O documento discute a importância da leitura na formação de leitores competentes e como a família e a escola podem incentivar a prática da leitura desde cedo. A família deve introduzir as crianças a um ambiente rico em livros e histórias para despertar o prazer pela leitura. Cabe à escola assumir a responsabilidade de desenvolver estratégias para tornar a leitura significativa e combater as desigualdades, formando cidadãos críticos.
1. A FORMAÇÃO DE LEITORES
ÉRICA SANDOVAL GARCÊZ
Graduação- Universidade Estácio de Sá- Goiânia Goiás
(erica_xp@oi.com.br)
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de abordar importância da leitura e a formação dos
leitores, e o quanto é relevante o incentivo das práticas de leitura para o crescimento de
indivíduos críticos e para formação de leitores competentes, pois é um dos meios mais
relevantes para a construção de novas aprendizagens. Destacando o papel da família, da
escola como fio condutor, e do professor como mediador e um dos principais
responsáveis pelo incentivo, pela aquisição da prática da leitura e consequentemente do
hábito de ler, buscando entender como superar as dificuldades em desempenhar
satisfatoriamente esse papel, que tem configurando em um dos principais entraves a
uma prática educativa de qualidade.
Palavras -Chave: A FORMAÇÃO DE LEITORES, INCENTIVO A LEITURA, A
IMPORTANCIA DA LEITURA.
Abstract
The aim of this article is to discuss the importance of reading and the training of
readers, and how important is the incentive of reading practices for the growth of
critical individuals and for the training of competent readers, as it is one of the most
relevant means for Learning. Highlighting the role of the family, the school as the
guiding thread, and the teacher as mediator and one of the main responsible for the
incentive, the acquisition of reading practice and consequently the habit of reading,
trying to understand how to overcome the difficulties in fulfilling this role satisfactorily,
Which has configured one of the main obstacles to a quality educational practice.
Key words: THE FORMATION OF READERS, INCENTIVE READING, THE
IMPORTANCE OF READING.
2. Introdução
A leitura traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas e
linguísticas, e vem se constituindo em um grande problema social da atualidade, isso
porque hoje, mais do que nunca a sociedade exige pessoas capazes de gerir as
informações, seleciona-las, organiza-las, interpreta-las, e utiliza-las para solucionar
problemas. Portanto, preocupar-se com a leitura é acima de tudo um papel político e
comprometido com a transformação social.
Na perspectiva de ampliar e melhorar a prática da leitura, que levanto a reflexão sobre o
ato de ler, buscando compreender como as crianças têm sido apresentadas a esse tão
importante instrumento de inserção social e de descoberta do mundo. Destacando o
papel da família e da escola, na busca de refletir sobre as responsabilidades desses
agentes na formação de uma sociedade leitora.
O desafio de formar leitores em uma sociedade mundializada, que se move
euforicamente num circuito de milhares de informações oriundas de várias fontes e
lugares, já é suficiente para nos deixar atordoados. É preciso despertar no indivíduo o
prazer pela leitura, a fim de torna-lo um leitor ativo detentor de conhecimentos.
A leitura é um dos meios mais importantes para a construção de novas aprendizagens,
pois possibilita o fortalecimento de ideias e ações, permitindo ampliar e adquirir novos
conhecimentos, sendo eles gerais ou específicos, possibilitando a ascensão de quem lê a
níveis mais elevados de desempenho cognitivo como a aplicação de conhecimentos a
novas situações, a análise crítica de textos e a síntese dos estudos realizados, adquirindo
outro estado, outra condição social e cultural.
Formação de leitores
A formação de leitores é um processo constante, que começa em casa aperfeiçoa na
escola e continua por toda vida, fazendo-se necessário o contato desde a mais terna
idade com diversos gêneros textuais. Na busca de criar uma cultura em relação ao
hábito de ler. Proporcionar a aquisição da leitura é sem dúvida apostar no sonho viável
de construção de uma sociedade leitora.
Pode-se afirmar que o fato mais importante que nos separa do dito Primeiro Mundo é
fato de sermos um povo de futuro duvidoso, pois não somos capazes de ler, não estamos
formando cidadãos leitores, capazes de lidar com informações que dão lastro a decisões
que se tomam mais além, sobre nosso presente e futuro. Daí a importância de ressaltar o
papel da leitura na formação pessoal e intelectual do ser humano, ampliando suas
possibilidades de participação social e de efetivo exercício da cidadania.
Nunca é demais lembrar que a prática da leitura é um princípio de cidadania, ou
seja, leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais
são as suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar
aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa,
democrática e feliz (SILVA, 2003, p. 24)
Na busca de evidenciar a importância da leitura e a formação do leitor na construção do
ser crítico e participativo, e sua intrínseca relação com os conhecimentos construídos
3. historicamente pela sociedade e que destaco a importância da família e da escola no
incentivo e na formação de uma sociedade leitora.
