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JB NEWS
Informativo Nr. 1.975
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC
Academia Catarinense Maçônica de Letras (Membro)
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Obreiro)
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Membro Honorário)
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (Correspondente)
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (Correspondente)
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo, 28 de fevereiro de 2016
Bloco 1–Almanaque
Bloco 2-IrNewton Agrella – (Editorial de Domingo) Ter e Ser - Caminhando lado a lado
Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi (Coluna do Irmão João Gira) – Os verdadeiros patriotas
não fazem perguntas
Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – Inglaterra: Maçons, Judeus, Cientistas e o ........
Bloco 5-IrHercule Spoladore – Divagações sobre as Colunas “J” e “B”
Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – Uma Jornada em busca de Luz
Bloco 7-Destaques JB – Hoje com versos do Irmão e Poeta Sinval Santos da Silveira
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 2/37
Caros IIr.,
Com satisfação divulgamos dois livros sobre a Filosofia de Humanitarismo da Maçonaria e sobre a
prática do Rito Schröder,
na tradução (a) e na autoria (b) do Ir. Luiz R. Voelcker, ex-V.M.:
Prezados Irmãos,
a) livro "Maçonaria, uma Filosofia de Humanitarismo" - de Wolfgang Wenng - por mim traduzido - custo: R$15,00 -
mais despesa postal;
b) livro "A Compreenção e a Prática do Rito Schröder" - Grau I, de minha autoria - custo: R$25,00 - mais despesa
postal.
Encomendas para luizvoelcker@via-rs.net , informando nome, endereço, e-mail e telefone para
contato.
A despesa postal fica em torno de R$5,00.
Aos Interessados serão informados os dados para depósito em C/C
Com saudações fraternais, Ir. Luiz R. Voelcker
Ex-V.M. da A.R.L.S. "Zur Eintracht" Nr. 441 - ao Or. de Porto Alegre – RS – Rito Schröder – GORGS
Die Deutschsprachige Freimaurerloge in Brasilien
Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir. Gouveia - Colegiado Diretor
www.colegioschroder.org.br
(51) 9987-4139 (Vivo) – luizvoelcker@via-rs.net
Rumo ao VII SEMINÁRIO Nacional do Rito Schröder – Ir. Kurt Max Hauser, ao Or. de Porto Alegre, dias 11
e 12/11/2016!
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 59º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Cheia)
Faltam 307 dias para terminar este ano bissexto
É o 127º ano da Proclamçaõ da República;
194º da Independência do Brasil e
516º ano do Descobrimento do Brasil
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
L I V R O S
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 3/37

 870 — O Quarto Concílio de Constantinopla é encerrado.
 1525 — América Colonial: o espanhol Hernán Cortés executa último imperador asteca, Cuauhtémoc.
 1644 — Brasil Colônia: holandeses abandonam São Luís do Maranhão, que volta ao domínio português.
 1736 — Por decreto, a Coroa portuguesa, obriga a que o transporte de ouro, diamantes e outras pedras
preciosas do Brasil, se faça exclusivamente nos cofres das frotas.
 1854 — O primeiro desfile de carros alegóricos durante o carnaval no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro.
 1897 — A Rainha Ranavalona III, a última monarca de Madagáscar (ou Madagascar), é deposta pelas tropas
militares da França.
 1904 — Fundado o Sport Lisboa e Benfica, um dos mais populares clubes de Portugal.
 1912 — No Missouri (Estados Unidos) Albert Perry, capitão norte-americano realizou o primeiro salto
de pára-quedas de um avião.
 1914 — Carlitos (em Portugal, Charlot), interpretado por Charlie Chaplin, aparece pela primeira vez
no cinema, em Between Showers.
 1922 — A independência do Egito foi reconhecida pelo Reino Unido, que mesmo assim continuou com o
controle do Canal de Suez.
 1960 — Cerimônia de abertura da I Universíada de Inverno em Villars, Suíça.
 1964 — Paulínia é emancipada, separando-se de Campinas.
 1966 — Foi fechado definitivamente o local das primeiras apresentações dos Beatles, o bar Cavern Club.
 1974 — Depois de sete anos de desentendimentos, Estados Unidos e Egito restabelecem relações
diplomáticas.
 1986 — Com medidas para conter a inflação e estabilizar a economia foi decretado no Brasil o Plano Cruzado.
A nova moeda substitui o cruzeiro, com o corte de três zeros (mil cruzeiros passaram a valer um cruzado).
 1991 — Fim da Guerra do Golfo.
 1994 — Aviões americanos abateram quatro aviões iugoslavos na Bósnia, na primeira ação militar da OTAN.
 1996 — No Reino Unido a princesa Diana concordou em se divorciar do príncipe Charles.
 1997 — Um sismo de magnitude 5,5 na escala de Richter, sentido no noroeste do Irão (Irã), provoca cerca de
1100 mortos e entre 40 a 60 mil feridos.
 2010 — Cerimônia de encerramento dos XXI Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, Canadá.
 2013 — Termina o pontificado de Bento XVI, que anunciou sua renúncia do dia 11 de fevereiro do mesmo
ano.
 2014 — A Universidade de Guadalajara, no México, ganha o reconhecimento de "benemérita" pelo congresso
do estado de Jalisco.
1821 Decreto desta data transforma a antiga Capitania, em Província de Santa Catarina.
1934 Leis nrs. 526 e 527 criam, respectivamente, os municípios de Indaial e Timbó, ambos
desmembrados de Blumenau.
1952 Morre, em Florianópolis, a professora Antonieta de Barros. Lecionou nos Colégios Coração de
Jesus e Dias Velho. Poetisa e cronista deixou vários trabalhos publicados. Foi deputada estadual em
duas legislaturas, sendo a primeira mulher negra a ocupar o legislativo catarinense.
1962 Lei nº 814 cria o município de Itapema, desmembrado de Porto Belo.
Fatos históricos de santa Catarina
Eventos históricos - (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki)
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 4/37
1533 Nasce Michel de Montaigne, filósofo francês, autor dos “Ensaios”.
1866 Fundação da Grande Loja de Nova Scotia, Canadá.
1899 Fundação da GL de Western Australia
1998 Fundação da Loja “Energia e Luz” (GOB/SC) em Capivari de Baixo.
2005 Fundação do Grande Oriente Estadual de Tocantins, federado ao GOB.
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Blog (fraternalhug.com/blog):
Fatos maçônicos do dia
(Fontes: “O Livro dos Dias” do Ir João Guilherme - 20ª edição e arquivo pessoal)
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Ir.`. Newton Agrella - Cim 199172
M I Gr 33 - Loja Luiz Gama Nr. 0464 (GOSP/GOB)
e Loja Estrela do Brasil nr. 3214 (GOSP/GOB)
REAA - GOSP - GOB
newagrella@gmail.com
"TER e SER - CAMINHANDO LADO A LADO"
============================
Ao estabelecermos uma relação entre dois verbos que segmentam cada momento das
nossas vidas como uma espécie de bússola de nossas orientações deparamo-nos em
grande parte com tudo aquilo que revela os nossos caminhos.
Foi justamente num instante prosaico em que minha esposa e eu conversávamos sobre a
questão de comportamentos e os Valores que trazemos dentro de nós que inspirou-me a
discorrer sobre esse tema: Ser e Ter.
Dois verbos acostumados a caminhar lado a lado nas mais diferentes formas gramaticais -
sejam como verbos principais ou como verbos auxiliares - seja no idioma que for, mas o que
é inegável é o poder de concentração de idéias e funções que ambos empreendem.
Notadamente do ponto de vista das relações humanas "TER" assume uma identidade mais
impactante, pois via de regra como verbo principal enseja a idéia da Posse, da Propriedade,
da Conquista, da Ostentação e do Poder.
É o verbo que estimula a busca incessante da exaltação da riqueza e do consumo...
Empolga e inebria os incautos levando-os a sensações ilusórias de superioridade e por que
não dizer de "deslumbramento".
Vale porém lembrar que "TER" na grande maioria dos casos remete a uma situação
esporádica, quando não transitória, posto que as oscilações da vida, sejam de natureza
2 – Editorial de Domingo – Ter e Ser – Caminhando lado a lado
Newton Agrella
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 6/37
física, econômica ou de perdas pessoais são exemplos claros de quão volúveis são as
circunstâncias que nos cercam e sob essa ótica o verbo ganha um aspecto relativamente
incerto na sua essência e significado semânticos.
É o homem se prostrando diante de suas limitações...
Do outro lado da moeda, deparamo-nos com o verbo que indica o nosso estado de alma, de
espírito e de situação e que se constitui no verdadeiro paradigma de nossa existência
perante o Universo.
É o verbo SER - que administra e cumpre seu papel de guardião de todos os nossos
instintos, dos valores mais intimos e atávicos que trazemos em nossos genes como herança
de nossos ancestrais.
SER é o verbo que traduz na sua própria conjugação aquilo que SOMOS.
E é nesse sentido que verbo SER expõe a sua alma como a vitrine e o raio X do que
realmente existe dentro de nós.
Valorizar o que se "É" em detrimento do que "TEM" parece um processo muito complicado
para se digerir e argumentar.
Exemplo crasso dessa defasagem se observa na própria Maçonaria onde a valorização da
posse em diversas ocasiões se sobrepuja ao do mero reconhecimento da essência e dos
valores pessoais, éticos e morais de um Irmão.
Não se está arrogando ou sugerindo aqui que o ser humano não deva valorizar as suas
conquistas ou desmerece-las.
Em absoluto.
O único exercício que se está propondo é o da comparação das Idéias e fundamentos
contidos na percepção de quem enxerga o mundo sob diferentes ângulos e que se dispõe a
compartilhar dos Pensamentos como forma de buscar o equilíbrio das Ações.
TER e SER não se desassociam simplesmente porque fazem parte da Linguagem Humana e
das duas margens do rio que flui perene como a própria literalidade da Vida.
Fraternalmente
Ir Newton Agrella - M I Gr.´. 33 REAA
Membro Ativo da ARLS LUIZ GAMA Nr. 0464 - GOSP-GOB
e da ARLS ESTRELA DO BRASIL Nr. 3214 - GOSP-GOB
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 7/37
O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja
“Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do
“Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite”
Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco.
OS VERDADEIROS PATRIOTAS FAZEM PERGUNTAS
“Não é função de nosso governo impedir que o cidadão caia em erro; é
função do cidadão impedir que o governo caia em erro”.
(Robert Jackson, juiz da Suprema Corte dos EUA, 1950).
É um fato da vida em nosso pequeno planeta sitiado que a tortura disseminada, a fome e a
irresponsabilidade criminosa das autoridades sejam mais prováveis nos governos tirânicos do que nos
democráticos. Por quê? Porque é muito menos provável que os governantes dos primeiros sejam
depostos pelos seus malefícios do que os governantes dos últimos. Esse é o mecanismo de correção
de erros na política.
Os métodos da ciência - com todas as suas imperfeições - podem ser usados para aperfeiçoar os
sistemas sociais, políticos e econômicos, e isso vale, na minha opinião, para qualquer critério de
aperfeiçoamento que se adotar. Mas como é possível, se a ciência se baseia em experimentos? Os
humanos não são elétrons, nem ratos de laboratório. Mas toda lei do Congresso, toda decisão da
Suprema Corte, toda diretriz presidencial de segurança nacional, toda mudança na taxa de juro
preferencial é um experimento. Toda mudança na política econômica, todo aumento ou decréscimo
no financiamento do programa educacional, todo endurecimento das sentenças criminais é um
experimento. Usar agulhas descartáveis, distribuir preservativos grátis ou descriminar a maconha são
experimentos. O comunismo na Europa oriental, na União Soviética e na China foi um
experimento. Privatizar o sistema de saúde mental ou as prisões é um experimento. O fato de o Japão
e a Alemanha Ocidental terem investido muito em ciência e tecnologia e quase nada em defesa - e
terem descoberto que suas economias floresceram - foi um experimento. Em quase todos esses casos,
não se fazem experimentos de controle adequados, nem as variáveis são suficientemente isoladas.
Ainda assim, até certo grau, com frequência útil, as idéias políticas podem ser testadas. O grande
desperdício seria ignorar os resultados dos experimentos sociais por parecerem ideologicamente
intragáveis.
