O documento discute o bullying e cyberbullying no contexto escolar. Primeiramente, define bullying como ações violentas realizadas intencionalmente para humilhar outra pessoa de forma sistemática. Em seguida, descreve os tipos de bullying verbal, físico e social e seus possíveis atores e consequências, incluindo danos psicológicos. Por fim, argumenta que o bullying precisa ser combatido por meio de ações pedagógicas estruturadas e políticas públicas educacionais efetivas.
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Contemporânea
Contemporary Journal
3(4): 2945-2962, 2023
ISSN: 2447-0961
Artigo
BULLYING E O CYBERBULLYING NO CONTEXTO
ESCOLAR: REFLEXÕES SOBRE ESTE TIPO DE
VIOLÊNCIA
BULLYING AND CYBERBULLYING IN THE SCHOOL
CONTEXT: REFLECTIONS ON THIS TYPE OF VIOLENCE
DOI: 10.56083/RCV3N4-013
Recebimento do original: 08/03/2023
Aceitação para publicação: 13/04/2023
Élison Davi Crispim Ramos
Mestre em Educação
Instituição: Universidade de Pernambuco (UPE)
Endereço: Av. Gov. Agamenon Magalhães, Santo Amaro, Recife - PE, CEP: 50100-010
E-mail: elisondavi@gmail.com
Waldênia Leão de Carvalho
Doutora em Educação
Instituição: Universidade de Pernambuco (UPE)
Endereço: Av. Gov. Agamenon Magalhães, Santo Amaro, Recife - PE, CEP: 50100-010
E-mail: waldenialeao@gmail.com
Emilly Daiane Crispim Silva
Graduada em Matemática pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul (FAMASUL)
Instituição: Faculdade Faveni
Endereço: R. Marcino dos Santos, 401, Chácara Cachoeira, Campo Grande - MS, CEP: 79040-902
E-mail: emillyssjx@gmail.com
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo fazer uma análise sobre o
bullying e o cyberbullyuing no ambiente escolar que pode ser especificado
como um agrupamento de ações violentas, realizadas sistematicamente de
maneira intencional buscando ridicularizar o outro, sendo sua percepção, no
ambiente escolar, um dos objetivos deste estudo, fortalecidos pelas
premissas da Lei nº 13.185 de seis de novembro de 2015, que aborda a
necessidade das unidades escolares subsidiarem ações de enfrentamento,
conscientização, prevenção do bullying e cyberbullying no ambiente escolar.
No decorrer do trabalho descreveu-se brevemente sobre bullying e
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cyberbullying, dando um aprofundamento maior na ocorrência deste tipo de
violência no ambiente escolar. Para construção desse estudo foi realizada
uma pesquisa bibliográfica através de dados secundários por meio da técnica
exploratória descritiva, com a finalidade de conhecer melhor o tema e
descrevê-lo, respectivamente. Portanto, conclui-se que o bullying e
cyberbullying precisam ser abordados e combatidos em ações pedagógicas
de forma estruturada e que sejam potencializadas políticas públicas
educacionais que tenham resultados efetivos no enfrentamento dessa
violência, uma vez que podem trazer consequências negativas para as
vítimas.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying, Cyberbullying, Educação, Violência, Escola.
ABSTRACT: This article aims to analyze bullying and cyberbullying in the
school environment, which can be specified as a group of violent actions,
carried out systematically and intentionally seeking to ridicule the other, and
its perception in the school environment, one of the objectives of this study,
strengthened by the premises of Law No. 13,185 of November 6, 2015, which
addresses the need for school units to subsidize actions of confrontation,
awareness, and prevention of bullying and cyberbullying in the school
environment. During the study, we briefly described bullying and
cyberbullying, giving a deeper insight into the occurrence of this type of
violence in the school environment. To construct this study, a bibliographic
research was carried out using secondary data through the exploratory
descriptive technique, with the purpose of getting to know the theme better
and describing it, respectively. Therefore, we conclude that bullying and
cyberbullying need to be addressed and combated in pedagogical actions in
a structured way, and that educational public policies should be strengthened
to have effective results in combating this violence, since they can bring
negative consequences for the victims.
