SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 29
Baixar para ler offline
Comemoração do Dia da Poesia/
Dia da Árvore e das Florestas
COMPILAÇÃO DE POEMAS DE DIFERENTES
AUTORES SOBRE AS ÁRVORES E AS
FLORESTAS
1
Raízes
Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.
Que me deixassem crescer
silencioso e ereto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lódão, o aloendro,
o ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Assírio & Alvim
2
A árvore da borracha
As árvores também se enganam,
não a somar ou a subtrair,
mas a florir!
Nem por isso ficam preocupadas.
Há sempre uma árvore da
borracha,
mesmo à mão,
para apagar,
os erros que dão.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Assírio & Alvim
3
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.
Jorge Sousa Braga
Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999
4
ÁRVORE
A semente dorme
na placenta, húmida, da
Terra. Mas começam a
percorrê-la murmúrios
de água e Primavera.
Torna-se raiz e caule,
que irrompe da sua
prisão sem luz para
beber os ventos e a
claridade do dia. O
tronco firma-se como
um mastro e caminha
para os céus, claros,
num apelo a ninhos.
Em breve, brevezinho,
desfralda-se em ramos
e folhas que atraem
uma floração de asas e
de cânticos. E a árvore
começa a ser, a dar e a
permitir vida.
Luísa Dacosta
5
Poema das Árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
(…)
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se quexam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
António Gedeão
Obra Poética, Lisboa, Edições JSC, 2001
6
Poema das folhas secas de plátano
As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro,
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, cicloides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada,
o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram verdes e lisas no apogeu
da sua juventude erm clorofila,
mas agora, no outuno de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiados ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura,
vendo o solo coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.
António Gedeão
Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
7
Poema da Buganvília
Algum dia o poema será buganvília
pendente deste muro da Calçada da Graça.
Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a
família,
e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.
Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
Depois cairá o muro.
E como o tempo passa
mesmo contra a vontade,
também há-de acabar a Calçada da Graça
e o resto da cidade.
Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
que é o mais leve de tudo que se pode supor,
será esse o momento de o poema ser flor,
mas já não é preciso.
António Gedeão
Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
8
Os paraísos artificiais
Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.
Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores.
Os cânticos das aves - não há cânticos,
mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.
A minha terra não é inefável.
A vida da minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.
Jorge de Sena
9
O jacarandá florido
Brando cantar trazia
Branda a viola da noite
Branda a flauta do dia
O Jacarandá florido
Brando cantar trazia
O vinho doce da noite
A água clara do dia
Quem o olhava bebia
Quem o olhava escutava
O jacarandá florido
Que o silêncio cantava
Matilde Rosa Araújo
As Fadas Verdes, Ed. Civilização, 1994
10
Magnólias
nascem vazias de amarelo
as magnólias que se inclinam
oblíquas a uma terra despovoada
da dimensão da flor
murmuram suas pétalas pelo vento
galopante e assustado fugido dos
desertos que eram florestas
lentas azuis as estrelas estalam
agapantos jacarandás
sangue adormecido dos fenómenos
que os olhos à luz fazem desaparecer
ausentes as asas adormecem
trilhos estilhaçados na terra
onde o longe e a distância
permanecem na tortura
do pensamento
sem etecétera
Ó as searas de flores os
gerânios as açucenas
os corações abertos dos rapazes
aos lilases
perfume de entrega permanente
musculado e frágil advento
de um tempo que há-de partir
mergulhado nos estames das mãos
para se transmutar em beijos
oferecidos às bocas
11
no chão da terra aturada e escura
as magnólias pálidas sombrias
escorrem mel torturado e morno
onde rapazes deixam o abraço
doce permanente como o pecado
o orvalho da manhã reclama as
magnólias que fecundadas devolvem
à terra o sangue
dos rapazes exaustos cansados
é manhã a terra toda de repente
desmaia atormentada nua e quente
Henrique Levy
Intensidades, euroexpress - 2001
12
A um carvalho
Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés
Vegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés, inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!
Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve e guarda a mocidade
No coração!
Miguel Torga (1958)
13
A UM NEGRILHO
Na terra onde nasci há um só poeta
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.