A família e a formação de leitores
Pesquisas destacam a importância da família e da escola no processo de construção do
hábito de ler. Acredita-se que se pais e professores investirem na formação de leitores
ainda nos primeiros anos de vida da criança, haverá maior sucesso não só no
desenvolvimento do hábito de ler, como também no aprimoramento de aspectos sociais,
cognitivos linguísticos e criativos indispensáveis ao cidadão apto a ocupar seu espaço
na sociedade.
É na família que a criança tem o primeiro contato com a leitura, contato esse que se lhe
é apresentado de forma prazerosa, reforça os laços de afetividade com o familiar e com
o hábito de ler.
Segundo Denise Escarpit (1972), militante pelo desenvolvimento da leitura dentro das
famílias, há a necessidade dos pais reforçarem os laços de seus filhos como os livros,
com o ato de lerem juntos na proximidade dos corpos, e afirma o quão importante é que
a leitura seja associada a uma ideia de afeição, de família que ela faça parte do ambiente
natural da criança.
Se a família introduz seu filho num ambiente rico em leitura, contando histórias,
oferecendo livros para serem manuseados, levando-os a bibliotecas e livrarias, é
possível dizer que estas crianças pertencem a uma classe privilegiada social e
intelectual, que sabem da importância da leitura para seu desenvolvimento no processo
de ensino aprendizagem e para sua formação, como leitor.
De acordo com ANTUNES (apud RIBEIRO 2007 p.06).
Para iniciar tão cedo é preciso que tudo comece no meio familiar. Aí a escola
estaria apenas dando continuidade a um processo deflagrado em casa. Mas não
é isso que acontece: a família não tem assumido esse papel de dar o impulso
inicial na formação do leitor.
Sabemos que esta realidade é facilmente identificada nos lares brasileiros, devido à falta
do hábito de ler provenientes dos pais, e também as transformações históricas e os
recentes arranjos familiares, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, e as
novas configurações para a família, as crianças dificilmente têm em casa um momento
de incentivo à leitura, e toda responsabilidade da tarefa de educar deixada para a escola,
e isso é um dos grandes fatores que tem prejudicado o desempenho escolar das crianças,
e sua relação com a leitura e o hábito de ler.
Lazzari (2012), aponta que:
“Qualquer pessoa que não tenha acesso ao capital cultural de uma sociedade
‘letrada’ foi roubada em um direito básico de cidadania. Esse roubo retira a
possibilidade de autonomia crítica e de trânsito pelas instituições legitimadas
por essa sociedade”.
Parece simples, porém transformador os hábitos familiares de incentivo à leitura, é
assumir a responsabilidade com a formação do leitor crítico de amanhã e
4. respectivamente com uma sociedade consciente de seus direitos e deveres em busca de
equidade social.
Escola e a formação do leitor
A escola tem um papel fundamental na formação do leitor, por isso ela precisa assumir
uma proposta séria de valorização da função da leitura, e a responsabilidade de
organizar, criar, adequar propostas e estratégias de leitura favoráveis, proporcionando
um trabalho significativo a fim de contribuir para a formação de leitores competentes.
De acordo com Luíza de Maria (2002, pag.15).
É necessário interagir com a máquina, inserir dados, reagir conforme as etapas
do processo, realizar a correta leitura dos elementos apresentados, ter agilidade
mental para interferir com rapidez e no momento exato. Enfim para
corresponder à complexidade dos novos tempos é necessário oferecer melhor a
formação àqueles que vão atuar na sociedade.
Mais do que nunca cobra-se da escola uma posição atuante, assumindo uma postura
reflexiva com relação ao trabalho com a leitura que deve ser direcionado para
desenvolver múltiplas habilidades, apropriando-se da responsabilidade com a sociedade
e contribuído para que as novas gerações adquiram o hábito de ler. Rompendo com a
forma tradicional de ensino que torna a leitura um ato de obrigação, tornando-a artificial
e assim afastando e diminuído substancialmente possíveis leitores ativos, resultando em
um número alto de estudantes que estão nas séries finais do Ensino Fundamental com
grandes dificuldades na leitura.
Um passo a ser dado na formação de leitores, é viabilizar desde as series iniciais o
acesso à cultura, ao conhecimento, à informação em espaços diversos como, canto de
leitura, bibliotecas física ou virtual, permitindo a criança que seu instinto curioso aja e
reaja na sua formação.
