Fabiano passa por uma gradação na caracterização ao longo dos trechos, sendo retratado inicialmente como homem e depois como bicho, planta e objeto, ilustrando sua progressiva desumanização e submissão às condições impostas pelo dono da terra. Essa caracterização reflete a situação de opressão vivida pelos personagens da obra.
2. INSTRUÇÃO
treinamento de questões abertas 03
No
capítulo
“Fabiano”,
de
Vidas
secas,
de
Graciliano
Ramos,
ocorrem,
a
breves
intervalos,
os
seguintes
trechos:
3. TEXTO
treinamento de questões abertas 03
Pisou
com
firmeza
no
chão
gretado,
puxou
a
faca
de
ponta,
esgaravatou
as
unhas
sujas.
Tirou
do
aió
um
pedaço
de
fumo,
picou-‐o,
fez
um
cigarro
com
palha
de
milho,
acendeu-‐o
ao
binga,
pôs-‐
se
a
fumar
regalado.
–
Fabiano,
você
é
um
homem,
exclamou
em
voz
alta.
Conteve-‐se,
notou
que
os
meninos
estavam
perto,
com
certeza
iam
admirar-‐se
ouvindo-‐o
falar
só.
[...]
Olhou
em
torno,
com
receio
de
que,
fora
os
meninos,
alguém
Rvesse
percebido
a
frase
imprudente.
Corrigiu-‐a,
murmurando:
–Você
é
um
bicho,
Fabiano.
[...]
Agora
Fabiano
era
vaqueiro,
e
ninguém
o
Rraria
dali.
Aparecera
como
um
bicho,
entocara-‐se
como
um
bicho,
mas
criara
raízes,
estava
plantado.
Olhou
as
quipás,
os
mandacarus
e
os
xiquexiques.
Era
mais
forte
que
tudo
isso,
era
como
as
caRngueiras
e
as
baraúnas.
Ele,
sinha
Vitória,
os
dois
filhos
e
a
cachorra
Baleia
estavam
agarrados
à
terra.
[...]
Fabiano,
uma
coisa
da
fazenda,
um
traste,
seria
despedido
quando
menos
esperasse.
RAMOS,
Graciliano.
Vidas
secas.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2002.
p.
17-‐25.
4. QUESTÃO 01
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
Nesses
trechos,
o
autor
faz
uma
gradação
para
caracterizar
a
personagem
Fabiano.
REDIJA
um
texto,
iden%ficando
as
etapas
dessa
gradação
e
explicando
o
papel
dessa
caracterização
da
personagem
na
obra
Vidas
secas.
5. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
etapas da gradação
01 Fabiano
passa
de
homem
a
bicho;
02 de
bicho
a
planta;
03 e
de
planta
a
coisa
uma análise
a
coisificação
Fabiano
o
alija
da
condição
humana;
ele
e
as
demais
personagens
são
constantemente
humilhados,
tratados
como
meros
objetos
diante
dos
interesses
dos
poderosos
ou
dos
detentores
dos
ftulos
de
propriedade;
eis
algumas
manifestações
dessa
desumanização:
01 sujeição
de
Fabiano
ao
dono
da
fazenda
[que
o
leva,
inclusive,
a
ser
roubado];
02 abusos
de
autoridade
do
Soldado
Amarelo
contra
Fabiano;
03 falta
do
domínio
da
linguagem
por
parte
dos
personagens.
7. TEXTO
treinamento de questões abertas 03
Neste
bosque
alegre
e
rindo
Sou
amante
afortunado;
E
desejo
ser
mudado
No
mais
lindo
Beija-‐Flor.
Todo
o
corpo
num
instante
Se
atenua,
exala
e
perde:
É
já
de
oiro,
prata
e
verde
A
brilhante
e
nova
cor.
[...]
E
num
voo
feliz
ave
Chego
intrépido
até
onde
Riso
e
pérolas
esconde
O
suave
e
puro
Amor.
SILVA
ALVARENGA.
“Rondó
VII
–
O
Beija-‐Flor”.
In:
Glaura;
poemas
eróRcos.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
1996.
p.
53-‐4.
