O documento apresenta trechos de obras literárias de Machado de Assis e questões sobre características da prosa do autor. A conversa com o leitor é identificada como uma característica típica presente nos três fragmentos, onde o narrador discute a narrativa e se dirige ao leitor.
2. treinamento de questões abertas 08
Leia
os
fragmentos
a
seguir,
re0rados
de
romances
de
Machado
de
Assis,
e
responda
a
questão
abaixo.
3. treinamento de questões abertas 08
Mas
o
livro
é
enfadonho,
cheira
a
sepulcro,
traz
certa
contração
cadavérica;
vício
grave,
e
aliás
ínfimo,
porque
o
maior
defeito
deste
livro
és
tu,
leitor.
Tu
tens
pressa
de
envelhecer,
e
o
livro
anda
devagar;
tu
amas
a
narração
direta
e
nutrida,
o
es0lo
regular
e
fluente,
e
este
livro
e
o
meu
es0lo
são
como
os
ébrios,
guinam
à
direita
e
à
esquerda,
andam
e
param,
resmungam,
urram,
gargalham,
ameaçam
o
céu,
escorregam
e
caem...
(Memórias Póstumas de Brás Cubas)
4. treinamento de questões abertas 08
A
leitora
que
é
minha
amiga
e
abriu
este
livro
com
o
fim
de
descansar
da
cava0na
de
ontem
para
a
valsa
de
hoje
quer
fechá-‐lo
às
pressas,
ao
ver
que
beiramos
um
abismo.
Não
faça
isso,
querida;
eu
mudo
de
rumo.
(Dom Casmurro)
5. treinamento de questões abertas 08
Se
não
fora
o
que
aconteceu
e
se
contará
por
estas
páginas
adiante,
haveria
matéria
para
não
acabar
mais
o
livro;
era
só
dizer
que
sim
e
que
não,
e
o
que
estes
pensaram
e
sen0ram,
e
o
que
ela
sen0u
e
pensou,
até
que
o
editor
dissesse:
basta!
Seria
um
livro
de
moral
e
de
verdade,
mas
a
história
começada
ficaria
sem
fim.
Não,
não,
não
...
Força
é
con0nuá-‐la
e
acabá-‐la.
Comecemos
por
dizer
o
que
os
dois
gêmeos
ajustaram
entre
si
(...).
(Esaú e Jacó)
6. treinamento de questões abertas 08
Iden0fique
uma
caracterís0ca
Upica
da
prosa
machadiana
presente
nos
três
fragmentos
acima
e
explique-‐a.
A
seguir,
extraia
dos
fragmentos
trechos
em
que
essa
caracterís0ca
pode
ser
observada.
7. treinamento de questões abertas 08
recurso comum aos três textos
conversa
com
o
leitor
uma interpretação
deixando
o
enredo
de
lado,
o
locutor
põe-‐se
a
comentar
a
narra0va
[metalinguagem]
e
a
discu0r
com
o
leitor
o
processo
de
construção
do
texto
e
as
linhas
gerais
do
enredo
o
leitor
é
visto
como
amigo,
consultor,
interlocutor,
convidado,
ajudante,
colaborador
9. treinamento de questões abertas 08
Leia
a
posteridade,
ó
pátrio
Rio,
Em
meus
versos
teu
nome
celebrado;
Por
que
vejas
uma
hora
despertado
O
sono
vil
do
esquecimento
frio:
Não
vês
nas
tuas
margens
o
sombrio,
Fresco
assento
de
um
álamo
copado;
Não
vês
ninfa
cantar,
pastar
o
gado
Na
tarde
clara
do
calmoso
es0o.
Turvo
banhando
as
pálidas
areias
Nas
porções
do
riquíssimo
tesouro
O
vasto
campo
da
ambição
recreias.
Que
de
seus
raios
o
planeta
louro
Enriquecendo
o
influxo
em
tuas
veias,
Quanto
em
chamas
fecunda,
brota
em
ouro.
COSTA,
Cláudio
Manuel
da.
Leia
a
posteridade,
ó
pátrio
Rio.
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10. treinamento de questões abertas 08
Redija
um
breve
texto
explicando
como
a
temá0ca
“fidelidade
cultural
à
metropole
x
fidelidade
afe0va
à
terra
natal”
aparece
neste
poema
de
Cláudio
Manuel
da
Costa.
11. treinamento de questões abertas 08
a fidelidade cultural à metrópole
convenções
árcades
pastoralismo
bucolismo
referências
a
elementos
paisagís0cos
e
culturais
europeus
[ninfa,
álamo]
a fidelidade afetiva à terra natal
cor
local
pátrio
rio
gado
referências
a
elementos
paisagís0cos
Upicos
do
Brasil
colônia
13. treinamento de questões abertas 08
Este
é
o
rio,
a
montanha
é
esta,
Estes
os
troncos,
estes
os
rochedos;
São
estes
inda
os
mesmos
arvoredos;
Esta
é
a
mesma
rús0ca
floresta.
Tudo
cheio
de
horror
se
manifesta,
Rio,
montanha,
troncos,
e
penedos;
Que
de
amor
nos
suavíssimos
enredos
Foi
cena
alegre,
e
urna
é
já
funesta.
Oh
quão
lembrado
estou
de
haver
subido
Aquele
monte,
e
as
vezes,
que
baixando
Deixei
do
pranto
o
vale
umedecido!
Tudo
me
está
a
memória
retratando;
Que
da
mesma
saudade
o
infame
ruído
Vem
as
mortas
espécies
despertando.
COSTA,
Cláudio
Manuel
da.
Este
é
o
rio,
a
montanha
é
esta.
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14. treinamento de questões abertas 08
Explique,
num
breve
texto
como
diferentes
es0los
convivem
no
soneto
lido.
15. treinamento de questões abertas 08
aspectos árcades
bucolismo
[elementos
da
natureza]
aspectos barrocos/românticos
locus
horrendus
os
sen0mentos
do
locutor
contaminam
a
paisagem
17. treinamento de questões abertas 08
Cheguei.
Chegaste.
Vinhas
fa0gada
E
triste,
e
triste
e
fa0gado
eu
vinha.
Tinhas
a
alma
de
sonhos
povoada,
E
alma
de
sonhos
povoada
eu
0nha...
E
paramos
de
súbito
na
Estrada
Da
vida:
longos
anos,
presa
à
minha
A
tua
mão,
a
vista
deslumbrada
Tive
da
luz
que
teu
olhar
con0nha.
Hoje
segues
de
novo...
Na
par0da
Nem
o
pranto
os
teus
olhos
umedece,
Nem
te
comove
a
dor
da
despedida.
E
eu,
solitário,
volto
a
face,
e
tremo,
Vendo
o
teu
vulto
que
desaparece
Na
extrema
curva
do
caminho
extremo.
BILAC,
Olavo.
Nel
mezzo
del
camin.
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18. treinamento de questões abertas 08
Redija
um
breve
texto,
explicando
como
o
poema
acima
se
aproxima
e
se
afasta
da
esté0ca
parnasiana.
19. treinamento de questões abertas 08
aspectos parnasianos
soneto
decassílabo
rimas
ricas
vocabulário
elavado
chaves
de
ouro
aspectos românticos
subje0vismo
lirismo
amoroso
envolvimento
do
locutor
com
o
assunto
21. treinamento de questões abertas 08
CAMPOS,
Augusto
de.
Psiu.
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22. treinamento de questões abertas 08
Redija
um
breve
texto,
explicando
o
caráter
verbivocovisual
do
poema
acima.
23. treinamento de questões abertas 08
linhas gerais da poesia concreta
abolição
do
verso
tradicional
o
poema
é
um
objeto
verbivocovisual
uso
de
paronomásias,
neologismos
e
estrangeirismos
exploração
de
prefixos,
sufixos
e
morfemas
o
poema
pode
ser
lido
em
qualquer
direção:
exploração
do
espaço
em
branco
da
página
24. treinamento de questões abertas 08
o poema é um objeto verbivocovisual
verbi:
verbal;
a
palavra
escrita
voco:
vocal,
sonora;
a
palavra
falada
visual:
imagem;
exploração
dos
elementos
icônicos
[não
verbais]
e
da
disposição
das
palavras
uma leitura
objeto
que
se
configura
por
intermédio
de
uma
colagem
de
elementos
verbais
e
icônicos,
o
poema
permite,
ainda,
através
da
leitura
da
imagem
ao
centro
[uma
boca
que
pede
silêncio],
inferir
o
barulho
produzido
pela
leitura
simultânea
das
palavras/colagens;
eis
o
verbivocovisual
26. treinamento de questões abertas 08
Longe
do
estéril
turbilhão
da
rua,
Benedi0no,
escreve!
No
aconchego
Do
claustro,
na
paciência
e
no
sossego,
Trabalha,
e
teima,
e
lima,
e
sofre,
e
sua!
Mas
que
na
forma
se
disfarce
o
emprego
Do
esforço;
e
a
trama
viva
se
construa
De
tal
modo,
que
a
imagem
fique
nua,
Rica
mas
sóbria,
como
um
templo
grego.
Não
se
mostre
na
fábrica
o
suplício
Do
mestre.
E,
natural,
o
efeito
agrade,
Sem
lembrar
os
andaimes
do
ediicio:
Porque
a
Beleza,
gêmea
da
Verdade,
Arte
pura,
inimiga
do
ar0icio,
É
a
força
e
a
graça
na
simplicidade.
BILAC,
Olavo.
Soneto.
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27. treinamento de questões abertas 08
Construa
um
breve
texto,
explicitando
e
analisando
o
paradoxo
con0do
no
poema
acima.
28. treinamento de questões abertas 08
o paradoxo
o
poema
textualmente
afirma
algo
que
contraria
sua
estrutura
análise
defende-‐se
a
ideia
segundo
a
qual
o
poema
deve
parecer
simples
[estrofes
dois
e
três],
o
texto
lido,
entretanto
é
um
soneto
decassílabo,
que
apresenta
rimas
ricas,
vocabulário
elevado,
chave
de
ouro
e
referências
a
elementos
clássicos
[seman0camente
sugere-‐se
que
o
poema
é
simples;
a
forma
configura-‐se,
entretanto,
complexa]
30. treinamento de questões abertas 08
O
mundo
que
venci
deu-‐me
um
amor,
Um
troféu
perigoso,
este
cavalo
Carregado
de
infantes
couraçados.
O
mundo
que
venci
deu-‐me
um
amor
Alado
galopando
em
céus
irados,
Por
cima
de
qualquer
muro
de
credo,
Por
cima
de
qualquer
fosso
de
sexo.
O
mundo
que
venci
deu-‐me
um
amor
Amor
feito
de
insulto
e
pranto
e
riso,
Amor
que
força
as
portas
dos
infernos,
Amor
que
galga
o
cume
ao
paraíso.
Amor
que
dorme
e
treme.
Que
desperta
E
torna
contra
mim,
e
me
devora
E
me
rumina
em
cantos
de
vitória...
FAUSTINO,
Mário.
O
mundo
que
venci
deu-‐me
um
amor.
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31. treinamento de questões abertas 08
A
par0r
da
leitura
do
poema
acima,
redija
um
breve
texto,
jus3ficando
o
epíteto
de
neoparnasianismo
atribuído
à
Terceira
Geração
do
Modernismo.
32. treinamento de questões abertas 08
o neoparnasianismo
epíteto
dado
à
poesia
da
terceira
geração
do
modernismo
[geração
de
45]
o poema
elaboração
formal
[soneto
inglês,
decassílabo,
rimas
toantes]
tratamento
elevado
dado
ao
tema
diálogo
com
a
cultura
clássica
[alusões
a
Cavalo
de
Troia,
a
Pégasus
e
a
Orfeu
e
Eurídice]