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Marcelo Pinto Gulmaroes
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Edl~ Especial para a
Pr6mlo Naclonal de Design, Pesqulsa e AdequocrOo do
Moblll6rlo Urbana aPessoa Portodora de Deftcl6ncla
lnclllutode NQ~Mtetoo do llrcal / lA&- MG
Coordenodorio de Apolo e Assa141ndo 0 Pessoo Delbente I CAADE
Seaelalo de Es!Odo do Trc:DalhO e A<;Oo Social de Mnas Gerais I SETAS
Mar~o .. 1991
APRESENTAc;AO
Este Traba1ho
Atualmente. uma corrente ideol6gica para o "design" de equipamentos. de edificios. e de Areas
urbanas enfoca a satisfa~o ambiental dos usuArtos portadores de deficiencia como forma de garanUr
a melhorta da qualidade ambiental para todos os usuArios. Trata-se do "Barrier-free Design".
Neste trabalho, pretende-se a informacao de designers e de pesquisadores sobre conceitos
fundamentals para elaboracao de projetos que visam o ajuste entre a satisfa~ao de necessidades
fisicas e psicol6glcas de usuArios e as cond~oes ambientais do espaco ediflcado. Tals conceitos nao
ad~ de rela~oes lmutAvels ou de fun~oes matemAtlcas, mAs do actimulo de experlenclas bern
sucedidas de design, pesqu.lsas e de politlcas de lntervencao amblental.
0 Autor
Marcelo Pinto Guirnara.es ~ arquiteto. formado na UFMG em 1982 e com mestrado em 1990
obtldo pela State University of New York at Buffalo, nos USA. Deficlente flsico por causa de
poUomlelJte. M.P.G. s6 dtrectonou suas atrlbui~oes proflssionals para estudos sobre o Barrier-free
Design ap6s Jngressar atlvamente na Assocla~o Minelra de Parapl~cos. pelo movimento de
concienUzacao social sobre questoes relativas A defictencia. Trabalhando pela Coordenadorla de
Apolo e Asslstencia A Pessoa Deficiente, em 1985, coordenou a a~o de Vcllios 6rgaos
govemamentais de MG na apresentacao de pain~ls no XII Congresso BrasUeiro de Arquitetos. JA nos
USA. fol asslstente de pesquisa do professor Edward Steinfeld. Arch Dr., diretor do Adaptive
Environments Laboratory e responsAvel pela base clentifica das normas t~cnJcas arnerlcanas sobre a
acesslbilldade amblental. Hoje. consultor, designer, e pesqu.lsador. M.P.G. se dedlca a trabalhos
sobre a necessidade de usuArios para a qualldade ambiental, atra~ da apltca~o dos fundamentos
do Barrier-free Design.
Premlo APropostas sobre Oualldade de Vida no Uso .Ambiental
No premlo de design, pesquisa, e de adequacao do mobOIArto urbana A pessoa portadora
defictencla. a enfase do concurso estA orientada para a selecao de proposl~Oes lnovadoras para a
rela~o entre o ambiente edificado e o seu usuArio, na abrangencla da lnstrurnentacao humana flsica
e pslco-social. Espera-se. a partir do semlnArio "Fundamentos do Barrier-Free Design". que
contrlbui¢es A adequacao ambiental urbana para portadores de defictencfa sejam elaboradas numa
llnguagem comum, a qual reflete etapas mais avao~das do questionamento sobre qualidade
ambtental.
Amplla.ndo o desafio do design como instrumento fistco e simb61Jco da qualldade de vida, o uso
de equlpamentos. edJficlos e Areas urbanas crlados na perspectlva do Barrier-free Design tende a
ampliar o enfoque dado A qualidade ambiental. A enfase se justiflca em beneficlos gerais no
cont.ext.o socla.l a pa.rUr da abordagem As necessldades especlficas de individuos que estao fora da
dlstrib~o normal da populacao. Neste processo. inidativas de servi~os a nlvel de comunidade e
tendenda.s de mercado devem ser directonados para a asslmila~o de pnticas de atendimento
pClbUco personaHz.ado e a fabrlca~ao de produtos que respeltam as diferen~s. as caractertsUcas
••n:elo Pbato Gvtmertes 1
peculiares dos usuanos com ou sem deficiencia aparente, e proporcionam oportunidades mais
equilibradas para o crescimento individual das pessoas no grupo social em que vivem
Para a fdeallza~o ou an~ise de urn elemento ambiental. deve-se exarninar prtmordialmente as
inten~ da obra em rela~o a urn contexto de necessidades especificas e de beneficios gerais em
potencial. 0 conteudo da mensagem formal. o efeito que ela esUmula. e a destina~ao funcional da
id~ia enquanto objeto; todos esses fatores em design podem ter efeito multlplfcador no processo de
transforma~ao cultural, pela vefcula~o de alternatlvas de adequa~o e de novos significados para o
uso do espa~ construJdo.
ConteUdo desse Manual
Aprese~
Este Trabalho
OAutor
Premio A Propostas sobre Qualfdade de Vida no Uso Ambfental
Deficl!Dcla no Uso Ambiental
Barreiras ArquftetOnicas e Ambientais
Popula~o Alvo
Padroes de Conforto Ambfental
0 Ajuste Ser Humano - Espa~o Edlficado: Eridencia Clentifica
Estra~ Para o Barrier-Free Design
Ergonornia Para a Qualfdade Ambfental
·oSer eapaz·
0 Estudo de Casos: Compreendendo a Perspectlva do UsuArto
Paradigmas do Comportamento Huma.no no Uso Ambiental
Aspectos Psfco-Sociais da Competencia Ambiental
A Prf.tica do Barrier-Free Design
Acessibilidade Sobre Rodas
A lnstrwnenta~o dos UsuArfos
Normas ~nicas: A Urn Passo do Acesso Absoluto
Tendendas do Barrier-free Design: Qualidade no Uso Ambfental
Conclusto
Em Sintese
Ba.rrier'-free Design no Brasn
BIWografia
Referencias
Sugest.Oes para LeJtura
Marcelo Pinto OpJmartes
pagioa
1
3
8
24
34
36
2
DEFICIENCIA NO USO AMBIENTAL
Bmeiras Arquitet6nicas e Ambieptais
A partir da d~ada de 50, organiza~oes lnternaclonais referlrarn-se aos elementos do espa~o
edJficado que nao permltem a cert.as pessoas se adaptarem ao modo de vida social por causa da
deficiencia: charnararn a esses elementos de barreiras arquitetOnicas ou ambientais. Nestes tennos.
foi estabelecida a -imagem- de que a diferen~ social para pessoas portadoras de deficlencta est..aria
vinculada A existencia dessas barreiras. Uma vez removidas. est..ariam eliminadas as dillculdades ao
reconhecimento de seu valor na comunidade e abertas as oportunidades do sucesso e do
crescimento pessoal.
A caracterlstlca mais marcante das barreiras arnbientais est.A em sua invisibUidade para pessoas
nao portadoras de deflciencta. lsto ocorre porque as barrelras arnbientais atuarn dentro de niveis de
conforto conslderados suportAveis para multas pessoas. As barreiras irao exigir talvez wn esfor~o
maior em certas clrcunstAnctas mAs nunca se constltuirao num irnpedirnento ou numa situa~o
estressante. como ocorre para muitos portadores de deflciencia. At> contrluio. a remcx;ao de
barrelras ambientais pode beneficiar a nao portadores de deflclencla por facilltar o dominio sobre
condicionantes arnbientaJs como wn todo.
Os efeltos pslcol6glcos negatlvos da inacessibilidade provocada por barreiras ambientais
justiflcam a reforma do espa~o construldo (Steinfeld. Duncan & Cardel, 1977). Baslcamente.
barrelras arquJtetOnicas interferem na rela~ao entre indlviduo e arnbiente. pela qual mensagens
sirnb6llcas de valores soclaJs contribuem para a integra~o desse indlviduo na comunidade.
A rel~o de um indvlclJo com o embiente ~e o oerce pode eer deaoite como ume eometorie de
forr;ae opoetes condi~IM!s embienteis •tuam sobre • pe1110a e provocem uma re•~Ao determinede
pe• ate C8plcidade flaice e por vlllorea culturaie 0 ree~At•do e a edaptecAo ou compet~ci•
embientel
Existem ambientes que desa.flam: existem outros que intirnidam. Nestes Ultirnos, nota-se
mals claramente a existencia de barrelras ambientais. Nos ambientes que desafiam, os
condlcionantes bnpostos pelo contexto ambiental sao estlmulantes. Eles permltem a reacao natural
do usu.Ario. o qual passa a desenvolver habUidades fisicas e psico-socta.is. Por assirn d.izer, o usuArlo
adqutre competencta amblental: ele se adapta a diferentes circunstAncias e assume wn papel social
atlYO. Par outro lado. nos amblentes que intirnidam. os condlclonantes amblentals lnlbem a
e.xpre:ssao das babilfdades de usuluios port.adores de deflciencia e oferece poucas oportunidades
para o desenvolvlmento de seu potencial. 0 indMduo tende a se tomar incompetente ambiental.
Nas lncontAvets frustra~ do dla-a-dla. nao consegue entender a mensagem sirnb6lica do espa~o
ediflcado. e portanto. nao consegue se sociabilizar pelo processo comum a todos.
••ttelo Piato Gutm•rtes 3
Num ~spe~ edficedo q..e desafia
• canciQ6es do me4o insl'umentam oUIIOArioo
q..li t estimuledo adesenYOivB' habilidlldes.
~rindo competencia ambientBI
Num esp111;0 edficadoq..e intimida
as can~ do meio opimem oU8UMio o~
nAo conlle9Je deeenvolverauas he.bilidades:
i880r~!lllta em incompetencia ambientBI
Atraves do planejamento amblental. pode-se intervir no espa~o edificado para a crta~ao de
ambientes que desafiam e para a ellmina<;ao gradual de amblentes que intlmidam. lsto significa
entender as circunstAncias fislcas e psico-sociais da rela~ao pessoa-amblente. Assim. havera a
correta distin~o entre os aspectos de desaflo ou de inUmida~ao presentes no espa~o edificado.
Nwna discussa.o sobre prtoridades de interven~o no espa~o edificado, este argwnento se toma de
lmportAncla fundamental, dada a grande diflculdade de se el1mlnar todas as barreiras ambientais a
curto prazo.
Mais lmportante do que se garantir urn ambiente totalmente livre de barreiras, ~ possibilltar
que todos os indivtduos sejam habilltados a transpor as limita~ das barreiras existentes seja pela
instrurnenta~o ambiental, seja pela rninimiza~ao dos obstAculos fisicos. A instrurnenta~ao de
usuarios atra~ de mecanismos que preenchem a defasagem entre eles e o ambiente compreende a
existencia de alternativas de uso ambiental adequadas ao desempenho dos indivtduos no contexto
social em que estao inseridos. Entao. at~ mesmo a pennanencia de certos elementos do espa~o
contruido, reminiscentes de ambientes que intlmidam, sera um fator irrelevante para limJtar a
qualidade ambiental
Popula~io Alvo
0 termo portador de defictencia ~ multo amplo e abrange wna popula~o de caractertstlca fisica
tlCl1lQda e IXlJ"iQveL sao pessoa.s de idades diferentes, de ambos os sexos, al~m de possuir condi~oes
soc:ia.LS dlversas. Ainda mats, elas podem possuir lesoes de tlpos e gravidade completamente
disltntas
l:ma definlcao sobre tipos e nfveis de defictencta se jusUfica na posstvel existencia de uma
con.sta.nte para referencia que oriente a determina~o de prtoridades no trabalho profissional.
Contudo, a.s pessoas possuem caracteristlcas pr6prias e nao se ajustam perfeitarnente a modelos ou
agru~ntos distlntos. As Wrias tlpologias e deftnJ¢es que buscam determinar as caractertsticas
de portadores de deflclencia para o planejamento ambiental sao vagas e dependem de uma
Marcelo Pinto Ogfmartes 4
classlficac;ao que especifique as diferenc;as entre indlviduos e os efeitos do espac;o edificado sobre
essas diferenc;as.
Em todo o mundo, as estlmativas oficiais para porcentagens de pessoas portadoras de
deficiencia em relac;ao ao resto da populac;ao sao imprecisas, variando confonne o interesse de
quem as estabelece. Elas podem vartar entre o lndice conservador de 2% em relac;ao a pessoas
intemas em instltulc;Oes, aos moderados 10% da populac;ao geral para pessoas que sofrem por
alguma disfunc;ao organtca. ou ainda at~ ao lndice liberal de 65%. o qual corresponde A esUmaUva
das pessoas impossibilitadas de executar atlvidades que exigem esforc;o fiSico ou acuidade sensorial.
As estlmatlvas podem chegar inclusive a 100"/o quando consideradas todas as pessoas ao Iongo de
seu periodo de vida. pela grande probabUidade de que essas possam vir a ser portadoras de
deflciencia, atraves de acidentes, doenc;a. ou !dade.
Classlficac;oes. de urn modo geral, podem ser eflcazes apenas para curnprir certos objetlvos e
nao compreendem o conhecimento global da realldade. Segundo a Assembl~ia Geral das Nac;Oes
Unidas e a Organizac;ao Mundial de Saude. por exemplo. o termo ·deflciencta• (disability) tern sido
usado para referir-se A consequencias da falta ou defeito de parte do corpo, ou seja. e o que
repercute de uma disfunc;ao organica. A consequencla disso e uma pessoa ser ·incapaz de assegurar
por sf mesma. total ou parclalmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal.• Essa
pessoa e entao considerada •portadora de deficiencta• (disabled person), principalmente para
efeltos legals em defesa de possiveis beneficios publicos (p.ex.: aposentadoria). Nurn outro Upo de
classiflcac;ao. a separac;ao arbitrAria entre indlvfduos dependentes e independentes tern sido ainda
usada para a determinac;ao da severidade da defictencla a qual pode repercutlr numa malor restric;ao
dessas pessoas no trabalho, em cuidados pessoais ou na mobfiidade. No entanto. a diferenctac;ao
entre pessoas dependentes e independentes nao se traduz de forma prAUca. urna vez que a
habilldade individual varia de forma temporal e circunstanclal, de pessoa para pessoa, mesmo com
deflctencias de Upos e nivels de gravidade semelhantes.
Em se tratando do espac;o ambiental ediftcado, na classiflcac;ao da habntdade na execuc;ao de
atlvidades especiflcas estA a deflntc;ao mais apropriada da populac;ao beneflciAria, a qual pode ser
consideravelmente distlnta dependendo do Upo de amblente ou produto sendo considerado, do tlpo
provAvel de usuArio, e da localizac;ao desse elemento ambiental no contexto em que faz parte. Assim,
a deflnic;ao de deficiencla abrange as limitac;Oes para a execuc;ao de tarefas ou atlvidades fisicas nurn
contexto social.
Padr<>es de Conforto Ambiental
Certas caracteristlcas fislcas se adaptam melhor a condic;Oes impr6prias de uso ambiental do
que outras. lsto porque conforto ~ deflnlvel numa escala gradual de tolerancia a condic;Oes
amblentais adversas A natureza da maioria das pessoas. ~im. tem-se estabelecido o padrao normal.
Ele corresponde ao lndlce mMio entre o mAximo e minimo admissivel para o conforto ambiental.
As pessoas consideradas normals tern alto poder de adaptac;ao nurn certo periodo de vida e sao
capazes de suportar niveis multo baixos de conforto. As pessoas portadoras de defictencla, nao! A
disfunc;ao orga.ntca de parte do seus corpos inlbe que possam se adaptar ao espac;o ediflcado
conforme condicionantes fisicos e culturais. L6gtcamente, a predominancia do nfunero de
indivlduos em condic;Oes fislcas simllares na habilidade de adaptac;ao detennlna urn padrao normal
••rrelo Pinto GpJmades 5
de refer~ncia para condiC()es ambientais satlsfat6rias ao todo social. A minorta. individuos que nao
se ajustarn a esse padrao de refer~ncia. tern que se conformar e ter suas necessldades especificas
lgnoradas.
PI STBIBUIC;Ao DA POPULA!;AO NO POTENCIAL DE OESEWPENHO FISICO
Doolrobllo~lo Somb6hca
de Peaaoao no limrte
do Padrlo Normal
Fr1tge1s L. _ _ _ ~d!;!O ~'!'a!_ _ _ _ _ 1 Vtgorosos Desempenho
Transforma~oes do perfil da socledade ap6s a segunda grande guerra proporcionaram o
aurnento do mimero de indlviduos no planeta, bern como da diverstdade de caracteristlcas fisicas.
Assim, o padra.o de normalidade presente no espaco edificado vern sendo for~osamente revisto de
forma a proporcionar a urn maior nlimero de pessoas o acesso e usufruto de bens e servi~os da
comunidade. Prover condi~oes ambientais satlfat6rlas a pessoas portadoras de deflciencia poderia
slgnificar a altera~ao dos niveis de conforto tradicionalmente estabelecidos, de forma a abranger,
num padrao de normaUdade mais amplo, as pessoas com caracteristicas fisicas mais peculiares. No
entanto, mesmo uma grande reestruturacao ambiental nao atingiria niveis de conforto para a
satisfacao de todos, a partir de urn padra.o considerado ·normal·. Por mais amplo que seja, nos
Umites desse padrao sempre havera pessoas com pouca habllidade de ajuste. Requer-se. entao, que
os niveis de conforto sejam repensados de maneira a formar "limites Oexiveis· que se ajuslem a.s
habilidade de pessoas com pouca capacidade de adaptacao. Estabelecer llmJtes flexiveis stgnifica
conslderar o usuano pela diversidade de suas caracteristlcas em formas altematlvas de uso
ambiental.
Marcelo Pinto Gvimartes 6
H' de
Peeaoaa
Potencial de
o..empenho
REPRESENTACAO DO PADRAO DE CONEORJO FLEXIVEL
NA D!STAIBUICAO DA POPULACAO
Este ~ urn grande desaflo de transforma~o social que exige uma revolu~o de atitudes e de
comportamentos. lsto tende a ocorrer devtdo a urn movtmento crescente de mudanc;a social que
tern vencido resistencias ao interesse comurn. Uma transformac;ao do ambiente implica em
estabelecer novos valores simb6licos para o uso do espac;o ediflcado e em alterar as relac;oes entre as
pessoas. Nisso. o "impossivel" deve ser entendido como urn "estado de espirito" e a "excec;ao· deve
ser entendida como "parte da regra•. Na pnHica. os esforc;os de implementac;ao dessa mentalidade
tern atravessado caminhos tortuosos mas ainda tern se mantido nesta mesma direc;ao. Como
exemplo: o uso de tecnologia da computa~o aplicada ao atendimento de clientes em centros de
interesse da comunidade como bancos flnanceiros. Isso tern correspondido A implanta~o de
"limites flexiveis de conforto arnbiental" e contribuido para uma melhor qualidade dos servtc;os; o
tratamento personalizado a clientes com servic;o de atendimento eletrOnico resulta na minimizac;ao
de fllas e de entraves administrativos ou operacionais. Como tendencia posiUva, espera-se que o uso
de cartoes magn~Ucos elimine cada vez mais os artificios de obstru~o arnbiental (roletas) e
organizacional (senhas e documentac;oes) para controle da populac;ao e facilite o credenciamento de
usuArios de acordo com suas caracteristicas, para acesso aos servic;os e benefictos publicos.
Marcelo Pinto Ggfmartes 7
0 A JUSTE SER HUMANO - ESPA<;(O EDIFICADO: EVIDENCIA CIENTlFICA
Estrathias Para o Barrier-Free Desi~o
Na tradu~o pura e simples. barrier-free design consiste no projetar livre de barreiras. Tais
barreiras correspondem a elementos do espaco ediflcado que pela sua forma ou fun<;ao restrtngem a
atividade de porta.dores de defldencta. seja ela fisica -- isto ~. motora. sensorial. org4nica e mental -
- ou psiqulca -- aquela detennlnada soclalrnent.e por discrtmina<;ao quanto A estttica do corpo. ou A
apresentacao impr6prla de pa¢fs socials. A rem~ao de barreiras arquftetonfcas consfste em
propfctar o ajust.e entre o usuArio e o espaco ambfental pela elirnfnac4o de elementos construtivos
lrnpr6prfos e pela lmplantacao de outros rnais adequados a balxos nivefs de adaptacao. Por~m. a
prAUca do Barrier-free Design nao signiflca remover barreiras arquftetOnicas, mAs cuidar para que
elas nao venham a existir. A aplicacao pntica da remocao de barreiras arquftetOnlcas deve ser
considerada como Ultimo recurso porque pode frustrar expectativas e investimeotos. 0 resultado da
remocao de barrelras pode ter duplo sentldo. confonne pontos de vista entre construtores e
usu!rfos. Para uns, a reforma chega a ser ideal: equlpamento ou ediftcio, ou ainda, uma regi4o
urbana amplamente acesslvel a pessoas de condicoes fisicas distintas: para outros. o resultado flnal
corre o risco de ser urna obra inacabada, interminAvel. urn espaco sem provelto e sem conforto. uma
construcao sem conserto. urna irnprovisacao defeituosa da acessibtlldade. A diferenca entre essas
perspectivas estA na falta de urn elernento mediador entre interesses, custos e necessldades.
Desse modo. a estrat~ia de intervencao sobre o ambiente ediflcado vern ser rnais eficaz pela
preveocao de barreiras em novos produtos e amblentes a serem construidos do que pela
modlftcacao dos existentes. A tentaUva de rem~ao de barreiras arquitetOnicas existentes chega a
resultar num custo excesslvo de reforrnas tanto para a destruicao de elementos irnpr6prtos A
habilldade dos usuArtos. quanto para a reconstrucao em formas e funcoes rnais adequadas. Qualquer
refonna incompleta para a remocao de barreiras pode comprorneter a aceita<;ao social do esforco
conjunto para a melhor qualldade ambiental. Pairando a duvida sobre a eflcActa de certa lntervencao
fislca sobre equlpamentos e edificlos existeotes. tende a preva.lecer a desconflanca sobre a
amplitude de beneficios do barrier-free design.
0 desenvolvimento do Barrier-free Design enquanto corrente ldeol6gica teve o seu iniclo no
planejamento ambieotal de "lnstalacoes especiaJs" de maneira a prover "espaco" e "acomodacao· de
porta.dores de deficiencia na vida nonnal da sociedade. Nesta etapa iniclal, a pratica do Barrier-free
Design era voltada slmplesmente A ellminacao de barreiras arquit.etonlcas atra~ da acessibllidade
ambiental de usuArios em cadeiras de rodas. Numa etapa mais avancada desse movimento,
veriflcou-se. ftoalmente, a reformulacao da enfase sobre a re~o de barreiras. Contudo, a
ignorancia de multos profisslonais de design persiste ainda hoje. resistindo A assirnfla<;ao de fatos e
id~las averiguados no coofronto de atrtbulcOes entre Vlirias disciplinas.
A expertencia americana pode ser citada para Oustrar. de forma geral, o processo desenvolvido
em socledades de tecnologJa avancada. lnJcialrnente. havla multo pouco conhecimento sistemAtico
sobre o assuoto. Necessidades ambientais de portadores de deflcl!ncia foram conhecldas por
depoirneotos de poucas pessoas. as quais estavam envolvidas com o movimento politico de
relvindicacao de direltos clvis. Tais depoimentos nao eram representatlvos e nem capa.zes de
garantir maJor conflabOldade As intervencoes fisicas e jurldfcas; o resultado foi uma grande
Marcelo Pinto Golmartes 8
variedade de infonna~oes at~ conflltantes entre sf. Prevaleceram. entretanto. a mobUlza~ao e
tnDuencia politica de grupos socials interessados. Allada a graves falhas no sistema de assfstencia
tnstituclonal. a pressao social for~ou o surglmento de leglsla~Oes e de tnlclatlvas visando a
lmplementaca.o de reformas em edlflclos pela ellminaca.o restrlta. por~m gradaUva, de barrelras
ambientafs.
A definica,o de uma abordagem mafs universal, absoluta. surgiu pela apllcacao conceituaJ de
invesUgacOeS clentlflcas em Wrios campos do conhecimento. Pesqulsas sabre as necessidades
ambientals de portadores de deflciencia, mediante m~todos de lnvesUga~a.o em ergonomla.
psicologia amblental, soclologia e antropologia permltiram entao, a identlflca~ao mals preclsa dos
fatores que influenclam a qualidade de uso amblental. A grande enfase est.A baslcamente em
infonnacoes sabre as habUidades em potencial de usuArios portadores de deflctencla e sobre o
impact.o sodal das intervencOes amblentals que visem aprtmorar taJs habilldades. Essas lnfonnacOes
sabre habilldades e impacto social tern sido adquJrtdas atrav~ de duas formas de tnvesUgacao sobre
o uso ambiental: pesquisas sabre usuAries e proposlcOes amblentafs em design.
As pesqulsas sobre usuflrlos fornecem dados quanUtaUvos e qualltaUvos para apllca~oes no
espaco edlficado. orlentando a tomada de declsoes durante o processo de design. TAUcas
metodol6glcas e resultados empirlcos fornecem elementos conceltuais para hlp6teses no uso
amblental de portadores de deficlencla. Como exemplo. advem de pesqulsas. entre outros, os
conceltos sabre a wacesslbfildade amblentalwou •prtvaddade·.
As propos~Oes ambientals em design sao frut.o da experi!nda proflssional de conciliar aspectos
culturals e tecnol6glcos em elementos do espaco edlficado. Elas testam hip6teses do uso ambiental
de portadores de deficlencla e fornecem subsld.los para pesqulsas de avalla~ao da qualldade
amblental. No exemplo descrito aclma. proposl~ em design traduzem numa formulacao espaclal
o concelt.o de ·acesslbfildade ambiental·: em largura de aberturas e functonament.o de fechament.os,
assentamento de nlvels nas edificac;oes, rotas de clrculacao. etc.; e o de •pnvacldade•: orlentac;ao de
entradas e ctrculacao altematlva. posiclonamento de m6vels, bloquelo visual e sanoro, proximidade
functonal. etc.
Para a aplicacao do Barrier-free Design ~ necessflrlo que se forme urn posiclonamento crltico, a
partir do conhecimento adqulrido, de forma a complernentar lacunas de lnformacOes adqulrldas da
pn1Uca de ambos design e pesqulsa. Num processo intennitente. a eficflcla de solucOes em design
deve ser- dtrectonadas para ronftrmar ou rejeltar hJp6teses derivadas de pesqulsas: por outro lado,
cada proposlcao amblental deve ser avaliada por m~odos dentlflcos que predfsponham A constante
refonnulaca_o ronceltual. Em tennos gerais: as propos~Oes em design tern sldo edltadas na forma
Marcelo Pinto Gvtmartes 9
de direlrizes gerais. muitas das quais constam das normas t~cas sobre a acessibilldade amblental;
as pesquisas sobre o uso amblental sao baseadas na expertencla pessoaJ de usuArlos portadores de
deflctencia. Atraves de estudos de casos pessoais, t~nlcas de observa~o parUclpaUva reglstram
expectaUvas de usuArios para conforto. seguran~a. padroes espaciafs de lntera~;S.o social e perce~o
ambiental; asslm. pesquisadores podem anallsar mats objeUvamente nivels de satisfa~ao no uso
a.mblental.
