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A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demais

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A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demais

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Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior número e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidade da nossa espécie. Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra.

Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior número e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidade da nossa espécie. Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra.

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A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demais

  1. 1. 70 O Instalador Dezembro 2017 www.oinstalador.com Em 1992, cerca de 1.700 cientistas, já preocu- pados com a dimensão dos problemas am- bientais, assinaram um artigo, intitulado “Alerta dos Cientistas do Mundo à Humanidade”, publicado na revista da Union of Concerned Scientists. O artigo que foi o primeiro aviso da comunidade científica, refere o seguinte: Os seres humanos e o mundo natural estão em colisão. As actividades humanas causam danos severos e, por vezes, irreversíveis no ambiente e nos recursos. Nesse mesmo arti- go, os cientistas alertaram para o crescimento rápido da população humana mundial e os problemas associados, que estavam a fazer- -se sentir na altura, nomeadamente a destrui- ção da camada de ozono, do solo arável, dos recursos hídricos, das zonas costeiras e a ex- tinção de espécies. As soluções apresentadas Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS A Ciência (que) quer salvar a Humanidade – porque em breve será tarde demais Texto_Jorge Moreira [Ambientalista e Investigador] Fotos_Internet Estamos a destruir a natureza e os ecossistemas e é a natureza que nos suporta e fornece recursos. Quando destruímos, estamos também a destruir-nos. Essa é a mensagem: não está em causa a Terra como um recurso natural, está em causa a espécie homo sapiens sapiens. Por isso trata-se de um aviso à humanidade Cristina Branquinho, subscritora do “Aviso dos cientistas do mundo à Humanidade: um segundo alerta” Foto_Plastic Oceans Foundation [editada pelo The Telegraph]
  2. 2. O Instalador Dezembro 2017 www.oinstalador.com 71 Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS recaiam sobre a estabilização da população, a diminuição do consumo e o controlo das actividades danosas para o ambiente. Passados 25 anos, e perante um cenário ainda mais devastador, os cientistas voltam a avisar a humanidade, agora em maior nú- mero e intensidade discursiva. Foram 15.364 elementos da comunidade científica, alguns deles laureados com o Nobel, de 184 países, incluindo mais de 200 portugueses. A nova carta aberta dirigida à Humanidade é um alerta para a ameaça que paira sobre a continuidadedanossaespécie.Curiosamente, não estamos perante um evento catastrófico à escala global, como de um corpo celeste que se dirige ameaçador contra o nosso planeta ou na iminência de uma série de cataclismos naturais à superfície. Trata-se simplesmente da ação humana, em franco crescimento sobre os recursos naturais, que tem levado à perda desastrosa da biodiversidade e dos serviços que suportam a vida na Terra. Desde o primeiro aviso, todos os cenários ambientais se agravaram, exceto no que concerne à camada de ozono estratosférico, que nos protege dos raios ultravioletas nocivos. Os autores da carta, liderados pelo ecologista William Ripple e publicada como artigo na revista BioScience, basearam os seus argu- mentos em dados recolhidos pelas agências governamentais, pelas organizações sem fins lucrativos e investigadores particulares. Chegaram à conclusão que a quantidade de água doce teve uma redução per capita para metade dos níveis que existiam no início dos anos 60 do século passado; a partir dessa altura também houve um aumento dramático das zonas mortas nos oceanos; a captura de peixe teve um forte declínio desde 1996, de- vido à falta deste recurso; as florestas tiveram um decréscimo de 129 milhões de hectares entre 1990 e 2015, aproximadamente uma área equivalente à Africa do Sul; a biodiver- sidade diminuiu perigosamente, com perdas de 58% dos vertebrados entre 1970 e 2012; as emissões globais de CO2, provenientes da queima de combustível fóssil, aumentaram rapidamente desde 1960, bem como os níveis médios da temperatura global; desde 1992 a população humana mundial aumentou 35%, contribuindo também para elevar a produção de animais para consumo, agra- vando duplamente os impactos ambientais e climáticos. Resumidamente, desencadeamos um evento de extinção em massa, o sexto em cerca de 540 milhões de anos, no âmbito do qual muitas formas de vida