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Semana da Leitura
                                                                21 – 30 de Março de 2011
   A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
[ONU] declarou 2011 Ano Internacional das Florestas
[AIF] com o intuito de despertar a consciência das pessoas
para o papel central que devem desempenhar na gestão,
na conservação e no desenvolvimento sustentado de todos
os tipos de floresta. Por esta razão, o mote escolhido para
o AIF é «Florestas para todos».
   Os elementos iconográficos que compõem o logótipo do
Ano Internacional das Florestas representam, numa
perspectiva global, alguns dos benefícios proporcionados
pelas florestas: as florestas dão abrigo às populações, são
reservas de biodiversidade da flora e da fauna, são fonte
de água pura, de alimento, de substâncias curativas e de
outras matérias-primas e contribuem decisivamente para a
estabilidade do clima e do ambiente…
   Assim se compreenderá a importância vital das flores-
tas para a sobrevivência e o bem-estar dos cerca de sete
mil milhões de habitantes do nosso planeta!



                   Arvoredos:
          brevíssima antologia da árvore
              em poesia e em prosa

                     Uma co-produção
                              das
                   Bibliotecas Escolares
                              da
               Escola Secundária José Régio
                       [Vila do Conde]
                             e da
 Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Carlos Pinto Ferreira
                         [Junqueira]


                         Imagem da capa
              CESARE DA SESTO [Itália, 1477 – 1523]
                        Estudo de Árvore
    Pena e tinta sobre giz preto em papel azul, 392 x 265 mm
       Royal Collection, Windsor, Inglaterra, Reino Unido
       URL: http://www.wga.hu/art/c/cesare/ztree.jpg

           Logótipo do Ano Internacional das Florestas
  URL: http://www.florestas2011.org.pt/images/stories/aif.jpg
À SOMBRA DE ÁRVORES COM HISTÓRIA [Prefácio]                   LA FORÊT

    São seres silenciosos que, a nosso lado, partilham quo-   La forêt est une magicienne,
tidianamente a mesma única vida, a sua e a nossa vida.        Mille espèces, mille couleurs,
Mal damos por elas, as árvores, tão comum e familiar é a      Mille sensations fantastiques
sua antiquíssima presença perto de nós, e tão anónima. A      Essentielles pour les êtres vivants.
maior parte das vezes pouco mais somos capazes de dizer
do que «árvore», ou «árvores», porque também as nossas        Mais ce joli conte de fées
palavras se foram, pouco a pouco, tornando silenciosas. E,    Est détruit.
no entanto, cada árvore, como cada um de nós, é um ser
absoluto e irrepetível, idêntico apenas mutantemente a si     Plus d’arbres détruits,
mesmo, uma vida única com uma história única, um passa-       Moins d’oxygène,
do para sempre atado, de forma única, ao nosso próprio        Moins d’espèces,
passado.                                                      Moins d’espaces verts.
    […]
                                                              Vanessa Azevedo, Elvira Camardi, Eleanora Kuzina
Manuel António Pina                                           [ 8ºB, Escola Secundária José Régio]
[Portugal, 1943]


                                                              ÁRVORES
A FERMOSURA DESTA FRESCA SERRA
                                                              Árvores negras que falais ao meu ouvido,
A fermosura desta fresca serra,                               Folhas que não dormis, cheias de febre,
e a sombra dos verdes castanheiros,                           Que adeus é este adeus que me despede
o manso caminhar destes ribeiros,                             E este pedido sem fim que o vento perde
donde toda a tristeza se desterra;                            E esta voz que implora, implora sempre
                                                              Sem que ninguém lhe tenha respondido?
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,                             Sophia de Mello Breyner Andresen
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;
                                                              [EU NUNCA GUARDEI REBANHOS]
enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos of’rece                               […]
me está (se te não vejo) magoando.                            Saúdo todos os que me lerem,
                                                              Tirando-lhes o chapéu largo
Sem ti, tudo m’enoja e m’avorrece;                            Quando me vêm à minha porta
sem ti, perpetuamente estou passando                          Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
nas mores alegrias, mor tristeza.                             Saúdo-os e desejo-lhes sol,
                                                              E chuva, quando a chuva é precisa,
Luís Vaz de Camões                                            E que as suas casas tenham
[Portugal, ca. 1524 - 1580]                                   Ao pé duma janela aberta
                                                              Uma cadeira predilecta
                                                              Onde se sentem, lendo os meus versos.
                                                              E ao lerem os meus versos pensem
SOBRE AS ÁRVORES                                              Que sou qualquer coisa natural ―
                                                              Por exemplo, a árvore antiga
    Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço       À sombra da qual quando crianças
com elas todas as noites, embalado pela sua sombra. Lem-      Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
bro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro as suas        E limpavam o suor da testa quente
folhas, caindo de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu        Com a manga do bibe riscado.
espero que cresçam, que me esperem, que me abriguem
nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do    Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa
mar não muito longe. Tenho, a cada minuto, saudades
dessas árvores.

Francisco José Viegas                                         OS LIVROS QUE DEVORARAM O MEU PAI
[Portugal, 1962]
                                                                 […]
                                                                 Para uns, a raiz é a parte invisível que permite à árvore
                                                              crescer. Para mim, a raiz é a parte invisível que a impede
CANÇÃO INFANTIL
                                                              de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um
                                                              pássaro falhado.
Era um amieiro.                                                  […]
Depois uma azenha.
E junto                                                       Afonso Cruz
um ribeiro.                                                   [Portugal, 1971]

Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder.

Eugénio de Andrade
[Portugal, 1923 – 2005]
TREES                                                          A CIDADE E AS SERRAS
                                                                    […]
I think that I shall never see                                      ― E em breve os nossos males esqueceram ante a
A poem lovely as a tree.                                       incomparável beleza daquela serra bendita!
                                                                    Com que brilho e inspiração copiosa a compusera o
A tree whose hungry mouth is prest                             Divino Artista que faz as serras, e que tanto as cuidou, e
Against the earth's sweet flowing breast;                      tão ricamente as dotou, neste seu Portugal bem-amado! A
                                                               grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente
                                                               cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e
A tree that looks at God all day,
                                                               redondos, de um verde tão moço, que eram como um mus-
And lifts her leafy arms to pray;                              go macio onde apetecia cair e rolar. Dos pendores, sobran-
                                                               ceiros ao carreiro fragoso, largas ramarias estendiam o seu
A tree that may in summer wear                                 toldo amável, a que o esvoaçar leve dos pássaros sacudia a
A nest of robins in her hair;                                  fragrância. Através dos muros seculares, que sustêm as
                                                               terras liados pelas heras, rompiam grossas raízes coleantes
Upon whose bosom snow has lain;                                a que mais hera se enroscava. Em todo o torrão, de cada
Who intimately lives with rain.                                fenda, brotavam flores silvestres. Brancas rochas, pelas
                                                               encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido
                                                               pelo vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silva-
Poems are made by fools like me,
                                                               dos floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas:
But only God can make a tree.                                  e, de entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre
                                                               que para lá galgara, todo machucado e torto, espreitava
Alfred Joyce Kilmer                                            pelos postigos negros, sob desgrenhadas farripas de verdu-
[E.U.A., 1886 – França, 1918]
                                                               ra, que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a
                                                               água sussurrante, a água fecundante… Espertos regatinhos
ÁRVORES                                                        fugiam, rindo com os seixos, de entre as patas da égua e
                                                               do burro; grossos ribeiros açodados saltavam com fragor de
Parece-me que nunca ninguém há-de                              pedra em pedra; fios direitos e luzidios como cordas de
Ver poema tão belo como a árvore.                              prata vibravam e faiscavam das alturas aos barrancos; e
                                                               muita fonte, posta à beira das veredas, jorrava por uma
Árvore que sua boca não desferra                               bica, beneficamente, à espera dos homens e dos gados…
Do seio doce e liberal da terra;                               Todo um cabeço por vezes era uma seara, onde um vasto
                                                               carvalho ancestral, solitário, dominava como seu senhor e
                                                               seu guarda. Em socalcos verdejavam laranjais rescenden-
Árvore, sempre de Deus a ver imagem
                                                               tes. Caminhos de lajes soltas circundavam fartos prados
E erguendo em reza os braços de folhagem;                      com carneiros e vacas retouçando ― ou mais estreitos,
                                                               entalados em muros, penetravam sob ramadas de parra
Árvore que pode usar, como capelo,                             espessa, numa penumbra de repouso e frescura. Trepáva-
Ninhos de pintarroxo no cabelo;                                mos então alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze case-
                                                               bres, sumidos entre figueiras, onde se esgaçava, fugindo
Em cujo peito a neve esteve assente;                           do lar pela telha vã, o fumo branco e cheiroso das pinhas.
Que vive com a chuva intimamente.                              Nos cerros remotos, por cima da negrura pensativa dos
                                                               pinheirais, branquejavam ermidas. O ar fino e puro entrava
                                                               na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso
Os tontos, como eu, fazem poesia;
                                                               tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas…
Uma árvore, só Deus é que a faria.                                  Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava:
                                                                    ― Que beleza!
Alfred Joyce Kilmer                                                 E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava:
Versão portuguesa de autor anónimo
                                                                    ― Que beleza!
                                                                    […]
PEDRO ALECRIM
                                                               José Maria Eça de Queirós
     […]                                                       [Portugal, 1845 – França, 1900]
     Acabaram as aulas.
     […]
     Fui à escola no último dia, embora soubesse que não ia    ÁRVORE
haver aulas.
     […]                                                       Oh árvore bela!
     Deitei uns baldes de água à tília que eu e o Nicolau      a mais bela árvore que já vi
plantámos no Dia da Árvore.                                    até Camões escreveu sobre ela
     Gosto da tília. É a mais forte de todas as árvores que    um poema que agora percebi.
foram plantadas. Oxalá ninguém se lembre de a partir.          E tu, só tu, oh árvore, és:
     O Dia da Árvore foi um dos mais bonitos da escola. Os     diversidade animal,
funcionários da Câmara trouxeram as plantas e fizeram os       beleza primaveril,
buracos. Nós não quisemos que nos ajudassem, estávamos         coloração outonal,
habituados a fazer buracos com um metro de largura e           e encanto subtil.
outro de fundo para plantar videiras.                          Então eu digo!
     Gosto da tília. Sei que vai demorar muitos anos a ficar   Maldita seja a humanidade
vistosa. Mas quando for alta e grossa e quando os pássaros     que te corta sem fim
fizerem ninhos nos seus ramos, deve ser bom dizer: ―esta       pois quando teus ramos se perdem por maldade
tília foi plantada por mim!‖.                                  perde-se um pouco de ar em mim…
     […]
                                                               João Lobo
António Mota                                                   [10º CT5, Escola Secundária José Régio]
[Portugal, 1957]
PLANTAR UMA FLORESTA                           UM REINO MARAVILHOSO (TRÁS-OS-MONTES)

Quem planta uma floresta                           […]
planta uma festa.                                  Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão
                                               e vinho. Mas dá. […]
Planta a música e os ninhos,                       De figos, nozes, amêndoas, maçãs, peras, cerejas e
faz saltar os coelhinhos.                      laranjas nem vale a pena falar. São mimos de um pomar
                                               variegado, que nenhuma imaginação descreve quando a
Planta o verde vertical,                       primavera estala nos ramos. Ver uma encosta de Barca de
verte o verde,                                 Alva coberta de flores de amendoeira, ou o solar de Mateus
vário verde vegetal.                           a emergir dum mar de corolas sortidas, é contemplar o
                                               inefável. Mas o fruto dos frutos, o único que ao mesmo
Planta o perfume                               tempo alimenta e simboliza, cai dumas árvores altas,
das seivas e flores,                           imensas, centenárias, que, como puras vestais, parecem
solta borboletas de todas as cores.            encarnar a virgindade da própria paisagem. Só em Novem-
                                               bro as agita uma inquietação funda, dolorosa, que as faz
Planta abelhas, planta pinhões                 lançar ao chão lágrimas que são ouriços. Abrindo-as, essas
e os piqueniques das excursões.                lágrimas eriçadas de espinhos deixam ver numa cama fofa
                                               a maravilha singular de que falo, tão desafectada que até
Planta a cama mais a mesa.                     no próprio nome é modesta ― a castanha. Assada, no S.
Planta o calor da lareira acesa.               Martinho, serve de lastro à prova do vinho novo. Cozida, no
Planta a folha de papel,                       Janeiro glacial, aquece as mãos e a boca de pobres e ricos.
A girafa do carrocel.                          Crua, engorda os porcos, com a vossa licença…
                                                   […]
Planta barcos para navegar,
E a floresta flutua no mar.                    Miguel Torga

Planta carroças para rodar,
                                               CANÇÃO NOCTURNA DO VIANDANTE - II
Muito a floresta vai transportar.
Planta bancos de avenida,
Descansa a floresta de tanta corrida.          Sobre todos os montes
                                               Há paz,
Planta um pião                                 Em todas as frondes
Na mão de uma criança:                         Quase não dás que passe a aragem.
A floresta ri, rodopia e avança.               Calam-se as aves no arvoredo.
                                               Espera! Bem cedo
Luísa Ducla Soares                             É o fim da viagem.
[Portugal, 1939]
                                               Johann Wolfgang von Goethe
                                               [Alemanha, 1749 – 1832]
                                               Versão portuguesa de Jorge de Sena
AS ÁRVORES E OS LIVROS
                                               PRIMAVERA
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos             Primavera!
de flores e letras de oiro nas lombadas.       Recuperação de todas as coisas,
                                               todas as flores abertas…
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,                 Primavera!
que se podem ler nas suas páginas,             O verde chorão, o pêssego vermelho
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.            o canto do rouxinol, a dança das andorinhas...

As florestas são imensas bibliotecas,          Primavera!
e até há florestas especializadas,             Dos ramos brotaram novas folhas
com faias, bétulas e um letreiro               e flores novas, perfumadas.
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
                                               Primavera!
É evidente que não podes plantar               Esperamos a luz
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.         no seu voo de sonho.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.                 Qiqi Ye
                                               [10º CT3, Escola Secundária José Régio]
Jorge Sousa Braga
[Portugal, 1957]                               ÁRVORE

                                               Se os poemas nascessem das árvores
                                               Então nós, sentados à sua sombra
SÚBITO AGUACEIRO                               Veríamos nos seus ramos
                                               Os seus frutos
Súbito aguaceiro:                              Transformarem-se em versos.
chapéu de chuva farei
deste castanheiro.                             Sara Oliveira
                                               [10º SE, Escola Secundária José Régio]
Jorge Vilhena Mesquita
[Portugal, 1960]
POEMA DAS ÁRVORES                                          A FLORESTA

As árvores crescem sós. E a sós florescem.                     Era uma vez uma quinta toda cercada de muros.
                                                               Tinha arvoredos maravilhosos e antigos, lagos, fontes,
Começam por ser nada. Pouco a pouco                        jardins, pomares, bosques, campos e um grande parque
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.             seguido por um pinhal que avançava quase até ao mar.
                                                               A quinta ficava nos arredores de uma cidade. O seu
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,           pesado portão era de ferro forjado pintado de verde.
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.         Quem entrava via logo uma grande casa rodeada por tílias
                                                           altíssimas cujas folhas, de um lado verdes e de outro lado
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,   quase brancas, palpitavam na brisa.
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,        Era nessa casa que morava Isabel.
e os frutos dão sementes,                                      […]
e as sementes preparam novas árvores.                          Isabel não tinha irmãos e por isso sabia brincar sozinha
                                                           e conversar com as árvores, com as pedras e com as flores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
                                                               Todos os dias ela percorria a quinta. No Outono apa-
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
                                                           nhava castanhas esmagando com o pé os ouriços verdes.
Sós.
                                                           No Inverno colhia violetas e camélias. Na Primavera trepa-
De dia e de noite.
                                                           va às cerejeiras para comer as primeiras cerejas doces,
Sempre sós.
                                                           escuras e vermelhas. E também subia às árvores onde
                                                           todos os anos havia ninhos, ninhos redondos feitos de
Os animais são outra coisa.
                                                           ervas, folhas secas e penas e que tinham lá dentro quatro
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
                                                           ovos verdes sarapintados de castanho. Caminhava entre o
fazem amor e ódio, e vão à vida
                                                           trigo que era como um doce mar, aéreo e leve. Às vezes
como se nada fosse.
                                                           passava horas a ler sob o caramanchão onde as flores lila-
As árvores, não.                                           ses das glicínias pendiam em grandes cachos perfumados
Solitárias, as árvores,                                    rodeados de abelhas. Ou caminhava devagar na luz verde
Exauram terra e sol silenciosamente.                       do parque escutando o rumor das altas copas dos plátanos.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.                  E conhecia o lugar onde, escondidos entre as ervas e
                                                           folhas, cresciam os morangos selvagens.
Estendem os braços como se implorassem;                        […]
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.                           Sophia de Mello Breyner Andresen
                                                           [Portugal, 1919 – 2004]
Sós, sempre sós.
                                                           ARQUIVOS DO NORTE
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
                                                               […]
Virtude vegetal viver a sós                                    Contemplemos antes este mundo que ainda não atra-
e entretanto dar flores.                                   vancamos, estas léguas de floresta cortadas por charnecas
                                                           que se estende quase ininterrompida de Portugal até à
António Gedeão                                             Noruega, das dunas às futuras estepes russas. Recriemos
[Portugal, 1906-1997]                                      em nós este oceano verde, não imóvel, como é a maioria
                                                           das nossas representações do passado, mas em movimento
                                                           e mudança no decorrer das horas, dos dias e das estações
ACASO VISTE A CHAMA BRANCA                                 que fluem sem terem sido medidos pelos nossos calendá-
                                                           rios nem pelos nossos relógios. Vejamos as árvores de folha
Acaso viste a chama branca onde o perfume dorme?           caduca ficarem encarnadas no Outono e os pinheiros
— o botão da magnólia.                                     balançarem na Primavera as suas agulhas novas ainda
                                                           cobertas por uma fina cápsula castanha. Mergulhemos
Jorge Vilhena Mesquita                                     neste silêncio quase virgem de barulhos e de utensílios
                                                           humanos, onde se ouvem apenas os bandos de aves ou o
                                                           seu chamamento de aviso quando um inimigo, doninha ou
                                                           esquilo, se aproxima, o zumbido de miríades de mosquitos,
O FREIXO
                                                           ao mesmo tempo predadores e presas, o rugido de um urso
                                                           que procura na fenda de um tronco um favo de mel que as
Alto freixo redondo apazigua                               abelhas defendem a zumbir, ou ainda o estertor de um
Entre verdes pinhais a minha aldeia,                       veado despedaçado por um lince.
E, toucado de pássaros, à lua,                                 […]
Parece uma mulher que se penteia.                              O Sol aquece a ténue crosta viva, faz sair os rebentos e
                                                           fermentar os cadáveres, puxa do solo um vapor que a
Pede-lhe o vento norte segurança,                          seguir dissipa. Depois, grandes bancos de bruma velam as
Toca-lhe o pé água de fresco poço;                         cores, abafam os ruídos, recobrem as planuras da terra e
Eu, tornado a meus olhos de criança,                       as ondulações do mar com uma única e espessa toalha
Em seu casto perfil me sinto moço.                         cinzenta. A chuva sucede-lhe, ressoando sobre biliões de
                                                           folhas, bebida pela terra, sugada pelas raízes; o vento
Seus ramos vejo como via os anjos
                                                           dobra as árvores novas, abate os velhos troncos, varre tudo
Que à vida me trouxeram pequenino.
                                                           com um imenso rumor. Enfim, voltando de novo, o silên-
Ó imaginação, que altos arranjos
                                                           cio, a neve imóvel sem outra marca na sua superfície que
Fazes às coisas simples transtornadas:                     não seja a dos cascos, das patas ou das garras, ou as estre-
Vinhas em flor, um breve freixo fino,                      las que os pássaros gravam quando nelas poisam.
Cães, colmeias sem mel, águas passadas!                        […]
                                                           Marguerite Yourcenar
                                                           [Bélgica, 1903 – E.U.A., 1987]
Vitorino Nemésio
                                                           Versão portuguesa de Helena Vaz da Silva e Alberto Vaz da Silva
[Portugal, 1901 - 1978]
ODISSEIA                                                        RAÍZES

[…]                                                             Quem me dera ter raízes,
Fora do pátio, começando junto às portas, estendia-se           que me prendessem ao chão.
o enorme pomar, com uma sebe de cada um dos lados.              Que não me deixassem dar
Nele crescem altas árvores, muito frondosas,                    um passo que fosse em vão.
pereiras, romãzeiras e macieiras de frutos brilhantes;
figueiras que davam figos doces e viçosas oliveiras.            Que me deixassem crescer
Destas árvores não murcha o fruto, nem deixa de crescer         silencioso e erecto,
no inverno nem no verão, mas dura todo o ano.                   como um pinheiro de riga,
Continuamente o Zéfiro faz crescer uns, amadurecendo            uma faia ou um abeto.
                                                     [outros.
A pêra amadurece sobre outra pêra; a maçã sobre outra           Quem me dera ter raízes,
                                                      [maçã;    raízes em vez de pés.
Cacho de uvas sobre outro cacho; figo sobre figo.               Como o lódão, o aloendro,
                                                                o ácer e o aloés.
Aí está também enraizada a vinha com muitas videiras:
parte dela é em local plano de temperatura amena,               Sentir a copa vergar,
seco pelo sol; na outra, homens apanham uvas.                   quando passasse um tufão.
Outras uvas são pisadas. À frente estão uvas verdes             E ficar bem agarrado,
que deixam cair a sua flor; outras se tornam escuras.           pelas raízes, ao chão.

Junto à última fila da vinha crescem canteiros de flores        Jorge Sousa Braga
de toda a espécie, em maravilhosa abundância.
Há duas nascentes de água: uma espalha-se por todo
o jardim; do outro lado, a outra flui sob o limiar do pátio
em direcção ao alto palácio: dela tirava o povo a sua água.     EM BELEZA A NATUREZA FLORESCE
Tais eram os belos dons dos deuses em casa de Alcínoo.
[…]                                                             Em beleza a natureza floresce
                                                                Floresce a nossa vida,
Homero                                                          Vida que nós temos de conservar e amar
[Grécia Antiga, ca. século VIII a.C.]                           Amar e cuidar…
Versão portuguesa de Frederico Lourenço                         Cuidar porque dela dependemos,
                                                                Dependemos e mudámos…
                                                                Mudámos a vida humana, animal e vegetal,
[NOS ALTOS RAMOS DE ÁRVORES FRONDOSAS]                          Vegetal que pertence ao mundo natural…
                                                                Natural porque toda a natureza o é.
                                                                È como se a natureza fosse a nossa casa,
Nos altos ramos de árvores frondosas
                                                                Casa que temos de amar, cuidar e preservar…
O vento faz um rumor frio e alto,
                                                                Preservar pois é uma das fontes da nossa vida,
Nesta floresta, em este som me perco
                                                                Vida essa que se deve aproveitar da melhor maneira,
       E sozinho medito.
                                                                Maneira essa que passa por cuidar da Natureza,
Assim no mundo, acima do que sinto,
                                                                Natureza que é tudo o que nos rodeia …
Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma,
                                                                Rodeia de vida e saúde,
E nada tem sentido ― nem a alma
                                                                Saúde pois as árvores são como os nossos pulmões,
       Com que penso sozinho.
                                                                Pulmões que nos garantem a vida neste mundo,
                                                                Mundo muito poluído,
Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa
[Portugal, 1888 - 1935]                                         Poluído devido ao homem!

                                                                E agora o Homem tem que o preservar
A UM NEGRILHO                                                   Custe o que custar!

Na terra onde nasci há um só poeta.                             Poema Colectivo da Turma 10º CT4
                                                                [Escola Secundária José Régio]
Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.                           A UMA ÁRVORE AMIGA
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do Sol aceso ou apagado                                 De muito pequenina te conheço.
É nos seus olhos que se vê pousada.                             Lembras-te de brincarmos ao crescer?
                                                                Tu me ganhavas sempre, que mais baixa
Esse poeta és tu, mestre da inquietação                         fiquei eu sempre sendo,
Serena!                                                         de assim ser.
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso                     De muito amedrontada te conheço.
Redil de estrelas ao luar maninho.                              Lembras-te das geadas e dos frios?
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso                           Eu te ganhava sempre que fugindo
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho.                         em casa aconchegava
                                                                os arrepios.
Miguel Torga
[Portugal, 1907 – 1995]                                         De muito pequenina te conheço.
                                                                E se algum dia me esquecer de ti,
                                                                é de mim que me esqueço.

                                                                Maria Alberta Menéres
                                                                [Portugal, 1930]
ÁRBOLES                                                       ÁRVORES

Las hojas caen de los árboles                                 Sobre as árvores
Yo las veo cayendo                                            Nem sei o que dizer
Pero, cuando llega la primavera                               Mas sem elas
Las veo naciendo.                                             Não íamos conseguir viver.

Cuando se piensa en Naturaleza,                               Olha à tua volta
Todos tenemos una certeza                                     Sente o vento soprar
Tenemos que proteger el ambiente                              E não te esqueças
Para crear una fortaleza.                                     De as árvores ajudar.

Tenemos una misión,                                           Ariana Helena Barbosa
Es una obligación cumplirla                                   [10º AV2, Escola Secundária José Régio]
Acabar con la contaminación
Para que todo el mundo sonría.
                                                              PLANTEMOS EL ÁRBOL
No destruyas la floresta
Porque yo quiero vivir
Y si sigues destruyéndola                                     Abramos la tierra, plantemos el árbol,
¿Cómo vamos a resistir?                                       será nuestro amigo y aquí crecerá,
                                                              y un día vendremos buscando su abrigo
Poema colectivo da turma 12ºLH2                               y flores y frutas y sombra dará.
[Escola Secundária José Régio]                                El cielo benigno dé riego a su planta,
                                                              el sol de setiembre le dé su calor,
                                                              la tierra su jugo dará a sus raíces
                                                              y tengan sus hojas verdura y frescor.
HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL                              Plantemos el árbol, el árbol amigo ;
[…]                                                           sus ramas frondosas aquí extenderá,
    ― Pronto ― disse Hagrid. ― Então ouçam bem, porque o      y un día vendremos buscando sus flores
que vamos fazer esta noite é perigoso e eu não quero que      y sombras y frutas y flores dará.
ninguém corra riscos. Sigam-me por um momento.
                                                              Enrique E. Rivarola
    Conduziu-os à orla da floresta. Segurando a lanterna
                                                              [Argentina, 1862 - 1931]
acima da cabeça mostrou-lhes um caminho estreito de
terra batida que desaparecia no meio das árvores negras e
espessas. Uma leve brisa roçou-lhes os cabelos enquanto
                                                              ALGUMAS PROPOSIÇÕES COM PÁSSAROS E ÁRVORES QUE
olhavam para a floresta.
                                                              O POETA REMATA COM UMA REFERÊNCIA AO CORAÇÃO
    […]
    A floresta estava negra e silenciosa. Pouco adiante
havia uma bifurcação. Harry, Hermione e Hagrid tomaram        Os pássaros nascem na ponta das árvores
o caminho da esquerda; Malfoy, Neville e Fang, o da direi-    As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
ta.                                                           Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
    Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e      Os pássaros começam onde as árvores acabam
ali um raio de luar, passando através dos ramos das árvo-     Os pássaros fazem cantar as árvores
res, deixava ver uma mancha de sangue prateado sobre as       Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
folhas caídas.                                                deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
    Harry apercebeu-se da grande preocupação que domi-        Como pássaros poisam as folhas na terra
nava Hagrid.                                                  quando o outono desce veladamente sobre os campos
    ― Achas que um lobisomem poderia andar a matar uni-       Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
córnios? ― perguntou o Harry.                                 mas deixo essa forma de dizer ao romancista
    ― Dificilmente ― disse Hagrid. ― Não é fácil agarrar um   é complicada e não se dá bem na poesia
unicórnio. São criaturas mágicas muito poderosas. Nunca       não foi ainda isolada da filosofia
soube de nenhum que tivesse sido ferido até agora.            Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
    Passaram por um tronco de árvore cortado e coberto de     Quem é que lá os pendura nos ramos?
musgo. Harry ouviu nitidamente água corrente, devia           De quem é a mão a inúmera mão?
haver ali por perto um riacho. Continuavam a ver-se man-      Eu passo e muda-se-me o coração
chas de sangue de unicórnio ao longo do caminho tortuoso.
                                                              Ruy Belo
    […]                                                       [Portugal, 1933 - 1978]
    Hagrid agarrou Harry e Hermione e fê-los sair do cami-
nho, escondendo-se todos atrás de um carvalho muito alto.
Puxou de uma seta e meteu-a no arco, pronto a disparar.       CARTA A MARCO TERÊNCIO VARRÃO
Os três ouviam atentamente. Algo arrastava as folhas secas
ali perto, parecia um manto, varrendo o chão. Hagrid
                                                              […] Se tens um jardim na biblioteca, nada te falta.
olhava fixamente o caminho escuro mas passados alguns
segundos o som desapareceu.                                   Marco Túlio Cícero
    ― Eu sabia ― murmurou. ― Anda por aí alguém que não       [Roma Antiga, 106 a.C. – 43 a.C.]
é daqui.
    […]

J. K. Rowling
[Inglaterra, 1965]
Versão portuguesa de Isabel Fraga
ALEGRES CAMPOS                          LA FORÊT

Alegres campos, verdes arvoredos,       L’agréable
Claras e frescas águas de cristal,      Agitation des
Que em vós os debuxais ao natural,
Discorrendo da altura dos rochedos;     Feuilles
                                        Offre aux
                                        Rameaux un
Silvestres montem, ásperos penedos,     Être
Compostos em concerto desigual:         Triomphal.
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.   Inês Costa, Francisca Cruz, Andreia Marques
                                        [8ºB, Escola Secundária José Régio]
E, pois me já não vedes como vistes,
Não me alegrem verduras deleitosas
Nem águas que correndo alegres vêm.     VIDA

                                        A natureza é tão bela
Semearei em vós lembranças tristes,
                                        E nasce vida dentro dela
Renegando-vos com lágrimas saudosas,
                                        Está a morrer a floresta
E nascerão saudades de meu bem.
                                        Vamos salvar o que resta![…]

 Luís de Camões                         O ciclo da vida
                                        Tem de continuar
LES ARBRES                              A terra é nossa amiga
                                        E nós temos de a ajudar.
Les arbres
Et les fleurs                           Daniela, Márcia Novo, Natacha
Sauvent la planète !                    [7ºC, Escola Secundária José Régio]

Arbres et fleurs
Rajeunissent                            HAIKU
Beaucoup de paysages.
Rafraîchissent                          Escondido sob a folhagem
Et                                      mesmo o apanhador de chá pára
Sauvent la planète !                    para escutar o cuco.
Poema colectivo da turma 8ºB
[Escola Secundária José Régio]          Matsuo Bashô
                                        [Japão, 1644 – 1694]
                                        Versão portuguesa de Jorge Sousa Braga
A UMA CEREJEIRA EM FLOR
                                        VELHAS ÁRVORES
Acordar, ser na manhã de Abril
                                        Olha estas velhas árvores, mais belas
a brancura desta cerejeira;
                                        Do que as árvores novas, mais amigas:
arder das folhas à raiz,
                                        Tanto mais belas quanto mais antigas,
dar versos ou florir desta maneira.
                                        Vencedoras da idade e das procelas…
o vento, a luz, ou o quer que seja;     O homem, a fera e o insecto à sombra delas
sentir o tempo, fibra a fibra,          Vivem, livres de fomes e fadigas;
a tecer o coração de uma cereja.        E em seus galhos abrigam-se as cantigas
                                        E os amores das aves tagarelas.
Eugénio de Andrade
                                        Não choremos, amigo, a mocidade!
                                        Envelheçamos rindo! Envelheçamos
NATUREZA                                Como as árvores fortes envelhecem:

A natureza é brilhante,                 Na glória da alegria e da bondade,
Como o mar é cintilante,                Agasalhando os pássaros nos ramos,
Para preservar,                         Dando sombra e consolo aos que padecem!
O mundo vamos ajudar!
                                        Olavo Bilac
É preciosa como um diamante,            [Brasil, 1865 – 1918]
É única como um cristal,
É bela e colorida                       PASTORAL
Como uma floresta tropical
As árvores são nossas amigas            Não há, não,
Temos que as ajudar                     duas folhas iguais em toda a criação.
Não as podemos cortar                   Ou nervura a menos, ou célula a mais,
Porque morremos sem ar.                 não há, de certeza, duas folhas iguais.
[…]                                     […]

 Ana Filipa, Lúcia, Verónica            António Gedeão
[7ºA, Escola Secundária José Régio]

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Arvoredos

  • 1. Semana da Leitura 21 – 30 de Março de 2011 A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas [ONU] declarou 2011 Ano Internacional das Florestas [AIF] com o intuito de despertar a consciência das pessoas para o papel central que devem desempenhar na gestão, na conservação e no desenvolvimento sustentado de todos os tipos de floresta. Por esta razão, o mote escolhido para o AIF é «Florestas para todos». Os elementos iconográficos que compõem o logótipo do Ano Internacional das Florestas representam, numa perspectiva global, alguns dos benefícios proporcionados pelas florestas: as florestas dão abrigo às populações, são reservas de biodiversidade da flora e da fauna, são fonte de água pura, de alimento, de substâncias curativas e de outras matérias-primas e contribuem decisivamente para a estabilidade do clima e do ambiente… Assim se compreenderá a importância vital das flores- tas para a sobrevivência e o bem-estar dos cerca de sete mil milhões de habitantes do nosso planeta! Arvoredos: brevíssima antologia da árvore em poesia e em prosa Uma co-produção das Bibliotecas Escolares da Escola Secundária José Régio [Vila do Conde] e da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Carlos Pinto Ferreira [Junqueira] Imagem da capa CESARE DA SESTO [Itália, 1477 – 1523] Estudo de Árvore Pena e tinta sobre giz preto em papel azul, 392 x 265 mm Royal Collection, Windsor, Inglaterra, Reino Unido URL: http://www.wga.hu/art/c/cesare/ztree.jpg Logótipo do Ano Internacional das Florestas URL: http://www.florestas2011.org.pt/images/stories/aif.jpg
  • 2. À SOMBRA DE ÁRVORES COM HISTÓRIA [Prefácio] LA FORÊT São seres silenciosos que, a nosso lado, partilham quo- La forêt est une magicienne, tidianamente a mesma única vida, a sua e a nossa vida. Mille espèces, mille couleurs, Mal damos por elas, as árvores, tão comum e familiar é a Mille sensations fantastiques sua antiquíssima presença perto de nós, e tão anónima. A Essentielles pour les êtres vivants. maior parte das vezes pouco mais somos capazes de dizer do que «árvore», ou «árvores», porque também as nossas Mais ce joli conte de fées palavras se foram, pouco a pouco, tornando silenciosas. E, Est détruit. no entanto, cada árvore, como cada um de nós, é um ser absoluto e irrepetível, idêntico apenas mutantemente a si Plus d’arbres détruits, mesmo, uma vida única com uma história única, um passa- Moins d’oxygène, do para sempre atado, de forma única, ao nosso próprio Moins d’espèces, passado. Moins d’espaces verts. […] Vanessa Azevedo, Elvira Camardi, Eleanora Kuzina Manuel António Pina [ 8ºB, Escola Secundária José Régio] [Portugal, 1943] ÁRVORES A FERMOSURA DESTA FRESCA SERRA Árvores negras que falais ao meu ouvido, A fermosura desta fresca serra, Folhas que não dormis, cheias de febre, e a sombra dos verdes castanheiros, Que adeus é este adeus que me despede o manso caminhar destes ribeiros, E este pedido sem fim que o vento perde donde toda a tristeza se desterra; E esta voz que implora, implora sempre Sem que ninguém lhe tenha respondido? o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do sol pelos outeiros, Sophia de Mello Breyner Andresen o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra; [EU NUNCA GUARDEI REBANHOS] enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos of’rece […] me está (se te não vejo) magoando. Saúdo todos os que me lerem, Tirando-lhes o chapéu largo Sem ti, tudo m’enoja e m’avorrece; Quando me vêm à minha porta sem ti, perpetuamente estou passando Mal a diligência levanta no cimo do outeiro. nas mores alegrias, mor tristeza. Saúdo-os e desejo-lhes sol, E chuva, quando a chuva é precisa, Luís Vaz de Camões E que as suas casas tenham [Portugal, ca. 1524 - 1580] Ao pé duma janela aberta Uma cadeira predilecta Onde se sentem, lendo os meus versos. E ao lerem os meus versos pensem SOBRE AS ÁRVORES Que sou qualquer coisa natural ― Por exemplo, a árvore antiga Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço À sombra da qual quando crianças com elas todas as noites, embalado pela sua sombra. Lem- Se sentavam com um baque, cansados de brincar, bro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro as suas E limpavam o suor da testa quente folhas, caindo de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu Com a manga do bibe riscado. espero que cresçam, que me esperem, que me abriguem nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa mar não muito longe. Tenho, a cada minuto, saudades dessas árvores. Francisco José Viegas OS LIVROS QUE DEVORARAM O MEU PAI [Portugal, 1962] […] Para uns, a raiz é a parte invisível que permite à árvore crescer. Para mim, a raiz é a parte invisível que a impede CANÇÃO INFANTIL de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro falhado. Era um amieiro. […] Depois uma azenha. E junto Afonso Cruz um ribeiro. [Portugal, 1971] Tudo tão parado. Que devia fazer? Meti tudo no bolso para os não perder. Eugénio de Andrade [Portugal, 1923 – 2005]
  • 3. TREES A CIDADE E AS SERRAS […] I think that I shall never see ― E em breve os nossos males esqueceram ante a A poem lovely as a tree. incomparável beleza daquela serra bendita! Com que brilho e inspiração copiosa a compusera o A tree whose hungry mouth is prest Divino Artista que faz as serras, e que tanto as cuidou, e Against the earth's sweet flowing breast; tão ricamente as dotou, neste seu Portugal bem-amado! A grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e A tree that looks at God all day, redondos, de um verde tão moço, que eram como um mus- And lifts her leafy arms to pray; go macio onde apetecia cair e rolar. Dos pendores, sobran- ceiros ao carreiro fragoso, largas ramarias estendiam o seu A tree that may in summer wear toldo amável, a que o esvoaçar leve dos pássaros sacudia a A nest of robins in her hair; fragrância. Através dos muros seculares, que sustêm as terras liados pelas heras, rompiam grossas raízes coleantes Upon whose bosom snow has lain; a que mais hera se enroscava. Em todo o torrão, de cada Who intimately lives with rain. fenda, brotavam flores silvestres. Brancas rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silva- Poems are made by fools like me, dos floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas: But only God can make a tree. e, de entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgara, todo machucado e torto, espreitava Alfred Joyce Kilmer pelos postigos negros, sob desgrenhadas farripas de verdu- [E.U.A., 1886 – França, 1918] ra, que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a água sussurrante, a água fecundante… Espertos regatinhos ÁRVORES fugiam, rindo com os seixos, de entre as patas da égua e do burro; grossos ribeiros açodados saltavam com fragor de Parece-me que nunca ninguém há-de pedra em pedra; fios direitos e luzidios como cordas de Ver poema tão belo como a árvore. prata vibravam e faiscavam das alturas aos barrancos; e muita fonte, posta à beira das veredas, jorrava por uma Árvore que sua boca não desferra bica, beneficamente, à espera dos homens e dos gados… Do seio doce e liberal da terra; Todo um cabeço por vezes era uma seara, onde um vasto carvalho ancestral, solitário, dominava como seu senhor e seu guarda. Em socalcos verdejavam laranjais rescenden- Árvore, sempre de Deus a ver imagem tes. Caminhos de lajes soltas circundavam fartos prados E erguendo em reza os braços de folhagem; com carneiros e vacas retouçando ― ou mais estreitos, entalados em muros, penetravam sob ramadas de parra Árvore que pode usar, como capelo, espessa, numa penumbra de repouso e frescura. Trepáva- Ninhos de pintarroxo no cabelo; mos então alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze case- bres, sumidos entre figueiras, onde se esgaçava, fugindo Em cujo peito a neve esteve assente; do lar pela telha vã, o fumo branco e cheiroso das pinhas. Que vive com a chuva intimamente. Nos cerros remotos, por cima da negrura pensativa dos pinheirais, branquejavam ermidas. O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso Os tontos, como eu, fazem poesia; tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas… Uma árvore, só Deus é que a faria. Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava: ― Que beleza! Alfred Joyce Kilmer E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava: Versão portuguesa de autor anónimo ― Que beleza! […] PEDRO ALECRIM José Maria Eça de Queirós […] [Portugal, 1845 – França, 1900] Acabaram as aulas. […] Fui à escola no último dia, embora soubesse que não ia ÁRVORE haver aulas. […] Oh árvore bela! Deitei uns baldes de água à tília que eu e o Nicolau a mais bela árvore que já vi plantámos no Dia da Árvore. até Camões escreveu sobre ela Gosto da tília. É a mais forte de todas as árvores que um poema que agora percebi. foram plantadas. Oxalá ninguém se lembre de a partir. E tu, só tu, oh árvore, és: O Dia da Árvore foi um dos mais bonitos da escola. Os diversidade animal, funcionários da Câmara trouxeram as plantas e fizeram os beleza primaveril, buracos. Nós não quisemos que nos ajudassem, estávamos coloração outonal, habituados a fazer buracos com um metro de largura e e encanto subtil. outro de fundo para plantar videiras. Então eu digo! Gosto da tília. Sei que vai demorar muitos anos a ficar Maldita seja a humanidade vistosa. Mas quando for alta e grossa e quando os pássaros que te corta sem fim fizerem ninhos nos seus ramos, deve ser bom dizer: ―esta pois quando teus ramos se perdem por maldade tília foi plantada por mim!‖. perde-se um pouco de ar em mim… […] João Lobo António Mota [10º CT5, Escola Secundária José Régio] [Portugal, 1957]
  • 4. PLANTAR UMA FLORESTA UM REINO MARAVILHOSO (TRÁS-OS-MONTES) Quem planta uma floresta […] planta uma festa. Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. […] Planta a música e os ninhos, De figos, nozes, amêndoas, maçãs, peras, cerejas e faz saltar os coelhinhos. laranjas nem vale a pena falar. São mimos de um pomar variegado, que nenhuma imaginação descreve quando a Planta o verde vertical, primavera estala nos ramos. Ver uma encosta de Barca de verte o verde, Alva coberta de flores de amendoeira, ou o solar de Mateus vário verde vegetal. a emergir dum mar de corolas sortidas, é contemplar o inefável. Mas o fruto dos frutos, o único que ao mesmo Planta o perfume tempo alimenta e simboliza, cai dumas árvores altas, das seivas e flores, imensas, centenárias, que, como puras vestais, parecem solta borboletas de todas as cores. encarnar a virgindade da própria paisagem. Só em Novem- bro as agita uma inquietação funda, dolorosa, que as faz Planta abelhas, planta pinhões lançar ao chão lágrimas que são ouriços. Abrindo-as, essas e os piqueniques das excursões. lágrimas eriçadas de espinhos deixam ver numa cama fofa a maravilha singular de que falo, tão desafectada que até Planta a cama mais a mesa. no próprio nome é modesta ― a castanha. Assada, no S. Planta o calor da lareira acesa. Martinho, serve de lastro à prova do vinho novo. Cozida, no Planta a folha de papel, Janeiro glacial, aquece as mãos e a boca de pobres e ricos. A girafa do carrocel. Crua, engorda os porcos, com a vossa licença… […] Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Miguel Torga Planta carroças para rodar, CANÇÃO NOCTURNA DO VIANDANTE - II Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Sobre todos os montes Há paz, Planta um pião Em todas as frondes Na mão de uma criança: Quase não dás que passe a aragem. A floresta ri, rodopia e avança. Calam-se as aves no arvoredo. Espera! Bem cedo Luísa Ducla Soares É o fim da viagem. [Portugal, 1939] Johann Wolfgang von Goethe [Alemanha, 1749 – 1832] Versão portuguesa de Jorge de Sena AS ÁRVORES E OS LIVROS PRIMAVERA As árvores como os livros têm folhas e margens lisas ou recortadas, e capas (isto é copas) e capítulos Primavera! de flores e letras de oiro nas lombadas. Recuperação de todas as coisas, todas as flores abertas… E são histórias de reis, histórias de fadas, as mais fantásticas aventuras, Primavera! que se podem ler nas suas páginas, O verde chorão, o pêssego vermelho no pecíolo, no limbo, nas nervuras. o canto do rouxinol, a dança das andorinhas... As florestas são imensas bibliotecas, Primavera! e até há florestas especializadas, Dos ramos brotaram novas folhas com faias, bétulas e um letreiro e flores novas, perfumadas. a dizer: «Floresta das zonas temperadas». Primavera! É evidente que não podes plantar Esperamos a luz no teu quarto, plátanos ou azinheiras. no seu voo de sonho. Para começar a construir uma biblioteca, basta um vaso de sardinheiras. Qiqi Ye [10º CT3, Escola Secundária José Régio] Jorge Sousa Braga [Portugal, 1957] ÁRVORE Se os poemas nascessem das árvores Então nós, sentados à sua sombra SÚBITO AGUACEIRO Veríamos nos seus ramos Os seus frutos Súbito aguaceiro: Transformarem-se em versos. chapéu de chuva farei deste castanheiro. Sara Oliveira [10º SE, Escola Secundária José Régio] Jorge Vilhena Mesquita [Portugal, 1960]
  • 5. POEMA DAS ÁRVORES A FLORESTA As árvores crescem sós. E a sós florescem. Era uma vez uma quinta toda cercada de muros. Tinha arvoredos maravilhosos e antigos, lagos, fontes, Começam por ser nada. Pouco a pouco jardins, pomares, bosques, campos e um grande parque se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo. seguido por um pinhal que avançava quase até ao mar. A quinta ficava nos arredores de uma cidade. O seu Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos, pesado portão era de ferro forjado pintado de verde. e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se. Quem entrava via logo uma grande casa rodeada por tílias altíssimas cujas folhas, de um lado verdes e de outro lado Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores, quase brancas, palpitavam na brisa. e então crescem as flores, e as flores produzem frutos, Era nessa casa que morava Isabel. e os frutos dão sementes, […] e as sementes preparam novas árvores. Isabel não tinha irmãos e por isso sabia brincar sozinha e conversar com as árvores, com as pedras e com as flores. E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas. Todos os dias ela percorria a quinta. No Outono apa- Sem verem, sem ouvirem, sem falarem. nhava castanhas esmagando com o pé os ouriços verdes. Sós. No Inverno colhia violetas e camélias. Na Primavera trepa- De dia e de noite. va às cerejeiras para comer as primeiras cerejas doces, Sempre sós. escuras e vermelhas. E também subia às árvores onde todos os anos havia ninhos, ninhos redondos feitos de Os animais são outra coisa. ervas, folhas secas e penas e que tinham lá dentro quatro Contactam-se, penetram-se, trespassam-se, ovos verdes sarapintados de castanho. Caminhava entre o fazem amor e ódio, e vão à vida trigo que era como um doce mar, aéreo e leve. Às vezes como se nada fosse. passava horas a ler sob o caramanchão onde as flores lila- As árvores, não. ses das glicínias pendiam em grandes cachos perfumados Solitárias, as árvores, rodeados de abelhas. Ou caminhava devagar na luz verde Exauram terra e sol silenciosamente. do parque escutando o rumor das altas copas dos plátanos. Não pensam, não suspiram, não se queixam. E conhecia o lugar onde, escondidos entre as ervas e folhas, cresciam os morangos selvagens. Estendem os braços como se implorassem; […] com o vento soltam ais como se suspirassem; e gemem, mas a queixa não é sua. Sophia de Mello Breyner Andresen [Portugal, 1919 – 2004] Sós, sempre sós. ARQUIVOS DO NORTE Nas planícies, nos montes, nas florestas, a crescer e a florir sem consciência. […] Virtude vegetal viver a sós Contemplemos antes este mundo que ainda não atra- e entretanto dar flores. vancamos, estas léguas de floresta cortadas por charnecas que se estende quase ininterrompida de Portugal até à António Gedeão Noruega, das dunas às futuras estepes russas. Recriemos [Portugal, 1906-1997] em nós este oceano verde, não imóvel, como é a maioria das nossas representações do passado, mas em movimento e mudança no decorrer das horas, dos dias e das estações ACASO VISTE A CHAMA BRANCA que fluem sem terem sido medidos pelos nossos calendá- rios nem pelos nossos relógios. Vejamos as árvores de folha Acaso viste a chama branca onde o perfume dorme? caduca ficarem encarnadas no Outono e os pinheiros — o botão da magnólia. balançarem na Primavera as suas agulhas novas ainda cobertas por uma fina cápsula castanha. Mergulhemos Jorge Vilhena Mesquita neste silêncio quase virgem de barulhos e de utensílios humanos, onde se ouvem apenas os bandos de aves ou o seu chamamento de aviso quando um inimigo, doninha ou esquilo, se aproxima, o zumbido de miríades de mosquitos, O FREIXO ao mesmo tempo predadores e presas, o rugido de um urso que procura na fenda de um tronco um favo de mel que as Alto freixo redondo apazigua abelhas defendem a zumbir, ou ainda o estertor de um Entre verdes pinhais a minha aldeia, veado despedaçado por um lince. E, toucado de pássaros, à lua, […] Parece uma mulher que se penteia. O Sol aquece a ténue crosta viva, faz sair os rebentos e fermentar os cadáveres, puxa do solo um vapor que a Pede-lhe o vento norte segurança, seguir dissipa. Depois, grandes bancos de bruma velam as Toca-lhe o pé água de fresco poço; cores, abafam os ruídos, recobrem as planuras da terra e Eu, tornado a meus olhos de criança, as ondulações do mar com uma única e espessa toalha Em seu casto perfil me sinto moço. cinzenta. A chuva sucede-lhe, ressoando sobre biliões de folhas, bebida pela terra, sugada pelas raízes; o vento Seus ramos vejo como via os anjos dobra as árvores novas, abate os velhos troncos, varre tudo Que à vida me trouxeram pequenino. com um imenso rumor. Enfim, voltando de novo, o silên- Ó imaginação, que altos arranjos cio, a neve imóvel sem outra marca na sua superfície que Fazes às coisas simples transtornadas: não seja a dos cascos, das patas ou das garras, ou as estre- Vinhas em flor, um breve freixo fino, las que os pássaros gravam quando nelas poisam. Cães, colmeias sem mel, águas passadas! […] Marguerite Yourcenar [Bélgica, 1903 – E.U.A., 1987] Vitorino Nemésio Versão portuguesa de Helena Vaz da Silva e Alberto Vaz da Silva [Portugal, 1901 - 1978]
  • 6. ODISSEIA RAÍZES […] Quem me dera ter raízes, Fora do pátio, começando junto às portas, estendia-se que me prendessem ao chão. o enorme pomar, com uma sebe de cada um dos lados. Que não me deixassem dar Nele crescem altas árvores, muito frondosas, um passo que fosse em vão. pereiras, romãzeiras e macieiras de frutos brilhantes; figueiras que davam figos doces e viçosas oliveiras. Que me deixassem crescer Destas árvores não murcha o fruto, nem deixa de crescer silencioso e erecto, no inverno nem no verão, mas dura todo o ano. como um pinheiro de riga, Continuamente o Zéfiro faz crescer uns, amadurecendo uma faia ou um abeto. [outros. A pêra amadurece sobre outra pêra; a maçã sobre outra Quem me dera ter raízes, [maçã; raízes em vez de pés. Cacho de uvas sobre outro cacho; figo sobre figo. Como o lódão, o aloendro, o ácer e o aloés. Aí está também enraizada a vinha com muitas videiras: parte dela é em local plano de temperatura amena, Sentir a copa vergar, seco pelo sol; na outra, homens apanham uvas. quando passasse um tufão. Outras uvas são pisadas. À frente estão uvas verdes E ficar bem agarrado, que deixam cair a sua flor; outras se tornam escuras. pelas raízes, ao chão. Junto à última fila da vinha crescem canteiros de flores Jorge Sousa Braga de toda a espécie, em maravilhosa abundância. Há duas nascentes de água: uma espalha-se por todo o jardim; do outro lado, a outra flui sob o limiar do pátio em direcção ao alto palácio: dela tirava o povo a sua água. EM BELEZA A NATUREZA FLORESCE Tais eram os belos dons dos deuses em casa de Alcínoo. […] Em beleza a natureza floresce Floresce a nossa vida, Homero Vida que nós temos de conservar e amar [Grécia Antiga, ca. século VIII a.C.] Amar e cuidar… Versão portuguesa de Frederico Lourenço Cuidar porque dela dependemos, Dependemos e mudámos… Mudámos a vida humana, animal e vegetal, [NOS ALTOS RAMOS DE ÁRVORES FRONDOSAS] Vegetal que pertence ao mundo natural… Natural porque toda a natureza o é. È como se a natureza fosse a nossa casa, Nos altos ramos de árvores frondosas Casa que temos de amar, cuidar e preservar… O vento faz um rumor frio e alto, Preservar pois é uma das fontes da nossa vida, Nesta floresta, em este som me perco Vida essa que se deve aproveitar da melhor maneira, E sozinho medito. Maneira essa que passa por cuidar da Natureza, Assim no mundo, acima do que sinto, Natureza que é tudo o que nos rodeia … Um vento faz a vida, e a deixa, e a toma, Rodeia de vida e saúde, E nada tem sentido ― nem a alma Saúde pois as árvores são como os nossos pulmões, Com que penso sozinho. Pulmões que nos garantem a vida neste mundo, Mundo muito poluído, Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa [Portugal, 1888 - 1935] Poluído devido ao homem! E agora o Homem tem que o preservar A UM NEGRILHO Custe o que custar! Na terra onde nasci há um só poeta. Poema Colectivo da Turma 10º CT4 [Escola Secundária José Régio] Os meus versos são folhas dos seus ramos. Quando chego de longe e conversamos, É ele que me revela o mundo visitado. A UMA ÁRVORE AMIGA Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada, E a luz do Sol aceso ou apagado De muito pequenina te conheço. É nos seus olhos que se vê pousada. Lembras-te de brincarmos ao crescer? Tu me ganhavas sempre, que mais baixa Esse poeta és tu, mestre da inquietação fiquei eu sempre sendo, Serena! de assim ser. Tu, imortal avena Que harmonizas o vento e adormeces o imenso De muito amedrontada te conheço. Redil de estrelas ao luar maninho. Lembras-te das geadas e dos frios? Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso Eu te ganhava sempre que fugindo Onde os pássaros e o tempo fazem ninho. em casa aconchegava os arrepios. Miguel Torga [Portugal, 1907 – 1995] De muito pequenina te conheço. E se algum dia me esquecer de ti, é de mim que me esqueço. Maria Alberta Menéres [Portugal, 1930]
  • 7. ÁRBOLES ÁRVORES Las hojas caen de los árboles Sobre as árvores Yo las veo cayendo Nem sei o que dizer Pero, cuando llega la primavera Mas sem elas Las veo naciendo. Não íamos conseguir viver. Cuando se piensa en Naturaleza, Olha à tua volta Todos tenemos una certeza Sente o vento soprar Tenemos que proteger el ambiente E não te esqueças Para crear una fortaleza. De as árvores ajudar. Tenemos una misión, Ariana Helena Barbosa Es una obligación cumplirla [10º AV2, Escola Secundária José Régio] Acabar con la contaminación Para que todo el mundo sonría. PLANTEMOS EL ÁRBOL No destruyas la floresta Porque yo quiero vivir Y si sigues destruyéndola Abramos la tierra, plantemos el árbol, ¿Cómo vamos a resistir? será nuestro amigo y aquí crecerá, y un día vendremos buscando su abrigo Poema colectivo da turma 12ºLH2 y flores y frutas y sombra dará. [Escola Secundária José Régio] El cielo benigno dé riego a su planta, el sol de setiembre le dé su calor, la tierra su jugo dará a sus raíces y tengan sus hojas verdura y frescor. HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL Plantemos el árbol, el árbol amigo ; […] sus ramas frondosas aquí extenderá, ― Pronto ― disse Hagrid. ― Então ouçam bem, porque o y un día vendremos buscando sus flores que vamos fazer esta noite é perigoso e eu não quero que y sombras y frutas y flores dará. ninguém corra riscos. Sigam-me por um momento. Enrique E. Rivarola Conduziu-os à orla da floresta. Segurando a lanterna [Argentina, 1862 - 1931] acima da cabeça mostrou-lhes um caminho estreito de terra batida que desaparecia no meio das árvores negras e espessas. Uma leve brisa roçou-lhes os cabelos enquanto ALGUMAS PROPOSIÇÕES COM PÁSSAROS E ÁRVORES QUE olhavam para a floresta. O POETA REMATA COM UMA REFERÊNCIA AO CORAÇÃO […] A floresta estava negra e silenciosa. Pouco adiante havia uma bifurcação. Harry, Hermione e Hagrid tomaram Os pássaros nascem na ponta das árvores o caminho da esquerda; Malfoy, Neville e Fang, o da direi- As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros ta. Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e Os pássaros começam onde as árvores acabam ali um raio de luar, passando através dos ramos das árvo- Os pássaros fazem cantar as árvores res, deixava ver uma mancha de sangue prateado sobre as Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se folhas caídas. deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal Harry apercebeu-se da grande preocupação que domi- Como pássaros poisam as folhas na terra nava Hagrid. quando o outono desce veladamente sobre os campos ― Achas que um lobisomem poderia andar a matar uni- Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores córnios? ― perguntou o Harry. mas deixo essa forma de dizer ao romancista ― Dificilmente ― disse Hagrid. ― Não é fácil agarrar um é complicada e não se dá bem na poesia unicórnio. São criaturas mágicas muito poderosas. Nunca não foi ainda isolada da filosofia soube de nenhum que tivesse sido ferido até agora. Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros Passaram por um tronco de árvore cortado e coberto de Quem é que lá os pendura nos ramos? musgo. Harry ouviu nitidamente água corrente, devia De quem é a mão a inúmera mão? haver ali por perto um riacho. Continuavam a ver-se man- Eu passo e muda-se-me o coração chas de sangue de unicórnio ao longo do caminho tortuoso. Ruy Belo […] [Portugal, 1933 - 1978] Hagrid agarrou Harry e Hermione e fê-los sair do cami- nho, escondendo-se todos atrás de um carvalho muito alto. Puxou de uma seta e meteu-a no arco, pronto a disparar. CARTA A MARCO TERÊNCIO VARRÃO Os três ouviam atentamente. Algo arrastava as folhas secas ali perto, parecia um manto, varrendo o chão. Hagrid […] Se tens um jardim na biblioteca, nada te falta. olhava fixamente o caminho escuro mas passados alguns segundos o som desapareceu. Marco Túlio Cícero ― Eu sabia ― murmurou. ― Anda por aí alguém que não [Roma Antiga, 106 a.C. – 43 a.C.] é daqui. […] J. K. Rowling [Inglaterra, 1965] Versão portuguesa de Isabel Fraga
  • 8. ALEGRES CAMPOS LA FORÊT Alegres campos, verdes arvoredos, L’agréable Claras e frescas águas de cristal, Agitation des Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Feuilles Offre aux Rameaux un Silvestres montem, ásperos penedos, Être Compostos em concerto desigual: Triomphal. Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. Inês Costa, Francisca Cruz, Andreia Marques [8ºB, Escola Secundária José Régio] E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas Nem águas que correndo alegres vêm. VIDA A natureza é tão bela Semearei em vós lembranças tristes, E nasce vida dentro dela Renegando-vos com lágrimas saudosas, Está a morrer a floresta E nascerão saudades de meu bem. Vamos salvar o que resta![…] Luís de Camões O ciclo da vida Tem de continuar LES ARBRES A terra é nossa amiga E nós temos de a ajudar. Les arbres Et les fleurs Daniela, Márcia Novo, Natacha Sauvent la planète ! [7ºC, Escola Secundária José Régio] Arbres et fleurs Rajeunissent HAIKU Beaucoup de paysages. Rafraîchissent Escondido sob a folhagem Et mesmo o apanhador de chá pára Sauvent la planète ! para escutar o cuco. Poema colectivo da turma 8ºB [Escola Secundária José Régio] Matsuo Bashô [Japão, 1644 – 1694] Versão portuguesa de Jorge Sousa Braga A UMA CEREJEIRA EM FLOR VELHAS ÁRVORES Acordar, ser na manhã de Abril Olha estas velhas árvores, mais belas a brancura desta cerejeira; Do que as árvores novas, mais amigas: arder das folhas à raiz, Tanto mais belas quanto mais antigas, dar versos ou florir desta maneira. Vencedoras da idade e das procelas… o vento, a luz, ou o quer que seja; O homem, a fera e o insecto à sombra delas sentir o tempo, fibra a fibra, Vivem, livres de fomes e fadigas; a tecer o coração de uma cereja. E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Eugénio de Andrade Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! Envelheçamos NATUREZA Como as árvores fortes envelhecem: A natureza é brilhante, Na glória da alegria e da bondade, Como o mar é cintilante, Agasalhando os pássaros nos ramos, Para preservar, Dando sombra e consolo aos que padecem! O mundo vamos ajudar! Olavo Bilac É preciosa como um diamante, [Brasil, 1865 – 1918] É única como um cristal, É bela e colorida PASTORAL Como uma floresta tropical As árvores são nossas amigas Não há, não, Temos que as ajudar duas folhas iguais em toda a criação. Não as podemos cortar Ou nervura a menos, ou célula a mais, Porque morremos sem ar. não há, de certeza, duas folhas iguais. […] […] Ana Filipa, Lúcia, Verónica António Gedeão [7ºA, Escola Secundária José Régio]