8. QUESTÃO 02
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
REDIJA
um
texto,
analisando
a
linguagem
figurada
uRlizada
nesses
versos
e
relacionando-‐a
com
o
subftulo
do
livro
–
poemas
eróRcos
9. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
as metáforas
o
poema
se
arRcula
por
meio
de
associações
que
representam
o
desejo
do
sujeito
poéRco:
sujeito poético transmuta-‐se
num
beija-‐flor
flor boca
da
mulher
amada
pérolas dentes
o
toque
do
pássaro
na
flor
representa
figuradamente
o
beijo,
imagem
relacionada
ao
eroRsmo
o subtítulo
os
poemas
eróRcos
são,
pois,
representações
alegóricas
do
amor
senRdo
pelo
eu
poéRco
11. TRECHO 01
treinamento de questões abertas 03
Eu
estava
uma
tarde
sentado
no
patamar
da
escada
exterior
da
casa,
quando
vejo
precipitar-‐se
para
mim
um
jovem
negro
desconhecido,
de
cerca
de
dezoito
anos,
o
qual
se
abraça
aos
meus
pés
suplicando-‐me
pelo
amor
de
Deus
que
o
fizesse
comprar
por
minha
madrinha
para
me
servir.
Ele
vinha
das
vizinhanças,
procurando
mudar
de
senhor,
porque,
o
dele,
dizia-‐me,
o
casRgava,
e
ele
Rnha
fugido
com
risco
de
vida...
Foi
este
o
traço
inesperado
que
me
descobriu
a
natureza
da
insRtuição
com
a
qual
eu
vivera
até
então
familiarmente,
sem
suspeitar
a
dor
que
ela
ocultava.
NABUCO,
Joaquim.
Minha
formação.
Porto
Alegre:
Paraula,
1995.
p.
153.
12. TRECHO 02
treinamento de questões abertas 03
Antes
de
sair
da
aldeia,
diante
da
minha
recusa
em
ser
baRzado,
Gersila
se
aproximou
de
mim,
entre
ofendida
e
irônica,
e
me
jogou
na
cara
que
eu
era
como
todos
os
brancos,
que
os
abandonaria,
nunca
mais
voltaria
à
aldeia,
nunca
mais
pensaria
neles.
Jurei
que
não.
Estava
apavorado
com
o
que
pudessem
fazer
comigo
(nada
além
de
me
cobrir
de
penas
e
me
dar
um
nome
e
uma
família
da
qual
nunca
mais
poderia
me
desvencilhar).
O
meu
medo
era
visível.
Fiz
um
papel
pífio.
E
eles
riram
da
minha
covardia.
Jurei
que
não
me
esqueceria
deles.
E
os
abandonei,
como
todos
os
brancos.
CARVALHO,
Bernardo.
Nove
noites.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
2002.
p.
109.
13. QUESTÃO 03
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
Com
base
na
leitura
desses
trechos,
REDIJA
um
texto,
apontando
conflitos
presentes
na
formação
da
cultura
brasileira.
14. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
trecho 01
violência
conRda
na
escravidão;
tomada
de
consciência,
por
parte
do
senhor,
da
dor
infligida
aos
negros
por
essa
escravatura;
trecho 02
posição
de
temor
e
de
culpa
do
branco
em
relação
aos
índios
e
a
seus
costumes;
violência
do
processo
de
colonização
ainda
em
curso
em
nossos
dias;
a violência de uma etnia sobre outra
no
fragmento
01,
o
africano
teme
a
violência
do
branco;
no
fragmento
02,
o
branco
tem
medo
das
populações
indígenas
contemporâneas;
os
dois
trechos
tratam
da
hegemonia
da
cultura
branca
sobre
as
demais;
essa
é
a
razão
da
origem
dos
conflitos
entre
negros
e
brancos
e
entre
brancos
e
índios.
16. TRECHO 01
treinamento de questões abertas 03
No
Realismo
exterior,
o
romance
e
o
conto
procuravam
a
ação
que
espelhasse
os
conflitos
ínRmos;
no
outro
Rpo
de
realismo
[o
interior],
o
desenrolar
dos
acontecimentos
pouco
interessa
ao
escritor,
atraído
que
está
pela
análise
do
drama
em
si
mesmo.
MOISÉS,
Massaud.
Machado
de
Assis:
ficção
e
utopia.
São
Paulo:
Cultrix,
2001.
p.27.
17. TRECHO 02
treinamento de questões abertas 03
Era
noite
entrada.
Rubião
vinha
por
ali
abaixo,
recordando
o
pobre
diabo
que
enterrara,
quando,
na
rua
de
S.
Cristóvão,
cruzou
com
outro
coupé,
que
levava
duas
ordenanças
atrás.
Era
um
ministro
que
ia
para
o
despacho
imperial.
Rubião
pôs
a
cabeça
de
fora,
recolheu-‐a
e
ficou
a
ouvir
os
cavalos
das
ordenanças,
tão
iguaizinhos,
tão
disRntos,
apesar
do
estrépito
dos
outros
animais.
Era
tal
a
tensão
do
espírito
do
nosso
amigo,
que
ainda
os
ouvia,
quando
já
a
distância
não
permiRa
audiência.
Catrapus...
catrapus...
catrapus...
MACHADO
DE
ASSIS,
J.
M.
Quincas
Borba.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2004.
p.159-‐60.
18. QUESTÃO 04
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
O
texto
transcrito
no
Trecho
2
é
um
bom
exemplo
do
“realismo
interior”
de
que
fala
o
críRco
Massaud
Moisés,
no
Trecho
1.
Com
base
na
leitura
feita,
REDIJA
um
texto,
jus%ficando
esta
afirmaRva.
19. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
o realismo interior
o
escritor
se
interessa
pela
interioridade
das
personagens
para
analisar
o
drama
em
si
mesmo
o evento
cruzamento
da
carruagem
em
que
vai
o
ministro
e
a
em
que
vai
Rubião
tal
fato
não
possui
grande
importância
no
plano
das
ações
[enredo]
justificativa
a
passagem
da
carruagem
desperta
a
personagem
para
a
pompa
e
a
fascinação
das
coisas
relacionadas
ao
poder;
tal
fascinação
acaba
por
corroborar
no
processo
que
levará
o
protagonista
à
loucura;
como
o
romance
trata
do
progressivo
enlouquecimento
de
Rubião,
neste
detalhe
pouco
significaRvo
aparece,
metaforicamente,
o
drama
em
si
mesmo.
21. DIÁLOGO
treinamento de questões abertas 03
[...]
Conversamos
dos
dois
extremos
da
noite,
como
de
praias
opostas.
Mas
com
uma
voz
que
não
se
importa...
E
um
mar
de
estrelas
se
balança
entre
o
meu
pensamento
e
o
teu.
Mas
um
mar
sem
viagens.
MEIRELES,
Cecília.
Viagem.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
2006.
p.47.
22. QUESTÃO 05
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
Com
base
na
leitura
feita,
REDIJA
um
texto,
relacionando
os
versos
transcritos
com
o
ftulo
do
poema.
23. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
o título
sugere
conversa,
interlocução
o poema
por
intermédio
da
linguagem
figurada,
os
versos
sugerem
o
isolamento
do
eu
lírico:
[dois
extremos,
praias
opostas]
tais
metáforas
sugerem
incomunicabilidade;
decompondo a análise
os
interlocutores
encontram-‐se
afastados
um
do
outro;
a
distância
que
os
separa
é
tão
grande
que
eles
se
falam
nos
dois
extremos
da
noite,
como
de
praias
opostas;
o
mar
que
os
separa
é
intransponível
[por
isso
denominado
de
mar
sem
viagens];
como
na
relação
entre
o
ftulo
e
o
texto
o
diálogo
se
configura
como
impossível,
pode-‐se
afirmar
que
a
relação
entre
os
dois
é
paradoxal.
25. PAPO DE ÍNDIO
treinamento de questões abertas 03
Veio
uns
ômi
di
saia
preta
cheiu
di
caixinha
e
pó
branco
qui
eles
disserum
qui
chamava
açucri
Aí
êles
falaram
e
nós
fechamu
a
cara
depois
êles
arrepiRrum
e
nós
fechamu
o
corpo
Aí
eles
insisRram
e
nós
comemu
eles.
CHACAL.
In:
HOLLANDA,
Heloisa
Buarque
de
(Org.).
26
poetas
hoje.
6.
ed.
Rio
de
Janeiro:
Aeroplano
Editora,
2007.
p.
219.
26. QUESTÃO 06
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
REDIJA
um
texto,
indicando
três
caracterísRcas
desse
poema
que
permitem
reconhecê-‐
lo
como
conRnuidade
da
poéRca
modernista,
parRcularmente
da
poesia
pau-‐brasil
de
Oswald
de
Andrade.
27. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
o poema
é
um
exemplo
relevante
da
chamada
poesia
marginal
dos
anos
1970
poesia marginal
circulava
à
margem
do
circuito
das
grande
editoras,
em
cópias
mimeografadas
diretrizes
gerais:
informalidade,
coloquialismo,
humor
e
brevidade
um paralelo com a “poesia pau-brasil”
retomada
da
temáRca
da
colonização
[revisão
críRca
do
antepassado
histórico-‐cultural];
volta
da
temáRca
indianista
[por
uma
perspecRva
sarcásRca,
críRca];
informalidade,
ironia,
comicidade
[no
que
se
aproxima
dos
chamados
poema
piada];
defesa
de
uma
língua
brasileira
[contribuição
milionária
de
todos
os
erros];
uso
do
verso
livre.
29. TEXTO
treinamento de questões abertas 03
–
Vá
para
o
inferno,
Gondim.
Você
acanalhou
o
troço.
Está
pernósRco,
está
safado,
está
idiota.
Há
lá
ninguém
que
fale
dessa
forma!
Azevedo
Gondim
apagou
o
sorriso,
engoliu
em
seco,
apanhou
os
cacos
da
sua
pequenina
vaidade
e
replicou
amuado
que
um
arRsta
não
pode
escrever
como
fala.
–
Não
pode?
perguntei
com
assombro.
E
por
quê?
Azevedo
Gondim
respondeu
que
não
pode
porque
não
pode.
–
Foi
assim
que
sempre
se
fez.
A
literatura
é
a
literatura,
seu
Paulo.
A
gente
discute,
briga,
trata
de
negócios
naturalmente,
mas
arranjar
palavras
com
Rnta
é
outra
coisa.
Se
eu
fosse
escrever
como
falo,
ninguém
me
lia.
RAMOS,
Graciliano.
São
Bernardo.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2007.
p.
9.
30. QUESTÃO 07
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
A
parRr
da
leitura
desse
trecho,
REDIJA
um
texto,
relacionando
as
ideias
de
Paulo
Honório
sobre
literatura
com
a
concepção
de
linguagem
literária
do
Modernismo
de
1922.
31. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
a segunda geração do modernismo
o
romance
de
1930,
em
geral,
abdica
das
conquistas
linguísRcas
da
1ª
geração
do
modernismo
e
se
arRcula,
de
modo
geral,
por
intermédio
de
uma
linguagem
formal,
tradicional,
culta;
nesse
momento,
a
expressão
fica
em
segundo
plano,
se
comparada
à
temáRca;
a linguagem de Graciliano Ramos
o
embate
empreendido
pelas
personagens
Paulo
Honório
e
Azevedo
Gondim
representa
o
confronto
entre
uma
visão
tradicional,
passadista
e
formalista
de
linguagem
[Azevedo
Gondim]
e
uma
visão
moderna
[no
senRdo
de
que
não
só
defende,
mas
também
uRliza]
os
preceitos
preconizados
pela
primeira
geração
do
modernismo,
a
saber:
a)
aproximação
da
linguagem
literária
da
língua
falada
no
coRdiano;
b)
a
críRca
a
modelos
retóricos,
formalistas
e
passadistas;
c)
defesa
de
uma
língua
simples
e
de
fácil
compreensão.
33. CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA MORTE
treinamento de questões abertas 03
O
vento
varria
as
folhas,
O
vento
varria
os
sonhos
O
vento
varria
os
frutos,
E
varria
as
amizades...
O
vento
varria
as
flores...
O
vento
varria
as
mulheres...
E
a
minha
vida
ficava
E
a
minha
vida
ficava
Cada
vez
mais
cheia
Cada
vez
mais
cheia
De
frutos,
de
flores,
de
folhas.
De
afetos
e
de
mulheres.
O
vento
varria
as
luzes
O
vento
varria
os
meses
O
vento
varria
as
músicas,
E
varria
os
teus
sorrisos...
O
vento
varria
os
aromas...
O
vento
varria
tudo!
E
a
minha
vida
ficava
E
a
minha
vida
ficava
Cada
vez
mais
cheia
Cada
vez
mais
cheia
De
aromas,
de
estrelas,
de
cânRcos.
De
tudo.
BANDEIRA,
Manuel.
Meus
poemas
preferidos.
Rio
de
Janeiro:
Ediouro,
2005.
p.
76-‐77.
34. QUESTÃO 08
treinamento de questões abertas 03
[UFMG]
A
parRr
dessa
leitura,
REDIJA
um
texto,
explicando
a
oposição
que,
ao
longo
do
poema,
se
estabelece
entre
os
três
primeiros
e
os
três
úlRmos
versos
de
cada
estrofe.
35. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
a estrutura do poema
o
poema
se
estrutura
por
meio
de
uma
oposição
semänRca
que
se
manifesta
principalmente
por
intermédio
das
palavras
varria
e
ficava
cheia,
que
sugerem,
respecRvamente,
as
perdas
sofridas
pelo
sujeito
poéRco
e
aquilo
que
ele
foi
acumulando;
note-‐se
que
a
referida
oposição
semânRca
também
aparece
sugerida
pela
estrutura
do
poema,
que
sugere,
na
forma,
aquilo
que
se
apresenta
no
plano
do
conteúdo.
lendo as metáforas
sabidamente,
o
vento
é
uma
metáfora
que
se
refere
à
passagem
das
coisas,
da
vida;
no
poema
funciona
como
uma
supermetáfora
que
pode
remeter
o
leitor
tanto
à
passagem
do
tempo
quanto
à
perdas
sofridas
pelo
locutor;
desse
modo,
se
nos
três
primeiros
versos
são
enumerados
os
elementos
perdidos,
nos
três
úlRmos,
tais
elementos
são
transformados
em
ganho,
na
medida
em
que,
por
intermédio
da
escrita
é
possível
reter
o
que
se
foi
para
sempre.
37. TRECHO 01
treinamento de questões abertas 03
Tive
forças
para
sacrificar-‐lhes
outrora
o
meu
corpo
virgem;
hoje
depois
de
cinco
anos
de
infâmia,
sinto
que
não
teria
a
coragem
de
profanar
a
casRdade
de
minha
alma.
Não
sei
o
que
sou,
sei
que
começo
a
viver,
que
ressuscitei
agora,
disse
Lúcia
após
senRr
a
afeição
de
Paulo.
ALENCAR,
José
de.
Lucíola.
São
Paulo:
ÁRca,
2005.
38. TRECHO 02
treinamento de questões abertas 03
Mas
eu
creio
que
não,
e
tu
concordarás
comigo;
se
te
lembras
bem
da
Capitu
menina,
hás
de
reconhecer
que
uma
estava
dentro
da
outra,
como
a
fruta
dentro
da
casca.
MACHADO
DE
ASSIS,
J.
M.
Dom
Casmurro.
São
Paulo:
ÁRca,
2007.
39. QUESTÃO 09
treinamento de questões abertas 03
Tomando
por
base
a
leitura
dos
trechos
acima,
redija
um
breve
texto
explicando
o
papel
da
mulher
nos
dois
romances
em
questão
e
como
elas
se
relacionam
com
o
universo
masculino.
40. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
a mulher no romantismo
o
primeiro
fragmento,
extraído
de
um
romance
românRco,
apresenta
uma
mulher
idealizada;
Lúcia,
ex-‐prosRtuta
é
redimida
pelo
amor
de
Paulo;
Alencar,
em
seus
romances
urbanos,
constrói
um
modelo
comportamental
para
a
mulher:
ela
deve
se
submeter
a
um
homem,
manter-‐se
pura,
fiel
e
pautar
sua
existência
pela
virtude,
pelo
comedimento
e
pela
doação
ao
marido
e
aos
filhos.
a mulher no realismo
no
segundo
fragmento,
apesar
de
tautológica
a
frase,
o
conhecimento
das
ações
pregressas
da
protagonista
permite
afirmar
que,
no
realismo,
a
mulher
é
dotada
de
vontade
própria
e
pauta
seu
comportamento
tanto
pelos
insRntos
quanto
pelas
convenções
sociais
e
tem
por
objeRvo
principal
a
ascensão
social;
para
conseguir
seu
intento,
pode
até
mesmo
romper
com
os
modelos
comportamentais
que
a
sociedade
idealizou
para
a
mulher;
em
linhas
gerais,
pode-‐se
delinear
o
seguinte
perfil:
é
forte,
decidida,
tem
vida
interior
densa;
é
segura
do
que
quer;
não
é
manipulada.
42. PENSÃOZINHA BURGUESA
treinamento de questões abertas 03
Jardim
da
pensãozinha
burguesa.
Gatos
espapaçados
ao
sol.
A
Rririca
siRa
os
canteiros
chatos.
[...]
Um
gaRnho
faz
pipi.
Com
gestos
de
garçom
de
restaurant-‐Palace
Encobre
cuidadosamente
a
mijadinha.
Sai
vibrando
com
elegância
a
paRnha
direita:
–
É
a
única
criatura
fina
na
pensãozinha
burguesa.
BANDEIRA,
Manuel.
LiberHnagem.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
1999.
43. QUESTÃO 10
treinamento de questões abertas 03
A
parRr
da
leitura
do
poema
“Pensão
familiar”,
de
Manuel
Bandeira,
pede-‐se:
a)
Relacione
o
uso
depreciaRvo
de
grau
diminuRvo,
neste
poema,
a
uma
caracterísRca
do
Modernismo
brasileiro
em
sua
fase
heroica.
b)
Levando
em
conta
tal
análise,
comente
o
efeito
linguísRco
e
o
efeito
semânRco
presentes
no
úlRmo
verso.
44. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
respondendo o item “a”
no
poema
“Pensãozinha
burguesa”,
o
diminuRvo
foi
usado
com
dois
valores,
a
saber:
1)
valor
afeRvo
[gaHnho,
mijadinha
e
paHnha]:
empaRa
do
locutor
com
as
ações
do
animal;
2)
valor
irônico
[pensãozinha]:
depreciação
do
ambiente
burguês;
a
intencionalidade
irônica
é
a
de
criRcar
o
comportamento
não
refinado
do
burguês.
respondendo o item “b”
no
úlRmo
verso,
nota-‐se
a
presença
da
personificação
da
personagem
gato;
por
intermédio
desse
recurso,
dota-‐se
o
animal
de
comportamento
análogo
ao
humano,
com
o
intuito
de
reforçar
a
críRca
já
delineada
no
ftulo
e
desenvolvida
ao
longo
do
poema.
46. TEXTO
treinamento de questões abertas 03
Era
às
seis
da
tarde,
defronte
do
mar.
Já
o
sol
morrera
e
os
espaços
eram
pálidos
e
azuis.
As
linhas
da
cidade
se
adoçavam
na
claridade
de
opala
da
tarde
maravilhosa.
Ao
longe,
a
bruma
envolvia
as
fortalezas,
escalava
os
céus,
cortava
o
horizonte
numa
longa
barra
cor
de
malva
e,
emergindo
dessa
agonia
de
cores,
mais
negros
ou
mais
vagos,
os
montes,
o
Pão
de
Açúcar,
S.
Bento,
o
Castelo
apareciam
num
tranquilo
esplendor.
Nós
estávamos
em
Santa
Luzia,
defronte
da
Misericórdia,
onde
fnhamos
ido
ver
um
pobre
rapaz
eterômano,
encontrado
à
noite
com
o
crânio
parRdo
numa
rua
qualquer.
RIO,
João
do.
A
alma
encantadora
das
ruas.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras.
47. QUESTÃO 11
treinamento de questões abertas 03
Redija
um
breve
texto,
analisando
a
linguagem
usada
por
João
do
Rio
para
construir
a
cena
descrita
acima.
48. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 03
a cena
descrição
subjeRva
de
uma
cena
de
pôr-‐do-‐sol
cromatismo
exploração
de
cenas
em
que
se
misturam
cores
espaços
pálidos
e
azuis,
barra
cor
de
malva
caráter impressionista/simbolista
mistura
de
cores
imagens
vagas,
evanescentes,
esfumaçadas
caráter onírico
imagens
imprecisas
caráter
evanescente
e
ambiente
noturno