Esse poeta és tu, mestre da inquietação Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
Miguel Torga
Antologia Poética, 5.ª ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999
14
VELHAS ÁRVORES
Estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
15
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam
movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao
reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy Belo
16
ÁRVORES
São plátanos palmeiras castanheiros
jacarandás amendoeiras e até as
oliveiras que
quando a noite cai na infância formam uma
cortina escura na estrada frente à casa
árvores apagando os dias que a memória
avidamente esconde
no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente
na terra essa raiz do branco plátano
adolescente
e o campo do tempo onde as palmeiras eram
pilares do corpo nu símbolo de
si mesmo, à luz
do dia fixo, já se estende
na húmida manhã dos castanheiros
Esquecimento que tudo enfim possuis
e geras
a ofuscante luz igual à da
memória, do tempo como ela
filho, construtor da ausência,
em vão te invoco Tu
que mudas a roxa amendoeira
em brancas flores do jacarandá
entrega a minha vida às árvores
que foram na manhã e no crepúsculo
no meio-dia e na noite, palavra
clara que traz o dia em si fechado
Gastão Cruz (2000)
17
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água! !
Florbela Espanca (Sonetos)
18
Quando um ramo de doze badaladas
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
Menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
Poesia Completa, Publicações Dom Quixote (1999)
19
Árvore verde
Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.
Que bom não ser
'Stando acordado !
Também em mim enverdecer
Em folhas dado !
Tremulamente
Sentir no corpo
Brisa na alma !
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.
Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava !
Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.
Depois perdi-o.
Lembro ? Quem dera !
Se eu nunca soube
O que ele era.
Fernando Pessoa (Poesias Inéditas)
20
Como um vento na floresta
Como um vento na floresta.
Minha emoção não tem fim.
Nada sou, nada me resta.
Não sei quem sou para mim.
E como entre os arvoredos
Há grandes sons de folhagem,
Também agito segredos
No fundo da minha imagem.
E o grande ruído do vento
Que as folhas cobrem de som
Despe-me do pensamento:
Sou ninguém, temo ser bom.
Fernando Pessoa
(Poesias Inéditas)
21
Entre o luar e o arvoredo
Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.
Fernando Pessoa (Poesias inéditas)
22
Há um murmúrio na floresta
Há um murmúrio na floresta,
Há uma nuvem e não já.
Há uma nuvem e nada resta
Do murmúrio que ainda está
No ar a parecer que há.
É que a saudade faz viver,
E faz ouvir, e ainda ver,
Tudo o que foi e acabará
Antes que tenha o que esquecer
Como a floresta esquece já.
Fernando Pessoa
(Poesias inéditas)
23
Nos Altos Ramos
Nos altos ramos de árvores frondosas
O vento faz um rumor frio e alto,
Nesta floresta, em este som me perco
E sozinho medito.
Assim no mundo, acima do que sinto,
Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma,
E nada tem sentido — nem a alma
Com que penso sozinho.
Ricardo Reis
24
Os gemidos da árvore
A Árvore, em pé, no meio das planuras,
cheia de riso e flor, verduras, passarinhos,
- Ela é o guarda-sol dos frutos e dos ninhos.
- É o teto nupcial das conversadas puras.
O humilde cavador que foiça as ervas duras
dos broncos matagais e escalrachos maninhos,
sob ela faz o seu leito, ao cruzar os caminhos,
torrado da soalheira ou nas sombras escuras.
Contudo, o Homem ingrato esquece a Árvore amiga
e prefere a Cidade e a balbúrdia inimiga,
onde a alma corrompe em orgias triviais.
Mas a Árvore lá fica, a espreitar nas ramadas
como a mãe lacrimosa, a olhar sempre as estradas
- a ver se o filho volta à cabana dos pais!
Gomes Leal, Claridades do Sul
25
Eu e Ela
Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;
Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.
Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distração,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavalheiro de Flaublas...
Cesário Verde
26
A Fermosura Fresca Serra
A fermosura fresca serra,
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do Sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está se não te vejo magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís Vaz de Camões, Sonetos
27
Ai Flores, Ai Flores do Verde Pino
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mh á jurado!
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss'amigo,
e eu ben vos digo que é san' e vivo:
Ai Deus, e u é
Vós me preguntades polo voss'amado,
e eu ben vos digo que é viv' e sano:
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san' e vivo
e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido:
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv' e sano
e seerá vosc' ant' o prazo passado:
Ai Deus, e u é?
El-rei Dom Dinis
28
Créditos:
http://arvoresdeportugal.free.fr/OHomemeaArvore/Textos%20literari
os/arvoreselliteratura.html
- https://pixabay.com/pt/

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Acnd sinteses descritivas
Acnd sinteses descritivasAcnd sinteses descritivas
Acnd sinteses descritivasSandra Evt
 
O principezinho - resumo
O principezinho - resumoO principezinho - resumo
O principezinho - resumosofiasimao
 
Pedro alecrim resumos.
Pedro alecrim   resumos.Pedro alecrim   resumos.
Pedro alecrim resumos.manuela016
 
Relatório Auto-avaliação Docente 2019
Relatório Auto-avaliação Docente 2019 Relatório Auto-avaliação Docente 2019
Relatório Auto-avaliação Docente 2019 SalaAmarelaJIGradil
 
Capacidades motoras: condicionais e coordenativas
Capacidades motoras: condicionais e coordenativasCapacidades motoras: condicionais e coordenativas
Capacidades motoras: condicionais e coordenativasJoanaMartins7
 
Superlativo absoluto sintético irregulares
Superlativo absoluto sintético irregularesSuperlativo absoluto sintético irregulares
Superlativo absoluto sintético irregularesPedro Tadeu
 
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2Como fazer uma apresentação oral de um livro 2
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2Graça Moutinho
 
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...Rosalina Simão Nunes
 

Mais procurados (20)

Acnd sinteses descritivas
Acnd sinteses descritivasAcnd sinteses descritivas
Acnd sinteses descritivas
 
"O Príncipe Nabo"
"O Príncipe Nabo""O Príncipe Nabo"
"O Príncipe Nabo"
 
O principezinho - resumo
O principezinho - resumoO principezinho - resumo
O principezinho - resumo
 
Pedro alecrim resumos.
Pedro alecrim   resumos.Pedro alecrim   resumos.
Pedro alecrim resumos.
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 
Relatório Auto-avaliação Docente 2019
Relatório Auto-avaliação Docente 2019 Relatório Auto-avaliação Docente 2019
Relatório Auto-avaliação Docente 2019
 
Uma aventura
Uma aventuraUma aventura
Uma aventura
 
Resumo fada oriana
Resumo fada orianaResumo fada oriana
Resumo fada oriana
 
História de uma gaivota e do gato que a essinou a voar
História de uma gaivota e do gato que a essinou a voarHistória de uma gaivota e do gato que a essinou a voar
História de uma gaivota e do gato que a essinou a voar
 
Texto de opinião
Texto de opiniãoTexto de opinião
Texto de opinião
 
Capacidades motoras: condicionais e coordenativas
Capacidades motoras: condicionais e coordenativasCapacidades motoras: condicionais e coordenativas
Capacidades motoras: condicionais e coordenativas
 
Memorial do convento
Memorial do conventoMemorial do convento
Memorial do convento
 
Classe dos determinantes
Classe dos determinantesClasse dos determinantes
Classe dos determinantes
 
Testes 6º ano etapas
Testes 6º ano etapasTestes 6º ano etapas
Testes 6º ano etapas
 
Superlativo absoluto sintético irregulares
Superlativo absoluto sintético irregularesSuperlativo absoluto sintético irregulares
Superlativo absoluto sintético irregulares
 
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2Como fazer uma apresentação oral de um livro 2
Como fazer uma apresentação oral de um livro 2
 
Trabalho 25 de abril 2
Trabalho 25 de abril   2 Trabalho 25 de abril   2
Trabalho 25 de abril 2
 
Símbolos de portugal: Bandeira e Hino
Símbolos de portugal: Bandeira e HinoSímbolos de portugal: Bandeira e Hino
Símbolos de portugal: Bandeira e Hino
 
Graus dos adjetivos
Graus dos adjetivosGraus dos adjetivos
Graus dos adjetivos
 
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...
Orações subordinadas substantivas e adjetivas - Apresentação de conteúdos (SU...
 

Semelhante a Poemas sobre árvores e as florestas

2012 04-14 - textos dramat verde vida
2012 04-14 - textos dramat verde vida2012 04-14 - textos dramat verde vida
2012 04-14 - textos dramat verde vidaO Ciclista
 
Poemas so século xx
Poemas so século xxPoemas so século xx
Poemas so século xxtildocas
 
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBiblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBesaf Biblioteca
 
25 de abril história de uma flor1
25 de abril história de uma flor125 de abril história de uma flor1
25 de abril história de uma flor1PeroVaz
 
Romantismo gênero lírico
Romantismo gênero líricoRomantismo gênero lírico
Romantismo gênero líricoMyrtes Folegatti
 
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivo
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivoCetrans Primavera 2013 - Poema coletivo
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivoVera Laporta
 
