O documento apresenta várias definições históricas para educação a distância, descrevendo-a como um sistema de comunicação bidirecional que substitui a interação presencial por recursos didáticos e apoio tutorial, permitindo a autonomia do aluno. As definições destacam características como público adulto e disperso, ênfase no estudo independente e responsabilidade do aluno pelo próprio aprendizado.
1. João José Saraiva da Fonseca
Na busca de uma conceituação para a EAD
Apresento para reflexão algumas propostas de conceitos para educação a distância. São
apresentadas por ordem cronológica, para que possam atentar sobre a evolução do
conceito.
• Yalli apresenta a EAD associada aos seguintes elementos:
a) as escolas tradicionais não atendem de forma efetiva a crescente demanda
social para o trabalho;
b) o trabalhador, em geral, está sujeito a um regime de trabalho que o impede de
freqüentar uma escola formal;
c) a necessidade de qualificar pessoas para o trabalho;
d) em regiões geográficas dispersas; e
e) o trabalhador nem sempre pode ser afastado do local de serviço, no horário
de expediente.
YALLI, Juan Simón. Para uma definição de educação aberta. Revista de
Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro: ABT nov/dez, 1984, p.27.
• Aretio apresenta o conceito para a educação a distância caracterizado por ser um
sistema tecnológico de comunicação de massa bidirecional, em que a interação
pessoal professor/aluno em aula, como meio preferencial de ensino, é substituída
por uma ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio
de uma organização tutorial, possibilitando a aprendizagem autônoma do aluno.
ARETIO, Lorenzo G. Educación a distancia hoy. Coleción permanente. Madrid:
UNED, 1994.
• Armengol afirma que a educação a distância caracteriza-se principalmente por
ter uma população estudantil adulta, relativamente dispersa e massiva. A
metodologia dos cursos é orientada para favorecer o estudo independente, através
de recursos auto-instrucionais, possibilitando ao aluno ser o responsável pela sua
aprendizagem, desenvolvendo o “aprender-a-aprender”. Os materiais possuem
“linguagem didática guiada” fazendo assim a mediação pedagógica da construção
do conhecimento.
ARMENGOL. Casas. M. Universidade sin classes: educación a distancia en
America Latina. Caracas: OEA/UNA/Kapelusz, 1987.
• Bordenave afirma que a educação presencial vem do tempo em que a “palavra, o
gesto e o desenho eram os únicos meios de comunicação disponíveis”. Para o autor a
incorporação dos novos meios de comunicação, oportunizou que o papel do
professor, como agente educador exclusivo, se transformasse e passa-se a ser
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2. João José Saraiva da Fonseca
compartilhado com os meios, primeiramente pelo texto didático e posteriormente
pelo correio e, depois, pelo rádio, pela televisão e por diversos outros meios mais
recentes, possibilitando a concretização de diversas experiências educacionais no
âmbito da educação em geral e da educação a distância especificamente.
BORDINAVE, Juan E. Diaz. Pode a educação distância ajudar a resolver
problemas educacionais no Brasil? In: Revista Tecnologia Educacional. Rio de
Janeiro: v. 17, p. 31-38, 1988.
• Na visão de Keegan são características da educação a distância:
a) separação entre professor e aluno;
b) influência de uma organização educacional, especialmente na elaboração e
preparação de materiais de aprendizagem;
c) uso de recursos de mídia;
e) provisão de comunicação em duas vias;
f) possibilidade de seminários ocasionais; e
g) participação na forma mais industrializada de educação.
KEEGAN, Desmond. Theories of distance education: introduction. In: D. Sewart, D.
Keegan & B. Holmberg (Eds.), Distance Education: International Perspectives.
New York: Routledge, 1988, p. 63-67.
• Na proposta de Moore (1996), na educação a distância existe uma relação de
diálogo, estrutura e autonomia que exige meios, técnicos para mediar esta
comunicação; funciona como um sistema. A educação a distância é um subgrupo de
todos os programas educacionais, caracterizada por grande estrutura, menos
diálogo e maior distância transacional e inclui, também, o ensino e a aprendizagem.
MOORE, Michel G., KEARSLEY, Greg. Distance education: a systems view.
Belmont (USA) : Wadsworth Publishing Company, 1996.
• Holmberg indica que uma das principais características da aprendizagem a
distância é atribuir um papel fundamental ao exercício da autonomia do aprendente.
Nesse sentido, o estudante assume parcela maior de iniciativa de sua própria
aprendizagem, definindo seu próprio ritmo e período de estudo, inclusive
alterando a seqüência dos conteúdos. Para o autor a educação a distância envolve sete
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princípios básicos:
a) o coração do ensino é a interação entre aqueles que ensinam e os que aprendem;
b) relações pessoais, prazer do estudo e empatia entre estudantes e aqueles que os
apóiam (tutores, professores, etc.) são centrais para o aprendizado em educação a
distância;
c) o envolvimento emocional no estudo e os sentimentos da relação entre essas partes
são as que mais contribuem para o prazer da aprendizagem;
d) o prazer de aprender apóia a motivação do estudante;
e) a participação nos processos de decisão relativos ao estudo é favorável à motivação
do estudante;
f) a forte motivação do estudante facilita o aprendizado;
g) enquanto meio de efetivo de treinamento, a educação a distância corre o risco de
levar ao mero aprendizado e reprodução de “verdades” aceitas. No entanto, isso pode
ser organizado e realizado de uma maneira que os estudantes sejam encorajados a
pesquisar, criticar e identificar opiniões por sua própria conta.
HOLMBERG, Börje. Theory and practice of distance education. London :
Routledge, 1995.
• Gutierrez e Prieto referem que os cursos a distância funcionem têm de ser
prazerosos e lúdicos, para além de exigirem do aluno força de vontade, sacrifício,
disponibilidade e hábitos de estudo. Estudar a distância apela à responsabilidade e o
cpmrometimento do aluno, bem como a sua capacidade de autonomia e autocontrole,
a liberdade, a independência do aluno e o desejo de se comprometer do estudante.
GUTIERREZ, Francisco & PRIETO, Daniel. A mediação pedagógica: educação à
distância alternativa. Trad. Edilberto M. Sena & Carlos Eduardo Cortés. Campinas:
Papirus (Educação internacional do Instituto Paulo Freire), 1994.
• De acordo com a definição proposta no Decreto 2.494, de 10.02.1998 a educação a
distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a
mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e
veiculados pelos diversos meios de comunicação.
• No decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005 a educação a distância é
apresentada como sendo uma modalidade educacional na qual a mediação didático-
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pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Texto re-escrito, para fins didáticos, por João José Saraiva da Fonseca com base em
algumas idéias do texto “Educação a Distância: Noções conceituais e a formação
docente” de Guilherme Pereira Lima Filho.
Postado em 10 de junho de 2009 por
João José Saraiva da Fonseca