Não existe atualmente nenhuma nação na Terra em condições ótimas para a metade do século
XXI. Enfrentamos uma abundância de problemas sutis e complexos. Portanto, precisamos de
soluções sutis e complexas. Como não existe teoria dedutiva da organização social, o nosso único
recurso é o experimento científico - tentando às vezes em pequenas escalas (por exemplo, em nível
3 – Coluna do Irmão João Gira
(Os verdadeiros patriotas fazem perguntas) - João Ivo Girardi
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 8/37
da comunidade, cidade e estado) uma ampla gama de alternativas. Quando alguém se tornava
primeiro-ministro na China no século V a.C., uma das prerrogativas do poder era que ele começava a
construir um estado-modelo em seu distrito ou província natal. O grande fracasso de sua vida,
lamentava Confúcio, foi nunca ter chegado a desfrutar dessa experiência.
Até um exame casual da história revela que nós, humanos, temos uma tendência triste de cometer
os mesmos erros mais de uma vez. Temos medo de estranhos ou de qualquer pessoa que seja um
pouco diferente de nós. Quando ficamos com medo, começamos a maltratar as pessoas. Temos
botões de fácil acesso que liberam emoções poderosas ao serem apertados. Manipulados por
políticos inteligentes, podemos chegar até o mais alto grau de irracionalidade. Dêem-nos o tipo
certo de líder e, como os pacientes mais sugestionáveis dos hipnoterapeutas, faremos alegremente
quase tudo o que ele quiser, mesmo coisas que sabemos estarem erradas. Os idealizadores da
Constituição eram estudiosos de história. Por reconhecer a condição humana, procuraram inventar
um meio de nos manter livres a despeito de nós mesmos.
As descobertas e as atitudes científicas eram comuns naqueles que inventaram os Estados
Unidos. A autoridade suprema, superior a qualquer opinião pessoal, a qualquer livro, a qualquer
revelação, eram - como diz a Declaração da Independência - as leis da natureza e do DEUS da
natureza. Benjamin Franklin era respeitado na Europa e na América como o fundador da nova área
da física elétrica. Na Assembléia Constituinte de 1789, John Adams recorreu repetidamente à
analogia do equilíbrio mecânico nas máquinas; outros, à descoberta de William Harvey da circulação
do sangue. No final da vida, Adams escreveu: Todos os homens são químicos desde o berço até o
túmulo... O Universo Material é uma experiência química. James Madison usou metáforas
químicas e biológicas em The federalist papers. Os revolucionários norte-americanos eram
criaturas do Iluminismo europeu, o que nos dá um pano de fundo essencial para compreender as
origens e o objetivo dos Estados Unidos.
A ciência e seus corolários filosóficos, escreveu o historiador norte-americano Clinton Rossiter,
foram talvez a força intelectual mais importante que moldou o destino dos Estados Unidos no século
XVIII [...]. Franklin era apenas um dentre vários colonos de visão avançada que reconheciam o
parentesco do método científico e do procedimento democrático. O livre exame, a livre troca de
informações, o otimismo e a autocrítica, o pragmatismo, a objetividade - todos esses ingredientes da
futura república já estavam ativos na república científica que floresceu no século XVIII.
Thomas Jefferson era cientista. Jefferson foi um de meus primeiros heróis, não por causa de
seus interesses científicos (embora eles tenham ajudado a moldar a sua filosofia política) mas porque,
talvez mais do que qualquer outra pessoa, foi responsável pela propagação da democracia em todo o
mundo. A idéia - emocionante, radical e revolucionária na época (em muitos lugares do mundo
continua a ser) - é que as nações não devem ser governadas pelos reis, nem pelos padres, nem pelos
chefões das grandes cidades, nem pelos ditadores, nem por um conluio militar, nem por uma
conspiração de facto dos ricos, mas pelas pessoas comuns, trabalhando juntas. Jefferson não era
apenas um teórico influente dessa causa; também estava envolvido na prática, ajudando a criar a
grande experiência política norte-americana, que desde então tem sido admirada e imitada em todo o
mundo.
Numa carta redigida alguns dias antes de sua morte, ele anotou que a luz da ciência é que tinha
demonstrado que a maioria da humanidade não nascera com selas nas costas, nem uns poucos
privilegiados de botas e esporas. Na Declaração da Independência, escrevera que nós todos devemos
ter as mesmas oportunidades, os mesmos direitos inalienáveis. E, se a definição de todos estava
vergonhosamente incompleta em 1776, o espírito da declaração era bastante liberal para que hoje
esse todos seja muito mais inclusivo. Jefferson ensinou que todo governo degenera, quando fica
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 9/37
entregue apenas aos governantes, porque estes - pelo próprio ato de governar - abusam da
confiança pública.
Quando consideramos os fundadores de nossa nação - Jefferson, Washington, Samuel e John
Adams, Madison e Monroe, Benjamin Franklin, Tom Paine e muitos outros -, temos diante de nós
uma lista de pelo menos dez e talvez até dezenas de grandes líderes políticos. Eles tinham uma boa
educação. Produtos do Iluminismo europeu, eram estudiosos da história. Conheciam a falibilidade, a
fraqueza e a corruptibilidade humanas. Eram fluentes na língua inglesa. Escreviam seus próprios
discursos. Eram realistas e práticos, e ao mesmo tempo motivados por princípios elevados. Não
verificavam as pesquisas de opinião para saber o que pensar naquela semana. Sabiam o que pensar.
Tinham familiaridade com o pensamento de longo prazo, planejando um futuro bem mais distante do
que a próxima eleição. Eram auto-suficientes, não precisando das carreiras do político e lobista
para ganhar a vida. Eram capazes de revelar o melhor entre nós. Interessavam-se pela ciência, e pelo
menos dois deles eram versados nela. Tentaram determinar um rumo para os Estados Unidos a longo
prazo - muito menos pelo estabelecimento de leis do que pela imposição de limites aos tipos de lei
que podiam ser aprovados.
Uma das razões para a Constituição ser um documento ousado e corajoso é que ela permite
mudança contínua, até da própria forma de governo, se assim desejar o povo. Como ninguém é
bastante sábio para prever as idéias que vão suprir necessidades sociais urgentes - mesmo que elas
sejam contrárias à intuição e tenham sido perturbadoras no passado -, esse documento tenta garantir a
expressão mais plena e livre de todas as opiniões.
Há certamente um preço. A maioria de nós é a favor da liberdade de expressão quando há o perigo
de nossas opiniões serem reprimidas. Mas não ficamos assim tão contrariados quando opiniões que
desprezamos enfrentam um pouco de censura aqui e ali. No entanto, dentro de certos limites
rigorosamente circunscritos.
Ainda que façam troça dos valores judaicos, cristãos e islâmicos, ainda que ridicularizem tudo o
que é caro para a maioria de nós, os adoradores do Diabo (se é que existem) têm o direito de praticar
a sua religião, desde que não violem nenhuma lei constitucionalmente válida.
Os indivíduos ou grupos têm a liberdade de afirmar que uma conspiração judaica ou maçônica
está tomando conta do mundo, ou que o governo federal fez um pacto com o Diabo.
Os indivíduos têm a liberdade, se assim quiserem, de elogiar a vida e a política de indiscutíveis
assassinos de massa como Adolf Hitler, Josef Stalin e Mao Zedong. Até as opiniões detestáveis têm o
direito de ser ouvidas.
Tom Clark, procurador geral da República e, portanto, o principal responsável pelo cumprimento
das leis nos Estados Unidos, ofereceu em 1948 a seguinte sugestão: Aqueles que não acreditam na
ideologia dos Estados Unidos não devem ter permissão de permanecer nos Estados Unidos. Mas,
se há uma ideologia primordial e característica dos Estados Unidos é que não há ideologias
obrigatórias ou proibidas.
Em seu famoso livrinho On liberty, o filósofo inglês John Stuart Mill afirmava que silenciar uma
opinião é um mal peculiar. Se a opinião é correta, somos roubados da oportunidade de trocar o erro
pela verdade; e, se está errada, somos privados de uma compreensão mais profunda da verdade em
sua colisão com o erro. Se conhecemos apenas o nosso lado da argumentação, mal sabemos sequer
esse pouco; ele se torna desgastado, logo aprendido de cor, não testado, uma verdade pálida e sem
vida.
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 10/37
Em questões de direito penal, a Declaração de Direitos reconhece a tentação em que podem cair a
polícia, os promotores e o Judiciário, no sentido de intimidar as testemunhas e apressar a punição. O
sistema de justiça criminal é falível: pessoas inocentes podem ser punidas por crimes que não
cometeram; os governos são perfeitamente capazes de forjar acusações falsas contra aqueles que, por
razões que nada têm a ver com o suposto crime, não lhes agradam.
As novas idéias, a invenção e a criatividade em geral sempre estão na vanguarda da promoção de um
tipo de liberdade - um desvencilhar-se das restrições claudicantes. A liberdade é um pré-requisito
para continuar a delicada experiência da ciência - tendo sido uma das razões pelas quais a União
Soviética não pôde continuar sendo um Estado totalitário e tecnologicamente competitivo. Ao
mesmo tempo, a ciência - ou melhor, a sua delicada mistura de abertura e ceticismo, e o seu estímulo
à diversidade e ao debate - é um pré-requisito para continuar a delicada experiência da liberdade
numa sociedade industrial e altamente tecnológica.
Uma vez questionada a insistência religiosa na visão predominante de que a Terra estava no
centro do Universo, por que se deveriam aceitar as afirmativas repetidas e conflitantes dos líderes
religiosos no sentido de que Deus enviou reis para nos governar? No século XVII, era fácil enfurecer
o júri a respeito desta impiedade ou daquela heresia. Eles estavam dispostos a torturar as pessoas até
a morte em nome de suas crenças. No final do século XVIII, já não tinham tanta certeza.
A Declaração de Direitos desatrelou a religião do Estado, em parte porque muitas religiões
estavam impregnadas de um espírito absolutista - cada uma convencida de que só ela tinha o
monopólio da verdade e, assim, ansiosa para que o Estado impusesse essa verdade aos outros.
Muitas vezes, os líderes e os praticantes das religiões absolutistas eram incapazes de perceber
qualquer meio-termo ou de reconhecer que a verdade poderia se apoiar em doutrinas aparentemente
contraditórias e abraçá-las.
Os idealizadores da Declaração de Direitos tinham diante dos olhos o exemplo da Inglaterra, onde
o crime eclesiástico da heresia e o crime secular da traição haviam se tornado quase indistinguíveis.
Muitos dos primeiros colonos vieram para os Estados Unidos fugindo da perseguição religiosa,
embora alguns deles ficassem bastante contentes em perseguir outras pessoas por causa de suas
crenças. Os fundadores de nossa nação reconheceram que uma relação estreita entre o governo e
qualquer uma das religiões conflitantes seria fatal para a liberdade - e prejudicial à religião. O juiz
Black em 1962 descreveu a cláusula da Igreja oficial na primeira emenda da seguinte maneira: O seu
objetivo primeiro e mais imediato se baseava na crença de que a união do governo e da religião
tende a destruir o governo e a degradar a religião. Além do mais, a separação dos poderes também
funciona nesse ponto. Cada seita e culto, como observou certa vez Walter Savage Landor, é um
controle moral exercido sobre os outros: A competição é tão saudável na religião como no comércio.
Mas o preço é elevado; essa competição é um obstáculo a que grupos religiosos, agindo em
harmonia, tratem do bem comum.
Ora, não adianta ter esses direitos, se não os usamos - o direito à liberdade de expressão quando
ninguém contradiz o governo, à liberdade da imprensa quando ninguém está disposto a fazer as
perguntas difíceis, o direito de reunião quando não há protestos, o sufrágio universal quando menos
da metade do eleitorado vota, a separação da Igreja e do Estado quando o muro entre eles não passa
por uma manutenção regular. Pelo desuso, eles podem se tornar nada mais que objetos votivos,
palavreado patriótico. Direitos e liberdades: use-os ou perca-os.
Devido à previsão dos idealizadores da Declaração de Direitos - e ainda mais a todos aqueles que,
com risco pessoal considerável, insistiram em exercer esses direitos -, é difícil agora prender a
liberdade de expressão numa garrafa. Os comitês das bibliotecas escolares, o serviço de imigração, a
polícia, o FBI - ou o político ambicioso à cata de votos - podem tentar reprimi-la de tempos em
tempos, porém mais cedo ou mais tarde a rolha explode. A Constituição é afinal a lei da nação, os
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 11/37
funcionários públicos juraram preservá-la, e os ativistas e os tribunais de vez em quando impedem
o fogo...
