
para o sangue, e dai ao cérebro. Causa dependência. Seus efeitos incluem: distúrbios da
memória, da aprendizagem, da percepção, dificuldade reflexivas, laborativas, sociais, perda
da coordenação e aumento da freqüência cardíaca. O sistema imune é prejudicado não
respondendo às infecções e o câncer. Transtornos mentais e de comportamento, depressão,
ansiedade e de personalidade também estão associados.
Solvente –. Para muitos não é droga, mas possui efeito intoxicante. De uso doméstico,
causa efeitos anestésicos reduzindo as funções do organismo levando à perda de consciência.
Pode induzir a parada cardíaca, morte rápida. O abuso crônico pode causar danos graves ao
cérebro, fígado e rins.
O álcool e o tabaco podem matar, embora seja menos perigoso. Neste sentido, fortes
polêmicas remetem às reflexões. O Globo (edição de 19/2003) publicou a frase: “Alcoolismo
e tabagismo matam mais que drogas ilícitas”..
Tanto Carakushansky (2008), quanto Amaral (2009) aborda em seus relatos sobre a
legalização das drogas, como medidas que visam à redução de consumo.
Amaral (2009) comenta que: “Legalizar significa liberar o acesso, tornar legal o seu
uso. Inevitável, então, a discussão quando uma questão tão perturbadora é lançada. Impossível
uma resposta imediata à questão, posto que, é necessário sopesar os prós e os contras [...].”
Quanto à Carakushansky (2008), os índices de óbitos causados pelo álcool e tabaco
foram superiores aos provocados pelas drogas ilícitas, um comentário que deu espaços para
outras interpretações, tais como: drogas ilícitas são menos perigosas.
Nas duas abordagens, a legalização do uso da droga pode ter dois efeitos, a redução de
consumo por não ser um ato proibido ou o consumo exagerado, por ser liberado como o são o
álcool e o tabaco. Pensar que o álcool e o tabaco “matam mais”, que as drogas ilícitas, não por
serem mais nocivos e sim porque são consumidos em muito maior escala porque são legais.
Efeitos de álcool e tabaco são desastrosos para o organismo humano.
Álcool –Para a Revista Galileu (2003) o consumo do álcool, apenas cresceu.
Atualmente, é responsável por tragédias, acidentes fatais de trânsito, homicídios, suicídios,
atos de violência. Segundo a OMS (2001) citado por Galassi et al. (2008), 5,5% das vinte
doenças na idade de 15 a 45 anos trazem sequelas causadas pelo consumo de álcool.
Para os mesmos autores estudos epidemiológicos indicam o abuso do álcool como a
causa de morbimortalidade e problemas diretos ou indiretos causados por esse abuso
relacionados à importante prejuízo econômico em todo o mundo (GALASSI et al., 2008,. 08).
Tabaco - os cigarros contêm 4.027 substâncias das quais 200 são venenos e 60 são
cancerígenos. A Nicotina é o estimulante do vício que tranqüiliza semelhante à cafeína. O
alcatrão destrói os alvéolos que o pulmão causando o enfisema pulmonar que, tratada com
bronco-dilatadores aumentam as chances de um infarto como quando associado aos
anticoncepcionais. Os fumantes passivos sofrem os mesmos efeitos nocivos dos que fumam
diretamente (GNOSIS, 2007).
Em relação aos efeitos das drogas lícitas ou ilícitas, Carakushansky (2008, p. 02),
aponta dado que conduzem às reflexões mais coerentes:
[...] imaginemos uma população de mil doentes brasileiros. Podem-se
estimar razoavelmente, pelos dados da SENAD, que 353 deles são
consumidores de álcool, 198 de tabaco e 25 de drogas ilícitas. Por
outro lado, não é despropósito pensar que, pelos dados da OMS, 41
estejam doentes devido ao álcool, 40 devido ao tabaco e 8 devido às
drogas ilícitas. Mas então a “malignidade” do álcool é de 41 em 353
(ou seja, 12%), enquanto a “malignidade” do tabaco é de 40 em 198
(ou seja, 20%), e a “malignidade” das drogas ilícitas é de 8 em 25 (ou
seja, 32%).
Portanto, resta concluir que: ilícita ou lícita, a droga possui consequências indesejáveis
em qualquer idade. Legalizada ou não, o resultado biopsicossocial destruidor é enorme.
5. CONSUMO DE DROGAS NO CONTEXTO NACIONAL
Noto et al (2003) através do CEBRID ( Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas Psicotrópicas) relatam levantamentos sobre o uso de drogas entre crianças e
adolescentes em situação de rua. O consumo foi significativo e colaborou para a criação de
programas preventivos mais adequados à realidade brasileira.
Carlini et al (2001) traça o perfil aproximado de consumo de drogas em todas as
regiões do pais, 9.109.000 pessoas (19,4%) já usaram algum tipo de droga, excluindo o
álcool e o tabaco. O uso na vida de álcool foi de 68,7%, porcentagem maior que 35,5% da
Colômbia, menor que Chile com 70,8% e EUA com 81,0%. Quanto à dependência do álcool
é maior para o sexo masculino (17,1%), mas o feminino com 5,7% é um fator preocupante.
