Prefácio destaca pesquisa sobre dependências na escola
1. PREFÁCIO
Constitui para mim uma honra prefaciar o trabalho da Área de Projecto dos
jovens estudantes André Gomes, José Monteiro e Nuno Ferrinho. Numa primeira
aproximação estamos perante uma descrição clara e metodologicamente bem
conseguida do trabalho de investigação desenvolvido no âmbito da Área de Projecto
no âmbito da temática do consumo de substâncias e sua relação com o contexto
familiar e escolar.
O presente trabalho remete‐nos para uma associação feliz entre escola e
saúde. É no contexto escolar que os jovens fazem os seus primeiros contactos mais
formais com as questões de saúde sendo espectável que desses contactos resulte uma
compreensão aprofundada de aspectos essenciais neste âmbito para a sua vida futura
e das comunidades de que virão a fazer parte.
A compreensão aprofundada de algumas questões de saúde implica um
melhor e mais amplo entendimento dos problemas, das suas causas e consequências,
bem como das possibilidades de os prevenir, conjugando a acção de todos e cada um.
Implica também a consideração da saúde como um valor a assumir, a cultivar e
a defender como âncora, base de comportamentos e estilos de vida saudáveis; como
um valor a conjugar com outros valores, como o da cidadania, pois o bem‐estar que
colhemos enquanto indivíduos também se traduz em bem‐estar para aqueles que nos
rodeiam.
Neste contexto abordar a problemática do uso de substâncias e das
dependências associadas revela‐se um esforço de grande oportunidade pela
dimensão que assume na sociedade contemporânea, revelando‐se meritório o esforço
desenvolvido pelos jovens autores deste trabalho e pelo docente responsável pela
Área de Projecto que os orientou. Quiseram melhor compreender e melhor conhecer
a dimensão do problema na sua própria comunidade ‐ a Escola Secundária Quinta das
Palmeiras ‐ tendo por referência metodologias de pesquisa já experimentadas e dados
de outros contextos mais alargados, de que nos dão conta ao longo do trabalho. Do
esforço resultaram valiosos dados que seguramente serão elucidativos para o leitor
interessado, culminando com uma síntese conclusiva da qual fazem parte úteis
sugestões para as intervenções preventivas.
Acresce aos dados sobre as dependências um outro fruto que não é de
menosprezar e que seguramente os enriqueceu. Este trabalho é também um bom
exemplo de como se aprende a fazer investigação, respeitando os rigores da pesquisa
e a clareza da expressão, num processo de que todos saem a ganhar: autores,
instituição educativa e comunidade em geral.
Manuel Joaquim Loureiro
Departamento de Psicologia e Educação da
Universidade da Beira interior