Outro importante elemento constituinte do processo de leitura e o professor, pois ele é
fio condutor, o responsável pela aquisição da prática da leitura no ambiente escolar, e
muitas são as dificuldades deste em desempenhar satisfatoriamente esse papel, que tem
se configurado em um dos principais entraves a uma prática educativa de qualidade,
Kramer destaca que:
Como é possível a um professor ou a uma professora que não gosta de ler e de
escrever, que não sente prazer em desvendar os múltiplos sentidos possíveis de
um texto, trabalhar para que seus alunos entrem na corrente da linguagem, na
leitura e na escrita? Inversamente, se o professor ou professora gosta de ler e de
escrever, se é contador de casos e de histórias, o que (na sua trajetória de vida)
favoreceu esse gostar, essa prática? Que relação professoras e professores têm
com a linguagem no seu cotidiano? O que contam, leem, escrevem? Como
ocorreu essa relação com a escrita ao longo de suas histórias de vida construídas
na coletividade? De que maneira esta experiência acumulada influencia a
relação desses professores com seu trabalho? (KRAMER, SOUZA, 1996. p.18)
É imprescindível profissionais capacitados, não para que despejam a erudição sobre os
educandos mas que sejam capazes de criar situações didáticas fundamentadas nas reais
necessidades da criança.
5. Para Freire (2000), ler não está relacionado á leitura de um texto no sentido tradicional,
para ele essa atividade se manifesta antes mesmo da criança ser alfabetizada ela já lê o
mundo que a cerca. Para ele o posicionamento do docente deve ser dinâmico no
conhecimento de seus alunos deixando-os participar das atividades, tendo uma relação
de troca e não os tornando apenas memorizadores.
O professor é o responsável por elaborar estratégias significativas, na busca da
formação do leitor, assegurando a criança oportunidade de vivenciar práticas
pedagógicas que diminuam com as lacunas da desigualdade e dando-lhes a
oportunidade de se tornar um sujeito crítico e reflexivo.
De acordo com Nunes et al (2012 : 3).
[...] Mais importante que ensinar vogais e alfabetos nas sereis iniciais do Ensino
Fundamental, seria apresentar aos alunos o contato com a língua escrita com
diferentes tipos de linguagens, pois é a partir daí que eles aumentarão sua
compreensão e poderão fazer múltiplas leituras do mundo que os cerca.
O compromisso com a prática e sobretudo consigo mesmo, leva seu aluno a ter prazer
pela leitura, rompendo com métodos e receitas prontas, que contribuem para a
manutenção de padrões desiguais de distribuição, de poder e de vantagens dentro da
estrutura social, podendo ir além, promovendo autonomia e a emancipação do seu
aluno.
É um grande desafio, fazer com que a leitura na escola não seja apenas uma atividade
didática, e por isso mesmo quase sempre artificial. A escola é lugar de ensinar a ler,
porém é possível criar condições para que essa aprendizagem seja o mais próximo de
uma situação real de leitura.
Considerações finais
Como grande instrumento facilitador da aprendizagem, a leitura precisa ganhar lugar de
destaque na família e na escola desde cedo, pois deixam marcas profundas na criança. É
preciso uma maior conscientização da instituição familiar e escolar para a importância
de se ter o hábito da ler, e assim proporcionar atividades que envolvam as crianças
desde cedo nessa prática necessária, concedendo estímulos que despertem o gosto pela
leitura ainda na infância na busca de encontrar o caminho para a transformação com o
objetivo de formar uma sociedade leitora.
Para se formar o leitor é necessário ser leitor, gostar de ler, ser capaz de oportunizar
este prazer aos indivíduos. Seguido de motivações familiares e de condições favoráveis
à leitura como acesso a livros, a textos e ao mundo letrado, e quanto mais cedo essa
criança tiver a oportunidade de vivenciar este ambiente mais chances terá de construir o
gosto pela leitura e consequentemente mais ocasiões para aprender.
Diante disso, é que vale ressaltar que, a formação de leitores deve está fundamentado
nas reais necessidades do indivíduo e que cabe à todos repensar as práticas e criando
condições para a formação de uma sociedade leitora superando o mais eficaz modo de
exclusão do mundo contemporâneo, que é os baixos níveis de leitura de uma sociedade.
6. Referências
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São
Paulo, Cortez Ed., 2000.
KRAMER, S., SOUZA, S. J. (org) Histórias de professores: leitura, escrita e pesquisa
em educação. São Paulo: Ática, 1996.
MARIA, Luzia de. Leitura e Colheita: livro, leitura e formação de leitores.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
NUNES, Izonete et al. A importância do incentivo à leitura na visão dos professores
da escola Walt Disney. In. : Revista eletrônica online. Editora: REFAF –, 2012.
RIBEIRO, Adriana de Barros. O papel da biblioteca na formação escolar. 2007. 17.
Monografia (3)- Curso de Biblioteconomia, Departamento de Ciências da Informação e
Documentação, Universidade de Brasília, Brasília 2007.
SILVA, Ezequiel Theodoro DA. Conhecimento e cidadania: quando a leitura se impõe
como mais necessária ainda! In: ___. Conferências sobre leitura: trilogia pedagógica.
Campinas: Autores Associados, 2003.
ERICA SANDOVAL GARCÊZ
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