SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Prevalência de queixa vocal em                                                                                         Artigo Original
                                                                                                                       Artigo recebido em 11/10/2006 e
                                                                                                                       aprovado em 17/01/2007



universitários
Vocal complains in universitary students
Siomara R. Quintino da Silva 1, Osmar Mesquita de Sousa Neto 2

1 Graduanda de Fonoaudiologia do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo
2 Professor Assistente do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo

Instituição: Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo
Endereço: Rua: Dr. Cesário Mota Junior, 61 - 8º andar, Santa Cecília CEP: 01221020- São Paulo- SP Brasil




RESUMO                                                                                ABSTRACT
A saúde do homem moderno está vinculada aos seus hábitos                              The human health is linked to our habits and to the environ-
e ao meio ambiente em que está inserido. Alguns dos fatores                           ment were we live. Aggressive situation of the modern life
de agressão da vida cotidiana comprometem diretamente                                 jeopardize directly the voice health. The youth population
a saúde vocal. A população jovem ativa é geralmente uma                               usually is prone to aggressive factors like wrong diet, way
das mais vulneráveis aos fatores agressivos do ambiente e                             of life and stress. Aim: to verify the prevalence ofvoice com-
de hábitos nocivos à saúde, bem como dietas equivocadas,                              plains in a youth sample of universitary student in the health
vícios como tabagismo e etilismo, falta de sono e excesso de                          area.. Matherial and Method: The data of 182 questionnaires
trabalho. Muitos desses fatores interferem de forma determi-                          collected from students of Nurse, Speech Pathology and Au-
nante na saúde vocal. A voz é considerada o mais poderoso                             diology and Medicine were evaluated. Results: 26% among
instrumento da comunicação humana e sua efetividade é fun-                            them complained of vocal problems. 7% smoked and 37%
damental para o desempenho bio-psico-social do indivíduo.                             regularly consummed alcohol. Conclusion: the prevalence of
Objetivo: verificar a ocorrência da queixa vocal em jovens                             voice alterations cited was 26% many without vocal hygiene
estudantes universitários e correlacionar essa presença com                           problems related.
os hábitos de rotina diária. Material e Método: avaliamos os
dados obtidos em 182 questionários distribuídos para estu-
dantes da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo, dos cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia e
Medicina. Resultados: encontramos uma prevalência de 26%
de portadores de queixa de alteração vocal nessa amostra.
Encontramos uma prevalência de 7% de tabagistas e de 37%
de consumidores regulares de bebidas alcoólicas, elevado
consumo diário de alimentos gordurosos, cítricos e cafeína.
Não encontramos hábitos preferencialmente relacionados aos
sujeitos com queixa de alteração vocal, em relação àqueles
sem queixa. Conclusão: a prevalência da alteração vocal na
amostra estudada é de 26%, e que não foram encontrados
fatores relacionados a essa queixa nos hábitos pesquisados
nessa amostra.




Descritores: queixas, voz, alunos, saúde                                              Keyword: complain, voice, students, health
ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
                                                                                                                                                     51
Acta ORL
INTRODUÇÃO                                                           Haggsträm et al 3 (1999) realizaram um estudo com
    A saúde dos seres humanos é sensível às condições do        estudantes universitários a fim de estimar a prevalência do
meio ambiente e das situações que ocorrem no cotidiano.         hábito de fumar. Numa amostra de 450 estudantes universi-
Ela esta diretamente relacionada com o equilíbrio entre os      tários, 24,4% eram fumantes ou ex-fumantes. Os principais
fatores de agressão externos e os mecanismos de defesa          motivos para a aquisição do vício foram a curiosidade, tensão
do nosso organismo.                                             e influência de amigos tabagistas.
    As condições de vida do homem moderno variaram                   Meining, Classen 4 (2000) relataram os padrões de estilo
muito nos últimos séculos. Mesmo nas épocas mais remotas,       de vida e da dieta alimentar como fatores que provocam ou
podemos identificar influências dessas condições na saúde.        mantêm os sintomas de refluxo gastro-esofágico. Ingestão de
Segundo Gochfeld 1 (2005), a ocorrência de traumatismos         alimentos gordurosos, doces, alimentos cítricos, substâncias
violentos aumentou muito durante a construção das pirâmides     gasosas, álcool, fumo, deveriam ser evitados. A obesidade,
no Egito. Ainda segundo o mesmo autor, as pessoas que           hábito alimentar de ingerir grande quantidade de comida
viveram no século XIX tiveram a saúde e o aparecimento de       durante as refeições, posição de dormir e atividade física
doenças diretamente conectada com o avanço da revolução         também estariam envolvidos no aparecimento do reluxo
industrial acompanhada da revolução social e demográfica.        gastro-esofágico.
Grandes populações, pouco saneamento, imigração e po-                Outro estudo que envolveu estudantes universitários foi
breza também ligadas às doenças, como a tuberculose, ou         realizado por Materola et al5 em 1998. Essa pesquisa, ex-
como as condições precárias a que eram submetidos os            ecutada no Chile, buscava identificar sintomas relacionados
mineradores, que com a inalação da poeira contaminada           ao refluxo gastro-esofágico. Os autores verificaram que 10%
poderiam desenvolver câncer de pulmão.                          dos estudantes universitários (n=96) apresentavam disfonia,
    O tempo de trabalho, as horas de descanso e de lazer,       38% pirose, 55% regurgitação e 5% disfagia. Cerca de 28%
alimentação, exposição a agentes tóxicos, ansiedade, vio-       relataram o uso de medicamentos antiácidos no controle
lência e estresse, são parâmetros que servem para avaliar       dos sintomas.
a qualidade de vida do indivíduo.                                    A disfonia é um sintoma que pode trazer inúmeras con-
    Atualmente, a rotina de vida das pessoas apresenta outros   seqüências para a vida do indivíduo, uma vez que a voz
tipos agressões. Segundo Gochfeld 1 (2005) com as novas         é importante para a nossa relação interpessoal. Podemos
tecnologias que surgem, as pessoas são expostas a novos         transmitir mensagens por outras vias de comunicação, mas
riscos à saúde, como a exposição a novos produtos químicos      é pela voz que transmitimos as nossas emoções de forma
que causam efeitos no nosso organismo, como o câncer.           mais pura e revelamos até a nossa personalidade.
Outro fator cuja importância tem aumentado é a violência e           Por isso é de grande importância que cuidemos da nossa
as agressões por armas de fogo.                                 voz. Precisamos preservar o que chamamos de saúde vocal.
    A vida em sociedade pode expor determinada faixa etária     Andrada e Silva 6 (1998) relatou sobre os hábitos que devem
ou grupo social a mais fatores que outros. Crianças e idosos,   ser evitados para a promoção da saúde vocal. Isto inclui evitar
por apresentarem maior reclusão, estão menos expostos a         fumar, ingerir álcool, drogas, pigarrear, tossir, gritar, utilizar
alguns elementos. Por outro lado, os jovens permanecem          ar condicionado, e a competição sonora.
mais tempo fora de casa, por motivo de estudo, trabalho              Sendo estudante universitária, pude observar a presença
ou lazer. As mudanças que acontecem na adolescência             de hábitos e rotinas desfavoráveis na minha vida e de meus
são intensas e nem sempre estão de acordo com uma boa           colegas. A partir dessa observação surgiu a seguinte dúvida:
qualidade de vida.                                              Existem muitos sintomas vocais nessa população? Esses
    Hábitos alimentares saudáveis reduzem o risco de prob-      sintomas estão relacionados aos hábitos referidos?
lemas agudos de saúde, como anemia ferropriva, obesidade,       OBJETIVO
carências alimentares e cáries. Além disso, previnem doenças         O objetivo desse estudo é verificar a prevalência da queixa
de aparecimento tardio, como câncer, acidentes vasculares       de alteração vocal em jovens estudantes universitários e cor-
cerebrais, hipertensão arterial e osteoporose. A maioria dos    relacionar a presença desse sintoma com hábitos de rotina
comportamentos adquiridos na infância e adolescência per-       diária, a saber: alimentação, horas de sono, tabagismo e
manece até a idade adulta (Vereecken et al, 2005).              etilismo.
    West et al 2 (2005) apontaram sobre o ambiente de           CASUÍSTICA E MÉTODO
trabalho dos jovens e seus riscos durante a jornada de trab-         Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fac-
alho. Uma das conseqüências do excesso de atividades em         uldade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
alguns jovens foi a depressão e uma menor capacidade de         (número de protocolo: 00605).
administrar a própria vida.                                          Foram estudados os alunos da Faculdade de Ciências
    Ao ingressar em uma universidade, experimentam grandes      Médicas da Santa Casa de São Paulo dos cursos de Fono-
mudanças nos hábitos de rotina diária. Esses hábitos incluem    audiologia, Enfermagem e Medicina.
alterações do horário e tipo de alimentação durante o dia,           Seleção de sujeitos
do tempo de sono, de estudo, aquisição de vícios e até uso           Para a seleção dos sujeitos, foi necessário que a pesqui-
de medicamentos.
                                                                           ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
52
Acta ORL
sadora comparecesse a sala de aula dos estudantes antes
do início da aula. Nesse momento, fazia a apresentação da                                                      idade
pesquisa e entregava o questionário a ser respondido. Ap-
enas os estudantes interessados em participar da pesquisa                       25
recebiam o questionário. Estes ainda recebiam e preenchiam
                                                                                20
um termo de consentimento livre e esclarecido, a fim de
obedecer aos preceitos éticos necessários à realização de                       15
pesquisa com seres humanos (Anexo 2).
                                                                                10
   Critérios de inclusão:
   -Ter entre 17 e 30 anos de idade.                                             5
   -Cursar a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
                                                                                 0
de São Paulo.
   Critérios de Exclusão:                                                    FIigura 2. Média das idades e desvio padrão dos sujeitos.
   -Não preencher o questionário de maneira adequada.
   Procedimentos
   Foi utilizado um questionário elaborado pela pesquisadora
                                                                                                                                          Fonoaudiologia
e seu orientador sobre queixa vocal, hábitos de rotina diária                        Enfermagem                Medicina
e sintomas de refluxo gastro-esofágico (Anexo 1).Alguns
estudantes não se interessaram em participar e, embora não                           9%