atuais podem ser aniquiladas ou, ao menos, condenadas à extinção até o final deste século. Os impactos ambientais antropogénicos no mundo natural levarão provavelmente à grande miséria humana e a danos substanciais e irreversíveis para a Terra. O Professor Ripple acrescenta: Aqueles que assinaram este segundo aviso não estão apenas a levantar um falso alarme. Eles estão a reconhecer os sinais óbvios de que estamos a dirigir-nos para um caminho insustentável. Em breve, será muito tarde para mudar o curso da nossa trajetória falhada e o tempo está a acabar. As causas para este limiar trágico são bem conhecidas. O painel de cientistas salienta o crescimento da população mundial e a visão distorcida da economia vigente, com o seu modelo de crescimento infinito, num planeta de recursos finitos. Alerta que precisamos de rever urgentemente estes itens e reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e a po- luição; restaurar os ecossistemas e as flores- tas autóctones; estabelecer reservas naturais, corredores ecológicos e proteger habitats; interromper a desertificação e a alteração dos espaços naturais para superfícies agrícolas e áreas urbanas; conter as exóticas, as inva- soras, a caça furtiva e o tráfico de espécies ameaçadas; reduzir o desperdício de alimen- tos e reorientar o regime alimentar na direção de dietas ricas em vegetais, em detrimento do consumo de produtos de origem animal; melhorar a educação ambiental e natural e in- centivar a fruição da Natureza; desinvestir nos setores insustentáveis e apostar nas energias limpas. Tanto os alertas, com as recomenda- ções apontadas pelo painel têm tido eco nos diversos artigos que tenho partilhado neste espaço d’O Instalador. No seguimento desta segunda carta à Humanidade, o Professor Ripple e os seus colegas formaram uma nova organização independente, chamada Alliance of World Scientists, destinada a divulgar as questões da sustentabilidade e o destino da Humanidade. Com os alertas dos cientistas, começou uma nova dimensão no movimento ambien- talista. Rachel Carson foi pioneira a utilizar dados científicos para retratar a origem dos problemas ambientais. Mais tarde, o Painel Intergovernamental para as Alterações Cli- máticas, criado em 1988, deu talvez o maior passo para explicar os fenómenos e os impactos através da ciência. Depois de uma tentativa de descrédito das instituições cien- tíficas por parte da administração atual dos Estados Unidos da América, esta nova carta vem reforçar o trabalho dos ambientalistas, que há muito lutam pelo Planeta. Para Helena Freitas, Professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e uma das subscritoras portuguesas, estes avisos com fundamentação científica ajudam a mobilizar as pessoas. [Antes] penso que o conhecimento científico não estava tão pre- sente nos movimentos [ambientais], que eram movimentos da sociedade civil e impulsiona- dos por organizações não-governamentais. Agora é um movimento que tem um apoio científico grande. Hoje a comunidade científica é que ergue a bandeira do planeta. Percebemos a urgência e o conteúdo da mensagem, mas na verdade, desde o primeiro aviso, em 1992, caminhamos cada vez mais para o abismo. A culpa não é só da Humanidade como um todo, mas de uma elite macabra que o que tem feito é destruir e prosperar com a destruição. As florestas, por exemplo, como diz a segunda carta à Huma- nidade - são cruciais para a biodiversidade, a água potável e o sequestro do carbono. encontram-se ameaçadas por uma conjunto de personagens e instituições poderosas, que inclui bancos, celuloses, advogados, contabilistas e políticos - os senhores do eco- cídio. Num texto de Scilla Alecci, publicado no Expresso, em 16 de novembro de 2017, sob o título “A história de um contributo menos óbvio das offshore: a destruição de florestas”, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) analisou e revelou uma fuga de informação de registos offshore entregues ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, onde retrata como uma empresa de recursos naturais conseguiu prosperar e explorar grandes áreas de florestas, graças a uma rede global de banqueiros de elite, advogados e contabilistas que as ajudam a navegar os de- safios empresariais e fiscais. Os documentos mostram como estas entidades ajudaram a estruturar as suas operações, mau grado o cadastro ambiental da empresa de papel e pasta. O texto publicado prova assim como o Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