KEYWORDS: Bullying, Cyberbullying, Education, Violence, School.
1. Introdução
O clamor dos envolvidos, nos casos de violência e insegurança escolar
em nosso foco o bullying e o cyberbyllying, precisa ser respondido pelo
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Estado com políticas públicas que apontem soluções e que estas alcancem o
chão da escola com êxito, garantindo o que rege a Constituição Federal
(1988), em seu Art. 5º, que aborda o direito de igualdade a todos, inclusive
as vítimas de violência no processo educacional, como educandos,
professores, familiares e demais membros, introduzidos no ambiente
escolar.
Neste viés, verificamos que a violência possui diversas tipologias e
ramificações, tais como em casos de bullying, cyberbullying, conflitos,
indisciplina e agressões, que precisam ser compreendidas para serem melhor
combatidas.
A Lei nº 13.185 de seis de novembro de 2015, no artigo 5º relata ser
dever do estabelecimento de ensino garantir ações de conscientização,
diagnóstico, prevenção e enfrentamento ao bullying, no ambiente escolar,
tendo como premissas o registro destes casos através de relatórios nas
Unidades Escolar, por município, Estado e nação.
A proposta metodológica constante nesta pesquisa-ação, segue
Martins (2004), com foco no aprofundamento sobre a presença do bullying
e cyberbullying no ambiente escolar, cuja abordagem qualitativa, de
pesquisa-ação, se tornando o melhor caminho quando almejamos analisar
especificidades de localidades ou grupos sociais.
Desta forma, apresentaremos análises interpretativas das informações
obtidas em todo processo metodológico investigativo literário, com o objetivo
de caracterizar educandos e educadores com relação ao bullying,
cyberbullying, partindo de um contexto local para o global com o objetivo de
compreender as nuances da violência escolar, presente em situações de
bullying e cyberbullying.
Neste caminho configuramos este trabalho da seguinte forma: o
referencial teórico começa com uma abordagem de forma geral sobre
bullying e cyberbullying, em seguida é descrito um panorama destas formas
de violência no ambiente escolar, os diferentes atores desta violência,
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posteriormente temos os caminhos para o enfrentamento do bullying e
cyberbullying escolar e outras contribuições, subsidiadas pelo referência
teórico que refletem sobre esta problemática.
2. Bullying Escolar: uma forma perversa de violência
A Lei nº 13.185 de 6 de novembro de 2015, classifica o bullying como
ação onde um indivíduo agride outro psicologicamente ou fisicamente, no
intuído de maltratar, humilhar, denegrir, intimidar e/ou menosprezar de
forma sistemática. Santana (2013, p. 15) afirma que o termo é derivado da
palavra da língua inglesa “bully” que significa cruel, desumano, opressor.
Pereira (2009) relata que pesquisadores sobre violência escolar não dão as
devidas atenções ao bullying e preferem generalizar suas pesquisas no
contexto da violência global, talvez menosprezando tal temática.
No geral, para Santana (2013), Antunes (2012), Tognetta e Vinha
(2012), Pereira (2009), as agressões de bullying raramente são praticadas
mediante professores, equipe gestora ou alguma autoridade. Ela acontece,
principalmente, entre estudantes, nos momentos em que os alunos ficam
sozinhos, como no início e fim das aulas, nos intervalos, nas trocas de
professores, entre as lacunas das disciplinas, no transporte escolar, entre
outras, de forma repetitiva e opressora.
Santana (2013), Antunes (2012), Tognetta e Vinha (2012), Pereira
(2009), afirmam que este tipo de violência não é exclusiva da escola, mas
de ambientes sociais, como igrejas, família, parques, clubes, festividades,
etc. Nestes ambientes, temos interações interpessoais que podem
desencadear tais comportamentos, e é ainda mais preocupante a presença
deste tipo de violência na escola, pois nela, os indivíduos estão em formação
e mais vulneráveis a violência.
Este comportamento por vezes é reproduzido e pode impulsionar o
agredido à depressão e, em alguns casos, isolamento, distúrbios
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psicológicos, doenças gástricas e até levar ao suicídio ou assassinatos.
