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“A um Negrilho1
” de Miguel Torga, Diário VII
1
Na terra onde nasci há umsó poeta.
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.
Esse poeta és tu, mestre da inquietação
Serena!
Tu, imortal avena2
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho3.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
1. negrilho – árvore de grande porteque dá madeira escura; 2. avena – flauta pastoril; símbolo de um estilo
simples que caracteriza os versos pastoris; 3. maninho - estéril; infecundo
O Negrilho, plantado no Eiró, é a porta de entrada de S. Martinho de Anta. O seu ex-
libris (expressão que designa a legenda, a divisa ou o sinal que usam principalmente alguns
bibliófilos e escritores nas obras que possuem e escrevem). Personificação do Poeta, é a este
deus tentacular que presta homenagem. O Negrilho é a musa inspiradora do poeta. Do coração
dos seus ramos brotam os versos que a pena de Miguel Torga na tessitura das palavras suadas
transforma em poesia.
Análise formal do poema
Miguel Torga dedica a poesia a uma árvore: um negrilho.
Existe uma relação entre o sujeito poético e o poeta.
“Na terra onde eu nasci há um só poeta”.
Relação entre o sujeito poético e o poeta
 Relação de dependência do sujeito poético em relação ao poeta: “Esse poeta és tu,
mestre […] / Tu, gigante a sonhar…”;
 Identificação ao nível de inspiração poética: O Negrilho é mestre e fonte de
inspiração poética: “Os meus versos são folhas dos seus ramos”;
 Cumplicidade, intimidade e confidencialidade: “Quando chego de longe e
conversamos, / É ele que me revela o mundo visitado.”;
 Sentimento de admiração do sujeito poético pelo poeta por este simbolizar a
harmonia da natureza: “…mestre de inquietação / Serena […] / que harmonizas
[…]”.
Características do “Poeta” – Negrilho
“Os meusversossãofolhasdosseusramos”
Poeta= Inspiradordosujeitopoético
NegrilhoSujeitopoético
“A um Negrilho1
” de Miguel Torga, Diário VII
2
 “bosque suspenso”, isto é, o negrilho é uma árvore de grande porte e de copa
abundante;
 “Onde os pássaros e o tempo fazem ninhos!”. O negrilho da terra de Miguel Torga
é uma árvore muito antiga e ao mesmo tempo é um espaço protector e acolhedor;
 É o único poeta da terra;
 Como poeta, esta árvore adquire um estatuto humano com voz
(“conversamos”),com olhos (“É nos seus olhos que se vê pousada”), com
sabedoria (“É ele que me revela o mundo visitado”), com capacidade de
harmonização das forças naturais (“Que harmonizas o vento[…]”) e como
sonhador (“gigante a sonhar”).
Divisão do poema
O poema divide-se em duas partes. Cada estrofe corresponde a uma parte. Esta divisão
torna-se notória pela alteração da pessoa verbal.
1. Assim, na primeira estrofe, predomina a terceira pessoa verbal. Aqui, o sujeito
poético pretende sublinhar as características excepcionais desta árvore e a sua
relação com o negrilho. A utilização de um discurso m terceira pessoa, revela
um determinado distanciamento em relação ao negrilho;
2. A mudança da pessoa verbal de “ele” para “tu” mostra a intensidade e o
envolvimento afectivo do sujeito poético com este “poeta”. Além disso, a
utilização da segunda pessoa verbal é sinal de um discurso muito mais retórico
e laudatório, propício a revelar o carácter excepcional daquela árvore.
Recursos
 Como já foi referido, neste poema o negrilho cantado por Miguel Torga adquire um
estatuto humano (Personificação). Estas qualidades atribuídas a uma árvore tornam-
se importantes para relação sujeito poético-poeta. Ao mesmo tempo, sublinha a
singularidade desta árvore.
 O negrilho é identificado metafórica e hiperbolicamente como “um bosque
suspenso”. Mais uma vez, o sujeito poético pretende realçar o carácter único desta
árvore.
 São quatro as apóstrofes utilizadas pelo sujeito poético: “Mestre da inquietação /
Serena” (repare-se na antítese), “imortal avena”, “gigante a sonhar”, “bosque
suspenso”. Cada apóstrofe tem um significado particular: a 1ª aponta para um ideal
de harmonia e serenidade; a 2ª, manifesta a simplicidade poética e a relação da
poesia com a natureza; a 3ª, o sonho humano de integração na ordem cósmica; a 4ª,
aponte para o carácter protector da árvore.
 A repetição do “tu” revela o carácter retórico e laudatório desta parte do poema.
Inserção da poesia na obra poética de Miguel Torga
 Um dos temas mais frequentes da poesia torguiana é a concepção da natureza - terra
como mãe criadora, protectora, harmonizadora. A poesia “A um negrilho”
enquadra-se perfeitamente nesta temática. A árvore funciona como parte de um todo
que é a Natureza. O poema que analisamos revela que a natureza é fonte de
inspiração poética (v.4), fonte de simplicidade, harmonia e serenidade (v.8-10);
 O poema analisado contém uma lição profunda: o respeito, a veneração, o amor que
a Natureza, tão maltratada nos dias de hoje, merece por parte de cada um de nós.