Semana da Poesia em Miranda do Corvo
Semana da Poesia  em Miranda do CorvoSemana da Poesia  em Miranda do Corvo
Semana da Poesia em Miranda do Corvocriscouceiro
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentaçãoedjaine
 
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12BE ESGN
 
Poetas de ontem e de hoje
Poetas de ontem e de hojePoetas de ontem e de hoje
Poetas de ontem e de hojeCris Félix
 

Semelhante a Poemas sobre árvores e as florestas (20)

2012 04-14 - textos dramat verde vida
2012 04-14 - textos dramat verde vida2012 04-14 - textos dramat verde vida
2012 04-14 - textos dramat verde vida
 
Dia da árvore 04
Dia da árvore 04Dia da árvore 04
Dia da árvore 04
 
Poemas so século xx
Poemas so século xxPoemas so século xx
Poemas so século xx
 
Sessão leitura poética 2014
Sessão leitura poética 2014Sessão leitura poética 2014
Sessão leitura poética 2014
 
Arvoredos
ArvoredosArvoredos
Arvoredos
 
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre CulturasBiblioteca Global - Ponte entre Culturas
Biblioteca Global - Ponte entre Culturas
 
25 de abril história de uma flor1
25 de abril história de uma flor125 de abril história de uma flor1
25 de abril história de uma flor1
 
Romantismo gênero lírico
Romantismo gênero líricoRomantismo gênero lírico
Romantismo gênero lírico
 
Semana poesia
Semana poesiaSemana poesia
Semana poesia
 
Poetas da I República
Poetas da I RepúblicaPoetas da I República
Poetas da I República
 
Arcadismo
Arcadismo Arcadismo
Arcadismo
 
Contemp novembro__19
Contemp  novembro__19Contemp  novembro__19
Contemp novembro__19
 
O velho choupo
O velho choupoO velho choupo
O velho choupo
 
áRvores
áRvoresáRvores
áRvores
 
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivo
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivoCetrans Primavera 2013 - Poema coletivo
Cetrans Primavera 2013 - Poema coletivo
 
Semana da Poesia em Miranda do Corvo
Semana da Poesia  em Miranda do CorvoSemana da Poesia  em Miranda do Corvo
Semana da Poesia em Miranda do Corvo
 
Apresentação
ApresentaçãoApresentação
Apresentação
 
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12
Serão de Poesia: BE-ESOD / Deptº Línguas - 21/03/12
 
Poetas de ontem e de hoje
Poetas de ontem e de hojePoetas de ontem e de hoje
Poetas de ontem e de hoje
 
Contemp setembro__10
Contemp  setembro__10Contemp  setembro__10
Contemp setembro__10
 

Mais de Bibliotecas Escolares AEIDH

Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdf
Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdfNormas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdf
Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdfBibliotecas Escolares AEIDH
 
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdf
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdfpadlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdf
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdfBibliotecas Escolares AEIDH
 
Água subterrânea: tornando o invisível visível
Água subterrânea: tornando o invisível visívelÁgua subterrânea: tornando o invisível visível
Água subterrânea: tornando o invisível visívelBibliotecas Escolares AEIDH
 

Mais de Bibliotecas Escolares AEIDH (20)

Boletim informativo Contacto - março 2024
Boletim informativo Contacto - março 2024Boletim informativo Contacto - março 2024
Boletim informativo Contacto - março 2024
 
Regulamento 2024.pdf
Regulamento 2024.pdfRegulamento 2024.pdf
Regulamento 2024.pdf
 
Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdf
Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdfNormas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdf
Normas-Quadras de Sao Martinho-Concurso 2023.pdf
 
Cartaz MIBE 2023.pdf
Cartaz MIBE 2023.pdfCartaz MIBE 2023.pdf
Cartaz MIBE 2023.pdf
 
Estou a ler
Estou a lerEstou a ler
Estou a ler
 
Reportagem do Parlamento de Jovens.pdf
Reportagem do Parlamento de Jovens.pdfReportagem do Parlamento de Jovens.pdf
Reportagem do Parlamento de Jovens.pdf
 
Texto de opinião.pdf
Texto de opinião.pdfTexto de opinião.pdf
Texto de opinião.pdf
 
padlet- Semana da Leitura 2021.pdf
padlet- Semana da Leitura 2021.pdfpadlet- Semana da Leitura 2021.pdf
padlet- Semana da Leitura 2021.pdf
 
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdf
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdfpadlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdf
padlet-Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.pdf
 