Tognetta e Vinha (2012, p. 106) ainda esclarece que: “É fato que bullying,
essa violência entre pares não é apenas um acontecimento presente na
escola. Mas tem, na escola, exatamente pela possibilidade de convivência
entre iguais, uma maior propensão a acontecer”.
Conforme Santana (2013, p. 17), temos tipos de bullying verbal, físico
e social. O bullying verbal: apelidar (nome ofensivo), cochichar (a respeito
da vítima); “discriminar; fazer comentários” (racistas, homofóbicos);
intimidar, provocar (repetidas vezes); “zoar; falar mal”.
Já o bullying físico tem como exemplos: “bater; beliscar; colocar a
vítimas em armários; colocar a cabeça da vítima no vaso sanitário; chutar;
cuspir; danificar material; dar cuecão; empurrar; tomar pertences”
(Santana, 2013, p. 17).
Ainda afirma o autor que o bullying social, que é caracterizado por:
“colocar amigos da vítima contra a mesma; constranger; espalhar rumores
maliciosos; excluir do grupo; fofocar; pichar com dizeres maldosos; praticar
o cyberbullying (bullying eletrônico)”. (2013, p. 18).
Neste sentido, Tognetta e Vinha afirma que o bullying está:
Dentro de um conceito maior de violência, encontra-se uma forma
peculiar dela que é a violência entre pares chamada de bullying, cuja
característica principal é a repetição de atos sobre um alvo “escolhido
a dedo” por um autor, na presença de um público que reitera a
condição de poder deste último sobre a vítima. (2012, p. 10-11.
Grifos do autor)
Todavia, conforme Santana (2013), Antunes (2012) e Pereira (2009),
os casos onde apelidos não causam constrangimentos, como atletas, artistas
ou indivíduos comuns, que não se incomodam com o apelido, denomina-se
de ato de violência. Todavia se o apelido for pejorativo, repetido com
intenção de humilhar ou menosprezar tem-se classificado um caso de
bullying, nos termos da Lei 13.185/2015.
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Os atores do bullying são, conforme Santana (2013): agressor;
espectadores (testemunhas do fato, como alunos e professores) e vítima que
muitas vezes não tem reação mediante um ato de humilhação, maus tratos
ou agressão.
Vejamos as características destes atores:
• O Agressor: também classificado como bully, atua como
mandão, é autoritário, é amedrontador, opressor, provavelmente com
maior musculatura e força que a vítima e alto poder de intimidação
frente a seus colegas.
• Os espectadores: temos três tipos de espectadores, os ativos,
que colaboram com a agressão, festejando, zombando ou gritando; os
passivos, que ficam em silêncio, observando a agressão, embora não
acordem com a ação, não realizam qualquer reação; os neutros que
não exprimem sentimentos mediante o ocorrido e ficam alheios,
ignoram o sofrimento do próximo.
• A vítima: esta é quem sofre as ofensas de forma passiva, por
intimidação, sendo agredida pelo agressor, geralmente, possui baixa
sociabilidade e, na maioria das vezes, alguma característica física ou
mental diferenciada. Pereira, (2009) afirma que a vítima se torna
refém da situação e pode levar os reflexos destes acontecimentos para
toda vida, através de traumas físicos, sociais e psicológicos.
Seguindo pensamentos de Santana (2013), Tognetta e Vinha (2012),
Pereira (2009) estes reflexos poderão ser sentidos no futuro, na vida familiar
e/ou no trabalho. Neste linear, é comum termos como consequências: o
baixo desempenho escolar; o desejo de mudança de escola ou cidade; o
medo de frequentar certos locais da escola; a síndrome do pânico; o choro
sem motivo; a depressão; a inferioridade; a dificuldade para falar, falar
rápido demais ou gagueira; o sentimento de ameaça; ou mesmo motivação
para consumo de drogas licita e ilícitas.
Tognetta e Vinha (2012, p. 103) esclarecem que:
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O grande perigo de vivenciar cotidianamente essas situações é que
aqueles que sofrem a violência, no auge de sua angustia, tentam ou
cometem suicídio, matam ou articulam-se para matar, certamente
porque é pesada demais a carga que não conseguem carregar.