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"A um negrilho" de Miguel Torga

  • 1. “A um Negrilho1 ” de Miguel Torga, Diário VII 1 Na terra onde nasci há umsó poeta. Os meus versos são folhas dos seus ramos. Quando chego de longe e conversamos, É ele que me revela o mundo visitado. Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada, E a luz do sol aceso ou apagado É nos seus olhos que se vê pousada. Esse poeta és tu, mestre da inquietação Serena! Tu, imortal avena2 Que harmonizas o vento e adormeces o imenso Redil de estrelas ao luar maninho3. Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso Onde os pássaros e o tempo fazem ninho! 1. negrilho – árvore de grande porteque dá madeira escura; 2. avena – flauta pastoril; símbolo de um estilo simples que caracteriza os versos pastoris; 3. maninho - estéril; infecundo O Negrilho, plantado no Eiró, é a porta de entrada de S. Martinho de Anta. O seu ex- libris (expressão que designa a legenda, a divisa ou o sinal que usam principalmente alguns bibliófilos e escritores nas obras que possuem e escrevem). Personificação do Poeta, é a este deus tentacular que presta homenagem. O Negrilho é a musa inspiradora do poeta. Do coração dos seus ramos brotam os versos que a pena de Miguel Torga na tessitura das palavras suadas transforma em poesia. Análise formal do poema Miguel Torga dedica a poesia a uma árvore: um negrilho. Existe uma relação entre o sujeito poético e o poeta. “Na terra onde eu nasci há um só poeta”. Relação entre o sujeito poético e o poeta  Relação de dependência do sujeito poético em relação ao poeta: “Esse poeta és tu, mestre […] / Tu, gigante a sonhar…”;  Identificação ao nível de inspiração poética: O Negrilho é mestre e fonte de inspiração poética: “Os meus versos são folhas dos seus ramos”;  Cumplicidade, intimidade e confidencialidade: “Quando chego de longe e conversamos, / É ele que me revela o mundo visitado.”;  Sentimento de admiração do sujeito poético pelo poeta por este simbolizar a harmonia da natureza: “…mestre de inquietação / Serena […] / que harmonizas […]”. Características do “Poeta” – Negrilho “Os meusversossãofolhasdosseusramos” Poeta= Inspiradordosujeitopoético NegrilhoSujeitopoético
  • 2. “A um Negrilho1 ” de Miguel Torga, Diário VII 2  “bosque suspenso”, isto é, o negrilho é uma árvore de grande porte e de copa abundante;  “Onde os pássaros e o tempo fazem ninhos!”. O negrilho da terra de Miguel Torga é uma árvore muito antiga e ao mesmo tempo é um espaço protector e acolhedor;  É o único poeta da terra;  Como poeta, esta árvore adquire um estatuto humano com voz (“conversamos”),com olhos (“É nos seus olhos que se vê pousada”), com sabedoria (“É ele que me revela o mundo visitado”), com capacidade de harmonização das forças naturais (“Que harmonizas o vento[…]”) e como sonhador (“gigante a sonhar”). Divisão do poema O poema divide-se em duas partes. Cada estrofe corresponde a uma parte. Esta divisão torna-se notória pela alteração da pessoa verbal. 1. Assim, na primeira estrofe, predomina a terceira pessoa verbal. Aqui, o sujeito poético pretende sublinhar as características excepcionais desta árvore e a sua relação com o negrilho. A utilização de um discurso m terceira pessoa, revela um determinado distanciamento em relação ao negrilho; 2. A mudança da pessoa verbal de “ele” para “tu” mostra a intensidade e o envolvimento afectivo do sujeito poético com este “poeta”. Além disso, a utilização da segunda pessoa verbal é sinal de um discurso muito mais retórico e laudatório, propício a revelar o carácter excepcional daquela árvore. Recursos  Como já foi referido, neste poema o negrilho cantado por Miguel Torga adquire um estatuto humano (Personificação). Estas qualidades atribuídas a uma árvore tornam- se importantes para relação sujeito poético-poeta. Ao mesmo tempo, sublinha a singularidade desta árvore.  O negrilho é identificado metafórica e hiperbolicamente como “um bosque suspenso”. Mais uma vez, o sujeito poético pretende realçar o carácter único desta árvore.  São quatro as apóstrofes utilizadas pelo sujeito poético: “Mestre da inquietação / Serena” (repare-se na antítese), “imortal avena”, “gigante a sonhar”, “bosque suspenso”. Cada apóstrofe tem um significado particular: a 1ª aponta para um ideal de harmonia e serenidade; a 2ª, manifesta a simplicidade poética e a relação da poesia com a natureza; a 3ª, o sonho humano de integração na ordem cósmica; a 4ª, aponte para o carácter protector da árvore.  A repetição do “tu” revela o carácter retórico e laudatório desta parte do poema. Inserção da poesia na obra poética de Miguel Torga  Um dos temas mais frequentes da poesia torguiana é a concepção da natureza - terra como mãe criadora, protectora, harmonizadora. A poesia “A um negrilho” enquadra-se perfeitamente nesta temática. A árvore funciona como parte de um todo que é a Natureza. O poema que analisamos revela que a natureza é fonte de inspiração poética (v.4), fonte de simplicidade, harmonia e serenidade (v.8-10);  O poema analisado contém uma lição profunda: o respeito, a veneração, o amor que a Natureza, tão maltratada nos dias de hoje, merece por parte de cada um de nós.