tenhamos quantificado, essa proporção foi muito pequena.                                                                            45%
   Durante o tempo de preenchimento do questionário, a pes-                                           55%
quisadora permanecia na sala de aula para esclarecimento                                                                                       100%
                                                                                             91%
de dúvidas. Os estudantes responderam ao questionário em
uma média de 5 minutos e, ao seu término, entregavam-no                                                     Feminino   Masculino
imediatamente para a pesquisadora. Esperava-se o preenchi-
mento de pelo menos 150 questionários.
                                                                             Figura 3. Distribuição dos sujeitos nos cursos em relação ao gênero
   Análise dos dados
   Foi realizada análise estatística descritiva para a apre-
sentação dos resultados.                                                     RESULTADOS
   Casuística obtida                                                            Queixa vocal
   Foram obtidos 182 questionários preenchidos de maneira                       Nas respostas ao questionário observamos que 134 dos
correta (13 excluídos por estarem incompletos), sendo 32                     sujeitos negaram a presença de alteração da voz, enquanto
provenientes do curso de enfermagem, 70 do curso de fono-                    que 48 (26,3%) referiram tal queixa (Fig.4). A proporção
audiologia e 80 do curso de medicina (Fig 1).                                de indivíduos com queixa vocal nos diferentes cursos foi
                                                                             semelhante (Enfermagem – 25%, Fonoaudiologia – 28%,
                                                                             Medicina – 25%).
                            Curso de origem
                                                                                                        Queixa vocal


                                        18%
                                                                                                                                    26%
44%                                                         Enfermagem                                                                                     sim
                                                            Fonoaudiologia                                                                                 não
                                                            Medicina                      74%
                                              38%

Figura 1. Distribuição dos sujeitos nos diversos cursos.                     Figura 4. Ocorrência de queixa vocal.

                                                                                Além da queixa vocal instalada, investigou-se também
   A idade dos sujeitos variou de 17 a 30 anos, com média                    sintomas vocais inconstantes. A perda da voz foi referida
de 21,15 e desvio padrão de 2,38 (Fig. 2). Dentre esses, 135                 como esporádica (“às vezes”) por 19 sujeitos (14,1%) sem
eram do sexo feminino e 47 do masculino. A distribuição dos                  queixa vocal e 16 sujeitos com queixa (33,3%). Essa mesma
participantes em relação ao sexo está apresentada separa-                    perda foi caracterizada como freqüente em 1 caso (0,7%)
damente em cada curso na Fig. 3.
ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
                                                                                                                                                             53
Acta ORL
no grupo sem queixa e em 2 casos (4,1%) no grupo com                               Vícios
queixa vocal. Variações da qualidade vocal durante o dia                           Obtivemos também informações a respeito do consumo
foram presentes em 46 sujeitos (34,3%) sem queixa e em                          de bebidas alcoólicas e do hábito de fumar (Fig. 5 e 6, re-
30 sujeitos (62,5%) com queixa vocal. Além dos itens cita-                      spectivamente). Esses dados também foram detalhados em
dos, ainda inquiriu-se a respeito de “irritação na garganta”,                   separado conforme a presença de queixa de alteração vocal
“cansaço ao falar” e “esforço para falar”. Esses dados estão                    (Tab.3).
expostos na tabela 1.
Tabela 1. Caracterização da ocorrência de sintomas vocais nos grupos                                     Consumo de álcool
“sem queixa” (n = 134) e “com queixa de alteração vocal” (n = 48).
                                        sem queixa vocal     com queixa vocal
perda da voz         não                  113     84,30%       31      64,50%
                     às vezes             19      14,10%       16      33,30%
                                                                                                           1%
                     frequentemente        2       1,40%        1        2%                                                                   não
                     permanentemente       0       0,00%        0         0               36%                               38%
                                                                                                                                              1 X mês
variação da voz      não                    79      58,90%      9     18,70%
                     às vezes               46      34,30%     30     62,50%                                                                  1 X semana
                     frequentemente         8       5,90%      7      14,50%                                                                  diariamente
                     permanentemente        1       0,70%      2      4,10%                                25%
irritação faríngea   não                    78      58,20%     14     29,10%
                     às vezes               50      37,30%     25      52%
                     frequentemente         6       4,40%      9      18,70%
                     permanentemente        0       0,00%      0      0,00%     Figura 5. Freqüência de consumo de bebidas alcoólicas pelos sujeitos.

cansaço ao falar     não                    95      70,80%     19     39,50%
                     às vezes               30      22,30%     18     37,50%
                     frequentemente         9       6,70%      11     22,90%
                                                                                                              Tabagismo
                     permanentemente        0                  0

esforço vocal        não                    113     84,30%     25      52%
                     às vezes               19      14,10%     15     31,20%                        5% 2%
                     frequentemente          2      1,40%      6      12,50%
                     permanentemente         0      0,00%      3      6,20%                                                                    não
                                                                                                                                               até 10/dia

HÁBITOS ALIMENTARES                                                                                                                            10 a 20/dia
   Obtivemos informações sobre o consumo de substâncias                                                          93%
potencialmente nocivas à saúde vocal, como: alimentos gor-
durosos (frituras em imersão, chocolates, laticínios, carnes),
alimentos cítricos e ácidos (frutas, sucos, tomate, vinagre)                    Figura 6. Freqüência e quantificação do hábito de fumar dos sujeitos.
e cafeína (café, chás, refrigerantes, guaraná em pó). Esses
dados estão expostos na tabela 2.
                                                                                Tabela 3. Freqüência do consumo de bebidas alcoólicas e de cigarros nos
Tabela 2. Caracterização do consumo de alimentos potencialmente                 grupos “sem queixa vocal” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48).
nocivos à saúde vocal nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa
vocal” (n = 48).                                                                Vícios                           sem queixa                 com queixa
                                                                                cigarro    não                  124     92,50%              45     93,70%
Alimentos                              sem queixa            com queixa
                                                                                           até 10/dia            7       5,20%               2      4,10%
gorduras nunca                          1      0,70%          0       0%
          1 X semana                   37     27,60%         16     33,30%                 10 a 20/dia           3       2,20%               1      2,00%
          1 X mês                       3      2,20%          1      2,00%                 20 ou + / dia         0      0,00%                0      0,00%
          diariamente                  93     69,40%         31     64,50%
                                                                                álcool     nunca                 56     41,70%              13         27%
ácidos         nunca                    1          0,70%      0        0%                  1 X semana            40     29,80%              26        54,10%
               1 X semana              39         29,10%     12       25%                  1 X mês               37     27,60%               9        18,70%
               1 X mês                  4          2,90%     1         2%                  diariamente            1      0,70%               0          0%
               diariamente             90         67,10%     35      72,90%
                                                                                   Jejum e número de refeições diárias
cafeína        nunca                   11          8,20%      4       8,30%        O questionário indagou sobre o número de refeições
               1 X semana              42         31,30%     17      35,40%
                                                                                diárias que os estudantes faziam em média e o máximo
               1 X mês                  5          3,70%     1       2,00%
               diariamente             76         56,70%     26      54,10%     período (em horas) que os mesmos permaneciam em jejum
                                                                                durante o dia (Tab. 4).