Assim, ao sofrer repetidamente agressão da mesma pessoa resulta em
prejuízos irreparáveis ao psicológico da vítima, os autores acima citados
esclarecem que a vítima poderá chegar ao ponto de desejar revidar com
massacres cruéis, finais trágicos ou mesmo tirar a própria vida. Sendo
necessário auxílio externo para superar os traumas sofridos, com apoio de
uma pessoa próxima e/ou profissional da saúde mental, a exemplo de um
psicólogo ou psiquiatra.
Todavia, a ausência de valores morais na família ou sociedade externa,
a existência de doenças psicológicas em estudantes, a passividade mediante
agressões, ou mesmo a pessoa de origem geográfica diferente (Exemplos:
negros, índios; imigrantes: africanos, venezuelanos, etc.) podem resultar em
situações de potencialização dos casos de violência na escola.
Em resumo, observamos que, segundo de Antunes (2012); Pereira
(2009), os casos de bullying trazem ações maléficas para as vítimas que
resultam desde doenças psicológicas, como transtornos mentais e
psicopatologias ou mesmo, casos de delinquência, abuso de drogas,
depressão, vinganças e fatalidades. É primordial o enfrentamento do bullying
com ações preventivas de reflexão, formação continuada e combate a este
tipo de violência, cruel, perversa e presente em nossa sociedade.
4. Cyberbullying: bullying na internet
O cyberbullying pode originar-se ou não do bullying, seguindo
pensamento de Santana (2013), este tipo de violência pode ocorrer em
diferentes lugares, não sendo exclusivo da escola, e tem como meio de
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propagação a internet, principalmente através de redes sociais digitais, com
possibilidade de alcançar significativo público em pouco tempo.
A Lei 13.185 caracteriza os atos de cyberbullying, em seu Parágrafo
Único: “Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores
(cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para
depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito
de criar meios de constrangimento psicossocial”.
A vítima pode ter seus smartphones, tablets, notebooks e outros
equipamentos tecnológicos invadidos por terceiros com o intuito de usurpar
dados que possam denegrir sua imagem frente à sociedade, como a
publicação de fotos, vídeos, textos (mensagens, frases, notícias falsas ou
deturpadas), ilustrações, montagens imagéticas, ou desenhos, ou vídeos que
visam humilhar, denegrir ou constranger o outro socialmente.
No artigo 2º, parágrafo único da Lei 13.185, temos o cyberbullying
como o uso de “instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a
violência; adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de
constrangimento psicossocial”. Neste caso, especificamos o uso da internet,
através, principalmente, das redes sociais digitais, como ambientes para que
ocorram tais agressões.
De fato, o cyberbullying pode surgir em diferentes ambientes digitais,
geralmente, externa a escola, todavia é importante que a escola se mobilize
contra estas violências, uma vez que envolvem seus membros, através de
ações de prevenção ou enfretamento destas situações.
Conforme Santana (2013) as causas para tais publicações eletrônicas
são as mesmas do bullying, todavia, com a internet, temos o anonimato, que
pode ocultar o agressor das ações, fica mais complexo o processo de
identificação destes agressores.
Os atores que se envolvem no cyberbullying são classificados por
Santana (2013) da seguinte forma:
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• Agente (agressor): não possuem uma característica especifica,
atuam, em geral, no anonimato e possuem diferentes perfis sociais;
• Vítima: pode ser passiva (quando sofre com o cyberbullying e
não se mobilizar) ou ativa (está ciente das publicações e manifesta-se,
denunciando o ocorrido).
• Espectador: pode ser receptor (recebe as publicações e não se
mobiliza contra tal agressão) multiplicador (recebe as publicações e
mobiliza-se através do compartilhamento, curtida, apoio ou divulgação
da mesma).
A Cultura de Paz é consequência da globalização que impulsiona
indivíduos ao convívio social interétnica e intergeracional, e a inclusão digital.
Para Branco e Oliveira (2012) a cultura de paz pode apoiar na
conscientização destas formas de violência e no combate a situações como
cyberbuyllying e bullying que impulsionada pelas TDIC (Tecnologias Digitais
da Informação e Comunicação) em Redes Sociais Digitais.
