O documento descreve as três gerações do Romantismo no Brasil, destacando os principais temas e autores de cada uma. A primeira geração enfatizou o nacionalismo e o indianismo, retratando os índios livres na natureza. A segunda geração se concentrou na morte e no pessimismo. A terceira geração, liderada por Castro Alves, abordou temas sociais como a abolição da escravidão.
2. 1º Geração
Os primeiros românticos são conhecidos
como nativistas, pois seus romances
retratam índios vivendo livremente na
natureza, numa representação
idealizada. O índio é transformado no
símbolo do homem livre e incorruptível.
Nosso Romantismo apresenta como
traço essencial o nacionalismo,
destacando o indianismo, o
regionalismo, a pesquisa histórica,
folclórica e linguística, e a crítica aos
problemas nacionais.
4. Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar — sozinho, à noite —
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Em cismar, sozinho, à noite, Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Mais prazer encontro eu lá; Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
5. 2ª Geração
O tema que fascinou os escritores da segunda
geração romântica brasileira foi a morte. Nas obras
dos escritores desse período está presente uma
visão negativa do mundo e da sociedade, onde
expressam seu pessimismo e sentimento de
inadequação à realidade, pois viviam uma vida
desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos,
o ócio, os casos amorosos e a leitura de obras
literárias.
A segunda geração, também conhecida como
ultrarromantismo, encontra no Brasil discípulos
fervorosos, que diante do amor apresentam uma
visão dualista, envolvendo atração e medo, desejo
e culpa. Em seus poemas, a imagem de perfeição
feminina apresenta os traços de morte,
condenando implicitamente qualquer forma de
manifestação física do amor.
7. Quando à noite no leito
perfumado
Quando à noite no leito perfumado Dorme, ó anjo de amor! no teu silêncio
Lânguida fronte no sonhar reclinas, O meu peito se afoga de ternura
No vapor da ilusão por que te orvalha E sinto que o porvir não vale um beijo
Pranto de amor as pálpebras divinas? E o céu um teu suspiro de ventura!
E, quando eu te contemplo Um beijo divinal que acende as veias,
adormecida Que de encantos os olhos ilumina,
Solto o cabelo no suave leito, Colhido a medo como flor da noite
Por que um suspiro tépido ressona Do teu lábio na rosa purpurina ,
E desmaia suavíssimo em teu peito?
E um volver de teus olhos
Virgem do meu amor, o beijo a furto transparentes,
Que pouso em tua face adormecida Um olhar dessa pálpebra sombria,
Não te lembra no peito os meus Talvez pudessem reviver-me n’alma
amores As santas ilusões de que eu vivia!
E a febre de sonhar da minha vida?
8. 3ª Geração
A terceira geração é também
conhecida como “O condoreirismo”,
os poetas dessa geração apresentam
estilo grandioso ao tratarem de temas
sociais, eram comprometidos com a
causa abolicionista e republicana
desenvolvendo, assim, a poesia
social. Castro Alves é o poeta que
mais se destaca. Inspirado nos
princípios de Victor Hugo, ele começa
a escrever poemas sobre a
escravidão.
10. Os Escravos
Senhor Deus dos desgraçados! Combatem na solidão,
Dizei-me vós, Senhor Deus! Homens, simples, fortes, bravos...
Se é loucura... se é verdade Hoje míseros escravos,
Tanto horror perante os céus?! Sem luz, sem ar, sem razão...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?... (...)
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Ontem a Serra Leoa,
Varrei os mares, tufão!
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
(...) Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
São os filhos do deserto, Tendo a peste por jaguar...
Onde a terra esposa a luz. E o sono sempre cortado
Onde vive em campo aberto Pelo arranco de um finado,
A tribo dos homens nus... E o baque de um corpo ao mar...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados