1. Maria Heloiza O. de Freitas
Mestrado em Ciências da Religião
SOCIEDADES AUTÔNOMAS: Uma
Abordagem à Educação Indígena
Brasileira
Rio de Janeiro - 2010
2. COERÊNCIA E DISCREPÂNCIA
COM ALINHA DE PESQUISA
• Sshleirmacher: Deus está disponível, em algum grau, a
todas as religiões.
• Foucault: A verdade de cada sociedade serve para
perpetuar as suas ideologias.
• Weber: A esfera da linhagem, ou família na religião.
• Durkheim: Processo da redução da religião ao social é o
fator de unidade/coesão do grupo social (ex.totemismo)
• Kierkegaard: O homem religioso é estudado na sua
dimensão estética e ética.
• Freud: Os desejos de ser leva o homem a buscar a
religião. Discrep: kant:Deus não se envolve q. temporais
• Malinowski: A religião regula os mecanismos sociais.
3. SOCIEDADES AUTÔNOMAS: Uma
Abordagem à Educação Indígena Brasileira
• INDÍGENA É
AQUELA PARCELA
DA POPULAÇÃO
QUE NÃO SE
ADAPTA À SOC.
BRASILEIRA
CONSERVA OS
COSTUMES; DE
TRADIÇÃO PRÉ-
COLOMBIANA.
Darcy Ribeiro (1979)
4. SOCIEDADES AUTÔNOMAS: Uma
Abordagem a Educação Indígena Brasileira
• CULTURA:inclui
crença, arte, direito,
moral, lei, costume..
Hábitos. Tylor (1871)
• AUTONOMIA é a
capacidade de atuar
com conhecimento
de causa e sem
coação externa.
Liberal (2002)
•
5. QUEM É O PROFESSOR NA
COMUNIDADE INDÍGENA?
• Se aos professores nacionais é dificultado
formar os estudantes, em todos os níveis, (que
desde pequenos estão em contato com os
livros, lápis e cadernos, histórias ilustradas,
mídia), como será em relação aos alunos
indígenas?
• A educação indígena é considerada ilegítima?
• Como transmitir conhecimentos práticos sem o
conhecimento da língua nativa? Como transmitir
conceitos matemáticos? Biologia?
6. PRINCIPAIS HIPÓTESES
• A EDUCAÇÃO: principal chave para a
sobrevivência de uma sociedade. (WENDEL,
1989)
• Há necessidade de um programa contínuo e
autóctone de educação, com professor
nativo. Se as premissas básicas da
ideologia da cultura do receptor são
semelhantes às da cultura do comunicador o
potencial para o entendimento é aumentado.
(CARRIKER, 2008)
7. PRINCIPAIS HIPÓTESES
• “Os índios tem o direito de decidir
como dispor da autonomia. (ONU,
2007)Há fatores dentro da cultura
nacional de finalidade competitiva para
o mercado de trabalho, que não são
fundamentais para os indígenas. (J.
Dellors,2005). As dimensões linguística,
cultural, sócio-econômica e política,
emocional, cognoscitiva e religiosa
norteam a educação.(FREITAS,1995)
8. PERDAS ÉTNICAS
• De 114 línguas indígenas no Brasil,
segundo os registros do Museu
Nacional, possuem documentação
apenas parcial. Franchetto, UFRJ(2000).
• 170 línguas em uso. Impreciso o
número das 2322 escolas indígenas
brasileiras q.s bilingues. Menos 2% dos
profs indígenas sem 3ºgrau em 2003.
9. ELE DESENHOU O PERFIL DA
HUMANIDADE DE HOJE
• Ele influenciou as ciências sociais no mundo
inteiro e disse que gostaria de ter vivido no
século XIX, quando os povos iriam se
desenvolver plenamente, mas se entristecia
ao pensar que os brasileiros não seriam
mais brasileiros e que os nambikwara não
seriam mais manbikwara. Ele construiu uma
nova visão dos povos indígenas! Estudou
no Brasil e conheceu os nambikwara:
• Claude Lévi Strauss (1908 – 2009) : As
culturas definem-se como sistemas de
signos [...] funcionamento do cérebro.
10. 1.0 PRELIMINARES:
ESCOLA JESUÍTICA/HOLANDESA
• As escolas dos jesuítas eram semelhantes
ao modelo europeu, os livros eram trazidos
diretamente de Portugal. A gramática de
Língua Brasílica foi imposta aos índios.
(GLOBO 2000).
• “Aos índios cabia todo o trabalho de
extração do pau-brasil [...] os índios se
revoltavam, lutavam, fugiam.” (SILVA, 1994)
Jesuítas: Imposição aos índios (GLOBO
2000)
• Os holandeses (1630-1654) os denominaram
“tapuias” e “brasilianos”, selvagens/domest
11. ETNOCENTRISMO X ETNOCÍDIO
• Escravidão – Semi-escravidão – Sub –
pagamento. Continuidade da história
européia e descontinuidade da história
da América. Os Tamoyo:confederação
contra os portugueses. Os índios
atrapalhavam a colonização.
• Ação bandeirante e missionária.
Reação indígena: etnocêntrica. A
cultura européia era etnocêntrica e
etnocidária. Silva, (1994)
12. 1.1 DIREITOS E NECESSIDADES
DAS SOCIEDADES INDÍGENAS
• Aprovada a Declaração dos Direitos
Indígenas, a qual lhes dá plena liberdade de
atuação no contexto nacional (ONU,2007)
• DIREITO À EDUCAÇÃO. Declaração U. dos
Direitos Humanos (1948). Art. XXVI, 2
• EDUCAÇÃO NA LÍNGUA MATERNA e
PROCESSOS PRÓPRIOS DE
APRENDIZAGEM.
• GARANTIA DOS SEUS USOS E COSTUMES
• USO DAS TERRAS.
• Const Bras, Art. 210.
13. 2. FATORES INTERFEREM NA
APRENDIZAGEM DAS ETNIAS
• Preservar a herança étnica envolvendo
os aspectos lingüísticos, sócio-
econômico, cognoscitivo, sócio-
político, emocional e religioso. Apontar
diretriz educacional que conserva as
suas tradições. A religião dos índios
está integrada com todos os aspectos
da cultura. A atuação das forças ou
dos seres invisíveis afeta todas as
suas atividades. Carriker (2005)
14. 2.1 LINGUÍSTICO
• Língua:primeiro sinal de identificação
com o povo. Carriker (2008)
• Para Cardoso, in Jung, (1993), o
símbolo reúne apostos numa síntese
[...] na direção de um sentido que
nenhuma palavra da língua falada
poderia exprimir de maneira
satisfatória. Ex: A flauta sagrada para
os Nambikwara.
15. 2.2 SÓCIO-CULTURAL
• Considerar a população receptiva de
estudantes, suas peculiaridades
étnicas. Wendel(1989)
• Carriker (2008): Os padrões de
comportamento em uma cultura são
diferentes de outra cultura. Ponto de
vista êmico: os ideais da cultura. Ético:
participante condicionado.
16. 2.3 COGNOSCITIVO
• Para Campos (1983)in Piaget, existem
conceitos impostos na mente da
criança antes que ela esteja pronta
para a aprendizagem. O equilíbrio
decorre da acomodação dos
esquemas. Quando o indivíduo não
dispõe de pré-conhecimento há
necessidade de variação dos
esquemas iniciais, para determinar a
aprendizagem.
17. 2.4 SÓCIO-POLÍTICO
• Carriker (2008:208): As sociedades indígenas
são comunais, valorizam muito o indivíduo,
tomam decisões em conjunto, tendo como
base a opinião da maioria[...] por isso um
homicídio, um roubo, um caso de feitiçaria,
não são problemas que envolvem apenas
uns poucos indivíduos, mas toda a
comunidade. Florestan 1975: As decisões do
grupo são regidas de acordo com as
crenças... Pode não ter conexão com o bem-
estar dos indígenas.
18. 2.5 SÓCIO-ECONÔMICO
• A economia de subsistência. Os
Nambikwara trocam coisas numa
reciprocidade generalizada, não a
equilibrada. Kroeker (1982)
• Organização de produção:por grau de
parentesco,aldeia: unidade econômica.
Trabalho é uma tarefa ou tarefas.
Quando há um trabalho a fazer, se faz,
se não há descansa. Freitas (1994-96)
• Melatti (1994):Não existe especialização
profissional.A divisão do trabalho: p/
sexo. Todos aprendem os serviços ger.
19. 2.6 EMOCIONAL
• Carriker (2008): incidências de
alcoolismo, relacionamentos de
dependência, violência, desprezo de
regras costumeiras(parentesco, sexo)
estados de depressão e auto censura.
stress, a apatia com os problemas de
adaptação.
• Wendel (1989): A imposição da língua
nacional traz sentimentos de
inferioridade e repressão que cobre o
sentimento de auto-realização ao
insistir no uso da língua nacional .
20. 2.7 RELIGIOSO
• A teoria de Durkheim, in Terrim (2008),
tem um fundo etnológico e faz
referencia ao conceito de totemismo
como religião elementar dos primitivos.
O totemismo é uma das expressões
básicas e mais elementares da cultura
e da religião dos povos primitivos.
• Freud diz ;é “tabu”:Significa, por um
lado, ‘sagrado’, ‘consagrado’, e, por
outro, ‘misterioso’, ‘perigoso’,
‘proibido’.
21. 3. POLÍTICA PEDAGÓGICA
PARA AS SOC. INDÍGENAS
• Em 1991: A educação indígena passou
p/ o MEC que criou, em 1993, o Comitê
de Educação Indígena, composto por
representantes de alguns povos
indígenas, instituições da sociedade
civil e universidades. O Referencial
Curricular Nacional para as Escolas
Indígenas, com as áreas de
conhecimento: Línguas, Matemática,
História, Geografia, Ciências. Arte e
Educação Física. Trabalhar esses
conteúdos de forma diversificada.
22. 3.1 PROCESSO INTEGRADO
• 1)Na vida social tratar-se-á das
relações humanas entre as aldeias
indígenas, da solidariedade
• 2) Valorizará a Mitologia: herança do
saber ancestral e como produto de
reflexão de um povo sobre sua
história;
• 3) Valorizarão os ritos de passagem;
23. 3.2 INTERCÂMBIO
CULTURAL
• 4) Valorizará a economia de
subsistência, as comidas e as bebidas,
as casas típicas; a medicina natural; as
expedições de caça e pesca. Os
instrumentos musicais locais;
• 6) Reconhecer: as práticas lúdicas; as
armas de lutas; o lugar das sepulturas;
ambiente sagrado; as festas, a
colheita;
• 7) Estimular as artes em geral;
• 8) Capacitar autores indígenas.
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Não há subsídios suficientes para a
resolução dos problemas. No plano do
ethos nacional, a falta de autonomia
das etnias brasileiras é uma situação
que se conforma com o atraso e a
pobreza, a inferioridade das raças
morenas e degradação dos povos
mestiços. Darcy Ribeiro (1979)
25. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Certas decisões da cultura
majoritária é privação cultural. É
sábio unir os subsídios da cultura
nacional, aos recursos naturais,
culturais, antropológicos, dos
grupos étnicos, capacitando
professores nativos. No mínimo
professores bilingues e biculturais
na ausência destes.
26. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A auto-realização cultural, sócio
político, econômico e social,
linguística, emocional e religiosa
dos membros das sociedades
indígenas estará sempre
relacionada em serem alimentados
no seio da sua herança cultural,
que satisfazem exigências de
perpetuação de suas tradições.
27. Ref. Bibliográfico
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• CARDOSO, Heloísa. Psicopatologia, Teoria dos Complexos e Psicanálise. Vol. 1. Rio de
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• CARRIKER, Timóteo. O Evangelho e a Cultura. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 2008.
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• DELORS, Jacques, org. Educação para o Século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2005.
• ELIADE, Mircea. O Profano e o Sagrado. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
• ESTUDOS SOBRE LÍNGUAS E CULTURA INDÍGENAS: Edição Especial – Trabalhos Lingüísticos Realizados no Brasil:
Summer Institute of Linguistics, 1971.
• FREUD, Sigmund.Edição Eletrônica, 2002
• FLORESTAN, Fernandes. Investigação Etnológica no Brasil e Outros Ensaios. São Paulo: Vozes, 1975.
• FREITAS, Maria Heloiza de. Boletim Nambi; fotos; anotações pessoais. PI Sararé e PI Manahisu. MT, 1994-1999.
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• LIBERAL, Márcia Mello de (org.) Um Olhar sobre Ética e Cidadania. São Paulo: Mackenzie, 2002.
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Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, 1998.
• RIBEIRO, Darcy. As Américas e a Civilização: Estudos de Antropologia da Civilização. Rio de Janeiro: Vozes, 1979.
• SILVA, Jarbas Ferreira da. Tropeços na Ação Missionária: Tolice Humana ou Cilada de Satanás. São Paulo, 2003.
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• SOUZA, Isaac Costa da. De Todas as Tribos: A Missão da Igreja e a Questão Indígena. Viçosa: Ultimato, 1996.
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