As tecnologias da informação e comunicação ampliam os vínculos
sociais para além da escola, tanto no quesito tempo, quanto no quesito
localização, sendo importante que a escola trabalhe a prevenção do
cyberbuyllying e bullying, com vias a promoção de ações preventivas, como
formações continuadas, oficinas de aprendizagem e ações reflexivas,
colaborando assim para formação integral do estudante.
5. Caminhos para o Enfrentamento do Bullying e Cyberbullying
Escolar
A Lei nº 13.185 de seis de novembro de 2015, no artigo 5º relata ser
dever do estabelecimento de ensino garantir ações de conscientização,
diagnóstico, prevenção e enfrentamento ao bullying, no ambiente escolar,
tendo como premissas o registro destes casos através de relatórios nas
Unidades Escolar, por município, Estado e nação.
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O Estatuto da criança e do adolescente (ECA), Lei 8.069/1990
estabelece, no seu Artigo 15º: “A criança e o adolescente têm direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
garantidos na Constituição e nas leis” (BRASIL, 1990). Tal afirmativa
fundamenta o direito individual de nossas crianças e adolescentes ao
respeito, cidadania e vida em sociedade.
A partir destes preceitos oficiais temos a necessidade de abordar o
bullying, também como um problema de ordem social que pode resultar em
inquéritos policiais, inclusive, julgado judicialmente ou mesmo, em casos
extremos, a ocorrência de violências e mortes. A gravidade da ação poderá
render ao agressor, penalidades como: prisão, multas e até mesmo
indenizações as vítimas.
A dificuldade para identificar o que é bullying é o maior entrave na
busca pelo combate a esta forma de agressão; neste sentido, seguindo
gancho de Antunes (2012), Santana (2013) o primeiro passo para combater
bullying é compreender e reconhecer os casos onde ele ocorre. Sendo
necessário aprofundamento na temática por parte dos educadores e
estudantes, que precisam de ampla reflexão sobre esta problemática.
Branca e Oliveira esclarecem que “Não intervir nas escolas, para evitar
o bullying, significa negligenciar o direito da criança ou adolescente à
dignidade e à integridade física e psicológica” (2012, p. 313). Neste sentido,
é fundamental que a escola esteja preparada e mobilizada para a prevenção
e o enfrentamento do bullying pois é seu dever atuar no combate a esta
forma de violência, cuja passividade caracteriza negligência e conivência e
parcialidade.
Para combater o bullying a escola precisa, conforme Santana (2013),
Antunes (2012); Pereira (2009) enfrentar tal prática com ações didáticas de
combate ao preconceito, respeito às diferenças, principalmente nas fases de
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infância, adolescência e juventude, onde os indivíduos estão em
desenvolvimento e mais fragilizados.
O formato do cyberbullying está diretamente associado o bullying na
internet que, através de redes sociais digitais, podem ser potencializar os
casos de bullying para além da comunidade onde a vítima reside ou mesmo
a escola; nestes casos, são necessárias ações mais pontuais e mobilização
de agentes externos para combater tais atos, muitas vezes anônimos.
É necessário que haja debates, palestras, oficinas, rodas de conversa
e dinâmicas que abordem a temática e tracem sugestões de como evitar os
acontecimentos no cotidiano escolar. Neste sentido, é importante envolver
toda comunidade, inclusive pais, funcionários, equipe gestora e a
comunidade ao redor da escola em defesa das vítimas de violência e
mobilização para prevenção.
Acordam Branco e Oliveira (2012, p. 315): “A prevenção e resolução
de situações de bullying escolar envolvem a prevalência da compreensão da
diversidade humana, da democracia, da inclusão e dos direitos humanos nas
relações entre alunos, entre professores e alunos, e entre os próprios
alunos”.
Como ação antibullying Santana (2013) defende que precisamos
trabalhar este tema desde a infância, na família e na própria escola e, como
escola, precisamos estar prontos a combatê-lo, casos onde ocorram
agressões com ações que sirvam de exemplos para comunidade escolar.
Santana (2013); Antunes (2012); Pereira (2009) defendem que sejam
estipuladas regras de comportamento coletivamente acordadas visando o
pleno desenvolvimento escolar e o combate a casos de bullying e o
cyberbullying. O antibullying precisa ser socializados com educadores e
familiares envolvidos que devem estar cientes destes processos, inclusive
com definições de possíveis sansões recíprocas cabíveis nos casos onde não
houver conciliação, ou onde a agressão for gravemente danosa a vítima
(física, material e/ou psicologicamente).