Sobre o tabaco constatam o total de 41,1% da população dependente, 46.2% para o sexo
masculino e 36,3% para o sexo feminino. Essas porcentagens são inferiores às observadas no
Chile (70,1%) e nos EUA (70,5%), porém mais que o dobro da Colômbia (18,5%). O álcool,
ressalta sua inserção cultural mais acentuada que o tabaco contando com ampla aceitação pela
sociedade, divulgado na mídia com valorização social, atingindo 76% dos pesquisados.
Carlini et al (2001) aponta uso da maconha no Brasil em 6,9% da população
pesquisada. A cocaína e o crack foram de 2,3% equivalente a 1.076.000 pessoas. Os
solventes apenas 5,8% do total. A análise sobre os medicamentos usados com fins de abuso
como os estimulantes tipo anfetaminas, e anorexígenos foram 1,5%. Os ansiolíticos, como os
benzodiazepínicos apresentam porcentagem de 3,3%.
Segundo os autores acima citados, os alucinógenos em especial o chá de cogumelo e o
LSD foram de 0,6% igual a 295.000 pessoas. A heroína 0,04% comparada aos EUA com
1,2% merece maior reflexão, pois existe no Brasil grande alarde quanto a um maior consumo.
Noto et al (2003) e Carlini (2001) relatam um aumento do uso do tabaco entre crianças
e adolescentes em situação de rua . Constatam 41,1% de dependentes. Essas porcentagens são
inferiores às do Chile (70,1%), USA (70,5%), mais que da Colômbia (18,5%). O consumo
de solventes entre os 2.807 entrevistados com uso na vida foi de 44,4%. Porto Velho é a
única capital onde o consumo foi nulo. São Paulo e Recife com cerca de 60% de uso diário.
Os autores relatam 40,4% de consumo de maconha em todas as capitais brasileiras. Os
derivados da coca 24,5%. Os medicamentos psicotrópicos (Rohypnol, Artame, Benflogin)
com 13,4% na região nordeste do país com aquisição clandestina como o tráfico das ilegais.
Segundo a ONU pela Globo.com (2007), o Brasil consolidou como centro de
distribuição da cocaína colombiana e boliviana para outros mercados consumidores por
acumular intervenções isoladas com baixa efetividade necessitando de abordagens
compatíveis com seu contexto social. É atraente para traficantes por sua população
jovem, sendo alvo fácil.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2008 informa que o Brasil tem cerca de 870
mil usuários de cocaína, o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65
anos, entre 2001 e 2004. É o segundo maior mercado das Américas, com índice menor apenas
para os USA que soma cerca de seis milhões de consumidores (CARVALHO, 2008).
Os programas educativos contra drogas devem ser intensificados. Neste sentido,
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere a utilização do
modelo Habilidades de Vida, o qual se configura como um processo
de desenvolvimento de competências psicossociais consideradas
essenciais para o desenvolvimento humano. Nesta perspectiva, a
instituição escolar tem sido apontada como palco privilegiado para a
realização de intervenções de tal natureza (PAIVA E RODRIGUES,
2008, p. 03)
Os jovens começam a consumir álcool e outras drogas na infância, no ambiente
familiar associadas a fatores sócio-econômicos e culturais (PAIVA E RODRIGUES, 2008).
Para Sanchez et al (2005) os fatores para uso de drogas, são os aspectos sócio
demográficos, estado civil, família, religião, trabalho, local em que mora se são pobres e
violentos sujeitos às condições impostas pelo tráfico,uso de drogas pelos pais, relacionamento
com o pai, grupo de jovens, pratica religiosa, atividade física (TAVARES et al, 2004).
Silva e Matos (2004) complementam, a falta de empatia, as pressões exercidas pelo
grupo, acesso às drogas, baixa auto-estima, agressividade doméstica, situação econômica
político-culturais, normas, genética, personalidade, exclusão social, mau desempenho escolar,
entre outros como fatores de risco ao uso e abuso de drogas.
O National Institute on Drug Abuse dos USA (NIDA, 2003), salienta a proteção
contra o uso de drogas através do controle das impulsões, enfrentando situações adversas,
competência acadêmica, religiosidade, conhecimentos e efeitos das drogas.
Conforme Paiva e Rodrigues (2008, p.08), outros aspectos devem ser salientados:
[...] instituições como a família, através de uma consistente
monitoração parental, a implementação de programas escolares contra
o uso de drogas, além da situação econômica e o fortalecimento das
redes de suporte social na comunidade, acrescentado-se que a relação
estabelecida entre os fatores familiares, micro e macrossociais e
estruturais tornam o individuo mais suscetível às influências adversas,
ou mais resistentes a seus influxos.
Para a Organização Panamericana de Saúde (OPS, 2005, Apud Rodrigues e Paiva,
2008), a escola é o local adequado para a criação de programas preventivos envolvendo a
qualidade de vida. Como agente transformador social, moral e ético, principalmente quando
há baixa motivação, insuficiência no aproveitamento, desvalorização da educação. A escola
oferecendo serviços especiais, em detrimento de punições pode ser o começo para a
prevenção. (RODRIGUES e PAIVA 2008).