Er~onomia Para a Acessibilidade Ambieotal
A pesqulsa dos fatores antropo~trlcos assume a Intima afinldade (ergonomla) do ser humano
com o espa~o amblental A sua volta de maneira a compor urn sistema simples de rela~o que jusUflca
resultados finals ou produtos: causa/consequencia. estimulo/reflexo. comportamento/efelto. Este
concelto tern sido utlltzado para a compreensao do sistema humano/mAqulna. Por exemplo, como
extensoes do organfsmo. sao resultantes dlsso os mecanlsmos de controle e os lnstrumentos para
aferf~o. Pelo ajuste do design de equlpamentos a habntdades e lnsuflctencias funcionafs de seus
operadores. a ergonomia tern posslbllltado decr~imo de falhas atrfbuidas ao componente humano
desse sistema. contrtbulndo ent.ao para uma maJor eflctencta e melhor desempenho final. Dentre
wrtas apllca~oes da ergonomla em nossa vida diAria. podemos citar os comandos de motores,
mAqulnas e engrenagens (autom6vel, aparelhos de uso dom~tlco. etc) os quais tern como fun~ao
mlnirnizar o esfor~o fislco, concentrar a aten~o. e preservar energlas.
0 uso da ergonomia para a definl~a.o de indices quantitatlvos A acessiblldade amblental fol
possivel pela transferencla conceitual de metodologias que. apllcadas lnlcialmente no sistema
humano/mAquina, passaram a dar suporte ao sistema humano/espa~ edlficado. Esperava-se que a
otlrniza~a.o do desempenho fislco de portadores de deflctencla resultaria no conhecimento de
fatores para maior amplitude de adapta~a.o e malor competencia amblental.
Nos estudos lniclals, a amostragem do elemento humano era obtida pela tradiclonal sel~o
entre voluntArios das for~s armadas.
vertflca~o de padroes ergonom~tricos.
Estas pessoas sentavam-se em cadeiras de rodas para
Mais tarde, comprovou- se a lmproprtedade de tal
procedimento metodol6glco. visto que este tlpo de amostragem fomece nivels aproximados de
desempenho. Pessoas port.a.doras de deflcienclas mwtiplas e variadas passaram entao a compor a
amostragem na ergonomia para acesso ambiental.
Formando uma mesma base relativa para correla~o e compara~a.o. os resultados finals de
pesqufsas ergonOmicas devem ser obtidos mediante a apUcacao de Wrios ~os de avertgua~o de
forma stmuJt.anea ou defasada no tempo. Isto slgniflca que antes de qualquer m!todo para exarne da
habllidade fundonal ser posto em prAtica. ~ necessAria que este seja testado em sua capacidade de
dlstingutr dtferen~as entre as pessoas e de predizer nlvels reafs de desempenho. Vertficou-se que,
al~m de base consfstente para uma anAlise l6gica. testes empirtcos do desempenho humano
oferecem informa~oes bastante conflAvels. A avertgua~a.o sistemAtica. em ~os estudos. tnclul a
medtcao do esfor~o fislco e de altera~oes organicas como por regtstros comparatlvos de for~.
tempo da a~o . batlmento cardiaco e pressao sanguinea; em outras pesqulsas, a anota~a.o
independente de pesqulsadores e pesqulsados ~ afertda numa escala sobre imposslbUidades.
diflcuJdades e prefereoclas descrttas no uso amblental desses voluntArios. 0 uso fsolado de
medl~oes fislol6glcas na.o ~ utll para dectsoes em design uma vez que dlferen~as nos registros
Marcelo Pinto Gglm artq 10
podem na.o ser percebldas como slgniflcantes em termos de avalia~o pessoal do usuArlo. Por isso, a
classiflca~o entre experlenclas de portadores de deflclencla recorre A conflrmacao entre
det~oes dos pesquisados e observacao do comportamento pelos pesqulsadores.
0 emprego dos m~todos da ergonomla em estudos para o Barrier-free Design tern demonstrado
ser multo importante: por~m. tem-se que reconhecer nos estudos at~ hoje desenvolvldos a
existencia de certas imperfelcoes de carAter metodol6gico. E' necessArio que a amostragem da
populacao de portadores de deficlencia multlpla seja ampla e permlta a compara~o dos resultados
entre grupos de usuArlos com idades variadas, v.Uias limita~ e condiC()es Hslcas ao Iongo de certo
tempo. Nao tern sldo posslvel, dentro da sistemAtica da ergonomia. prever a influencla de
amblentes reais sobre o comportamento. Os resultados ad~m de simula¢es e expertment.acoes do
uso amblental em laborat6rlos e sao impreclsos por nao lnclulrem fatores de lnter-relacao social e
de interpret.a~o simb6lica do espa~ edlficado. Estes aspectos qualltatlvos lnfluenciam a mouvacao
de usuArlos ern consequentes vartacoes no desempenho. Pesquisas de campo sao entao necessArias
para uma confirma~o dos resultados obtldos em pesquisas de laborat6rlo. Neste caso, a pesquisa de
avaliacao da qualldade amblental em edlflclos construldos deve ser efetuada como urn trabalho
continuo, complementar. estreltamente vlnculado ao desenvolvlmento em laborat6rlo de
lnformacoes mais precisas sobre a acesslbllldade amblental.
•urdo Plato G!dmartes 11
"0 Ser-Capaz"
HA grande faJta de informa~ao sobre efeitos mutuos entre disfun~oes organicas e condl~oes
amblentals. Multas vezes. designers slmpliflcam a avalia~a.o de urn problema amblentaJ por
conslderar unUateralmente a import.Ancia de alguns aspectos, em suposi~oes infundadas sobre
caracterlsticas ou comportamento de usuA.rfos. Os estudos de Steinfeld, Faste. Schroeder. e outros.
(Steinfeld et all. 1979) deram enfase ao conhecimento das caracteristicas comuns no uso amblentaJ
pelos portadores de deflciencfa mUIUpla. Segundo eles. todas pessoas tern ou trao adqulrtr mats de
uma deflclencfa ao Iongo da vida. Pelo desenvolvimento de urn padrao tipol6gico de representa~a.o
gntilca simples -- ·o Ser-capaz" --. tentaram representar aspectos comuns de Jimita¢es organicas
qua ndo associadas com os efeltos ambientais da deflciencfa.
0 Ser-capaz ~ uma matriz simb6lica do ser humano, na qual est.a.o descritas 18 condi~Oes fisicas
que afetam amplamente o desempenho no uso ambientaJ. IV:> Jado de outros dados que descrevem
aspectos caracterisUcos de certa deflctencfa. 0 Ser-capaz pode informar quais aspectos do uso
ambientaJ que devem ser Jevados em considera~o durante os processes de planejarnento ambientaJ
(Steinfeld & Hyatt. 1983). E' possivel ent.a.o uma melhor compreensa.o de condicionantes das
necessidades "incomuns" em design. Para isso, esta Upologia reune fnforma~oes organizadas
sistematlcamente a partir de duas fontes conflAvels sobre disfun~o orgAnfca e deflclencfa:
informa~oes descrltivas de doen~as e de condi~oes fisicas obtidas de dlagn6sUcos
~dicos; e...
estudos de casos sobre portadores de deflcJencta mUIUpla. de como eles usam o espa~o
edificado e do efelto que fsto tern em suas vidas.
Concentra~oes probabilisUcas fncidem sobre a ocorrencia de defictencfas ao Iongo do ciclo de
vida:
"Para se avaliar o impa.cto mUIUplo de disfun~oes no uso ambientaJ. ~ fmportante que se
considere a origem dessa condi~o e seu padra.o de agravamento. {...} Multo embora os
numeros da popula~a.o em risco nao seja grande, tal risco ~ concentrado num certo
periodo do ciclo de vida. Isto signiflca que, longitudinalmente, o risco das pessoas
adquirirem uma deflclencfa ~ multo maJor do que quando tal chance ~ vista apenas para
uma certa ~poca ou ldade" (Steinfeld & Hiatt, op. eft., 1.4). Ex:
RubOOia
P61lo
lmp1cto 10 Iongo da vida
8 Z 5 I Z Z I 48 65 75
f I I I I I I ~ I
lmp1cto 10 Iongo da vida
8 Z 5 IZ Zl 48 65 75
I•I I I I I I ~ I
Lesa.o na espinha dorsal
Marcelo Pinto GnJmartes
pr~- nata1
tnfancia
Adolescencfa I juventude
12
Esclerose mUJUpla Juventude I maturidade
oenctencia por acidentes ocupacionais Juventude I maturidade
lnsuficiencfa cardiaca Maturtdade I mela idade
Meia !dade I velhlce
Velhice
Assim. em tennos de design e pesquisa sobre o uso arnblental, ~ importante que se considere o
impacto de deflclencias mwtlplas a toda a popula~ao. Desta forma, preve-se as necessldades de
Indlviduos. os quais nao possuem deficfencias num determinado momento de seu ciclo de vida. mAs
que terao grande probabfiidade de adquiri-las ao atingir idades onde hA concentra~ao de tncidenctas
da deflclencia.
r ~o.ini6"P"t'tlrOUC70C-.
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F1Eun l F-· Adlpt"91o do odPnoJ "The Eaoblu", em ACIC!II !Q IlK Buj!! Enyjroamq~~
M•ttelo Pinto Goimarles
A llcvi<w or l)c Lila!!lun:. a. Sleinfdd e1 al. U.S. DeJ*tment of Houmc
ud Urban Devdopmut: GPO; 1979. pp 27-21.
13
A categortz.a~o apresentada em 0 Ser-capaz ~ multo utiJ para apllca~oes em design porque ela
assocta dJsfuncres orgAnlcas em atlvfdades relaclonadas com o uso amblental. Embora nao dlsponha
de lnforrna~oes quanUficAvels. esta Upologia lnforrna sobre aspectos caracteristicos das deflctencias
e pe:rmite ldenUflcar questoes em potenclal para hip6teses sobre o uso do espa~o edlficado. Por
exemplo:
Descri~o:
Lesao da Medula
Resulta em perda pennanente da sensa~o. controle
fisiol6gico e do movimento volunt!rio muscular.
Grau de limitar o baseado r io local da lesio.
lmpacto ao Iongo da vida
I 2 S 12 21 41 65 lS ldade media da
I I I I FI I I Ioconincia de
casos
Mu~ bnlsca das habilidades de
desempenho fu;ico nonnalmenle
acompanhada por depresaio.
A maioria dos que &e enpenham em
correr riscos ou &e orientam em
atividades fiSicas ajustam-se ao novo
estilo de vida.
Limita~6es no Desempenho
Oraude~ t
aceotuadamc:nte vllriivel
Pode rcaultar em total
dcpeod<;ocia para qualqua
movioxn~ do corpo
* Pouc. resi51blcia fuica e
! lolaiocia ao calor
** Uao pn"dominmte de
* cadcira de rodu
** I...eaOes de nivel elevado
***
*
COI>diciooa cireu~
aouaodecadcirade
rodu eiCtrica
Compce can a fJgUra I
!'rrdo Pbato Gvtmartes
Impli~6es para Design
1- Garantir a acessibilidade para
cadeiras de rodas:
• Amplo espa~ para manobras
• Eliminar degraus e e&eadas
• Prover inclinay()es suaves
• Garantir alcance da mio pea
pe510as em posi~o &elllada
2- Considerar apoios para tnnsferencias
de po6icionarnento no mobi.lWio para
cadeiras de rodas e vice-versa
3- Prover acesa6rios clinicos e
equipamentos de auxilio para
tarefas de higiene pessoaJ
4- Uso de equipamenlOS auxiliares
elWicos e mecinicos, no Jar e oo
trabalho
5- Prover insulay()es esportivas
disponiveis i prepara~o
psico16gica a desafios
14
FNdledl Klmt!!lle em li'11 aldovo
FMC~ledl ~erlle em anll--'
CONTRO~
El.EME'<T06 EM DltSICfol E l"'lQaU>MAS VTVID06 POR
J'ESSO.U COM LIMITAC{>Es JVNCIONAIS VAIUADAS
,..... ecentuedacii-
~IOUIIcll~
"rotttem•de.... ca.! deCOIIII.II'ictol
....... __.. ell~
.......lOIIi ell aide*!
Po.lco~
06:Udldee pro..._
LJntace-de~e ourtree
Ca11110 ltmtiCO ~
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Olt::uto10tem o.rtW elfoetw
Pwt:locll~,_ memcnoe.,.,.,..
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Contudo, 0 Ser-capaz ~ insuftclente em VcUios aspectos:
0
Problema em poteneoal 0
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• 0
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Nao hA anAlise estatistica disponivel que possa conslderar as combina~oes possiveis
entre categorias de deficlencia. A somat6ria probabllistica de todas as combina~ de deficl!ncias
mUIUplas excede a 87 milhoes -- neste total, nem sequer estao incluldas as varia~oes sobre a
~vidade das defid!ncias.
A informa~o sobre tlpos de limita~ e dos efeltos dessas limita~oes nao ~ relaclonada
com o nlimero propordonal entre pessoas que possuem comblna~oes varladas.
Embora pennlta ldentiflcar a amplitude de problemas. esta Upologta nao oferece
sufldentes referencias para a sel~o eletlva entre prioridades em design.
0 Estudo de Casos: Compreendendo a Perspectiva de Usu4rios
Toda a metodologia estabelecida em pesqutsas sobre o uso amblental se fundamenta em
~ adquirldas qualitaUvarnente (Zelzel, 1980). A participa~ao do elemento humano ~ fator
llm;do PiDto QnJm artes 15
bAslco de pesquisas e proposl~oes em design. inclusive para se comprovar resultados afertdos por
tnstrumentos preclsos de med~ao. A incorpora~o de dados sob qualquer processo de computa~ao
(mecAnlco ou analiUco) tern que passar antes pela flltragem lntelectual da mente que controla a
pesqulsa ou expertmento. Para cada lndlviduo. a interpreta~ao da realldade ~ unlca. coerente
apenas pela consldera~o retrospecUva da expertencla pessoal. AD lndagar sabre nlvels de saUsfa~o
ao usuA.rlo pesquisado. eotretanto. o pesqulsador assume eotao urn novo marco de referenda sobre o
uso arnblental para sua pr6prla interpreta~ao dos procedlmentos ou resultados.
Em se tratando do usuArlo do espa~o edlficado. para se entender resultados apUcAvels a toda
uma popula~ao. o grande desafio metodol6gico est.A na sel~o de urna amostragem representaUva .
A tocnica mals conflAvel ~ tamMID a mals dlspendlosa; corresponde A lnvestlga~o do rnaior nlimero
possivel de casos. Outra t~cnlca . rnais utilizada na prAtica. ~ a pr~-sele~ao de elementos
representativos de uma popula~ao ; obUda pela definl~o de casos mats graves. dificeis ou
lmportantes. esta pr~-sel~ao oferece argumentos para uma generaliza~ao 16glca de extensao a casos
comuns. Esta t~cnlca ~ conheclda como a do "mlntmo denomlnador comum". No entanto. a
pesquisa da sltua~ao de portadores de deflclencia inibe a uWiza~o pura e slmples desses dols
procedtmentos de amostragem; na verdade. busca-se a compreensao na fonna de uma generallza~o
a nlvel conceitual mais abrangente.
Atra~s do estudo de casos. a pesqulsa sobre o uso amblental examlna o modo de vida de certas
portadores de defictencla.s caracterisUcas. vivendo situa¢es de lnstrurnentacao ambieotal. Entao.
as Umita¢es no uso ambiental sao compa.radas com o poslcionamento Individual frente a problemas
de adapta~o. Tem-se. a partir dal. o exame de efelt.os motivaclonais em posslveis interven~Oes
amblentais.
A lmportancla do estudos de casos no usa amblental de portadores de deflclencla ~ que a
pesquisa pode ser executada em ambientes reais, sem as simula¢es expertmentais de laborat6rto. A
pesqulsa de campo permlte ainda o exame de proposi~oes em design e do lrnpacto que estas
repercutem nas rela~ socials e nas existentes entre lndlviduo e espa~ edJflcado. Argumenta-se
entao que o estudo de casos Individuals de portadores de deficiencia mwtipla dlreclona uma
formaliza~ao conceltual. Uustratlva. ao in~s de ser aplicAvel de forma geral. matemAUca.
indiscriminada. Nestes conceltos. a generaliza~o ~ garantida pela provisao de alternativas de uso
ambiental. as quais concillam dados de dlferentes expertendas pessoais.
0 estudo de casos mals expresslvo foi desenvolvido por Lifchez & Winslow. No llvro
Independent Uving For the Physically Disabled". hA uma descri~o detalhada do stgnHlcado do uso
amblental para certos portadores de deflclencia mwtipla. moradores de uma comunldade acesslve1,
em Berkeley. USA Atra~ do cootato intenso com essas pessoas. os pesquisadores evidenclaram
aspectos em que a qualldade amblental do espa~o edificado repercute em melhor qualidade de vida:
Ambientes planejados sob medida, que lnstrumentam o usuArlo. fadlitam a sat.lsfa~o das
necessldades bAslcas de vida diAria. compreendendo nisso as atividades estabelecidas por auto-
detennina~o. Em se tratando de suas moradias, portadores de deflclencta mwtlpla expressam urn
stmbolo de identidade social e de status baseado em seus esWos de vida pr6prtos. Asslrn, em
Ln.st.a.la¢es santt.Arlas e de banho onde caracteristlcas de espa~o e equlparnentos sao dispostas de
acordo com a possivel habilldade de usuArlos e a participa¢o de atendentes em culdados pessoals.
••mdo Pillto Gvlm artes 16
vertflca-se uma postura mais posiUva de aceita~ao pr6pria. 0 controle sobre culdados pessoals na
apresenta~o da t.magem individual predispOe ao desempenho mais fAcil de pa¢is socials aUvos.
As aUtudes em rela~ao A ex:fbl~ao de mecanlsmos auxillares para o uso amblental variam
de pessoa a pessoa. conforme a disponibilidade de re<:ursos e auto-determina~ao. Enquanto certas
pessoas procuram ocultar a presen~ coUdiana de equipamento mMico e de instrumenta~o. outras
desconslderam essa preocupa~ao sobre a aparente "normalidade", sem equipamentos A vista. Em
termos de design. ~ total a acelta~o de formas est~ticas que mascarem o significado clinlco de
certos equipamentos, cuja presen~a refor~a Jmagens de usuArios como enfennos em estado
continuo de "recupera~o·.
A qualidade da intera~ao social ~ influenciada consideravelmente pela postura entre
pessoas. pela dista.ncia fisica entre elas, e pelas posi~oes que ocupam numa rela~ao mutua
(Sommer,l969). Assim, a disposi~ao espacial de m6veis, por exemplo, afeta a qualidade e a
quanUdade de intera~oes socials pelas dista.ncias e orienta~o entre os espa~s ocupados numa
conversa~ao. As oportunidades de encontro entre pessoas de mesmos valores e interesses ~ fator
primordial na habilldade de desenvolvimento de amizades concretas.
Pelo cqnceito de "dominio local" (home range). verifica-se que as aUvidades de urn
indlviduo compreende urn complexo de conexOes de urna rede de locals de interesse (Steinfeld &
Hyatt, op. cit.). Dentro de urn dominlo local, as conexoes entre ambientes acessivels devem ser
inclusive ambientes acessiveis. Normalmente, pela falta de acessibilidade amblental de toda urna
comunidade, o 1ar de portadores de deflctencia mUltipla tende a assurnir uma importancia central
para sua vida social e proflssional. Neste aspecto, o design de moradias de portadores de deflct~ncia
mUJUpla deve acomodar o multi-uso nao convencional de cOmodos. Quartos podem vir a ser
posicionados em locallzacao mats central A edifica~ao, assim como o espa~o ao redor de camas pode
assumir funcao e equipamentos pr6prlos a urn local de trabalho em horArio comercial (atra~ de
sistemas de llumina~ao, moblliArio auxillar, e suportes criticos A produUvidade).
Num processo gradual de implanta~ao do Barrier-free Design, a Jocaliza~o de resid~ncias
acessiveis deve ser considerada numa rede de cal~das e de centros de interesse clvico tamMm
acesslvels. 0 uso das cal~das ~ defendido como espa~o intermediArlo A intimidade do Jar. Deve-se
entende-lo como locals de contato lnfonnal, nos quais os individuos assumem menos invesUmento
pessoal e sentem-se menos obrlgados a comprometimentos de tempo, aten~ao. e dedica~ao A
receptividade social no Jar. Porem. a conexao entre locals de interesse s6 ~ obtida de forma ampla
pela acomoda~o de equipamentos de mobilldade em veiculos pubUcos e particulares. Entende-se,
com isso, a extensao do dominio local pela exist~ncia de locals seguros de embarque e
desembarque, assim como Areas de estacionamento pr6ximas a edificios Ugadas a esses por rotas
acessivels. De acordo com a n~o de dominlo local. por exemplo. o Barrier-free Design deve ser
apUcado na constru~ao de centros comerctais enquanto p6los de atra~o publica a consumidores de
produtos e de entretenimento. Al~m de prover espa~o flsico protegido, apropriado ao transporte
pa.rt.icular ou publico. o shopping center "barrier-free" favorece o contato informal entre pessoas.
Sos gra.ndes "malls" ou "shopping centers", ve-se a possibilidade de extensao do complexo de locals
d.. tnteresse entre portadores de deflc~ncia e a amplia~o de recursos oferectdos pela comunidade,
que Lsso represente em maJores custos operactonals.
"Vrdo Pinto Ggtmartes 17
Paradi&mas do Comportamento Humano po Uso Ambiental
A melhor forma de compreender o valor simb611co do uso ambiental de portadores de
deflclencia conslste na composl~ao mica de tres paradlgmas mulU-dlsclpllnares que abordam as
formas de comportamento huma.no. Tals paradtgmas descrevem aspectos pslco-sociais do uso
amblental como parte dos processes de desenvolvimento pessoal e de lntera~o social (Moos. 1986).
AnaHzando-os isoladamente: o primeiro paradtgma (determirlismo amblental) adv~m de estudos
comparaUvos de comportamento entre es~les animals e nao consldera o fator sirnb611co de
valores humanos: o segundo paradigma (behaviorlsmo) ~ tendenctoso e suprirne formas expontaneas
de uso amblental e refor~a o carAter elltista da mterven~ao no espa~o ediflcado: o terceiro
paradigma (mteracionlsmo) nao assume a operacionaliza~o de objetivos pela simples mtervencao
amblental. 0 detalhamento conceitual de todos os tres, em conjunto, serve de base para se justlficar
recomenda~oes para o Barrier-free Design.
Os dots prtmeiros paradlgmas retratarn a influencia mutua entre o melo e o mdivtduo sabre a
determirla~ao do comportamento em formas de ocupa~o territorial como base de reladonarnento
entre os mdividuos. Estendendo tal 16gica l expertencia humana. obtem-se o conceito de uso
ambiental vmculado ao domlnlo territorial do espa~o ediflcado enquanto reflexo de posturas pessoa1s
nas rela~oes de contato social. As rea~oes coletivas do ser humano sao vistas de forma unlca e
sirnllar a aquelas expressas por urn s6 mdlviduo. dadas as devidas propor~oes nu~ricas. lsto
ocorre, segundo esse conjunto de teorlas. por que o comportamento dos mdlviduos obedece
unlcamente a pr-oprtedades mecAnlcas de a~o e rea~o a condidonantes amblentais. Ele pode ser
prevlslvel a partir do conhecimento sabre as influenclas do melo. Assim, ~ posslvel mduzir
comportamentos atra~s de mterven~oes amblentals que controlam as influencias do melo ediflcado
e dirlgem as rea~oes dos indlviduos para determlnados objeUvos.
0 terceiro paradtgma sobre comportamento humano possul uma malar abrangencia. Esse
oferece urn carAter mals livre ao uso amblental atra~s da perspecUva "interaclonlsta" (Mead, 1934).
0 uso amblental ~ abordado pela caracterlstica comum de forma~o pslcol6glca dos mdividuos a
partir da reproducao de valores e de comportamentos. Urn indlviduo tern suas a~oes como
representacao sirnb6lica de fatos ou ld~las dl.rfgldas A mterpretacao de outro mdlvtduo. Assirn. a
socledade ~ vista como composta de distintos grupos de pessoas em diferentes contextos cujas
aflnldades mdlviduals sao determirladas pelo respelto ao passado ou a circunstancias comuns
contemporaneas. Neste enfoque, qualquer interven~o no melo ediflcado sugere a anAlise de seus
efeltos na perspectiva particular entre vartados grupos, de forma a conciliar int.eresses particulares
num s6 contexto.
Aspectos Psico-sociais da Competepcja Ambiental
As formas de soclaliza~ao estAo relacionadas com o processo em que os lndividuos se
identlflcam com outros membros de seu grupo social. Uma pessoa busca referenctas de valores e de
comportamento ao mteragfr com outros indlvlduos. A resposta que outros oferecem sabre
determinados atos ou posturas infonna a essa pessoa que ela fol acelta ou nao como partldpante de
seu grupo de referencia (lttleson, RMin & Proshanski, 1970). Nesta troca de informa~oes. sa.o
estabelecldos pa~ls socials concllzentes com a trnagem transmJUda sabre a ldentidade pessoal dos
indJvtduos (Sarbm. 1954).
M•ttelO Pinto Gvimartes 18
Diferentes zonas de JI'DXimidllde Intima, peiiiOIII e pWiica. <rientem ailter~ IIOCiaJ peloreapeito
ao centrale dll infer~ de si en.-e oeindlllciJos (Hall. 1966).
A defesa territorial segue wna norma cultural variAvel entre os povos. Mesmo assim. existem
zonas de ocupac;.ao em dlferentes culturas que determinam dJstAnclas admJsslvels para o grAu de
proximidade entre lndlvlduos (Hall, 1966). 0 uso da proximldade ~ praticado como urna das
formas de lntercAmblo de lnforma(,;oes sobre a indlvldualldade de pessoas durante o contato social.
A proximidade atua na sele(,;ao circunstanclal das rela(,;oes entre indlvlduos. refor(,;ando la(,;os de
convlvlo em grupos socials (Altman. 1975). No processo de intercantblo da informac;.ao sobre sf
mesmo, os indJvtduos procuram o controle das cond.Jf,;oes de expressao da ldentldade e do espaf,;o
pessoal. 0 presUglo de urn lndlvlduo ocorre pelo reconhecimento do lsolamento de seu espaf,;o
pessoal e da exposif,;ao de sua identldade; por outro lado. a segregac;.ao de urn indlviduo ~ func;.ao
conjunta de seu anonimato (nao reconhecimento da ldentldade) e da intrusao (invasao de seu
espaf,;o pessoal). Uma pessoa assume muita prtvacidade em suas relaf,;oes socials quando altera
deUberadamente a variar;ao de qualquer dos estados de reconhecimento social de sua identldade ou
de seu espar;o pessoal. Por outro lado. considera-se pouca privacldade quando esta pessoa nao
reslste a pressoes do melo social que rompem os limltes de seu espar;o pessoal ou rejeltam sua
ldentidade.
