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As condições sociais da leitura: uma
reflexão em contraponto
Magda Becker Soares
Leitura é interação verbal entre indivíduos
O leitor: seu universo, seu lugar na estrutura social,
suas relações com o mundo e com os outros.
O autor: seu universo, seu lugar na estrutura social,
suas relações com o mundo e com os outros.
Entre leitor e autor: enunciação.
Enunciação: processo de natureza social, não
individual, vinculado as condições de comunicação
que, por sua vez, vinculam-se ãs estruturas sociais – o
social determinando a leitura e constituindo seu
significado.
“Qualquer enunciação, por mais significativa e completa
que seja, constitui apenas uma fração de uma corrente
de comunicação verbal ininterrupta”. (Bakhtin)
As condições sociais de acesso à
leitura
Acesso à leitura: é algo bom, de valor positivo
absoluto. Isso para a nossa cultura, que é
grafocêntrica: que tem a escrita como centro.
Por outro lado, o saber ler e escrever é opressor,
controlador, classicista.
As condições sociais de acesso à
leitura
Enquanto as classes dominantes veem a leitura como
fruição, lazer, ampliação de horizontes, de
conhecimentos, de experiências;
As classes dominadas a veem pragmaticamente como
instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao
mundo do trabalho, à luta contra suas condições de
vida.
As condições sociais de acesso à leitura
Camadas Populares:
Para quê você está aprendendo a ler?
Pra mim arranjar um serviço bom quando eu crescer.
É quando chegar um caminhão de negócios lá na firma,
a gente tem que ler a nota fiscal, a gente tem que saber.
Ah! Se não, quando eu for dirigir carro, aí, na hora que
eu tô viajando, eu não sei pra onde que eu tô indo por
aquelas placas.
Quando a gente for assinar algum contrato a gente tem
que ler pra ver se é um roubo ou não é.
As condições sociais de acesso à
leitura
Alunas em processo de alfabetização, classes
favorecidas:
Para quê você está aprendendo a ler?
Pra aprender a fazer frases bonitas.
Porque a gente tem que aprender a ler. A gente não vai
ficar bobo assim igual esses meninos de rua.
Acho bom aprender a ler pra ter letra bonita e fazer
muita composição.
As condições sociais de acesso à
leitura
Pais de alunos em processo de alfabetização -
Camadas Populares:
Qual a importância da leitura?
Eu coloquei meus filho na escola pra eles ter um futuro
melhor, num é? Eles aprendendo a ler, eu acho, vai ser
mais fácil pra eles viver.
A pessoa sem leitura não é ninguém. Sem ela a pessoa
não serve pra nada, porque tem muita gente aí que não
tem a leitura e tá aí sofrendo.
As condições sociais de acesso à leitura
Pais de alunos em processo de alfabetização –
Classes favorecidas:
Qual a importância da leitura?
A leitura vai ajudar demais. Eu acho que a pessoa que lê
vai ter muita facilidade pra se expressar, pra se
comunicar.
A leitura, para o indivíduo, para a criança, é muito
importante. Para que a pessoa saiba se relacionar, saiba
se comunicar. Através da leitura a pessoa tem mais
condição para isso.
Acesso à leitura
Em nossa sociedade capitalista, reforça-se essa
diferenciação do valor da leitura para dominantes e
dominados, pois ela confere à escrita “um papel
discriminativo”que pereniza os privilégios: para os
dominados, o valor do ler-escrever é “um valor de
produtividade e não um valor que afirma o sujeito e
lhe franqueia a diversidade de conhecimento”.
Carrega-se, assim, de conteúdo ideológico a
valorização do acesso ao mundo da escrita em
sociedades capitalistas: a alfabetização tem um
caráter de ‘rito de passagem’; conduz as camadas
populares a um mundo discursivo novo; mas, ao
mesmo tempo, anula seu próprio discurso.
Por isso, em geral, essa disponibilização ao novo
mundo não passa do primeiro passo, a alfabetização.
Dado este passo, o acesso à leitura torna-se
dificultado, pela falta de acesso à bibliotecas, falta de
liros nas escolas, falta de dinheiro para adiquiri-los.
Ao povo permite-se que aprenda a ler, não que se
torne leitor, pois assim reconheceria sua identidade,
seu lugar social, as tensões que animam o contexto
em que vive ou sobrevive, e sobretudo a compreensão,
assimilação e questionamento seja da própria escrita,
seja do real em que a própria escrita se inscreve.
As condições sociais de produção
da leitura
A escola, de certa forma, serve a sociedade, de modo
que, através da leitura, seja imposta e inculcada uma
ideologia hegemônica. Aí entram os livros de leitura,
livros didáticos, literatura infanto-juvenil, revistas.
Porém, o texto não preexiste à sua leitura, e leitura
não é aceitação passiva e sim construção ativa; é no
processo de interação desencadeado pela leitura que o
texto se constitui: “cada leitura é nova escrita de um
texto. O ato da criação não estaria, assim, na escrita
mas na leitura,…”
As condições sociais de produção
da leitura
Assim, para todo texto lido existe um novo texto, e o
mesmo texto se multiplica de sentidos. Cada criança,
adolescente ou adulto que o lê, lhe dá significados
conforme seu lugar social e histórico.
O espaço da contradição
Discurso teórico X Discurso da prática;
Condições de acesso X Condições de produção;
Reprodução X Contradição = processo político;
Transformação social.
A leitura na educação de jovens e
adultos
“O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de
pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar
o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê,
de quem, o contra que, o contra quem são exigencias
fundamentais de uma educação democrática à altura
dos desafios do nosso tempo.”
(Paulo Freire)
A leitura na educação de jovens e
adultos
Instrumento: A leitura será mediadora das relações
entre o aluno e o mundo.
