O documento apresenta dois trechos literários que descrevem personagens se relacionando com o meio natural de formas distintas. No trecho de O Cortiço, há uma fusão entre os elementos naturais e as reações humanas, enquanto em Vidas Secas a personagem se vê como um animal em comparação à natureza hostil.
3. treinamento de questões abertas 10
De
manhã,
escureço
De
dia,
tardo
De
tarde
anoiteço
De
noite
ardo
A
oeste
a
morte
Contra
quem
vivo
Do
sul
ca<vo
O
este
é
meu
norte
Outros
que
contem
Passo
por
passo
Eu
morro
ontem
Nasço
amanhã
Ando
onde
há
espaço
–
Meu
tempo
é
quando.
MORAES,
Vinícius
de.
Antologia
poé,ca.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
2009.
p.272.
4. treinamento de questões abertas 10
a)
A
poesia
é
um
lugar
privilegiado
para
constatarmos
que
a
língua
é
muito
mais
produ<va
do
que
preveem
as
normas
grama<cais.
Isso
é
par<cularmente
visível
no
modo
como
o
poema
explora
os
marcadores
temporais
e
espaciais.
Comente
dois
exemplos
presentes
no
poema
que
confirmem
essa
afirmação.
b)
As
duas
úl<mas
estrofes
apresentam
uma
oposição
entre
o
eu
lírico
e
os
outros.
Explique
o
sen<do
dessa
oposição.
5. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
associações
de
caráter
paradoxal
[de
manhã,
escureço;
de
dia,
tardo;
nasço
amanhã]
ligações
metafóricas
[a
oeste
a
morte]
letra “b”
o
outro
é
associado
à
previsibilidade
[outros
que
contem/
passo
por
passo],
à
lógica
e
ao
comum;
na
experiência
do
eu
lírico,
o
futuro
pode
se
reduzir
ao
passado
[eu
morro
ontem]
o
locutor
não
conhece
limites
temporais
e
espaciais
[meu
tempo
é
quando]
6. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2011)
Leia
os
seguintes
trechos
de
O
cor,ço
e
Vidas
secas:
7. treinamento de questões abertas 10
O
rumor
crescia,
condensando-‐se;
o
zunzum
de
todos
os
dias
acentuava-‐se;
já
se
não
destacavam
vozes
dispersas,
mas
um
só
ruído
compacto
que
enchia
todo
o
cor<ço.
(...).
Sen<a-‐
se
naquela
fermentação
sanguínea,
naquela
gula
viçosa
de
plantas
rasteiras
que
mergulhavam
os
pés
vigorosos
na
lama
preta
e
nutriente
da
vida,
o
prazer
animal
de
exis<r,
a
triunfante
sa<sfação
de
respirar
sobre
a
terra.
Aluísio
Azevedo,
“O
cor<ço”.
Ficção
completa.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Aguillar,
2005,
p.
462.
8. treinamento de questões abertas 10
Fabiano
ia
sa<sfeito.
Sim
senhor,
arrumara-‐se.
Chegara
naquele
estado,
com
a
família
morrendo
de
fome,
comendo
raízes.
Caíra
no
fim
do
pá<o,
debaixo
de
um
juazeiro,
depois
tomara
conta
da
casa
deserta.
Ele,
a
mulher
e
os
filhos
<nham-‐se
habituado
à
camarinha
escura,
pareciam
ratos
–
e
a
lembrança
dos
sofrimentos
passados
esmorecera.
(...)
–
Fabiano,
você
é
um
homem,
exclamou
em
voz
alta.
Conteve-‐se,
notou
que
os
meninos
estavam
perto,
com
certeza
iam
admirar-‐se
ouvindo-‐o
falar
só.
E,
pensando
bem,
ele
não
era
homem:
era
apenas
um
cabra
ocupado
em
guardar
coisas
dos
outros.
Vermelho,
queimado,
<nha
os
olhos
azuis,
a
barba
e
os
cabelos
ruivos;
mas
como
vivia
em
terra
alheia,
cuidava
de
animais
alheios,
descobria-‐se,
encolhia-‐se
na
presença
dos
brancos
e
julgava-‐se
cabra.
Olhou
em
torno,
com
receio
de
que,
fora
os
meninos,
alguém
<vesse
percebido
a
frase
imprudente.
Corrigiu-‐a,
murmurando:
–
Você
é
um
bicho,
Fabiano.
Isto
para
ele
era
mo<vo
de
orgulho.
Sim
senhor,
um
bicho,
capaz
de
vencer
dificuldades.
Chegara
naquela
situação
medonha
–
e
ali
estava,
forte,
até
gordo,
fumando
seu
cigarro
de
palha.
–
Um
bicho,
Fabiano.
(...)
Agora
Fabiano
era
vaqueiro,
e
ninguém
o
<raria
dali.
Aparecera
como
um
bicho,
entocara-‐se
como
um
bicho,
mas
criara
raízes,
estava
plantado.
Graciliano
Ramos,
Vidas
secas.
Rio
de
Janeiro:
Editora
Record,
2007,
p.18-‐19.
9. treinamento de questões abertas 10
a)
Ambos
os
trechos
são
narrados
em
terceira
pessoa.