  3. 3. 72 O Instalador Dezembro 2017 www.oinstalador.com Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS sistema financeiro offshore ajuda a financiar e expandir empresas envolvidas na destruição de florestas e noutras práticas que contribuem para a mudança climática global. Com tudo isto, também se financiou a corrupção de políticos e governadores para a emissão de licenças de concessão da floresta natural. Este caso ilustra bem o cerne do problema: a falta de uma ética abrangente que incorpore as dimensões humana e natural. Melhor dizendo, uma ética ambiental, que olhe tanto pelos seres humanos que são explorados ou expulsos dos seus territórios, bem como animais, plantas, rios e paisagens naturais, que são o suporte físico e a essência da vida humana. As cartas que os cientistas dirigiram à humanidade retratam, em primeira mão, as preocupações para com a continuidade e o bem-estar da espécie humana. Têm em conta a preservação dos ecossistemas e a biodiversidade, mas na perspetiva, de que sem esses elementos, não há serviços que suportam a vida humana. Estamos perante o interesse humano acima de tudo, mesmo quando queremos preservar o ambiente na- tural do Planeta. É um elemento válido, mas parco na verdadeira resolução do problema. Enquanto tivermos essa visão antropocentra- da, vamos continuar a ver a Natureza como algo separado de nós, sem expressão, sem qualquer outra finalidade do que aquela que o ser humano deseja e impõe. Nestes docu- mentos faltam uma perspetiva mais real da dinâmica dos ecossistemas e do verdadeiro valor que cada elemento abiótico e biótico tem na malha da vida. Esta também é uma visão científica – o ser humano como um elo na cadeia que tudo une e que de quase tudo depende. Nesse sentido, circula entre a comunidade académica uma Declaração de Compromisso com o Ecocentrismo, desen- volvido por Haydn Washington, Bron Taylor, Helen Kopnina, Paul Cryer e John J Piccolo, com a contribuição editorial de Patrick Curry, Ian Whyte, Joe Gray, Michelle Maloney e Mumta Ito. Trata-se de um documento ao qual subscrevi desde que tive conhecimento e que já conta com cerca de 600 assinaturas. Entre os subscritores encontram-se vários cientistas, filósofos, ambientalistas e artistas. Alguns são bem conhecidos, como Jane Goodall (primatologista e ambientalista), J. Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS
  4. 4. O Instalador Dezembro 2017 www.oinstalador.com 73 Baird Callicott (filósofo ambiental), Joanna Macy (ecologista profunda) ou Sarah Darwin (botánica). O documento defende uma visão do mundo ecocêntrica que vai ao encontro do valor intrínseco ou inerente subjacente em toda a Natureza e na ecosfera. Isto é, que os elementos da Natureza ou a Natureza como um todo tem valor independente da utilidade para o ser humano. O texto esclarece: pode- mos entender que os elementos da ecosfera evoluíram para formar uma complexidade maravilhosa - e afirmam que a natureza tem valor por si só. O ecocentrismo reconhece que os seres humanos têm responsabilidade em relação à ecosfera, sentimentos morais que se expressam cada vez mais na lingua- gem dos direitos. Tais ‘direitos da natureza’ são agora consagrados em algumas cons- tituições nacionais, e são designados como jurisprudência da Terra (...) O ecocentrismo encoraja-nos a ver o resto da vida como um parente, (...) incentiva a empatia com a vida, (...) e, acima de tudo, agindo para proteger e curar o planeta, (... dá-nos) uma sensação de maravilha sobre o mundo que nos rodeia. Isso pode ajudar-nos a encontrar a ética que exigimos se quisermos tomar as ações difíceis necessárias para sustentar a ecosfera que apoia a nossa sociedade. Quer se trate de resolver crises globais como as alterações climáticas ou a extinção em massa. A Declaração de Compromisso com o Ecocentrismo é uma ferramenta voluntária que impulsiona a atenção do subscritor para comunicar, empreender, promover e inspirar ações de reconhecimento do valor intrínseco da Natureza. Cristina Branquinho, Professora da Fa- culdade de Ciências da Universidade de Lisboa e outra das subscritoras da segunda carta aberta, disse: O mundo não está a aguentar connosco porque nós não estamos a aguentar com a responsabilidade de tratar devidamente do mundo. O paper que assinou diz ainda: Devemos reconhecer, no quotidiano das nossas vidas e nas institui- ções de governo, que a Terra com toda a vida é a nossa única casa. Se acrescentamos o reconhecimento do valor intrínseco da Natureza e o cuidado para com toda a vida, patente na Declaração de Compromisso com o Ecocentrismo, teríamos um aviso e simultaneamente uma nova fórmula de ver Opinião AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS o mundo, mais perto da realidade ecológica, que a visão antropocêntrica não dá. Esta é a equação que falta para começarmos a per- cecionar o mundo vivo do qual somos parte. Qualquer dano ao mundo é um dano a nós próprios. A solução passa por aí e pela nova Educação centrada na orgánica do mundo real. Precisamos de percorrer este caminho de cura, de autoconsciência e retomar o florescimento da vida na Terra.

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