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Esmirna a Igreja Coroada
Era a Cidade mais bela da Ásia / era a cidade mais fiel a Roma [Na campanha
contra Mitrídates, no Longínquo Oriente, as coisas não tinham saído
muito bem para os romanos. E quando as tropas imperiais estavam sofrendo fome
e frio, os habitantes de Esmirna até tiraram a roupa que levavam sobre si para
enviara frente de batalha ]
Em Esmirna os judeus eram especialmente numerosos e influentes [Encontramos,
por exemplo, que em certa ocasião contribuíram com 10.000 denários para o
embelezamento da cidade.]
A Prova de Esmirna
 TRIBULAÇÃO: Já vimos que esta palavra, no idioma original, o grego do Novo
Testamento, significava simplesmente a sensação do que
é apertado por um peso ou força. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a
Igreja de Esmirna, e a força das circunstâncias procurava obrigála a que
abandonasse sua fé.
 POBREZA No Novo Testamento a pobreza e a fé em Cristo estão intimamente
relacionadas. "Bem-aventurados os pobres", diz Jesus (Lucas 6:20). Tiago diz que
Deus escolhe os pobres deste mundo para que sejam ricos na fé (Tiago 2:5).
Devemos tomar nota da palavra que se usa neste caso. Em grego há duas palavras
que designam o pobre.Uma, a que se usa aqui, é ptojia. A
outra é penia. Esta define a condição do homem que deve trabalhar com suas
mãos para ganhar o sustento. A primeira, pelo contrário, denota a
destituição total. Em outras palavras, penia é o homem que carece do supérfluo,
ptojia que não tem nem sequer o essencial.
A pobreza dos cristãos devia-se a duas razões. Devia-se a que a maioria dentre eles
pertencia às classes mais baixas da sociedade, e muitos deles eram escravos.
outra razão para que os cristãos fossem pobres. Ocorria muito freqüentemente,
naquela época, que as casas dos cristãos eram saqueadas por multidões avivadas
DIFAMAÇÃO
Os instigadores das perseguições eram os judeus. Era deles que provinham as
calúnias. Em repetidas ocasiões, nos Atos dos Apóstolos, vemos como os judeus
convenciam as autoridades para que tomassem medidas contra os pregadores
cristãos. Sucedeu em Antioquia (Atos 13:50), em Icônio (Atos 14:2, 5), em Listra
(Atos 14:19) e em
Tessalônica (Atos 17:5). A história do que sucedeu em Antioquia é um bom
exemplo de como agiam os judeus. Em Atos diz que os judeus conseguiram
comover
um grupo de mulheres honoráveis e aos principais homens da cidade (Atos 13:50).
Em torno da sinagoga se reuniam, habitualmente, muitos homens e mulheres
"temerosos de Deus". Estes eram gentios que embora criam em Deus não estavam
dispostos a aceitar o judaísmo até suas últimas conseqüências nem desejavam
tornar-se prosélitos; eram atraídos pela pregação sobre um só Deus em lugar das
teorias pagãs sobre muitos deuses, e em especial a pureza da ética judia, em
comparação com a lenidade e a luxúria que, em matéria sexual, era comum entre
os pagãos. Eram especialmente as mulheres as que se sentiam atraídas ao
judaísmo, por estas razões. Muito freqüentemente estas mulheres eram de alta
posição social, esposas de magistrados e governadores, e era mediante estas que
os judeus influíam sobre as
autoridades para que perseguissem os cristãos. Os judeus dispunham de molas —
que certamente eram muito efetivas — para fazer com que as autoridades
romanas tomassem medidas contra a Igreja. João chama os judeus de "a sinagoga
de Satanás". Aqui João está usando uma expressão que era muito comum entre os
judeus, ainda que nele assume o significado inverso.Quando os judeus se reuniam
gostavam de autodenominar-se "a assembléia do Senhor" (Números
16:3; 20:4; 31:16). A palavra "sinagoga" significa literalmente "reunião",
"assembléia"' ou "congregação". É como se João estivesse dizendo:
"Vocês se chamam a Assembléia de Deus quando, em realidade, não são senão
uma assembléia de Satanás, o Diabo."
Quais eram as calúnias que se levantavam contra os cristãos? Havia
seis calúnias que eram moeda corrente em todo o mundo antigo:
 (1) Baseando-se nas palavras da comunhão — isto é o meu corpo, isto é o meu
sangue— corria a história de que os cristãos eram canibais.
 (2) Porque os cristãos chamavam ágape a suas ceias fraternais (onde se celebrava
a Eucaristia), e essa palavra em grego significa "amor", dizia-se que os cristãos
praticavam orgias de luxúria desatada e terrível imoralidade.
 (3) Sendo um fato que o cristianismo muitas vezes dividia as famílias quando
alguns de seus membros se convertiam e outros seguiam
sendo pagãos, acusava-se a Igreja de ameaçar a estrutura familiar e interferir nas
relações entre maridos e esposas, pais e filhos, etc.
 (4) Os pagãos acusavam os cristãos de ateísmo porque não podiam compreender
um culto no qual não havia imagens da divindade que se honrava, como em seus
templos.
 (5) Os cristãos eram acusados de ser cidadãos desleais e potenciais
revolucionários, visto que negavam-se a dizer "César é o Senhor".
 (6) Os cristãos eram acusados de serem incendiários, porque profetizavam o fim
do mundo numa grande conflagração cósmica com fogo.
 CÁRCERE . João prevê um encarceramento de dez dias. Esta cifra não se deve
interpretar literalmente. Segundo o costume antigo ao falar de "dez dias" fazia-se
referência a um período curto de tempo. Esta profecia, portanto, é ao mesmo
tempo uma ameaça e uma promessa. Virão dias mais difíceis e os crentes serão
encarcerados
por sua fé; entretanto, ainda que dura, a prova não demorará muito em ser
superada.
Os Títulos de Cristo
Vimos que a Igreja em Esmirna estava lutando contra dificuldades e que a
ameaçavam dificuldades ainda maiores no futuro imediato. É porque o autor tem
isto em mente que a carta começa com a menção dos títulos atribuídos a Cristo,
nos quais ele nos sugere quais são as coisas que Cristo pode oferecer aos que se
vêem frente a uma situação similar à que viviam os cristãos em Esmirna.
(1) Cristo é o primeiro e o último
No Antigo Testamento este título pertence a Deus. Isaías ouviu Deus dizer. “Eu
sou o primeiro e Eu sou o
último” (Isaías 44:6; 48:12). Este título tem dois aspectos. Para o cristão é uma
magnífica promessa. Seja o quefor que aconteça do primeiro dia
da vida até o último, com toda a colorida variedade de experiências que podem
suceder, sejam boas ou más, o Cristo ressuscitado está conosco.
Temos sua palavra de que Ele estará conosco sempre, até o fim do mundo. A quem
temeremos, então?Quem poderá nos assustar? Mas para os pagãos de Esmirna
estas mesmas palavras são uma advertência. Amavam a sua cidade. Chamavam-na
a primeira da Ásia e estavam dispostos a discutir com qualquer pessoa sua
qualidade de
principal. Viviam num mundo pequeno de vaidade provinciana, no qual todos
competiam para ser melhores queos demais e ascender um degrau
acima dos outros. Todos queriam ocupar os primeiros lugares e se esforçavam
para obtê-los. Mas o Cristo ressuscitado diz "Eu sou o primeiro e o último". Aqui se
põe fim a todo orgulho humano. Junto à glória de Cristo todos os nossos títulos
ficam reduzidos ao ridículo, carecem de importância real
(2) Cristo é aquele que esteve morto e tornou a viver.
Neste versículo os tempos dos verbos são de primeiríssima importância. A palavra
grega que traduzimos "esteve" é genomenos, que pode traduzir-se, com maior
fidelidade, "chegou a estar". Descreve um episódio, uma experiência transitiva,
algo que sucedeu a alguém. Quando Cristo esteve morto, para Ele a morte foi uma
experiência transitiva, um episódio de sua vida. Experimentou a morte e a venceu,
e já não esteve mais morto. Apocalipse (William Barclay) 96 Quanto à palavra
“tornou a viver”, devemos notar que se trata de um verbo no tempo passado (em
aoristo no grego), que descreve uma ação já realizada de maneira completa. A
tradução correta seria "voltou à vida de uma vez por todas". Faz-se referência, é
obvio, ao evento da ressurreição. O Cristo ressuscitado é Aquele que
experimentou a morte, passou através da morte, e saiu da morte; voltou a viver,
triunfante, pela ressurreição, e está vivo para sempre jamais.