Apesar
disso,
há
uma
diferença
de
pontos
de
vista
na
aproximação
das
personagens
com
o
mundo
animal
e
vegetal.
Que
diferença
é
essa?
b)
Explique
como
essa
diferença
se
associa
à
visão
de
mundo
expressa
em
cada
romance.
10. treinamento de questões abertas 10
letra “a” [O cortiço]
narrador
aproxima
os
elementos
básicos
da
natureza
às
reações
dos
seres
vivos
mais
complexos:
na
"fermentação
sanguínea"
e
na
"gula
viçosa"
das
plantas,
sen<am-‐se
"o
prazer
animal
de
exis<r"
e
"a
triunfante
sa<sfação
de
respirar";
fusão
entre
meio
osico
e
cons<tuição
biológica
e
moral
letra “a” [Vidas secas]
o
locutor
se
funde
à
perspec<va
da
personagem
[discurso
indireto
livre];
Fabiano
é
comparado
a
um
“bicho”
reforça-‐se
sua
incongruência
com
o
meio
natural/social;
Fabiano
é
branco
e
ruivo,
mas
sua
posição
social
o
aproxima
de
um
cabra;
há
uma
descon<nuidade
entre
o
homem
e
o
ambiente
11. treinamento de questões abertas 10
letra “b” [O cortiço]
visão
degradada
do
homem
seus
ins<ntos
e
ape<tes
são
invariavelmente
associados
a
formas
baixas
da
natureza
letra “b” [Vidas secas]
rebaixamento
da
personagem
sua
assimilação
ao
mundo
animal,
não
é
inerente
à
humanidade,
mas
é
produto
de
uma
sociedade
degradante
e
da
injus<ça
produzida
por
ela
12. treinamento de questões abertas 10
Leia
os
seguintes
trechos
de
Memórias
de
um
sargento
de
milícias
e
Vidas
secas,
que
descrevem
o
estado
de
ânimo
das
personagens
ao
final
de
uma
festa:
13. treinamento de questões abertas 10
Acabado
o
fogo,
tudo
se
pôs
em
andamento,
levantaram-‐se
as
esteiras,
espalhou-‐se
o
povo.
D.
Maria
e
sua
gente
puseram-‐se
também
em
marcha
para
casa,
guardando
a
mesma
disposição
com
que
<nham
vindo.
Desta
vez
porém
Luisinha
e
Leonardo,
não
é
dizer
que
vieram
de
braço,
como
este
úl<mo
<nha
querido
quando
foram
para
o
Campo,
foram
mais
adiante
do
que
isso,
vieram
de
mãos
dadas
muito
familiar
e
ingenuamente.
Este
ingenuamente
não
sabemos
se
se
poderá
com
razão
aplicar
ao
Leonardo.
Conversaram
por
todo
o
caminho
como
se
fossem
dois
conhecidos
muito
an<gos,
dois
irmãos
de
infância,
e
tão
distraídos
iam
que
passaram
à
porta
da
casa
sem
parar,
e
já
estavam
muito
adiante
quando
os
sios
de
D.
Maria
os
fizeram
voltar.
A
despedida
foi
alegre
para
todos
e
trisrssima
para
os
dois.
Manuel
Antonio
de
Almeida,
Memória
de
um
sargento
de
milícias.
São
Paulo:
Á<ca,
2004
“O
fogo
no
Campo”,
p.
71.
14. treinamento de questões abertas 10
Baleia
cochilava,
de
quando
em
quando
balançava
a
cabeça
e
franzia
o
focinho.
A
cidade
se
enchera
de
suores
que
a
desconcertavam.
Sinha
Vitória
enxergava,
através
das
barracas,
a
cama
de
seu
Tomás
da
bolandeira,
uma
cama
de
verdade.
Fabiano
roncava
de
papo
para
cima,
as
abas
do
chapéu
cobrindo-‐lhe
os
olhos,
o
quengo
sobre
as
bo<nas
de
vaqueta.
Sonhava,
agoniado,
e
Baleia
percebia
nele
um
cheiro
que
o
tornava
irreconhecível.
Fabiano
se
agitava,
soprando.
Muitos
soldados
amarelos
<nham
aparecido,
pisavam-‐lhe
os
pés
com
enormes
reiúnas
e
ameaçavam-‐no
com
facões
terríveis.
Graciliano
Ramos,
Vidas
secas.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2007,
p.
82-‐83.
15. treinamento de questões abertas 10
a)
Explique
as
diferenças
do
estado
de
ânimo
das
personagens
ao
final
dos
dois
episódios.
b)
A
par<r
dessa
diferença,
explique
o
significado
que
as
duas
festas
têm
em
cada
um
dos
romances.
16. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
trecho
01:
aproximação
afe<va
Leonardo-‐Luisinha;
enlevo
sen<mental;
tristeza
da
despedida;
trecho
02:
desconforto/desadaptação:
Baleia
[deslocada];
Fabiano
[sonho
mau]:
S.
V.
[fuga/sonho]
letra “b”
A
festa
retratada
no
primeiro
fragmento
tem
duas
finalidades,
a
primeira
é
a
aproximação
do
par
Leonardo-‐Luisinha
e
a
segunda
é
a
descrição
de
uma
festa
popular
carioca
do
início
do
século
XIX;
estes
dois
traços
confirmam
que
o
romance
em
questão
é
urbano
ou
de
costumes.
O
trecho
citado
de
Vidas
secas
visa
a
demonstrar
a
inadaptação
social
da
família
de
Fabiano
numa
comunidade
do
Nordeste
que
se
reunia
para
comemorar
o
Natal;
o
protagonista
e
sua
família
demonstram
grande
mal-‐estar
e
alheamento
em
relação
ao
meio
social,
18. Cristina Alves
Deu
pra
engordar.
NEVES,
Manoel.
Gêneros
literários
de
pequena
extensão
e
a
internet.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
19. Beto Villa
–
Diz
que
me
ama.
–
Aí
é
mais
caro.
NEVES,
Manoel.
Gêneros
literários
de
pequena
extensão
e
a
internet.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
20. Carlos Herculano Lopes
Vou.
Mas
levo
as
crianças.
NEVES,
Manoel.
Gêneros
literários
de
pequena
extensão
e
a
internet.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
21. treinamento de questões abertas 10
A
par<r
da
leitura
dos
textos
acima,
redija
um
breve
texto,
explicando
como
se
configura
tema
e
formalmente
o
nanoconto.
22. treinamento de questões abertas 10
o conto tradicional
narra;
apresenta
todos
os
elementos
da
narra<va;
história
contada
com
início,
meio
e
fim;
é
o
narrador
quem
controla
o
processo
de
produção
de
sen<do
o nanoconto
o
assunto
é
apenas
sugerido;
dá-‐se
mais
ênfase
ao
enredo;
o
leitor
preenche
as
elipses
[narra<vas];
brevidade
traduzida
pelo
uso
de
poucos
caracteres;
o
leitor
contribui
no
processo
de
produção
de
sen<do.
23. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2008)
O
poema
a
seguir
pertence
ao
livro
A
rosa
do
povo
(1945):
24. treinamento de questões abertas 10
Irmãos,
cantai
esse
mundo
que
não
verei,
mas
virá
um
dia,
dentro
em
mil
anos,
talvez
mais…
não
tenho
pressa.
Um
mundo
enfim
ordenado,
uma
pátria
sem
fronteiras,
sem
leis
e
regulamentos,
uma
terra
sem
bandeiras,
sem
igrejas
nem
quartéis,
sem
dor,
sem
febre,
sem
ouro,
um
jeito
só
de
viver,
mas
nesse
jeito
a
variedade,
a
mul<plicidade
toda
que
há
dentro
de
cada
um.
Uma
cidade
sem
portas,
de
casas
sem
armadilha,
um
país
de
riso
e
glória
como
nunca
houve
nenhum.
Este
país
não
é
meu
nem
vosso
ainda,
poetas.
Mas
ele
será
um
dia.
O
país
de
todo
homem.
Carlos
Drummond
de
Andrade,
A
rosa
do
povo,
em
Poesia
e
prosa.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Aguilar,
1992,
p.158-‐159.
25. treinamento de questões abertas 10
a)
A
quem
se
dirige
o
eu
lírico
e
com
que
finalidade?
b)
A
que
“cidade”
se
refere
o
rtulo
do
poema
e
como
ela
é
representada?
26. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
o
locutor
dirige-‐se
aos
poetas,
considerando-‐os
como
irmãos;
seu
chamado
visa
a
fazer
com
que
os
poetas
se
iden<fiquem
com
a
causa
ou
abracem
o
ideal
por
ele
defendido
e
se
unam
no
sonho
de
uma
sociedade
futura
representada
pela
cidade
do
amanhã
um
projeto
utópico
que
ele
não
verá,
mas
que
certamente
se
tornará
realidade.
letra “b”
a
cidade
corresponde
à
utopia
de
um
novo
mundo
social;
trata-‐se
de
uma
cidade
ideal,
sem
lugar
específico,
que
não
existe
senão
como
sonho;
ela
representa
um
mundo
mais
justo,
sem
leis
opressoras;
uma
nova
ordem
social,
igualitária
e
que
respeite
as
par<cularidades
dos
indivíduos,
com
suas
crenças,
valores
e
idiossincrasias.
27. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2007)
O
soneto
abaixo,
de
Machado
de
Assis,
in<tula-‐se
“Suave
mari
magno”,
expressão
usada
pelo
poeta
la<no
Lucrécio,
que
passou
a
ser
empregada
para
definir
o
prazer
experimentado
por
alguém
quando
se
percebe
livre
dos
perigos
a
que
outros
estão
expostos:
28. treinamento de questões abertas 10
Lembra-‐me
que,
em
certo
dia,
Na
rua,
ao
sol
de
verão,
Envenenado
morria
Um
pobre
cão.
Arfava,
espumava
e
ria,
De
um
riso
espúrio
e
bufão,
Ventre
e
pernas
sacudia
Na
convulsão.
Nenhum,
nenhum
curioso
Passava,
sem
se
deter,
Silencioso,
Junto
ao
cão
que
ia
morrer,
Como
se
lhe
desse
gozo
Ver
padecer.
ASISS,
Machado
de.
Suave
mari
magno.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
29. treinamento de questões abertas 10
a)
Que
paradoxo
o
poema
aponta
nas
reações
do
cão
envenenado?
b)
Por
que
se
pode
afirmar
que
os
passantes,
diante
dele,
também
agem
de
forma
paradoxal?
c)
Em
vista
dessas
reações
paradoxais,
jus<fique
o
rtulo
do
poema.
30. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Ao
mesmo
tempo
em
que
‘arfava’,
‘espumava’
e
‘sacudia
o
ventre
e
as
pernas’
–
reações
esperadas
o
caso
de
um
animal
em
convulsão
causada
pelo
veneno
–,
o
cão,
surpreendentemente,
‘ria’
‘um
riso
espúrio
e
bufão’.
letra “b”
Pode-‐se
afirmar
que
os
passantes
também
agem
de
forma
paradoxal
porque
seria
de
se
esperar
es
algum
compadecimento
diante
do
sofrimento
do
animal.
No
entanto,
o
que
se
nota
é
que
‘todo
passante’
de<nha-‐se,
em
silêncio,
como
quem
experimenta
um
prazer
ou
gozo
ao
observar
o
padecimento
do
animal
que
ia
morrer.
31. treinamento de questões abertas 10
letra “c”
O
rtulo
do
poema
indica
o
sen<mento
de
prazer
dos
passantes
que
se
comportam
como
se
es<vessem
imunes
ao
sofrimento
de
que
padece
o
cão,
muito
embora
ninguém
esteja
livre
da
dor
e
da
morte.
Por
isso,
o
riso
espúrio
e
bufão
do
animal
agonizante
parece
assinalar
a
ironia
diante
dessa
pretensa
isenção
por
parte
daqueles
que
o
observam
com
perversa
curiosidade.
32. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2004)
Considere
o
seguinte
poema
de
Hilda
Hilst:
33. treinamento de questões abertas 10
Passará
Tem
passado
Passa
com
a
sua
fina
faca.
Tem
nome
de
ninguém.
Não
faz
ruído.
Não
fala.
Mas
passa
com
a
sua
fina
faca.
Fecha
feridas,
é
unguento.
Mas
pode
abrir
a
tua
mágoa
Com
a
sua
fina
faca.
Estanca
ventura
e
voz
Silêncio
e
desventura.
Imóvel
Garrote
Algoz
No
corpo
da
tua
água
passará
Tem
passado
Passa
com
a
sua
fina
faca.
(Hilda
Hilst,
Da
morte.
Odes
mínimas.
São
Paulo:
Globo,
2003,
p.
72).
34. treinamento de questões abertas 10
a)
Tendo
em
vista
que
esse
poema
faz
parte
de
uma
série
in<tulada
“Tempo-‐morte”,
indique
de
que
maneira
a
primeira
estrofe
exprime
certo
sen<do
de
absoluto
associado
ao
rtulo.
b)
Nesse
poema
há
pronomes
de
segunda
e
terceira
pessoas.
Transcreva
uma
estrofe
em
que
constem
ambas
as
pessoas
pronominais
e
diga
a
que
se
referem.
35. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Na
primeira
estrofe,
o
locutor
associa
a
morte
a
todos
os
tempos
possíveis:
passado
[tem
passado,
indica
o
que
a
morte
fez
até
antes
de
ser
emi<do
o
discurso],
presente
[passa,
presente
do
ind.],
e
futuro
[passará;
aqui
se
percebe
que,
para
o
locutor,
a
ação
indicada
certamente
ocorrerá
num
momento
posterior
ao
do
da
emissão
do
discurso].
letra “b”
"Fecha
feridas,
é
ungüento./
Mas
pode
abrir
a
tua
mágoa/
Com
sua
fina
faca”.
O
pronome
de
2ª.
pessoa
[tua]
se
refere
ao
interlocutor;
já
o
de
3ª.
[sua]
se
refere
ao
assunto
do
poema,
a
morte.
37. treinamento de questões abertas 10
Meus
versos,
desejo-‐vos
na
rua,
nas
padiolas,
pelo
chão,
encardidos
como
quem
ganha
com
eles
a
vida,
e
o
papel
vá
escurecendo
ao
sol,
a
chuva
o
manche,
a
capa
ganja
dedadas,
a
companhia
aderente
de
um
insecto,
as
palavras
se
humildem
mais
e
chegue
a
sua
vez
de
comoverem
alguém
que
compre,
um
faminto
ajudando.
38. treinamento de questões abertas 10
Meus
versos,
desejo-‐vos
nas
bibliotecas
i<nerantes,
gostaríeis
de
viajar
por
aldeias,
praias,
escolas
primárias,
despertar
o
rápido
olhar
das
crianças,
estar
nas
suas
mãos
completamente
indefeso
e,
sobretudo,
que
não
vos
compreendam.
Oxalá
escrevam,
risquem,
a<rem
no
recreio
umas
às
outras
como
bolas
os
livros
e
sonhem,
se
possível,
com
algum
verso
que
súbito
se
esgueire
pela
sua
alma.
39. treinamento de questões abertas 10
a)
A
quem
o
eu
lírico
se
dirige
no
início
de
cada
estrofe?
b)
No
início
da
segunda
estrofe,
que
reações
contraditórias
ele
espera
das
crianças?
c)
Ao
final
da
segunda
estrofe,
que
desejo
ele
manifesta
a
respeito
do
futuro
da
poesia?
40. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
O
uso
da
segunda
pessoa
do
plural
(desejo-‐vos)
indica
que
o
eu
lírico
dirige-‐se
inicialmente
aos
seus
próprios
versos
por
meio
do
voca<vo.
letra “b”
A
par<r
do
início
da
segunda
estrofe,
o
eu
lírico
manifesta
desejo
de
que
as
crianças
sejam
leitores
de
seus
versos
que
tenham
curiosidade
por
eles
e,
contraditoriamente,
que
tais
versos
não
sejam
por
elas
compreendidos.
41. treinamento de questões abertas 10
letra “c”
O
desejo
expresso
no
poema
revela
uma
vontade
de
que
os
versos
se
tornem
parte
da
vida,
que
sejam
fonte
de
emoção
e
sensibilidade
para
as
crianças
que
deles
façam
uso
como
objetos
lúdicos
e,
um
dia,
sintam-‐se
tocadas
pela
emoção
da
poesia
(“...
e
sonhem,
se
possível,
com
algum
verso
/
que
súbito
se
esgueire
pela
sua
alma.”).
O
eu
lírico
espera
que
o
estranhamento,
a
incompreensão
e
mesmo
a
a<tude
lúdica
sejam
esrmulos
para
futuras
leituras
e
criações
poé<cas.
43. treinamento de questões abertas 10
Traça
a
reta
e
a
curva,
a
quebrada
e
a
sinuosa
Tudo
é
preciso.
De
tudo
viverás.
Cuida
com
exa<dão
da
perpendicular
e
das
paralelas
perfeitas.
Com
apurado
rigor.
Sem
esquadro,
sem
nível,
sem
fio
de
prumo,
Traçarás
perspec<vas,
projetarás
estruturas.
Número,
ritmo,
distância,
dimensão.
Tens
os
teus
olhos,
o
teu
pulso,
a
tua
memória.
Construirás
os
labirintos
impermanentes
que
sucessivamente
habitarás.
Todos
os
dias
estás
refazendo
o
teu
desenho.
Não
te
fa<gues
logo.
Tens
trabalho
para
toda
a
vida.
E
nem
para
o
teu
sepulcro
terás
a
medida
certa.
Somos
sempre
um
pouco
menos
do
que
pensávamos.
Raramente,
um
pouco
mais.
MEIRELES,
Cecília.
Desenho.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
44. treinamento de questões abertas 10
a)
Tanto
o
rtulo
quanto
as
imagens
do
poema
remetem
a
um
domínio
do
conhecimento
humano.
Que
domínio
é
esse?
b)
Em
que
sen<do
são
empregadas
tais
imagens
no
poema?
45. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Tanto
o
rtulo
quanto
as
imagens
do
poema
remetem
à
geometria
e
ao
desenho
geométrico
(matemá<ca),
muito
aplicados
aos
projetos
de
arquitetura
e
engenharia.
letra “b”
Tais
imagens
associadas
ao
desenho
remetem
à
concepção
da
vida
como
projeto
construído,
racionalmente
planejado.
O
poema
sugere
que
o
homem
age
ilusoriamente
como
se
<vesse
domínio,
controle
sobre
sua
vida.
46. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2011)
Pensando
nos
pares
amorosos,
já
se
afirmou
que
“há
n’O
cor,ço
um
pouco
de
Iracema
coada
pelo
Naturalismo.”
Antonio
Candido,
“De
cor<ço
a
cor<ço”,
em
O
discurso
e
a
cidade.
São
Paulo:
Duas
Cidades,
1993,
p.142.
Par<ndo
desse
comentário,
leia
o
trecho
a
seguir
e
responda
às
questões.
47. treinamento de questões abertas 10
O
chorado
arrastava-‐os
a
todos,
despo<camente,
desesperando
aos
que
não
sabiam
dançar.
Mas,
ninguém
como
a
Rita;
só
ela,
só
aquele
demônio,
<nha
o
mágico
segredo
daqueles
movimentos
de
cobra
amaldiçoada;
aqueles
requebros
que
não
podiam
ser
sem
o
cheiro
que
a
mulata
soltava
de
si
e
sem
aquela
voz
doce,
quebrada,
harmoniosa,
arrogante,
meiga
e
suplicante.
(...)
Naquela
mulata
estava
o
grande
mistério,
a
síntese
das
impressões
que
ele
recebeu
chegando
aqui:
ela
era
a
luz
ardente
do
meio-‐dia;
ela
era
o
calor
vermelho
das
sestas
da
fazenda;
era
o
aroma
quente
dos
trevos
e
das
baunilhas,
que
o
atordoara
nas
matas
brasileiras;
era
a
palmeira
virginal
e
esquiva
que
se
não
torce
a
nenhuma
outra
planta;
era
o
veneno
e
era
o
açúcar
gostoso;
era
o
sapo<
mais
doce
que
o
mel
e
era
a
castanha
do
caju,
que
abre
feridas
com
o
seu
azeite
de
fogo;
ela
era
a
cobra
verde
e
traiçoeira,
a
lagarta
viscosa,
a
muriçoca
doida,
que
esvoaçava
havia
muito
tempo
em
torno
do
corpo
dele,
assanhando-‐lhe
os
desejos,
acordando-‐lhe
as
fibras
embambecidas
pela
saudade
da
terra,
picando-‐lhe
as
artérias,
para
lhe
cuspir
dentro
do
sangue
uma
centelha
daquele
amor
setentrional,
uma
nota
daquela
música
feita
de
gemidos
de
prazer,
uma
larva
daquela
nuvem
de
cantáridas
que
zumbiam
em
torno
da
Rita
Baiana
e
espalhavam-‐se
pelo
ar
numa
fosforescência
afrodisíaca.
Isto
era
o
que
Jerônimo
sen<a,
mas
o
que
o
tonto
não
podia
conceber.
De
todas
as
impressões
daquele
resto
de
domingo
só
lhe
ficou
no
espírito
o
entorpecimento
de
uma
desconhecida
embriaguez,
não
de
vinho,
mas
de
mel
chuchurreado
no
cálice
de
flores
americanas,
dessas
muito
alvas,
cheirosas
e
úmidas,
que
ele
na
fazenda
via
debruçadas
confidencialmente
sobre
os
limosos
pântanos
sombrios,
onde
as
oi<cicas
trescalam
um
aroma
que
entristece
de
saudade.
(...)
48. treinamento de questões abertas 10
E
ela
só
foi
ter
com
ele,
levando-‐lhe
a
chávena
fumegante
da
perfumosa
bebida
que
<nha
sido
a
mensageira
dos
seus
amores;
assentou-‐
se
ao
rebordo
da
cama
e,
segurando
com
uma
das
mãos
o
pires,
e
com
a
outra
a
xícara,
ajudava-‐o
a
beber,
gole
por
gole,
enquanto
seus
olhos
o
acarinhavam,
cin<lantes
de
impaciência
no
antegozo
daquele
primeiro
enlace.
Depois,
a<rou
fora
a
saia
e,
só
de
camisa,
lançou-‐se
contra
o
seu
amado,
num
frenesi
de
desejo
doido.
Aluísio
Azevedo,
“O
Cor<ço”.
Ficção
Completa.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Aguilar,
2005,
p.
498
e
581.
49. treinamento de questões abertas 10
a)
Na
descrição
acima,
iden<fique
dois
aspectos
que
permitem
aproximar
Rita
Baiana
de
Iracema,
mostrando
os
limites
dessa
semelhança.
b)
Iden<fique
uma
semelhança
e
uma
diferença
entre
Jerônimo
e
Mar<m.
50. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Iracema
e
Rita
Baiana
assemelham-‐se
por
representarem
sínteses
da
natureza
brasileira.
A
1ª.,
heroína
român<ca,
é
associada
apenas
a
caracterís<cas
enalteceras,
idealizadas;
a
2ª.
é
ligada
a
elementos
tanto
posi<vos
quanto
nega<vos.
As
duas
personagens
seduzem
portugueses
e
com
eles
se
relacionam.
letra “b”
aspectos
convergentes:
portugueses;
saudades
da
terra
natal;
fixam-‐se
no
Brasil;
aspectos
divergentes:
Mar<m
é
nobre
e
Jerônimo
é
um
simples
trabalhador
braçal;
Mar<m
não
reage
ao
ser
flechado
por
Iracema
e
Jerônimo
embosca
e
mata
Firmo;
Mar<m
é
um
herói
que
luta
para
se
manter
íntegro,
ao
passo
que
Jerônimo
é
vencido
pelo
meio.
51. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2010)
Leia
o
seguinte
comentário
a
respeito
de
O
Cor,ço,
de
Aluísio
Azevedo:
52. treinamento de questões abertas 10
Com
efeito,
o
que
há
n'O
Cor,ço
são
formas
primi<vas
de
amealhamento,
a
par<r
de
muito
pouco
ou
quase
nada,
exigindo
uma
espécie
de
rigoroso
asce<smo
inicial
e
a
aceitação
de
modalidades
diretas
e
brutais
de
exploração,
incluindo
o
furto
(...)
como
forma
de
ganho
e
a
transformação
da
mulher
escrava
em
companheira-‐
máquina.
(...)
Aluísio
foi,
salvo
erro
meu,
o
primeiro
dos
nossos
romancistas
a
descrever
minuciosamente
o
mecanismo
de
formação
da
riqueza
individual.
(...)
N'
O
Cor,ço
[o
dinheiro]
se
torna
implicitamente
objeto
central
da
narra<va,
cujo
ritmo
acaba
se
ajustando
ao
ritmo
da
sua
acumulação,
tomada
pela
primeira
vez
no
Brasil
como
eixo
da
composição
ficcional.
(Antonio
Candido,
De
cor<ço
a
cor<ço.
In:
O
discurso
e
a
cidade.
São
Paulo:
Duas
Cidades,
1993,
p.
129-‐3.)
53. treinamento de questões abertas 10
a)
Explique
a
que
se
referem
o
rigoroso
asce<smo
inicial
da
personagem
em
questão
e
as
modalidades
diretas
e
brutais
de
exploração
que
ela
emprega.
b)
Iden<fique
a
“mulher
escrava”
e
o
modo
como
se
dá
sua
transformação
“em
companheira-‐
máquina”.
54. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
O
asce<smo
é
o
esforço
austero
de
acúmulo
de
dinheiro
a
que
João
Romão
se
entrega,
deixando
de
lado
o
conforto
e
o
bem-‐estar.
Em
seu
afã
de
enriquecer,
ele
se
priva
severamente,
e,
através
de
tal
estratégia,
acaba
por
a<ngir
seu
obje<vo.
Tais
ações
serão
determinantes
na
sua
brutal
exploração
dos
moradores
da
estalagem.
letra “b”
A
mulher
escrava
é
Bertoleza,
que
se
torna
companheira-‐máquina
ao
viver
como
amante
de
João
Romão
e
como
instrumento
das
vontades
do
vendeiro.
55. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2010)
O
excerto
abaixo,
de
Vidas
Secas,
trata
da
personagem
sinha
Vitória:
56. treinamento de questões abertas 10
Calçada
naquilo,
trôpega,
mexia-‐se
como
um
papagaio,
era
ridícula.
Sinha
Vitória
ofendera-‐se
gravemente
com
a
comparação,
e
se
não
fosse
o
respeito
que
Fabiano
lhe
inspirava,
teria
despropositado.
Efe<vamente
os
sapatos
apertavam-‐lhe
os
dedos,
faziam-‐lhe
calos.
Equilibrava-‐
se
mal,
tropeçava,
manquejava,
trepada
nos
saltos
de
meio
palmo.
Devia
ser
ridícula,
mas
a
opinião
de
Fabiano
entristecera-‐a
muito.
Desfeitas
essas
nuvens,
cur<dos
os
dissabores,
a
cama
de
novo
lhe
aparecera
no
horizonte
acanhado.
Agora
pensava
nela
de
mau
humor.
Julgava-‐a
ina<ngível
e
misturava-‐a
às
obrigações
da
casa.
(...)
Um
mormaço
levantava-‐se
da
terra
queimada.
Estremeceu
lembrando-‐se
da
seca
(...).
Diligenciou
afastar
a
recordação,
temendo
que
ela
virasse
realidade.
(...)
Agachou-‐se,
a<çou
o
fogo,
apanhou
uma
brasa
com
a
colher,
acendeu
o
cachimbo,
pôs-‐se
a
chupar
o
canudo
de
taquari
cheio
de
sarro.
Jogou
longe
uma
cusparada,
que
passou
por
cima
da
janela
e
foi
cair
no
terreiro.
Preparou-‐se
para
cuspir
novamente.
Por
uma
extravagante
associação,
relacionou
esse
ato
com
a
lembrança
da
cama.
Se
o
cuspo
alcançasse
o
terreiro,
a
cama
seria
comprada
antes
do
fim
do
ano.
Encheu
a
boca
de
saliva,
inclinou-‐se
–
e
não
conseguiu
o
que
esperava.
Fez
várias
tenta<vas,
inu<lmente.
(...)
Olhou
de
novo
os
pés
espalmados.
Efe<vamente
não
se
acostumava
a
calçar
sapatos,
mas
o
remoque
de
Fabiano
molestara-‐a.
Pés
de
papagaio.
Isso
mesmo,
sem
dúvida,
matuto
anda
assim.
Para
que
fazer
vergonha
à
gente?
Arreliava-‐se
com
a
comparação.
Pobre
do
papagaio.
Viajara
com
ela,
na
gaiola
que
balançava
em
cima
do
baú
de
folha.
Gaguejava:
-‐
"Meu
louro."
Era
o
que
sabia
dizer.
Fora
isso,
aboiava
arremedando
Fabiano
e
la<a
como
Baleia.
Coitado.
Sinha
Vitória
nem
queria
lembrar-‐se
daquilo.
(Graciliano
Ramos,
Vidas
secas.
Rio
de
Janeiro/São
Paulo:
Record,
2007,
p.41-‐43.)
57. treinamento de questões abertas 10
a)
Por
que
a
comparação
feita
por
Fabiano
incomoda
tanto
sinha
Vitória?
Que
lembrança
evoca?
b)
Tendo
em
vista
a
condição
e
a
trajetória
de
sinha
Vitória,
jus<fique
a
ironia
con<da
no
nome
da
personagem.
Que
outra
personagem
referida
no
excerto
acima
também
revela
uma
ironia
no
nome?
58. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Sinha
Vitoria
sente-‐se
incomodada
com
a
comparação
feita
por
Fabiano
-‐
o
andar
dela
quando
usava
sapatos
assemelhava-‐se
ao
de
um
papagaio
-‐
porque,
ridicularizando-‐a,
fere
sua
vaidade
feminina.
Além
disso,
traz
à
mente
da
mulher
a
lembrança
do
papagaio,
o
que
a
faz
reviver
um
remorso,
pois
fora
dela
a
idéia
de
usar
a
ave
como
alimento.
O
mal-‐estar
é
ainda
maior,
pois
a
desse
episódio
evoca
o
sofrimento
que
ela
e
sua
família
<veram
durante
a
seca.
letra “b”
É
irônico
uma
personagem
massacrada
pela
seca
e
pelas
condições
sociais
injustas
tenha
por
nome
Vitória.
E
há
também
ironia
no
nome
de
Baleia,
pois
essa
cachorra
é
extremamente
magra
e
habita
carente
de
água,
o
q
contraria
as
idéias
associadas
ao
mamífero
de
que
seu
nome
fora
emprestado.
59. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2010)
O
poeta
Vinicius
de
Moraes,
apesar
de
modernista,
explorou
formas
clássicas
como
o
soneto
abaixo,
em
versos
alexandrinos
(12
sílabas)
rimados:
60. treinamento de questões abertas 10
Nas
tardes
de
fazenda
há
muito
azul
demais
Eu
saio
às
vezes,
sigo
pelo
pasto,
agora
Mas<gando
um
capim,
o
peito
nu
de
fora
No
pijama
irreal
de
há
três
anos
atrás.
Desço
o
rio
no
vau
dos
pequenos
canais
Para
ir
beber
na
fonte
a
água
fria
e
sonora
E
se
encontro
no
mato
o
rubro
de
uma
amora
Vou
cuspindo-‐lhe
o
sangue
em
torno
dos
currais.
Fico
ali
respirando
o
cheiro
bom
do
estrume
Entre
as
vacas
e
os
bois
que
olham
sem
ciúme
E
quando
por
acaso
uma
mijada
ferve
Seguida
de
um
olhar
não
sem
malícia
e
verve
Nós
todos,
animais,
sem
comoção
nenhuma
Mijamos
em
comum
numa
festa
de
espuma.
ASISS,
Machado
de.
Suave
mari
magno.
Disponível
em:
hxp://manoelneves.com
61. treinamento de questões abertas 10
a)
Essa
forma
clássica
tradicionalmente
exigiu
tema
e
linguagem
elevados.
O
“Soneto
da
in<midade”
atende
a
essa
exigência?
Jus<fique.
b)
Como
os
quartetos
anunciam
a
iden<ficação
do
eu
lírico
com
os
animais?
Como
os
tercetos
a
confirmam?
62. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
Nem
o
tema
nem
a
linguagem
desse
soneto
são
elevados.
Com
efeito,
o
tema
é
baixo
[o
congraçamento
fisiológico
com
animais]
e
a
linguagem
não
evita
o
vulgar
[o
cheiro
bom
de
estrume]
e
chega
a
beirar
o
chulo
[uma
mijada
ferve].
letra “b”
Os
quartetos
exprimem
a
iden<ficação
do
eu
lírico
com
os
animais,
apresentando-‐o
em
ações
esperadas
deles:
mas<gar
capim,
andar
sem
roupa,
beber
água
na
fonte
dos
rios,
comer
amoras
direto
das
árvores
e
cuspi-‐las
em
torno
dos
currais.
A
confirmação
dessa
iden<ficação
vem
nos
nos
tercetos
de
forma
inusitada,
na
menção
ao
congraçamento
do
eu
lírico
com
os
bois
e
as
vacas
na
sa<sfação
de
uma
necessidade
fisiológica
comum.
63. treinamento de questões abertas 10
(UNICAMP-‐2004)
Leia
atentamente
o
poema
abaixo,
de
autoria
de
Cacaso:
64. treinamento de questões abertas 10
eu
sou
manhoso
eu
sou
brasileiro
finjo
que
vou
mas
não
vou
minha
janela
é
a
moldura
do
luar
do
sertão
a
verde
mata
nos
olhos
verdes
da
mulata
sou
brasileiro
e
manhoso
por
isso
dentro
da
noite
e
de
meu
quarto
fico
cismando
[na
beira
de
um
rio
na
imensa
solidão
de
la<dos
e
araras
lívido
de
medo
e
de
amor.
Antonio
Carlos
de
Brito
(CACASO),
Beijo
na
boca.
Rio
de
Janeiro,
7
Letras,
2000.
p.
12.
65. treinamento de questões abertas 10
a)
Este
poema
de
Cacaso
(1944-‐1987)
dialoga
com
várias
vozes
que
falaram
sobre
a
paisagem
e
o
homem
brasileiros.
Jus<fique
a
referência
ao
“cartão
postal”
do
rtulo,
através
de
expressões
usadas
na
primeira
estrofe.
b)
O
poema
se
constrói
sobre
uma
imagem
suposta
de
brasileiro.
Qual
é
essa
imagem?
c)
Quais
as
expressões
poé<cas
que
desmentem
a
felicidade
obrigatória
do
eu
do
poema?
66. treinamento de questões abertas 10
letra “a”
O
rtulo
do
poema
é
uma
referência
a
elementos
considerados
rpicos
do
Brasil,
como
o
luar
do
sertão,
a
verde
mata
e
a
mulata.
letra “b”
O
poema
é
construído
a
par<r
da
imagem
do
brasileiro
como
esperto,
malandro,
manhoso
[finjo
que
vou
mas
não
vou].
letra “c”
“imensa
solidão”
e
“lívido
de
medo
e
e
de
amor"