Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
linguistica textual
1.
2. As condições sociais da leitura: uma
reflexão em contraponto
Magda Becker Soares
Leitura é interação verbal entre indivíduos
O leitor: seu universo, seu lugar na estrutura social,
suas relações com o mundo e com os outros.
O autor: seu universo, seu lugar na estrutura social,
suas relações com o mundo e com os outros.
Entre leitor e autor: enunciação.
3. Enunciação: processo de natureza social, não
individual, vinculado as condições de comunicação
que, por sua vez, vinculam-se ãs estruturas sociais – o
social determinando a leitura e constituindo seu
significado.
“Qualquer enunciação, por mais significativa e completa
que seja, constitui apenas uma fração de uma corrente
de comunicação verbal ininterrupta”. (Bakhtin)
4. As condições sociais de acesso à
leitura
Acesso à leitura: é algo bom, de valor positivo
absoluto. Isso para a nossa cultura, que é
grafocêntrica: que tem a escrita como centro.
Por outro lado, o saber ler e escrever é opressor,
controlador, classicista.
5. As condições sociais de acesso à
leitura
Enquanto as classes dominantes veem a leitura como
fruição, lazer, ampliação de horizontes, de
conhecimentos, de experiências;
As classes dominadas a veem pragmaticamente como
instrumento necessário à sobrevivência, ao acesso ao
mundo do trabalho, à luta contra suas condições de
vida.
6. As condições sociais de acesso à leitura
Camadas Populares:
Para quê você está aprendendo a ler?
Pra mim arranjar um serviço bom quando eu crescer.
É quando chegar um caminhão de negócios lá na firma,
a gente tem que ler a nota fiscal, a gente tem que saber.
Ah! Se não, quando eu for dirigir carro, aí, na hora que
eu tô viajando, eu não sei pra onde que eu tô indo por
aquelas placas.
Quando a gente for assinar algum contrato a gente tem
que ler pra ver se é um roubo ou não é.
7. As condições sociais de acesso à
leitura
Alunas em processo de alfabetização, classes
favorecidas:
Para quê você está aprendendo a ler?
Pra aprender a fazer frases bonitas.
Porque a gente tem que aprender a ler. A gente não vai
ficar bobo assim igual esses meninos de rua.
Acho bom aprender a ler pra ter letra bonita e fazer
muita composição.
8. As condições sociais de acesso à
leitura
Pais de alunos em processo de alfabetização -
Camadas Populares:
Qual a importância da leitura?
Eu coloquei meus filho na escola pra eles ter um futuro
melhor, num é? Eles aprendendo a ler, eu acho, vai ser
mais fácil pra eles viver.
A pessoa sem leitura não é ninguém. Sem ela a pessoa
não serve pra nada, porque tem muita gente aí que não
tem a leitura e tá aí sofrendo.
9. As condições sociais de acesso à leitura
Pais de alunos em processo de alfabetização –
Classes favorecidas:
Qual a importância da leitura?
A leitura vai ajudar demais. Eu acho que a pessoa que lê
vai ter muita facilidade pra se expressar, pra se
comunicar.
A leitura, para o indivíduo, para a criança, é muito
importante. Para que a pessoa saiba se relacionar, saiba
se comunicar. Através da leitura a pessoa tem mais
condição para isso.
10. Acesso à leitura
Em nossa sociedade capitalista, reforça-se essa
diferenciação do valor da leitura para dominantes e
dominados, pois ela confere à escrita “um papel
discriminativo”que pereniza os privilégios: para os
dominados, o valor do ler-escrever é “um valor de
produtividade e não um valor que afirma o sujeito e
lhe franqueia a diversidade de conhecimento”.
11. Carrega-se, assim, de conteúdo ideológico a
valorização do acesso ao mundo da escrita em
sociedades capitalistas: a alfabetização tem um
caráter de ‘rito de passagem’; conduz as camadas
populares a um mundo discursivo novo; mas, ao
mesmo tempo, anula seu próprio discurso.
Por isso, em geral, essa disponibilização ao novo
mundo não passa do primeiro passo, a alfabetização.
Dado este passo, o acesso à leitura torna-se
dificultado, pela falta de acesso à bibliotecas, falta de
liros nas escolas, falta de dinheiro para adiquiri-los.
12. Ao povo permite-se que aprenda a ler, não que se
torne leitor, pois assim reconheceria sua identidade,
seu lugar social, as tensões que animam o contexto
em que vive ou sobrevive, e sobretudo a compreensão,
assimilação e questionamento seja da própria escrita,
seja do real em que a própria escrita se inscreve.
13. As condições sociais de produção
da leitura
A escola, de certa forma, serve a sociedade, de modo
que, através da leitura, seja imposta e inculcada uma
ideologia hegemônica. Aí entram os livros de leitura,
livros didáticos, literatura infanto-juvenil, revistas.
Porém, o texto não preexiste à sua leitura, e leitura
não é aceitação passiva e sim construção ativa; é no
processo de interação desencadeado pela leitura que o
texto se constitui: “cada leitura é nova escrita de um
texto. O ato da criação não estaria, assim, na escrita
mas na leitura,…”
14. As condições sociais de produção
da leitura
Assim, para todo texto lido existe um novo texto, e o
mesmo texto se multiplica de sentidos. Cada criança,
adolescente ou adulto que o lê, lhe dá significados
conforme seu lugar social e histórico.
15. O espaço da contradição
Discurso teórico X Discurso da prática;
Condições de acesso X Condições de produção;
Reprodução X Contradição = processo político;
Transformação social.
16. A leitura na educação de jovens e
adultos
“O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de
pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar
o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê,
de quem, o contra que, o contra quem são exigencias
fundamentais de uma educação democrática à altura
dos desafios do nosso tempo.”
(Paulo Freire)
17. A leitura na educação de jovens e
adultos
Instrumento: A leitura será mediadora das relações
entre o aluno e o mundo.
Leitor: é quem dialoga com o autor, em
circunstâncias sempre singulares.
Texto: é no texto que se organizam as diferentes
formas discursivas.