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Sugerimos as escolas diagnosticar a presença do bullying através da
aplicação de questionários sem identificação, onde os estudantes possam
expressar seus sentimentos sobre a violência na escola e ao final, a escola
poderá atuar os dados e fazer uma autocrítica sobre os resultados,
mobilizando ações que promovam o enfrentamento a este tipo de violência.
É possível constatar a existência do bullying e/ou cyberbullying, no
pensamento de Santana (2013), através da aplicação de questionários
diagnósticos, nominais ou anônimos. Tais dados servem para aferir o
problema e servir de norteamento, para ações da gestão no enfrentamento
aos casos de bullying e/ou cyberbullying.
No caso do cyberbullying, Santana (2013) e Antunes (2012) defendem
que haja mobilização preventiva por parte dos educadores, familiares e
responsáveis pelas crianças, no sentido de conscientizar sobre o uso de fotos,
vídeos ou textos pessoais e publicá-los nas redes sociais virtuais. A
responsabilização dos atos do agressor, neste caso, precisa ser alvo de
investigação em face de necessidade de sansão recíproca reflexiva, que leve
o agressor assumir seu ato e as respectivas consequências por promover tal
violência.
Temos o bullying também na divulgação de dados pessoas, Pereira
(2009), como número de telefone, nome completo, dados pessoas como CPF,
RG, endereço, perfis em Redes Sociais Digitais, fotos e vídeos pessoais, são
perigos que colocam os usuários das redes sociais mais frágeis diante de
violências como o cyberbullying. Sendo importante que familiares, sociedade
civil e autoridades como Conselho Tutelar e a própria escola estejam atentos
às publicações na internet (geralmente redes sociais digitais), e possam
intervir em casos onde se verifiquem a possibilidade de cyberbullying.
De fato, acordamos que o bullying é uma das formas mais cruéis de
violência, pois afeta de forma significativa a saúde física, mental e social dos
indivíduos, das vítimas, que podem adquirir sequelas que podem, em alguns
casos, perduraram por toda sua vida.
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O conhecimento sobre o problema e as ações preventivas, por parte
das escolas, poderão resultar na diminuição de agressões e violências,
intervindo e colaborando para quebras de situações constantemente
enfrentadas pelas vítimas, que geravam ou geram, círculos viciosos
malignos.
Em instituições onde a violência seja sistemática, é fundamental que
haja uma transformação comportamental em toda comunidade escolar, em
prol da prevenção e combate dos diversos tipos de violências, inclusive o
bullying e cyberbullying.
Somente com a sensibilização de todos envolvidos no caso de bullying,
Antunes (2012), ocorrerão mudanças que podem ser, iniciado em momentos
coletivos, como assembleias, reuniões, palestras e debates, também
impulsionados por um Plano de Ação Pedagógico, que envolva toda
comunidade em sua construção com vias a combater a violência no ambiente
escolar.
A reflexão e a discussão acerca bullying de forma alguma pode ser
esgotada por este estudo, mas a escola pode e deve mobilizar agentes em
prol de ações que resultem em uma nova realidade, que seja fomentada na
formação ética integral do estudante através de práticas cooperativas,
solidárias e democráticas.
Desta maneira teremos um estudante que buscará contribuir para o
bem-estar social, colaborando para formação integral do discente,
diminuindo os casos de violência na escola e fortalecendo os vínculos
interpessoais entre os indivíduos. Sonhamos com uma escola mais atrativa,
que direcione nossos educandos por novos caminhos, em busca de novos
conhecimentos e habilidades. Caberá à escola nortear os estudantes rumo à
aprendizagem coerente, ética, moral, cooperativa, igualitária solidária e
cujas relações pessoas estejam fundamentadas em valores humanos.
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6. Metodologia
Para que um estudo nessa proporção seja feito se faz necessária uma
metodologia, ou seja, o pesquisador precisa usar um método para fazer sua
pesquisa. Com isso, esse trabalho buscou apresentar de forma estruturada
uma abordagem apropriada, procedimentos técnicos precisos e uma base
de dados confiável.