A Exigência e a Recompensa
A exigência do Cristo ressuscitado é que seu povo lhe seja fiel até a morte, fiel
mesmo quantoa própria vida seja o preço dessa fidelidade. A lealdade era uma
virtude que os habitantes de Esmirna conheciam muito bem, porque sua cidade
tinha comprometido seu destino com Roma e se manteve leal, até em épocas
quando a grandeza
de Roma não era mais que uma remota possibilidade. Nas horas boas e nas horas
más manteve-se fiel a seu compromisso inicial. Não há nada neste mundo que
possa ocupar o lugar da lealdade. Se todas as outras boas qualidades Que pode ter
a vida fossem postas num pires da balança, e a lealdade, sozinha, no outro, a
lealdade moveria o fiel da balança a seu favor.
[1] Há a coroa de vida. No Novo Testamento menciona-se a coroa de vida em
várias oportunidades. Aqui e em Tiago 1:12 trata-se da coroa de vida. Paulo fala da
coroa da justiça (2 Timóteo 4:8), e da coroa de alegria (1 Tessalonicenses 2:19).
Pedro fala da coroa de glória (1 Pedro 5:4). Paulo estabelece um contraste entre a
coroa eterna do cristão e a coroa perecível de louro que era o prêmio dos
vencedores nos jogos atléticos (1 Coríntios 9:25) e Pedro fala de uma coroa de
glória que nunca perde seu brilho (1 Pedro 5:4). O "de" que aparece em cada uma
destas expressões refere-se ao material de que estão feitas as coroas. Menciona-
se, então, uma coroa que é feita de glória, de justiça, de beleza, de vida. Ganhar a
coroa da justiça, da glória, da vida, é ser coroado de justiça, de glória, de vida.
Devemos entender bem a idéia que há por trás desta palavra "coroa". Em grego há
duas palavras para dizer "coroa". Uma é diadema, que é a coroa real, e a outra é
stefanos, uma palavra que em geral se relaciona com
momentos de alegria e vitória.
[2]
Os fiéis recebem outra promessa: Não serão danificados pela segunda morte.
"A segunda morte" é uma frase misteriosa que em todo o Novo Testamento
somente aparece no livro do Apocalipse (20:6, 14; 21:8). Os rabinos usavam essa
mesma frase quando referiam-se "à segunda morte que morrerão os ímpios no
outro mundo". Esta frase tem duas origens.
(a) Entre os judeus os saduceus criam que depois da morte não havia
absolutamente nada; os epicureus, entre os gregos, sustentavam a mesma
doutrina. Encontramos tais conceitos inclusive no Antigo Testamento, porque o
cético livro do Eclesiastes é obra de um saduceu. "Melhor é cão vivo que leão
morto" (Eclesiastes 9:4-5). Para os saduceus e os epicureus a morte era a
aniquilação total, a obliteração, a extinção, o fim último mais além do qual não
havia absolutamente nada. Para o judeu ortodoxo isto era muito fácil, pois
significava dizer que o crente fiel e o incrédulo teriam o mesmo fim (Eclesiastes
2:15,16; 9:2). Portanto, chegaram a sustentar que havia algo assim como duas
mortes — a morte física, que devem atravessar todos os homens, e uma segunda
morte, depois da morte física que era o juízo divino.
(b) Tudo isto está intimamente relacionado com as idéias que estudávamos
quando falamos da palavra "paraíso" (2:7). Vimos que muitos judeus e alguns
pensadores cristãos primitivos criam que havia um estado intermediário por
aquele que passavam todos os homens, no qual esperavam até o dia do juízo. Se
as coisas sucedessem assim,
poderia falar-se literalmente de duas mortes: a física e a outra, que sofreriam
somente os que fossem condenados no tribunal de Deus.
Ninguém pode falar com total confiança com relação a estas coisas. Mas quando
João diz que os fiéis não serão danificados pela segunda morte, dizia exatamente o
mesmo que Paulo quando afirmava que não há nada, na vida ou na morte, que
possa nos separar do amor de Deus em Jesus Cristo. O crente fiel está seguro na
vida e na morte (Romanos 8:38-39).

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Esmirna a igreja coroada

  • 1. Esmirna a Igreja Coroada Era a Cidade mais bela da Ásia / era a cidade mais fiel a Roma [Na campanha contra Mitrídates, no Longínquo Oriente, as coisas não tinham saído muito bem para os romanos. E quando as tropas imperiais estavam sofrendo fome e frio, os habitantes de Esmirna até tiraram a roupa que levavam sobre si para enviara frente de batalha ] Em Esmirna os judeus eram especialmente numerosos e influentes [Encontramos, por exemplo, que em certa ocasião contribuíram com 10.000 denários para o embelezamento da cidade.] A Prova de Esmirna  TRIBULAÇÃO: Já vimos que esta palavra, no idioma original, o grego do Novo Testamento, significava simplesmente a sensação do que é apertado por um peso ou força. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a Igreja de Esmirna, e a força das circunstâncias procurava obrigála a que abandonasse sua fé.  POBREZA No Novo Testamento a pobreza e a fé em Cristo estão intimamente relacionadas. "Bem-aventurados os pobres", diz Jesus (Lucas 6:20). Tiago diz que Deus escolhe os pobres deste mundo para que sejam ricos na fé (Tiago 2:5). Devemos tomar nota da palavra que se usa neste caso. Em grego há duas palavras que designam o pobre.Uma, a que se usa aqui, é ptojia. A outra é penia. Esta define a condição do homem que deve trabalhar com suas mãos para ganhar o sustento. A primeira, pelo contrário, denota a destituição total. Em outras palavras, penia é o homem que carece do supérfluo, ptojia que não tem nem sequer o essencial. A pobreza dos cristãos devia-se a duas razões. Devia-se a que a maioria dentre eles pertencia às classes mais baixas da sociedade, e muitos deles eram escravos. outra razão para que os cristãos fossem pobres. Ocorria muito freqüentemente, naquela época, que as casas dos cristãos eram saqueadas por multidões avivadas DIFAMAÇÃO Os instigadores das perseguições eram os judeus. Era deles que provinham as calúnias. Em repetidas ocasiões, nos Atos dos Apóstolos, vemos como os judeus convenciam as autoridades para que tomassem medidas contra os pregadores cristãos. Sucedeu em Antioquia (Atos 13:50), em Icônio (Atos 14:2, 5), em Listra (Atos 14:19) e em Tessalônica (Atos 17:5). A história do que sucedeu em Antioquia é um bom exemplo de como agiam os judeus. Em Atos diz que os judeus conseguiram comover um grupo de mulheres honoráveis e aos principais homens da cidade (Atos 13:50). Em torno da sinagoga se reuniam, habitualmente, muitos homens e mulheres "temerosos de Deus". Estes eram gentios que embora criam em Deus não estavam dispostos a aceitar o judaísmo até suas últimas conseqüências nem desejavam tornar-se prosélitos; eram atraídos pela pregação sobre um só Deus em lugar das teorias pagãs sobre muitos deuses, e em especial a pureza da ética judia, em
  • 2. comparação com a lenidade e a luxúria que, em matéria sexual, era comum entre os pagãos. Eram especialmente as mulheres as que se sentiam atraídas ao judaísmo, por estas razões. Muito freqüentemente estas mulheres eram de alta posição social, esposas de magistrados e governadores, e era mediante estas que os judeus influíam sobre as autoridades para que perseguissem os cristãos. Os judeus dispunham de molas — que certamente eram muito efetivas — para fazer com que as autoridades romanas tomassem medidas contra a Igreja. João chama os judeus de "a sinagoga de Satanás". Aqui João está usando uma expressão que era muito comum entre os judeus, ainda que nele assume o significado inverso.Quando os judeus se reuniam gostavam de autodenominar-se "a assembléia do Senhor" (Números 16:3; 20:4; 31:16). A palavra "sinagoga" significa literalmente "reunião", "assembléia"' ou "congregação". É como se João estivesse dizendo: "Vocês se chamam a Assembléia de Deus quando, em realidade, não são senão uma assembléia de Satanás, o Diabo." Quais eram as calúnias que se levantavam contra os cristãos? Havia seis calúnias que eram moeda corrente em todo o mundo antigo:  (1) Baseando-se nas palavras da comunhão — isto é o meu corpo, isto é o meu sangue— corria a história de que os cristãos eram canibais.  (2) Porque os cristãos chamavam ágape a suas ceias fraternais (onde se celebrava a Eucaristia), e essa palavra em grego significa "amor", dizia-se que os cristãos praticavam orgias de luxúria desatada e terrível imoralidade.  (3) Sendo um fato que o cristianismo muitas vezes dividia as famílias quando alguns de seus membros se convertiam e outros seguiam sendo pagãos, acusava-se a Igreja de ameaçar a estrutura familiar e interferir nas relações entre maridos e esposas, pais e filhos, etc.  (4) Os pagãos acusavam os cristãos de ateísmo porque não podiam compreender um culto no qual não havia imagens da divindade que se honrava, como em seus templos.  (5) Os cristãos eram acusados de ser cidadãos desleais e potenciais revolucionários, visto que negavam-se a dizer "César é o Senhor".  (6) Os cristãos eram acusados de serem incendiários, porque profetizavam o fim do mundo numa grande conflagração cósmica com fogo.  CÁRCERE . João prevê um encarceramento de dez dias. Esta cifra não se deve interpretar literalmente. Segundo o costume antigo ao falar de "dez dias" fazia-se referência a um período curto de tempo. Esta profecia, portanto, é ao mesmo tempo uma ameaça e uma promessa. Virão dias mais difíceis e os crentes serão encarcerados por sua fé; entretanto, ainda que dura, a prova não demorará muito em ser superada.
  • 3. Os Títulos de Cristo Vimos que a Igreja em Esmirna estava lutando contra dificuldades e que a ameaçavam dificuldades ainda maiores no futuro imediato. É porque o autor tem isto em mente que a carta começa com a menção dos títulos atribuídos a Cristo, nos quais ele nos sugere quais são as coisas que Cristo pode oferecer aos que se vêem frente a uma situação similar à que viviam os cristãos em Esmirna. (1) Cristo é o primeiro e o último No Antigo Testamento este título pertence a Deus. Isaías ouviu Deus dizer. “Eu sou o primeiro e Eu sou o último” (Isaías 44:6; 48:12). Este título tem dois aspectos. Para o cristão é uma magnífica promessa. Seja o quefor que aconteça do primeiro dia da vida até o último, com toda a colorida variedade de experiências que podem suceder, sejam boas ou más, o Cristo ressuscitado está conosco. Temos sua palavra de que Ele estará conosco sempre, até o fim do mundo. A quem temeremos, então?Quem poderá nos assustar? Mas para os pagãos de Esmirna estas mesmas palavras são uma advertência. Amavam a sua cidade. Chamavam-na a primeira da Ásia e estavam dispostos a discutir com qualquer pessoa sua qualidade de principal. Viviam num mundo pequeno de vaidade provinciana, no qual todos competiam para ser melhores queos demais e ascender um degrau acima dos outros. Todos queriam ocupar os primeiros lugares e se esforçavam para obtê-los. Mas o Cristo ressuscitado diz "Eu sou o primeiro e o último". Aqui se põe fim a todo orgulho humano. Junto à glória de Cristo todos os nossos títulos ficam reduzidos ao ridículo, carecem de importância real (2) Cristo é aquele que esteve morto e tornou a viver. Neste versículo os tempos dos verbos são de primeiríssima importância. A palavra grega que traduzimos "esteve" é genomenos, que pode traduzir-se, com maior fidelidade, "chegou a estar". Descreve um episódio, uma experiência transitiva, algo que sucedeu a alguém. Quando Cristo esteve morto, para Ele a morte foi uma experiência transitiva, um episódio de sua vida. Experimentou a morte e a venceu, e já não esteve mais morto. Apocalipse (William Barclay) 96 Quanto à palavra “tornou a viver”, devemos notar que se trata de um verbo no tempo passado (em aoristo no grego), que descreve uma ação já realizada de maneira completa. A tradução correta seria "voltou à vida de uma vez por todas". Faz-se referência, é obvio, ao evento da ressurreição. O Cristo ressuscitado é Aquele que experimentou a morte, passou através da morte, e saiu da morte; voltou a viver, triunfante, pela ressurreição, e está vivo para sempre jamais. A Exigência e a Recompensa A exigência do Cristo ressuscitado é que seu povo lhe seja fiel até a morte, fiel mesmo quantoa própria vida seja o preço dessa fidelidade. A lealdade era uma virtude que os habitantes de Esmirna conheciam muito bem, porque sua cidade tinha comprometido seu destino com Roma e se manteve leal, até em épocas quando a grandeza de Roma não era mais que uma remota possibilidade. Nas horas boas e nas horas más manteve-se fiel a seu compromisso inicial. Não há nada neste mundo que possa ocupar o lugar da lealdade. Se todas as outras boas qualidades Que pode ter
  • 4. a vida fossem postas num pires da balança, e a lealdade, sozinha, no outro, a lealdade moveria o fiel da balança a seu favor. [1] Há a coroa de vida. No Novo Testamento menciona-se a coroa de vida em várias oportunidades. Aqui e em Tiago 1:12 trata-se da coroa de vida. Paulo fala da coroa da justiça (2 Timóteo 4:8), e da coroa de alegria (1 Tessalonicenses 2:19). Pedro fala da coroa de glória (1 Pedro 5:4). Paulo estabelece um contraste entre a coroa eterna do cristão e a coroa perecível de louro que era o prêmio dos vencedores nos jogos atléticos (1 Coríntios 9:25) e Pedro fala de uma coroa de glória que nunca perde seu brilho (1 Pedro 5:4). O "de" que aparece em cada uma destas expressões refere-se ao material de que estão feitas as coroas. Menciona- se, então, uma coroa que é feita de glória, de justiça, de beleza, de vida. Ganhar a coroa da justiça, da glória, da vida, é ser coroado de justiça, de glória, de vida. Devemos entender bem a idéia que há por trás desta palavra "coroa". Em grego há duas palavras para dizer "coroa". Uma é diadema, que é a coroa real, e a outra é stefanos, uma palavra que em geral se relaciona com momentos de alegria e vitória. [2] Os fiéis recebem outra promessa: Não serão danificados pela segunda morte. "A segunda morte" é uma frase misteriosa que em todo o Novo Testamento somente aparece no livro do Apocalipse (20:6, 14; 21:8). Os rabinos usavam essa mesma frase quando referiam-se "à segunda morte que morrerão os ímpios no outro mundo". Esta frase tem duas origens. (a) Entre os judeus os saduceus criam que depois da morte não havia absolutamente nada; os epicureus, entre os gregos, sustentavam a mesma doutrina. Encontramos tais conceitos inclusive no Antigo Testamento, porque o cético livro do Eclesiastes é obra de um saduceu. "Melhor é cão vivo que leão morto" (Eclesiastes 9:4-5). Para os saduceus e os epicureus a morte era a aniquilação total, a obliteração, a extinção, o fim último mais além do qual não havia absolutamente nada. Para o judeu ortodoxo isto era muito fácil, pois significava dizer que o crente fiel e o incrédulo teriam o mesmo fim (Eclesiastes 2:15,16; 9:2). Portanto, chegaram a sustentar que havia algo assim como duas mortes — a morte física, que devem atravessar todos os homens, e uma segunda morte, depois da morte física que era o juízo divino. (b) Tudo isto está intimamente relacionado com as idéias que estudávamos quando falamos da palavra "paraíso" (2:7). Vimos que muitos judeus e alguns pensadores cristãos primitivos criam que havia um estado intermediário por aquele que passavam todos os homens, no qual esperavam até o dia do juízo. Se as coisas sucedessem assim, poderia falar-se literalmente de duas mortes: a física e a outra, que sofreriam somente os que fossem condenados no tribunal de Deus. Ninguém pode falar com total confiança com relação a estas coisas. Mas quando João diz que os fiéis não serão danificados pela segunda morte, dizia exatamente o mesmo que Paulo quando afirmava que não há nada, na vida ou na morte, que possa nos separar do amor de Deus em Jesus Cristo. O crente fiel está seguro na vida e na morte (Romanos 8:38-39).