Entretanto, devido a padrões educacionais mais baixos, competência intelectual em declínio, gosto
diminuído pelo debate substantivo e sanções sociais contra o ceticismo, as nossas liberdades podem
sofrer um processo lento de erosão e os nossos direitos podem ser subvertidos. Os fundadores
compreenderam tudo isso muito bem: O momento de estabelecer legalmente todos os direitos
essenciais é quando os nossos governantes são honestos e nós mesmos estamos unidos, disse
Thomas Jefferson.
Conhecer o valor da liberdade de expressão e das outras liberdades garantidas pela Declaração de
Direitos, saber o que acontece quando não temos esses direitos e aprender a exercê-los e protegê-los
deveria ser um pré-requisito essencial para ser cidadão norte-americano ou, na verdade, cidadão de
qualquer nação, ainda mais se esses direitos continuam desprotegidos. Se não podemos pensar por
nós mesmos, se não estamos dispostos a questionar a autoridade, somos apenas massa de manobra
nas mãos daqueles que detêm o poder. Mas, se os cidadãos são educados e formam as suas próprias
opiniões, aqueles que detêm o poder trabalham para nós. Em todo país, deveríamos ensinar às nossas
crianças o método científico e as razões para uma Declaração de Direitos. No mundo assombrado
por demônios que habitamos em virtude de seres humanos, talvez seja apenas isso o que se
interpõe entre nós e a escuridão circundante.
Finalizando: O texto acima foi condensado do livro O Mundo Assombrado pelos Demônios, 1995,
de Carl Sagan. Este último capítulo foi escrito pela sua esposa Ann Druyan. - Nunca pus os pés nos
Estados Unidos, mas admiro esta nação pela democracia, pela sua pujança tecnológica, pela
meritocracia e principalmente porque, seus valores estão enraizados nos conceitos maçônicos de
seus fundadores. E o nosso Brasil? Qual o grau de valores ideológicos, intelectuais e morais dos
dois últimos presidentes? Qual o seu passado? Pobre Brasil, pátria educadora. Não me procurem no
dia 13 de março pois não estarei em casa. (JIG).
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 12/37
O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves*
escreve aos domingos.
INGLATERRA: MAÇONS, JUDEUS, CIENTISTAS E O ARQUÉTIPO
DO TEMPLO DE SALOMÃO NOS PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA
ESPECULATIVA. RABBI JACOB JUDAH LEON, ELIAS ASHMOLE,
ISAAC NEWTON E OUTROS.
*Irmão José Ronaldo Viega Alves
ronaldoviega@hotmail.com
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Oriente de S. do Livramento – RS.
“Tem sido amiúde despertada a atenção para o grande interesse público
pelo Templo do Rei Salomão, assim na Inglaterra como no Continente,
no início do século XVIII, mais ou menos na ocasião em que a instituição
da Maçonaria Especulativa começava a tomar forma definida.” (Pág. 29,
“O Templo de Salomão na Tradição Maçônica”, de Alex Horne)
INTRODUÇÃO
A Maçonaria, e isso já foi objeto de estudo em meu livro “Maçonaria e Judaísmo:
Influências?”, para uns é tida como judaica em sua origem, ou (pasmem!!!) um instrumento dos judeus
para seus planos sinistros e conspiratórios com vistas à dominação do mundo, além de um sem fim de
ideias malucas que circulam na Internet e que estão sempre sendo alimentadas, requentadas e
repassadas com títulos mutantes para chamar a atenção dos incautos e ignorantes. O pior de tudo é
que, tem quem acredite. Existe embutida nessas teorias, ainda, o uso milenar aquele do famoso
estereótipo ou figura do judeu como bode expiatório, com o propósito de servir a outras causas
também, normalmente a religiosos fanáticos e radicais, se é que se pode chamar de religioso quem é
fanático e radical.
Mas, se a caravana passa enquanto os cães ladram, vamos seguindo em frente.
Analisando a Maçonaria do ponto de vista das suas influências, das contribuições recebidas durante o
transcorrer da sua história, muito da cultura judaica, da história judaica e da religião judaica está
presente sim em seu âmbito, assim como, há influência e muita da filosofia grega, das escolas de
mistério dos gregos, dos egípcios e de muitas outras civilizações antigas, ou seja, o que faz por
comprovar que a Maçonaria não segue os preceitos desta e daquela filosofia, ou cultura em particular,
mesmo que muitos insistam em tentar provar o contrário, mas, absorveu ao longo da sua trajetória uma
síntese universal das ideias, do pensamento e das conquistas do conhecimento humano no campo
filosófico de uma maneira geral, o que vai de encontro ao pensamento do saudoso Irmão, o estudioso
Theobaldo Varoli Filho.
No entanto, palavras sagradas e hebraicas, são utilizadas na Maçonaria, ao longo dos
Graus e dos mais diversos Ritos, assim como lendas e alegorias judaicas, de maneira comprovada. A
4 –
INGLATERRA: MAÇONS, JUDEUS, CIENTISTAS E O ARQUÉTIPO DO TEMPLO DE
SALOMÃO NOS PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA ESPECULATIVA. RABBI JACOB
JUDAH LEON, ELIAS ASHMOLE, ISAAC NEWTON E OUTROS.
José Ronaldo Viega Alves
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verdade é bastante simples, já que a fonte disso tudo é a Bíblia. E aqui não vamos entrar em detalhes
sobre a Toráh ou Velho Testamento, sobre o Novo Testamento e porque não outro Livro Sagrado
sobre o Altar... Todos sabemos que a Maçonaria durante um longo período da sua história esteve sob
a influência da Igreja Católica, assim como, depois, sob uma forte influência anglicana, ou que a
maioria dos ritos são teístas, além de outras tantas questões, motivo de infindáveis discussões que
envolvem questões de ordem das religiões, se a Maçonaria não é religião...
O propósito maior deste trabalho é resgatar não essas influências que sabemos já
existirem e onde poderíamos incluir, em se considerando, o universo judaico, que é o assunto em
questão, um pouco da Cabala também, mas, o objetivo mesmo é um pouco diferente, é descobrir quem
teriam sido, alguns pelos menos desses judeus, quais seus nomes, de como participaram ou influíram
na Maçonaria, quais aqueles que se destacaram mais, principalmente na chamada fase de transição e
se formos um pouco além, nos começos da Especulativa na Inglaterra, onde, sabidamente, a partir do
retorno deles ( os judeus, e agora em sua maioria sefaradim) à Inglaterra, houve sua efetiva
participação nos templos maçônicos, e tudo coincidindo com a época essa em que recém começavam
a serem substituídos os lugares de reuniões dos maçons, já que não fazia muito eram realizadas nas
salas traseiras das tabernas e estalagens, que agora estavam sendo substituídas por edifícios
construídos especialmente com a finalidade de abrigarem os templos maçônicos.
O trabalho pode pender para algumas digressões, mas, só aparentemente, e em
alguns momentos. Os fins justificam os meios, pois, há interconexões entre os nomes todos, uns
aparecendo mais cedo, outros aparecendo mais tarde. Por outro lado, há que se fazer desaparecer
alguns fantasmas também. Um exemplo: Elias Ashmole, em um trabalho que li recentemente, é
descrito como de origem judaica, o que não é verdade, então, isso também será esclarecido. Isaac
Newton, o grande cientista, tinha um grande fascínio pelo Templo de Salomão, tendo dedicado a esse
arquétipo uma atenção toda especial em alguns dos seus escritos... Bem, numa época como aquela
em que o presente trabalho faz desembarcar a sua máquina do tempo, mais precisamente nos séculos
XVII e XVII, havia muitas mudanças em curso, muitas influências sendo trocadas, conexões sendo
estabelecidas, e particularmente a Maçonaria vinha sofrendo sua mudança radical, onde os Maçons
Aceitos, e o seu tipo diferente de cultura, envolvendo conhecimentos de ciência, filosofia e o deísmo,
vinham aportando na Maçonaria há alguns anos. A Inglaterra, os judeus, os Maçons, os cientistas, os
rabinos, a Maçonaria, o Templo de Salomão e muito mais fazem parte do cenário ou do trabalho este
que começa a ser desenvolvido a partir de agora. Uma pergunta que até pode ser considerada em tom
de digressão é: Até que ponto, a ideia e o mito do Templo de Salomão, nos primórdios da Maçonaria
Especulativa, num despontar dos primeiros Templos Maçônicos, pode ter recebido o reforço e a
influência desses judeus que compartilhavam daquela mesma atmosfera?
OS JUDEUS NA INGLATERRA ATÉ SUA EXPULSÃO EM 1290: UM CAPÍTULO DO
ANTISSEMITISMO
O historiador britânico Paul Johnson escreveu “História dos Judeus”, livro que acabou se
tornando um clássico, e onde ele faz um levantamento de 4000 anos da história judaica.
No capítulo três dessa obra monumental, é dada ênfase à história dos judeus na
Inglaterra, e que não é muito diferente daquelas em outros países em que eles estiveram presentes, ou
seja, uma história conturbada, onde o preconceito, as perseguições, a injustiça e o ódio antissemita
eram a tônica.
Vejamos o que diz Paul Johnson sobre os primeiros judeus em solo inglês:
“Houvera poucos judeus, ou sequer nenhum, na Inglaterra anglo-saxônica. Vieram, juntamente com
muitos outros imigrantes flamengos, na esteira da invasão de Guilherme, o Conquistador. A metade
deles estabeleceu-se em Londres, porém comunidades judaicas brotaram em York, Winchester,
Lincoln, Canterbury, Northampton e Oxford. Não havia bairros judeus, mas normalmente duas ruas
judias, uma para judeus abastados, a outra para os pobres: assim, em Oxford, perto de St. Aldates,
havia a Grande Rua da Comunidade Judaica e o Pequeno Beco da Comunidade Judaica. (...) Em
Norwich, os judeus viviam junto à praça do mercado e ao castelo(por segurança), mas estavam
entremeados com cristãos. Sua principal atividade era o prestame, o empréstimo de dinheiro, para
segurança de terras e locações. Também eram penhoristas. Alguns judeus ingleses eram médicos.”
Naquela época os sentimentos antissemitas eram muito fortes, e por conta do
preconceito, os boatos, os mitos e as mentiras acerca dos judeus eram disseminados aos quatro
cantos, quando não surgiam de uma hora para outra acusações e injúrias que tomavam grandes
proporções. A morte de uma criança cristã, certa vez, perto do período da Páscoa, foi o estopim para
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uma avalanche de ódio incontrolável contra os judeus, onde foram acusados de praticarem rituais com
crianças cristãs, e outras barbaridades, sendo que a partir daí sempre que acontecia a morte de
criança, praticamente a culpa sempre era atribuída aos judeus por conta de seus costumes, onde, os
sacrifícios com vítimas inocentes cristãs, das quais extraíam o sangue para ser utilizados em rituais,
enfim, um verdadeiro festival de baboseiras que normalmente acabavam em repressão total, expulsão
ou enforcamento, tudo com o devido aval das autoridades, principalmente o Papa e os seus demais
representantes, e sem que tivesse que haver, necessariamente, qualquer prova em contrário ou direito
à defesa.
Outras acusações contra os judeus do tipo: roubos de hóstias ou até mesmo de haver
circuncidado um menino cristão à força, renderam lá por cerca do ano 1240 vários enforcamentos. O
mito do assassinato ritual que teve origem em 1144 em Norwich, reapareceu em Lincoln em 1155; em
Gloucester em 1168; em Bury St. Edmunds em 1181; em Bristol em 1183; em Londres em 1189 e no
ano seguinte, em Norwich novamente... A cada festa da Páscoa, acontecia um massacre de judeus.