Por isso, em relação à abordagem, foi escolhida a qualitativa. A
pesquisa qualitativa tem o propósito de compreender e interpretar a lógica
interna das pessoas pesquisadas, conferindo-lhes o conhecimento da
realidade encontrada, bem como descreve a compreensão por meio do
desempenho das relações existentes da sociedade investigada (TAQUETTE
E MINAYO, 2015).
Para uma melhor compreensão do tema este trabalho foi adotado os
seguintes procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica, exploratória e
descritiva. Conforme Marconi e Lakatos (2017), pesquisa bibliográfica tem
por objetivo estudar um foco ou assunto, trata-se de uma pesquisa teórica
que não apenas escreve partes de textos, repetindo o que já está escrito,
pelo contrário é um exercício cientifico que ajuda descobrir e entender a
realidade, possibilitando a existência de uma visão crítica do que está escrito.
Para Gil (2017), a pesquisa exploratória proporciona uma maior
proximidade com o fenômeno que se investiga buscando torná-lo mais
compreensível. E a pesquisa descritiva, segundo o mesmo autor, serve para
descrever um fenômeno. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm
por finalidade encontrar as opiniões, atitudes e crenças de uma população.
No que se refere à fonte da pesquisa se deu através da investigação
de livros que abordaram o assunto seguindos de dados secundários realizada
nas bases de dados: Google acadêmico e SciELO. Para a procura dos artigos,
foram aplicados de maneira combinadas nas plataformas as seguintes
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palavras chaves: “bullying”, “cyberbuyllying”, “bullying escolar” e
“enfrentamento do bullying”.
7. Considerações Finais
O presente estudo teve como objetivo compreender aspectos do
bullying e cyberbuyllying através de aprofundamento bibliográfico e
documental cujos objetivos específicos foram descrever as nuances do
bullying e cyberbuyllying, como seus personagens e as múltiplas formas da
ocorrência desta violência; destacar a presença do bullying e cyberbuyllying
nas unidades escolares e reconhecer caminhos para enfrentamento do
bullying e cyberbuyllying no ambiente educacional.
A partir das investigações literárias notamos que fica evidente a
necessidade da escola mobilizar ações sistemáticas de enfretamento a este
tipo de violência, uma vez que este tipo de agressão pode existir de forma
sutil e obscura no ambiente escolar.
A Lei nº 13.185 de seis de novembro de 2015 tem como objetivo
classificar e combater este tipo de violência, uma vez que temos a
necessidade de abordar o bullying, também como um problema de ordem
social que pode resultar em inquéritos policiais, inclusive, julgado
judicialmente ou mesmo, em casos extremos, a ocorrência de violências e
mortes. A gravidade da ação poderá render ao agressor, penalidades como:
prisão, multas e até mesmo indenizações as vítimas.
Neste viés, percebemos a grande necessidade de ações formativas e
preventivas de enfrentamento ao bullying e cyberbuyllying na escola, como
na promoção da cultura de paz e campanhas informativas, pois, conforme
Santana (2013), Antunes (2012), Tognetta e Vinha (2012), Pereira (2009),
ainda existem lacunas que devem ser combatidas, pela Unidade Escolar, com
a prática sistemática de momentos formativos e reflexivos sobre tais
aspectos. No entanto, tal situação não exime do Estado à responsabilidade
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de garantir a segurança escolar através de políticas públicas educacionais
voltadas para combater situações violentas na escola.
Por fim, este trabalho deixa como sugestões para trabalhos futuros
pesquisas de campo que possam analisar a opinião de professores e
estudantes da educação básica sobre bullying e cyberbuyllying na escola,
buscando o enfrentamento sistemático aos possíveis atos de violência
causados por este tipo de violência, bem com possíveis caminhos a serem
trilhados pelas escolas no âmbito administrativos, formativos e
pedagógicos. Além disso, sugere-se que sejam feitas pesquisas de campo
em escolas de cidades e regiões diferentes a fim de que possam ser
realizadas comparações na opinião dos educadores, equipe gestora,
educandos e seus familiares.
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