Mery:do Pinto Gutmarles 19
PRIVACIDADE
te•trele '' llflfJII~I• ,,,...e 1 llfi•I•••U'•tle
•••••••••
111..-.sie
Conslderando a lmportAncia do melo amblente soctal ou edlflcado para o desenvolvlmento
pslcol6gico dos individuos, certas pesquisas evidenciarn que portadores de deflcl!ncla. de urn modo
geral. nao conseguern assumlr o controle sobre cond~oes amblentals para o relaclonamento social.
fndust'e proximidade e prtvacidade, as quais sao necessArias Asatisfacao ambiental e A soclallzacao
(Ab.ma.n. op. cit.). Em ~ncia, o valor simb6lico de uso do espaco edlflcado estA expresso em
me:nsagens "virtuais", sUenciosas, somente perceptlvels atra~ da "tela cultural" que nos molda os
senudos (Hall. 1959). A correta tnterpretacao simb6lica do uso amblental permite o ajuste entre as
••rrdo Pinto GgJmarAes 20
condi~oes fisicas de atividades no espa~o edificado e o potencial de desempenho de usuArios. Ela
compreende a utiltza~ao de mecanismos naturals e artificlals hurnanos para a perce~ao das
referenclas fisicas. psiquicas. hlst6rlcas e clrcunstanclals de urn tndlvfduo em seu contexto social.
Quando uma pessoa se orienta num camlnho, ela forma urn "mapa mental" do Iugar; eta tncorpora e
integra novos conhecimentos para o reconhecirnento do local e se sente segura em percorrer novos
caminhos (Lewin. 1951). Portadores de deflclencla na mobOidade tendem a possuir urn mapa
mental fragmentado de sua comunidade; consequentemente. eles chegam a temer locals ou
sltua~oes desconhectdos, a evitar diflculdades ao lnv~ de enfrentA-las. Quando uma pessoa se
sociablliza e particlpa de diferentes sltua~oes do uso ambiental ao Iongo de sua vida, ela adquire
habilidades pessoals para contemplar essa tela cultural em a.ngulos varlados. Por~m. as
possibilidades de sociablltza~o e de explora~o amblental podem ser mals escassas para o portador
de deflciencla. o qual se verA limltado de participar das mesmas referenclas de seu grupo social.
AnAioga A tela cultural, tende a prevalecer uma "tela fisiol6gica". A tnterpreta~ao herm~tlca de
formas diversas de relacionamento muitas vezes gerada por tncompetencla amblental nao permlte
que ta1s usuArios do espa~o construldo decodifiquem ou irnprovisem mensagens sirnb6licas usua.ls de
comportamento social. A tendencla em rela~s socials desse tlpo ~ a dificuldade de contato, da
"livre troca" de lnfonna~o pessoal. Formam-se entao expectativas frustradas pelo comportamento
tncomu.m. desviante, e a pr6prta tncorpora~ao desses resultados junto A Imagem social do portador
de deficiencia (Worthington, 1974). Por exemplo, condi~oes nao naturals de relacionamento sa.o
fruto de posictonarnento diferentes durante o uso ambiental: idosos buscam grande proximidade e o
toque fisico de modo a compensar perdas sensortals; posturas sentada e de pe entre usuArlos de
cadeiras de rodas e pessoas nao portadoras de deflclencla sa.o desconfortAvefs e ex:fgem certa
distancfa numa conversa~ao.
A demonstra~ao de competencia no uso amblental estabelece urn posicionamento de valor
sirnb6lico perante o grupo, o qual passa a reconhecer e respeltar no tndlviduo o seu espa~o pessoal e
o seu lsolamento de identldade, atra~ de sua capacidade de preservar e de estabelecer normas de
comportamento (Steinfeld, Duncan & Cardel, 1977). Quando o meio ambiente ~ multo hostil ou
multo ameno. ele tnibe o desenvolvimento do potencial crlativo da pessoa, a qual delxa de explorar
as fronteiras de suas lirnfta~oes fisicas; por outro lado. quando o melo ambiente impoe
condicionantes da ativldade hurnana dentro de lirnites admissivels A adapta~o. o ser humano se
sobrepoe aos condictonantes ambfentals e se revela perante aos demals. Assirn, atrfbui-se ao
dornfnio dos condicionantes fisicos ambientafs, o irnpulso necessArlo ao desenvolvimento pessoal.
Quando uma pessoa nOo demonstra competencfa no uso ambiental, ela passa a ocupar wna posi~o
de lnfertortdade em rela~ao a outros indlvfduos. os quais passam a exercer certa domina~o sobre
essa pessoa. 0 resultado ~ a segregacAo. pela constante fnvasao de seu espa~o pessoal e pela
rejet~ao de sua identldade.
Em termos de recomenda~oes para design, estudos de impacto do Barrier-free Design sobre o
comporta.mento social ortentam urna maior enfase ao dominJo territorial, A proxlrnidade e ao
controle da prtvactdade de portadores de deflciencia. Mafor competencla ambiental e controle da
lnfonnacAo sobre si mesmo significa malor autonomia e expontanefdade para o comportamento
explorat6rlo e a cogni~ao ambiental. 0 exame das circunsta.nclas do uso ambiental para o
planejamento do espa~o edlficado deve evfdenciar a fnter -lfga~ao prlorltArta entre o
desenvolvtmento da competencla ambiental e a manuten~o da prtvacfdade. lsto significa que o
Marcelo Pinto GgJmades 21
design de equlpamentos ou edificlos nao pode sujeltar portadores de deflclencla a sltua~oes
constrangedoras do uso ambiental. que lmpOem a segrega~ao social desses tndlviduos (Guimaraes.
1990: op. cit.).
0 Enf<Xlue Eco16iico do Barrier-free Desiin
A crla~ao de amblentes ediflcados que atendem As necessldades de portadores de deflciencla
pode ser melhor entendlda sob uma perspectlva "soclo-ecol6gfca". Nesta analogia, podemos
entender que os recursos da comunldade podem ser rnelhor dlstrlbuldos. nao para o prfvil~gio de
poucos mas para o usufruto de todos.
0 estudo da defesa territorial em anlmais oferece tnteressantes consldera~oes, aplfcAveis ao
fenOmeno humano, e demonstra que os individuos adotam para sf Areas de ocupa~ao somente
ultrapassadas mediante dlsputa ou consentlmento de seu ocupante. Os limftes de tals territ6rios
variam segundo uma hlerarqufa social e de esp~ie para es~le; eles sao constantemente
proclamados a outros indlviduos. e at~ os de mesma es~fe seguem um ritual de aproxima~ao
gradatlva e respeltosa. Animals com maior vigor fisico e tmpeto A disputa sao os mais habilitados ao
dominfo de amplos territ6rios constando de rnelhores recursos. Os animais "vulnernvels", que nao
possuem este potencial. tendem a seguir a llderan~ dos "vigorosos". saclando-se com o que lhes ~
delxado por descaso.
Nurna estrelta analogla. o grupo social hurnano ~ composto por "popula~oes" de caracteristlcas
diferentes que vlvem em constante disputa de interesses para obter e manter recursos da
comunldade ou "nfcho ecol6glco". Aos indlviduos vulnerAvefs. ~ consentldo o uso territorial
llmitado, restrlto A certa posstblltdade de que eles possam desenvolver-se por sf mesmos e assim
partlcfpar da dlsputa constante no convlvto em grupo. Este desenvolvtmento ocorre pelo processo
de adapta~ao. Cada um de n6s, seres hwnanos, vlve em constante processo de adapta~o As
exigenclas do melo ctrcundante. Adapta~ao ~ um processo ecol6gico natural em que os indlvlduos
buscam niveis de conforto admissivels para a satlsfa~o de suas necessidades. Adaptamo-nos a
condi~Oes ambientais climAticas e geogrAficas de onde estamos, mAs tam~m adaptamo-nos a
ctrcunstanclas socials. culturais e temporals ao Iongo de nossa vida. Certamente, a capacidade fislca
dos indlvlduos influi no desenvolvlmento pessoal de mecanlsmos de adapta~o e de tolerancla As
constantes mudan~ que caracterizarn cada est.Agio de vida. Por isso, alguns indlvlduos se adaptarn
mais e melhor que outros. Quanto a portadores de deficlenclas, esses sertam tldos como forma
humana inferior, facilrnente perecivel no processo de sele~ao natural, por nao dlspor de melos
comuns para reivindicar seu espa~o territorial. Barreiras ambientals prevalecem em toda a parte e
podem ser interpretadas como marcas de dominio territorial de vfgorosos.
Por~rn, transfonna~oes demogrAficas sugerem um processo de inversao populacional com o
desenvolvlmento de meios tecnol6gicos para a saude. Gradatlvamente, vtgorosos cedem Iugar aos
vulnerAvels, os quais tendem a ocupar seu espa~o. A esmagadora maiorta de pessoas "normals e
vfgorosas" que sempre prevaleceu nas populacoes em todo o mundo vern cedendo Iugar a urn
n(lrnero crescente de pessoas "vulnernveis", com problemas fisicos pela idade avancada, pelo modo
de vida sedent.Ario, ou por sequelas de doencas ou de acidentes. Por exemplo, indlviduos mais
idosos perdem progressivamente seu vigor fisico e sua capacldade de adapta~o; outros, ainda na
infancta. depedem inteiramente de adultos para satisfazer necessldades mais bAslcas. AI~m disso,
Men:do Pinto Gvimartes 22
alguns adultos podem ter sua adapta~ao ambiental temporAriamente (p.ex.: gravidas) ou
permanentemente (p.ex.: portadores de deficU~ncia) afetada. Ja fomos crtancas e da idade madura
resta·nos ser idosos: enquanto isso, cada urn de n6s pode vir a ser portador de deficiencias. Asslm.
ao garanUrmos o respeito As necessidades de portadores de deficiencia. estarnos estabelecendo uma
reserva de prot~ao de parte desse nicho ecol6gico para certas popula~oes menos favorecidas na
disputa pelo uso ambiental. de tal forma a que se modifique a pr6pria disputa.
No passado da sociedade ocidental. por exemplo. aos portadores de deficiencia era atrtbuido
urn papel social obscuro. disUnto da idenUdade reconhecida no individuo ·normal·. Esses
·anormats• povoavam urn mundo A parte e. assim, livravam a sociedade do confiito moral de
acomodar no convfvio comum. aparencias e comportamentos repulsivos aos valores da ~poca. Hoje.
dentro do contexto da sociedade industrial contemporanea, a realtdade predispoe urna mudanca de
enfase. E' importante que as pessoas assumam niveis aproxirnados de adaptat;ao ambiental para que
todos possam usufruir da distribui~ao egualitAria de responsabilidades e de beneficios. Nao se
jusUfica rnais sustentar urn modelo de absor~o social da pessoa portadora de deficiencia no qual ela
~ apenas algu~m que precisa se ·habilttar• ou ·reabilltar• para ter seu potencial de participat;ao
reconhecido e seu espa~ tolerado.
Uma nova ordem vern entao a se estabelecer em formas originals de ocupa~ao territorial. Urn
novo sistema de for~as para o equilibria global do nlcho ecol6gico tende a prevalecer sabre
resistencias inidals a qualquer mudan~a. A estrutura contemporAnea das rela~oes em comunidade
busca raizes em formas de agrega~.ao hurnana que subjulgam os instintos brutais de compeU~ao
entre indivfduos na disputa de territ6rtos e de fontes de recursos. Adere-se ao instinto natural de
preserva~ao da es~ie, a n~ao de intercambio de esfor~os no grupo social. PadrOes de valor
cultural determinam em diferentes sociedades as forrnas de relacao inter-pessoal e as rea~Oes do
grupo para com individuos adultos que nao podem desenvolver por si mesmos a habilidade de
adaptat;ao ambiental.
0 benefido ~ geral. uma vez que~ enorme a probabllidade de que todos os individuos venham a
compor essas popula~Oes beneflciadas pela reserva de prot~ao do nicho ecol6gtco. Por isso, o
esfor~o coletivo busca valorizar o ser humano em sua essencia pelo seu potencial de fomentar e
concentrar o beneficia de todos a partir de princlpios morals comuns. Ainda asstm, o
reconhecimento do valor individual s6 ~ possivel pela for~a expontanea do grupo em assumir esse
valor. em principios morals. como f6rmula de satlsfat;ao geral.
Numa analogta ao pensarnento ecol6gico em questoes do melo ambiente natural, Barrier-free
Design slgnifica uma reat;ao A ·depreda~o· do habitat humano. que pouco a pouco vern causando
estresse social e reduzindo oportunldades para o desenvolvfmento potencial dos individuos (Levine
& Perkins. 1987). Asslm. design em todos os niveis (pl'odutos, edifidos. assentamentos urbanos)
pa.ssou a ser abordado de forma critlca: as necessidades ambientais de portadores de defidencia
foram associadas a medidores nwna escala de afert~ao para a qualldade ambiental. 0 enfoque aos
problemas ambientais especlficos de portadores de deflciencia pode ser vista em amplitude, como
falhas exl.stentes no espa~o ediflcado em ateoder a •dtversidade do desempenho orga.nico· como
aspecto caracterlstico dos usuArios.
Mvtdo Pinto Gulmartes 23
A PRATICA DO BARRIER-FREE DESIGN
Acessibilidade Sobre Rodas
Embora os efeltos negativos de uma defictencta num contexto ambtental lnadequado possam ser
grandes e abrangentes. a referencta a barreiras amblentais sempre esteve assoctada a uma est.rat~la
pollUca de mobilizacao do lnvestirnento social. Querta-se com isso, uma simpllflcacao ideol6gica do
problema da qualidade do uso arnbiental para a operaclonaHzacao llrnitada de reforrnas (Guimaraes.
1990).
0 estudo mais detalhado sobre a prAUca da remocao de barreiras ambientals em todo o mundo.
evidencta uma forte enfase ao acesso de cadeiras de rodas. No entanto. existem barreiras que. por
afetarem outros Upos de deflciencla, nao tern sido constderadas com igual 1mportancia. Multo
embora as diflculdades arnbientais de usuArlos de cadelras de rodas possarn ser veriflcadas com
malor precisao. os usuArios de cadeiras de rodas nao formam a maiorta representaUva de portadores
de deflctencta. 0 ntimero de outros casos de lirnitacao na mobtlidade. como por exemplo. o de
portadores de deflciencia que perambulam com ou sem o auxilio de apoios ou equipamentos
ortopedicos. ~ multo rnaior e dernanda solucoes igualrnente especiflcas. Predornina, por~m. a
supostcao de que mats e mats pessoas usartam cadeiras de rodas. caso Uvessem condi¢es de
adquiri-las. Embora possa parecer verdadeira. esta constatacao nao ~ fundamentada por dados
atuais que lndiquem o desenvolvimento de propostcoes ambientals abrangentes.
A cadeira de rodas (e nao quem a usa) tern sido uUlizada t~nicamente como ·m6dwo· bAsico
de especiflcacao das necessidades ambientais de portadores de deflciencla. Assim, por estarem
sentadas nurna cadeira de rodas. pessoas com caracteristicas flsicas disUntas podem ser vistas de
forma imica. homogenea. Por~m. tal tentaUva de generallzacao rnuitas vezes ~ lncorreta. A cadeira
de rodas nao deve ser comparAvel a urn padrao de conforto para portadores de deflciencia
perfeitamente identiflcAvel, arbitrArio. paralelo ao pad.rao de conforto normal. Melhor entender o
seu uso como urn mefo de transporte pessoal. que facUita a mobUidade. mas que nao resume
necessldades amblentais.
••ttclo Pbato GgJmartes 24
Este posicionarnento ldeol6gico de ~nfase ao uso de cadelras de rodas busca slmplesmente urna
abordagem abrangente. por~m superficial, do que se entende como deficl~ncla fislca. A razao dlsso
est.A na predominAncla de tmagens tradlclonals da deficl~ncla caractertzadas pelo deslnteresse
publico e pela deslnforma~o t~lca. Prevalece alnda a fmagem do cego, que~ forte, indiscutlvel, e
nao a compreensao de que ceguelra ~ apenas urn dos VlUios estados da deficlencla visual. Prevalece
lmagens tamMm fortes do surdo ou do deficlente mental e nao a compreensao de formas
fntermediArlas da Iesao ou deflctencia as quaJs estabelecem necessldades amblentals disUntas.
Portanto. ao se garantlr acesslbOidade para cadeiras de rodas. prevalece ainda imagem ftlantr6plca
de que os problemas amblentals de todos os portadores de deficlencJa estao sendo saUsfatoriamente
resolvidos. e a nusao de que barreiras nao sao problemas ambtentals que afetam a todos.
A lnstrumenta~io de UsuArios
Apllcar o Barrier-free Design na crta~o do espa~o hurnano -- seja ele na forma de mobOIArlo,
arquitetura ou Area urbana -- corresponde a instrumentar usuArtos para a competencla necessAria A
adapta~ao ambiental. Se pessoas portadoras de deflctencla Unham suas caracterlstlcas flslcas como
(mica expllca~o para seu desajuste social. com o Barrier-free Design as caracteristlcas flstcas do
melo edlficado passam a submeter-se ao enfoque geral de lnterven~ao. Desta forma, a
fnstrumenta~o de usuArtos adven de formas e funcoes que ampliam as habilldades dos indJviduos e
reduzem o efeito da deficiencla. Em multos casos. pode-se comprovar que a lnstrumenta~o de
usuArtos tern efeltos posltlvos. de forma generallzada. Asslm. o espa~ adJcional para manobras de
cadelra de rodas em pequenos apartamentos. por exemplo. assegura que a especula~o fmobOIAria
respelte como mlnimas as dtmensoes reals de conforto: barras de apoJo para corrtmaos em longos
corredores ou escadas de poucos degraus sao sempre bern acolhldas entre usuArtos. Efelto slmOar
ocorre pela coloca~o de plso com textura anU-derrapante: pela lnstala~ao de telefones com
controle audltlvo de volume ajust.Avel: pela especiflca~ao de ma~netas que podem ser acionadas
pelo cotovelo e nao por maos ocupadas: etc.
Contudo, evftar barrelras amblentals nao ~ posslvel apenas com a garantla da ·acesslbilidade
arnblental•. Nestes termos, estA expressa apenas a capacldade de portadores de deficlencla sem
qualquer limitacao funclonal ou tnstltuclonal, de usar equlpamentos e edificios adequados ao seu
potencial de desempenho. Aim do acesso fisico a edtflca~. o Barrier-free design envolve atnda
outras nocoes complementares: o alcance. a funcfonalldade. o esfor~ necessArto. a seguranca. a
organfza~o 16gica, a comodidade. a proxtmfdade, e a prtvactdade. Cada urn desses fatores devem
ser equntbrados pelo bom-senso de modo a compor um sistema fntegrado de recursos A dlsposi~o
do usuArio.
0 a.cesso absoluto dos usuArtos corresponde A llberdade de escolha entre diversas alternatlvas
de explora~o amblental. Cada escolha refor~ o poder de declsao em assumir o controle da
l.nforma~o sobre a indlvfdualtdade. e tsso lhes assegura a conftan~ pr6pria em seus esfo~os de
trabalhar e de convlver atlvamente. Nem sempre a acesstbflldade amblental resulta em total
fndependencla de servtcos asststenclals ou at~ mesmo do auxtllo de outras pessoas: por~m. o
desenvolvlmento da compet~ncla ambtental, pela •tnstrumenta~ao· do indtviduo contra
condiclonantes amblentals, permlte ao portador de defictencia a organlza~o de seu tempo e a
admlnlstracao de objetlvos em sua vida atraW5 dos recursos A dispost~o. Asslm. usuArios devem
d.1spor de autonomia e expontaneidade. Em poucas palavras. o acesso absoluto deve permltlr que o
••rreJo Pbato Qgfmartcs 25
amblente seja motivador; que o usuMio fa~ por sl mesmo seu objetivo de interesse a ser alcan~do;
e que qualquer ajuda de outros seja uWizada por decisao pessoal. e nao por imposi!;ao
circunstandal. Neste aspecto, o design de equipamentos ou edificios irA garantir nlveis flexiveis de
conforto amblentaJ e a satisfa~o pslco-social advinda desse conforto. SO assim, Barrier-free Design
pode servtr de catallzador na integrar;a.o do indivtduo em sua comunidade.
Poretn. ~ preciso que exista a defln~o segura do usuMio a quem se destina taJ instrwnentar;a.o.
Esta tarefa pode ser fAcU quando o usuMio for tamMm o cliente. a pessoa interessada ern oferecer
informar;oes pessoais e a cobrar por bons servir;os. Por~m. tal desa.flo pode ser enorme e de dificll
execu~o se examinado no amplo contexto do espar;o de uso publico.
Nem sempre a solur;a.o ambientaJ destinada a eliminar os efeitos de certa deflci~ncia pode ser
aplicada de forma unlca e global; nao se pode prever com exatida.o os efeltos de uma mesma
defici~ncia em diferentes individuos de toda a comunidade, multo menos o efeito conjunto
cumuiativo de mats de uma defici~ncia . AMm disso, certas solur;oes aplicAveis a problemas de
portadores de defici~ncia na mobllidade podem vir a ser barreiras para pessoas portadoras de tipos
e grau diferentes de deflci~ncia. Por exemplo, pessoas que necessitam de apoio ou de pr6teses para
andar evidenciam diferentes experi!ncias sabre tipos de pisos. Enquanto vArios individuos temem
superficies polidas. outros podem considerar trreguiaridades e declividades como seus maiores
problemas. No rebaixamento de calr;adas para o acesso de cadeiras de rodas nas esqulnas,
deficientes visuals podem se expor ao perigo de atropelamentos por na.o distinguir a diferenr;a de
superficies entre a nova cal~da rebaixada e a pavimentar;a.o para veicuios.
Qualquer proposta de intervenr;a.o no meio edificado atra~ do Barrier-free Design deve canter
a definir;a.o da popuiar;a.o alvo al~ do respeito ao born sensa. Com isso, as expectativas para a
possivel generalizar;ao conceitual dos beneficios de qualquer design pode ser melhor
compreendidas. 0 espar;o ambientaJ criado pelo Barrier-free Design serA sempre composto por
altemativas de uso direcionadas para necessidades especiflcas de diferentes popular;oes alvo. Tais
alternativas se complementam em geral para Instrumentar a competencia ambientaJ de qualquer
usuMio.
Multo embora urn determinado artefato possa se destlnar inicialmente a individuos com
limitados movtmentos manuals, por exemplo, ~ de se esperar que os resultados obtidos sejam
benMicos a pessoas capazes de movimentos manuais reguiares. Caso isso na.o seja possivel, a
expert~ncia do processo de design deve lnformar sabre as dificuidades encontradas a amplitude de
tal instrumentar;a.o.
Este tipo de anAlise predispoe o desenvolvimento gradativo de tecnologia ajustada a problemas
pela insufl~ncia de certo design em responder de forma diferenciada a todos os niveis de
habOidade flsica. No contexto atual da lnsuflct~ncia de informar;a.o. o acfunulo de experienctas pode
a.ssegurar uma vtsa.o mals ajustada sabre as caracteristicas dos ind.ividuos, as condir;oes ambtentais
salisfatOrias a instrumentar;ao, e os m~todos de investlgar;a.o para a gerar;a.o do conhecimento
especlfico.
Marcelo Pinto Gvlmartes 26
Normas T6<:nicas: Um Passo Para o Acesso Absoluto
Barrier-free design pode proporclonar condl~oes para que pessoas se llbertem de suas
limita~oes flsicas e psico-sociais, tornando-se elementos aUvos da comunldade. Espera-se. entAo.
que proflssionais busquem tnforma~Oes sobre a expertencla ambiental de usuArlos portadores de
deficiencia no questlonamento constante dos objetlvos do projeto e de como a defini~ao de
prtorldades e a tomada de declsOes a nivel do design podem beneficlar o usuarlo. Normas t~nlcas
sobre a acessibUidade ambientai foram elaboradas a partir de informa~Oes sobre a habUidade de
pessoas portadoras de deficlencla e estAo organizadas em formato reduzldo para fAcU consulta.
Pesquisas em ergonomla fundamentam essas normas t~cnlcas e estabelecem condlc;oes mlnirnas
para o acesso em cadeiras de rodas. Tais condi~oes sao descrltas como diretrtzes para a observancla
da acessibUidade amblental em c6digos de obras e nas edificac;oes.
As normas ou crlt~rlos para a acessibUidade ambiental descrevem apenas aspectos gerais e sao
insuficientes para abordar a competencla amblental de todas as pessoas portadoras de deflciencJa. 0
objetivo de normas t~nlcas ~ multo mals voltado para o auxillo de fiscais em inspe~Oes de edlficlos
rec~m-construldos do que para decifrar irnportantes decisoes de projeto para o planejador
amblental. 0 erro comum de multos designers de produtos e de edlficios estA em acreditar que a
acesslbUidade ambiental seja possivel pela obedlencia parcial a esses crlt~los. atra~s de soluc;oes
ambientais restrltas e tsoladas umas das outras. E' como planejar urn edlficlo em que portas s6
podem ser abertas pelo lado de fora. ou em que vasos sanltArlos nao dlsponharn de acJonamento de
descarga. Mals vale estudar as normas t~nlcas como urn ponto de partJda para a acesslbUidade
ambfental vlsando a contrlbuJ~o futura ao desenvolvlmento do Barrier-free Design.
As normas da acessibilldade ambiental da American National Standards Institute - ANSI Al17.1
(1986) tern servldo de modelo para vArtas leglsla~oes sobre acesso amblental. Elas descrevem
especlfica~oes de elementos arquftetOnfcos e de condic;Oes amblentals de forma rigida, padronizada:
contudo, nao oferecem lnforma~oes sobre varta~oes para amblentes dos diferentes tipos de edtficfos.
Como exemplo disso. por urn lado, hA urn maior detalhamento sobre banhelros acesstveis de uso
publico. ~s por outro. hA pouca informac;ao sobre o n(lmero mlnirno de banheiros ou a distancta
minima entre Vlirlas instala~Oes sanitArias em grandes edtfidos.
No ambito g1obal em que se consJdera o Barrier-free Design. as nonnas e c6dlgos de obras sao
tncompletas e insuficfentes em v.rlos t6picos em que alnda nao estabelecem qualquer referencla
prAtica por falta de informa~ao especlflca (Steinfeld & Hyatt , op. ctl):
Dados bAslcos sobre o desempenho humano e padroes de vida associados A defictencia
mwtipla:
Crit~rlos para distancla mAxima de percurso para deslocamentos crltlcos (p. ex.:
locallzac;ao entre santtArlos e circula~o de acessol:
Crlt~rlos sobre necessidades de portadores de deficlencla em rela~ao A ventila~o.
conforto t~o e de luz natural:
Acoplagem adaptAvel de acess6rlos (adaptive Interfaces), em telefones.
eletrodo~cos. tnstala~Oes e armArlos modulaTes. de modo a aceltar complementos eletrOnlcos e
mecAnlcos, seja em amblentes domlcillares ou em locals de trabalho:
Crtt~ para prover o~ de recreac;ao com nlvels gradativos de desafio amblental:
• ~rlos para design de sinalizac;ao sonora e visual de emer~ncla:
Marcelo Pinto GniQIdes 27
Crit~os em sistema para seguran~ e prevencao de acidentes durante o uso ambiental.
preven~o de ln<:endios. sistemas de alarme. e gerenciamento funcional de ediflcacoes.
Procedlmentos de refUgio, resgate e escape em emergencias;
Crit~rios para o design em detalhe de escadas e rampas. lnclutndo guarda-corpo. cor e
l.lumtna~ o;
Crit~rios para portas e janelas. discriminando comparacao de uso entre variados Upos e
confonne o esforco para operacionamento;
Uso de slnalizacao e de elementos do espaco edillcado. de forma a assistlr a orientacnao
e di.reclonamento;
Crit~os relacionados ao uso de alertas t~teis em superficies de piso, equipamentos e
mecanismos;
Crit~rios para materials de piso com respeito ao consumo de energia;
lnformacoes sobre a adaptabilidade de pessoas em todas as fases do periodo de vida.
particularmente sendo portadores de deflciencla mwUpla. portadores de deficiencia sensorial.
crian~s e idosos.
Apesar de tnumeras questoes permanecerem em aberto, ex1stem nas normas lmportantes
conceitos sobre o uso do espaco ambiental por pessoas em cadetras de rodas e isso pode orientar
qualquer abordagem inicial sobre Barrier-free Design. Por exemplo, as ANSI All7.1 estabelecem o
conceito da "rota acessiver que corresponde A liga~o continua de todos os espacos e equipamentos
criados para a acessibl.lidade amblental numa mesma ci.rculacao de acesso. Embora isso possa
parecer 6bvio, tal conceito ~ multo uUJ na remocao de barrei.ras e lnibe a reforma parcial de
edificios anUgos; isso permite que usuArios de cadetras de rodas possam entrar. fazer uso de
tnstala~oes acesslveis. e sair sem nenhuma limitacao fundonal.
0 Teste de Solu~c)es Ambientais Pela Coerencia do Barrier-free Desi~n
As normas da acessibl.lidade amblental podem oferecer forte embasamento a uma proposlcao
ambiental coerente. Por outro lado. h~ certas especiflcacoes que nao correspondem a fatos
comprovados pela lnvestlgacao cientifica. Portanto, elas nao podem ser generalizadas em contextos
culturais diferentes daquele que formulou as normas. num "acordo social" para a aplicacao da
acesslbl.lklade. Como Uustracao. analizemos dois problemas: urn. de acomodacao do transporte
individual em vagas de estacionamento. e o outro. o de acomodacao de cadetras de rodas em
sanitArios de uso publico.
Nao se pode aflrmar com precisao o nfunero adequado de vagas na reserva de estacionamento
para velculos de portadores de deflciencla. lsto impUcaria em conhecer a proporcao entre o
nUm:ero de vagas, e os nfuneros relaUvos entre veiculos idenUflc~veis ou nao como sendo de uso de
portadores de deflciencia. No entanto. as normas estabelecem urn nUm:ero mlnlmo referendal e
urna f6rmula de ajuste para a quanUdade crescente de vagas "barrier-free" com o maior espa~o
disponivel para tanto. Como se ve. as normas chegam a estabelecer urn crit~o de solucao e urna
abordagem a amplitude do problema. 0 alcance do objeUvo -- reservar estacionamento para
portadores de deflctencia --. entretanto, serA resultado da expertencia pnUJca e da negoctaca.o entre
a comunidade e os 6rgaos publicos responsAveis fundamentada em dados reais que variam em
dlferentes situa~.
M•ttelo Pinto Gvlmartes 28
Se o numero de vagas pode ser detenninado arbltra.rlamente. mats dificU ~ a especifica~o do
tlpo de vaga a ser adotado. Em prfnclplo. as vagas dJspostas em paralelo sao as mats aproprfadas
desde que. pelo menos emparelhadas. duas a duas e devidamente distanctadas de outras a urn quarto
de sua largura singular convenclonal. Por~ o estadonamento de rua paralelo A cal~ada nao
permlte esse tlpo de dlsposl~ao. Neste caso. estlma-se que se deva guardar o dlstanclamento
regulamentar atrAs de cada velculo estaclonado em rna. Nesta separacao entre velculos.
devidamente demarcada com listras e com o slmbolo internacional. deverA se encontrar o
rebatxamento e rampa da cal~da.
Falta na norma a apresentacao formal de urn dispositlvo de adaptabfiidade comurn A prAtlca. o
qual permita a rotatlvidade entre locals reservados a velculos credenctados A acesslbllidade e vagas
pr6ximas a outras entradas de edificios. Desta manelra, ~ posslvel a dJstrlbul~o de maior nilmero
de vagas para locals onde se concentre o interesse de usuArlos portadores de deficiencia e. por
outro lado. a reducao do nilmero de vagas reservadas e nao utilizadas a urn minlmo admisslvel. Para
tanto. inclui-se a necessidade de se garantlr o rebaixamento de cal~das em todas as possivels
entradas de edificio. bern como a distribui~Ao proporcional de sete vagas *barrier-free* para cada
oito vagas convencionais. considerando-se o espa~ para abertura de portas dos veiculos a cada duas
vagas Iado a lado. Neste espa~o. devtdamente demarcado para prevenlr invasoes. estarA lnstalado o
rebaixamento com rampa no passeio.
Num outro contexto. veriflca-se va.rta~Oes sobre as necessldades de espa~o e de barras de apoio
em banhelros para usuArlos de cadelras de rodas. Algumas duvidas ocorrem pela apresenta~o nas
ANSI All7.1 (1980 e 1986) de duas formas e dlmensoes diferentes para compartimentos de
sanltArlo pubUco conslderados •satlsfat6rfos*: a prfmelra, de 0,90 a 1,20m x 1,70m; e a segunda. de
1,50m x 1.50m. A especlflca~o de espa~o estrelto para linica transferencta frontal entre a cadeira
do usuArlo e o vaso sanitArio satlsfaz apenas a portadores de deflciencia com fortes membros
superiores. Ocorre ai uma rnanobra politlca para refonnas com remocao de barrelras atraves da
dlstor~ao de crit~rtos nas normas. orfentada A concntacao entre proprtetArtos de ediflclos
reformados a mats tempo e de flscais de ins~ao. dada a garantla de especiflca~oes antertores
(1961) A edtcao de pesqulsas com metodologia mats conflAvel. AD inves de considerar tal
especificacao ineflcaz ou obsoleta, as ANSI Al17.1 (1980) adotaram a conflgura~ao mais estreita
como •opcionaJ• para remocao de barreiras; ambos OS m6dulos foram apresentados como OS que
satisfazem As necessldades gtobais, por~m de forma especiflca varfAvel a tlpos diferentes de pessoas.
Apesar de tudo. ~ importante frisar que a conflguracao mats Iarga ~ a que oferece condl~oes
satisfat6rias a urn malor nilmero de portadores de deflctencia mwtlpla. incluindo aqueles que
necessltam de ajuda nas transferencias. As normas pecam por nao deixar isso claro. por nao
argumentar que entre as duas configura~. a mais estreita ainda ~ barrelra para muita gente.
Embora nao mendonado nas ANSI All 7.1. a apllcacao do Barrier-free Design tern se pautado
peJa escolha entre sanltArlos unisex isolados e sanftArios coletlvos e separados por genero. Os
sanit.Artos unisex vern sendo adotados segundo a lnfluencia ingtesa, pelo trabalho de Goldsmith
1967). Considerou-se oeste aspecto que as necessldades de usuArlos de cadelras de rodas sao
muJLO especificas. e de que os custos de instalacao hfdrAullca dupla e do acrescimo da Area para
ma.nobras de movimentacao for~va a consideracao de tnstalacao sanitAria unfca, por~ completa,
lndependente. JA a perspectlva americana comprovou ser lnexpresslvo o acr~lmo de custo
necessArto A acesslbllidade amblental em compartlmentos coletlvos. Consldera-se ainda. uma
"•rrclo PiDto Gutmartes 29
reduc;ao substanclal de custos pela concentrac;ao de sanltArios acessfveis em localizac;ao conjunta
para ambos os sexos. Como Area minima num grande edificto, por exemplo. basta a existencla de
quatro sanltArtos (mascullno/feminlno), dois em cada extremidade do pavfmento. do que seis
sanltArtos. ao se inclulr o par de sanit.Arios "especlflcos para cadelras de rodas" junto aos
convenclonais de masc./femin. do pavlmento.
Apllcando-se a base conceltual do Barrier-free design, vertfica-se graves problemas em fatores
pslco-soclais do uso arnbiental, tanto no caso de sanitArlos lsolados quanta no de sanltArios coleUvos.
Cabe ao designer contemplar os objetlvos do projeto e selecionar a conflgurac;ao que cause menos
constrangimento aos usuArtos. 0 isolamento da acesslbilldade em sanitArtos especials repercute em
menor proxlmidade e prtvacidade dos usuArlos em cadeira de rodas. Para lr ao sanitAria. o portador
de deflctencia tern que se sujeitar ao controle de outras pessoas, al~m de senUr os efeitos negauvos
da rotulac;ao; nisso, reforc;a -se a imagem indesejAvel sobre a identidade de portadores de
deficienclas como pessoas incapazes e dependentes. Isso se deve A falta de dominio sobre a chave
do sanitAria especial, o qual ~ normalmente trancado para prevenlr a utilizac;ao indevtda e
depredac;oes. JA nos sanitArtos para masc. /fernin., o problema em fatores psico-sociais do uso
arnblental a ser considerado ~ o do uso indevido da acesslbilldade arnbiental por pessoas nao
portadoras de deflciencla. Foi constatado em compartlrnentos de tamanho convencional
constantemente vazios. que usuArios de cadelras de rodas se veem prtvados de usar o sanitArio;
certas pessoas nao portadoras de deflciencia optam pela comodidade de maior espac;o. Nesta
disputa territorial permanece a questao sobre o emprego da reserva de contenc;ao ou exclusividade.
Pelas proposic;oes em design de melhor qualidade arnbiental. sugere-se como melhor soluc;ao a
garantia de altematlvas de uso arnbiental pela disposlc;ao (mica do compartimento "barrier-free" em
banhelros unisex de tamanho reduzido e uso nao exclusivo. os quais devarn estar dispostos no
edificio a curtas distAncias. Desta forma. evita-se a segregac;ao de usuArtos. o uso indevido da
acessibilidade amblental por pessoas nao usuArtas de cadelras de rodas, e longas distAnclas de
percurso entre sanit.Artos.
Finalmente, quanto Aquestao do niunero e posicionarnento de barras de apoio em sanit.Artos, as
pesquisas ergon~trtcas asseguram apenas o uso lateral e posterior de barras horizontals, as quais
servem de suporte. Barras obliquas a 45° sao sugertdas noutras publicac;oes. mAs seu uso ~ restrtto a
portadores de defidencla fisica com dificuldades em se assentar ou levantar. Nao hA conhecimento
de pesquisas que considerem comparaUvarnente sobre a lrnporta.ncia da angulac;ao face A
representatlvidade entre populac;oes alvo. A expertencia em design considera prudente o uso de
barra mica horizontal que se prolonga na paredes de fundo e lateral e se torce para a posic;ao
obllqua ao se distanciar do eixo transversal do vaso sanitAria. Outra propostc;ao em design ~ a
inclusao de urn apoio pendente na forma de tra¢zio a ser usado como trarnpoltm. MAs, entre
outras id~las, essa nao pennite seu uso por portadores de deflctencla mais vulnenveis ao controle e
coordenac;ao motora, equflfbrto. forc;a nos membros superlores, etc. Portanto. a populac;ao alvo ~
reduzida, eo beneficia global ao investlmento ~ quesUonAvel.
Tendencjas do Barrier-free Desi&n: Oualidade no Uso Ambiental
Em todo o mundo. a tecnologta avanc;ada tern predisposto a organizac;ao de pessoas em defesa
de seus tnteresses enquanto consumidores. AMm disso, o alto nlvel educaclonal, a estabilldade
M&rcelo Pinto Gotmaraes 30
flnancelra. e a parUclpa~;ao aUva em empreendimentos comunltArios tern sldo lmportantes fatores
para o sucesso do movimento de portadores de deficlencla na relvindlca~;ao de seus dlreltos
enquanto cidadaos. Como resultado: lntimeras leis tern sldo crtadas e apllcadas com severtdade;
no'O produtos e edlflclos estao propiciando o convivio entre usufuios portadores ou nao de
deflctencias e a tendencia de mercados para produtos cada vez mals "barrier-free·, para o "design
universal".
A lmplementa~o legal do Barrier-free Design em c6dfgos de obras desencadeou urn processo
de produ~o industrial de elementos construUvos pr6prtos AacessibOidade arnbiental. AI~ disso. o
cumprtmento legal garanUu a amplia~o de urn mercado restrtto para a inclusao de produtos
concebidos de forma artesanaJ. Assumindo a instrumenta~;ao de usuArtos atra~ dos prtncipios do
Barrier-free Design. os jA fabrlcantes de elementos construtlvos e de produtos para autonomia na
vida dlAria buscararn inicialmente atender os requisitos das prtmeiras normas da acessibilidade.
Com isso. surgiram entao equipamentos "especialmente" projetados para a popula~;ao de portadores
de deficiencia. As linhas de produtos "especiais para deficientes". paralelas A produ~;ao
convencionaJ era urn constante transtorno. tanto para usufuios (que se viam idenUficados pelos
produtos como pessoas "especiais") quanto para fabricantes (que nao conseguiam lucros
proporcionais ao acr~sclmo de despesas) e construtores (que eram obrigados a consumlr sem
o~Oes) .
A demanda crescente por equiparnentos para solu~;Oes de casos complexos logo lmpulsionou a
expansao da quanUdade e dos Upos de produtos sem que houvesse informa~o sobre o desempenho
de portadores de deficiencia ou preocupa~;oes t~nicas quanto ao aspectos funcionais. ou de
segurant;a. Qualquer proposica.o em design era resultante de uma transposicao de tecnologia. Por
exemplo. os prtmeiros elevadores em plataforma para cadeiras de rodas surgtrarn de plataformas
elevat6rtas de cargas industrials; a cadeira de rodas el~trtca foi adaptada de urn pequeno tratorI
cortador de grama. Nesses e noutros equlpamentos, a necessidade de usuArtos era conheclda em
etapas evoluUvas. dada a mator dlsponlbllidade de recursos e de expertencias antertores. S6 quem
dlspunha de alguns recursos flnancelros e tecnol6gicos se propunha a montar alguma "gertngonca·
para auxtliar parentes. am.lgos. ou conhectdos portadores de defictencia; ap6s conhecer a "arte" do
oficlo. se lant;ava A produ~;ao em quanUdade. Mats tarde, com a saturat;ao do mercado. os produtos
obsoletos COI'llet;aTarn a desaparecer, e com~u urna reacao de consumidores A procura de produtos
de melhor acabamento est~Uco e fundonalldade.
Com a mudant;a de enfase do Barrier-free design, de simples acessiblidade arnblental para a
lnstrumenta~o fislca e psico-social de usufuios, houve entao incenUvo para a reformula~o das
linhas convencionals de produ~o de modo a atender usuArtos de caracterisUcas dtferentes. Aliado a
esse processo, passou-se A reconsldera~o de fracassos nas prtmeiras lniciaUvas junto ao mercado
lmobilifuio. As restdenclas de programas plloto, construidas para serem acessfveis, tinham at~
entao pouca aceita~o publica e pouco valor de revenda. N.~ mesmo portadores de deflctencia se
senUam discriminados pela sua vulnerabllidade nestes edlflcios e expostos a lnvasoes de sua
proprtedade. Incorporou-se entao ao Barrier-free Design. o conceito de adaptabllidade ambiental.
A adaptabllidade amblental conslste em prover os elementos do espat;o edlflcado de forma
flexfvel. ajust.Avel. removivel e de acess6rtos adequados A habllidade particular de qualquer usufuio.
Como base A adaptabilldade esta a acesslbilidade ambientaJ, por~m conslderada em etapas, at~
Marcelo Pinto GgJmartes 31
atinglr a sofisticar;ao de detalharnento necessAria a portadores de deflci~ncla mUIUpla com pouca
competencia ambiental. Embora o dimenslonamento de portas. e a dlsposlr;ao espacial deva
considerar o usu~rto de cadelras de rodas. a instalar;ao de elementos fixos deve ser abollda em favor
de elementos ajus~vels a pessoas de altura e complexao flslca dlferentes. AD se mudar urn novo
morador. resid~ncias idealizadas para a adaptabtlidade ambiental permitem o f~cil reajuste. sem
maiores custos.
Urn born exemplo de adaptabftldade amblental surgiu pelo projeto Fokus, na Su~ia. LA todo urn
complexo habitacional foi construido a nivel experimental, tendo como moradores. pessoas com
graves limitac;Oes de desempenho no uso amlental, antigos resldentes de hospitals de reabilltar;ao.
As unidades habltaclonals foram categorizadas em tres Upos, conforme a ~a total. As divisOes
internas foram feltas de paredes m6veis, conslstindo de m6dulos de annA.rios com rolamentos de
forma a permitir dlferentes configurac;Oes. Mesmo as pratelelras sao de altura e profundldade
regul~vels. 0 mesmo ocorre com todas as instalac;Oes hJdr~ulicas. Resultado: o projeto Fokus tern
sido urn sucesso! Tanto que outros pai.ses. como os USA. incorporaram essas id~ias em suas normas
t~nicas para a acesslbilldade ambiental.
Outro importante aspecto da adaptabilidade ambiental est~ na crescente aceitac;ao de
resid~ncias e produtos "Barrier-free" para o uso geral. Desse modo, o est.tgma assoclado ls
habltac;Oes especiais e a produtos antertormente destlnados a portadores de deflcl!ncia deixou de
exlsUr. AD mesmo tempo. a adaptabilidade veto "camuflar" a acessibllidade amblental de portadores
de deflci~ncia para aUnglr o grande mercado consumidor.
A grande projec;ao do Barrier-free Design, e particularmente. da adaptabllidade amblental no
futuro es~ no design universal, o design que se ajusta ao usu~o. 0 design universal se distlngue da
adaptabilidade amblental por ter urn espectro mais amplo; ele abrange a todos os produtos,
indiscriminadamente. Urn produto crtado pelo design universal tern uma capacidade malor de
constante adequac;ao para uso lmediato. Ainda hoje. a adaptabilidade ambiental se acha restrtta a
habltar;oes. somente ganhando algurn terreno na adequac;ao de certos locals de trabalho. 0 design
universal sugere uma mentalidade aberta, a incorporac;ao da adapt.abilidade amblental em todos os
locals. sem llmites temporals ou de recursos. Isso se deve ao fato dos objeUvos de adaptabilldade
serem incorporados ao produto alnda em sua fase inlcial de criac;ao. De urn modo geral, w.rtos
produtos sao asslm ldealizados: por~m. h~ falta de componentes acess6rlos que ampllem a
adaptar;ao entre o produto e o usuM!o. Por exemplo, ~ 6tlmo que tenham criado uma mAquina
fotogrMica que possa ser empunhada e aclonada com uma s6 mao: resta agora que o fabrtcante
coloque no mercado urn acess6rio que pennfta ao usuMio optar: usar ora sua mao esquerda, ora a
direlta. No caso de portadores de deflct~ncia em potencial. quantas pessoas poderiam se beneflclar
ao Iongo da vida se os produtos que fossem ideallzados para se ajustarem ~ suas necessldades
var~veis?
Outra perspectlva futura do Barrier-free Design es~ associada ao uso de tecnologta avanc;ada, os
chamados "smart chips", para o design universal. 0 movlmento high-tech em design assume cada
vez ma1s a miniaturtzac;ao de equtpamentos, a conservar;ao de energia, e a redur;ao de custos. 0
resultado tern sldo a concreUzac;ao de projetos ousados pela utlllzac;ao de controles
cornputadorizados e sensores infra-vermelhos, de uitra-som, de vartac;ao tmntca, de movimentac;ao,
etc. A apllcac;ao macic;a desse tipo de equlpamento tern contribuldo para a robotizac;ao da
Marcelo Pinto GpJmarles 32
acesslbilldade e da adaptabilldade arnblentaJ. Por exemplo, ~ comum nos paises de alta tecnologia
como nos USA. o consumidor ter condlcoes de adqulrlr portas que se abrem e fecharn sem o menor
esforco: slstemas de controle automAUco que Ugam e desllgam eletro-dom~Ucos de urn unico Iugar.
sistemas de seguranca domiciliar que vertficam aberturas. o aqueclmento. slmularn o movimento de
propriet.Arios. e comunlcam com a policia em caso de arrombamento. Nessas residencias (ou "smart
houses") espera-se para breve o uso de sensores instaJados nas paredes e nos pr6prios eletro-
domesUcos. Asslm, por exemplo, portadores de deficiencia podem "conversar" com as paredes para
pedlr ajuda em caso de acldente: al~m dJsso. fogoes lrao reconhecer o usuArio e nao funclonarao
com criancas: a pr6pria televisao pode ser acoplada com urn disposiUvo que perrnlte a traducao
slmult.Anea de vozes em sub-titulos ou linguagem de sinals.
Enquanto t.als lnovacoes nao atingem o grande pubUco mundial, resta ainda percorrer urn Iongo
caminho para a melhoria do trabalho profissional. em termos conceltuais. A tecnologia sozlnha
jarnais foi solw;ao aos problemas do mundo. Associada a ela existem perdas substanciais da
qualidade de vida que nao sao examinadas pela vtsao Avida do lucro lmedJato. Resta-nos perguntar
se a existencia de pessoas nao rnais conslderadas portadoras de deficiencla por causa de
equipamentos tao formidAvels serA urna existencia feliz, com rnais amor e menos barreiras psico-
sociais.
Marcelo Pinto Gotmartes 33
CONCLUSAO
Em Slntese
0 Barrier-free Design oferece urn posicionamento ideol6gico inovador. senao ousado. Para
muttos ele pode traduzir-se apenas em design voltado As necessidades de portadores de defici~ncla.
Para outros. ele ~ simplesmente design com maJor rigor de qualidade. Para todos. ele deve
stgnlflcar o comprometimento do profissional de design em dlstingulr o usuarlo do espaco
ambiental atra~ do repeito A sua diversfdade em potencial.
0 Barrier-free Design nao possul f6rmulas para fAcU aplfcacao. 0 que existe sao normas da
acessibUidade ambiental que descrevem a realidade num formato superficial. As normas
estabelecem crit~rtos mJnimos para a abordagem do problema de acesso enquanto forma de
adaptacao ambiental. Cabe ao proflssional lr al~ e propor contrtbuicoes para o enrtquecimento da
infonnacao.
A acessibilldade ambiental nao deve ser entendida de forma parcial, como conflnada A pesquisa
acad~mJca de questoes lsoladas, ou vinculada a doutrtnas poliUcas de momento, ou ainda restrita As
pressoes flutuantes de invesUmentos no mercado profissional. 0 acesso absoluto ~ resultado de uma
perspectiva global, ecol6glca, que define aspectos do design, estabelece fundamentos para a
pesquisa clentifica. e fornece argumentos para lniciativas poliUcas de implementac.ao. Qualquer
proposicAo que negUgencie algum desses aspectos deve ser vista com suspelta ou descrMfto.
0 Barrier-free Desi2n no Brasil
Gradualmente. o debate em torno do acesso ambiental no Brasn estA se ampliando. Mais e mals
pessoas estao envolvidas num processo de formulacao de fd~las e de propostcao de infclaUvas. No
entanto, existem dlscrepanctas ideol6gfcas que dJstorcem a verdade e dfficultam a evolucao natural
pela asslmflacAo de experf~nclas posiUvas. No Brasn, ainda convlvemos com urn nfunero expressivo
de barrelras arqultetOnicas. Desta forma. refertmo-nos a urn possivel Barrier-free Design como
paliatlvo. lrOnicamente, a acessibllidade sem barrelras arquitetOnicas A capacidade fisica de usuA.rios
vern sendo encarada como uma acao fllantr6pica da comunidade; a ~nfase estA somente sobre a
necessldade de locofllOCAo de portadores de defld~ncla.
Po~. acessibUidade nao deve ser confundida com filantropia: ela ~urn sinal de maturidade da
consd~ncla de comunidades que buscam com rtgor a conformidade de equlpamentos e ediflclos a
padroes especlflcos de qualldade ambiental. Acessibilidade ambiental ~ . portanto, o
reconhecimento do dlrelto do usuArlo enquanto consumJdor do investlmento publico, num espaco
edificado que amplia habilldades individuals e respelta caractertsticas parUculares.
L6glcamente, nao se deve julgar a atltude geral sobre acessibilidade que prevalece no
comportamento das pessoas como sinal de atraso ou de descaso em nosso pals. Certamente,
vivemos num contexto cultural em que as ra1zes da defldenda se confunde com a pobreza e com a
falta de lnstrucao do povo. Como entao falar da conscienttzacao de consumldores se a malorta da
populacao lnteressada elege como maJor prtortdade o esforco dJArio A subsistencla e a fuga ao
desamparo social?
Marcelo Pinto Gvimades 34
Em palses jovens como o Brasil. a importancia de se fmplantar a pmtica do Barrier-free Design
o quanto antes se deve A necessldade de se fazer nossos profissionais e tecnologia preparados para
suprtr a grande demanda de equfpamentos e edfflcfos para nossa popula~ao e para garantfr
qualldade de vida pela qualidade ambfental. Asslm. o custo de ext.ensas refonnas pode ser poupado
e os beneficlos da acesslbllidade amblental podem ser usufrutdos. a curto prazo, pelas pessoas de
hoje e pelas gera~ de urn futuro pr6ximo.
E' necessArto entao que proflssionais sejam consdentizados e que projetos sejam desenvolvidos
de forma a tmplementar o Barrier-free Design a cada vez que urn equfpamento seja tntroduzido na
Unha de produ~ao. ou que urn edfficto antigo tenha que vir abafxo para dar Iugar ao novo. desta vez.
livre de barretras. Apesar de poucas, as fnfciativas plonelras em que se faz notar o crescfmento da
mobillzac,;ao de setores socials habilltados e tnteressados sao catallzadoras de transformac,;ao social.
Felimlente, na consutufnte brasilefra jA se I~ sobre o acesso de portadores de defici~ncia as escolas,
aos locais de trabalho. aos logradouros... Resta agora transformar tais palavras em a1;0es.
