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   1. O que é a Declaração de Jomtien?
Documento elaborado durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos,
realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, que fornece definições e novas abordagens
sobre as necessidades básicas de aprendizagem, tendo em vista estabelecer
compromissos mundiais para garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos
necessários a uma vida digna, visando uma sociedade mais humana e mais justa.
   2. Objetivos da Declaração de Jomtien
Também chamada Declaração Mundial de Educação para Todos, seu objetivo é
“satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e
adultos... e o esforço de longo prazo para a consecução deste objetivo pode ser
sustentado de forma mais eficaz, uma vez estabelecidos objetivos intermediários e
medidos os progressos realizados.” No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano
Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em
cumprimento às resoluções da Conferência.
   3. Importância da Declaração de Jomtien
A Declaração de Jomtien é considerada um dos principais documentos mundiais sobre
educação, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração de
Salamanca de 1994. De acordo com a Declaração: “Cada pessoa - criança, jovem ou
adulto - deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para
satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades
compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a
escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos
básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes),
necessários para que os seres humanos possam sobreviver e desenvolver plenamente
suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do
desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e
continuar aprendendo.”
   4. Histórico da Declaração de Jomtien
Há mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram na Declaração Universal dos
Direitos Humanos que "toda pessoa tem direito à educação". No entanto, apesar dos
esforços realizados por países do mundo inteiro para assegurar o direito à educação para
todos, persistem as seguintes realidades:
   •   Mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas,
       não têm acesso ao ensino primário;
   •   Mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos quais mulheres - são analfabetos,
       e o analfabetismo funcional e um problema significativo em todos os países
       industrializados ou em desenvolvimento;
   •   Mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento
       impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade
       de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais;
   •   Mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o
       ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir
       conhecimentos e habilidades essenciais.
   5. Fatores associados a esse quadro sombrio
   •   Aumento da dívida interna e externa de muitos países;
   •   Ameaça de estagnação e decadência econômicas;
2
•   Rápido aumento da população dos             países pobres;
•   Diferenças econômicas crescentes entre as nações e dentro delas, a guerra, a
    ocupação, as lutas civis, a violência e a morte de milhões de crianças;
•   Degradação generalizada do meio-ambiente;
•   Cortes nos gastos públicos com educação.
6. Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem
•   Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem: cada pessoa - criança,
    jovem ou adulto - deve estar em condições de aproveitar as oportunidades
    educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.
•   Enriquecimento dos valores culturais e morais comuns. Esses valores definem a
    identidade e dignidade dos indivíduos e da sociedade.
•   A educação básica é mais do que uma finalidade em si mesma. Ela é a base para
    a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes, sobre a qual os
    países podem construir, sistematicamente, níveis e tipos mais adiantados de
    educação e capacitação.
7. Educação para todos: uma visão abrangente
•   Lutar pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para todos exige
    mais do que a ratificação do compromisso pela educação básica. É necessário um
    enfoque abrangente, capaz de ir além dos níveis atuais de recursos, das estruturas
    institucionais. Este enfoque abrangente compreende o seguinte:
    •   universalizar o acesso à educação e promover a eqüidade;
    •   concentrar a atenção na aprendizagem;
    •   ampliar os meios e o raio de ação da educação básica;
    •   propiciar um ambiente adequado à aprendizagem;
    •   fortalecer alianças.
•   A concretização do enorme potencial para o progresso humano depende do
    acesso das pessoas à educação e da articulação entre o crescente conjunto de
    conhecimentos e os novos meios de difusão desses conhecimentos.
8. Universalização do acesso à educação e promoção da equidade
•   Todas as crianças, jovens e adultos devem ter acesso à educação básica. Para
    tanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como tomar
    medidas efetivas para reduzir as desigualdades.
•   Para que a educação básica se torne eqüitativa, é preciso oferecer a todas as
    crianças, jovens e adultos, a oportunidade de alcançar e manter um padrão mínimo
    de qualidade da aprendizagem.
•   Uma das prioridades mais urgentes é garantir o acesso à educação para meninas
    e mulheres, e superar os obstáculos que impedem sua participação ativa do
    processo educativo.
