2. CONCEITOS HISTÓRICOS
Existem pelo menos três linhas de
pensamento com a natureza
essencial do homem.
Vamos apontar
cada uma delas no desejo de que
cheguemos a um posicionamento
com respeito ao assunto.
3. 3.1. PENSAMENTO TRICOTÔMICO.
Hoekema (2014, p.3) afirma que
“Um dos proponentes mais antigos da
tricotomia, é Irineu, que ensinava que
enquanto os incrédulos possuíam
somente almas e corpos, os crentes
adquiriam espíritos adicionais, que
eram criados pelo Espírito Santo”
4. e não é um dos
melhores expoentes a ser citado em
defesa desta doutrina por conta de ser
apontado por diversos teólogos como
criador da ideia de que o Logos ou a
natureza divina de Cristo tomou o lugar
do espírito humano na natureza
humana que Cristo assumiu.
5. No século XIX seu maior defensor foi
Franz Delitzsch, acompanhado por J. B.
Heard, J. T. Beck, e G. F. Oehler.
Mais recentemente tem sido defendido
por escritores como Watchman
Nee, Charles R. Solomon
6. a tricotomia é também defendida
na antiga e na nova versão da
Bíblia de Referência de
Scofield
7. Base bíblica dos tricotomistas
Os que adotam esta linha de pensamento
apoiam-se nos seguintes textos
(I Ts.5:23; Hb.4:12; I Co.2:14 – 3:4; I
Co.14:14; etc.).
8. Argumentos tricotômicos
1) O argumento da experiência pessoal.
2) Nosso espírito nos diferencia dos
animais.
3) O espírito é a parte do homem que
permite seu relacionamento com Deus.
9. 1ª OBSERVAÇÃO
os tricotomistas afirmam que o corpo é a
parte material da natureza essencial do
homem, a alma (do grego. ψυχή ‘psuche’) o
princípio de vida animal de onde provém as
emoções, e o espírito (do grego πνευμα
‘pneuma’) como o elemento racional e
imortal que nos permite manter
relacionamento com Deus.
10. 3.1.2. AVALIANDO OS TEXTOS.
Este texto não possui clareza
necessária para que se afirme que Paulo
esta falando de duas coisas distintas (alma
e espírito). Isto porque é comum utilizar-se
nos escritos bíblicos sinônimos a fim de dar
ênfase ao que se está pronunciando
(conf.Mt.22:37; Mc.12:30 Jesus não tem a
intenção de dividir o homem em partes,
mas de afirmar que tal homem ame a Deus
com todo o seu ser)
11. Devemos observar aqui o
mesmo argumento que acima foi exposto.
O autor aos hebreus utiliza vários termos
que falam da intimidade de nosso ser sem
a intenção de particionar o homem. A ideia
é que em todas as áreas de seu ser, o
homem é impactado pela Palavra de Deus
porque ela é “poder de Deus”.
12. – 3:4 Paulo aqui fala a respeito
de colocar-se sob a influência do Espírito
Santo e embora distinga o ser natural
(grego Psychikos que significa ‘almal) do
espiritual (pneumatikos, ‘espiritual’) não
afirma em hipótese alguma quem possui
espírito ou mesmo que o espírito em
alguém é vivo ou morto.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática/Wayne Grudem. 1º Ed. São Paulo-
Vida Nova, 1999. P.395
13. aqui o conflito é gerado
quando se entende que a mente faz parte
da alma e não do espírito. Mas Paulo está
na verdade afirmando que existe uma
parte imaterial em seu ser e quando há
este pleno relacionamento entre sua parte
imaterial e Deus mesmo que ele saiba o
que ocorreu sua mente nada
compreendeu.
14. 3.1.3. AVALIANDO O ARGUMENTO
PROPOSTO COM BASE EM Ec.3:19-21.
A palavra hebraica usualmente é
traduzida como O significado da
raíz desta palavra é
ela é frequentemente usada para
descrever o vento. No entanto esta
palavra possui mais de um significado
15. “espírito”, “animação”, “disposição”, “espírito
de vida e ser que respira morando na carne
de homens e animais” (somente um
exemplo deste último: Ec 3.21), “assento
das emoções”, “órgão de atos mentais”,
“órgão da vontade”. Ruach, portanto,
sobrepõe-se em significado a nephesh
Hoekema (2014, p.9)
16. Em conclusão concordamos com Grudem quando
afirma:
Se definimos “alma” como “intelecto, emoções e
vontade”, então nos vemos obrigados a concluir que
ao menos os animais superiores têm alma. Mas se
definimos alma como o elemento imaterial da nossa
natureza que se relaciona com Deus (Sl.103:1;
Lc.1:46; etc.) e que vive para sempre (Ap.6:9), então
os animais não têm alma. O fato da palavra nephesh,
“alma”, ser as vezes usada com relação a animais
(Gn.1:21; 9:4) mostra que o termo pode por vezes
significar meramente “vida” (Grudem. 1999, p.396)
17. 3.1.4. RAZÕES PARA SE REJEITAR A DOUTRINA
TRICOTÔMICA.
1. Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela
parece fazer violência à unidade do homem.
A palavra em si mesma sugere que o
homem pode ser separado em três “partes”:
a palavra tricotomia é formada de duas palavras
gregas,tricha, “tríplice” e temnein, “cortar.
Alguns tricotomistas, incluindo Irineu, até
sugeriram que certas pessoas tinham os seus
espíritos cortados, enquanto que outras não.
18. 2. Segundo, devemos rejeitá-la porque ela
frequentemente pressupõe uma antítese
irreconciliável entre espírito e corpo.
3. O homem é descrito na Bíblia tanto como
alguém que é corpo e alma como alguém
que é corpo e espírito:
(Mt 10.28; 1 Co 7.34; Tg 2.25).
19. 4. A dor é atribuída tanto à alma como
ao espírito:
(1 Sm 1.10; Is 54.6; Jo 12.27; Jo 13.21; At
17.16; 1 Pe 2.8).
5. O louvor e o amor a Deus são atribuídos
tanto a alma como ao espírito: (lc 1.46-47;
Mc 12.30).
6. A salvação é associada tanto à alma como
ao espírito: (Tg 1.21; 1 Co 5.5).
20. 7. O morrer é descritivo tanto como uma
partida da alma como do espírito:
(Gn 35.18; 1 Rs 17.21; Mt 10.28; Sl 31.5; Mt
27.50; Lc 8.55; Lc 23.46; At 7.59).
8. Aqueles que já haviam morrido eram
algumas vezes chamados tanto de almas e
outras vezes de espíritos:
(Mt 10.28; Ap 6.9; Hb 12.23; 1 Pe 3.18-20).