                                                                                            ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
54
Acta ORL
Tabela 4. Número de refeições ao dia e tempo máximo de permanência em             DISCUSSÃO
jejum nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48).                A saúde do homem moderno está atrelada a vários fatores
rotina alimentar                        sem queixa              com queixa
                                                                                  relacionados aos seus hábitos e ao meio ambiente. Dentre
 o
n de refeições / dia        até 2       15     11,10%            7     14,50%     os parâmetros de qualidade de vida estão as horas dedica-
                              3         65     48,50%           22     45,80%     das ao trabalho e ao lazer, as horas de sono, a qualidade da
                              4         40     29,80%           14     29,10%     alimentação, a rotina alimentar e a presença de vícios 1.
                          5 ou mais     14     10,40%           15     31,20%         A população jovem, tradicionalmente é muito vulnerável
                                                                                  aos efeitos da sobrecarga de estudo e trabalho, à falta de
período em jejum          até 2 horas    5      3,70%           2       4,10%
                                                                                  equilíbrio entre o descanso, o lazer e os deveres, a uma
                          2 a 4 horas   53      39,50%          22      45,80%
                          4 a 6 horas   57      42,50%          21      43,70%    dieta desequilibrada e repleta de elementos nocivos e a
                         6 ou + horas   19      14,10%          3       6,20%     aquisição de vícios, como o consumo de álcool, drogas e o
                                                                                  tabagismo 2,7.
                                                                                      Todos esses elementos podem interferir na chamada
   Horas de sono
                                                                                  “saúde vocal” e determinar uma produção vocal de qualidade
   Os estudantes estabeleceram estimativas em relação à
                                                                                  inferior 8,9.
média de horas de sono por noite (Tab 5).
                                                                                      O fato do sucesso do homem na sociedade moderna estar
   Tabela 5. Número médio de horas de sono por sujeito
                                                                                  fortemente relacionado com sua capacidade de comunica-
entre os grupos “sem queixa”
                                                                                  ção faz com que a saúde vocal adquira uma fundamental
   (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48).
                                                                                  importância 10,11,12,13.
Sono                               sem queixa                com queixa               Nesse estudo procuramos encontrar a prevalência da
horas          até 4 h              3      2,20%              2      4,10%        queixa vocal em estudantes universitários, potencialmente
               4a6h                40     29,80%             18     37,50%        expostos às condições descritas anteriormente e descrever
               6a8h                79     58,90%             28     58,30%        seus hábitos de vida diária, a fim de caracterizar a condição
               8 ou +              12      8,90%              0       0%          de saúde geral dessa população.
                                                                                      Em nosso estudo a prevalência da queixa de alteração
    Sintomas relacionados à suspeita de refluxo gastro-                            vocal foi de 26% (48 estudantes). Encontramos apenas um
esofágico                                                                         trabalho com referência a esse dado epidemiológico de forma
    Os sujeitos foram inquiridos sobre a presença de sintomas                     específica para essa população (jovens universitários) na
comumente relacionados com a presença de refluxo gas-                              consulta assistemática aos bancos de dados eletrônicos.
tro-esofágico (presença de pigarro, tosse seca, rouquidão,                        Materola et al 5 (1998) encontraram apenas 10% dos estu-
sensação de corpo estranho faríngeo, engasgos queimação                           dantes de um curso de medicina chileno (n = 96) com sinto-
retroesternal e regurgitação) cujos dados também foram ex-                        mas de alteração vocal. Não existem fatores de comparação
postos separadamente entre os grupos “sem queixa” e “com                          que possam explicar o motivo da diferença nos valores de
queixa de alteração vocal” (Tab. 6).                                              prevalência encontrados, exceto o uso de medicamentos
                                                                                  antiácidos, embora a presença de sintomas possivelmente
Tabela 6. Freqüência de ocorrência de sintomas relacionados a refluxo              relacionados ao refluxo gastro-esofágico em nossa amostra
gastro-esofágico nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa vocal”
(n = 48).
                                                                                  tenha sido muito baixa.
                                                                                      A presença e o impacto da queixa vocal também puderam
Sintomas                                sem queixa              com queixa
Pigarro            nunca                82       61,10%         14       29,10%   ser observados pela maior freqüência de sintomas asso-
                   às vezes             42       31,30%         24       49,90%
                   frequentemente       9         6,70%         8        16,60%   ciados, como irritação faríngea, cansaço ao falar e esforço
                   permanentemente      1         0,70%         2         4,10%
                                                                                  vocal.
Tosse seca         nunca                82      61,10%          22      45,70%
                   às vezes             45      33,50%          25       52%          A irritação faríngea pode estar relacionada a algum pro-
                   frequentemente        7       5,20%           1        2%
                   permanentemente       0        0%             0        0%      cesso inflamatório, ou mesmo infeccioso, da mucosa do trato
Rouquidão          nunca                111     82,80%          11      22,80%    vocal e ter um papel misto entre causa e efeito na presença
                   às vezes              23     17,10%          26        54%
                   frequentemente         0       0%            10      20,80%    da alteração da voz.
                   permanentemente        0       0%             3       6,20%
                                                                                      O esforço na produção da fala e o cansaço ao falar são
"corpo estranho"   nunca                90      67,10%          26        54%
                   às vezes             35      26,10%          15      31,20%    dados cuja presença também confirmou a queixa da alteração
                   frequentemente       9        6,70%          5       10,40%
                   permanentemente      0         0%            2        4,10%    vocal. É interessante notar que tanto no grupo queixoso como
engasgos           nunca                102     76,10%          36      74,80%
                                                                                  no sem queixa vocal, o cansaço foi o parâmetro mais assi-
                   às vezes
                   frequentemente
                                         29
                                          3
                                                21,60%
                                                 2,20%
                                                                11
                                                                1
                                                                        22,80%
                                                                          2%
                                                                                  nalado. Como esses são um dados extremamente subjetivos,
                   permanentemente        0       0%            0         0%
                                                                                  o elemento de auto-percepção pode ser determinante para
queimação          nunca
                   às vezes
                                        93
                                        32
                                                69,40%
                                                23,80%
                                                                36
                                                                8
                                                                        74,80%
                                                                        16,60%
                                                                                  esse resultado. Imaginávamos que o esforço vocal pudesse
                   frequentemente
                   permanentemente      3
                                         8       5,90%
                                                2,20%
                                                                4
                                                                0
                                                                         8,30%
                                                                          0%
                                                                                  ocorrer num estágio anterior ao cansaço ao falar.
regurgitação       nunca                112     83,50%          41      85,20%
                                                                                      Não encontramos variações entre os hábitos alimentares
                   às vezes
                   frequentemente
                                        20
                                         1
                                                14,90%
                                                 0,70%
                                                                5
                                                                1
                                                                        10,40%
                                                                          2%
                                                                                  dos grupos com e sem queixa vocal.
                   permanentemente       1       0,70%          1         2%          No entanto, chama a atenção a prevalência do consumo
ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
                                                                                                                                           55
Acta ORL
diário de alimentos gordurosos, cítricos e ácidos e da cafeína.   Nota-se entretanto que a presença de indivíduos com médias
Parece-nos que a conclusão dos estudos de Vereecken et            de sono de até seis horas por noite foi alta (cerca de 35%), o
al 14 (2005) também se aplicariam em nossa amostra – a            que pode ser reflexo do grau de exigência dos cursos de nível
necessidade de políticas de educação alimentar. Angel et al       superior da área da saúde. Já De Mantino, Inaba 18 (2003)
15 (1999) também encontraram hábitos desfavoráveis em             encontraram níveis médios de sono maiores, com cerca de
grande proporção dos estudantes estudados (35%).                  7 horas de sono por noite em estudantes de um curso de
    Em relação ao tabagismo, não observamos diferença             enfermagem (em São Paulo).
entre as populações com e sem queixa vocal. Nesse item,               Existe muita discussão sobre a exata relação dos sintomas
foi marcante a baixa prevalência do consumo de cigarros na        pesquisados nesse trabalho e a presença de refluxo gastro-
amostra estudada (7%). De fato, Haggsträm et al 3 (1999)          esofágico propriamente dito. Por esse motivo optamos por
observaram a prevalência de 24,4% de tabagistas ou ex-            descrever tais sintomas como “possivelmente relacionados
tabagistas em sua amostra de estudantes universitários e          ao refluxo...” (Ivano et al, 192000). O fato é que a presença de
Caiaffa et al 16 (2002), em Minas Gerais, encontrou taxas         pigarro, tosse seca, sensação de corpo estranho (ou globus)
ainda maiores (43%). Esse achado positivo em nossa amostra        faríngeo, engasgos, pirose e regurgitação estão relacionados
pode ser reflexo da presença de campanhas anti-tabagismo           ao conceito de má saúde vocal, seja pela topografia onde
e da preocupação observada na grade curricular da facul-          são gerados tais sintomas (trato vocal) ou pela relação com a
dade em fornecer informações sobre os malefícios do hábito        alimentação e vícios, como o etilismo e o tabagismo 4,5,8.
de fumar. Gonçalves et al (1997) encontraram prevalência              Nesse estudo não observamos diferenças maiores nos
semelhante à deste estudo (10%) em alunos que cursavam            dois grupos, exceto na presença de pigarro e tosse seca.
medicina na universidade de Campinas (Unicamp).                   Esses achados parecem ser reflexos de um possível pro-
    Já no consumo de bebidas alcoólicas, a presença de con-       cesso inflamatório da mucosa do trato vocal, sendo uma
sumo “uma vez por semana” foi maior no grupo com queixa           conseqüência deste, bem como a queixa de disfonia. Dessa
vocal (54%). Gonçalves et al 17 (1997) e Caiaffa et al 16         forma, acreditamos que a tosse e o pigarro são também
(2002) também encontram altas taxas de consumo de álcool          sintomas e não hábitos.
em suas amostras (40% e 30,2%, respectivamente).                      A prevalência de pirose e regurgitação foi extremamente
    Esse achado não nos pareceu relevante, uma vez que            baixa (cerca 23 e 14%), principalmente ao compararmos com
essa periodicidade não parece ser capaz de promover               os dados de Manterola et al 5 (1998) que encontraram 38%
grandes alterações na saúde vocal. Por outro lado, o fato de      e 55% (respectivamente).
não haver no questionário alternativas como duas, três ou             Estudos de prevalência são rápidos, de fácil execução e
quatro vezes por semana, pode ter feito com que o aluno com       de custo extremamente baixo. Esses estudos servem para lo-
hábitos intermediários, tenha optado pela opção de menor          calizar um problema e quantificá-lo, muitas vezes observando
impacto. Outro fator possivelmente relacionado, seria o fato      possíveis relações causais que determinarão a formulação
de que aqueles indivíduos que consomem bebidas alcoólicas         de hipóteses a serem testadas posteriormente.
uma ou duas vezes por semana tenham outros hábitos preju-             No entanto, não encontramos em nosso estudo fatores de
diciais à saúde vocal paralelos, como freqüentar ambientes        relação causal clara com a queixa de disfonia. Fica, contudo,
com alta competição sonora, ter sono irregular alguns dias        a intenção de estudar a presença outros hábitos vocais des-
por semana e abuso vocal.                                         favoráveis como o abuso vocal e a permanência em ambiente
    Tanto o tempo em jejum e o número de refeições diárias        de competição sonora, além de ampliar o estudo com a ex-
apresentaram distribuição extremamente equilibrada entre os       ecução de exame físico e nasofibrolaringoscópico.
grupos com e sem queixa vocal, o que nos leva a conclusão
de que essas variáveis não participaram de forma determi-         CONCLUSÕES
nante na gênese da queixa vocal na amostra estudada.
    Notamos entretanto que tanto a presença de jejum maior           A prevalência da queixa de voz
de seis horas quanto a ocorrência de dietas com duas ou me-          A prevalência da queixa de alteração da voz em estu-
nos refeições diárias foram pouco freqüentes, o que mostra        dantes universitários da Faculdade de Ciências Médicas da
certa qualidade nos hábitos alimentares dessa população.          Santa Casa de São Paulo foi de 26%.
    A distribuição da população em relação às horas de sono          Não houve correlação aparente da queixa vocal com ne-
também foi homogênea nos dois grupos. Portanto, essa              nhum dos hábitos pesquisados nesse estudo: alimentação,
variável não pôde ser relacionada diretamente à queixa vocal.     tabagismo, etilismo e sono.




                                                                            ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
56
Acta ORL




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Gochfeld M. Chronologic History of Occupational Medicine. Journal Occup Environ Med. 2005 Febr;       11.Greene MCL. Distúrbios da voz. São Paulo: Manole. 1998. p.3-6.
     47(2):96 114.                                                                                       12. Smith E, Gray SD, Dove H, Kirchner L, Heras H. Frequency and effects of teacherÊs voice problems.
2. West C, De Castro AB, Fitzgerald ST. The youth work force. AAOHN Journal 2005 July; 53(7):297-             Journal of voice 1997 Mar; 11(1):81-7.
     305.                                                                                                13. Jones K, Sigmon J, Hock L, Nelson E, Sullivan M, Ogren F. Prevalence and risk factors for voice problems
3. Haggsträm FM, Barros ED, Horn AM, Scherer NO, Tonietto V. Prevalência de tabagismo entre estudantes        among telemarketers. Archives of Otolaryngology Head & Neck Surgery 2002 May; 128(5):571-7.
     da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. R. Méd. PUCRS 1999 Out; 9(4):234-37.      14. Vereecken CA, De Henauw S, Maes L. Adolescents´ food habits: results of the health behaviour in
4. Meining A, Classen M. The role of diet and lifestyle measures in the pathogenesis and treatment of         school-aged children survey. Br J Nutr 2005 Apr;94:423-31.
     gastroesophageal reflux disease. The American Journal of Gastroenterology 2000;95(10):2692-96.      15.Angel LA, Martínez LM, Vásquez R, Chavarro K. Hábitos y actitudes alimentarias en estudiantes de la
5. Materola DC, Pérez OL, Soto NJL, Leiva AS, Devaud JM. Estudio transversal de prevalência de                Universidad Nacional de Colombia. Acta Médica Colombiana 1999 Sept; 24(5):202-207.
     sintomas de reflujo gastroesofágico em uma población universitária. Rev. Chilena de Cirugía 1998    16.Caiaffa WT, Barreto SM, Campos JEGO. Consumo de álcool, cigarro e outras drogas: Prevalência e
     Oct; 50(5):513-17.                                                                                       fatores correlatos em jovens universitários. Psiquiatria Biológica 2002; 10(2):95-104.
6. Andrada e Silva MA. Saúde Vocal. IN: Pinho SMR editora. Fundamentos em Fonoaudiologia Tratando        17. Gonçalves A, Conte M, Pires GL, Oliveira PR. A saúde da geração saúde: Pesquisa e ensino sobre
     os distúrbios da voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1998. p.119-24.                                  capacidades físicas e referências a hábitos e morbidade dos calouros da Faculdade de Ciências
7. Boone DR. Inimigos biológicos da voz profissional. Pró-Fono Revista de Atualização Científica 1992;        Médicas da UNICAMP. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde 1997; 2(4):41-58.
     4(2):3-8.                                                                                           18.De Martino MMF, Inaba AS. Estudo do sono em estudantes universitários Rev. Ciênc. Méd. Campinas
8. Behlau M, Pontes P. Higiene Vocal Cuidando da voz. 3… ed. Rio de Janeiro: Revinter. 2001. 61p.             2003 Jul; 12(3):247-53.
9. Rehder MI, Behlau M,. Higiene vocal para o canto coral. Rio de Janeiro: Revinter. 1997. 42p.          19.Ivano FH, Nassif Filho ACN, Gortz F, Miyake RT, Nakamoto RH. Diagnóstico da doença do refluxo
10. Pinto AMM, Furck MAE, Projeto saúde vocal do professor. IN: Ferreira LP (org). Trabalhando a voz:         gastroesofágico endoscopia versus pH-metria de 24 horas. Rev Bras Otorrinol Set 2000;66(5):
     Vários enfoques em fonoaudiologia. São Paulo: Summus. 1998.                                              468-73.

ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007)
                                                                                                                                                                                                                57

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (13)

Tp opções que interferem
Tp opções que interferemTp opções que interferem
Tp opções que interferem
 
Histórias de Vida e Transtornos Alimentares
Histórias de Vida e Transtornos AlimentaresHistórias de Vida e Transtornos Alimentares
Histórias de Vida e Transtornos Alimentares
 
Artigo bioterra v16_n1_05
Artigo bioterra v16_n1_05Artigo bioterra v16_n1_05
Artigo bioterra v16_n1_05
 
Historia natural da doença
Historia natural da doençaHistoria natural da doença
Historia natural da doença
 
A Compreensão da Criança Sobre o Processo Saúde-Doença
A Compreensão da Criança Sobre o Processo Saúde-DoençaA Compreensão da Criança Sobre o Processo Saúde-Doença
A Compreensão da Criança Sobre o Processo Saúde-Doença
 
Perfil morbidade população indígena infantil fernanda dantas 2010
Perfil morbidade população indígena infantil fernanda dantas 2010Perfil morbidade população indígena infantil fernanda dantas 2010
Perfil morbidade população indígena infantil fernanda dantas 2010
 
Saúde
SaúdeSaúde
Saúde
 
Artigo bioterra v16_n1_02
Artigo bioterra v16_n1_02Artigo bioterra v16_n1_02
Artigo bioterra v16_n1_02
 
A Toxicodependência E Gravidez
A Toxicodependência E GravidezA Toxicodependência E Gravidez
A Toxicodependência E Gravidez
 
História natural das doenças
História natural das doençasHistória natural das doenças
História natural das doenças
 
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
Estilo de vida de estudantes de graduação em enfermagem de uma instituição do...
 
ARTIGO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM IDOSO
ARTIGO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM IDOSOARTIGO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM IDOSO
ARTIGO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM IDOSO
 
50 457-2-pb
50 457-2-pb50 457-2-pb
50 457-2-pb
 

Semelhante a Prevalece As Queixas Com A Voz

Agricultura biologica-nas-escolas seabra
Agricultura biologica-nas-escolas seabraAgricultura biologica-nas-escolas seabra
Agricultura biologica-nas-escolas seabraIlda Bicacro
 
Sebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaSebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaDalila_Marcao
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologiaAndressawm
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologiaAndressawm
 
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...Van Der Häägen Brazil
 
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...Centro Universitário Ages
 
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docx
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docxaula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docx
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docxRaquelOlimpio1
 
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...Van Der Häägen Brazil
 
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundo
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo FundoApresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundo
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundojorge luiz dos santos de souza
 
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...Wallace Liimaa
 
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaAula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaCamila Lopes
 
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaAula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaCamila Lopes
 
aula-processo-saude-doenca.pdf
aula-processo-saude-doenca.pdfaula-processo-saude-doenca.pdf
aula-processo-saude-doenca.pdfcarlasuzane2
 
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...Centro Universitário Ages
 
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...marcelosilveirazero1
 

Semelhante a Prevalece As Queixas Com A Voz (20)

Agricultura biologica-nas-escolas seabra
Agricultura biologica-nas-escolas seabraAgricultura biologica-nas-escolas seabra
Agricultura biologica-nas-escolas seabra
 
Sebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologiaSebenta de epidemiologia
Sebenta de epidemiologia
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologia
 
Psico-oncologia
Psico-oncologiaPsico-oncologia
Psico-oncologia
 
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...
Na obesidade aumento dos níveis de ansiedade e depressão em juvenis,adolescen...
 
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...
POLIFARMÁCIA ENTRE IDOSOS CADASTRADOS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICIPIO...
 
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docx
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docxaula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docx
aula-processo-saude-doencapronta-141106122406-conversion-gate02.docx
 
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...
Gestantes tabagistas levam à baixa estatura criança infantil juvenil adolesce...
 
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundo
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo FundoApresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundo
Apresentações 1º dia VI SEPE UFFS - Campus Passo Fundo
 
Equilibrio_no_idoso.pdf
Equilibrio_no_idoso.pdfEquilibrio_no_idoso.pdf
Equilibrio_no_idoso.pdf
 
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...
Por que adoecemos? - Uma reflexão a partir do livro "Ponto de Mutação na Saúd...
 
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaAula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
 
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doençaAula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
Aula 2 determinantes_sociais_processo_saúde-doença
 
Bioética aborto
Bioética   abortoBioética   aborto
Bioética aborto
 
Epidemiologia
EpidemiologiaEpidemiologia
Epidemiologia
 
aula-processo-saude-doenca.pdf
aula-processo-saude-doenca.pdfaula-processo-saude-doenca.pdf
aula-processo-saude-doenca.pdf
 
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...
Fatores associados ao consumo de medicamentos entre idosos de uma unidade bás...
 
V14n4a22
V14n4a22V14n4a22
V14n4a22
 
Caso controle
Caso controleCaso controle
Caso controle
 
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...
Os benefícios da atividade física e ou físico para prevenção e tratamento do ...
 

Mais de www.tenoredson.com.br

Mais de www.tenoredson.com.br (8)

Cifras gospel varias
Cifras gospel variasCifras gospel varias
Cifras gospel varias
 
TenorEdson Apostila Saúde da Voz
TenorEdson Apostila Saúde da Voz TenorEdson Apostila Saúde da Voz
TenorEdson Apostila Saúde da Voz
 
TenorEdson - Apostila Saúde da Voz
TenorEdson - Apostila  Saúde da VozTenorEdson - Apostila  Saúde da Voz
TenorEdson - Apostila Saúde da Voz
 
Seminario powerpoint 2014 -curta-para imprimir
Seminario powerpoint 2014 -curta-para imprimirSeminario powerpoint 2014 -curta-para imprimir
Seminario powerpoint 2014 -curta-para imprimir
 
Apostila seminario
Apostila seminarioApostila seminario
Apostila seminario
 
SEMINARIO TECNICAS VOCAIS E SAUDE DA VOZ
SEMINARIO TECNICAS VOCAIS E SAUDE DA VOZ SEMINARIO TECNICAS VOCAIS E SAUDE DA VOZ
SEMINARIO TECNICAS VOCAIS E SAUDE DA VOZ
 
Seminario marketing institucional power point
Seminario marketing institucional power pointSeminario marketing institucional power point
Seminario marketing institucional power point
 
Técnicas Vocais e Saúde da Voz Seminario
Técnicas Vocais e Saúde da Voz Seminario Técnicas Vocais e Saúde da Voz Seminario
Técnicas Vocais e Saúde da Voz Seminario
 

Último

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 

Último (20)

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 

Prevalece As Queixas Com A Voz

  • 1. Prevalência de queixa vocal em Artigo Original Artigo recebido em 11/10/2006 e aprovado em 17/01/2007 universitários Vocal complains in universitary students Siomara R. Quintino da Silva 1, Osmar Mesquita de Sousa Neto 2 1 Graduanda de Fonoaudiologia do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo 2 Professor Assistente do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo Instituição: Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médocas da Santa Casa de Sâo Paulo Endereço: Rua: Dr. Cesário Mota Junior, 61 - 8º andar, Santa Cecília CEP: 01221020- São Paulo- SP Brasil RESUMO ABSTRACT A saúde do homem moderno está vinculada aos seus hábitos The human health is linked to our habits and to the environ- e ao meio ambiente em que está inserido. Alguns dos fatores ment were we live. Aggressive situation of the modern life de agressão da vida cotidiana comprometem diretamente jeopardize directly the voice health. The youth population a saúde vocal. A população jovem ativa é geralmente uma usually is prone to aggressive factors like wrong diet, way das mais vulneráveis aos fatores agressivos do ambiente e of life and stress. Aim: to verify the prevalence ofvoice com- de hábitos nocivos à saúde, bem como dietas equivocadas, plains in a youth sample of universitary student in the health vícios como tabagismo e etilismo, falta de sono e excesso de area.. Matherial and Method: The data of 182 questionnaires trabalho. Muitos desses fatores interferem de forma determi- collected from students of Nurse, Speech Pathology and Au- nante na saúde vocal. A voz é considerada o mais poderoso diology and Medicine were evaluated. Results: 26% among instrumento da comunicação humana e sua efetividade é fun- them complained of vocal problems. 7% smoked and 37% damental para o desempenho bio-psico-social do indivíduo. regularly consummed alcohol. Conclusion: the prevalence of Objetivo: verificar a ocorrência da queixa vocal em jovens voice alterations cited was 26% many without vocal hygiene estudantes universitários e correlacionar essa presença com problems related. os hábitos de rotina diária. Material e Método: avaliamos os dados obtidos em 182 questionários distribuídos para estu- dantes da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, dos cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia e Medicina. Resultados: encontramos uma prevalência de 26% de portadores de queixa de alteração vocal nessa amostra. Encontramos uma prevalência de 7% de tabagistas e de 37% de consumidores regulares de bebidas alcoólicas, elevado consumo diário de alimentos gordurosos, cítricos e cafeína. Não encontramos hábitos preferencialmente relacionados aos sujeitos com queixa de alteração vocal, em relação àqueles sem queixa. Conclusão: a prevalência da alteração vocal na amostra estudada é de 26%, e que não foram encontrados fatores relacionados a essa queixa nos hábitos pesquisados nessa amostra. Descritores: queixas, voz, alunos, saúde Keyword: complain, voice, students, health ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 51
  • 2. Acta ORL INTRODUÇÃO Haggsträm et al 3 (1999) realizaram um estudo com A saúde dos seres humanos é sensível às condições do estudantes universitários a fim de estimar a prevalência do meio ambiente e das situações que ocorrem no cotidiano. hábito de fumar. Numa amostra de 450 estudantes universi- Ela esta diretamente relacionada com o equilíbrio entre os tários, 24,4% eram fumantes ou ex-fumantes. Os principais fatores de agressão externos e os mecanismos de defesa motivos para a aquisição do vício foram a curiosidade, tensão do nosso organismo. e influência de amigos tabagistas. As condições de vida do homem moderno variaram Meining, Classen 4 (2000) relataram os padrões de estilo muito nos últimos séculos. Mesmo nas épocas mais remotas, de vida e da dieta alimentar como fatores que provocam ou podemos identificar influências dessas condições na saúde. mantêm os sintomas de refluxo gastro-esofágico. Ingestão de Segundo Gochfeld 1 (2005), a ocorrência de traumatismos alimentos gordurosos, doces, alimentos cítricos, substâncias violentos aumentou muito durante a construção das pirâmides gasosas, álcool, fumo, deveriam ser evitados. A obesidade, no Egito. Ainda segundo o mesmo autor, as pessoas que hábito alimentar de ingerir grande quantidade de comida viveram no século XIX tiveram a saúde e o aparecimento de durante as refeições, posição de dormir e atividade física doenças diretamente conectada com o avanço da revolução também estariam envolvidos no aparecimento do reluxo industrial acompanhada da revolução social e demográfica. gastro-esofágico. Grandes populações, pouco saneamento, imigração e po- Outro estudo que envolveu estudantes universitários foi breza também ligadas às doenças, como a tuberculose, ou realizado por Materola et al5 em 1998. Essa pesquisa, ex- como as condições precárias a que eram submetidos os ecutada no Chile, buscava identificar sintomas relacionados mineradores, que com a inalação da poeira contaminada ao refluxo gastro-esofágico. Os autores verificaram que 10% poderiam desenvolver câncer de pulmão. dos estudantes universitários (n=96) apresentavam disfonia, O tempo de trabalho, as horas de descanso e de lazer, 38% pirose, 55% regurgitação e 5% disfagia. Cerca de 28% alimentação, exposição a agentes tóxicos, ansiedade, vio- relataram o uso de medicamentos antiácidos no controle lência e estresse, são parâmetros que servem para avaliar dos sintomas. a qualidade de vida do indivíduo. A disfonia é um sintoma que pode trazer inúmeras con- Atualmente, a rotina de vida das pessoas apresenta outros seqüências para a vida do indivíduo, uma vez que a voz tipos agressões. Segundo Gochfeld 1 (2005) com as novas é importante para a nossa relação interpessoal. Podemos tecnologias que surgem, as pessoas são expostas a novos transmitir mensagens por outras vias de comunicação, mas riscos à saúde, como a exposição a novos produtos químicos é pela voz que transmitimos as nossas emoções de forma que causam efeitos no nosso organismo, como o câncer. mais pura e revelamos até a nossa personalidade. Outro fator cuja importância tem aumentado é a violência e Por isso é de grande importância que cuidemos da nossa as agressões por armas de fogo. voz. Precisamos preservar o que chamamos de saúde vocal. A vida em sociedade pode expor determinada faixa etária Andrada e Silva 6 (1998) relatou sobre os hábitos que devem ou grupo social a mais fatores que outros. Crianças e idosos, ser evitados para a promoção da saúde vocal. Isto inclui evitar por apresentarem maior reclusão, estão menos expostos a fumar, ingerir álcool, drogas, pigarrear, tossir, gritar, utilizar alguns elementos. Por outro lado, os jovens permanecem ar condicionado, e a competição sonora. mais tempo fora de casa, por motivo de estudo, trabalho Sendo estudante universitária, pude observar a presença ou lazer. As mudanças que acontecem na adolescência de hábitos e rotinas desfavoráveis na minha vida e de meus são intensas e nem sempre estão de acordo com uma boa colegas. A partir dessa observação surgiu a seguinte dúvida: qualidade de vida. Existem muitos sintomas vocais nessa população? Esses Hábitos alimentares saudáveis reduzem o risco de prob- sintomas estão relacionados aos hábitos referidos? lemas agudos de saúde, como anemia ferropriva, obesidade, OBJETIVO carências alimentares e cáries. Além disso, previnem doenças O objetivo desse estudo é verificar a prevalência da queixa de aparecimento tardio, como câncer, acidentes vasculares de alteração vocal em jovens estudantes universitários e cor- cerebrais, hipertensão arterial e osteoporose. A maioria dos relacionar a presença desse sintoma com hábitos de rotina comportamentos adquiridos na infância e adolescência per- diária, a saber: alimentação, horas de sono, tabagismo e manece até a idade adulta (Vereecken et al, 2005). etilismo. West et al 2 (2005) apontaram sobre o ambiente de CASUÍSTICA E MÉTODO trabalho dos jovens e seus riscos durante a jornada de trab- Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Fac- alho. Uma das conseqüências do excesso de atividades em uldade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo alguns jovens foi a depressão e uma menor capacidade de (número de protocolo: 00605). administrar a própria vida. Foram estudados os alunos da Faculdade de Ciências Ao ingressar em uma universidade, experimentam grandes Médicas da Santa Casa de São Paulo dos cursos de Fono- mudanças nos hábitos de rotina diária. Esses hábitos incluem audiologia, Enfermagem e Medicina. alterações do horário e tipo de alimentação durante o dia, Seleção de sujeitos do tempo de sono, de estudo, aquisição de vícios e até uso Para a seleção dos sujeitos, foi necessário que a pesqui- de medicamentos. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 52
  • 3. Acta ORL sadora comparecesse a sala de aula dos estudantes antes do início da aula. Nesse momento, fazia a apresentação da idade pesquisa e entregava o questionário a ser respondido. Ap- enas os estudantes interessados em participar da pesquisa 25 recebiam o questionário. Estes ainda recebiam e preenchiam 20 um termo de consentimento livre e esclarecido, a fim de obedecer aos preceitos éticos necessários à realização de 15 pesquisa com seres humanos (Anexo 2). 10 Critérios de inclusão: -Ter entre 17 e 30 anos de idade. 5 -Cursar a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa 0 de São Paulo. Critérios de Exclusão: FIigura 2. Média das idades e desvio padrão dos sujeitos. -Não preencher o questionário de maneira adequada. Procedimentos Foi utilizado um questionário elaborado pela pesquisadora Fonoaudiologia e seu orientador sobre queixa vocal, hábitos de rotina diária Enfermagem Medicina e sintomas de refluxo gastro-esofágico (Anexo 1).Alguns estudantes não se interessaram em participar e, embora não 9% tenhamos quantificado, essa proporção foi muito pequena. 45% Durante o tempo de preenchimento do questionário, a pes- 55% quisadora permanecia na sala de aula para esclarecimento 100% 91% de dúvidas. Os estudantes responderam ao questionário em uma média de 5 minutos e, ao seu término, entregavam-no Feminino Masculino imediatamente para a pesquisadora. Esperava-se o preenchi- mento de pelo menos 150 questionários. Figura 3. Distribuição dos sujeitos nos cursos em relação ao gênero Análise dos dados Foi realizada análise estatística descritiva para a apre- sentação dos resultados. RESULTADOS Casuística obtida Queixa vocal Foram obtidos 182 questionários preenchidos de maneira Nas respostas ao questionário observamos que 134 dos correta (13 excluídos por estarem incompletos), sendo 32 sujeitos negaram a presença de alteração da voz, enquanto provenientes do curso de enfermagem, 70 do curso de fono- que 48 (26,3%) referiram tal queixa (Fig.4). A proporção audiologia e 80 do curso de medicina (Fig 1). de indivíduos com queixa vocal nos diferentes cursos foi semelhante (Enfermagem – 25%, Fonoaudiologia – 28%, Medicina – 25%). Curso de origem Queixa vocal 18% 26% 44% Enfermagem sim Fonoaudiologia não Medicina 74% 38% Figura 1. Distribuição dos sujeitos nos diversos cursos. Figura 4. Ocorrência de queixa vocal. Além da queixa vocal instalada, investigou-se também A idade dos sujeitos variou de 17 a 30 anos, com média sintomas vocais inconstantes. A perda da voz foi referida de 21,15 e desvio padrão de 2,38 (Fig. 2). Dentre esses, 135 como esporádica (“às vezes”) por 19 sujeitos (14,1%) sem eram do sexo feminino e 47 do masculino. A distribuição dos queixa vocal e 16 sujeitos com queixa (33,3%). Essa mesma participantes em relação ao sexo está apresentada separa- perda foi caracterizada como freqüente em 1 caso (0,7%) damente em cada curso na Fig. 3. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 53
  • 4. Acta ORL no grupo sem queixa e em 2 casos (4,1%) no grupo com Vícios queixa vocal. Variações da qualidade vocal durante o dia Obtivemos também informações a respeito do consumo foram presentes em 46 sujeitos (34,3%) sem queixa e em de bebidas alcoólicas e do hábito de fumar (Fig. 5 e 6, re- 30 sujeitos (62,5%) com queixa vocal. Além dos itens cita- spectivamente). Esses dados também foram detalhados em dos, ainda inquiriu-se a respeito de “irritação na garganta”, separado conforme a presença de queixa de alteração vocal “cansaço ao falar” e “esforço para falar”. Esses dados estão (Tab.3). expostos na tabela 1. Tabela 1. Caracterização da ocorrência de sintomas vocais nos grupos Consumo de álcool “sem queixa” (n = 134) e “com queixa de alteração vocal” (n = 48). sem queixa vocal com queixa vocal perda da voz não 113 84,30% 31 64,50% às vezes 19 14,10% 16 33,30% 1% frequentemente 2 1,40% 1 2% não permanentemente 0 0,00% 0 0 36% 38% 1 X mês variação da voz não 79 58,90% 9 18,70% às vezes 46 34,30% 30 62,50% 1 X semana frequentemente 8 5,90% 7 14,50% diariamente permanentemente 1 0,70% 2 4,10% 25% irritação faríngea não 78 58,20% 14 29,10% às vezes 50 37,30% 25 52% frequentemente 6 4,40% 9 18,70% permanentemente 0 0,00% 0 0,00% Figura 5. Freqüência de consumo de bebidas alcoólicas pelos sujeitos. cansaço ao falar não 95 70,80% 19 39,50% às vezes 30 22,30% 18 37,50% frequentemente 9 6,70% 11 22,90% Tabagismo permanentemente 0 0 esforço vocal não 113 84,30% 25 52% às vezes 19 14,10% 15 31,20% 5% 2% frequentemente 2 1,40% 6 12,50% permanentemente 0 0,00% 3 6,20% não até 10/dia HÁBITOS ALIMENTARES 10 a 20/dia Obtivemos informações sobre o consumo de substâncias 93% potencialmente nocivas à saúde vocal, como: alimentos gor- durosos (frituras em imersão, chocolates, laticínios, carnes), alimentos cítricos e ácidos (frutas, sucos, tomate, vinagre) Figura 6. Freqüência e quantificação do hábito de fumar dos sujeitos. e cafeína (café, chás, refrigerantes, guaraná em pó). Esses dados estão expostos na tabela 2. Tabela 3. Freqüência do consumo de bebidas alcoólicas e de cigarros nos Tabela 2. Caracterização do consumo de alimentos potencialmente grupos “sem queixa vocal” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48). nocivos à saúde vocal nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48). Vícios sem queixa com queixa cigarro não 124 92,50% 45 93,70% Alimentos sem queixa com queixa até 10/dia 7 5,20% 2 4,10% gorduras nunca 1 0,70% 0 0% 1 X semana 37 27,60% 16 33,30% 10 a 20/dia 3 2,20% 1 2,00% 1 X mês 3 2,20% 1 2,00% 20 ou + / dia 0 0,00% 0 0,00% diariamente 93 69,40% 31 64,50% álcool nunca 56 41,70% 13 27% ácidos nunca 1 0,70% 0 0% 1 X semana 40 29,80% 26 54,10% 1 X semana 39 29,10% 12 25% 1 X mês 37 27,60% 9 18,70% 1 X mês 4 2,90% 1 2% diariamente 1 0,70% 0 0% diariamente 90 67,10% 35 72,90% Jejum e número de refeições diárias cafeína nunca 11 8,20% 4 8,30% O questionário indagou sobre o número de refeições 1 X semana 42 31,30% 17 35,40% diárias que os estudantes faziam em média e o máximo 1 X mês 5 3,70% 1 2,00% diariamente 76 56,70% 26 54,10% período (em horas) que os mesmos permaneciam em jejum durante o dia (Tab. 4). ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 54
  • 5. Acta ORL Tabela 4. Número de refeições ao dia e tempo máximo de permanência em DISCUSSÃO jejum nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48). A saúde do homem moderno está atrelada a vários fatores rotina alimentar sem queixa com queixa relacionados aos seus hábitos e ao meio ambiente. Dentre o n de refeições / dia até 2 15 11,10% 7 14,50% os parâmetros de qualidade de vida estão as horas dedica- 3 65 48,50% 22 45,80% das ao trabalho e ao lazer, as horas de sono, a qualidade da 4 40 29,80% 14 29,10% alimentação, a rotina alimentar e a presença de vícios 1. 5 ou mais 14 10,40% 15 31,20% A população jovem, tradicionalmente é muito vulnerável aos efeitos da sobrecarga de estudo e trabalho, à falta de período em jejum até 2 horas 5 3,70% 2 4,10% equilíbrio entre o descanso, o lazer e os deveres, a uma 2 a 4 horas 53 39,50% 22 45,80% 4 a 6 horas 57 42,50% 21 43,70% dieta desequilibrada e repleta de elementos nocivos e a 6 ou + horas 19 14,10% 3 6,20% aquisição de vícios, como o consumo de álcool, drogas e o tabagismo 2,7. Todos esses elementos podem interferir na chamada Horas de sono “saúde vocal” e determinar uma produção vocal de qualidade Os estudantes estabeleceram estimativas em relação à inferior 8,9. média de horas de sono por noite (Tab 5). O fato do sucesso do homem na sociedade moderna estar Tabela 5. Número médio de horas de sono por sujeito fortemente relacionado com sua capacidade de comunica- entre os grupos “sem queixa” ção faz com que a saúde vocal adquira uma fundamental (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48). importância 10,11,12,13. Sono sem queixa com queixa Nesse estudo procuramos encontrar a prevalência da horas até 4 h 3 2,20% 2 4,10% queixa vocal em estudantes universitários, potencialmente 4a6h 40 29,80% 18 37,50% expostos às condições descritas anteriormente e descrever 6a8h 79 58,90% 28 58,30% seus hábitos de vida diária, a fim de caracterizar a condição 8 ou + 12 8,90% 0 0% de saúde geral dessa população. Em nosso estudo a prevalência da queixa de alteração Sintomas relacionados à suspeita de refluxo gastro- vocal foi de 26% (48 estudantes). Encontramos apenas um esofágico trabalho com referência a esse dado epidemiológico de forma Os sujeitos foram inquiridos sobre a presença de sintomas específica para essa população (jovens universitários) na comumente relacionados com a presença de refluxo gas- consulta assistemática aos bancos de dados eletrônicos. tro-esofágico (presença de pigarro, tosse seca, rouquidão, Materola et al 5 (1998) encontraram apenas 10% dos estu- sensação de corpo estranho faríngeo, engasgos queimação dantes de um curso de medicina chileno (n = 96) com sinto- retroesternal e regurgitação) cujos dados também foram ex- mas de alteração vocal. Não existem fatores de comparação postos separadamente entre os grupos “sem queixa” e “com que possam explicar o motivo da diferença nos valores de queixa de alteração vocal” (Tab. 6). prevalência encontrados, exceto o uso de medicamentos antiácidos, embora a presença de sintomas possivelmente Tabela 6. Freqüência de ocorrência de sintomas relacionados a refluxo relacionados ao refluxo gastro-esofágico em nossa amostra gastro-esofágico nos grupos “sem queixa” (n = 134) e “com queixa vocal” (n = 48). tenha sido muito baixa. A presença e o impacto da queixa vocal também puderam Sintomas sem queixa com queixa Pigarro nunca 82 61,10% 14 29,10% ser observados pela maior freqüência de sintomas asso- às vezes 42 31,30% 24 49,90% frequentemente 9 6,70% 8 16,60% ciados, como irritação faríngea, cansaço ao falar e esforço permanentemente 1 0,70% 2 4,10% vocal. Tosse seca nunca 82 61,10% 22 45,70% às vezes 45 33,50% 25 52% A irritação faríngea pode estar relacionada a algum pro- frequentemente 7 5,20% 1 2% permanentemente 0 0% 0 0% cesso inflamatório, ou mesmo infeccioso, da mucosa do trato Rouquidão nunca 111 82,80% 11 22,80% vocal e ter um papel misto entre causa e efeito na presença às vezes 23 17,10% 26 54% frequentemente 0 0% 10 20,80% da alteração da voz. permanentemente 0 0% 3 6,20% O esforço na produção da fala e o cansaço ao falar são "corpo estranho" nunca 90 67,10% 26 54% às vezes 35 26,10% 15 31,20% dados cuja presença também confirmou a queixa da alteração frequentemente 9 6,70% 5 10,40% permanentemente 0 0% 2 4,10% vocal. É interessante notar que tanto no grupo queixoso como engasgos nunca 102 76,10% 36 74,80% no sem queixa vocal, o cansaço foi o parâmetro mais assi- às vezes frequentemente 29 3 21,60% 2,20% 11 1 22,80% 2% nalado. Como esses são um dados extremamente subjetivos, permanentemente 0 0% 0 0% o elemento de auto-percepção pode ser determinante para queimação nunca às vezes 93 32 69,40% 23,80% 36 8 74,80% 16,60% esse resultado. Imaginávamos que o esforço vocal pudesse frequentemente permanentemente 3 8 5,90% 2,20% 4 0 8,30% 0% ocorrer num estágio anterior ao cansaço ao falar. regurgitação nunca 112 83,50% 41 85,20% Não encontramos variações entre os hábitos alimentares às vezes frequentemente 20 1 14,90% 0,70% 5 1 10,40% 2% dos grupos com e sem queixa vocal. permanentemente 1 0,70% 1 2% No entanto, chama a atenção a prevalência do consumo ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 55