Afora isto, outras questões envolvendo o exercício da agiotagem, do empréstimo de dinheiro (que por
um período da Idade Média, de acordo com a ótica cristã, eram funções afetas aos judeus, na
realidade só serviu para que fosse criado esse outro mito: o do judeu e a sua atração pelo dinheiro,
assim como a sua ganância. Na realidade, a raiz disso tudo é mesmo uma imposição dos cristãos, ou
dessa fábrica de mitos contra os judeus que era a Igreja medieval e que alimentava durante todo o
tempo para se locupletar) O dinheiro era uma obsessão para os cristãos tanto quanto podia ser para
os judeus, e a verdade também é que mesmo sob todas as adversidades e restrições impostas, havia
judeus conseguindo prosperar, não por muito tempo, lógico, pois, para os resultados auferidos, dava-
se um jeito, legal ou ilegal, de que fosse parar nas mãos dos cristãos. Essa sim, era uma conspiração
silenciosa, a que envolvia o Papa, a nobreza, os clérigos, contra os judeus, além daquelas outras
manifestações mais ruidosas de parte do povo que acabavam sempre em linchamentos,
enforcamentos, chacinas, além de prejuízos materiais para os judeus. O castigo, para os judeus, vinha
de todos os lados. Quando não eram as cruzadas, eram os massacres, muitas vezes perpetrados por
personagens que entraram para a história como sendo heróis, quando foram exterminadores
sanguinários dos judeus, a exemplo de Ricardo Coração de Leão. Esse panorama de confiscos, mortes
e difamações aos judeus se prolongou até tudo acabar com a expulsão deles da Inglaterra em 18 de
julho de 1290. Certamente, não havia mais o que explorar e um grande confisco já havia sido feito.
Nesse dia, a cristandade deu mais uma mostra de sua milenar intolerância e dificuldade para lidar com
os judeus, expulsando-os de toda a Inglaterra. Nessa época, o rei era Eduardo I.
Oficialmente, os judeus somente retornariam à Inglaterra em 1656. Portanto, foi com
desconhecimento de causa, conforme o historiador Gerald Messadié, que William Shakespeare criou
seu famoso personagem, o judeu Shylock, pois, já não havia judeus na Inglaterra há cerca de três
séculos. Shakespeare, na realidade, estava explorando um mito que assombrava as imaginações do
povo inglês.
QUEM FOI LEON TEMPLO OU RABBI JACOB JUDAH LEON?
O Irmão Leon Zeldis, de Israel, escreveu um artigo, publicado na revista “A Trolha”,
intitulado “Leon Templo – Rabbi Jacob Judah Leon”, personagem que iremos ficar conhecendo agora,
através de alguns trechos retirados do mesmo:
“O Rabino Jacob Judah Leon (1602-1675), conhecido como Leon Templo, tem um lugar especial na
história da Maçonaria, embora não existam provas de que ele tenha sido Maçom, ou que tenha visitado
uma loja. Sabe-se que seu trabalho impressionou Lawrence Dermott, o primeiro Grande Secretário da
Grande Loja dos Antigos, que utilizou os esboços de Leon Templo para basear os paramentos dos
Antigos, quando as duas Grandes Lojas da Inglaterra se uniram, formando em 1813 a Grande Loja
Unida. Uma questão histórica interessante é a possível existência de uma organização maçônica em
Amsterdã, a qual permitia o ingresso de Judeus, anterior à criação da Primeira Grande Loja de
Londres. Existem duas indicações que sinalizam essa possibilidade.
Dermott, na segunda edição do Ahiman Rezon – o Livro das Constituições da Grande
Loja dos Antigos – publicado em 1764, chama Templo de ‘the famous and learned Hebrewist (sic) J,
Architect and brother (o famoso e estudioso hebraísta (sic) J, arquiteto e irmão)’. Historiadores tem
geralmente descartado a palavra ‘irmão’, considerando-a como um erro ou apelido. No entanto, sabe-
se que Leon tinha contato com a comunidade judaica de Livorno.”
O texto prossegue, citando sobre o fato dele possuir uma filha que estava casada com um
judeu de Livorno, cidade que se transformara em um refúgio para judeus sefarditas, aqueles fugidos
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da Inquisição espanhola, e além do mais, quando a Maçonaria chegou à Itália, Livorno se tornou uma
espécie de centro da atividade maçônica. No período compreendido entre 1815 e 1860, das 34 Lojas
que havia na Itália, 19 estavam em Livorno, sendo que muitos membros eram judeus, o que pode ser
considerado de um interesse incomum.
Voltando ao nosso Jacob Judah Leon, ele nasceu em 1602, perto de Coimbra, Portugal.
Quando os judeus passaram a ser perseguidos de maneira mais intensa naquele país, sua família saiu
de Portugal para Amsterdã. Lá ele estudou até formar-se rabino. Em 1628 tornou-se Rabino chefe de
Hamburgo, mas, acabou retornando à Amsterdã. Em 1630, mudou-se para Middleburg, e ocupou o
cargo de Rabino local. Lá fez amizade com o teólogo cristão Adam Boreel, que era membro de um
grupo internacional de estudiosos, onde se incluíam Comenius, Serrarius e outros, e que mantinham
contato com Manasseh Ben Israel (*). O interessante aqui é que Boreel era um Milenário, ou seja,
acreditava que haveria a segunda vinda do Messias, e, portanto, se fazia mister para ele, o preparo
todo na reconstrução do Templo de Jerusalém.
COMENTÁRIOS:
Mais adiante veremos outro trecho do trabalho do Irmão Leon Zeldis, onde faz repousar
também o nosso olhar atento, pois, registra aquilo que podem ser os primeiros esboços sobre o
Templo de Salomão, servindo, para influenciar ou alimentar possíveis conexões entre os judeus, a
Maçonaria e o arquétipo do Templo de Salomão:
“Provavelmente sob a influência de Boreel, Leon foi inspirado a construir um modelo do Templo
baseado nas descrições da Bíblia hebraica, nos escritos de Flavius Josephus e na literatura rabínica.
Este trabalho foi financiado por Boreel. Jacob também escreveu um folheto em espanhol, ’ Retrato del
Templo de Selomo’ (Esboço do Templo de Salomão), o qual foi muito bem recebido e traduzido em
vários idiomas.
Leon retornou a Amsterdam a fim de supervisionar a publicação da sua versão da
Mishnah, e foi indicado para ensinar o Talmude Torah para a Comunidade Judaica Portuguesa. Leon
também tinha cópias do esboço feitas para a venda. Ele mostrou o esboço em sua casa, e mais tarde
fez outro esboço do Tabernáculo. Depois, os mostrou em feiras ao redor da Holanda, incluindo a da
Corte do Prince of Orange. Em 1675, ele levou-os para Londres, portando cartas de apresentação de
Huygens para, entre outros, o arquiteto Christopher Wren, que é reputado por ter sido o Grão-Mestre
dos Maçons naquele período.”
O quanto desses intercâmbios de ideias poderíamos considerarmos como contribuição
para a adoção e a consolidação da lenda do Templo de Salomão na Maçonaria Especulativa? Afinal,
nessa época o mito do Templo de Salomão não dava asas às imaginações também? Não, não vamos
ignorar aqui que a lenda do Templo de Salomão já constava em alguns manuscritos ou “Old Charges’,
mas, quase sempre estas fugindo em parte ao relato bíblico, o que dá margem para se pensar que a
fonte para os manuscritos era outra, com erros, entre os quais o de que o Templo de Jerusalém havia
tido sua construção iniciada pelo Rei Davi, e por aí vai...
Os judeus teriam começado a retornar à Inglaterra oficialmente em 1656, o que perfaz
19 anos até o ano de 1675, quando Judáh Ben Leon esteve em Londres e 120 anos até o ano de 1776,
quando foi inaugurado o primeiro Templo Maçônico em Londres, ou seja, o quanto dessas influências
poderiam ter sido de fato, aproveitadas, se já havia comprovadamente um espaço onde os judeus se
moviam com naturalidade? É possível pensarmos assim? Devemos considerar, no entanto, que o
Templo de Jerusalém já havia servido para modelo das igrejas, e vinha de uma tradição oral na
Maçonaria Operativa. Mas, e a influência das maquetes (como veremos, logo abaixo) que tanto
sucesso fizeram, na época em que não havia propriamente o Templo Maçônico, não poderiam ter
ficado marcadas indelevelmente nas mentes dos Maçons da época e haverem se transformado em
protótipos dos futuros templos maçônicos? São especulações sim, ou digressões... Também, Alex
Horne em seu clássico “O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica’, em certo momento, diz:
“O Manuscrito Cooke encerra, destarte, considerável interesse para nós em nosso estudo
presente, pois é a primeira das Velhas Instruções que nos fornece a história do Templo do Rei
Salomão.(...) O texto [que o autor apresenta em inglês modernizado, porque o manuscrito foi
originalmente escrito no ‘inglês médio’ do tempo de Chaucer] reza deste teor:
“Quando os Filhos de Israel habitaram no Egito, aprenderam o Ofício da Maçonaria. E depois foram
expulsos do Egito, e chegaram à Terra de Behest que hoje se chama Jerusalém. E ali foi ele
empregado e as Instruções seguidas e conservadas. E durante a construção do Templo de Salomão,
que o Rei Davi encetou _ o Rei Davi gostava muito dos maçons, e deu-lhes instruções quase iguais às
que existem hoje. E durante a construção do Templo no tempo de Salomão, como está dito na Bíblia,
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no II Livro de Reis – in tertio Regum, capítulo quinto _ Salomão tinha oitenta mil Maçons trabalhando
para ele; e o filho do Rei de Tiro era o seu Mestre maçom.”
E voltando ao texto de Leon Zeldis:
“A exibição desse modelo produziu grande expectativa em Londres. Devemos lembrar que havia pouco
entretenimento público naquela época, (...) sendo assim, a exibição do Templo e do Tabernáculo
proporcionou grande diversão para o público inglês.
O interesse em questões judaicas foi adicionalmente estimulado poucos anos mais tarde,
em 1684, quando Knorr Von Rosenroth publicou Kaballa Desnudata (Cabala Revelada), uma tradução
das passagens do Zohar e ensaios sobre o significado da Cabala [incluindo partes do Pardes Rimonin
de Cordovero](**) analisados sob o ponto de vista cristão. O trabalho de Rosenroth foi o mais
importante livro referencial não-hebraico sobre a Cabala até o final do séc. 19 e se tornou a maior fonte
de pesquisa sobre o assunto para estudantes não-judeus. Nós podemos ver neste movimento
alguns antecedentes para o desenvolvimento dos Rituais Maçônicos do Séc. 17, com o
proeminente uso de palavras hebraicas e o foco em passagens bíblicas. (Grifo meu!)
No verão daquele ano Leon voltou para Amsterdã e morreu logo depois, a 19 de julho de
1675. Ele foi sepultado no cemitério de Ouderkerk, onde seu túmulo ostenta um epitáfio mencionando
seus esboços.
O modelo do Templo construído por Leon Templo foi novamente exibido em Londres por
um Maçom, o Irmão M.P.de Castro, que dizia ser parente de Leon.”
E ELIAS ASHMOLE?
Elias Ashmole é um dos personagens mais curiosos que fazem parte da história da
Maçonaria. Rosa-cruz, alquimista, maçom, astrólogo, antiquário, enfim, a ele são atribuídas também, a
elaboração dos Rituais de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Consta em praticamente todos os
dicionários maçônicos, devido a sua forte ligação com a Maçonaria.
Elias Ashmole, o seu nome será biografado aqui, pelo fato de que, deparei-me com a
informação em uma revista maçônica de que ele seria de origem judaica, mas, afora a mesma, nada
mais pude encontrar que comprovasse tal afirmativa, e nos dicionários maçônicos consultados também
não consegui nenhuma comprovação. Diante disso, e de certa forma, em consonância com os
objetivos do presente, vamos estudá-lo e ao longo do desenvolvimento deste trabalho, tentar
demonstrar se essa informação procede ou não.
O pano de fundo, nesse episódio, é o período aquele em que a Maçonaria Operativa já
entrara em decadência, e a admissão de membros honorários vinha sendo intensificada com o único
propósito de salvar a mesma da sua dissolução. Desses “Maçons Aceitos” como ficaram assim
conhecidos, muitos eram pertencentes à alta burguesia, assim como,muitos eram nobres eruditos,
cientistas...
Os tempos estavam mudando, ideias novas, correntes filosóficas, academias...
Os Maçons Aceitos, que desconheciam a arte de construir, aceitos nas Lojas a título
honorário nos séculos XVI e XVII aportaram com outros tipos de conhecimentos incluindo os filosóficos,
alquímicos, rosacrucianos...
Entre eles, cientistas provindos de Londres, Oxford e de Cambridge e cujas ideias
destoavam do pensamento da Igreja, e que viam no exemplo de Galileu num passado ainda recente, a
ameaça das garras da Inquisição, encontraram, então, no recôndito das Lojas maçônicas um lugar
para se reunirem.
Um nome que se destaca neste período: Elias Ashmole. Vejamos este trecho de um
artigo na Revista Arte Real, creditado a Raymond François que diz o seguinte:
“Em 1645, Elias Ashmole, astrólogo de origem judaica, alquimista da corrente Rosa-Cruz, físico
e matemático, apelidado o ‘Mercurófilo Inglês’, foi admitido como Maçom Aceito, em Lancashire.
Fundou em Londres, o ‘Colégio Invisível’, sociedade de inspiração Rosa-Cruz e, em 1646, uma
sociedade que tinha por objetivo construir o templo ideal: a ‘Casa de Salomão’. Ashmole
contribuindo assim para acentuar as tendências herméticas da Ordem Maçônica. Foi nessa
época que nasceram as lendas simbólicas relativas à construção do templo de Jerusalém e
aquele do construtor Hiram. Pretende-se que foi Ashmole que fez o esboço da organização da
Ordem atual e consolidou as tendências que foram os fermentos da Maçonaria Especulativa
moderna.
Em 1662, sob o reinado de Carlos II da Inglaterra, Robert Moore e Elias Ashmole
solicitaram permissão real para constituir-se em sociedade, com o nome de ‘Real Sociedade de
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Londres para o Melhoramento do Conhecimento Natural - Royal Society of London’. Os maçons
ingleses tiveram um rol importante na fundação desse corpo sapiente, o maior do século XVIII inglês,
que foi presidido, de 1703 a 1727, por Isaac Newton, genial inventor de um ramo totalmente novo para
a época das matemáticas, o chamado Cálculo das Variantes’. Foi o criador do método de ‘Cálculo
Diferencial e Integral’, e descobriu a ‘Lei da Inércia’ e o ‘Quadrado Inverso’. Foi, também, autor de
descobertas fundamentais sobre a natureza da luz e estabeleceu as bases para a ‘Teoria da
Gravitação Universal’, que deduziu da terceira lei de Kepler sobre o movimento planetário universal.
Embebido da corrente filosófica mística da época e adepto do Rosacrucianismo, Newton
desenvolveu seus experimentos na fronteira entre a alquimia e a química. O passatempo
preferido dos últimos anos desse genial cientista foi a construção de uma maquete
arquitetônica do templo de Salomão.”
COMENTÁRIOS:
Alguns pontos que não podem deixar de ser revistos e que constam no texto acima: os
que dizem respeito à afirmação sobre a origem judaica de Elias Ashmole, à sociedade que tinha por
objetivo a construção do templo ideal, à Casa de Salomão, e ao fascínio de Isaac Newton pelo Templo
de Salomão.
Acontece que nessa época o assunto Templo de Salomão atraía seguidores e ditava
influências. Elias Ashmole nasceu em 1617 e morreu em 1693. Isaac Newton nasceu em 1642 e
morreu em 1727, o que faz com que em um período de suas vidas tenham sido contemporâneos, além
de que, pelo que se destacavam no campo das ideias, isso certamente incidiu no campo das
influências entre um e outro. Mas, isso são comentários e conjeturas em torno unicamente do que
parece ter sido uma paixão em comum, o Templo de Salomão, sendo que aqui damos por encerrada a
participação de Isaac Newton, não sem antes, deixar devidamente registrado que afora os escrito
sobre o Templo, conforme o texto de Raymond François em seus últimos anos esteve empenhado na
construção de uma maquete do Templo de Salomão. Seria muito conjeturar se ele pertencendo à
mesma sociedade científica que Ashmole, não trocou algumas ideias sobre o Templo de Salomão?
Sobre a origem judaica de Elias Ashmole, embora o seu primeiro nome denotasse uma
verdadeira marca para judeus, parece que não é bem assim. Vejamos o que diz na sua biografia, que
mereceu um livro específico intitulado “O Mago da Franco-Maçonaria” da autoria de Tobias Churton.
Em nenhum momento existe qualquer menção a uma provável origem judaica para Ashmole, inclusive,
há uma descrição sobre o seu batismo cristão, do qual veremos parte do relato:
“O batismo do bebê foi na Igreja de Santa Maria, a Virgem, a alguns passos de Womens Cheaping e
da casa da família Ashmole. Durante o batismo ocorreu algo notável. Quando o pároco perguntou qual
seria o nome do menino, seu padrinho, Thomas Ottey (sacristão da catedral) recebeu uma revelação
instantânea. ‘Elias!’, declarou Ottey, seria o nome do bebê. Todos os presentes deram um passo atrás.
O menino, certamente , deveria ter o nome do pai ou do avô segundo o costume já estabelecido para
primogênitos. Há algo de quase bíblico nesse realto sobre a primeira aparição pública de Elias
Ashmole no grande cenário do mundo. O nome da criança era uma refutação à tradição familiar local;
mas sua identidade teria de vir ‘do alto’. O nome, pronunciado pelo lábios de um sacerdote ,
certamente deu peso ao seu brado inesperado. Ninguém fez objeção . Elias seria o nome cristão do
menino.(...)”
Com base neste trecho podemos eliminar a suposta origem judaica de Ashmole.
De qualquer forma era importante desfazer esse provável equívoco, assim como, reforçar
a atmosfera reinante na época, onde membros do “Colégio Invisível”, maçons ou não, nutriam interesse
pelo Templo de Salomão.
INGLATERRA: O PERÍODO ENTRE A EXPULSÃO DOS JUDEUS (1290) E A ENTRADA DOS
JUDEUS SEFARADIM (A PARTIR DE 1654)
Sobre o período entre a expulsão oficial dos judeus na Inglaterra e a sua permanência
garantida, também do ponto de vista oficial, aconteceu o seguinte, conforme o comentário do Irmão
León Zeldis:
“Na Inglaterra, de onde os judeus haviam sido expulsos, em 1290, pelo Rei Eduardo, alguns deles
‘secretos’ foram ingressando ao país no decorrer do tempo, dizendo-se católicos espanhóis ou
portugueses, assistiam a missas nas Embaixadas da Espanha, Portugal e França, mas dentro dos
seus lares mantinham suas tradições. Estes judeus eram tolerados graças aos seus contatos
financeiros e mercantis com o resto da Europa, e pela sua ajuda em estender para o mundo todo, os
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interesses comerciais britânicos. Aproveitando-se do meio mais liberal que imperava na Inglaterra e
Holanda, alguns destes judeus foram pouco a pouco se fazendo conhecer.”
OS SEFARADITAS MAÇONS NA INGLATERRA
O termo Sefaradita tem algumas variações, então, antes de falarmos propriamente dos
judeus sefaraditas na Inglaterra e das suas ligações e contribuições para a Maçonaria, vejamos
maiores detalhes sobre quem são os sefaraditas, além de duas informações que soam preciosíssimas:
“SEFARADIM (hebraico, significa ‘espanhóis’; no singular ‘sefaradi’; também se diz ‘sefardi’, e, em
português, ‘sefaradita’). Judeus de origem espanhola e portuguesa que se espalharam pelo norte da
África, Império Otomano, parte da América do Sul, Itália e Holanda após a expulsão dos judeus da
península Ibérica no fim do séc. XV. (...) Os primeiros judeus a se estabelecerem na América do Norte
eram sefaradim que chegaram em Nova Amsterdam (hoje Nova York) em 1654 (provenientes do
Brasil), como foram os primeiros judeus que retornaram à Inglaterra, no séc. XVII(...)”
COMENTÁRIOS:
Falei de duas informações que são verdadeiras preciosidades: a primeira diz que uma
parte dos judeus que saíram daqui do Brasil e que foram expulsos pelos portugueses, após a
reconquista do território que estave sob domínio holandês (ao contrário dos holandeses, os
portugueses não permitiam a liberdade de culto, por isso, trataram logo de expulsar os judeus), bem,
alguns deles foram aportar, como tivemos a oportunidade de ler logo acima, em Nova Amsterdam, nos
Estados Unidos, que hoje nada mais é do que a bela e cosmopolita Nova York. A outra parte,
(lembrem-se que os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290) desses judeus sefaradim, foi aportar
na Inglaterra, no séc. XVII. E a partir daqui, recomeçamos a história dos judeus na Inglaterra.
Para corroborar então, o quanto pode estar devidamente concatenada essa história,
resgato do livro “As Pedreiras de Salomão” do Irmão León Zeldis, a seguinte informação:
“Em 1655, o rabino sefardita Manasseh Ben Israel (Manoel Dias Soeiro, 1604-1657), de Amsterdã,
encaminhou um pedido a Cromwell para que autorizasse oficialmente a permanência dos judeus na
Inglaterra. Uma pequena congregação sefardita foi reconhecida oficialmente por Carlos Eduardo em
1664, depois do restabelecimento. Assim, a nova congregação israelita na Inglaterra estava composta
em quase sua totalidade por judeus sefarditas.”
Voltando com informações específicas sobre os judeus sefarditas e maçons, ainda com
extratos do livro de León Zeldis citado anteriormente, temos ainda:
“Não nos surpreende então, que a primeira menção existente a um judeu Maçom, datada de 1716,
tenha sido atribuída a um sefardita inglês, Francis Francia, conhecido como ‘Judeu Jacobita’.”
“Os primeiros judeus que receberam o título de nobreza na Inglaterra eram sefarditas: Salomon de
Medina (c.1650-1730) e Moysés Montefiori, o qual recebeu o seu título de nobreza em 1837. Montefiori,
segundo se sabe, era um Maçom ativo e em sua homenagem, em 1864, os judeus ingleses fundaram a
Loja ‘Montefiori’. Não nos surpreende então, que a primeira menção existente a um judeu Maçom,
datada de 1716, tenha sido atribuída a um sefardita inglês, Francis Francia, conhecido como ‘Judeu
Jacobita’.”
Em 1732 Edward Rose, judeu, foi iniciado em uma Loja onde o V .’. M.’. era Daniel
Delvalle, também judeu.
Outros judeus sefaraditas aparecem em registros do século XVIII. Na lista de 1725
constavam os nome de Israel Segalas e Nocholas Abrahams. Antes, já haviam Nathan Blanch (o nome
original era Blanco provavelmente)e John Hart, mas, estes não se tem comprovação segura que eram
judeus.
No Novo Livro das Constituições de Anderson, de 1738, na lista de Grandes Mestres de
Banquete, no ano de 1738, aparece Solomon Mendez em 1732, Meyer Shamberg em 1735, Benjamin
da Costa em 1737 e Isaac Barret, Joseph Harris, Samuel Lowman e Moses Mendez em 1737-1738,
sendo que muitos eram sefaraditas.
Na Grande Loja dos Antigos, no período 1760-63, o Grande Guardião do Templo foi David
Lyon.
Na Grande Loja dos Modernos, o primeiro Grande Guardião do Templo foi Moses Isaac
Levi (aliás, Ximenes), isso, no ano de 1785, quando John Paiba, outro sefardita, foi nomeado o
Portador da Espadana mesma Grande Loja.
Há o caso de dois judeus famosos que foram presos pela Inquisição em Lisboa, e não por
serem judeus, mas, por serem Maçons: Juan (John Coustos), nascido em 1703 e preso em 1749. Há
historiadores que contestam o fato de ele ser judeu.
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O outro caso famoso de condenação pela Inquisição é o de Hyppolito da Costa (1774-
1823), iniciado em 1807 na Loja das Musas, e em seguida (1808) se filiou à Loja da Antiguidade.
Descendia de judeus sefarditas portugueses, era amigo dos Duques de Sussex e Leinster.
Entre os fundadores da Loja nº 84 em Londres estavam vários judeus: Salomón Mendez,
Abraham Ximenez, Jacob Alvarez, Abraham de Medina, Benjamin Adolphus e Isaac Baruch, ou seja,
dos seis, cinco eram sefarditas, e a Loja no total contava com 29 Irmãos.
Podemos ver que havia uma presença significativa de judeus de origem sefarditas,
tradicionalmente nas Lojas londrinas.
UM JUDEU MISTERIOSO: HAIM SAMUEL JACOB
Quando na busca do maior número de informações possíveis sobre o assunto,
envolvendo a aceitação, o ingresso e a participação dos judeus, principalmente, os sefaradim, nos
primórdios da Maçonaria Especulativa na Inglaterra, durante estas leituras e pesquisas deparei-me
também com a informação, no mínimo curiosa, que consta no livro do Irmão Ubyrajara de Souza Filho
intitulado “Cognição e Evolução dos Rituais Maçônicos’ sobre um judeu que teria tido participação
nesse período e do qual eu nunca ouvira falar antes em suas ligações com a Maçonaria.
Primeiramente, ficamos com as informações propiciadas pelo Irmão Ubyrajara de Souza Filho onde, o
contexto também em que esse personagem teria tido relevância. Vejamos:
”(...) No ano seguinte, 1718, foi substituído no cargo por Georges Payne que, dado às suas relações,
trouxe para a Maçonaria muitos nobres e homens de saber. Antes de terminar o seu mandato, Georges
Payne indicou para Grão-Mestre Jean Theóphile Desaguliers, homem culto, o qual reviveu os antigos
brindes (‘toasts’) e deu à Maçonaria uma forma mais pujante, fazendo com que muitos Maçons
adormecidos retornassem às suas Lojas e que os nobres e homens ilustres fossem convidados a
ingressar na Maçonaria. Desaguliers uniu-se ao ministro presbiteriano James Anderson para a
confecção de uma Constituição para a novel Grande Loja. Juntos, formularam as primeiras analogias
entre o antigo ofício da Maçonaria Operativa e o moderno mundo intelectual da Maçonaria
Especulativa, sustentando que os princípios da antiga Maçonaria possibilitariam a construção das
pirâmides egípcias e o Templo do Rei Salomão. Mas a partir de 1721 a Maçonaria irá buscar na alta
aristocracia os seus Grão-Mestres, como o Duque de Montagu. A obrigação de crer em Deus, Grande
Arquiteto do Universo, estende-se a todas as confissões e, a partir de 1723, na Inglaterra, os judeus
serão admitidos na Maçonaria. Um deles aparecerá com destaque: o célebre Haim Samuel Jacob,
nascido na Polônia e que se tornou conhecido sob o nome de Falk-Scheck, mestre de ocultismo
judaico de Maçons ilustres e chefe político dos judeus à época, reconhecido como o ‘Príncipe do Exílio’
o Exilarca (em grego, exilarkès; em aramaico, resh galutha) na Diáspora dos judeus deportados para a
Babilônia em 598 a. C.
Numa reação inevitável, a Loja de York, Loja imemorial, a mais antiga da Inglaterra,
alarmou-se ante essa criação e, em 1725, através de uma reforma passa a chamar o seu Presidente
de Grão-Mestre; e o seu Grande Segundo Vigilante lançou uma fábula – ‘Lenda de York’ – segundo a
qual as origens da Loja de York remontavam ao ano 600 e, em consequência, reclamou o título e se
constitui em Grande Loja de Toda a Inglaterra, em 1725. Esta Loja adormeceu em 1740.”
Evidentemente, um personagem mais do que misterioso e que parece ter saído de um
livro do grande escritor e Nobel judeu Isaac Bashevis Singer. (***). À cata de uma biografia de Falck-
Sheck, encontrei no “Dicionário Judaico de lendas e Tradições” um nome que tem tudo para ser o
personagem citado pelo Irmão Ubyrajara. Não esperem nenhuma informação sobre as suas prováveis
ligações com a Maçonaria, já que este é um dicionário judaico e se é que elas realmente aconteceram:
“FALK, SAMUEL (1708-82) Cabalista ativo na Inglaterra, onde tornou-se conhecido como o BAAL
SHEM(****) de Londres. Falk fugiu da Alemanha para a Inglaterra em 1742, depois de ter sido acusado
por Jacob Endem de ser um herege shabetaiano e de praticar Magia negra. Em Londres, manteve um
laboratório de alquimia, usava um impressionante turbante dourado e uma corrente e era muito
procurado pela realeza e pela aristocracia para ajudar em Alquimia e Cabala e para fornecer
talismãs. “(Grifo meu!)
CONCLUSÃO
Certamente muitos desses nomes raramente são lembrados, e o objetivo explícito de
trazê-los do quase esquecimento, é deixar mais uma vez evidente de que a Maçonaria é mesmo um
repositório das mais variadas correntes de pensamentos.
Devem existir mais elos nessa cadeia de acontecimentos, onde coincidirá a volta dos
judeus ao solo inglês, o nascimento praticamente da Maçonaria Especulativa, e a participação especial,
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digamos assim, dos judeus sefaradim, que convenhamos, para quem não eram tantos
assim,comprovadamente houve uma parcela substancial dos membros dessa comunidade, que
estiveram sabidamente ligados à Maçonaria.
O presente trabalho dado ao seu teor, não teria como se esgotar aqui mesmo, pois,
inúmeras são as conexões que podem ser estabelecidas, além do mais, nada foi dito em caráter
definitivo, já que poderia redundar em “achismos”. Mas, há campo para pesquisas ainda, e insisto em
dizer que depois de passear em meio à cabalistas, rabinos e sábios judeus, a ideia sobre o Templo de
Salomão, que durante o período da Maçonaria Operativa não ia além de algumas linhas em
manuscritos, foi assumida como um modelo, um arquétipo para o que talvez já estivesse sendo
engendrado pelos futuros especulativos, além de outros tantos, que nem Maçons eram, pelo menos
comprovadamente, mas, que nutriram verdadeiro encantamento pelo Templo de Salomão, a exemplo
de Isaac Newton, do Rabino Leon Templo, etc., e que conviveram e trocaram ideias com Maçons.
Quanto aos sefaraditas, se estando tão integrados à Maçonaria na Inglaterra, se
comprovadamente depois de abandonarem Portugal e a Espanha levaram consigo uma cultura judaica
e geral altamente desenvolvida, bem como seus próprios costumes,liturgia, etc., às comunidades
judaicas em que se estabeleceram, e considerando que o Templo de Salomão, o “Beit Ha-Mikdash”’é
uma lembrança tão importante para o judeu a ponto de em cada lar judaico, a tradição rezar que
deveria ser deixado um pedaço de parede sem decoração, como lembrança do Templo... Bem, havia
realmente uma atmosfera propícia para essas influências, isso sim é um fato.
Obs.: Esse trabalho particularmente foi escrito com o intuito de familiarizar ou introduzir o leitor
nos assuntos que farão parte do meu próximo livro “O Templo de Salomão e Estudos Afins” que
em breve estará disponível.
NOTAS:
(*) Manassé Ben Israel (1604-57) Rabino holandês de descendência marrana. Interessou-se pela
especulação cabalística de que o Messias só poderia vir quando os judeus estivessem
dispersos pelo mundo, para que eles pudessem ser, literalmente reunidos, de todos os cantos
da Terra. Chegaram a ele relatos de Aarão Montezinos, que voltara do Equador, sobre membros
de tribos indígenas que guardavam costumes judaicos, levando a pensar que pertencessem às
DEZ TRIBOS PERDIDAS. Manassé acreditava que a readmissão dos judeus na Inglaterra era um
estádio necessário no processo messiânico, já que o nome Inglaterra (‘Angleterre’) sugeria o
‘fim da terra’. Ele escreveu um livro sobre o tema das dez tribos perdidas e da redenção
messiânica, ‘A esperança de Israel’ (1650), valendo-se do interesse dos puritanos pelo Velho
Testamento. Também viajou à Inglaterra em 1655 pra encontrar Cromwell e interceder pela
readmissão dos judeus, obtendo algum apoio dos puritanos, que esperavam que os judeus se
convertessem ao cristianismo. Embora não tivesse alcançado em vida seu objetivo, seus
esforços pela readmissão deram frutos após a sua morte.
(**) Moisés Cordovero (1511-70). Cabalista que viveu em Safed, no norte da Palestina. Cordovero
foi um escritor prolífico e resumiu a maioria das principais ideias místicas de seus
predecessores em sua grande obra Pardês Rimonin, tentando harmonizar as diferenças entre
eles.(...) Apesar da suposta vinda de Elias a sua casa para ensinar-lhe segredos místicos, seus
ensinamentos cabalísticos foram eclipsados pelo sistema místico bem diferente de Isaac Luria,
que foi, por pouco tempo, um de seus discípulos em Safed. A obra de Cordovero acabou sendo
vista apenas como uma introdução, ou ‘vestíbulo’, para a Cabala luriânica. Ele teria sido uma
reencarnação de Eliezer, criado de Abraão, e uma coluna de fogo acompanhou seu corpo
durante seus funerais.”
(***) Isaac Bashevis Singer (1904-91) nasceu em Leoncin, na Polônia. Em 1935, emigrou para os
Estados Unidos, onde passaria o resto da vida. Prêmio Nobel de Literatura em 1978. Alguns de
seus livros editados no Brasil são: “Sombras sobre o rio Hudson”, “Yentl”, “A morte de
Matusalém”, ”Satã em Gorai” e outros.
(****) baal shem (hebraico, ‘senhor do nome’) Título de um taumaturgo, ou curandeiro, que
tivesse controle sobre o nome, ou nomes de Deus. A designação foi usada primeiramente no
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início da Idade Média, e há uma referência do séc. XI a um baal shem que teria sido visto em
dois lugares ao mesmo tempo. Entre as atividades de um baal shem estavam a de escrever
amuletos, o exorcismo, a cura de doenças mentais, a proteção das pessoas contra demônios, o
controle da possessão por espíritos (dibuk) e a cura por meio de ervas. Enquanto alguns dos
que receberam o título de baal shem só eram semi-alfabetizados, outros eram grandes eruditos.
Contam-se muitas histórias de como voavam pelo ar e realizavam milagres por meio da Cabala
prática. (...)
Consultas Bibliográficas:
Revistas:
ARTE REAL, nº 16, Jan./Fev.15: “A Maçonaria dos Antigos e Aceitos” – Artigo de Raymond François
A TROLHA, Nº 256, Fevereiro de 2008: Leon Templo – Rabbi Jacob Judah Leon” Artigo do Irmão Leon Zeldis
O PRUMO, nº 137, Maio/Junho de 2001: “O Templo de Salomão e a Maçonaria”- Artigo do Irmão Ambrósio
Peters.
Livros:
CHURTON, Thomaz. “O Mago da Franco-Maçonaria” – Madras Editora Ltda. 2008
HORNE, Alex. “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica” – Editora Pensamento
JOHNSON, PAUL. “História dos Judeus” - Imago Editora - 3ª Edição – 1989
MESSADIÉ, Gerald. “História Geral do Antissemitismo” – Editora Bertrand Brasil Ltda. 2003
SOUZA FILHO, Ubyrajara. “Cognição e Evolução dos Rituais Maçônicos” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.
– 1ª Edição - 2010
UNTERMAN, Alan. “Dicionário Judaico de Lendas e Tradições” – Jorge Zahar Editor - 1992
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica” 1º Tomo (Aprendiz) - 2ª Edição - Editora A
Gazeta Maçônica S.A. 1977
ZELDIS, León. “ As Pedreiras de Salomão” - Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição - 2001
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O Ir Hercule Spoladore –
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”-
Londrina – PR – escreve aos domingos
hercule_spolad@sercomtel.com.br
DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” - Londrina-PR
As colunas J e B hoje símbolos consagrados na Maçonaria foram e ainda são temas centrais de
muita fantasia, interpretações contraditórias, polêmica, controvérsias e discussões sem fim. Muita
bobagem se tem dito, mas de qualquer forma elas evidenciam assim, serem um símbolo bastante
dinâmico, pois ainda não se chegou a uma conclusão final quanto à sua localização, significação e
finalidade. Cada qual tem a sua opinião.
Interessante frisar que existem contradições na própria Bíblia e entre a descrição bíblica e a
tradição maçônica e, mesmo em cada um destes segmentos também há dados que se confrontam e
alguns que se convergem. Exemplo típico são as descrições em Reis e Crônicas II que são
diferentes em alguns textos. Quanto à tradição maçônica as interpretações são as mais variadas e
fantasiosas e pessoais possíveis.
As colunas, de acordo com a Bíblia eram uma particularidade do complexo arquitetônico e faziam
parte do Templo de Salomão e talvez até fossem o mais importante detalhe do templo porque elas
além de ornamentais eram também símbolos religiosos para o povo judeu, falando a favor deste
fato a consideração que os autores da Bíblia tiveram descrevendo as colunas em minúcias e
delongando muito na descrição das mesmas.
Alguns autores acham que elas eram estruturais, isto é serviam de sustentação, mas esta tendência
hoje está abandonada. Elas eram livres e emblemáticas, talvez simbolizando para o povo judeu
uma porta de entrada para se chegar à Divindade. Mas é provável que elas se referissem à objetos
sagrados.