Zago (1999) alerta para olhar o adolescente com suas alterações hormonais e
emocionais. Nessa fase uma sensação de vazio interior, um viver sem sentido, que não sabe
como preencher senão com o consumismo. A sociedade em que vive é de consumo, motivada
pela mídia. Busca a droga como a solução mágica para seus conflitos interiores, e seu contato
com ela ocorre quando está buscando mais intensamente o conceito de si mesmo, a sua
identidade psicossocial. Acredita que a resposta está no exterior, sem tentar buscá-la em si
mesmo.
O Relatório Mundial de Drogas (UNODC, 2009) alerta que a questão da droga deve
ser vista como uma doença, pois "Quem usa drogas necessita de assistência médica e não de
uma sanção criminal.". Os dependentes necessitam ser tratadas como doentes, são adictos.
Para Zago (1999) conhecer efeitos de drogas e deixar de consumi-las não curam o
dependente. Os tratamentos desintoxicantes têm poder temporal. Parar de consumir para
pensar, refletir, resgatar valores. Assim poderá encontrar um novo projeto de vida.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitas alterações biopsicossociais levam jovens a buscar saídas drásticas que
acreditam ser a solução, sem saber que está sendo enredados em armadilhas de si mesmo.
Outros passam por mudanças e se mantém saudáveis. São diferentes formas de viver a
adolescência.
Este estudo abordou diversos aspectos, sem, criar polêmicas ou fazer apologia aos que
defendem a liberação do consumo de drogas como solução de controle e uso. Apenas foram
apontados os diversos fatores predisponentes ao uso na opinião dos autores consultados.
No entanto, é necessário enfatizar que as medidas preventivas podem ser tomadas a
partir de estudos epidemiólogicos e programas educativos, de conscientização sem esquecer
que a escola é a essencialidade nos momentos em que se pensa em soluções.
Se a educação é a ferramenta do desenvolvimento do ser humano rumo à cidadania,
que ela seja capaz de levar o jovem a pensar criticamente, a refletir sobre suas ações, a inserí-
lo no contexto social ao qual pertence, criando em cada mente o senso de responsabilidade.
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TAVARES, B. F.; BÉRIA, J. U.; LIMA, M. S. Fatores associados ao uso de drogas entre
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http://www.scielo.org/pdf/rsp/v36n6/06.pdf. Acesso em fev 2010.
VALENCIA, L. Drogas, conflito e os EUA: a Colômbia no início do século. In: Estudos
Avançados. Nº 55. Vol.19. São Paulo, Dez/2005.
ZAGO, J. A. Sociedade de Consumo e Droga. In Impulso - Revista de Ciências Sociais e
Humanas, 11(25). Piracicaba: UNIMEP, 1999.

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Drogas lícitas e ilícitas: impactos na saúde

  • 1. DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS: UMA TEMÁTICA CONTEMPORÂNEA Elcione Alves Sorna Neves1 Maria Luiza Segatto2 RESUMO Este artigo aborda o consumo de drogas e suas conseqüências na saúde e nos aspectos psicossociais. Os objetivos da investigação se constituíram em apontar dados epidemiológicos de consumo das drogas no Brasil, conhecerem os efeitos e, ao mesmo tempo, os fatores que prejudicam o consumidor que é discriminado socialmente e segregado do convívio sócio- familiar. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, através do método de pesquisa literária, que é considerado por Gil (2002), uma abordagem a conteúdos já publicados por outros autores. Estudos exploratórios como pesquisa bibliográfica, a partir da técnica de análise de conteúdo. Droga lícita ou ilícita é um problema de saúde pública que afeta milhares de pessoas de todas as faixas etárias. Este é um problema de ordem social, a partir do momento em que suas conseqüências alcançam níveis quantitativos assustadores em todo o mundo. Ações preventivas no âmbito escolar é um tema que vem sendo defendido em diversos países com resultados promissores. Assim pôde-se observar o uso de drogas como uma solução mágica para os conflitos interiores e exteriores como os conflitos familiares inerentes a adolescência. É notória a relevância das pesquisas brasileiras colaborando com programas educativos. Palavras-chave: Drogas. Lícitas. Ilícitas. Dependência. INTRODUÇÃO As políticas voltadas para o consumo de drogas são de nível mundial. Segundo Mathiasen (2009) um novo desafio representa a iminência do surgimento de substâncias psicoativas mais fortes. Esta tendência conduz debates sobre políticas de drogas. Noto et al (2003) alerta que todas as drogas tem potencial para modificar o sistema nervoso central (SNC) e são reforçadoras do uso. A sociedade tem uma postura permissiva e aceita o consumo de algumas drogas como o álcool e o tabaco. De um lado, tem-se a tendência da liberação ou legalização do consumo de drogas e, de outro, as posturas reacionárias de controle e repressão. Em Contagem observa-se um crescimento de 400% de adolescentes envolvidos em crimes relacionados às drogas ilegais. No entanto, os impactos maiores no Brasil envolvem saúde e segurança (SANTOS, 2009- 2010). . Este estudo fundamenta-se no fato de ser um problema de saúde pública que afeta pessoas de todas as faixas etárias, em todas as sociedades, com consequências biopsicossociais que precisam ser discutidas nacional e internacionalmente. Um tema que deve ser constantemente abordado por todos os profissionais que realizam atendimento a dependentes químicos (LARANJEIRA, 2003). Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, através do método de pesquisa literária, que é considerado por Gil (2002), uma abordagem a conteúdos já 1 Faculdade Católica de Uberlândia – elcionesorna@hotmail.com. 2 Faculdade Católica de Uberlândia ml.segatto@uol.com.br.