0 desenvolvfmento do Barrier-free Design no Brasil pode ser catalizador de outras
transfonna~Oes socials para a qualidade de vida. Para tsso, Wrios setores socials JA estao se
mobilizando. Por~m. ~ preclso que o conhecimento gerado se atenha aos aspectos caracterlsticos
de nossa realidade cultural. E' precfso que a populac,;ao de portadores de deflci~ncia contrlbua nos
pr-ocesso de design, esclarecendo questoes em que as normas fntemaclonais da acessibilidade pouco ·
tern a oferecer. E' dfscutlndo sobre o •para que· que entenderemos melhor sobre o •para quem· e
est.a.remos melhor preparados para justlficar sobre o •por que sim· em rela~ao a conce~oes
a.mbAe:ntais para o acesso absoluto.
Mf""do .Pbato Golmartes 35
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Fundamentos Barrier-Free Design

  • 1. Marcelo Pinto Gulmaroes ~ (Jl) [M@ 0 [M] ~ [NJ 11@ ~ @@ ~0~~arn~o[?~~~ Edl~ Especial para a Pr6mlo Naclonal de Design, Pesqulsa e AdequocrOo do Moblll6rlo Urbana aPessoa Portodora de Deftcl6ncla lnclllutode NQ~Mtetoo do llrcal / lA&- MG Coordenodorio de Apolo e Assa141ndo 0 Pessoo Delbente I CAADE Seaelalo de Es!Odo do Trc:DalhO e A<;Oo Social de Mnas Gerais I SETAS Mar~o .. 1991
  • 2. APRESENTAc;AO Este Traba1ho Atualmente. uma corrente ideol6gica para o "design" de equipamentos. de edificios. e de Areas urbanas enfoca a satisfa~o ambiental dos usuArtos portadores de deficiencia como forma de garanUr a melhorta da qualidade ambiental para todos os usuArios. Trata-se do "Barrier-free Design". Neste trabalho, pretende-se a informacao de designers e de pesquisadores sobre conceitos fundamentals para elaboracao de projetos que visam o ajuste entre a satisfa~ao de necessidades fisicas e psicol6glcas de usuArios e as cond~oes ambientais do espaco ediflcado. Tals conceitos nao ad~ de rela~oes lmutAvels ou de fun~oes matemAtlcas, mAs do actimulo de experlenclas bern sucedidas de design, pesqu.lsas e de politlcas de lntervencao amblental. 0 Autor Marcelo Pinto Guirnara.es ~ arquiteto. formado na UFMG em 1982 e com mestrado em 1990 obtldo pela State University of New York at Buffalo, nos USA. Deficlente flsico por causa de poUomlelJte. M.P.G. s6 dtrectonou suas atrlbui~oes proflssionals para estudos sobre o Barrier-free Design ap6s Jngressar atlvamente na Assocla~o Minelra de Parapl~cos. pelo movimento de concienUzacao social sobre questoes relativas A defictencia. Trabalhando pela Coordenadorla de Apolo e Asslstencia A Pessoa Deficiente, em 1985, coordenou a a~o de Vcllios 6rgaos govemamentais de MG na apresentacao de pain~ls no XII Congresso BrasUeiro de Arquitetos. JA nos USA. fol asslstente de pesquisa do professor Edward Steinfeld. Arch Dr., diretor do Adaptive Environments Laboratory e responsAvel pela base clentifica das normas t~cnJcas arnerlcanas sobre a acesslbilldade amblental. Hoje. consultor, designer, e pesqu.lsador. M.P.G. se dedlca a trabalhos sobre a necessidade de usuArios para a qualldade ambiental, atra~ da apltca~o dos fundamentos do Barrier-free Design. Premlo APropostas sobre Oualldade de Vida no Uso .Ambiental No premlo de design, pesquisa, e de adequacao do mobOIArto urbana A pessoa portadora defictencla. a enfase do concurso estA orientada para a selecao de proposl~Oes lnovadoras para a rela~o entre o ambiente edificado e o seu usuArio, na abrangencla da lnstrurnentacao humana flsica e pslco-social. Espera-se. a partir do semlnArio "Fundamentos do Barrier-Free Design". que contrlbui¢es A adequacao ambiental urbana para portadores de defictencfa sejam elaboradas numa llnguagem comum, a qual reflete etapas mais avao~das do questionamento sobre qualidade ambtental. Amplla.ndo o desafio do design como instrumento fistco e simb61Jco da qualldade de vida, o uso de equlpamentos. edJficlos e Areas urbanas crlados na perspectlva do Barrier-free Design tende a ampliar o enfoque dado A qualidade ambiental. A enfase se justiflca em beneficlos gerais no cont.ext.o socla.l a pa.rUr da abordagem As necessldades especlficas de individuos que estao fora da dlstrib~o normal da populacao. Neste processo. inidativas de servi~os a nlvel de comunidade e tendenda.s de mercado devem ser directonados para a asslmila~o de pnticas de atendimento pClbUco personaHz.ado e a fabrlca~ao de produtos que respeltam as diferen~s. as caractertsUcas ••n:elo Pbato Gvtmertes 1
  • 3. peculiares dos usuanos com ou sem deficiencia aparente, e proporcionam oportunidades mais equilibradas para o crescimento individual das pessoas no grupo social em que vivem Para a fdeallza~o ou an~ise de urn elemento ambiental. deve-se exarninar prtmordialmente as inten~ da obra em rela~o a urn contexto de necessidades especificas e de beneficios gerais em potencial. 0 conteudo da mensagem formal. o efeito que ela esUmula. e a destina~ao funcional da id~ia enquanto objeto; todos esses fatores em design podem ter efeito multlplfcador no processo de transforma~ao cultural, pela vefcula~o de alternatlvas de adequa~o e de novos significados para o uso do espa~ construJdo. ConteUdo desse Manual Aprese~ Este Trabalho OAutor Premio A Propostas sobre Qualfdade de Vida no Uso Ambfental Deficl!Dcla no Uso Ambiental Barreiras ArquftetOnicas e Ambientais Popula~o Alvo Padroes de Conforto Ambfental 0 Ajuste Ser Humano - Espa~o Edlficado: Eridencia Clentifica Estra~ Para o Barrier-Free Design Ergonornia Para a Qualfdade Ambfental ·oSer eapaz· 0 Estudo de Casos: Compreendendo a Perspectlva do UsuArto Paradigmas do Comportamento Huma.no no Uso Ambiental Aspectos Psfco-Sociais da Competencia Ambiental A Prf.tica do Barrier-Free Design Acessibilidade Sobre Rodas A lnstrwnenta~o dos UsuArfos Normas ~nicas: A Urn Passo do Acesso Absoluto Tendendas do Barrier-free Design: Qualidade no Uso Ambfental Conclusto Em Sintese Ba.rrier'-free Design no Brasn BIWografia Referencias Sugest.Oes para LeJtura Marcelo Pinto OpJmartes pagioa 1 3 8 24 34 36 2
  • 4. DEFICIENCIA NO USO AMBIENTAL Bmeiras Arquitet6nicas e Ambieptais A partir da d~ada de 50, organiza~oes lnternaclonais referlrarn-se aos elementos do espa~o edJficado que nao permltem a cert.as pessoas se adaptarem ao modo de vida social por causa da deficiencia: charnararn a esses elementos de barreiras arquitetOnicas ou ambientais. Nestes tennos. foi estabelecida a -imagem- de que a diferen~ social para pessoas portadoras de deficlencta est..aria vinculada A existencia dessas barreiras. Uma vez removidas. est..ariam eliminadas as dillculdades ao reconhecimento de seu valor na comunidade e abertas as oportunidades do sucesso e do crescimento pessoal. A caracterlstlca mais marcante das barreiras arnbientais est.A em sua invisibUidade para pessoas nao portadoras de deflciencta. lsto ocorre porque as barrelras arnbientais atuarn dentro de niveis de conforto conslderados suportAveis para multas pessoas. As barreiras irao exigir talvez wn esfor~o maior em certas clrcunstAnctas mAs nunca se constltuirao num irnpedirnento ou numa situa~o estressante. como ocorre para muitos portadores de deflciencia. At> contrluio. a remcx;ao de barrelras ambientais pode beneficiar a nao portadores de deflclencla por facilltar o dominio sobre condicionantes arnbientaJs como wn todo. Os efeltos pslcol6glcos negatlvos da inacessibilidade provocada por barreiras ambientais justiflcam a reforma do espa~o construldo (Steinfeld. Duncan & Cardel, 1977). Baslcamente. barrelras arquJtetOnicas interferem na rela~ao entre indlviduo e arnbiente. pela qual mensagens sirnb6llcas de valores soclaJs contribuem para a integra~o desse indlviduo na comunidade. A rel~o de um indvlclJo com o embiente ~e o oerce pode eer deaoite como ume eometorie de forr;ae opoetes condi~IM!s embienteis •tuam sobre • pe1110a e provocem uma re•~Ao determinede pe• ate C8plcidade flaice e por vlllorea culturaie 0 ree~At•do e a edaptecAo ou compet~ci• embientel Existem ambientes que desa.flam: existem outros que intirnidam. Nestes Ultirnos, nota-se mals claramente a existencia de barrelras ambientais. Nos ambientes que desafiam, os condlcionantes bnpostos pelo contexto ambiental sao estlmulantes. Eles permltem a reacao natural do usu.Ario. o qual passa a desenvolver habUidades fisicas e psico-socta.is. Por assirn d.izer, o usuArlo adqutre competencta amblental: ele se adapta a diferentes circunstAncias e assume wn papel social atlYO. Par outro lado. nos amblentes que intirnidam. os condlclonantes amblentals lnlbem a e.xpre:ssao das babilfdades de usuluios port.adores de deflciencia e oferece poucas oportunidades para o desenvolvlmento de seu potencial. 0 indMduo tende a se tomar incompetente ambiental. Nas lncontAvets frustra~ do dla-a-dla. nao consegue entender a mensagem sirnb6lica do espa~o ediflcado. e portanto. nao consegue se sociabilizar pelo processo comum a todos. ••ttelo Piato Gutm•rtes 3
  • 5. Num ~spe~ edficedo q..e desafia • canciQ6es do me4o insl'umentam oUIIOArioo q..li t estimuledo adesenYOivB' habilidlldes. ~rindo competencia ambientBI Num esp111;0 edficadoq..e intimida as can~ do meio opimem oU8UMio o~ nAo conlle9Je deeenvolverauas he.bilidades: i880r~!lllta em incompetencia ambientBI Atraves do planejamento amblental. pode-se intervir no espa~o edificado para a crta~ao de ambientes que desafiam e para a ellmina<;ao gradual de amblentes que intlmidam. lsto significa entender as circunstAncias fislcas e psico-sociais da rela~ao pessoa-amblente. Assim. havera a correta distin~o entre os aspectos de desaflo ou de inUmida~ao presentes no espa~o edificado. Nwna discussa.o sobre prtoridades de interven~o no espa~o edificado, este argwnento se toma de lmportAncla fundamental, dada a grande diflculdade de se el1mlnar todas as barreiras ambientais a curto prazo. Mais lmportante do que se garantir urn ambiente totalmente livre de barreiras, ~ possibilltar que todos os indivtduos sejam habilltados a transpor as limita~ das barreiras existentes seja pela instrurnenta~o ambiental, seja pela rninimiza~ao dos obstAculos fisicos. A instrurnenta~ao de usuarios atra~ de mecanismos que preenchem a defasagem entre eles e o ambiente compreende a existencia de alternativas de uso ambiental adequadas ao desempenho dos indivtduos no contexto social em que estao inseridos. Entao. at~ mesmo a pennanencia de certos elementos do espa~o contruido, reminiscentes de ambientes que intlmidam, sera um fator irrelevante para limJtar a qualidade ambiental Popula~io Alvo 0 termo portador de defictencia ~ multo amplo e abrange wna popula~o de caractertstlca fisica tlCl1lQda e IXlJ"iQveL sao pessoa.s de idades diferentes, de ambos os sexos, al~m de possuir condi~oes soc:ia.LS dlversas. Ainda mats, elas podem possuir lesoes de tlpos e gravidade completamente disltntas l:ma definlcao sobre tipos e nfveis de defictencta se jusUfica na posstvel existencia de uma con.sta.nte para referencia que oriente a determina~o de prtoridades no trabalho profissional. Contudo, a.s pessoas possuem caracteristlcas pr6prias e nao se ajustam perfeitarnente a modelos ou agru~ntos distlntos. As Wrias tlpologias e deftnJ¢es que buscam determinar as caractertsticas de portadores de deflclencia para o planejamento ambiental sao vagas e dependem de uma Marcelo Pinto Ogfmartes 4
  • 6. classlficac;ao que especifique as diferenc;as entre indlviduos e os efeitos do espac;o edificado sobre essas diferenc;as. Em todo o mundo, as estlmativas oficiais para porcentagens de pessoas portadoras de deficiencia em relac;ao ao resto da populac;ao sao imprecisas, variando confonne o interesse de quem as estabelece. Elas podem vartar entre o lndice conservador de 2% em relac;ao a pessoas intemas em instltulc;Oes, aos moderados 10% da populac;ao geral para pessoas que sofrem por alguma disfunc;ao organtca. ou ainda at~ ao lndice liberal de 65%. o qual corresponde A esUmaUva das pessoas impossibilitadas de executar atlvidades que exigem esforc;o fiSico ou acuidade sensorial. As estlmatlvas podem chegar inclusive a 100"/o quando consideradas todas as pessoas ao Iongo de seu periodo de vida. pela grande probabUidade de que essas possam vir a ser portadoras de deflciencia, atraves de acidentes, doenc;a. ou !dade. Classlficac;oes. de urn modo geral, podem ser eflcazes apenas para curnprir certos objetlvos e nao compreendem o conhecimento global da realldade. Segundo a Assembl~ia Geral das Nac;Oes Unidas e a Organizac;ao Mundial de Saude. por exemplo. o termo ·deflciencta• (disability) tern sido usado para referir-se A consequencias da falta ou defeito de parte do corpo, ou seja. e o que repercute de uma disfunc;ao organica. A consequencla disso e uma pessoa ser ·incapaz de assegurar por sf mesma. total ou parclalmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal.• Essa pessoa e entao considerada •portadora de deficiencta• (disabled person), principalmente para efeltos legals em defesa de possiveis beneficios publicos (p.ex.: aposentadoria). Nurn outro Upo de classiflcac;ao. a separac;ao arbitrAria entre indlvfduos dependentes e independentes tern sido ainda usada para a determinac;ao da severidade da defictencla a qual pode repercutlr numa malor restric;ao dessas pessoas no trabalho, em cuidados pessoais ou na mobfiidade. No entanto. a diferenctac;ao entre pessoas dependentes e independentes nao se traduz de forma prAUca. urna vez que a habilldade individual varia de forma temporal e circunstanclal, de pessoa para pessoa, mesmo com deflctencias de Upos e nivels de gravidade semelhantes. Em se tratando do espac;o ambiental ediftcado, na classiflcac;ao da habntdade na execuc;ao de atlvidades especiflcas estA a deflntc;ao mais apropriada da populac;ao beneflciAria, a qual pode ser consideravelmente distlnta dependendo do Upo de amblente ou produto sendo considerado, do tlpo provAvel de usuArio, e da localizac;ao desse elemento ambiental no contexto em que faz parte. Assim, a deflnic;ao de deficiencla abrange as limitac;Oes para a execuc;ao de tarefas ou atlvidades fisicas nurn contexto social. Padr<>es de Conforto Ambiental Certas caracteristlcas fislcas se adaptam melhor a condic;Oes impr6prias de uso ambiental do que outras. lsto porque conforto ~ deflnlvel numa escala gradual de tolerancia a condic;Oes amblentais adversas A natureza da maioria das pessoas. ~im. tem-se estabelecido o padrao normal. Ele corresponde ao lndlce mMio entre o mAximo e minimo admissivel para o conforto ambiental. As pessoas consideradas normals tern alto poder de adaptac;ao nurn certo periodo de vida e sao capazes de suportar niveis multo baixos de conforto. As pessoas portadoras de defictencla, nao! A disfunc;ao orga.ntca de parte do seus corpos inlbe que possam se adaptar ao espac;o ediflcado conforme condicionantes fisicos e culturais. L6gtcamente, a predominancia do nfunero de indivlduos em condic;Oes fislcas simllares na habilidade de adaptac;ao detennlna urn padrao normal ••rrelo Pinto GpJmades 5
  • 7. de refer~ncia para condiC()es ambientais satlsfat6rias ao todo social. A minorta. individuos que nao se ajustarn a esse padrao de refer~ncia. tern que se conformar e ter suas necessldades especificas lgnoradas. PI STBIBUIC;Ao DA POPULA!;AO NO POTENCIAL DE OESEWPENHO FISICO Doolrobllo~lo Somb6hca de Peaaoao no limrte do Padrlo Normal Fr1tge1s L. _ _ _ ~d!;!O ~'!'a!_ _ _ _ _ 1 Vtgorosos Desempenho Transforma~oes do perfil da socledade ap6s a segunda grande guerra proporcionaram o aurnento do mimero de indlviduos no planeta, bern como da diverstdade de caracteristlcas fisicas. Assim, o padra.o de normalidade presente no espaco edificado vern sendo for~osamente revisto de forma a proporcionar a urn maior nlimero de pessoas o acesso e usufruto de bens e servi~os da comunidade. Prover condi~oes ambientais satlfat6rlas a pessoas portadoras de deflciencia poderia slgnificar a altera~ao dos niveis de conforto tradicionalmente estabelecidos, de forma a abranger, num padrao de normaUdade mais amplo, as pessoas com caracteristicas fisicas mais peculiares. No entanto, mesmo uma grande reestruturacao ambiental nao atingiria niveis de conforto para a satisfacao de todos, a partir de urn padra.o considerado ·normal·. Por mais amplo que seja, nos Umites desse padrao sempre havera pessoas com pouca habllidade de ajuste. Requer-se. entao, que os niveis de conforto sejam repensados de maneira a formar "limites Oexiveis· que se ajuslem a.s habilidade de pessoas com pouca capacidade de adaptacao. Estabelecer llmJtes flexiveis stgnifica conslderar o usuano pela diversidade de suas caracteristlcas em formas altematlvas de uso ambiental. Marcelo Pinto Gvimartes 6
  • 8. H' de Peeaoaa Potencial de o..empenho REPRESENTACAO DO PADRAO DE CONEORJO FLEXIVEL NA D!STAIBUICAO DA POPULACAO Este ~ urn grande desaflo de transforma~o social que exige uma revolu~o de atitudes e de comportamentos. lsto tende a ocorrer devtdo a urn movtmento crescente de mudanc;a social que tern vencido resistencias ao interesse comurn. Uma transformac;ao do ambiente implica em estabelecer novos valores simb6licos para o uso do espac;o ediflcado e em alterar as relac;oes entre as pessoas. Nisso. o "impossivel" deve ser entendido como urn "estado de espirito" e a "excec;ao· deve ser entendida como "parte da regra•. Na pnHica. os esforc;os de implementac;ao dessa mentalidade tern atravessado caminhos tortuosos mas ainda tern se mantido nesta mesma direc;ao. Como exemplo: o uso de tecnologia da computa~o aplicada ao atendimento de clientes em centros de interesse da comunidade como bancos flnanceiros. Isso tern correspondido A implanta~o de "limites flexiveis de conforto arnbiental" e contribuido para uma melhor qualidade dos servtc;os; o tratamento personalizado a clientes com servic;o de atendimento eletrOnico resulta na minimizac;ao de fllas e de entraves administrativos ou operacionais. Como tendencia posiUva, espera-se que o uso de cartoes magn~Ucos elimine cada vez mais os artificios de obstru~o arnbiental (roletas) e organizacional (senhas e documentac;oes) para controle da populac;ao e facilite o credenciamento de usuArios de acordo com suas caracteristicas, para acesso aos servic;os e benefictos publicos. Marcelo Pinto Ggfmartes 7
  • 9. 0 A JUSTE SER HUMANO - ESPA<;(O EDIFICADO: EVIDENCIA CIENTlFICA Estrathias Para o Barrier-Free Desi~o Na tradu~o pura e simples. barrier-free design consiste no projetar livre de barreiras. Tais barreiras correspondem a elementos do espaco ediflcado que pela sua forma ou fun<;ao restrtngem a atividade de porta.dores de defldencta. seja ela fisica -- isto ~. motora. sensorial. org4nica e mental - - ou psiqulca -- aquela detennlnada soclalrnent.e por discrtmina<;ao quanto A estttica do corpo. ou A apresentacao impr6prla de pa¢fs socials. A rem~ao de barreiras arquftetonfcas consfste em propfctar o ajust.e entre o usuArio e o espaco ambfental pela elirnfnac4o de elementos construtivos lrnpr6prfos e pela lmplantacao de outros rnais adequados a balxos nivefs de adaptacao. Por~m. a prAUca do Barrier-free Design nao signiflca remover barreiras arquftetOnicas, mAs cuidar para que elas nao venham a existir. A aplicacao pntica da remocao de barreiras arquftetOnlcas deve ser considerada como Ultimo recurso porque pode frustrar expectativas e investimeotos. 0 resultado da remocao de barrelras pode ter duplo sentldo. confonne pontos de vista entre construtores e usu!rfos. Para uns, a reforma chega a ser ideal: equlpamento ou ediftcio, ou ainda, uma regi4o urbana amplamente acesslvel a pessoas de condicoes fisicas distintas: para outros. o resultado flnal corre o risco de ser urna obra inacabada, interminAvel. urn espaco sem provelto e sem conforto. uma construcao sem conserto. urna irnprovisacao defeituosa da acessibtlldade. A diferenca entre essas perspectivas estA na falta de urn elernento mediador entre interesses, custos e necessldades. Desse modo. a estrat~ia de intervencao sobre o ambiente ediflcado vern ser rnais eficaz pela preveocao de barreiras em novos produtos e amblentes a serem construidos do que pela modlftcacao dos existentes. A tentaUva de rem~ao de barreiras arquitetOnicas existentes chega a resultar num custo excesslvo de reforrnas tanto para a destruicao de elementos irnpr6prtos A habilldade dos usuArtos. quanto para a reconstrucao em formas e funcoes rnais adequadas. Qualquer refonna incompleta para a remocao de barreiras pode comprorneter a aceita<;ao social do esforco conjunto para a melhor qualldade ambiental. Pairando a duvida sobre a eflcActa de certa lntervencao fislca sobre equlpamentos e edificlos existeotes. tende a preva.lecer a desconflanca sobre a amplitude de beneficios do barrier-free design. 0 desenvolvimento do Barrier-free Design enquanto corrente ldeol6gica teve o seu iniclo no planejamento ambieotal de "lnstalacoes especiaJs" de maneira a prover "espaco" e "acomodacao· de porta.dores de deficiencia na vida nonnal da sociedade. Nesta etapa iniclal, a pratica do Barrier-free Design era voltada slmplesmente A ellminacao de barreiras arquit.etonlcas atra~ da acessibllidade ambiental de usuArios em cadeiras de rodas. Numa etapa mais avancada desse movimento, veriflcou-se. ftoalmente, a reformulacao da enfase sobre a re~o de barreiras. Contudo, a ignorancia de multos profisslonais de design persiste ainda hoje. resistindo A assirnfla<;ao de fatos e id~las averiguados no coofronto de atrtbulcOes entre Vlirias disciplinas. A expertencia americana pode ser citada para Oustrar. de forma geral, o processo desenvolvido em socledades de tecnologJa avancada. lnJcialrnente. havla multo pouco conhecimento sistemAtico sobre o assuoto. Necessidades ambientais de portadores de deflcl!ncia foram conhecldas por depoirneotos de poucas pessoas. as quais estavam envolvidas com o movimento politico de relvindicacao de direltos clvis. Tais depoimentos nao eram representatlvos e nem capa.zes de garantir maJor conflabOldade As intervencoes fisicas e jurldfcas; o resultado foi uma grande Marcelo Pinto Golmartes 8
  • 10. variedade de infonna~oes at~ conflltantes entre sf. Prevaleceram. entretanto. a mobUlza~ao e tnDuencia politica de grupos socials interessados. Allada a graves falhas no sistema de assfstencia tnstituclonal. a pressao social for~ou o surglmento de leglsla~Oes e de tnlclatlvas visando a lmplementaca.o de reformas em edlflclos pela ellminaca.o restrlta. por~m gradaUva, de barrelras ambientafs. A definica,o de uma abordagem mafs universal, absoluta. surgiu pela apllcacao conceituaJ de invesUgacOeS clentlflcas em Wrios campos do conhecimento. Pesqulsas sabre as necessidades ambientals de portadores de deflciencia, mediante m~todos de lnvesUga~a.o em ergonomla. psicologia amblental, soclologia e antropologia permltiram entao, a identlflca~ao mals preclsa dos fatores que influenclam a qualidade de uso amblental. A grande enfase est.A baslcamente em infonnacoes sabre as habUidades em potencial de usuArios portadores de deflctencla e sobre o impact.o sodal das intervencOes amblentals que visem aprtmorar taJs habilldades. Essas lnfonnacOes sabre habilldades e impacto social tern sido adquJrtdas atrav~ de duas formas de tnvesUgacao sobre o uso ambiental: pesquisas sabre usuAries e proposlcOes amblentafs em design. As pesqulsas sobre usuflrlos fornecem dados quanUtaUvos e qualltaUvos para apllca~oes no espaco edlficado. orlentando a tomada de declsoes durante o processo de design. TAUcas metodol6glcas e resultados empirlcos fornecem elementos conceltuais para hlp6teses no uso amblental de portadores de deficlencla. Como exemplo. advem de pesqulsas. entre outros, os conceltos sabre a wacesslbfildade amblentalwou •prtvaddade·. As propos~Oes ambientals em design sao frut.o da experi!nda proflssional de conciliar aspectos culturals e tecnol6glcos em elementos do espaco edlficado. Elas testam hip6teses do uso ambiental de portadores de deficlencla e fornecem subsld.los para pesqulsas de avalla~ao da qualldade amblental. No exemplo descrito aclma. proposl~ em design traduzem numa formulacao espaclal o concelt.o de ·acesslbfildade ambiental·: em largura de aberturas e functonament.o de fechament.os, assentamento de nlvels nas edificac;oes, rotas de clrculacao. etc.; e o de •pnvacldade•: orlentac;ao de entradas e ctrculacao altematlva. posiclonamento de m6vels, bloquelo visual e sanoro, proximidade functonal. etc. Para a aplicacao do Barrier-free Design ~ necessflrlo que se forme urn posiclonamento crltico, a partir do conhecimento adqulrido, de forma a complernentar lacunas de lnformacOes adqulrldas da pn1Uca de ambos design e pesqulsa. Num processo intennitente. a eficflcla de solucOes em design deve ser- dtrectonadas para ronftrmar ou rejeltar hJp6teses derivadas de pesqulsas: por outro lado, cada proposlcao amblental deve ser avaliada por m~odos dentlflcos que predfsponham A constante refonnulaca_o ronceltual. Em tennos gerais: as propos~Oes em design tern sldo edltadas na forma Marcelo Pinto Gvtmartes 9
