O documento discute os principais requisitos para a elaboração de material didático para educação a distância, enfatizando a importância de contextualizar os conteúdos levando em conta os saberes e experiências dos alunos.
Material Didatico Em Ead Joao Jose Saraiva Da Fonseca
1. Texto elaborado por João José Saraiva da Fonseca
Material didático em educação a distância
OBJETIVO:
RECONHECER O MATERIAL DIDÁTICO PARA CURSOS A DISTÂNCIA
ENQUANTO ELEMENTO ASSOCIADO A MÚLTIPLAS VARIÁVEIS DE CARÁTER
TECNOLÓGICO, SOCIAL E EDUCACIONAL.
Que paradigmas envolvem o elaborar de material didático para educação à
distância?
Os processos de ensinar e de aprender na educação a distância não ocorrem de
forma simultânea, nem têm lugar em um espaço compartilhado por alunos e
docentes. Por tal motivo, as propostas de ensino na modalidade são mediatizadas
através de materiais.
Tradicionalmente, as preocupações com a produção de materiais para educação à
distância estavam relacionadas com a necessidade de resolver os problemas
produzidos pela ausência de uma relação face a face entre professores e alunos.
Nas últimas décadas uma nova reflexão permitiu gerar novas questões e desafios
em relação às propostas didáticas dos materiais para EAD: como facilitar a
construção do conhecimento do aluno? Como conseguir através do processo de
ensino, desenvolver suas capacidades e seus conhecimentos? Como transmitir o
modo de pensamento do professor? Tais questões estão relacionadas, por um lado,
à preocupação de encontrar maneiras originais de estabelecer comunicações
didáticas valiosas para a construção do conhecimento, e, por outro, a uma nova
reflexão sobre como gerar propostas que reconheçam o valor das interações
mediatizadas na construção do conhecimento. (SOLETIC, 2001)
Quando se elabora material didático para cursos de educação à distância,
freqüentemente acontece que o professor autor exige ao aluno que decifre universos
que estando distanciados de suas próprias vivências, lhes parecerem sem
coerências e estranhos. Determina como o leitor deverá ler e decodificar a
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mensagem e o que o texto quer dizer, ditando inclusive as regras para a sua
avaliação (RAMAL, 2002).
Isto acontece, porque os professores são educados em meios sociais e culturais,
onde aprendem uma linguagem/idioma político e intelectual muito diferente da
utilizada pelo povo no cotidiano. O material didático que você está produzindo, terá
de criar relações de discurso dentro das quais os alunos que revelem o que sabem,
nas palavras em que eles sabem (IRA E FREIRE, 1987).
O aluno tem de ser convidado a participar plenamente na leitura e isso somente
acontecerá se puder reconhecer a sua voz como uma das vozes possíveis do texto
e a partir do que foi lido, ampliar o seu contexto e criar, o seu próprio texto,
realizando a sua leitura e interpretação (RAMAL, 2002).
Em nossa cultura predomina ainda a cultura da lógica linear. Atribuir centralidade no
processo de elaboração do material didático ao aluno, obriga ao professor autor a
dar-se conta da complexidade da realidade. Junto ao que o professor autor e o aluno
sabem, está sempre o que eles desconhecem, o antagônico, reveladores da
pluridimensionalidade da realidade (BOFF, 1998).
O ato de conhecer é o resultante da integração do que os alunos conhecem e de
como isso que conhecem influi em suas vidas, com os conhecimentos ou conteúdos
que são recebidos nos materiais à distância. Ao produzir o material didático, você
deverá contemplar a transmissão de conteúdos, mas levar em consideração os
saberes, idéias, conhecimentos, percepções, práticas, experiências, modos de ser e
de se comportar dos alunos.
O conteúdo deve estar inserido na vida cotidiana a fim de envolver os alunos no
processo de aprendizagem e de facilitar o processo de construção de sentidos, que
é parte da abordagem construtivista através da qual ocorre essa aprendizagem.
Quanto mais os autores puderem relatar suas experiências e o que já sabem do
contexto, mais profundamente os alunos entenderão o que aprendem. O processo
de conectar a aprendizagem do cotidiano à aprendizagem do curso não apenas
confere uma sensação de maior importância aos alunos, mas também os valoriza
como pessoas que têm o próprio conhecimento e que podem aplicá-lo a outros
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contextos. Em uma abordagem colaborativa, faz sentido para os autores que eles
trabalhem em função de problemas, interesses e experiências a compartilhar.
Os tipos de questões feitas para dar início à discussão de um tópico, devem
estimular os alunos a trazerem sua experiência de vida. Devem estimular a criação
de um ambiente no qual os alunos se sintam à vontade para trazer material de
natureza mais pessoal. Se o autor, por exemplo, usar situações reais, o tutor deverá
aproveitar em sala de aula o ensejo e pedir aos alunos para comentarem sobre
determinada situação que viveram e desse modo se motiva o trabalho colaborativo
na solução de outros problemas e situações que enfrentarão ao longo do dia a dia
profissional (Palloff, 2002). O material didático passa a ser o início de um processo e
não o centro desse processo.
A contextualização dos conteúdos complementa-se com outros requisitos
relacionados com seu tratamento e manejo; eis alguns como exemplo:
1. apresentação do material em blocos pequenos, em virtude do princípio
pedagógico que diz que, para a produção e apropriação de conhecimentos, é
melhor trabalhar com poucos conceitos, porém tratados o mais claramente
possível;
2. apoiar os conhecimentos novos em conhecimentos ou informações que já se
experimentaram anteriormente e que oferecem o grau de confiança
necessária, para reiniciar um novo processo de conhecimento;
3. adequar os conteúdos, tanto em quantidade como em profundidade, ao ritmo
de aprendizagem adaptado ao tipo de estudante para o qual se destina o
material;
4. os materiais educativos, elaborados a partir da perspectiva de sua integração
(às vezes contrastação) com os conhecimentos que já tem o estudante,
provocam o desejo de partilhar (interaprendizagem), de aplicar (atividade de
aplicação) ou de produzir (atividade de produção) Gutierrez e Prieto (1991).
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Quais os principais requisitos para a elaboração do material didático para
educação à distância?
No contexto de um programa de educação à distância, para bem cumprir sua
finalidade, o material impresso deve preencher determinados requisitos, ressaltando-
se :
• Atender aos objetivos do curso;
• Ser coerente com a linha pedagógica do curso a qual está inserido;
• Ser elaborado a partir de um conteúdo bem claro e definido;
• Utilizar uma estrutura modular que facilite o entendimento do tema;
• Utilizar linguagem clara e precisa para bem expor as idéias;
• Utilizar vocabulário de acordo com o nível do público que irá interagir com o
texto;
• Utilizar ilustrações, sempre que possível, tornando o visual agradável e
atraente ao aluno;
• Utilizar recursos de diagramação;
• Utilizar recursos tipográficos de forma adequada;
• Conter testes de auto-avaliação;
• Sugerir fontes bibliográficas que complementem o tema.
Partindo do que foi apresentado no texto, reforçado pelos elementos de consulta que
poderão encontrar na sala virtual e de pesquisa na Internet, propomos que
publiquem num blog criado por vocês a resposta às seguintes questões:
- Que preocupações deverá ter o autor de material didático em educação a
distância, na comunicação com o aluno?
- Quais as especificidades que o autor deverá ter quando da elaboração de materiais
didáticos em diferentes suportes midiáticos? Especifique para o material didático
impresso e multimídia.
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5. Texto elaborado por João José Saraiva da Fonseca
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. TV na escola e os desafios de hoje. Brasília: UniRede-
SEED/MEC, 2001.
LANDIM, Cláudia Maria Das Mercês Paes Ferreira. Educação a
Distância: algumas considerações. Rio De Janeiro: Cláudia Maria
Das Mercês Paes Ferreira Landim, 1997.
DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. Petrópolis:
Vozes, 1993.
EDUCNET. Disponível em:
<http://www.cciencia.ufrj.br/educnet/impressm.htm>, acessado
em 03 de abril de 2006.
GUTIERREZ, F, e PRIETO, D. A mediação pedagógica: Educação a
Distância alternativa, São Paulo: Papiros, 1994.
IRA, Shor; FREIRE, Paulo. Medo e ousadia: o cotidiano do
professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
RAMAL. Andréa Cecília. Educação e cibercultura:
hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
PALLOFF, Rena e PRATT, Keith. Construindo Comunidades de
Aprendizagem no CiberEspaço - ArtMed Editora: Porto Alegre,
2002.
SOLETIC, Angeles. A Produção de Materiais escritos nos
Programas de Educação a Distância: Problemas e Desafios. In
LITWIN, Edith (Org). Educação à distância: temas para o debate
de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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