  • 2. publicados por outros autores. Estudos exploratórios como pesquisa bibliográfica, a partir da técnica de análise de conteúdo. 2. ORIGEM DAS DROGAS Para MacRae (2003) desde a pré- história, várias substâncias psicoativas vêm sendo usadas para diferentes finalidades, estados de êxtase místico/ religioso, prazeroso, lúdico até os curativos. Na década de 60, após a epidemia da AIDS (Síndrome da Imune Deficiência Humana Adquirida) e de outras doenças transmissíveis é que começou um novo olhar sobre o contexto sócio-cultural como também do contexto biopsicossocial dos usuários de drogas. O mesmo autor enfatiza que no contexto médico-científico da atualidade o enfoque é farmacológico. Raramente são vistos como ameaçadores à ordem social vigente. O olhar de hoje está mais voltado para a prevenção contra o uso, abuso, mau uso, com tendência ao bem estar do individuo, da sociedade onde as políticas públicas possam contemplar a sua eficácia. De acordo com Moreno et al (2009) e a Federação das Comunidades Terapêuticas (2001) o álcool é a droga mais antiga que muda mentes e emoções. Através do avanço nas técnicas de fermentação das matérias primas como cevada e frutas originou-se a produção de bebidas alcoólicas por vários povos. Na idade média como droga saudável e utilizada para fins terapêuticos foi denominada aqua vitae. No século XIX, com a revolução industrial ocorreu sua popularidade e consequências. No Brasil uma bebida de fabricação indígena pela fermentação da mandioca chamada cauim foi encontrada pelos portugueses. Mais tarde fabricaram a cachaça da cana de açúcar. Atualmente a bebida alcoólica no país é usada na alegria e na tristeza, em todas as classes sociais em todos os contextos (ANDRADE et al, 2010). Para Amaral (2000-2010) o tabaco é uma planta chamada vulgarmente de erva-santa. Era um remédio para a cura de várias doenças, infalível para as enxaquecas, pneumonia, chagas, gota, raiva, servindo como lazer. Sua origem é confusa já que muitos continentes a requerem para si.Cultivada em quase todos os países não possui a visão curativa e sim nociva ao ser humano. Para Laranjeira (2003) o consumo de anfetaminas é pouco conhecido. Sintetizadas na década de 30 para o tratamento de déficit de atenção e hiperatividade, nos últimos 20 anos fabricadas para fins não médicos. Ecstasy é a mais usada em festas conhecidas como raves. O mesmo autor estima que 50 milhões de pessoas usem benzodiazepínicos (ansiolíticos). Na década de 70 com uso nocivo e dependência. Os opiáceos são usados desde a pré história. O natural, ópio, morfina, codeína. O sintético, metadona, meperidina, petidina ou semi-sintética a heroína. Para Laranjeira (2003) a cocaína é uma droga que surgiu nos últimos 20 anos. Dela originam vários subprodutos, a pasta de coca, crack, e a merla que podem ser cheirados, injetados ou fumados. Para o autor a maconha é um arbusto que cresce em regiões tropicais. Efeitos medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de quatro mil anos. No século XX foi considerada um “problema social”. Seu uso e abuso estão associados com a degeneração psíquica, ao crime e à marginalização. No Brasil em 1997 era a droga mais usada por estudantes do ensino fundamental e do ensino médio. Os solventes, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos são voláteis, presentes em produtos como, tinta, gasolina, cola, esmalte, removedor, aerossol, verniz. Na revolução industrial aperfeiçoados e inalados por trabalhadores apresentavam problemas neurológicos graves (LARANJEIRA, 2003).
  • 3. 3. CONSUMO DE DROGAS NO MUNDO São chamadas de drogas psicoativas, as substâncias naturais ou sintéticas que, absorvidas pelo organismo humano, seja pela ingestão, injeção, inalação ou absorção da pele, penetram na corrente sanguínea e alcançam o cérebro, afetando o seu equilíbrio e provocando em seus usuários reações que variam da apatia à agressividade, segundo o Projeto Vencendo Drogas (2010). É um problema de ordem social e suas consequências são assustadoras. Constitui-se em problema para os norte-americanos, com várias vitimas desse tráfico de drogas. A preocupação é pelo fato das drogas onde 80% é de cocaína e 50% de heroína entrarem no país com procedência da região andina onde treze milhões de pessoas consomem cocaína, um índice apontado pelo UNODC - Escritório de Crime e de Drogas das Nações Unidas, de acordo com Valencia (2005). Em Boa Saúde (2002) o abuso de drogas é problema de saúde pública enfrentado por sociedades com consequências biopsicossociais. Assim, o problema não é local, mas global. Afirmação que corrobora a que é feita por Valencia, acima citada. "Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais países consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os padrões de consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o terrível aumento nos índices de violência em países como o