  • 11. de direlrizes gerais. muitas das quais constam das normas t~cas sobre a acessibilldade amblental; as pesquisas sobre o uso amblental sao baseadas na expertencla pessoaJ de usuArlos portadores de deflctencia. Atraves de estudos de casos pessoais, t~nlcas de observa~o parUclpaUva reglstram expectaUvas de usuArios para conforto. seguran~a. padroes espaciafs de lntera~;S.o social e perce~o ambiental; asslm. pesquisadores podem anallsar mats objeUvamente nivels de satisfa~ao no uso a.mblental. Er~onomia Para a Acessibilidade Ambieotal A pesqulsa dos fatores antropo~trlcos assume a Intima afinldade (ergonomla) do ser humano com o espa~o amblental A sua volta de maneira a compor urn sistema simples de rela~o que jusUflca resultados finals ou produtos: causa/consequencia. estimulo/reflexo. comportamento/efelto. Este concelto tern sido utlltzado para a compreensao do sistema humano/mAqulna. Por exemplo, como extensoes do organfsmo. sao resultantes dlsso os mecanlsmos de controle e os lnstrumentos para aferf~o. Pelo ajuste do design de equlpamentos a habntdades e lnsuflctencias funcionafs de seus operadores. a ergonomia tern posslbllltado decr~imo de falhas atrfbuidas ao componente humano desse sistema. contrtbulndo ent.ao para uma maJor eflctencta e melhor desempenho final. Dentre wrtas apllca~oes da ergonomla em nossa vida diAria. podemos citar os comandos de motores, mAqulnas e engrenagens (autom6vel, aparelhos de uso dom~tlco. etc) os quais tern como fun~ao mlnirnizar o esfor~o fislco, concentrar a aten~o. e preservar energlas. 0 uso da ergonomia para a definl~a.o de indices quantitatlvos A acessiblldade amblental fol possivel pela transferencla conceitual de metodologias que. apllcadas lnlcialmente no sistema humano/mAquina, passaram a dar suporte ao sistema humano/espa~ edlficado. Esperava-se que a otlrniza~a.o do desempenho fislco de portadores de deflctencla resultaria no conhecimento de fatores para maior amplitude de adapta~a.o e malor competencia amblental. Nos estudos lniclals, a amostragem do elemento humano era obtida pela tradiclonal sel~o entre voluntArios das for~s armadas. vertflca~o de padroes ergonom~tricos. Estas pessoas sentavam-se em cadeiras de rodas para Mais tarde, comprovou- se a lmproprtedade de tal procedimento metodol6glco. visto que este tlpo de amostragem fomece nivels aproximados de desempenho. Pessoas port.a.doras de deflcienclas mwtiplas e variadas passaram entao a compor a amostragem na ergonomia para acesso ambiental. Formando uma mesma base relativa para correla~o e compara~a.o. os resultados finals de pesqufsas ergonOmicas devem ser obtidos mediante a apUcacao de Wrios ~os de avertgua~o de forma stmuJt.anea ou defasada no tempo. Isto slgniflca que antes de qualquer m!todo para exarne da habllidade fundonal ser posto em prAtica. ~ necessAria que este seja testado em sua capacidade de dlstingutr dtferen~as entre as pessoas e de predizer nlvels reafs de desempenho. Vertficou-se que, al~m de base consfstente para uma anAlise l6gica. testes empirtcos do desempenho humano oferecem informa~oes bastante conflAvels. A avertgua~a.o sistemAtica. em ~os estudos. tnclul a medtcao do esfor~o fislco e de altera~oes organicas como por regtstros comparatlvos de for~. tempo da a~o . batlmento cardiaco e pressao sanguinea; em outras pesqulsas, a anota~a.o independente de pesqulsadores e pesqulsados ~ afertda numa escala sobre imposslbUidades. diflcuJdades e prefereoclas descrttas no uso amblental desses voluntArios. 0 uso fsolado de medl~oes fislol6glcas na.o ~ utll para dectsoes em design uma vez que dlferen~as nos registros Marcelo Pinto Gglm artq 10
  • 12. podem na.o ser percebldas como slgniflcantes em termos de avalia~o pessoal do usuArlo. Por isso, a classiflca~o entre experlenclas de portadores de deflclencla recorre A conflrmacao entre det~oes dos pesquisados e observacao do comportamento pelos pesqulsadores. 0 emprego dos m~todos da ergonomla em estudos para o Barrier-free Design tern demonstrado ser multo importante: por~m. tem-se que reconhecer nos estudos at~ hoje desenvolvldos a existencia de certas imperfelcoes de carAter metodol6gico. E' necessArio que a amostragem da populacao de portadores de deficlencia multlpla seja ampla e permlta a compara~o dos resultados entre grupos de usuArlos com idades variadas, v.Uias limita~ e condiC()es Hslcas ao Iongo de certo tempo. Nao tern sldo posslvel, dentro da sistemAtica da ergonomia. prever a influencla de amblentes reais sobre o comportamento. Os resultados ad~m de simula¢es e expertment.acoes do uso amblental em laborat6rlos e sao impreclsos por nao lnclulrem fatores de lnter-relacao social e de interpret.a~o simb6lica do espa~ edlficado. Estes aspectos qualltatlvos lnfluenciam a mouvacao de usuArlos ern consequentes vartacoes no desempenho. Pesquisas de campo sao entao necessArias para uma confirma~o dos resultados obtldos em pesquisas de laborat6rlo. Neste caso, a pesquisa de avaliacao da qualldade amblental em edlflclos construldos deve ser efetuada como urn trabalho continuo, complementar. estreltamente vlnculado ao desenvolvlmento em laborat6rlo de lnformacoes mais precisas sobre a acesslbllldade amblental. •urdo Plato G!dmartes 11
  • 13. "0 Ser-Capaz" HA grande faJta de informa~ao sobre efeitos mutuos entre disfun~oes organicas e condl~oes amblentals. Multas vezes. designers slmpliflcam a avalia~a.o de urn problema amblentaJ por conslderar unUateralmente a import.Ancia de alguns aspectos, em suposi~oes infundadas sobre caracterlsticas ou comportamento de usuA.rfos. Os estudos de Steinfeld, Faste. Schroeder. e outros. (Steinfeld et all. 1979) deram enfase ao conhecimento das caracteristicas comuns no uso amblentaJ pelos portadores de deflciencfa mUIUpla. Segundo eles. todas pessoas tern ou trao adqulrtr mats de uma deflclencfa ao Iongo da vida. Pelo desenvolvimento de urn padrao tipol6gico de representa~a.o gntilca simples -- ·o Ser-capaz" --. tentaram representar aspectos comuns de Jimita¢es organicas qua ndo associadas com os efeltos ambientais da deflciencfa. 0 Ser-capaz ~ uma matriz simb6lica do ser humano, na qual est.a.o descritas 18 condi~Oes fisicas que afetam amplamente o desempenho no uso ambientaJ. IV:> Jado de outros dados que descrevem aspectos caracterisUcos de certa deflctencfa. 0 Ser-capaz pode informar quais aspectos do uso ambientaJ que devem ser Jevados em considera~o durante os processes de planejarnento ambientaJ (Steinfeld & Hyatt. 1983). E' possivel ent.a.o uma melhor compreensa.o de condicionantes das necessidades "incomuns" em design. Para isso, esta Upologia reune fnforma~oes organizadas sistematlcamente a partir de duas fontes conflAvels sobre disfun~o orgAnfca e deflclencfa: informa~oes descrltivas de doen~as e de condi~oes fisicas obtidas de dlagn6sUcos ~dicos; e... estudos de casos sobre portadores de deflcJencta mUIUpla. de como eles usam o espa~o edificado e do efelto que fsto tern em suas vidas. Concentra~oes probabilisUcas fncidem sobre a ocorrencia de defictencfas ao Iongo do ciclo de vida: "Para se avaliar o impa.cto mUIUplo de disfun~oes no uso ambientaJ. ~ fmportante que se considere a origem dessa condi~o e seu padra.o de agravamento. {...} Multo embora os numeros da popula~a.o em risco nao seja grande, tal risco ~ concentrado num certo periodo do ciclo de vida. Isto signiflca que, longitudinalmente, o risco das pessoas adquirirem uma deflclencfa ~ multo maJor do que quando tal chance ~ vista apenas para uma certa ~poca ou ldade" (Steinfeld & Hiatt, op. eft., 1.4). Ex: RubOOia P61lo lmp1cto 10 Iongo da vida 8 Z 5 I Z Z I 48 65 75 f I I I I I I ~ I lmp1cto 10 Iongo da vida 8 Z 5 IZ Zl 48 65 75 I•I I I I I I ~ I Lesa.o na espinha dorsal Marcelo Pinto GnJmartes pr~- nata1 tnfancia Adolescencfa I juventude 12
  • 14. Esclerose mUJUpla Juventude I maturidade oenctencia por acidentes ocupacionais Juventude I maturidade lnsuficiencfa cardiaca Maturtdade I mela idade Meia !dade I velhlce Velhice Assim. em tennos de design e pesquisa sobre o uso arnblental, ~ importante que se considere o impacto de deflclencias mwtlplas a toda a popula~ao. Desta forma, preve-se as necessldades de Indlviduos. os quais nao possuem deficfencias num determinado momento de seu ciclo de vida. mAs que terao grande probabfiidade de adquiri-las ao atingir idades onde hA concentra~ao de tncidenctas da deflclencia. r ~o.ini6"P"t'tlrOUC70C-. j Wtrmec:lo ;~Pe"dlec«Udldl'M60 A<l~------1.!~~Pr*.-dll ¥iMo ~~-------i~fPrd>lem•dololaoud<ccm..n­ ........._____jiPno_,....doaxkAo '--mp...... doaxkAo ~ ~Pouoo_..m ;, MoWTWnor-*'~~ ~: '---}DilcUcloM~- f~do..-ooOUfa91 "-%ccr~tnownico- ~Pnodo._.-noomom~rce.._too• ~tflftadi:CDO'OiniOtarnokn ~~ :;.;~~~·dldlw ?; ~~·otlo.lldll4l tm 01'111 t llioetw -----'tH.....-.de IIPCJODtR&tllemllotoe ci'~ JtlHil------<=-=· tt-<11____..__ >---'l:19;.....................~ « F1Eun l F-· Adlpt"91o do odPnoJ "The Eaoblu", em ACIC!II !Q IlK Buj!! Enyjroamq~~ M•ttelo Pinto Goimarles A llcvi<w or l)c Lila!!lun:. a. Sleinfdd e1 al. U.S. DeJ*tment of Houmc ud Urban Devdopmut: GPO; 1979. pp 27-21. 13
  • 15. A categortz.a~o apresentada em 0 Ser-capaz ~ multo utiJ para apllca~oes em design porque ela assocta dJsfuncres orgAnlcas em atlvfdades relaclonadas com o uso amblental. Embora nao dlsponha de lnforrna~oes quanUficAvels. esta Upologia lnforrna sobre aspectos caracteristicos das deflctencias e pe:rmite ldenUflcar questoes em potenclal para hip6teses sobre o uso do espa~o edlficado. Por exemplo: Descri~o: Lesao da Medula Resulta em perda pennanente da sensa~o. controle fisiol6gico e do movimento volunt!rio muscular. Grau de limitar o baseado r io local da lesio. lmpacto ao Iongo da vida I 2 S 12 21 41 65 lS ldade media da I I I I FI I I Ioconincia de casos Mu~ bnlsca das habilidades de desempenho fu;ico nonnalmenle acompanhada por depresaio. A maioria dos que &e enpenham em correr riscos ou &e orientam em atividades fiSicas ajustam-se ao novo estilo de vida. Limita~6es no Desempenho Oraude~ t aceotuadamc:nte vllriivel Pode rcaultar em total dcpeod<;ocia para qualqua movioxn~ do corpo * Pouc. resi51blcia fuica e ! lolaiocia ao calor ** Uao pn"dominmte de * cadcira de rodu ** I...eaOes de nivel elevado *** * COI>diciooa cireu~ aouaodecadcirade rodu eiCtrica Compce can a fJgUra I !'rrdo Pbato Gvtmartes Impli~6es para Design 1- Garantir a acessibilidade para cadeiras de rodas: • Amplo espa~ para manobras • Eliminar degraus e e&eadas • Prover inclinay()es suaves • Garantir alcance da mio pea pe510as em posi~o &elllada 2- Considerar apoios para tnnsferencias de po6icionarnento no mobi.lWio para cadeiras de rodas e vice-versa 3- Prover acesa6rios clinicos e equipamentos de auxilio para tarefas de higiene pessoaJ 4- Uso de equipamenlOS auxiliares elWicos e mecinicos, no Jar e oo trabalho 5- Prover insulay()es esportivas disponiveis i prepara~o psico16gica a desafios 14
  • 16. FNdledl Klmt!!lle em li'11 aldovo FMC~ledl ~erlle em anll--' CONTRO~ El.EME'<T06 EM DltSICfol E l"'lQaU>MAS VTVID06 POR J'ESSO.U COM LIMITAC{>Es JVNCIONAIS VAIUADAS ,..... ecentuedacii- ~IOUIIcll~ "rotttem•de.... ca.! deCOIIII.II'ictol ....... __.. ell~ .......lOIIi ell aide*! Po.lco~ 06:Udldee pro..._ LJntace-de~e ourtree Ca11110 ltmtiCO ~ ,.,...~,_"*'llroaac><rlcree . . For.ade ceo:..._.,rnOIO'S 06:>Acllde s;.a m...,..., ede<tlw Olt::uto10tem o.rtW elfoetw Pwt:locll~,_ memcnoe.,.,.,.. r>eeo•.,.,...lltm do ~- CCI'IVenCJOj- 0 Contudo, 0 Ser-capaz ~ insuftclente em VcUios aspectos: 0 Problema em poteneoal 0 Problem•llJ••• '(l> -(( • -(( -(( •-(( • -(( • •-(( • • -(( • 0 • 0 -(( •-(( Nao hA anAlise estatistica disponivel que possa conslderar as combina~oes possiveis entre categorias de deficlencia. A somat6ria probabllistica de todas as combina~ de deficl!ncias mUIUplas excede a 87 milhoes -- neste total, nem sequer estao incluldas as varia~oes sobre a ~vidade das defid!ncias. A informa~o sobre tlpos de limita~ e dos efeltos dessas limita~oes nao ~ relaclonada com o nlimero propordonal entre pessoas que possuem comblna~oes varladas. Embora pennlta ldentiflcar a amplitude de problemas. esta Upologta nao oferece sufldentes referencias para a sel~o eletlva entre prioridades em design. 0 Estudo de Casos: Compreendendo a Perspectiva de Usu4rios Toda a metodologia estabelecida em pesqutsas sobre o uso amblental se fundamenta em ~ adquirldas qualitaUvarnente (Zelzel, 1980). A participa~ao do elemento humano ~ fator llm;do PiDto QnJm artes 15
  • 17. bAslco de pesquisas e proposl~oes em design. inclusive para se comprovar resultados afertdos por tnstrumentos preclsos de med~ao. A incorpora~o de dados sob qualquer processo de computa~ao (mecAnlco ou analiUco) tern que passar antes pela flltragem lntelectual da mente que controla a pesqulsa ou expertmento. Para cada lndlviduo. a interpreta~ao da realldade ~ unlca. coerente apenas pela consldera~o retrospecUva da expertencla pessoal. AD lndagar sabre nlvels de saUsfa~o ao usuA.rlo pesquisado. eotretanto. o pesqulsador assume eotao urn novo marco de referenda sobre o uso arnblental para sua pr6prla interpreta~ao dos procedlmentos ou resultados. Em se tratando do usuArlo do espa~o edlficado. para se entender resultados apUcAvels a toda uma popula~ao. o grande desafio metodol6gico est.A na sel~o de urna amostragem representaUva . A tocnica mals conflAvel ~ tamMID a mals dlspendlosa; corresponde A lnvestlga~o do rnaior nlimero possivel de casos. Outra t~cnlca . rnais utilizada na prAtica. ~ a pr~-sele~ao de elementos representativos de uma popula~ao ; obUda pela definl~o de casos mats graves. dificeis ou lmportantes. esta pr~-sel~ao oferece argumentos para uma generaliza~ao 16glca de extensao a casos comuns. Esta t~cnlca ~ conheclda como a do "mlntmo denomlnador comum". No entanto. a pesquisa da sltua~ao de portadores de deflclencia inibe a uWiza~o pura e slmples desses dols procedtmentos de amostragem; na verdade. busca-se a compreensao na fonna de uma generallza~o a nlvel conceitual mais abrangente. Atra~s do estudo de casos. a pesqulsa sobre o uso amblental examlna o modo de vida de certas portadores de defictencla.s caracterisUcas. vivendo situa¢es de lnstrurnentacao ambieotal. Entao. as Umita¢es no uso ambiental sao compa.radas com o poslcionamento Individual frente a problemas de adapta~o. Tem-se. a partir dal. o exame de efelt.os motivaclonais em posslveis interven~Oes amblentais. A lmportancla do estudos de casos no usa amblental de portadores de deflclencla ~ que a pesquisa pode ser executada em ambientes reais, sem as simula¢es expertmentais de laborat6rto. A pesqulsa de campo permlte ainda o exame de proposi~oes em design e do lrnpacto que estas repercutem nas rela~ socials e nas existentes entre lndlviduo e espa~ edJflcado. Argumenta-se entao que o estudo de casos Individuals de portadores de deficiencia mwtipla dlreclona uma formaliza~ao conceltual. Uustratlva. ao in~s de ser aplicAvel de forma geral. matemAUca. indiscriminada. Nestes conceltos. a generaliza~o ~ garantida pela provisao de alternativas de uso ambiental. as quais concillam dados de dlferentes expertendas pessoais. 0 estudo de casos mals expresslvo foi desenvolvido por Lifchez & Winslow. No llvro Independent Uving For the Physically Disabled". hA uma descri~o detalhada do stgnHlcado do uso amblental para certos portadores de deflclencia mwtipla. moradores de uma comunldade acesslve1, em Berkeley. USA Atra~ do cootato intenso com essas pessoas. os pesquisadores evidenclaram aspectos em que a qualldade amblental do espa~o edificado repercute em melhor qualidade de vida: Ambientes planejados sob medida, que lnstrumentam o usuArlo. fadlitam a sat.lsfa~o das necessldades bAslcas de vida diAria. compreendendo nisso as atividades estabelecidas por auto- detennina~o. Em se tratando de suas moradias, portadores de deflclencta mwtlpla expressam urn stmbolo de identidade social e de status baseado em seus esWos de vida pr6prtos. Asslrn, em Ln.st.a.la¢es santt.Arlas e de banho onde caracteristlcas de espa~o e equlparnentos sao dispostas de acordo com a possivel habilldade de usuArlos e a participa¢o de atendentes em culdados pessoals. ••mdo Pillto Gvlm artes 16
  • 18. vertflca-se uma postura mais posiUva de aceita~ao pr6pria. 0 controle sobre culdados pessoals na apresenta~o da t.magem individual predispOe ao desempenho mais fAcil de pa¢is socials aUvos. As aUtudes em rela~ao A ex:fbl~ao de mecanlsmos auxillares para o uso amblental variam de pessoa a pessoa. conforme a disponibilidade de re<:ursos e auto-determina~ao. Enquanto certas pessoas procuram ocultar a presen~ coUdiana de equipamento mMico e de instrumenta~o. outras desconslderam essa preocupa~ao sobre a aparente "normalidade", sem equipamentos A vista. Em termos de design. ~ total a acelta~o de formas est~ticas que mascarem o significado clinlco de certos equipamentos, cuja presen~a refor~a Jmagens de usuArios como enfennos em estado continuo de "recupera~o·. A qualidade da intera~ao social ~ influenciada consideravelmente pela postura entre pessoas. pela dista.ncia fisica entre elas, e pelas posi~oes que ocupam numa rela~ao mutua (Sommer,l969). Assim, a disposi~ao espacial de m6veis, por exemplo, afeta a qualidade e a quanUdade de intera~oes socials pelas dista.ncias e orienta~o entre os espa~s ocupados numa conversa~ao. As oportunidades de encontro entre pessoas de mesmos valores e interesses ~ fator primordial na habilldade de desenvolvimento de amizades concretas. Pelo cqnceito de "dominio local" (home range). verifica-se que as aUvidades de urn indlviduo compreende urn complexo de conexOes de urna rede de locals de interesse (Steinfeld & Hyatt, op. cit.). Dentro de urn dominlo local, as conexoes entre ambientes acessivels devem ser inclusive ambientes acessiveis. Normalmente, pela falta de acessibilidade amblental de toda urna comunidade, o 1ar de portadores de deflctencia mUltipla tende a assurnir uma importancia central para sua vida social e proflssional. Neste aspecto, o design de moradias de portadores de deflct~ncia mUJUpla deve acomodar o multi-uso nao convencional de cOmodos. Quartos podem vir a ser posicionados em locallzacao mats central A edifica~ao, assim como o espa~o ao redor de camas pode assumir funcao e equipamentos pr6prlos a urn local de trabalho em horArio comercial (atra~ de sistemas de llumina~ao, moblliArio auxillar, e suportes criticos A produUvidade). Num processo gradual de implanta~ao do Barrier-free Design, a Jocaliza~o de resid~ncias acessiveis deve ser considerada numa rede de cal~das e de centros de interesse clvico tamMm acesslvels. 0 uso das cal~das ~ defendido como espa~o intermediArlo A intimidade do Jar. Deve-se entende-lo como locals de contato lnfonnal, nos quais os individuos assumem menos invesUmento pessoal e sentem-se menos obrlgados a comprometimentos de tempo, aten~ao. e dedica~ao A receptividade social no Jar. Porem. a conexao entre locals de interesse s6 ~ obtida de forma ampla pela acomoda~o de equipamentos de mobilldade em veiculos pubUcos e particulares. Entende-se, com isso, a extensao do dominio local pela exist~ncia de locals seguros de embarque e desembarque, assim como Areas de estacionamento pr6ximas a edificios Ugadas a esses por rotas acessivels. De acordo com a n~o de dominlo local. por exemplo. o Barrier-free Design deve ser apUcado na constru~ao de centros comerctais enquanto p6los de atra~o publica a consumidores de produtos e de entretenimento. Al~m de prover espa~o flsico protegido, apropriado ao transporte pa.rt.icular ou publico. o shopping center "barrier-free" favorece o contato informal entre pessoas. Sos gra.ndes "malls" ou "shopping centers", ve-se a possibilidade de extensao do complexo de locals d.. tnteresse entre portadores de deflc~ncia e a amplia~o de recursos oferectdos pela comunidade, que Lsso represente em maJores custos operactonals. "Vrdo Pinto Ggtmartes 17
  • 19. Paradi&mas do Comportamento Humano po Uso Ambiental A melhor forma de compreender o valor simb611co do uso ambiental de portadores de deflclencia conslste na composl~ao mica de tres paradlgmas mulU-dlsclpllnares que abordam as formas de comportamento huma.no. Tals paradtgmas descrevem aspectos pslco-sociais do uso amblental como parte dos processes de desenvolvimento pessoal e de lntera~o social (Moos. 1986). AnaHzando-os isoladamente: o primeiro paradtgma (determirlismo amblental) adv~m de estudos comparaUvos de comportamento entre es~les animals e nao consldera o fator sirnb611co de valores humanos: o segundo paradigma (behaviorlsmo) ~ tendenctoso e suprirne formas expontaneas de uso amblental e refor~a o carAter elltista da mterven~ao no espa~o ediflcado: o terceiro paradigma (mteracionlsmo) nao assume a operacionaliza~o de objetivos pela simples mtervencao amblental. 0 detalhamento conceitual de todos os tres, em conjunto, serve de base para se justlficar recomenda~oes para o Barrier-free Design. Os dots prtmeiros paradlgmas retratarn a influencia mutua entre o melo e o mdivtduo sabre a determirla~ao do comportamento em formas de ocupa~o territorial como base de reladonarnento entre os mdividuos. Estendendo tal 16gica l expertencia humana. obtem-se o conceito de uso ambiental vmculado ao domlnlo territorial do espa~o ediflcado enquanto reflexo de posturas pessoa1s nas rela~oes de contato social. As rea~oes coletivas do ser humano sao vistas de forma unlca e sirnllar a aquelas expressas por urn s6 mdlviduo. dadas as devidas propor~oes nu~ricas. lsto ocorre, segundo esse conjunto de teorlas. por que o comportamento dos mdlviduos obedece unlcamente a pr-oprtedades mecAnlcas de a~o e rea~o a condidonantes amblentais. Ele pode ser prevlslvel a partir do conhecimento sabre as influenclas do melo. Assim, ~ posslvel mduzir comportamentos atra~s de mterven~oes amblentals que controlam as influencias do melo ediflcado e dirlgem as rea~oes dos indlviduos para determlnados objeUvos. 0 terceiro paradtgma sobre comportamento humano possul uma malar abrangencia. Esse oferece urn carAter mals livre ao uso amblental atra~s da perspecUva "interaclonlsta" (Mead, 1934). 0 uso amblental ~ abordado pela caracterlstica comum de forma~o pslcol6glca dos mdividuos a partir da reproducao de valores e de comportamentos. Urn indlviduo tern suas a~oes como representacao sirnb6lica de fatos ou ld~las dl.rfgldas A mterpretacao de outro mdlvtduo. Assirn. a socledade ~ vista como composta de distintos grupos de pessoas em diferentes contextos cujas aflnldades mdlviduals sao determirladas pelo respelto ao passado ou a circunstancias comuns contemporaneas. Neste enfoque, qualquer interven~o no melo ediflcado sugere a anAlise de seus efeltos na perspectiva particular entre vartados grupos, de forma a conciliar int.eresses particulares num s6 contexto. Aspectos Psico-sociais da Competepcja Ambiental As formas de soclaliza~ao estAo relacionadas com o processo em que os lndividuos se identlflcam com outros membros de seu grupo social. Uma pessoa busca referenctas de valores e de comportamento ao mteragfr com outros indlvlduos. A resposta que outros oferecem sabre determinados atos ou posturas infonna a essa pessoa que ela fol acelta ou nao como partldpante de seu grupo de referencia (lttleson, RMin & Proshanski, 1970). Nesta troca de informa~oes. sa.o estabelecldos pa~ls socials concllzentes com a trnagem transmJUda sabre a ldentidade pessoal dos indJvtduos (Sarbm. 1954). M•ttelO Pinto Gvimartes 18
  • 20. Diferentes zonas de JI'DXimidllde Intima, peiiiOIII e pWiica. <rientem ailter~ IIOCiaJ peloreapeito ao centrale dll infer~ de si en.-e oeindlllciJos (Hall. 1966). A defesa territorial segue wna norma cultural variAvel entre os povos. Mesmo assim. existem zonas de ocupac;.ao em dlferentes culturas que determinam dJstAnclas admJsslvels para o grAu de proximidade entre lndlvlduos (Hall, 1966). 0 uso da proximldade ~ praticado como urna das formas de lntercAmblo de lnforma(,;oes sobre a indlvldualldade de pessoas durante o contato social. A proximidade atua na sele(,;ao circunstanclal das rela(,;oes entre indlvlduos. refor(,;ando la(,;os de convlvlo em grupos socials (Altman. 1975). No processo de intercantblo da informac;.ao sobre sf mesmo, os indJvtduos procuram o controle das cond.Jf,;oes de expressao da ldentldade e do espaf,;o pessoal. 0 presUglo de urn lndlvlduo ocorre pelo reconhecimento do lsolamento de seu espaf,;o pessoal e da exposif,;ao de sua identldade; por outro lado. a segregac;.ao de urn indlviduo ~ func;.ao conjunta de seu anonimato (nao reconhecimento da ldentldade) e da intrusao (invasao de seu espaf,;o pessoal). Uma pessoa assume muita prtvacidade em suas relaf,;oes socials quando altera deUberadamente a variar;ao de qualquer dos estados de reconhecimento social de sua identldade ou de seu espar;o pessoal. Por outro lado. considera-se pouca privacldade quando esta pessoa nao reslste a pressoes do melo social que rompem os limltes de seu espar;o pessoal ou rejeltam sua ldentidade. Mery:do Pinto Gutmarles 19