  • 6. Acta ORL diário de alimentos gordurosos, cítricos e ácidos e da cafeína. Nota-se entretanto que a presença de indivíduos com médias Parece-nos que a conclusão dos estudos de Vereecken et de sono de até seis horas por noite foi alta (cerca de 35%), o al 14 (2005) também se aplicariam em nossa amostra – a que pode ser reflexo do grau de exigência dos cursos de nível necessidade de políticas de educação alimentar. Angel et al superior da área da saúde. Já De Mantino, Inaba 18 (2003) 15 (1999) também encontraram hábitos desfavoráveis em encontraram níveis médios de sono maiores, com cerca de grande proporção dos estudantes estudados (35%). 7 horas de sono por noite em estudantes de um curso de Em relação ao tabagismo, não observamos diferença enfermagem (em São Paulo). entre as populações com e sem queixa vocal. Nesse item, Existe muita discussão sobre a exata relação dos sintomas foi marcante a baixa prevalência do consumo de cigarros na pesquisados nesse trabalho e a presença de refluxo gastro- amostra estudada (7%). De fato, Haggsträm et al 3 (1999) esofágico propriamente dito. Por esse motivo optamos por observaram a prevalência de 24,4% de tabagistas ou ex- descrever tais sintomas como “possivelmente relacionados tabagistas em sua amostra de estudantes universitários e ao refluxo...” (Ivano et al, 192000). O fato é que a presença de Caiaffa et al 16 (2002), em Minas Gerais, encontrou taxas pigarro, tosse seca, sensação de corpo estranho (ou globus) ainda maiores (43%). Esse achado positivo em nossa amostra faríngeo, engasgos, pirose e regurgitação estão relacionados pode ser reflexo da presença de campanhas anti-tabagismo ao conceito de má saúde vocal, seja pela topografia onde e da preocupação observada na grade curricular da facul- são gerados tais sintomas (trato vocal) ou pela relação com a dade em fornecer informações sobre os malefícios do hábito alimentação e vícios, como o etilismo e o tabagismo 4,5,8. de fumar. Gonçalves et al (1997) encontraram prevalência Nesse estudo não observamos diferenças maiores nos semelhante à deste estudo (10%) em alunos que cursavam dois grupos, exceto na presença de pigarro e tosse seca. medicina na universidade de Campinas (Unicamp). Esses achados parecem ser reflexos de um possível pro- Já no consumo de bebidas alcoólicas, a presença de con- cesso inflamatório da mucosa do trato vocal, sendo uma sumo “uma vez por semana” foi maior no grupo com queixa conseqüência deste, bem como a queixa de disfonia. Dessa vocal (54%). Gonçalves et al 17 (1997) e Caiaffa et al 16 forma, acreditamos que a tosse e o pigarro são também (2002) também encontram altas taxas de consumo de álcool sintomas e não hábitos. em suas amostras (40% e 30,2%, respectivamente). A prevalência de pirose e regurgitação foi extremamente Esse achado não nos pareceu relevante, uma vez que baixa (cerca 23 e 14%), principalmente ao compararmos com essa periodicidade não parece ser capaz de promover os dados de Manterola et al 5 (1998) que encontraram 38% grandes alterações na saúde vocal. Por outro lado, o fato de e 55% (respectivamente). não haver no questionário alternativas como duas, três ou Estudos de prevalência são rápidos, de fácil execução e quatro vezes por semana, pode ter feito com que o aluno com de custo extremamente baixo. Esses estudos servem para lo- hábitos intermediários, tenha optado pela opção de menor calizar um problema e quantificá-lo, muitas vezes observando impacto. Outro fator possivelmente relacionado, seria o fato possíveis relações causais que determinarão a formulação de que aqueles indivíduos que consomem bebidas alcoólicas de hipóteses a serem testadas posteriormente. uma ou duas vezes por semana tenham outros hábitos preju- No entanto, não encontramos em nosso estudo fatores de diciais à saúde vocal paralelos, como freqüentar ambientes relação causal clara com a queixa de disfonia. Fica, contudo, com alta competição sonora, ter sono irregular alguns dias a intenção de estudar a presença outros hábitos vocais des- por semana e abuso vocal. favoráveis como o abuso vocal e a permanência em ambiente Tanto o tempo em jejum e o número de refeições diárias de competição sonora, além de ampliar o estudo com a ex- apresentaram distribuição extremamente equilibrada entre os ecução de exame físico e nasofibrolaringoscópico. grupos com e sem queixa vocal, o que nos leva a conclusão de que essas variáveis não participaram de forma determi- CONCLUSÕES nante na gênese da queixa vocal na amostra estudada. Notamos entretanto que tanto a presença de jejum maior A prevalência da queixa de voz de seis horas quanto a ocorrência de dietas com duas ou me- A prevalência da queixa de alteração da voz em estu- nos refeições diárias foram pouco freqüentes, o que mostra dantes universitários da Faculdade de Ciências Médicas da certa qualidade nos hábitos alimentares dessa população. Santa Casa de São Paulo foi de 26%. A distribuição da população em relação às horas de sono Não houve correlação aparente da queixa vocal com ne- também foi homogênea nos dois grupos. Portanto, essa nhum dos hábitos pesquisados nesse estudo: alimentação, variável não pôde ser relacionada diretamente à queixa vocal. tabagismo, etilismo e sono. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 56
  • 7. Acta ORL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Gochfeld M. Chronologic History of Occupational Medicine. Journal Occup Environ Med. 2005 Febr; 11.Greene MCL. Distúrbios da voz. São Paulo: Manole. 1998. p.3-6. 47(2):96 114. 12. Smith E, Gray SD, Dove H, Kirchner L, Heras H. Frequency and effects of teacherÊs voice problems. 2. West C, De Castro AB, Fitzgerald ST. The youth work force. AAOHN Journal 2005 July; 53(7):297- Journal of voice 1997 Mar; 11(1):81-7. 305. 13. Jones K, Sigmon J, Hock L, Nelson E, Sullivan M, Ogren F. Prevalence and risk factors for voice problems 3. Haggsträm FM, Barros ED, Horn AM, Scherer NO, Tonietto V. Prevalência de tabagismo entre estudantes among telemarketers. Archives of Otolaryngology Head & Neck Surgery 2002 May; 128(5):571-7. da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. R. Méd. PUCRS 1999 Out; 9(4):234-37. 14. Vereecken CA, De Henauw S, Maes L. Adolescents´ food habits: results of the health behaviour in 4. Meining A, Classen M. The role of diet and lifestyle measures in the pathogenesis and treatment of school-aged children survey. Br J Nutr 2005 Apr;94:423-31. gastroesophageal reflux disease. The American Journal of Gastroenterology 2000;95(10):2692-96. 15.Angel LA, Martínez LM, Vásquez R, Chavarro K. Hábitos y actitudes alimentarias en estudiantes de la 5. Materola DC, Pérez OL, Soto NJL, Leiva AS, Devaud JM. Estudio transversal de prevalência de Universidad Nacional de Colombia. Acta Médica Colombiana 1999 Sept; 24(5):202-207. sintomas de reflujo gastroesofágico em uma población universitária. Rev. Chilena de Cirugía 1998 16.Caiaffa WT, Barreto SM, Campos JEGO. Consumo de álcool, cigarro e outras drogas: Prevalência e Oct; 50(5):513-17. fatores correlatos em jovens universitários. Psiquiatria Biológica 2002; 10(2):95-104. 6. Andrada e Silva MA. Saúde Vocal. IN: Pinho SMR editora. Fundamentos em Fonoaudiologia Tratando 17. Gonçalves A, Conte M, Pires GL, Oliveira PR. A saúde da geração saúde: Pesquisa e ensino sobre os distúrbios da voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1998. p.119-24. capacidades físicas e referências a hábitos e morbidade dos calouros da Faculdade de Ciências 7. Boone DR. Inimigos biológicos da voz profissional. Pró-Fono Revista de Atualização Científica 1992; Médicas da UNICAMP. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde 1997; 2(4):41-58. 4(2):3-8. 18.De Martino MMF, Inaba AS. Estudo do sono em estudantes universitários Rev. Ciênc. Méd. Campinas 8. Behlau M, Pontes P. Higiene Vocal Cuidando da voz. 3… ed. Rio de Janeiro: Revinter. 2001. 61p. 2003 Jul; 12(3):247-53. 9. Rehder MI, Behlau M,. Higiene vocal para o canto coral. Rio de Janeiro: Revinter. 1997. 42p. 19.Ivano FH, Nassif Filho ACN, Gortz F, Miyake RT, Nakamoto RH. Diagnóstico da doença do refluxo 10. Pinto AMM, Furck MAE, Projeto saúde vocal do professor. IN: Ferreira LP (org). Trabalhando a voz: gastroesofágico endoscopia versus pH-metria de 24 horas. Rev Bras Otorrinol Set 2000;66(5): Vários enfoques em fonoaudiologia. São Paulo: Summus. 1998. 468-73. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 25 (1: 51-57, 2007) 57