Outros autores afirmam que elas imitaram a arte da construção, especialmente dos obeliscos tais
como foram construídos no templo de Tutmosis III e de Carnaque.
Existem exegetas que admitiram que Salomão quisesse homenagear ancestrais seus dando o nome
às colunas os nomes de Jachim e Boaz. Todavia outros rebatem alegando que estes personagens
bíblicos não foram importantes.
Ainda a Bíblia relata que quem fundiu as colunas foi Hiran Abif ou Abi um artista metalúrgico
vindo de Tiro enviado pelo rei que também se chamava Hiran e aliado de Salomão, para executar
as fundições em bronze, como foi o caso das colunas, vasos e utensílios além do Mar de Bronze.
A fundição teria ocorrido em Sucote e Zeredá, em terras barrentas. Há controvérsias a respeito
destes dois nomes em relação à sua grafia.
Cita ainda a Bíblia mais detalhes sobre as colunas também chamadas de Colunas Gêmeas. Depois
de terminada a construção do templo então Hiran fez erguer as Colunas e por fim Hiran e as
terminou as com os dois globos, os dois capitéis que estavam no cume das colunas, as duas redes
com duas fileiras de romãs, cerca de duzentas em cada rede, para cobrirem os dois globos dos
capitéis que estavam em cima das colunas.
5 – Divagações sobre as Colunas “J” e “B”
Hercule Spoladore
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Afirma ainda a Bíblia, que Hiran levantou as duas Colunas diante do Templo. Uma à direita e
outra à esquerda. A da direita chamou-a de Jachim e a da esquerda de Boaz.
Quanto ao estilo arquitetônico das colunas elas pertencem á ordem babilônica com caracteres
egípcios. Portanto não são colunas coríntias, como aparecem na maioria dos templos atuais. Esta
troca de ordem deve-se aos filósofos neoplatônicos e alexandrinos da idade média que
pretenderam misturar ideias da Cabala, com a Filosofia e as Artes gregas.
Esmiuçando ainda mais, detalhes da descrição bíblica com relação às dimensões das Colunas,
temos em Reis que elas teriam dezoito côvados de altura e em Crônicas II teriam trinta e cinco
côvados de altura e que os capiteis em Reis teriam três côvados e em Crônicas II eles teriam cinco
côvados de altura. Com relação à equivalência desta medida chamada côvado ou cúbito no
sistema métrico decimal que usamos, encontrou-se várias medidas a saber 0,66 metros, 0,36
metros, 0,50 metros 0,50 metros e 0,62 metros e etc. Depende da interpretação dos autores. Mas o
fato é que ninguém sabe ao certo.
Difícil hoje em dia saber-se qual o valor real de um côvado. As Colunas teriam doze côvados de
largura. Os exegetas não se entendem. Cada qual tem uma opinião. De um modo geral a
Maçonaria, salvo algumas exceções adotam, em seus rituais a altura de dezoito côvados.
A tentativa fantasiosa de certos autores tentar explicar a discrepância da altura das Colunas citadas
em Reis e Crônicas II seria que Hiran teria fundido uma coluna só com trinta e cinco côvados e a
dividiu em duas de dezessete côvados e meio. É claro que esta explicação não tem respaldo. De
qualquer forma a altura das Colunas dá ideia de uma construção muito imponente, muito alta
equivalente em nossos dias á altura de um prédio de vários andares.
Com relação ao número de romãs em cada capitel, em Crônicas II refere que havia duas redes de
romãs e duas fileiras de romãs em cada rede, sugerindo duzentas romãs em cada fileira perfazendo
um total de quatrocentas romãs em cada Coluna. Mas a descrição Crônicas II em um capítulo
anterior refere cadeias com cem romãs em cada cadeia. É claro que para se ajustar à primeira
descrição requereria duas cadeias em cada fileira para ficar conforme. As romãs, símbolo de
fertilidade, que hoje adornam nossos templos atuais são em número de três em cima do capitel de
cada coluna.
Discute-se se as Colunas eram ocas ou não. Trata-se de outro ponto controverso da Bíblia. Em
Jeremias (52:21) está escrito que as Colunas eram ocas e a espessura era de quatro dedos. A
tradição maçônica está de acordo com esta citação quando este livro da Bíblia fala em destruição
de Templo por Nabucodonosor, quando mais uma vez existem controvérsias.
Muitos autores que acham que as Colunas não eram ocas referem e que o capítulo 52 de Jeremias
foi um acréscimo tardio e que não teria sido escrito pelo Jeremias sendo os que o escreveram
estavam mais interessados em mencionar como realizaram as suas profecias.
Sabe-se que a prática de fundir metais com a retirada do núcleo a ser removido posteriormente
tornando o objeto fundido oco, só foi descoberta no quinto ou sexto século após a construção do
Templo de Salomão.
Poder ser que a tradição maçônica tenha agregado o simbolismo das Colunas Salomônicas as
Coluna Antediluvianas, nas quais se depositaria todo o registro do acervo das Ciências, como se
fossem um arquivo da Humanidade. Entretanto os exegetas não estão de acordo se as Colunas
eram ocas ou não.
As Colunas do Templo de Salomão tinham motivos florais de lírios com redes e grinaldas como
adorno, tiveram também segundo os autores antigos duas bolas esféricas em cima dos capiteis que
receberam o nome de globo onde se traçaram mapas, a do globo celeste e do globo terrestre.
Muitas Lojas adotaram estes globos em cima dos capiteis das duas Colunas. Entretanto, estes
globos parecem ser uma equivocada alusão aos pomos descritos em Crônicas II. Segundo certos
exegetas os pomos estariam se referindo aos capiteis, os quais eram pelo menos de forma ovoide
ou esféricas.
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Havia na tradição da Maçonaria Operativa duas Colunas Antediluvianas chamadas também de
Colunas de Sete, de Enoque ou de Noé. Conta à tradição preservada pelos maçons operativos, e
estes relatos são citados nos Antigos Deveres (Old Charges) como, por exemplo, no Manuscrito
de Cooke, onde cita que os filhos de Lameque de nomes Jubal, Jabal e Tubalcain construíram duas
colunas. Uma delas era de mármore puro, material que resiste ao fogo e a outra coluna foi feita de
tijolos que jamais afundaria na água. Uma ou outra coluna sobraria fosse qual fosse a forma de
extermínio do fim do mundo. Os filhos de Lameque achavam que a ira do Senhor viria em forma
de uma vingança que tanto poderia ser fogo ou poderia ser pela água. As sete Ciências conhecidas
na época, foram gravadas em ambas as Colunas. As Colunas eram, portanto, depositárias destas
Ciências. Referia ainda a lenda que uma destas colunas foi encontrada por Pitágoras e a outra por
Hermes de Trimegisto.
Outra versão da lenda na versão de Josefo, historiador judeu, foi que Adão prevendo o fim da
humanidade, teria temor que se perdesse todo conhecimento da civilização. Os filhos de Sete, seu
terceiro filho construíram as duas colunas para depositar o conhecimento da humanidade.
Alguns autores sustentam a tese que as Colunas Salomônicas eram originárias da lenda destas
Colunas Antediluvianas.
A tradição maçônica refere que as Colunas J e B são ocas para melhor servirem de local, onde se
possa guardar o acervo de conhecimento adquirido pela Maçonaria, nada mais é que uma
tendência para harmonizar as duas lendas.
E também que as Colunas sejam ocas para se guardar as ferramentas dos Aprendizes e
Companheiros.
A maioria dos autores é concorde em admitir que as Colunas sejam enigmáticas e misteriosas.
Não resta a menor dúvida que elas tinham para os judeus uma finalidade místico-religiosa e que os
nomes eram atribuídos a objetos sagrados, e não à ancestrais da tribo de Judá. A melhor
explicação com relação ao seu significado é a filológica que está inserida na Enciclopédia Judaica.
Jachim: “Ele firmará”
Boaz: “Nele está a força”
E é esta explicação que interessa á Maçonaria. Tanto é verdade que atualmente o simbolismo
maçônico dá a Coluna J o equivalente á “Estabilidade e Firmeza” e à Coluna B, a “Força”.
A título de ilustração para apenas mostrar o quanto é dinâmica simbologia das Colunas serão
citadas algumas das suas interpretações. Algumas, muito ao gosto dos esotéricos, ocultistas e
outras são tão fantasiosas e inacreditáveis, mas tem Irmãos que defendem estas interpretações.
Teoria fálica - Seria uma reminiscência dos antigos pilares (mazzeboth), que formavam
originalmente emblemas fálicos. Conta-se que em Hierapólis no tempo da deusa Astarte, havia
duas colunas em forma de falos e que duas vezes por ano, um homem subia no cimo destas
colunas, mas por dentro delas e aí suplicava aos deuses, melhores colheitas, mais fertilidade à
terra e mais prosperidade.
Na tradução grega da Bíblia, Versão dos Setenta, os nomes são traduzidos B por “Força” e J por
“Direito”.
No Dicionário de Julien Tondriau “O Ocultismo” lê-se que a palavra Boaz em Magia é uma das
Colunas do Templo de Salomão. É feminina, passiva, branca ou negra. Corresponde à Lua.
Quando branca é igual à sabedoria, vitória. Quando negra é igual a reino. Quanto à Coluna Jachim
é vermelha e corresponde ao Sol e equivaleria à inteligência, vigor e glória. Esta é também a
interpretação dos alquímicos.
Paul Poesson em seu livro “Testamento de Noé” refere que as colunas atualmente apresentadas
como circulares, mas na realidade a Coluna B seria quadrada. Explica na linguagem esotérica e
oculta que as Colunas seriam iguais às medidas do quadrado negro, sendo a Coluna do Sul, a
quadratura da Coluna circular do Norte. A Coluna J seria em linguagem euscadiana (língua
ancestral original dos bascos) equivalente à palavra conhecimento.
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Para Otaviano Menezes Bastos, a Coluna B seria o Fogo e a Coluna J seria o Vento.
Adolfo Terrones Benites refere que a Coluna B seria a Força, Repouso, a Fêmea, Negativo,
Conservador, Receptor, Mãe, Matéria, Princípio Concreto, Virtude.
A Coluna J representaria a Ciência, Inteligência, Luz, Abstrato, Concórdia, Espírito, Homem,
Fogo, Calor, Ativo, Mistério e Macho.
Há ainda a interpretação sexual para as Colunas. A Coluna J seria o órgão genital masculino e a
Coluna B seria o órgão genital feminino. A Loja maçônica seria hermafrodita e um útero social
destinado a fecundar e dar a luz a uma sociedade humana perfeita.
Quanto à posição das Colunas em Loja, talvez seja o ponto de maior controvérsia na Ordem.
Temos a partir de Crônicas II, capítulo 3, que depois de terminado o Templo, após o arremate
final, também se “levantou diante do Templo duas Colunas, uma à direita e chamou-se de Jachim
e outra à esquerda e chamou-se de Boaz”. Parece simples e assim está escrito.
A Maçonaria interiorizou as Colunas que passaram a se postar dentro da Loja logo próximo à
entrada. Aí começou a polêmica, que ainda não teve solução.
Será seguido um raciocínio sempre tendo como referência a descrição bíblica. Uma grande parte
dos autores discute este tema, como se o observador estivesse dentro do templo. Já outra parte dos
autores raciocina ao contrário, isto é, o observador estaria fora do Templo e aí prevaleceria o que
está escrito na Bíblia.
Supondo que a entrada do Templo olhasse a leste e a Enciclopédia Judaica assim confirma,
achando que o leste é a frente do templo e levando em consideração que a orientação dos judeus
com relação ao que se convencionou serem os quatro pontos cardiais, ou seja, um homem olhando
de frente ao sol nascente, ou seja, á leste, teremos que a direita equivale ao sul e a esquerda
equivale ao norte (mão direita ao sul e mão esquerda ao norte). Esta afirmação está de acordo com
a Enciclopédia Judaica. Se tomarmos como raciocínio o conceito desenvolvido aqui teríamos a
visão das Colunas por uma pessoa que estivesse saindo do templo, ou seja, o observador estaria
dentro do templo.
A Loja de Pesquisas Maçônica “Brasil” solicitou esclarecimentos á Loja Quatuor Coronati de
Londres, n° 2076 e de lá informaram vagamente dando a entender que as Colunas “devem ser
compreendidas como sendo descritas por alguém dentro do Templo, no Oriente em direção á
entrada”.