•   Os grupos excluídos - os pobres: os meninos e meninas de rua ou trabalhadores;
    as populações das periferias urbanas e zonas rurais, nômades e trabalhadores
    migrantes; povos indígenas; minorias étnicas, raciais e lingüísticas: refugiados;
    deslocados pela guerra; e povos submetidos a um regime de ocupação - não
    devem sofrer qualquer tipo de discriminação no acesso às oportunidades
    educacionais.
3
 •   As    necessidades       básicas   de          aprendizagem       das     pessoas
     portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas
     que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e
     qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo.
 9. Concentrar a atenção na aprendizagem
 •   A educação básica deve estar centrada na aquisição e nos resultados efetivos da
     aprendizagem, e não mais exclusivamente na matrícula, freqüência aos programas
     estabelecidos e preenchimento dos requisitos para a obtenção do diploma.
10. Ampliar os meios e o raio de ação da educação básica
 •   A aprendizagem começa com o nascimento e implica cuidados básicos e educação
     inicial na infância, proporcionados através de estratégias que envolvam as
     famílias/comunidades ou programas institucionais.
 •   O principal sistema de promoção da educação básica fora da esfera familiar é a
     escola fundamental. A educação fundamental deve ser universal, garantindo a
     satisfação das necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças,
     levando em consideração a cultura, as necessidades e as possibilidades da
     comunidade. Programas complementares alternativos podem ajudar a satisfazer as
     necessidades de aprendizagem das crianças cujo acesso à escolaridade formal é
     limitado ou inexistente, desde que observem os mesmos padrões de aprendizagem
     adotados na escola e disponham de apoio adequado.
 •   As necessidades básicas de aprendizagem de jovens e adultos são diversas, e
     devem ser atendidas mediante uma variedade de sistemas. Os programas de
     alfabetização são indispensáveis, dado que saber ler e escrever constitui-se uma
     capacidade necessária em si mesma, sendo ainda o fundamento de outras
     habilidades vitais. A alfabetização na língua materna fortalece a identidade e a
     herança cultural.
 •   Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação, comunicação e ação
     social podem contribuir na transmissão de conhecimentos essenciais, bem como
     na informação e educação dos indivíduos quanto a questões sociais.
11. Propiciar um ambiente adequado à aprendizagem
 •   As sociedades devem garantir a todos os educandos assistência em nutrição,
     cuidados médicos e apoio físico e emocional essencial para que participem
     ativamente de sua própria educação e dela se beneficiem.
12. Fortalecer as alianças
 •   As autoridades responsáveis pela educação nos níveis nacional, estadual e
     municipal têm por obrigação proporcionar educação básica para todos. Não se
     pode supram a totalidade dos requisitos humanos, financeiros e organizacionais
     necessários a esta tarefa. Novas e crescentes articulações e alianças serão
     necessárias em todos os níveis.
13. Desenvolvimento de uma política contextualizada de apoio à educação básica
 •   Políticas de apoio aos setores social, cultural e econômico são necessárias à
     concretização da plena provisão e utilização da educação básica para a promoção
     individual e social. A educação básica para todos depende de um compromisso
     político e de uma vontade política, respaldados por medidas fiscais adequadas e
     ratificados por reformas na política educacional e pelo fortalecimento institucional.
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 •   A sociedade deve garantir um sólido        ambiente intelectual e científico à
     educação básica, o que implica na melhoria do ensino superior e desenvolvimento
     da pesquisa científica.
14. Mobilização de recursos
 •   É essencial a mobilização de recursos financeiros e humanos, públicos, privados
     ou voluntários. Todos os membros da sociedade têm uma contribuição a dar,
     lembrando sempre que o tempo, a energia e os recursos dirigidos à educação
     básica constituem no investimento mais importante que se pode fazer em prol do
     povo e do futuro de um país.
 •   Apoio mais amplo por parte do setor público atraindo recursos de todos os órgãos
     governamentais responsáveis pelo desenvolvimento humano, mediante o aumento
     em valores absolutos e relativos, das dotações orçamentárias aos serviços de
     educação básica.
15. Fortalecimento da solidariedade internacional
 •   A satisfação das necessidades básicas de aprendizagem constitui-se uma
     responsabilidade comum e universal a todos os povos, e implica solidariedade
     internacional e relações econômicas honestas e eqüitativas, a fim de corrigir as
     atuais disparidades econômicas.
 •   É necessário um aumento substancial, a longo prazo, dos recursos destinados à
     educação básica. A comunidade mundial, incluindo os organismos e instituições
     intergovernamentais, tem a responsabilidade urgente de atenuar as limitações que
     impedem algumas nações de alcançar a meta da educação para todos.
 •   As necessidades básicas de aprendizagem dos adultos e crianças devem ser
     atendidas onde quer que existam. Os países menos desenvolvidos e com baixa
     renda apresentam necessidades especiais que exigirão atenção prioritária no
     quadro da cooperação internacional à educação básica, nos anos 1990.

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Declaração Jomtien Educação Todos

  • 1. 1 1. O que é a Declaração de Jomtien? Documento elaborado durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, que fornece definições e novas abordagens sobre as necessidades básicas de aprendizagem, tendo em vista estabelecer compromissos mundiais para garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna, visando uma sociedade mais humana e mais justa. 2. Objetivos da Declaração de Jomtien Também chamada Declaração Mundial de Educação para Todos, seu objetivo é “satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos... e o esforço de longo prazo para a consecução deste objetivo pode ser sustentado de forma mais eficaz, uma vez estabelecidos objetivos intermediários e medidos os progressos realizados.” No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às resoluções da Conferência. 3. Importância da Declaração de Jomtien A Declaração de Jomtien é considerada um dos principais documentos mundiais sobre educação, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração de Salamanca de 1994. De acordo com a Declaração: “Cada pessoa - criança, jovem ou adulto - deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes), necessários para que os seres humanos possam sobreviver e desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo.” 4. Histórico da Declaração de Jomtien Há mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram na Declaração Universal dos Direitos Humanos que "toda pessoa tem direito à educação". No entanto, apesar dos esforços realizados por países do mundo inteiro para assegurar o direito à educação para todos, persistem as seguintes realidades: • Mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário; • Mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos quais mulheres - são analfabetos, e o analfabetismo funcional e um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento; • Mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais; • Mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais. 5. Fatores associados a esse quadro sombrio • Aumento da dívida interna e externa de muitos países; • Ameaça de estagnação e decadência econômicas;
  • 2. 2 • Rápido aumento da população dos países pobres; • Diferenças econômicas crescentes entre as nações e dentro delas, a guerra, a ocupação, as lutas civis, a violência e a morte de milhões de crianças; • Degradação generalizada do meio-ambiente; • Cortes nos gastos públicos com educação. 6. Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem • Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem: cada pessoa - criança, jovem ou adulto - deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. • Enriquecimento dos valores culturais e morais comuns. Esses valores definem a identidade e dignidade dos indivíduos e da sociedade. • A educação básica é mais do que uma finalidade em si mesma. Ela é a base para a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes, sobre a qual os países podem construir, sistematicamente, níveis e tipos mais adiantados de educação e capacitação. 7. Educação para todos: uma visão abrangente • Lutar pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para todos exige mais do que a ratificação do compromisso pela educação básica. É necessário um enfoque abrangente, capaz de ir além dos níveis atuais de recursos, das estruturas institucionais. Este enfoque abrangente compreende o seguinte: • universalizar o acesso à educação e promover a eqüidade; • concentrar a atenção na aprendizagem; • ampliar os meios e o raio de ação da educação básica; • propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; • fortalecer alianças. • A concretização do enorme potencial para o progresso humano depende do acesso das pessoas à educação e da articulação entre o crescente conjunto de conhecimentos e os novos meios de difusão desses conhecimentos. 8. Universalização do acesso à educação e promoção da equidade • Todas as crianças, jovens e adultos devem ter acesso à educação básica. Para tanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades. • Para que a educação básica se torne eqüitativa, é preciso oferecer a todas as crianças, jovens e adultos, a oportunidade de alcançar e manter um padrão mínimo de qualidade da aprendizagem. • Uma das prioridades mais urgentes é garantir o acesso à educação para meninas e mulheres, e superar os obstáculos que impedem sua participação ativa do processo educativo. • Os grupos excluídos - os pobres: os meninos e meninas de rua ou trabalhadores; as populações das periferias urbanas e zonas rurais, nômades e trabalhadores migrantes; povos indígenas; minorias étnicas, raciais e lingüísticas: refugiados; deslocados pela guerra; e povos submetidos a um regime de ocupação - não devem sofrer qualquer tipo de discriminação no acesso às oportunidades educacionais.
  • 3. 3 • As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo. 9. Concentrar a atenção na aprendizagem • A educação básica deve estar centrada na aquisição e nos resultados efetivos da aprendizagem, e não mais exclusivamente na matrícula, freqüência aos programas estabelecidos e preenchimento dos requisitos para a obtenção do diploma. 10. Ampliar os meios e o raio de ação da educação básica • A aprendizagem começa com o nascimento e implica cuidados básicos e educação inicial na infância, proporcionados através de estratégias que envolvam as famílias/comunidades ou programas institucionais. • O principal sistema de promoção da educação básica fora da esfera familiar é a escola fundamental. A educação fundamental deve ser universal, garantindo a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, levando em consideração a cultura, as necessidades e as possibilidades da comunidade. Programas complementares alternativos podem ajudar a satisfazer as necessidades de aprendizagem das crianças cujo acesso à escolaridade formal é limitado ou inexistente, desde que observem os mesmos padrões de aprendizagem adotados na escola e disponham de apoio adequado. • As necessidades básicas de aprendizagem de jovens e adultos são diversas, e devem ser atendidas mediante uma variedade de sistemas. Os programas de alfabetização são indispensáveis, dado que saber ler e escrever constitui-se uma capacidade necessária em si mesma, sendo ainda o fundamento de outras habilidades vitais. A alfabetização na língua materna fortalece a identidade e a herança cultural. • Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação, comunicação e ação social podem contribuir na transmissão de conhecimentos essenciais, bem como na informação e educação dos indivíduos quanto a questões sociais. 11. Propiciar um ambiente adequado à aprendizagem • As sociedades devem garantir a todos os educandos assistência em nutrição, cuidados médicos e apoio físico e emocional essencial para que participem ativamente de sua própria educação e dela se beneficiem. 12. Fortalecer as alianças • As autoridades responsáveis pela educação nos níveis nacional, estadual e municipal têm por obrigação proporcionar educação básica para todos. Não se pode supram a totalidade dos requisitos humanos, financeiros e organizacionais necessários a esta tarefa. Novas e crescentes articulações e alianças serão necessárias em todos os níveis. 13. Desenvolvimento de uma política contextualizada de apoio à educação básica • Políticas de apoio aos setores social, cultural e econômico são necessárias à concretização da plena provisão e utilização da educação básica para a promoção individual e social. A educação básica para todos depende de um compromisso político e de uma vontade política, respaldados por medidas fiscais adequadas e ratificados por reformas na política educacional e pelo fortalecimento institucional.
  • 4. 4 • A sociedade deve garantir um sólido ambiente intelectual e científico à educação básica, o que implica na melhoria do ensino superior e desenvolvimento da pesquisa científica. 14. Mobilização de recursos • É essencial a mobilização de recursos financeiros e humanos, públicos, privados ou voluntários. Todos os membros da sociedade têm uma contribuição a dar, lembrando sempre que o tempo, a energia e os recursos dirigidos à educação básica constituem no investimento mais importante que se pode fazer em prol do povo e do futuro de um país. • Apoio mais amplo por parte do setor público atraindo recursos de todos os órgãos governamentais responsáveis pelo desenvolvimento humano, mediante o aumento em valores absolutos e relativos, das dotações orçamentárias aos serviços de educação básica. 15. Fortalecimento da solidariedade internacional • A satisfação das necessidades básicas de aprendizagem constitui-se uma responsabilidade comum e universal a todos os povos, e implica solidariedade internacional e relações econômicas honestas e eqüitativas, a fim de corrigir as atuais disparidades econômicas. • É necessário um aumento substancial, a longo prazo, dos recursos destinados à educação básica. A comunidade mundial, incluindo os organismos e instituições intergovernamentais, tem a responsabilidade urgente de atenuar as limitações que impedem algumas nações de alcançar a meta da educação para todos. • As necessidades básicas de aprendizagem dos adultos e crianças devem ser atendidas onde quer que existam. Os países menos desenvolvidos e com baixa renda apresentam necessidades especiais que exigirão atenção prioritária no quadro da cooperação internacional à educação básica, nos anos 1990.