México [...] (UNODC, 2009). Se o mercado global de drogas permanece estável ou em declínio, a produção e o consumo de drogas sintéticas aumentam nos países em desenvolvimento. O Relatório foi lançado em Washington pelo diretor do ONDCP - Gabinete de Política Nacional de Fiscalização das Drogas. O aumento da produção nos países em desenvolvimento tem preocupado. Isto sinaliza um negócio rentável. As rotas de tráfico também estão mudando, pois na Arábia Saudita foi apreendido um grande volume de produtos maiores do que as apreensões na China e nos Estados Unidos (UNODC, 2009). Por outro lado, "Os índices de pureza e o número de apreensões (nos principais países consumidores) estão diminuindo, os preços estão aumentando, e os padrões de consumo estão em evolução. Isso pode ajudar a explicar o terrível aumento nos índices de violência em países como o México [...] (UNODC, 2009). Segundo o Relatório Mundial (UNODC, 2009): O cultivo de ópio no Afeganistão, país responsável por 93% da produção mundial de ópio, diminuiu 19% em 2008. A Colômbia, país que produz a metade da cocaína no mundo, observou uma redução de 18% no cultivo e uma redução de 28% na produção da droga, em comparação com 2007. A produção global de cocaína foi estimada em 845 toneladas, a mais baixa em cinco anos, apesar de terem sido observados aumentos no cultivo no Peru e na Bolívia. A maconha continua sendo a droga mais cultivada e consumida em todo o mundo. Os dados mostram também que ela é mais danosa à saúde do que o que se costuma acreditar. O índice médio de THC observado na maconha na América do Norte quase dobrou na última
  • 4. década. Essa mudança traz grandes implicações à saúde, evidenciada por um aumento significante no número de pessoas em busca de tratamento. 4. O EFEITO DOS DIVERSOS TIPOS DE DROGAS EM USUÁRIOS Segundo Boa Saúde (2006) a tolerância, é um estado caracterizado pela necessidade do uso de drogas em maiores quantidades para se obter os mesmos efeitos. Evidência científica do uso contínuo ocorre pelo envolvimento neuropsicológico do usuário. Há riscos de morte súbita paranóia,agressividade, parada cardíaca. Na abstinência provoca depressão. Cada droga utilizada exerce um efeito no organismo. O conhecimento destes é de grande importância na prevenção. Jovens, devem ter conhecimento desses dados antes de se aventurar a experimentá-las induzidos pela curiosidade. Os dados a seguir são de Boa Saúde (2006, p.03). Cocaína – grande potencial de dependência. O crack, derivado da cocaína, causa dependência compulsiva com rapidez. Provoca a vaso-constrição periférica, dilatação das pupilas, aumento da temperatura, da freqüência cardíaca e da pressão arterial. Quanto maior for a absorção maior a intensidade dos efeitos hiperestimulantes, como a euforia. Ecstasy possui propriedades estimulantes e alucinógenas. Apresenta efeitos no SNC, agitação, perda de percepção, da realidade, elevação da temperatura corporal, lesão muscular, insuficiência renal, cardiovascular, lesão cerebral, podendo resultar em um tipo de paralisia. Heroína – leva facilmente à dependência. Está associada a graves distúrbios físicos, overdose fatal, aborto espontâneo, colapso venoso e doenças infecciosas, incluindo HIV e hepatite. Causa complicação pulmonar, pneumonia. Provoca a obstrução dos vasos sanguíneos dos pulmões, fígado, rins e cérebro. Causando infecção e morte desses órgãos. Maconha – o composto químico da maconha, o THC (delta-9-tetrahidrocanabiol) é responsável pelos efeitos causados no SNC. Ao ser fumado, passa rapidamente dos pulmões para o sangue, e dai ao cérebro. Causa dependência. Seus efeitos incluem: distúrbios da memória, da aprendizagem, da percepção, dificuldade reflexivas, laborativas, sociais, perda da coordenação e aumento da freqüência cardíaca. O sistema imune é prejudicado não respondendo às infecções e o câncer. Transtornos mentais e de comportamento, depressão, ansiedade e de personalidade também estão associados. Solvente –. Para muitos não é droga, mas possui efeito intoxicante. De uso doméstico, causa efeitos anestésicos reduzindo as funções do organismo levando à perda de consciência. Pode induzir a parada cardíaca, morte rápida. O abuso crônico pode causar danos graves ao cérebro, fígado e rins. O álcool e o tabaco podem matar, embora seja menos perigoso. Neste sentido, fortes polêmicas remetem às reflexões. O Globo (edição de 19/2003) publicou a frase: “Alcoolismo e tabagismo matam mais que drogas ilícitas”.. Tanto Carakushansky (2008), quanto Amaral (2009) aborda em seus relatos sobre a legalização das drogas, como medidas que visam à redução de consumo. Amaral (2009) comenta que: “Legalizar significa liberar o acesso, tornar legal o seu uso. Inevitável, então, a discussão quando uma questão tão perturbadora é lançada. Impossível uma resposta imediata à questão, posto que, é necessário sopesar os prós e os contras [...].”
  • 5. Quanto à Carakushansky (2008), os índices de óbitos causados pelo álcool e tabaco foram superiores aos provocados pelas drogas ilícitas, um comentário que deu espaços para outras interpretações, tais como: drogas ilícitas são menos perigosas. Nas duas abordagens, a legalização do uso da droga pode ter dois efeitos, a redução de consumo por não ser um ato proibido ou o consumo exagerado, por ser liberado como o são o álcool e o tabaco. Pensar que o álcool e o tabaco “matam mais”, que as drogas ilícitas, não por serem mais nocivos e sim porque são consumidos em muito maior escala porque são legais. Efeitos de álcool e tabaco são desastrosos para o organismo humano. Álcool –Para a Revista Galileu (2003) o consumo do álcool, apenas cresceu. Atualmente, é responsável por tragédias, acidentes fatais de trânsito, homicídios, suicídios, atos de violência. Segundo a OMS (2001) citado por Galassi et al. (2008), 5,5% das vinte doenças na idade de 15 a 45 anos trazem sequelas causadas pelo consumo de álcool. Para os mesmos autores estudos epidemiológicos indicam o abuso do álcool como a causa de morbimortalidade e problemas diretos ou indiretos causados por esse abuso relacionados à importante prejuízo econômico em todo o mundo (GALASSI et al., 2008,. 08). Tabaco - os cigarros contêm 4.027 substâncias das quais 200 são venenos e 60 são cancerígenos. A Nicotina é o estimulante do vício que tranqüiliza semelhante à cafeína. O alcatrão destrói os alvéolos que o pulmão causando o enfisema pulmonar que, tratada com bronco-dilatadores aumentam as chances de um infarto como quando associado aos anticoncepcionais. Os fumantes passivos sofrem os mesmos efeitos nocivos dos que fumam diretamente (GNOSIS, 2007). Em relação aos efeitos das drogas lícitas ou ilícitas, Carakushansky (2008, p. 02), aponta dado que conduzem às reflexões mais coerentes: [...] imaginemos uma população de mil doentes brasileiros. Podem-se estimar razoavelmente, pelos dados da SENAD, que 353 deles são consumidores de álcool, 198 de tabaco e 25 de drogas ilícitas. Por outro lado, não é despropósito pensar que, pelos dados da OMS, 41 estejam doentes devido ao álcool, 40 devido ao tabaco e 8 devido às drogas ilícitas. Mas então a “malignidade” do álcool é de 41 em 353 (ou seja, 12%), enquanto a “malignidade” do tabaco é de 40 em 198 (ou seja, 20%), e a “malignidade” das drogas ilícitas é de 8 em 25 (ou seja, 32%). Portanto, resta concluir que: ilícita ou lícita, a droga possui consequências indesejáveis em qualquer idade. Legalizada ou não, o resultado biopsicossocial destruidor é enorme. 5. CONSUMO DE DROGAS NO CONTEXTO NACIONAL Noto et al (2003) através do CEBRID ( Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) relatam levantamentos sobre o uso de drogas entre crianças e adolescentes em situação de rua. O consumo foi significativo e colaborou para a criação de programas preventivos mais adequados à realidade brasileira. Carlini et al (2001) traça o perfil aproximado de consumo de drogas em todas as regiões do pais, 9.109.000 pessoas (19,4%) já usaram algum tipo de droga, excluindo o álcool e o tabaco. O uso na vida de álcool foi de 68,7%, porcentagem maior que 35,5% da Colômbia, menor que Chile com 70,8% e EUA com 81,0%. Quanto à dependência do álcool é maior para o sexo masculino (17,1%), mas o feminino com 5,7% é um fator preocupante. Sobre o tabaco constatam o total de 41,1% da população dependente, 46.2% para o sexo masculino e 36,3% para o sexo feminino. Essas porcentagens são inferiores às observadas no
  • 6. Chile (70,1%) e nos EUA (70,5%), porém mais que o dobro da Colômbia (18,5%). O álcool, ressalta sua inserção cultural mais acentuada que o tabaco contando com ampla aceitação pela sociedade, divulgado na mídia com valorização social, atingindo 76% dos pesquisados. Carlini et al (2001) aponta uso da maconha no Brasil em 6,9% da população pesquisada. A cocaína e o crack foram de 2,3% equivalente a 1.076.000 pessoas. Os solventes apenas 5,8% do total. A análise sobre os medicamentos usados com fins de abuso como os estimulantes tipo anfetaminas, e anorexígenos foram 1,5%. Os ansiolíticos, como os benzodiazepínicos apresentam porcentagem de 3,3%. Segundo os autores acima citados, os alucinógenos em especial o chá de cogumelo e o LSD foram de 0,6% igual a 295.000 pessoas. A heroína 0,04% comparada aos EUA com 1,2% merece maior reflexão, pois existe no Brasil grande alarde quanto a um maior consumo. Noto et al (2003) e Carlini (2001) relatam um aumento do uso do tabaco entre crianças e adolescentes em situação de rua . Constatam 41,1% de dependentes. Essas porcentagens são inferiores às do Chile (70,1%), USA (70,5%), mais que da Colômbia (18,5%). O consumo de solventes entre os 2.807 entrevistados com uso na vida foi de 44,4%. Porto Velho é a única capital onde o consumo foi nulo. São Paulo e Recife com cerca de 60% de uso diário. Os autores relatam 40,4% de consumo de maconha em todas as capitais brasileiras. Os derivados da coca 24,5%. Os medicamentos psicotrópicos (Rohypnol, Artame, Benflogin) com 13,4% na região nordeste do país com aquisição clandestina como o tráfico das ilegais. Segundo a ONU pela Globo.com (2007), o Brasil consolidou como centro de distribuição da cocaína colombiana e boliviana para outros mercados consumidores por acumular intervenções isoladas com baixa efetividade necessitando de abordagens compatíveis com seu contexto social. É atraente para traficantes por sua população jovem, sendo alvo fácil. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2008 informa que o Brasil tem cerca de 870 mil usuários de cocaína, o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65 anos, entre 2001 e 2004. É o segundo maior mercado das Américas, com índice menor apenas para os USA que soma cerca de seis milhões de consumidores (CARVALHO, 2008). Os programas educativos contra drogas devem ser intensificados. Neste sentido, A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere a utilização do modelo Habilidades de Vida, o qual se configura como um processo de desenvolvimento de competências psicossociais consideradas essenciais para o desenvolvimento humano. Nesta perspectiva, a instituição escolar tem sido apontada como palco privilegiado para a realização de intervenções de tal natureza (PAIVA E RODRIGUES, 2008, p. 03) Os jovens começam a consumir álcool e outras drogas na infância, no ambiente familiar associadas a fatores sócio-econômicos e culturais (PAIVA E RODRIGUES, 2008). Para Sanchez et al (2005) os fatores para uso de drogas, são os aspectos sócio demográficos, estado civil, família, religião, trabalho, local em que mora se são pobres e violentos sujeitos às condições impostas pelo tráfico,uso de drogas pelos pais, relacionamento com o pai, grupo de jovens, pratica religiosa, atividade física (TAVARES et al, 2004). Silva e Matos (2004) complementam, a falta de empatia, as pressões exercidas pelo grupo, acesso às drogas, baixa auto-estima, agressividade doméstica, situação econômica político-culturais, normas, genética, personalidade, exclusão social, mau desempenho escolar, entre outros como fatores de risco ao uso e abuso de drogas.
  • 7. O National Institute on Drug Abuse dos USA (NIDA, 2003), salienta a proteção contra o uso de drogas através do controle das impulsões, enfrentando situações adversas, competência acadêmica, religiosidade, conhecimentos e efeitos das drogas. Conforme Paiva e Rodrigues (2008, p.08), outros aspectos devem ser salientados: [...] instituições como a família, através de uma consistente monitoração parental, a implementação de programas escolares contra o uso de drogas, além da situação econômica e o fortalecimento das redes de suporte social na comunidade, acrescentado-se que a relação estabelecida entre os fatores familiares, micro e macrossociais e estruturais tornam o individuo mais suscetível às influências adversas, ou mais resistentes a seus influxos. Para a Organização Panamericana de Saúde (OPS, 2005, Apud Rodrigues e Paiva, 2008), a escola é o local adequado para a criação de programas preventivos envolvendo a qualidade de vida. Como agente transformador social, moral e ético, principalmente quando há baixa motivação, insuficiência no aproveitamento, desvalorização da educação. A escola oferecendo serviços especiais, em detrimento de punições pode ser o começo para a prevenção. (RODRIGUES e PAIVA 2008). Zago (1999) alerta para olhar o adolescente com suas alterações hormonais e emocionais. Nessa fase uma sensação de vazio interior, um viver sem sentido, que não sabe como preencher senão com o consumismo. A sociedade em que vive é de consumo, motivada pela mídia. Busca a droga como a solução mágica para seus conflitos interiores, e seu contato com ela ocorre quando está buscando mais intensamente o conceito de si mesmo, a sua identidade psicossocial. Acredita que a resposta está no exterior, sem tentar buscá-la em si mesmo. O Relatório Mundial de Drogas (UNODC, 2009) alerta que a questão da droga deve ser vista como uma doença, pois "Quem usa drogas necessita de assistência médica e não de uma sanção criminal.". Os dependentes necessitam ser tratadas como doentes, são adictos. Para Zago (1999) conhecer efeitos de drogas e deixar de consumi-las não curam o dependente. Os tratamentos desintoxicantes têm poder temporal. Parar de consumir para pensar, refletir, resgatar valores. Assim poderá encontrar um novo projeto de vida. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Muitas alterações biopsicossociais levam jovens a buscar saídas drásticas que acreditam ser a solução, sem saber que está sendo enredados em armadilhas de si mesmo. Outros passam por mudanças e se mantém saudáveis. São diferentes formas de viver a adolescência. Este estudo abordou diversos aspectos, sem, criar polêmicas ou fazer apologia aos que defendem a liberação do consumo de drogas como solução de controle e uso. Apenas foram apontados os diversos fatores predisponentes ao uso na opinião dos autores consultados. No entanto, é necessário enfatizar que as medidas preventivas podem ser tomadas a partir de estudos epidemiólogicos e programas educativos, de conscientização sem esquecer que a escola é a essencialidade nos momentos em que se pensa em soluções. Se a educação é a ferramenta do desenvolvimento do ser humano rumo à cidadania, que ela seja capaz de levar o jovem a pensar criticamente, a refletir sobre suas ações, a inserí- lo no contexto social ao qual pertence, criando em cada mente o senso de responsabilidade. REFERÊNCIAS
  • 8. AMARAL, M. Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Vol VII, págs 5 e 6. Portugal. Ed. Electrónica. 2000-2010. Disponível em: HTTP://www.arqnet.pt/dicionario/tabaco.html. Acesso em Abr de 2010. AMARAL, R. S. D. Prós e contras da legalização das drogas: uma discussão. Julho de 2009. http://www.artigonal.com/psicologia. Acesso em Março de 2010 ANDRADE, T. M.; ESPINHEIRA, C. G. D. A presença das bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas na cultura brasileira. 2010. Disponível em: HTTP:/www.obid.senad.gov.br/portais/obid/biblioteca/documentos. Acesso em mar 2010. BOA SAÚDE. Os efeitos do abuso de drogas ilícitas na saúde. Jun/2006. Disponível em: http://boasaude.uol.com.br/lib/. Acesso em Março de 2010 CARAKUSHANSHY,m. S. Quem mata mais: a droga lícita e ilícita? Políticas de Drogas. Publicado por Editor BRAHA: Brasileiros Unitários em Ação. Outubro 2008. Disponível em http// www.braha.org Acesso em mar 2010 CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país. SENAD. São Paulo. 2002 Disponível em: www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/levantamentos. Acessoem fev 2010. CARVALHO, J. Brasil tem 870 mil usuários de cocaína; relatório da ONU indica aumento no número de usuários de drogas. In O Globo Online, 26/06/2008. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008. Acesso em Março de 2010 FEDERAÇÃO DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS. Drogas e Álcool; Prevenção e Tratamento. Campinas: Komedi, 2001. GALLASSI, A. D. et al. Custos dos problemas causados pelo abuso do álcool. In: Revista de Psiquiatria Clínica, Nº 35. Suplem. 01, 2008. p. 25-30 GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GLOBO. Com. Consumo dedrogasnoBrasilaumentou,dizONU. 26/06/07. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/. Acesso em Março de 2010. GNOSIS. Os efeitos nocivos do cigarro. Centro Gnóstico Anael, 2007. Disponível em http://www.anael.org/. Acesso em Março de 2010. LARANJEIRAS, R.; OLIVEIRA, R. A,; NOBRE, M. R. C.; BERNARDO, W. M.; Usuários de substâncias psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento. 2ª Ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo/ Associação Médica Brasileira, 2003. 120 p. MACRAE, EDWARD. Aspectos socioculturais do uso de drogas e políticas de redução de danos .2003. Disponível em : www.google.com .br. Acesso em Abril de 2010. MATHIASEN, B. Representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) para o Brasil e o Cone Sul. Publicação original: www.diariodonordeste.globo.com/
  • 9. MORENO, R. S; VENTURA, R. N.; BRÊTAS, R. S. Anbiente familiar e consumo de álcool e tabaco entre adolescentes. Revista Paulista de Pediatria. Vol. 27 nº4. São Paulo. 2009. Disponível em : HTTP:www.scielo.br?scielo.php? Acesso em 23 fev.2010. NOTO, A. R; GALDURÓZ, J. C; NAPPO, S. A; FONSECA, A. M; CARLINA, C. M. A; MOURA, Y. G; CARLINI, E. A. Levantamento nacional sobre o uso de drogas entre crianças e adolescentes em situação de rua nas 27 capitais brasileiras. CEBRID. 2003. Políticas de drogas. Editora BRAHA. Out/2009. Disponível em: http://www.braha.org/pt/. Acesso em Março de 2010. ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE LA SALUD. Enfoque de habilidades para a vida para um de desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Washington, OPS, 2001. PROJETO VENCENDO AS DROGAS. Disponível em: http://www.vencendoasdrogas.com/DROGAS.htm. Acesso em Março de2010 PAIVA, F. S.; RODRIGUES, M. C. Habilidades de vida: uma estratégia preventiva ao consumo de substâncias psicoativas no contexto educativo. Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF. Juiz de Fora, 2008 (Dissertação publicada). Revista Galileu n° 3- Ago 2003. Breve História de danos. www.antidrogas.com.br/historia.php UNODC - Nações Unidas: Escritório sobre Drogas e Crime. O Relatório Mundial sobre Drogas 2009. Disponível em: http://www.antidrogas.com.br/ind_unodc.php. Acesso em Março de 2010. SANCHEZ, Z. M.; OLIVEIRA, L. G.; NAPPO, S. A. Razoes para o não uso de drogas ilícitas entre jovens em situação de risco. UNIFESP. Revista Saúde Pública, 2005;39(4):599-605. Disponível em : www.scielosp.org/scielo.php. Acesso em fev 2010. Santos, G. A. O. Drogas, subjetividade e cidadania: sobre a cidadania dos usuários de drogas não-legais. Jornal do Psicólogo. CRP- Mg. Ano 26. Nº 95. nov/dez 2009 e jan 2010. SILVA, V. A.; MATTOS, H. F. Os jovens são mais vulneráveis às drogas? In: PINSK, I.; BESSA, M. A (Orgs.). Adolescência e Drogas. São Paulo: Contexto, 2004. TAVARES, B. F.; BÉRIA, J. U.; LIMA, M. S. Fatores associados ao uso de drogas entre adolescentes escolares. Revista Saúde Pública 2004;38(6):787-96. Disponível em: http://www.scielo.org/pdf/rsp/v36n6/06.pdf. Acesso em fev 2010. VALENCIA, L. Drogas, conflito e os EUA: a Colômbia no início do século. In: Estudos Avançados. Nº 55. Vol.19. São Paulo, Dez/2005. ZAGO, J. A. Sociedade de Consumo e Droga. In Impulso - Revista de Ciências Sociais e Humanas, 11(25). Piracicaba: UNIMEP, 1999.