Leitor: é quem dialoga com o autor, em
circunstâncias sempre singulares.
Texto: é no texto que se organizam as diferentes
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  • 1.
  • 2. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto Magda Becker Soares Leitura é interação verbal entre indivíduos O leitor: seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros. O autor: seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros. Entre leitor e autor: enunciação.
  • 3. Enunciação: processo de natureza social, não individual, vinculado as condições de comunicação que, por sua vez, vinculam-se ãs estruturas sociais – o social determinando a leitura e constituindo seu significado. “Qualquer enunciação, por mais significativa e completa que seja, constitui apenas uma fração de uma corrente de comunicação verbal ininterrupta”. (Bakhtin)
  • 4. As condições sociais de acesso à leitura Acesso à leitura: é algo bom, de valor positivo absoluto. Isso para a nossa cultura, que é grafocêntrica: que tem a escrita como centro. Por outro lado, o saber ler e escrever é opressor, controlador, classicista.
  • 5. As condições sociais de acesso à leitura Enquanto as classes dominantes veem a leitura como fruição, lazer, ampliação de horizontes, de conhecimentos, de experiências; As classes dominadas a veem pragmaticamente como instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao mundo do trabalho, à luta contra suas condições de vida.
  • 6. As condições sociais de acesso à leitura Camadas Populares: Para quê você está aprendendo a ler? Pra mim arranjar um serviço bom quando eu crescer. É quando chegar um caminhão de negócios lá na firma, a gente tem que ler a nota fiscal, a gente tem que saber. Ah! Se não, quando eu for dirigir carro, aí, na hora que eu tô viajando, eu não sei pra onde que eu tô indo por aquelas placas. Quando a gente for assinar algum contrato a gente tem que ler pra ver se é um roubo ou não é.
  • 7. As condições sociais de acesso à leitura Alunas em processo de alfabetização, classes favorecidas: Para quê você está aprendendo a ler? Pra aprender a fazer frases bonitas. Porque a gente tem que aprender a ler. A gente não vai ficar bobo assim igual esses meninos de rua. Acho bom aprender a ler pra ter letra bonita e fazer muita composição.
  • 8. As condições sociais de acesso à leitura Pais de alunos em processo de alfabetização - Camadas Populares: Qual a importância da leitura? Eu coloquei meus filho na escola pra eles ter um futuro melhor, num é? Eles aprendendo a ler, eu acho, vai ser mais fácil pra eles viver. A pessoa sem leitura não é ninguém. Sem ela a pessoa não serve pra nada, porque tem muita gente aí que não tem a leitura e tá aí sofrendo.
  • 9. As condições sociais de acesso à leitura Pais de alunos em processo de alfabetização – Classes favorecidas: Qual a importância da leitura? A leitura vai ajudar demais. Eu acho que a pessoa que lê vai ter muita facilidade pra se expressar, pra se comunicar. A leitura, para o indivíduo, para a criança, é muito importante. Para que a pessoa saiba se relacionar, saiba se comunicar. Através da leitura a pessoa tem mais condição para isso.
  • 10. Acesso à leitura Em nossa sociedade capitalista, reforça-se essa diferenciação do valor da leitura para dominantes e dominados, pois ela confere à escrita “um papel discriminativo”que pereniza os privilégios: para os dominados, o valor do ler-escrever é “um valor de produtividade e não um valor que afirma o sujeito e lhe franqueia a diversidade de conhecimento”.
  • 11. Carrega-se, assim, de conteúdo ideológico a valorização do acesso ao mundo da escrita em sociedades capitalistas: a alfabetização tem um caráter de ‘rito de passagem’; conduz as camadas populares a um mundo discursivo novo; mas, ao mesmo tempo, anula seu próprio discurso. Por isso, em geral, essa disponibilização ao novo mundo não passa do primeiro passo, a alfabetização. Dado este passo, o acesso à leitura torna-se dificultado, pela falta de acesso à bibliotecas, falta de liros nas escolas, falta de dinheiro para adiquiri-los.
  • 12. Ao povo permite-se que aprenda a ler, não que se torne leitor, pois assim reconheceria sua identidade, seu lugar social, as tensões que animam o contexto em que vive ou sobrevive, e sobretudo a compreensão, assimilação e questionamento seja da própria escrita, seja do real em que a própria escrita se inscreve.
  • 13. As condições sociais de produção da leitura A escola, de certa forma, serve a sociedade, de modo que, através da leitura, seja imposta e inculcada uma ideologia hegemônica. Aí entram os livros de leitura, livros didáticos, literatura infanto-juvenil, revistas. Porém, o texto não preexiste à sua leitura, e leitura não é aceitação passiva e sim construção ativa; é no processo de interação desencadeado pela leitura que o texto se constitui: “cada leitura é nova escrita de um texto. O ato da criação não estaria, assim, na escrita mas na leitura,…”
  • 14. As condições sociais de produção da leitura Assim, para todo texto lido existe um novo texto, e o mesmo texto se multiplica de sentidos. Cada criança, adolescente ou adulto que o lê, lhe dá significados conforme seu lugar social e histórico.
  • 15. O espaço da contradição Discurso teórico X Discurso da prática; Condições de acesso X Condições de produção; Reprodução X Contradição = processo político; Transformação social.
  • 16. A leitura na educação de jovens e adultos “O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra que, o contra quem são exigencias fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo.” (Paulo Freire)
  • 17. A leitura na educação de jovens e adultos Instrumento: A leitura será mediadora das relações entre o aluno e o mundo. Leitor: é quem dialoga com o autor, em circunstâncias sempre singulares. Texto: é no texto que se organizam as diferentes formas discursivas.