Água subterrânea: tornando o invisível visível
Água subterrânea: tornando o invisível visívelÁgua subterrânea: tornando o invisível visível
Água subterrânea: tornando o invisível visível
 
"Histórias da Ajudaris 2022"
"Histórias da Ajudaris 2022""Histórias da Ajudaris 2022"
"Histórias da Ajudaris 2022"
 
Se eu tivesse um lápis mágico
Se eu tivesse um lápis mágicoSe eu tivesse um lápis mágico
Se eu tivesse um lápis mágico
 
Semana dos Direitos Humanos
Semana dos Direitos Humanos  Semana dos Direitos Humanos
Semana dos Direitos Humanos
 
Semana dos Direitos Humanos
Semana dos Direitos Humanos   Semana dos Direitos Humanos
Semana dos Direitos Humanos
 
Regulamento 2021 22
Regulamento 2021 22Regulamento 2021 22
Regulamento 2021 22
 
Regulamento 2022 faca_la_um_poema
Regulamento 2022 faca_la_um_poemaRegulamento 2022 faca_la_um_poema
Regulamento 2022 faca_la_um_poema
 
Normas de participação
Normas de participaçãoNormas de participação
Normas de participação
 
Cartaz - MIBE 2021
Cartaz - MIBE 2021Cartaz - MIBE 2021
Cartaz - MIBE 2021
 
Grandes Mulheres
Grandes Mulheres Grandes Mulheres
Grandes Mulheres
 
Portefolio digital 4
Portefolio digital 4Portefolio digital 4
Portefolio digital 4
 

Último

Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 

Último (20)

Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 

Poemas sobre árvores e as florestas

  • 1. Comemoração do Dia da Poesia/ Dia da Árvore e das Florestas COMPILAÇÃO DE POEMAS DE DIFERENTES AUTORES SOBRE AS ÁRVORES E AS FLORESTAS
  • 2. 1 Raízes Quem me dera ter raízes, que me prendessem ao chão. Que não me deixassem dar um passo que fosse em vão. Que me deixassem crescer silencioso e ereto, como um pinheiro de riga, uma faia ou um abeto. Quem me dera ter raízes, raízes em vez de pés. Como o lódão, o aloendro, o ácer e o aloés. Sentir a copa vergar, quando passasse um tufão. E ficar bem agarrado, pelas raízes, ao chão. Jorge Sousa Braga Herbário, Assírio & Alvim
  • 3. 2 A árvore da borracha As árvores também se enganam, não a somar ou a subtrair, mas a florir! Nem por isso ficam preocupadas. Há sempre uma árvore da borracha, mesmo à mão, para apagar, os erros que dão. Jorge Sousa Braga Herbário, Assírio & Alvim
  • 4. 3 As árvores como os livros têm folhas e margens lisas ou recortadas, e capas (isto é copas) e capítulos de flores e letras de oiro nas lombadas. E são histórias de reis, histórias de fadas, as mais fantásticas aventuras, que se podem ler nas suas páginas, no pecíolo, no limbo, nas nervuras. As florestas são imensas bibliotecas, e até há florestas especializadas, com faias, bétulas e um letreiro a dizer: «Floresta das zonas temperadas». É evidente que não podes plantar no teu quarto, plátanos ou azinheiras. Para começar a construir uma biblioteca, basta um vaso de sardinheiras. Jorge Sousa Braga Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999
  • 5. 4 ÁRVORE A semente dorme na placenta, húmida, da Terra. Mas começam a percorrê-la murmúrios de água e Primavera. Torna-se raiz e caule, que irrompe da sua prisão sem luz para beber os ventos e a claridade do dia. O tronco firma-se como um mastro e caminha para os céus, claros, num apelo a ninhos. Em breve, brevezinho, desfralda-se em ramos e folhas que atraem uma floração de asas e de cânticos. E a árvore começa a ser, a dar e a permitir vida. Luísa Dacosta
  • 6. 5 Poema das Árvores As árvores crescem sós. E a sós florescem. Começam por ser nada. Pouco a pouco se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo. Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos, e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se. Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores, e então crescem as flores, e as flores produzem frutos, e os frutos dão sementes, e as sementes preparam novas árvores. E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas. Sem verem, sem ouvirem, sem falarem. Sós. De dia e de noite. Sempre sós. (…) As árvores, não. Solitárias, as árvores, exauram terra e sol silenciosamente. Não pensam, não suspiram, não se quexam. Estendem os braços como se implorassem; com o vento soltam ais como se suspirassem; e gemem, mas a queixa não é sua. Sós, sempre sós. Nas planícies, nos montes, nas florestas, a crescer e a florir sem consciência. Virtude vegetal viver a sós e entretanto dar flores. António Gedeão Obra Poética, Lisboa, Edições JSC, 2001
  • 7. 6 Poema das folhas secas de plátano As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço, e os olhos de uma pobre criatura comovidos as seguem. São belas as folhas dos plátanos quando caem, nas tardes de Novembro, contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento. Ondulam como os braços da preguiça no indolente bocejo. Sobem e descem, baloiçam-se e repousam, traçam erres e esses, cicloides e volutas, no espaço escrevem com o pecíolo breve, numa caligrafia requintada, o nome que se pensa, e seguem e regressam, dedilhando em compassos sonolentos a música outonal do entardecer. São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão. Eram verdes e lisas no apogeu da sua juventude erm clorofila, mas agora, no outuno de si mesmas, o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol, deixou-se trespassar por afiados ácidos. A verde clorofila, perdido o seu magnésio, vestiu-se de burel, de um tom que não é cor, nem se sabe dizer que nome tenha, a não ser o seu próprio, folha seca de plátano. A secura do Sol causticou-a de rugas, um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos, e esta real e pobre criatura, vendo o solo coberto de folhas outonais medita no malogro das coisas que a rodeiam: dá-lhes o tom a ausência de magnésio; os olhos, a beleza. António Gedeão Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
  • 8. 7 Poema da Buganvília Algum dia o poema será buganvília pendente deste muro da Calçada da Graça. Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família, e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa. Mas antes desse dia há-de secar a buganvília e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo. Depois cairá o muro. E como o tempo passa mesmo contra a vontade, também há-de acabar a Calçada da Graça e o resto da cidade. Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso que é o mais leve de tudo que se pode supor, será esse o momento de o poema ser flor, mas já não é preciso. António Gedeão Poemas Escolhidos, Edições JSC, Lisboa
  • 9. 8 Os paraísos artificiais Na minha terra, não há terra, há ruas; mesmo as colinas são de prédios altos com renda muito mais alta. Na minha terra, não há árvores nem flores. As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês, e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores. Os cânticos das aves - não há cânticos, mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º. E a música do vento é frio nos pardieiros. Na minha terra, porém, não há pardieiros, que são todos na Pérsia ou na China, ou em países inefáveis. A minha terra não é inefável. A vida da minha terra é que é inefável. Inefável é o que não pode ser dito. Jorge de Sena
  • 10. 9 O jacarandá florido Brando cantar trazia Branda a viola da noite Branda a flauta do dia O Jacarandá florido Brando cantar trazia O vinho doce da noite A água clara do dia Quem o olhava bebia Quem o olhava escutava O jacarandá florido Que o silêncio cantava Matilde Rosa Araújo As Fadas Verdes, Ed. Civilização, 1994
  • 11. 10 Magnólias nascem vazias de amarelo as magnólias que se inclinam oblíquas a uma terra despovoada da dimensão da flor murmuram suas pétalas pelo vento galopante e assustado fugido dos desertos que eram florestas lentas azuis as estrelas estalam agapantos jacarandás sangue adormecido dos fenómenos que os olhos à luz fazem desaparecer ausentes as asas adormecem trilhos estilhaçados na terra onde o longe e a distância permanecem na tortura do pensamento sem etecétera Ó as searas de flores os gerânios as açucenas os corações abertos dos rapazes aos lilases perfume de entrega permanente musculado e frágil advento de um tempo que há-de partir mergulhado nos estames das mãos para se transmutar em beijos oferecidos às bocas
  • 12. 11 no chão da terra aturada e escura as magnólias pálidas sombrias escorrem mel torturado e morno onde rapazes deixam o abraço doce permanente como o pecado o orvalho da manhã reclama as magnólias que fecundadas devolvem à terra o sangue dos rapazes exaustos cansados é manhã a terra toda de repente desmaia atormentada nua e quente Henrique Levy Intensidades, euroexpress - 2001
  • 13. 12 A um carvalho Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés Vegetal! Falou com Deus também, E debaixo dos pés, inominada, tem A lei da vida em pedra natural! Forte como um destino, Calmo como um pastor, E sempre pontual e matutino A receber o frio e o calor! Barbas, rugas e veias De gigante. Mas, sobretudo, braços! Longos e negros desmedidos traços, Gestos solenes duma fé constante... Folhas verdes à volta do desejo Que amadurece. E nos olha a prece Da eternidade Eis o pai da montanha, o fálico pagão Que se veste de neve e guarda a mocidade No coração! Miguel Torga (1958)
  • 14. 13 A UM NEGRILHO Na terra onde nasci há um só poeta Os meus versos são folhas dos seus ramos. Quando chego de longe e conversamos, É ele que me revela o mundo visitado. Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada, E a luz do sol aceso ou apagado É nos seus olhos que se vê pousada. Esse poeta és tu, mestre da inquietação Serena! Tu, imortal avena Que harmonizas o vento e adormeces o imenso Redil de estrelas ao luar maninho. Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso Onde os pássaros e o tempo fazem ninho! Miguel Torga Antologia Poética, 5.ª ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999
  • 15. 14 VELHAS ÁRVORES Estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem: Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! Olavo Bilac
  • 16. 15 Os pássaros nascem na ponta das árvores As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores Os pássaros começam onde as árvores acabam Os pássaros fazem cantar as árvores Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal Como pássaros poisam as folhas na terra quando o outono desce veladamente sobre os campos Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores mas deixo essa forma de dizer ao romancista é complicada e não se dá bem na poesia não foi ainda isolada da filosofia Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros Quem é que lá os pendura nos ramos? De quem é a mão a inúmera mão? Eu passo e muda-se-me o coração Ruy Belo
  • 17. 16 ÁRVORES São plátanos palmeiras castanheiros jacarandás amendoeiras e até as oliveiras que quando a noite cai na infância formam uma cortina escura na estrada frente à casa árvores apagando os dias que a memória avidamente esconde no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente na terra essa raiz do branco plátano adolescente e o campo do tempo onde as palmeiras eram pilares do corpo nu símbolo de si mesmo, à luz do dia fixo, já se estende na húmida manhã dos castanheiros Esquecimento que tudo enfim possuis e geras a ofuscante luz igual à da memória, do tempo como ela filho, construtor da ausência, em vão te invoco Tu que mudas a roxa amendoeira em brancas flores do jacarandá entrega a minha vida às árvores que foram na manhã e no crepúsculo no meio-dia e na noite, palavra clara que traz o dia em si fechado Gastão Cruz (2000)
  • 18. 17 ÁRVORES DO ALENTEJO Horas mortas... curvadas aos pés do Monte A planície é um brasido... e, torturadas, As árvores sangrentas, revoltadas, Gritam a Deus a bênção duma fonte! E quando, manhã alta, o sol postonte A oiro a giesta, a arder, pelas estradas, Esfíngicas, recortam desgrenhadas Os trágicos perfis no horizonte! Árvores! Corações, almas que choram, Almas iguais à minha, almas que imploram Em vão remédio para tanta mágoa! Árvores! Não choreis! Olhai e vede: - Também ando a gritar, morta de sede, Pedindo a Deus a minha gota de água! ! Florbela Espanca (Sonetos)
  • 19. 18 Quando um ramo de doze badaladas Quando um ramo de doze badaladas se espalhava nos móveis e tu vinhas solstício de mel pelas escadas de um sentimento com nozes e com pinhas, Menino eras de lenha e crepitavas porque do fogo o nome antigo tinhas e em sua eternidade colocavas o que a infância pedia às andorinhas. Depois nas folhas secas te envolvias de trezentos e muitos lerdos dias e eras um sol na sombra flagelado. O fel que por nós bebes te liberta e no manso natal que te conserta só tu ficaste a ti acostumado. Natália Correia Poesia Completa, Publicações Dom Quixote (1999)
  • 20. 19 Árvore verde Árvore verde, Meu pensamento Em ti se perde. Ver é dormir Neste momento. Que bom não ser 'Stando acordado ! Também em mim enverdecer Em folhas dado ! Tremulamente Sentir no corpo Brisa na alma ! Não ser quem sente, Mas tem a calma. Eu tinha um sonho Que me encantava. Se a manhã vinha, Como eu a odiava ! Volvia a noite, E o sonho a mim. Era o meu lar, Minha alma afim. Depois perdi-o. Lembro ? Quem dera ! Se eu nunca soube O que ele era. Fernando Pessoa (Poesias Inéditas)
  • 21. 20 Como um vento na floresta Como um vento na floresta. Minha emoção não tem fim. Nada sou, nada me resta. Não sei quem sou para mim. E como entre os arvoredos Há grandes sons de folhagem, Também agito segredos No fundo da minha imagem. E o grande ruído do vento Que as folhas cobrem de som Despe-me do pensamento: Sou ninguém, temo ser bom. Fernando Pessoa (Poesias Inéditas)
  • 22. 21 Entre o luar e o arvoredo Entre o luar e o arvoredo, Entre o desejo e não pensar Meu ser secreto vai a medo Entre o arvoredo e o luar. Tudo é longínquo, tudo é enredo. Tudo é não ter nem encontrar. Entre o que a brisa traz e a hora, Entre o que foi e o que a alma faz, Meu ser oculto já não chora Entre a hora e o que a brisa traz. Tudo não foi, tudo se ignora. Tudo em silêncio se desfaz. Fernando Pessoa (Poesias inéditas)
  • 23. 22 Há um murmúrio na floresta Há um murmúrio na floresta, Há uma nuvem e não já. Há uma nuvem e nada resta Do murmúrio que ainda está No ar a parecer que há. É que a saudade faz viver, E faz ouvir, e ainda ver, Tudo o que foi e acabará Antes que tenha o que esquecer Como a floresta esquece já. Fernando Pessoa (Poesias inéditas)
  • 24. 23 Nos Altos Ramos Nos altos ramos de árvores frondosas O vento faz um rumor frio e alto, Nesta floresta, em este som me perco E sozinho medito. Assim no mundo, acima do que sinto, Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma, E nada tem sentido — nem a alma Com que penso sozinho. Ricardo Reis
  • 25. 24 Os gemidos da árvore A Árvore, em pé, no meio das planuras, cheia de riso e flor, verduras, passarinhos, - Ela é o guarda-sol dos frutos e dos ninhos. - É o teto nupcial das conversadas puras. O humilde cavador que foiça as ervas duras dos broncos matagais e escalrachos maninhos, sob ela faz o seu leito, ao cruzar os caminhos, torrado da soalheira ou nas sombras escuras. Contudo, o Homem ingrato esquece a Árvore amiga e prefere a Cidade e a balbúrdia inimiga, onde a alma corrompe em orgias triviais. Mas a Árvore lá fica, a espreitar nas ramadas como a mãe lacrimosa, a olhar sempre as estradas - a ver se o filho volta à cabana dos pais! Gomes Leal, Claridades do Sul
  • 26. 25 Eu e Ela Cobertos de folhagem, na verdura, O teu braço ao redor do meu pescoço, O teu fato sem ter um só destroço, O meu braço apertando-te a cintura; Num mimoso jardim, ó pomba mansa, Sobre um banco de mármore assentados. Na sombra dos arbustos, que abraçados, Beijarão meigamente a tua trança. Nós havemos de estar ambos unidos, Sem gozos sensuais, sem más ideias, Esquecendo para sempre as nossas ceias, E a loucura dos vinhos atrevidos. Nós teremos então sobre os joelhos Um livro que nos diga muitas cousas Dos mistérios que estão para além das lousas, Onde havemos de entrar antes de velhos. Outras vezes buscando distração, Leremos bons romances galhofeiros, Gozaremos assim dias inteiros, Formando unicamente um coração. Beatos ou pagãos, vida à paxá, Nós leremos, aceita este meu voto, O Flos-Sanctorum místico e devoto E o laxo Cavalheiro de Flaublas... Cesário Verde
  • 27. 26 A Fermosura Fresca Serra A fermosura fresca serra, E a sombra dos verdes castanheiros, O manso caminhar destes ribeiros, Donde toda a tristeza se desterra; O rouco som do mar, a estranha terra, O esconder do Sol pelos outeiros, O recolher dos gados derradeiros, Das nuvens pelo ar a branda guerra; Enfim, tudo o que a rara natureza Com tanta variedade nos of'rece, Me está se não te vejo magoando. Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; Sem ti, perpetuamente estou passando Nas mores alegrias, mor tristeza. Luís Vaz de Camões, Sonetos
  • 28. 27 Ai Flores, Ai Flores do Verde Pino Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mh á jurado! Ai Deus, e u é? Vós me preguntades polo voss'amigo, e eu ben vos digo que é san' e vivo: Ai Deus, e u é Vós me preguntades polo voss'amado, e eu ben vos digo que é viv' e sano: Ai Deus, e u é? E eu bem vos digo que é san' e vivo e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido: Ai Deus, e u é? E eu ben vos digo que é viv' e sano e seerá vosc' ant' o prazo passado: Ai Deus, e u é? El-rei Dom Dinis