Este documento descreve os esforços de uma comunidade religiosa para preservar as línguas de três grupos indígenas na Colômbia através da educação. Eles desenvolveram materiais didáticos nas línguas Yukpa, Nukak e Embera para ensinar as crianças em suas próprias línguas e culturas. Após anos de trabalho com os idosos e líderes indígenas, eles publicaram o primeiro material didático na língua Yukpa para ensinar as crianças e garantir a sobrevivência da
Ensino da língua Yukpa e preservação cultural com povos indígenas
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PÓS-SÍNODO PANAMAZÔNICO
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia integral”
PRESENÇA das FMA junto às Etnias YUKPA, NUKAK e EMBERA
Inspetoria “Santa Maria Mazzarello”
Medellín – Colômbia
VIAGENS INTERCULTURAIS - TECENDO CULTURA
A leitura do contexto e o acordo com o Ministério da Educação tornou possível à
Comunidade de Manaure, desde 2006 a 2016-2018, de tecer cultura com as populações indígenas
Yukpa da Região de Cesar, Nukak da Região de Guaviare e Embera da Região de Córdoba.
O encontro com os povos indígenas permitiu à
comunidade de criar novas rotas de conhecimento, de percepção
da realidade, de sair do categórico para chegar ao
reconhecimento e à aceitação do outro. As diferentes culturas
são escolas de aprendizagem. Estes povos, através do estudo, do
reconhecimento da sua sabedoria, se transformaram em mestres
da própria cultura, conseguiram um diploma e melhoram as
próprias condições de vida.
“Estar contigo”, diz Betty Nukak a Irmã
Claudia Gómez, “eu aprender, tu aprender. Eu
tecer”.
A comunidade, através da Escola Normal
Superior “Maria Imaculada”, junto com os
grupos interculturais indígenas, com os
professores, as Irmãs, os idosos, líderes de cada
um dos povos indígenas, construíram uma proposta de formação de Normalistas Superiores, na qual
se considera o território, a memória coletiva, a tradição oral, o governo ancestral e a própria língua.
Com estes, foram criados os módulos de formação, foram avaliados e aplicados. Hoje alguns já são
bilíngues. Falam a língua deles e a língua Castelhana.
Como se chama na tua língua a pessoa que não é indígena:
Yukpa: Watiya
Nukak: Kaweni
Embera: Capunia
Os indígenas Yukpas já podem escrever na própria língua
Foram aproximadamente três anos de intensos trabalhos nos quais etnoeducadores,
linguistas, idosos Yukpas e o Ministério da Educação trabalharam juntos para obter aquilo que no
início parecia uma “quixotada” e que, do contrário, se traduziu na publicação de material didático
na língua indígena Yukpa.
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O primeiro passo foi dado pela Diretora da Normal Superior de Manaure, Cesar, Irmã
Maritza Mantilla, a qual vendo a necessidade de fazer algo para evitar o desaparecimento da língua
Yukpa, contatou o Ministério da Educação a fim de promover um trabalho conjunto em favor da
sua preservação.
O sonho de uma religiosa
Irmã Maritsa Mantilla, Diretora da Normal Superior
de Manaure, Cesar, foi uma das pessoas que pensou em criar
um material didático para as crianças Yukpas: “Queria
livros coloridos, com imagens muito bonitas que as crianças
conhecessem e associassem ao próprio ambiente; graças ao
Ministério da Educação este sonho se realizou”.
Segundo o linguista Wilson Largo, pesquisador desta língua nos últimos 4 anos, os idosos
foram aqueles que mais contribuíram na pesquisa deste material didático: “Foram os yuwatpus
que nos contaram as suas histórias, que compartilharam conosco os seus conhecimentos a fim de
que a língua Yukpa não morresse”.
Graças a este trabalho, descobrimos que a língua Yukpa tem 6 vogais e 16 consoantes,
além de 6 variantes dialetais. “Os Yukpas da região próxima a Manaure têm uma pronúncia
diferente em relação àqueles que se encontram no topo da cordilheira de Perijá, entretanto com este
trabalho já podemos dizer que esta língua não desaparecerá”.
Isto é o mais importante deste trabalho, como bem
sabemos, há somente duas línguas do ramo caribenho no país.
Uma é a “carijona”, da região amazônica e é falada somente
por umas vinte pessoas, um número que faz pensar que em
poucos anos irremediavelmente vai desaparecer. A outra
língua do ramo caribenho na Colômbia é aquela dos Yukpas,
que são aproximadamente 3000 indígenas que vivem na
Cordilheira do Perijá na Região de Cesar e em alguns Estados
da Venezuela.
Com possibilidade de obter um Diploma
Os indígenas Yukpas são seminômades e os seus filhos
e filhas, geralmente não estudam porque se casam muito
cedo. Com este material podem frequentar toda a escola
primária e preparar-se para ingressar na escola secundária.
Passou-se de um ensino oral a um trabalho escrito
que servirá a fim de que o futuro das crianças dos Yukpas
possam escrever na própria língua. “Sabemos que estas crianças receberão uma educação
bilíngue e não apenas em espanhol, e que aprenderão com elementos que conhecem, como
mochilas, arcos e não com os textos convencionais do homem branco onde apareciam aviões e
edifícios que eles nem sequer conhecem”.
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Patume Patume
Muitas crianças dos Yukpas começaram a dizer “patume
patume” quando receberam os textos coloridos com os quais
aprenderão a língua dos seus avós e dos seus pais. “Patume” na
língua deles significa “bonito”.
Também os idosos estão contentes com o trabalho e com o
material didático Yukpa: esses sabem que os seus netos serão capazes de falar com eles e que não
acontecerá mais que enquanto eles falam uma língua, os seus descendentes falarão uma outra. Um
exemplo de como os idosos dos Yukpas valorizam este trabalho foi expresso por Carmem López:
“Posso morrer tranquila, agora somos eternos”.
Avó Carmen: “Agora posso morrer em paz, somos
eternos”.
Muitos Yuwatpus (idosos na língua Yukpa) estão
felizes que os seus netos aprendam a língua deles e que esta
não desapareça com o tempo.
Colaborou Ir. Angela Lucía Quintero
Novembro - 2019