Esta explicação não satisfaz a maioria dos autores que alegam que ela é artificial e que ela não é
correta, porque só se sai de um templo, quem entra nele.
Todavia para se acomodar a descrição bíblica se se mantiver o templo olhando para leste, a
posição das Colunas está invertida.
É sabido que o Templo de Salomão não era muito grande e que ele não se destinava a receber
numerosos fiéis, mas sim os sacerdotes. Quanto aos fiéis, estes ficavam no pátio, onde seria
possível olharem as Colunas de frente. Assim sendo, considerando que a posição das Colunas será
dada pela visão de um observador externo e não interno, para que as Colunas não fiquem
invertidas tem que se considerar que a entrada do Templo fosse pelo lado oeste, considerando-se o
leste como sendo a parte de trás do Templo.
Teobaldo Varoli Filho afirmou que os operários que trabalharam no Templo entravam por uma
porta situada nos fundos e que viam as colunas neste sentido. Enfatizava “se considerarmos a
Loja simbolicamente como Oriente não deixará de ser maçônica a visão de quem trabalha dentro
do Templo” E terminava dizendo que melhor forma de resolver este problema em definitivo e para
acabar com tanta celeuma seria suprimir as letras J e B das Colunas e não se falar mais nisso.
Entretanto se atentar para Crônicas II (III-17) onde está escrito “levantou as Colunas uma á
direita e outra á esquerda da fachada do Templo”, não se terá dúvidas que elas foram construídas
na frente do Templo, sendo que em muitas citações refere Jachim à direita e Boaz à esquerda.
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Os ritos REAA, Trabalho de Emulação e York Americano seguem esta orientação. Quanto aos
Ritos Adonhiramita, Brasileiro e Francês adotam a inversão das Colunas.
Não se chegou até o momento á uma conclusão final, ainda existem Irmãos que defendem uma
versão e Irmãos que defendem a outra versão. Devem-se respeitar as tendências, sejam corretas
ou não, porque as Colunas são símbolos, os quais podem ter a interpretação que se queira dar a
eles.
A Maçonaria operativa já estava decadente. Em 1600 começou a receber em suas fileiras, maçons
aceitos e ela acabou por se modificar completamente. Em 1717 fundou-se oficialmente a
Maçonaria Especulativa, que se prefere dizê-la Maçonaria Moderna. Não existia o grau de Mestre
que foi criado em 1725 e incorporado à Ordem em 1738. Foi criada a lenda de Hiran, para ao
terceiro grau, que gira em torno da construção do Templo de Salomão. As Colunas J e B passaram
a fazer parte oficialmente dos símbolos da Ordem, como um detalhe em frente ao pórtico do
Templo de Salomão, só que elas já eram muito conhecidas não só na Ordem, mas no Ocultismo,
Alquimia, e também para os praticantes de Magia e até em seitas estranhas. As Colunas pode-se
dizer que se anteciparam em matéria de simbolismo, ao próprio Templo de Salomão. Elas já
tinham sua vida própria como símbolo. A Maçonaria as havia emprestado das entidades iniciáticas
antigas.
A Maçonaria acabou por introduzir as Colunas para dentro do Templo. Hoje apesar de serem
naturalmente consideradas como um detalhe bíblico do Templo de Salomão elas talvez sejam
mais importantes, do que o próprio Templo, dada a riqueza simbólica que elas encerram.
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina - PR
Referências
CASATELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom
Editora A Gazeta Maçônica
São Paulo, 1985
CARVALHO, Francisco de Assis - Símbolos Maçônicos e suas origens
Editora A Trolha Ltda
Londrina, 1990
HORNE, Alex - O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica
Editora Pensamento Ltda.
São Paulo, 1972
NAME, Mario O Templo de Salomão nos Mistérios da Maçonaria
Editora A Gazeta Maçônica
São Paulo, 1988
TONDRIAU , Julien – O Ocultismo
Editora Difusão Europeia do Livro
São Paulo, 1964
VAROLI Fº, Teobaldo – Curso de Maçonaria Simbólica
Editora A Gazeta Maçônica
São Paulo, 1970
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 27/37
O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve aos domingos
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
MAÇONARIA- UMA JORNADA EM BUSCA DE LUZ
O culto á Luz
A ideia de que Deus é pura luz e o que o nosso espírito é feito de luz é uma intuição bastante
antiga que já existia nos tempos mais primitivos da civilização humana. Os persas e os hindus, em
tempos anteriores a Zaratrusta (século XII a.C), já possuíam uma noção bastante avançada desse
conceito, pois sustentavam a existência de dois princípios a reger a vida do universo. Esses
princípios eram a luz, representada pelo deus Marduc (Ahura Mazda) e as trevas, representada
pelo deus Arimã. Paralelamente, numa crença que tem, provavelmente, a mesma idade que a
tradição religiosa persa, os egípcios também desenvolveram uma teogonia com base num conceito
similar, que colocava o deus Rá, simbolizado pelo sol, como a divindade suprema do seu panteão,
a quem estavam submissas todas as outras deidades. E do outro lado o demônio Tifão, habitante
das trevas, como contraponto desse poder, fórmula essa que seria reproduzida no mais famoso dos
dramas iniciáticos dessa civilização, que são os Mistérios de Ísis e Osíris.1
Similarmente, os povos da Mesopotâmea colocavam um fenômeno luminoso, representado
pelo sol, como princípio gerador da vida em todo o universo. Destarte, todos seus deuses tinham
vindo do espaço, sendo Shamash aquele que representava o astro rei. A própria ação civilizadora
da humanidade teria sido, conforme antigas crenças sumérias, uma realização desses deuses
astronautas, que á terra teriam baixado em uma expedição de exploração, e aqui deram início á
uma colonização. Essa tese foi defendida pelo arqueólogo soviético Zecharia Sitchin (1920─
2010) o qual atribui o desenvolvimento da antiga cultura suméria aos "anunnaki" (ou "nefilins"
conforme os chama a Bíblia). Essa teria sido uma raça extraterrestre oriunda de um planeta
chamado Nibiru, que existia nos confins do sistema solar e por isso ainda não teria sido
descoberto pelos nossos cientistas. Ele baseia suas especulações na tradução que fez de textos
sumérios antigos, encontrados na famosa biblioteca de Assurbanipal. Registre-se que os antigos
reis sumérios chamavam a si mesmos de anunnakis, e que o famoso Código de Hamurabi,
conhecido como o primeiro código de leis da humanidade foi promulgado pelo monarca
Hamurabi, que chamava a si mesmo de “rei anunnaki”.2
1
Teogonia é a doutrina mística que explica o nascimento do universo através da ação dos deuses. Nos Mistérios de Ísis e Osíris, Osíris
simboliza a luz, e seu invejoso irmão Sethi, as trevas.
2
Ver, a esse respeito, “O Décimo Segundo Planeta”- Vol. I publicado pela Editora Madras, 2013.
6 – Maçonaria – Uma Jornada em busca de Luz
João Anatalino Rodrigues
JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 28/37
Assim, podemos dizer que a maioria dos povos antigos desenvolveram religiões solares, onde
o astro-rei aparece como origem e mantenedor da vida. Essa cultura religiosa floresceu também
entre os primitivos habitantes do Novo Mundo, com destaque entre os povos astecas, maias e
incas, os quais, com poucas variações, praticavam religiões solares que ainda hoje, mesmo
cristianizados, os habitantes das regiões onde essas civilizações floresceram, ainda conservam
alguns mitos.
A influência do mito solar, entretanto, era tão forte entre os antigos, que nem os israelitas, povo
inovador em termos de religião, escapou dela. Embora os israelitas tenham sintetizado os atributos
da Divindade em um conceito abstrato, lançando a ideia de um Deus ─ espírito que não podia ser
representado por nenhuma forma que a mente humana pudesse imaginar, eles não conseguiram
escapar da noção de que Deus é, em essência, energia que se manifesta em forma de luz. Assim, o
primeiro ato de Deus, ao fazer o mundo, segundo a Bíblia, foi “libertar a luz”. Pois conforme diz o
texto sagrado, o primeiro comando divino ao criar o mundo foi “ Haja luz.”3
E mais tarde, quando quis se manifestar a um ser humano, Ele o fez de dentro de uma chama,
ou seja, uma forma luminosa, simbolizada por uma sarça ardente, material que não se consumia,
porque, na verdade, era o reflexo da Luz de Deus.4
Libertando a Luz interior
Por isso, toda disciplina iniciática consiste numa fórmula para libertação da luz que se supõe
existir no interior de todo ser humano. Todavia, o que significa “libertar a luz?” Certamente não é
fabricá-la, pois fabricar sugere uma ação transformadora sobre uma matéria prima pré-existente,
transformando-a em produto. A Bíblia diz que Deus “tirou” a luz de dentro das trevas e com ela
fez surgir o dia e com a escuridão produziu a noite. Grandiosa metáfora essa. Pois o dia
corresponde á realidade observável, ao universo real, ao chamado mundo manifesto, á tudo aquilo
que se vê, enquanto que a escuridão, a ausência de luz, corresponde exatamente ao mundo das
trevas, aquilo que está oculto, o que não pode ser visto, mas que pode ser desvelado quando sobre
a escuridão fazemos projetar a luz do nosso entendimento. Por isso os fenômenos psíquicos da
descoberta, do insight, da sabedoria, estão sempre ligados á ideia da iluminação, ou seja, lançar a
luz sobre um objeto desconhecido, ou mesmo “acender a luz” dentro da nossa consciência.
Isso pressupõe que o universo, tal como o vemos, é feito de luz, embora parte dele permaneça
nas sombras porque sobre essa parcela da realidade existente, a luz do nosso entendimento ainda
não a alcançou.
No entanto, a realidade é luz e a verdade se reveste dela. Por isso os Evangelhos do Novo
Testamento fazem larga utilização dessa simbologia para se referir á doutrina de Jesus, sendo ele
próprio chamado de “Luz do mundo”.5
Corroborando essa visão os cientistas dizem que o universo saiu de dentro de uma
Singularidade que explodiu. O que era essa Singularidade, ninguém se arrisca a definir. Nem a
Bíblia nem a ciência explicam o que havia antes dessa explosão e o que era Deus antes de fazer o
universo. Mas para algo sair de dentro de alguma coisa é preciso que esse algo tenha uma
existência anterior ao próprio parto. Não pode simplesmente “nascer” uma coisa que não tem
existência anterior ao nascimento, sendo o nascimento apenas o seu ingresso na esfera da
existência positiva.
3
Gênesis, 1:3
4
Êxodo, 3:2
5
João, 8;12
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Maçons discutem valores do Ser e Ter

  • 1. JB NEWS Informativo Nr. 1.975 Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: IrJeronimo Borges – JP-2307-MT/SC Academia Catarinense Maçônica de Letras (Membro) Loja Templários da Nova Era nr. 91(Obreiro) Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Membro Honorário) Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (Correspondente) Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (Correspondente) Nesta edição: Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e www.google.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo, 28 de fevereiro de 2016 Bloco 1–Almanaque Bloco 2-IrNewton Agrella – (Editorial de Domingo) Ter e Ser - Caminhando lado a lado Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi (Coluna do Irmão João Gira) – Os verdadeiros patriotas não fazem perguntas Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – Inglaterra: Maçons, Judeus, Cientistas e o ........ Bloco 5-IrHercule Spoladore – Divagações sobre as Colunas “J” e “B” Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – Uma Jornada em busca de Luz Bloco 7-Destaques JB – Hoje com versos do Irmão e Poeta Sinval Santos da Silveira
  • 2. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 2/37 Caros IIr., Com satisfação divulgamos dois livros sobre a Filosofia de Humanitarismo da Maçonaria e sobre a prática do Rito Schröder, na tradução (a) e na autoria (b) do Ir. Luiz R. Voelcker, ex-V.M.: Prezados Irmãos, a) livro "Maçonaria, uma Filosofia de Humanitarismo" - de Wolfgang Wenng - por mim traduzido - custo: R$15,00 - mais despesa postal; b) livro "A Compreenção e a Prática do Rito Schröder" - Grau I, de minha autoria - custo: R$25,00 - mais despesa postal. Encomendas para luizvoelcker@via-rs.net , informando nome, endereço, e-mail e telefone para contato. A despesa postal fica em torno de R$5,00. Aos Interessados serão informados os dados para depósito em C/C Com saudações fraternais, Ir. