1. Comemoração do Dia da Poesia/
Dia da Árvore e das Florestas
COMPILAÇÃO DE POEMAS DE DIFERENTES
AUTORES SOBRE AS ÁRVORES E AS
FLORESTAS
2. 1
Raízes
Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.
Que me deixassem crescer
silencioso e ereto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lódão, o aloendro,
o ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Assírio & Alvim
3. 2
A árvore da borracha
As árvores também se enganam,
não a somar ou a subtrair,
mas a florir!
Nem por isso ficam preocupadas.
Há sempre uma árvore da
borracha,
mesmo à mão,
para apagar,
os erros que dão.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Assírio & Alvim
4. 3
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999
5. 4
ÁRVORE
A semente dorme
na placenta, húmida, da
Terra. Mas começam a
percorrê-la murmúrios
de água e Primavera.
Torna-se raiz e caule,
que irrompe da sua
prisão sem luz para
beber os ventos e a
claridade do dia. O
tronco firma-se como
um mastro e caminha
para os céus, claros,
num apelo a ninhos.
Em breve, brevezinho,
desfralda-se em ramos
e folhas que atraem
uma floração de asas e
de cânticos. E a árvore
começa a ser, a dar e a
permitir vida.
Luísa Dacosta
6. 5
Poema das Árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
(…)
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se quexam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
António Gedeão
Obra Poética, Lisboa, Edições JSC, 2001
7. 6
Poema das folhas secas de plátano
As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, cicloides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram verdes e lisas no apogeu
da sua juventude erm clorofila,
mas agora, no outuno de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura,
vendo o solo coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.
António Gedeão
Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
8. 7
Poema da Buganvília
Algum dia o poema será buganvília
pendente deste muro da Calçada da Graça.
Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a
família,
e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.
Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
Depois cairá o muro.
E como o tempo passa
mesmo contra a vontade,
também há-de acabar a Calçada da Graça
e o resto da cidade.
Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
que é o mais leve de tudo que se pode supor,
será esse o momento de o poema ser flor,
mas já não é preciso.
António Gedeão
Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
9. 8
Os paraísos artificiais
Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.
Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores.
Os cânticos das aves - não há cânticos,
mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.
A minha terra não é inefável.
A vida da minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.
Jorge de Sena
10. 9
O jacarandá florido
Brando cantar trazia
Branda a viola da noite
Branda a flauta do dia
O Jacarandá florido
Brando cantar trazia
O vinho doce da noite
A água clara do dia
Quem o olhava bebia
Quem o olhava escutava
O jacarandá florido
Que o silêncio cantava
Matilde Rosa Araújo
As Fadas Verdes, Ed. Civilização, 1994
11. 10
Magnólias
nascem vazias de amarelo
as magnólias que se inclinam
oblíquas a uma terra despovoada
da dimensão da flor
murmuram suas pétalas pelo vento
galopante e assustado fugido dos
desertos que eram florestas
lentas azuis as estrelas estalam
agapantos jacarandás
sangue adormecido dos fenómenos
que os olhos à luz fazem desaparecer
ausentes as asas adormecem
trilhos estilhaçados na terra
onde o longe e a distância
permanecem na tortura
do pensamento
sem etecétera
Ó as searas de flores os
gerânios as açucenas
os corações abertos dos rapazes
aos lilases
perfume de entrega permanente
musculado e frágil advento
de um tempo que há-de partir
mergulhado nos estames das mãos
para se transmutar em beijos
oferecidos às bocas
12. 11
no chão da terra aturada e escura
as magnólias pálidas sombrias
escorrem mel torturado e morno
onde rapazes deixam o abraço
doce permanente como o pecado
o orvalho da manhã reclama as
magnólias que fecundadas devolvem
à terra o sangue
dos rapazes exaustos cansados
é manhã a terra toda de repente
desmaia atormentada nua e quente
Henrique Levy
Intensidades, euroexpress - 2001
13. 12
A um carvalho
Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés
Vegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés, inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!
Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve e guarda a mocidade
No coração!
Miguel Torga (1958)
14. 13
A UM NEGRILHO
Na terra onde nasci há um só poeta
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.
Esse poeta és tu, mestre da inquietação Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
Miguel Torga
Antologia Poética, 5.ª ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999
15. 14
VELHAS ÁRVORES
Estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
16. 15
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam
movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao
reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy Belo
17. 16
ÁRVORES
São plátanos palmeiras castanheiros
jacarandás amendoeiras e até as
oliveiras que
quando a noite cai na infância formam uma
cortina escura na estrada frente à casa
árvores apagando os dias que a memória
avidamente esconde
no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente
na terra essa raiz do branco plátano
adolescente
e o campo do tempo onde as palmeiras eram
pilares do corpo nu símbolo de
si mesmo, à luz
do dia fixo, já se estende
na húmida manhã dos castanheiros
Esquecimento que tudo enfim possuis
e geras
a ofuscante luz igual à da
memória, do tempo como ela
filho, construtor da ausência,
em vão te invoco Tu
que mudas a roxa amendoeira
em brancas flores do jacarandá
entrega a minha vida às árvores
que foram na manhã e no crepúsculo
no meio-dia e na noite, palavra
clara que traz o dia em si fechado
Gastão Cruz (2000)
18. 17
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água! !
Florbela Espanca (Sonetos)
19. 18
Quando um ramo de doze badaladas
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
Menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
Poesia Completa, Publicações Dom Quixote (1999)
20. 19
Árvore verde
Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.
Que bom não ser
'Stando acordado !
Também em mim enverdecer
Em folhas dado !
Tremulamente
Sentir no corpo
Brisa na alma !
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.
Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava !
Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.
Depois perdi-o.
Lembro ? Quem dera !
Se eu nunca soube
O que ele era.
Fernando Pessoa (Poesias Inéditas)
21. 20
Como um vento na floresta
Como um vento na floresta.
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.
E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.
E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.
Fernando Pessoa
(Poesias Inéditas)
22. 21
Entre o luar e o arvoredo
Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.
Fernando Pessoa (Poesias inéditas)
23. 22
Há um murmúrio na floresta
Há um murmúrio na floresta,
Há uma nuvem e não já.
Há uma nuvem e nada resta
Do murmúrio que ainda está
No ar a parecer que há.
É que a saudade faz viver,
E faz ouvir, e ainda ver,
Tudo o que foi e acabará
Antes que tenha o que esquecer
Como a floresta esquece já.
Fernando Pessoa
(Poesias inéditas)
24. 23
Nos Altos Ramos
Nos altos ramos de árvores frondosas
O vento faz um rumor frio e alto,
Nesta floresta, em este som me perco
E sozinho medito.
Assim no mundo, acima do que sinto,
Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma,
E nada tem sentido — nem a alma
Com que penso sozinho.
Ricardo Reis
25. 24
Os gemidos da árvore
A Árvore, em pé, no meio das planuras,
cheia de riso e flor, verduras, passarinhos,
- Ela é o guarda-sol dos frutos e dos ninhos.
- É o teto nupcial das conversadas puras.
O humilde cavador que foiça as ervas duras
dos broncos matagais e escalrachos maninhos,
sob ela faz o seu leito, ao cruzar os caminhos,
torrado da soalheira ou nas sombras escuras.
Contudo, o Homem ingrato esquece a Árvore amiga
e prefere a Cidade e a balbúrdia inimiga,
onde a alma corrompe em orgias triviais.
Mas a Árvore lá fica, a espreitar nas ramadas
como a mãe lacrimosa, a olhar sempre as estradas
- a ver se o filho volta à cabana dos pais!
Gomes Leal, Claridades do Sul
26. 25
Eu e Ela
Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;
Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.
Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavalheiro de Flaublas...
Cesário Verde
27. 26
A Fermosura Fresca Serra
A fermosura fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está se não te vejo magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís Vaz de Camões, Sonetos
28. 27
Ai Flores, Ai Flores do Verde Pino
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mh á jurado!
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss'amigo,
e eu ben vos digo que é san' e vivo:
Ai Deus, e u é
Vós me preguntades polo voss'amado,
e eu ben vos digo que é viv' e sano:
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san' e vivo
e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido:
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv' e sano
e seerá vosc' ant' o prazo passado:
Ai Deus, e u é?
El-rei Dom Dinis