  • 21. PRIVACIDADE te•trele '' llflfJII~I• ,,,...e 1 llfi•I•••U'•tle ••••••••• 111..-.sie Conslderando a lmportAncia do melo amblente soctal ou edlflcado para o desenvolvlmento pslcol6gico dos individuos, certas pesquisas evidenciarn que portadores de deflcl!ncla. de urn modo geral. nao conseguern assumlr o controle sobre cond~oes amblentals para o relaclonamento social. fndust'e proximidade e prtvacidade, as quais sao necessArias Asatisfacao ambiental e A soclallzacao (Ab.ma.n. op. cit.). Em ~ncia, o valor simb6lico de uso do espaco edlflcado estA expresso em me:nsagens "virtuais", sUenciosas, somente perceptlvels atra~ da "tela cultural" que nos molda os senudos (Hall. 1959). A correta tnterpretacao simb6lica do uso amblental permite o ajuste entre as ••rrdo Pinto GgJmarAes 20
  • 22. condi~oes fisicas de atividades no espa~o edificado e o potencial de desempenho de usuArios. Ela compreende a utiltza~ao de mecanismos naturals e artificlals hurnanos para a perce~ao das referenclas fisicas. psiquicas. hlst6rlcas e clrcunstanclals de urn tndlvfduo em seu contexto social. Quando uma pessoa se orienta num camlnho, ela forma urn "mapa mental" do Iugar; eta tncorpora e integra novos conhecimentos para o reconhecirnento do local e se sente segura em percorrer novos caminhos (Lewin. 1951). Portadores de deflclencla na mobOidade tendem a possuir urn mapa mental fragmentado de sua comunidade; consequentemente. eles chegam a temer locals ou sltua~oes desconhectdos, a evitar diflculdades ao lnv~ de enfrentA-las. Quando uma pessoa se sociablliza e particlpa de diferentes sltua~oes do uso ambiental ao Iongo de sua vida, ela adquire habilidades pessoals para contemplar essa tela cultural em a.ngulos varlados. Por~m. as possibilidades de sociablltza~o e de explora~o amblental podem ser mals escassas para o portador de deflciencla. o qual se verA limltado de participar das mesmas referenclas de seu grupo social. AnAioga A tela cultural, tende a prevalecer uma "tela fisiol6gica". A tnterpreta~ao herm~tlca de formas diversas de relacionamento muitas vezes gerada por tncompetencla amblental nao permlte que ta1s usuArios do espa~o construldo decodifiquem ou irnprovisem mensagens sirnb6licas usua.ls de comportamento social. A tendencla em rela~s socials desse tlpo ~ a dificuldade de contato, da "livre troca" de lnfonna~o pessoal. Formam-se entao expectativas frustradas pelo comportamento tncomu.m. desviante, e a pr6prta tncorpora~ao desses resultados junto A Imagem social do portador de deficiencia (Worthington, 1974). Por exemplo, condi~oes nao naturals de relacionamento sa.o fruto de posictonarnento diferentes durante o uso ambiental: idosos buscam grande proximidade e o toque fisico de modo a compensar perdas sensortals; posturas sentada e de pe entre usuArlos de cadeiras de rodas e pessoas nao portadoras de deflclencla sa.o desconfortAvefs e ex:fgem certa distancfa numa conversa~ao. A demonstra~ao de competencia no uso amblental estabelece urn posicionamento de valor sirnb6lico perante o grupo, o qual passa a reconhecer e respeltar no tndlviduo o seu espa~o pessoal e o seu lsolamento de identldade, atra~ de sua capacidade de preservar e de estabelecer normas de comportamento (Steinfeld, Duncan & Cardel, 1977). Quando o meio ambiente ~ multo hostil ou multo ameno. ele tnibe o desenvolvimento do potencial crlativo da pessoa, a qual delxa de explorar as fronteiras de suas lirnfta~oes fisicas; por outro lado. quando o melo ambiente impoe condicionantes da ativldade hurnana dentro de lirnites admissivels A adapta~o. o ser humano se sobrepoe aos condictonantes ambfentals e se revela perante aos demals. Assirn, atrfbui-se ao dornfnio dos condicionantes fisicos ambientafs, o irnpulso necessArlo ao desenvolvimento pessoal. Quando uma pessoa nOo demonstra competencfa no uso ambiental, ela passa a ocupar wna posi~o de lnfertortdade em rela~ao a outros indlvfduos. os quais passam a exercer certa domina~o sobre essa pessoa. 0 resultado ~ a segregacAo. pela constante fnvasao de seu espa~o pessoal e pela rejet~ao de sua identldade. Em termos de recomenda~oes para design, estudos de impacto do Barrier-free Design sobre o comporta.mento social ortentam urna maior enfase ao dominJo territorial, A proxlrnidade e ao controle da prtvactdade de portadores de deflciencia. Mafor competencla ambiental e controle da lnfonnacAo sobre si mesmo significa malor autonomia e expontanefdade para o comportamento explorat6rlo e a cogni~ao ambiental. 0 exame das circunsta.nclas do uso ambiental para o planejamento do espa~o edlficado deve evfdenciar a fnter -lfga~ao prlorltArta entre o desenvolvtmento da competencla ambiental e a manuten~o da prtvacfdade. lsto significa que o Marcelo Pinto GgJmades 21
  • 23. design de equlpamentos ou edificlos nao pode sujeltar portadores de deflclencla a sltua~oes constrangedoras do uso ambiental. que lmpOem a segrega~ao social desses tndlviduos (Guimaraes. 1990: op. cit.). 0 Enf<Xlue Eco16iico do Barrier-free Desiin A crla~ao de amblentes ediflcados que atendem As necessldades de portadores de deflciencla pode ser melhor entendlda sob uma perspectlva "soclo-ecol6gfca". Nesta analogia, podemos entender que os recursos da comunldade podem ser rnelhor dlstrlbuldos. nao para o prfvil~gio de poucos mas para o usufruto de todos. 0 estudo da defesa territorial em anlmais oferece tnteressantes consldera~oes, aplfcAveis ao fenOmeno humano, e demonstra que os individuos adotam para sf Areas de ocupa~ao somente ultrapassadas mediante dlsputa ou consentlmento de seu ocupante. Os limftes de tals territ6rios variam segundo uma hlerarqufa social e de esp~ie para es~le; eles sao constantemente proclamados a outros indlviduos. e at~ os de mesma es~fe seguem um ritual de aproxima~ao gradatlva e respeltosa. Animals com maior vigor fisico e tmpeto A disputa sao os mais habilitados ao dominfo de amplos territ6rios constando de rnelhores recursos. Os animais "vulnernvels", que nao possuem este potencial. tendem a seguir a llderan~ dos "vigorosos". saclando-se com o que lhes ~ delxado por descaso. Nurna estrelta analogla. o grupo social hurnano ~ composto por "popula~oes" de caracteristlcas diferentes que vlvem em constante disputa de interesses para obter e manter recursos da comunldade ou "nfcho ecol6glco". Aos indlviduos vulnerAvefs. ~ consentldo o uso territorial llmitado, restrlto A certa posstblltdade de que eles possam desenvolver-se por sf mesmos e assim partlcfpar da dlsputa constante no convlvto em grupo. Este desenvolvtmento ocorre pelo processo de adapta~ao. Cada um de n6s, seres hwnanos, vlve em constante processo de adapta~o As exigenclas do melo ctrcundante. Adapta~ao ~ um processo ecol6gico natural em que os indlvlduos buscam niveis de conforto admissivels para a satlsfa~o de suas necessidades. Adaptamo-nos a condi~Oes ambientais climAticas e geogrAficas de onde estamos, mAs tam~m adaptamo-nos a ctrcunstanclas socials. culturais e temporals ao Iongo de nossa vida. Certamente, a capacidade fislca dos indlvlduos influi no desenvolvlmento pessoal de mecanlsmos de adapta~o e de tolerancla As constantes mudan~ que caracterizarn cada est.Agio de vida. Por isso, alguns indlvlduos se adaptarn mais e melhor que outros. Quanto a portadores de deficlenclas, esses sertam tldos como forma humana inferior, facilrnente perecivel no processo de sele~ao natural, por nao dlspor de melos comuns para reivindicar seu espa~o territorial. Barreiras ambientals prevalecem em toda a parte e podem ser interpretadas como marcas de dominio territorial de vfgorosos. Por~rn, transfonna~oes demogrAficas sugerem um processo de inversao populacional com o desenvolvlmento de meios tecnol6gicos para a saude. Gradatlvamente, vtgorosos cedem Iugar aos vulnerAvels, os quais tendem a ocupar seu espa~o. A esmagadora maiorta de pessoas "normals e vfgorosas" que sempre prevaleceu nas populacoes em todo o mundo vern cedendo Iugar a urn n(lrnero crescente de pessoas "vulnernveis", com problemas fisicos pela idade avancada, pelo modo de vida sedent.Ario, ou por sequelas de doencas ou de acidentes. Por exemplo, indlviduos mais idosos perdem progressivamente seu vigor fisico e sua capacldade de adapta~o; outros, ainda na infancta. depedem inteiramente de adultos para satisfazer necessldades mais bAslcas. AI~m disso, Men:do Pinto Gvimartes 22
  • 24. alguns adultos podem ter sua adapta~ao ambiental temporAriamente (p.ex.: gravidas) ou permanentemente (p.ex.: portadores de deficU~ncia) afetada. Ja fomos crtancas e da idade madura resta·nos ser idosos: enquanto isso, cada urn de n6s pode vir a ser portador de deficiencias. Asslm. ao garanUrmos o respeito As necessidades de portadores de deficiencia. estarnos estabelecendo uma reserva de prot~ao de parte desse nicho ecol6gico para certas popula~oes menos favorecidas na disputa pelo uso ambiental. de tal forma a que se modifique a pr6pria disputa. No passado da sociedade ocidental. por exemplo. aos portadores de deficiencia era atrtbuido urn papel social obscuro. disUnto da idenUdade reconhecida no individuo ·normal·. Esses ·anormats• povoavam urn mundo A parte e. assim, livravam a sociedade do confiito moral de acomodar no convfvio comum. aparencias e comportamentos repulsivos aos valores da ~poca. Hoje. dentro do contexto da sociedade industrial contemporanea, a realtdade predispoe urna mudanca de enfase. E' importante que as pessoas assumam niveis aproxirnados de adaptat;ao ambiental para que todos possam usufruir da distribui~ao egualitAria de responsabilidades e de beneficios. Nao se jusUfica rnais sustentar urn modelo de absor~o social da pessoa portadora de deficiencia no qual ela ~ apenas algu~m que precisa se ·habilttar• ou ·reabilltar• para ter seu potencial de participat;ao reconhecido e seu espa~ tolerado. Uma nova ordem vern entao a se estabelecer em formas originals de ocupa~ao territorial. Urn novo sistema de for~as para o equilibria global do nlcho ecol6gico tende a prevalecer sabre resistencias inidals a qualquer mudan~a. A estrutura contemporAnea das rela~oes em comunidade busca raizes em formas de agrega~.ao hurnana que subjulgam os instintos brutais de compeU~ao entre indivfduos na disputa de territ6rtos e de fontes de recursos. Adere-se ao instinto natural de preserva~ao da es~ie, a n~ao de intercambio de esfor~os no grupo social. PadrOes de valor cultural determinam em diferentes sociedades as forrnas de relacao inter-pessoal e as rea~Oes do grupo para com individuos adultos que nao podem desenvolver por si mesmos a habilidade de adaptat;ao ambiental. 0 benefido ~ geral. uma vez que~ enorme a probabllidade de que todos os individuos venham a compor essas popula~Oes beneflciadas pela reserva de prot~ao do nicho ecol6gtco. Por isso, o esfor~o coletivo busca valorizar o ser humano em sua essencia pelo seu potencial de fomentar e concentrar o beneficia de todos a partir de princlpios morals comuns. Ainda asstm, o reconhecimento do valor individual s6 ~ possivel pela for~a expontanea do grupo em assumir esse valor. em principios morals. como f6rmula de satlsfat;ao geral. Numa analogta ao pensarnento ecol6gico em questoes do melo ambiente natural, Barrier-free Design slgnifica uma reat;ao A ·depreda~o· do habitat humano. que pouco a pouco vern causando estresse social e reduzindo oportunldades para o desenvolvfmento potencial dos individuos (Levine & Perkins. 1987). Asslm. design em todos os niveis (pl'odutos, edifidos. assentamentos urbanos) pa.ssou a ser abordado de forma critlca: as necessidades ambientais de portadores de defidencia foram associadas a medidores nwna escala de afert~ao para a qualldade ambiental. 0 enfoque aos problemas ambientais especlficos de portadores de deflciencia pode ser vista em amplitude, como falhas exl.stentes no espa~o ediflcado em ateoder a •dtversidade do desempenho orga.nico· como aspecto caracterlstico dos usuArios. Mvtdo Pinto Gulmartes 23
  • 25. A PRATICA DO BARRIER-FREE DESIGN Acessibilidade Sobre Rodas Embora os efeltos negativos de uma defictencta num contexto ambtental lnadequado possam ser grandes e abrangentes. a referencta a barreiras amblentais sempre esteve assoctada a uma est.rat~la pollUca de mobilizacao do lnvestirnento social. Querta-se com isso, uma simpllflcacao ideol6gica do problema da qualidade do uso arnbiental para a operaclonaHzacao llrnitada de reforrnas (Guimaraes. 1990). 0 estudo mais detalhado sobre a prAUca da remocao de barreiras ambientals em todo o mundo. evidencta uma forte enfase ao acesso de cadeiras de rodas. No entanto. existem barreiras que. por afetarem outros Upos de deflciencla, nao tern sido constderadas com igual 1mportancia. Multo embora as diflculdades arnbientais de usuArlos de cadelras de rodas possarn ser veriflcadas com malor precisao. os usuArios de cadeiras de rodas nao formam a maiorta representaUva de portadores de deflctencta. 0 ntimero de outros casos de lirnitacao na mobtlidade. como por exemplo. o de portadores de deflciencia que perambulam com ou sem o auxilio de apoios ou equipamentos ortopedicos. ~ multo rnaior e dernanda solucoes igualrnente especiflcas. Predornina, por~m. a supostcao de que mats e mats pessoas usartam cadeiras de rodas. caso Uvessem condi¢es de adquiri-las. Embora possa parecer verdadeira. esta constatacao nao ~ fundamentada por dados atuais que lndiquem o desenvolvimento de propostcoes ambientals abrangentes. A cadeira de rodas (e nao quem a usa) tern sido uUlizada t~nicamente como ·m6dwo· bAsico de especiflcacao das necessidades ambientais de portadores de deflciencla. Assim, por estarem sentadas nurna cadeira de rodas. pessoas com caracteristicas flsicas disUntas podem ser vistas de forma imica. homogenea. Por~m. tal tentaUva de generallzacao rnuitas vezes ~ lncorreta. A cadeira de rodas nao deve ser comparAvel a urn padrao de conforto para portadores de deflciencia perfeitamente identiflcAvel, arbitrArio. paralelo ao pad.rao de conforto normal. Melhor entender o seu uso como urn mefo de transporte pessoal. que facUita a mobUidade. mas que nao resume necessldades amblentais. ••ttclo Pbato GgJmartes 24
  • 26. Este posicionarnento ldeol6gico de ~nfase ao uso de cadelras de rodas busca slmplesmente urna abordagem abrangente. por~m superficial, do que se entende como deficl~ncla fislca. A razao dlsso est.A na predominAncla de tmagens tradlclonals da deficl~ncla caractertzadas pelo deslnteresse publico e pela deslnforma~o t~lca. Prevalece alnda a fmagem do cego, que~ forte, indiscutlvel, e nao a compreensao de que ceguelra ~ apenas urn dos VlUios estados da deficlencla visual. Prevalece lmagens tamMm fortes do surdo ou do deficlente mental e nao a compreensao de formas fntermediArlas da Iesao ou deflctencia as quaJs estabelecem necessldades amblentals disUntas. Portanto. ao se garantlr acesslbOidade para cadeiras de rodas. prevalece ainda imagem ftlantr6plca de que os problemas amblentals de todos os portadores de deficlencJa estao sendo saUsfatoriamente resolvidos. e a nusao de que barreiras nao sao problemas ambtentals que afetam a todos. A lnstrumenta~io de UsuArios Apllcar o Barrier-free Design na crta~o do espa~o hurnano -- seja ele na forma de mobOIArlo, arquitetura ou Area urbana -- corresponde a instrumentar usuArtos para a competencla necessAria A adapta~ao ambiental. Se pessoas portadoras de deflctencla Unham suas caracterlstlcas flslcas como (mica expllca~o para seu desajuste social. com o Barrier-free Design as caracteristlcas flstcas do melo edlficado passam a submeter-se ao enfoque geral de lnterven~ao. Desta forma, a fnstrumenta~o de usuArtos adven de formas e funcoes que ampliam as habilldades dos indJviduos e reduzem o efeito da deficiencla. Em multos casos. pode-se comprovar que a lnstrumenta~o de usuArtos tern efeltos posltlvos. de forma generallzada. Asslm. o espa~ adJcional para manobras de cadelra de rodas em pequenos apartamentos. por exemplo. assegura que a especula~o fmobOIAria respelte como mlnimas as dtmensoes reals de conforto: barras de apoJo para corrtmaos em longos corredores ou escadas de poucos degraus sao sempre bern acolhldas entre usuArtos. Efelto slmOar ocorre pela coloca~o de plso com textura anU-derrapante: pela lnstala~ao de telefones com controle audltlvo de volume ajust.Avel: pela especiflca~ao de ma~netas que podem ser acionadas pelo cotovelo e nao por maos ocupadas: etc. Contudo, evftar barrelras amblentals nao ~ posslvel apenas com a garantla da ·acesslbilidade arnblental•. Nestes termos, estA expressa apenas a capacldade de portadores de deficlencla sem qualquer limitacao funclonal ou tnstltuclonal, de usar equlpamentos e edificios adequados ao seu potencial de desempenho. Aim do acesso fisico a edtflca~. o Barrier-free design envolve atnda outras nocoes complementares: o alcance. a funcfonalldade. o esfor~ necessArto. a seguranca. a organfza~o 16gica, a comodidade. a proxtmfdade, e a prtvactdade. Cada urn desses fatores devem ser equntbrados pelo bom-senso de modo a compor um sistema fntegrado de recursos A dlsposi~o do usuArio. 0 a.cesso absoluto dos usuArtos corresponde A llberdade de escolha entre diversas alternatlvas de explora~o amblental. Cada escolha refor~ o poder de declsao em assumir o controle da l.nforma~o sobre a indlvfdualtdade. e tsso lhes assegura a conftan~ pr6pria em seus esfo~os de trabalhar e de convlver atlvamente. Nem sempre a acesstbflldade amblental resulta em total fndependencla de servtcos asststenclals ou at~ mesmo do auxtllo de outras pessoas: por~m. o desenvolvlmento da compet~ncla ambtental, pela •tnstrumenta~ao· do indtviduo contra condiclonantes amblentals, permlte ao portador de defictencia a organlza~o de seu tempo e a admlnlstracao de objetlvos em sua vida atraW5 dos recursos A dispost~o. Asslm. usuArios devem d.1spor de autonomia e expontaneidade. Em poucas palavras. o acesso absoluto deve permltlr que o ••rreJo Pbato Qgfmartcs 25
  • 27. amblente seja motivador; que o usuMio fa~ por sl mesmo seu objetivo de interesse a ser alcan~do; e que qualquer ajuda de outros seja uWizada por decisao pessoal. e nao por imposi!;ao circunstandal. Neste aspecto, o design de equipamentos ou edificios irA garantir nlveis flexiveis de conforto amblentaJ e a satisfa~o pslco-social advinda desse conforto. SO assim, Barrier-free Design pode servtr de catallzador na integrar;a.o do indivtduo em sua comunidade. Poretn. ~ preciso que exista a defln~o segura do usuMio a quem se destina taJ instrwnentar;a.o. Esta tarefa pode ser fAcU quando o usuMio for tamMm o cliente. a pessoa interessada ern oferecer informar;oes pessoais e a cobrar por bons servir;os. Por~m. tal desa.flo pode ser enorme e de dificll execu~o se examinado no amplo contexto do espar;o de uso publico. Nem sempre a solur;a.o ambientaJ destinada a eliminar os efeitos de certa deflci~ncia pode ser aplicada de forma unlca e global; nao se pode prever com exatida.o os efeltos de uma mesma defici~ncia em diferentes individuos de toda a comunidade, multo menos o efeito conjunto cumuiativo de mats de uma defici~ncia . AMm disso, certas solur;oes aplicAveis a problemas de portadores de defici~ncia na mobllidade podem vir a ser barreiras para pessoas portadoras de tipos e grau diferentes de deflci~ncia. Por exemplo, pessoas que necessitam de apoio ou de pr6teses para andar evidenciam diferentes experi!ncias sabre tipos de pisos. Enquanto vArios individuos temem superficies polidas. outros podem considerar trreguiaridades e declividades como seus maiores problemas. No rebaixamento de calr;adas para o acesso de cadeiras de rodas nas esqulnas, deficientes visuals podem se expor ao perigo de atropelamentos por na.o distinguir a diferenr;a de superficies entre a nova cal~da rebaixada e a pavimentar;a.o para veicuios. Qualquer proposta de intervenr;a.o no meio edificado atra~ do Barrier-free Design deve canter a definir;a.o da popuiar;a.o alvo al~ do respeito ao born sensa. Com isso, as expectativas para a possivel generalizar;ao conceitual dos beneficios de qualquer design pode ser melhor compreendidas. 0 espar;o ambientaJ criado pelo Barrier-free Design serA sempre composto por altemativas de uso direcionadas para necessidades especiflcas de diferentes popular;oes alvo. Tais alternativas se complementam em geral para Instrumentar a competencia ambientaJ de qualquer usuMio. Multo embora urn determinado artefato possa se destlnar inicialmente a individuos com limitados movtmentos manuals, por exemplo, ~ de se esperar que os resultados obtidos sejam benMicos a pessoas capazes de movimentos manuais reguiares. Caso isso na.o seja possivel, a expert~ncia do processo de design deve lnformar sabre as dificuidades encontradas a amplitude de tal instrumentar;a.o. Este tipo de anAlise predispoe o desenvolvimento gradativo de tecnologia ajustada a problemas pela insufl~ncia de certo design em responder de forma diferenciada a todos os niveis de habOidade flsica. No contexto atual da lnsuflct~ncia de informar;a.o. o acfunulo de experienctas pode a.ssegurar uma vtsa.o mals ajustada sabre as caracteristicas dos ind.ividuos, as condir;oes ambtentais salisfatOrias a instrumentar;ao, e os m~todos de investlgar;a.o para a gerar;a.o do conhecimento especlfico. Marcelo Pinto Gvlmartes 26
  • 28. Normas T6<:nicas: Um Passo Para o Acesso Absoluto Barrier-free design pode proporclonar condl~oes para que pessoas se llbertem de suas limita~oes flsicas e psico-sociais, tornando-se elementos aUvos da comunldade. Espera-se. entAo. que proflssionais busquem tnforma~Oes sobre a expertencla ambiental de usuArlos portadores de deficiencia no questlonamento constante dos objetlvos do projeto e de como a defini~ao de prtorldades e a tomada de declsOes a nivel do design podem beneficlar o usuarlo. Normas t~nlcas sobre a acessibUidade ambientai foram elaboradas a partir de informa~Oes sobre a habUidade de pessoas portadoras de deficlencla e estAo organizadas em formato reduzldo para fAcU consulta. Pesquisas em ergonomla fundamentam essas normas t~cnlcas e estabelecem condlc;oes mlnirnas para o acesso em cadeiras de rodas. Tais condi~oes sao descrltas como diretrtzes para a observancla da acessibUidade amblental em c6digos de obras e nas edificac;oes. As normas ou crlt~rlos para a acessibUidade ambiental descrevem apenas aspectos gerais e sao insuficientes para abordar a competencla amblental de todas as pessoas portadoras de deflciencJa. 0 objetivo de normas t~nlcas ~ multo mals voltado para o auxillo de fiscais em inspe~Oes de edlficlos rec~m-construldos do que para decifrar irnportantes decisoes de projeto para o planejador amblental. 0 erro comum de multos designers de produtos e de edlficios estA em acreditar que a acesslbUidade ambiental seja possivel pela obedlencia parcial a esses crlt~los. atra~s de soluc;oes ambientais restrltas e tsoladas umas das outras. E' como planejar urn edlficlo em que portas s6 podem ser abertas pelo lado de fora. ou em que vasos sanltArlos nao dlsponharn de acJonamento de descarga. Mals vale estudar as normas t~nlcas como urn ponto de partJda para a acesslbUidade ambfental vlsando a contrlbuJ~o futura ao desenvolvlmento do Barrier-free Design. As normas da acessibilldade ambiental da American National Standards Institute - ANSI Al17.1 (1986) tern servldo de modelo para vArtas leglsla~oes sobre acesso amblental. Elas descrevem especlfica~oes de elementos arquftetOnfcos e de condic;Oes amblentals de forma rigida, padronizada: contudo, nao oferecem lnforma~oes sobre varta~oes para amblentes dos diferentes tipos de edtficfos. Como exemplo disso. por urn lado, hA urn maior detalhamento sobre banhelros acesstveis de uso publico. ~s por outro. hA pouca informac;ao sobre o n(lmero mlnirno de banheiros ou a distancta minima entre Vlirlas instala~Oes sanitArias em grandes edtfidos. No ambito g1obal em que se consJdera o Barrier-free Design. as nonnas e c6dlgos de obras sao tncompletas e insuficfentes em v.rlos t6picos em que alnda nao estabelecem qualquer referencla prAtica por falta de informa~ao especlflca (Steinfeld & Hyatt , op. ctl): Dados bAslcos sobre o desempenho humano e padroes de vida associados A defictencia mwtipla: Crit~rlos para distancla mAxima de percurso para deslocamentos crltlcos (p. ex.: locallzac;ao entre santtArlos e circula~o de acessol: Crlt~rlos sobre necessidades de portadores de deficlencla em rela~ao A ventila~o. conforto t~o e de luz natural: Acoplagem adaptAvel de acess6rlos (adaptive Interfaces), em telefones. eletrodo~cos. tnstala~Oes e armArlos modulaTes. de modo a aceltar complementos eletrOnlcos e mecAnlcos, seja em amblentes domlcillares ou em locals de trabalho: Crtt~ para prover o~ de recreac;ao com nlvels gradativos de desafio amblental: • ~rlos para design de sinalizac;ao sonora e visual de emer~ncla: Marcelo Pinto GniQIdes 27
  • 29. Crit~os em sistema para seguran~ e prevencao de acidentes durante o uso ambiental. preven~o de ln<:endios. sistemas de alarme. e gerenciamento funcional de ediflcacoes. Procedlmentos de refUgio, resgate e escape em emergencias; Crit~rios para o design em detalhe de escadas e rampas. lnclutndo guarda-corpo. cor e l.lumtna~ o; Crit~rios para portas e janelas. discriminando comparacao de uso entre variados Upos e confonne o esforco para operacionamento; Uso de slnalizacao e de elementos do espaco edillcado. de forma a assistlr a orientacnao e di.reclonamento; Crit~os relacionados ao uso de alertas t~teis em superficies de piso, equipamentos e mecanismos; Crit~rios para materials de piso com respeito ao consumo de energia; lnformacoes sobre a adaptabilidade de pessoas em todas as fases do periodo de vida. particularmente sendo portadores de deflciencla mwUpla. portadores de deficiencia sensorial. crian~s e idosos. Apesar de tnumeras questoes permanecerem em aberto, ex1stem nas normas lmportantes conceitos sobre o uso do espaco ambiental por pessoas em cadetras de rodas e isso pode orientar qualquer abordagem inicial sobre Barrier-free Design. Por exemplo, as ANSI All7.1 estabelecem o conceito da "rota acessiver que corresponde A liga~o continua de todos os espacos e equipamentos criados para a acessibl.lidade amblental numa mesma ci.rculacao de acesso. Embora isso possa parecer 6bvio, tal conceito ~ multo uUJ na remocao de barrei.ras e lnibe a reforma parcial de edificios anUgos; isso permite que usuArios de cadetras de rodas possam entrar. fazer uso de tnstala~oes acesslveis. e sair sem nenhuma limitacao fundonal. 0 Teste de Solu~c)es Ambientais Pela Coerencia do Barrier-free Desi~n As normas da acessibl.lidade amblental podem oferecer forte embasamento a uma proposlcao ambiental coerente. Por outro lado. h~ certas especiflcacoes que nao correspondem a fatos comprovados pela lnvestlgacao cientifica. Portanto, elas nao podem ser generalizadas em contextos culturais diferentes daquele que formulou as normas. num "acordo social" para a aplicacao da acesslbl.lklade. Como Uustracao. analizemos dois problemas: urn. de acomodacao do transporte individual em vagas de estacionamento. e o outro. o de acomodacao de cadetras de rodas em sanitArios de uso publico. Nao se pode aflrmar com precisao o nfunero adequado de vagas na reserva de estacionamento para velculos de portadores de deflciencla. lsto impUcaria em conhecer a proporcao entre o nUm:ero de vagas, e os nfuneros relaUvos entre veiculos idenUflc~veis ou nao como sendo de uso de portadores de deflciencia. No entanto. as normas estabelecem urn nUm:ero mlnlmo referendal e urna f6rmula de ajuste para a quanUdade crescente de vagas "barrier-free" com o maior espa~o disponivel para tanto. Como se ve. as normas chegam a estabelecer urn crit~o de solucao e urna abordagem a amplitude do problema. 0 alcance do objeUvo -- reservar estacionamento para portadores de deflctencia --. entretanto, serA resultado da expertencia pnUJca e da negoctaca.o entre a comunidade e os 6rgaos publicos responsAveis fundamentada em dados reais que variam em dlferentes situa~. M•ttelo Pinto Gvlmartes 28
  • 30. Se o numero de vagas pode ser detenninado arbltra.rlamente. mats dificU ~ a especifica~o do tlpo de vaga a ser adotado. Em prfnclplo. as vagas dJspostas em paralelo sao as mats aproprfadas desde que. pelo menos emparelhadas. duas a duas e devidamente distanctadas de outras a urn quarto de sua largura singular convenclonal. Por~ o estadonamento de rua paralelo A cal~ada nao permlte esse tlpo de dlsposl~ao. Neste caso. estlma-se que se deva guardar o dlstanclamento regulamentar atrAs de cada velculo estaclonado em rna. Nesta separacao entre velculos. devidamente demarcada com listras e com o slmbolo internacional. deverA se encontrar o rebatxamento e rampa da cal~da. Falta na norma a apresentacao formal de urn dispositlvo de adaptabfiidade comurn A prAtlca. o qual permita a rotatlvidade entre locals reservados a velculos credenctados A acesslbllidade e vagas pr6ximas a outras entradas de edificios. Desta manelra, ~ posslvel a dJstrlbul~o de maior nilmero de vagas para locals onde se concentre o interesse de usuArlos portadores de deficiencia e. por outro lado. a reducao do nilmero de vagas reservadas e nao utilizadas a urn minlmo admisslvel. Para tanto. inclui-se a necessidade de se garantlr o rebaixamento de cal~das em todas as possivels entradas de edificio. bern como a distribui~Ao proporcional de sete vagas *barrier-free* para cada oito vagas convencionais. considerando-se o espa~ para abertura de portas dos veiculos a cada duas vagas Iado a lado. Neste espa~o. devtdamente demarcado para prevenlr invasoes. estarA lnstalado o rebaixamento com rampa no passeio. Num outro contexto. veriflca-se va.rta~Oes sobre as necessldades de espa~o e de barras de apoio em banhelros para usuArlos de cadelras de rodas. Algumas duvidas ocorrem pela apresenta~o nas ANSI All7.1 (1980 e 1986) de duas formas e dlmensoes diferentes para compartimentos de sanltArlo pubUco conslderados •satlsfat6rfos*: a prfmelra, de 0,90 a 1,20m x 1,70m; e a segunda. de 1,50m x 1.50m. A especlflca~o de espa~o estrelto para linica transferencta frontal entre a cadeira do usuArlo e o vaso sanitArio satlsfaz apenas a portadores de deflciencia com fortes membros superiores. Ocorre ai uma rnanobra politlca para refonnas com remocao de barrelras atraves da dlstor~ao de crit~rtos nas normas. orfentada A concntacao entre proprtetArtos de ediflclos reformados a mats tempo e de flscais de ins~ao. dada a garantla de especiflca~oes antertores (1961) A edtcao de pesqulsas com metodologia mats conflAvel. AD inves de considerar tal especificacao ineflcaz ou obsoleta, as ANSI Al17.1 (1980) adotaram a conflgura~ao mais estreita como •opcionaJ• para remocao de barreiras; ambos OS m6dulos foram apresentados como OS que satisfazem As necessldades gtobais, por~m de forma especiflca varfAvel a tlpos diferentes de pessoas. Apesar de tudo. ~ importante frisar que a conflguracao mats Iarga ~ a que oferece condl~oes satisfat6rias a urn malor nilmero de portadores de deflctencia mwtlpla. incluindo aqueles que necessltam de ajuda nas transferencias. As normas pecam por nao deixar isso claro. por nao argumentar que entre as duas configura~. a mais estreita ainda ~ barrelra para muita gente. Embora nao mendonado nas ANSI All 7.1. a apllcacao do Barrier-free Design tern se pautado peJa escolha entre sanltArlos unisex isolados e sanftArios coletlvos e separados por genero. Os sanit.Artos unisex vern sendo adotados segundo a lnfluencia ingtesa, pelo trabalho de Goldsmith 1967). Considerou-se oeste aspecto que as necessldades de usuArlos de cadelras de rodas sao muJLO especificas. e de que os custos de instalacao hfdrAullca dupla e do acrescimo da Area para ma.nobras de movimentacao for~va a consideracao de tnstalacao sanitAria unfca, por~ completa, lndependente. JA a perspectlva americana comprovou ser lnexpresslvo o acr~lmo de custo necessArto A acesslbllidade amblental em compartlmentos coletlvos. Consldera-se ainda. uma "•rrclo PiDto Gutmartes 29
  • 31. reduc;ao substanclal de custos pela concentrac;ao de sanltArios acessfveis em localizac;ao conjunta para ambos os sexos. Como Area minima num grande edificto, por exemplo. basta a existencla de quatro sanltArtos (mascullno/feminlno), dois em cada extremidade do pavfmento. do que seis sanltArtos. ao se inclulr o par de sanit.Arios "especlflcos para cadelras de rodas" junto aos convenclonais de masc./femin. do pavlmento. Apllcando-se a base conceltual do Barrier-free design, vertfica-se graves problemas em fatores pslco-soclais do uso arnbiental, tanto no caso de sanitArlos lsolados quanta no de sanltArios coleUvos. Cabe ao designer contemplar os objetlvos do projeto e selecionar a conflgurac;ao que cause menos constrangimento aos usuArtos. 0 isolamento da acesslbilldade em sanitArtos especials repercute em menor proxlmidade e prtvacidade dos usuArlos em cadeira de rodas. Para lr ao sanitAria. o portador de deflctencia tern que se sujeitar ao controle de outras pessoas, al~m de senUr os efeitos negauvos da rotulac;ao; nisso, reforc;a -se a imagem indesejAvel sobre a identidade de portadores de deficienclas como pessoas incapazes e dependentes. Isso se deve A falta de dominio sobre a chave do sanitAria especial, o qual ~ normalmente trancado para prevenlr a utilizac;ao indevtda e depredac;oes. JA nos sanitArtos para masc. /fernin., o problema em fatores psico-sociais do uso arnblental a ser considerado ~ o do uso indevido da acesslbilldade arnbiental por pessoas nao portadoras de deflciencla. Foi constatado em compartlrnentos de tamanho convencional constantemente vazios. que usuArios de cadelras de rodas se veem prtvados de usar o sanitArio; certas pessoas nao portadoras de deflciencia optam pela comodidade de maior espac;o. Nesta disputa territorial permanece a questao sobre o emprego da reserva de contenc;ao ou exclusividade. Pelas proposic;oes em design de melhor qualidade arnbiental. sugere-se como melhor soluc;ao a garantia de altematlvas de uso arnbiental pela disposlc;ao (mica do compartimento "barrier-free" em banhelros unisex de tamanho reduzido e uso nao exclusivo. os quais devarn estar dispostos no edificio a curtas distAncias. Desta forma. evita-se a segregac;ao de usuArtos. o uso indevido da acessibilidade amblental por pessoas nao usuArtas de cadelras de rodas, e longas distAnclas de percurso entre sanit.Artos. Finalmente, quanto Aquestao do niunero e posicionarnento de barras de apoio em sanit.Artos, as pesquisas ergon~trtcas asseguram apenas o uso lateral e posterior de barras horizontals, as quais servem de suporte. Barras obliquas a 45° sao sugertdas noutras publicac;oes. mAs seu uso ~ restrtto a portadores de defidencla fisica com dificuldades em se assentar ou levantar. Nao hA conhecimento de pesquisas que considerem comparaUvarnente sobre a lrnporta.ncia da angulac;ao face A representatlvidade entre populac;oes alvo. A expertencia em design considera prudente o uso de barra mica horizontal que se prolonga na paredes de fundo e lateral e se torce para a posic;ao obllqua ao se distanciar do eixo transversal do vaso sanitAria. Outra propostc;ao em design ~ a inclusao de urn apoio pendente na forma de tra¢zio a ser usado como trarnpoltm. MAs, entre outras id~las, essa nao pennite seu uso por portadores de deflctencla mais vulnenveis ao controle e coordenac;ao motora, equflfbrto. forc;a nos membros superlores, etc. Portanto. a populac;ao alvo ~ reduzida, eo beneficia global ao investlmento ~ quesUonAvel. Tendencjas do Barrier-free Desi&n: Oualidade no Uso Ambiental Em todo o mundo. a tecnologta avanc;ada tern predisposto a organizac;ao de pessoas em defesa de seus tnteresses enquanto consumidores. AMm disso, o alto nlvel educaclonal, a estabilldade M&rcelo Pinto Gotmaraes 30
  • 32. flnancelra. e a parUclpa~;ao aUva em empreendimentos comunltArios tern sldo lmportantes fatores para o sucesso do movimento de portadores de deficlencla na relvindlca~;ao de seus dlreltos enquanto cidadaos. Como resultado: lntimeras leis tern sldo crtadas e apllcadas com severtdade; no'O produtos e edlflclos estao propiciando o convivio entre usufuios portadores ou nao de deflctencias e a tendencia de mercados para produtos cada vez mals "barrier-free·, para o "design universal". A lmplementa~o legal do Barrier-free Design em c6dfgos de obras desencadeou urn processo de produ~o industrial de elementos construUvos pr6prtos AacessibOidade arnbiental. AI~ disso. o cumprtmento legal garanUu a amplia~o de urn mercado restrtto para a inclusao de produtos concebidos de forma artesanaJ. Assumindo a instrumenta~;ao de usuArtos atra~ dos prtncipios do Barrier-free Design. os jA fabrlcantes de elementos construtlvos e de produtos para autonomia na vida dlAria buscararn inicialmente atender os requisitos das prtmeiras normas da acessibilidade. Com isso. surgiram entao equipamentos "especialmente" projetados para a popula~;ao de portadores de deficiencia. As linhas de produtos "especiais para deficientes". paralelas A produ~;ao convencionaJ era urn constante transtorno. tanto para usufuios (que se viam idenUficados pelos produtos como pessoas "especiais") quanto para fabricantes (que nao conseguiam lucros proporcionais ao acr~sclmo de despesas) e construtores (que eram obrigados a consumlr sem o~Oes) . A demanda crescente por equiparnentos para solu~;Oes de casos complexos logo lmpulsionou a expansao da quanUdade e dos Upos de produtos sem que houvesse informa~o sobre o desempenho de portadores de deficiencia ou preocupa~;oes t~nicas quanto ao aspectos funcionais. ou de segurant;a. Qualquer proposica.o em design era resultante de uma transposicao de tecnologia. Por exemplo. os prtmeiros elevadores em plataforma para cadeiras de rodas surgtrarn de plataformas elevat6rtas de cargas industrials; a cadeira de rodas el~trtca foi adaptada de urn pequeno tratorI cortador de grama. Nesses e noutros equlpamentos, a necessidade de usuArtos era conheclda em etapas evoluUvas. dada a mator dlsponlbllidade de recursos e de expertencias antertores. S6 quem dlspunha de alguns recursos flnancelros e tecnol6gicos se propunha a montar alguma "gertngonca· para auxtliar parentes. am.lgos. ou conhectdos portadores de defictencia; ap6s conhecer a "arte" do oficlo. se lant;ava A produ~;ao em quanUdade. Mats tarde, com a saturat;ao do mercado. os produtos obsoletos COI'llet;aTarn a desaparecer, e com~u urna reacao de consumidores A procura de produtos de melhor acabamento est~Uco e fundonalldade. Com a mudant;a de enfase do Barrier-free design, de simples acessiblidade arnblental para a lnstrumenta~o fislca e psico-social de usufuios, houve entao incenUvo para a reformula~o das linhas convencionals de produ~o de modo a atender usuArtos de caracterisUcas dtferentes. Aliado a esse processo, passou-se A reconsldera~o de fracassos nas prtmeiras lniciaUvas junto ao mercado lmobilifuio. As restdenclas de programas plloto, construidas para serem acessfveis, tinham at~ entao pouca aceita~o publica e pouco valor de revenda. N.~ mesmo portadores de deflctencia se senUam discriminados pela sua vulnerabllidade nestes edlflcios e expostos a lnvasoes de sua proprtedade. Incorporou-se entao ao Barrier-free Design. o conceito de adaptabllidade ambiental. A adaptabllidade amblental conslste em prover os elementos do espat;o edlflcado de forma flexfvel. ajust.Avel. removivel e de acess6rtos adequados A habllidade particular de qualquer usufuio. Como base A adaptabilldade esta a acesslbilidade ambientaJ, por~m conslderada em etapas, at~ Marcelo Pinto GgJmartes 31
  • 33. atinglr a sofisticar;ao de detalharnento necessAria a portadores de deflci~ncla mUIUpla com pouca competencia ambiental. Embora o dimenslonamento de portas. e a dlsposlr;ao espacial deva considerar o usu~rto de cadelras de rodas. a instalar;ao de elementos fixos deve ser abollda em favor de elementos ajus~vels a pessoas de altura e complexao flslca dlferentes. AD se mudar urn novo morador. resid~ncias idealizadas para a adaptabtlidade ambiental permitem o f~cil reajuste. sem maiores custos. Urn born exemplo de adaptabftldade amblental surgiu pelo projeto Fokus, na Su~ia. LA todo urn complexo habitacional foi construido a nivel experimental, tendo como moradores. pessoas com graves limitac;Oes de desempenho no uso amlental, antigos resldentes de hospitals de reabilltar;ao. As unidades habltaclonals foram categorizadas em tres Upos, conforme a ~a total. As divisOes internas foram feltas de paredes m6veis, conslstindo de m6dulos de annA.rios com rolamentos de forma a permitir dlferentes configurac;Oes. Mesmo as pratelelras sao de altura e profundldade regul~vels. 0 mesmo ocorre com todas as instalac;Oes hJdr~ulicas. Resultado: o projeto Fokus tern sido urn sucesso! Tanto que outros pai.ses. como os USA. incorporaram essas id~ias em suas normas t~nicas para a acesslbilldade ambiental. Outro importante aspecto da adaptabilidade ambiental est~ na crescente aceitac;ao de resid~ncias e produtos "Barrier-free" para o uso geral. Desse modo, o est.tgma assoclado ls habltac;Oes especiais e a produtos antertormente destlnados a portadores de deflcl!ncia deixou de exlsUr. AD mesmo tempo. a adaptabilidade veto "camuflar" a acessibllidade amblental de portadores de deflci~ncia para aUnglr o grande mercado consumidor. A grande projec;ao do Barrier-free Design, e particularmente. da adaptabllidade amblental no futuro es~ no design universal, o design que se ajusta ao usu~o. 0 design universal se distlngue da adaptabilidade amblental por ter urn espectro mais amplo; ele abrange a todos os produtos, indiscriminadamente. Urn produto crtado pelo design universal tern uma capacidade malor de constante adequac;ao para uso lmediato. Ainda hoje. a adaptabilidade ambiental se acha restrtta a habltar;oes. somente ganhando algurn terreno na adequac;ao de certos locals de trabalho. 0 design universal sugere uma mentalidade aberta, a incorporac;ao da adapt.abilidade amblental em todos os locals. sem llmites temporals ou de recursos. Isso se deve ao fato dos objeUvos de adaptabilldade serem incorporados ao produto alnda em sua fase inlcial de criac;ao. De urn modo geral, w.rtos produtos sao asslm ldealizados: por~m. h~ falta de componentes acess6rlos que ampllem a adaptar;ao entre o produto e o usuM!o. Por exemplo, ~ 6tlmo que tenham criado uma mAquina fotogrMica que possa ser empunhada e aclonada com uma s6 mao: resta agora que o fabrtcante coloque no mercado urn acess6rio que pennfta ao usuMio optar: usar ora sua mao esquerda, ora a direlta. No caso de portadores de deflct~ncia em potencial. quantas pessoas poderiam se beneflclar ao Iongo da vida se os produtos que fossem ideallzados para se ajustarem ~ suas necessldades var~veis? Outra perspectlva futura do Barrier-free Design es~ associada ao uso de tecnologta avanc;ada, os chamados "smart chips", para o design universal. 0 movlmento high-tech em design assume cada vez ma1s a miniaturtzac;ao de equtpamentos, a conservar;ao de energia, e a redur;ao de custos. 0 resultado tern sldo a concreUzac;ao de projetos ousados pela utlllzac;ao de controles cornputadorizados e sensores infra-vermelhos, de uitra-som, de vartac;ao tmntca, de movimentac;ao, etc. A apllcac;ao macic;a desse tipo de equlpamento tern contribuldo para a robotizac;ao da Marcelo Pinto GpJmarles 32
  • 34. acesslbilldade e da adaptabilldade arnblentaJ. Por exemplo, ~ comum nos paises de alta tecnologia como nos USA. o consumidor ter condlcoes de adqulrlr portas que se abrem e fecharn sem o menor esforco: slstemas de controle automAUco que Ugam e desllgam eletro-dom~Ucos de urn unico Iugar. sistemas de seguranca domiciliar que vertficam aberturas. o aqueclmento. slmularn o movimento de propriet.Arios. e comunlcam com a policia em caso de arrombamento. Nessas residencias (ou "smart houses") espera-se para breve o uso de sensores instaJados nas paredes e nos pr6prios eletro- domesUcos. Asslm, por exemplo, portadores de deficiencia podem "conversar" com as paredes para pedlr ajuda em caso de acldente: al~m dJsso. fogoes lrao reconhecer o usuArio e nao funclonarao com criancas: a pr6pria televisao pode ser acoplada com urn disposiUvo que perrnlte a traducao slmult.Anea de vozes em sub-titulos ou linguagem de sinals. Enquanto t.als lnovacoes nao atingem o grande pubUco mundial, resta ainda percorrer urn Iongo caminho para a melhoria do trabalho profissional. em termos conceltuais. A tecnologia sozlnha jarnais foi solw;ao aos problemas do mundo. Associada a ela existem perdas substanciais da qualidade de vida que nao sao examinadas pela vtsao Avida do lucro lmedJato. Resta-nos perguntar se a existencia de pessoas nao rnais conslderadas portadoras de deficiencla por causa de equipamentos tao formidAvels serA urna existencia feliz, com rnais amor e menos barreiras psico- sociais. Marcelo Pinto Gotmartes 33
  • 35. CONCLUSAO Em Slntese 0 Barrier-free Design oferece urn posicionamento ideol6gico inovador. senao ousado. Para muttos ele pode traduzir-se apenas em design voltado As necessidades de portadores de defici~ncla. Para outros. ele ~ simplesmente design com maJor rigor de qualidade. Para todos. ele deve stgnlflcar o comprometimento do profissional de design em dlstingulr o usuarlo do espaco ambiental atra~ do repeito A sua diversfdade em potencial. 0 Barrier-free Design nao possul f6rmulas para fAcU aplfcacao. 0 que existe sao normas da acessibUidade ambiental que descrevem a realidade num formato superficial. As normas estabelecem crit~rtos mJnimos para a abordagem do problema de acesso enquanto forma de adaptacao ambiental. Cabe ao proflssional lr al~ e propor contrtbuicoes para o enrtquecimento da infonnacao. A acessibilldade ambiental nao deve ser entendida de forma parcial, como conflnada A pesquisa acad~mJca de questoes lsoladas, ou vinculada a doutrtnas poliUcas de momento, ou ainda restrita As pressoes flutuantes de invesUmentos no mercado profissional. 0 acesso absoluto ~ resultado de uma perspectiva global, ecol6glca, que define aspectos do design, estabelece fundamentos para a pesquisa clentifica. e fornece argumentos para lniciativas poliUcas de implementac.ao. Qualquer proposicAo que negUgencie algum desses aspectos deve ser vista com suspelta ou descrMfto. 0 Barrier-free Desi2n no Brasil Gradualmente. o debate em torno do acesso ambiental no Brasn estA se ampliando. Mais e mals pessoas estao envolvidas num processo de formulacao de fd~las e de propostcao de infclaUvas. No entanto, existem dlscrepanctas ideol6gfcas que dJstorcem a verdade e dfficultam a evolucao natural pela asslmflacAo de experf~nclas posiUvas. No Brasn, ainda convlvemos com urn nfunero expressivo de barrelras arqultetOnicas. Desta forma. refertmo-nos a urn possivel Barrier-free Design como paliatlvo. lrOnicamente, a acessibllidade sem barrelras arquitetOnicas A capacidade fisica de usuA.rios vern sendo encarada como uma acao fllantr6pica da comunidade; a ~nfase estA somente sobre a necessldade de locofllOCAo de portadores de defld~ncla. Po~. acessibUidade nao deve ser confundida com filantropia: ela ~urn sinal de maturidade da consd~ncla de comunidades que buscam com rtgor a conformidade de equlpamentos e ediflclos a padroes especlflcos de qualldade ambiental. Acessibilidade ambiental ~ . portanto, o reconhecimento do dlrelto do usuArlo enquanto consumJdor do investlmento publico, num espaco edificado que amplia habilldades individuals e respelta caractertsticas parUculares. L6glcamente, nao se deve julgar a atltude geral sobre acessibilidade que prevalece no comportamento das pessoas como sinal de atraso ou de descaso em nosso pals. Certamente, vivemos num contexto cultural em que as ra1zes da defldenda se confunde com a pobreza e com a falta de lnstrucao do povo. Como entao falar da conscienttzacao de consumldores se a malorta da populacao lnteressada elege como maJor prtortdade o esforco dJArio A subsistencla e a fuga ao desamparo social? Marcelo Pinto Gvimades 34
  • 36. Em palses jovens como o Brasil. a importancia de se fmplantar a pmtica do Barrier-free Design o quanto antes se deve A necessldade de se fazer nossos profissionais e tecnologia preparados para suprtr a grande demanda de equfpamentos e edfflcfos para nossa popula~ao e para garantfr qualldade de vida pela qualidade ambfental. Asslm. o custo de ext.ensas refonnas pode ser poupado e os beneficlos da acesslbllidade amblental podem ser usufrutdos. a curto prazo, pelas pessoas de hoje e pelas gera~ de urn futuro pr6ximo. E' necessArto entao que proflssionais sejam consdentizados e que projetos sejam desenvolvidos de forma a tmplementar o Barrier-free Design a cada vez que urn equfpamento seja tntroduzido na Unha de produ~ao. ou que urn edfficto antigo tenha que vir abafxo para dar Iugar ao novo. desta vez. livre de barretras. Apesar de poucas, as fnfciativas plonelras em que se faz notar o crescfmento da mobillzac,;ao de setores socials habilltados e tnteressados sao catallzadoras de transformac,;ao social. Felimlente, na consutufnte brasilefra jA se I~ sobre o acesso de portadores de defici~ncia as escolas, aos locais de trabalho. aos logradouros... Resta agora transformar tais palavras em a1;0es. 0 desenvolvfmento do Barrier-free Design no Brasil pode ser catalizador de outras transfonna~Oes socials para a qualidade de vida. Para tsso, Wrios setores socials JA estao se mobilizando. Por~m. ~ preclso que o conhecimento gerado se atenha aos aspectos caracterlsticos de nossa realidade cultural. E' precfso que a populac,;ao de portadores de deflci~ncia contrlbua nos pr-ocesso de design, esclarecendo questoes em que as normas fntemaclonais da acessibilidade pouco · tern a oferecer. E' dfscutlndo sobre o •para que· que entenderemos melhor sobre o •para quem· e est.a.remos melhor preparados para justlficar sobre o •por que sim· em rela~ao a conce~oes a.mbAe:ntais para o acesso absoluto. Mf""do .Pbato Golmartes 35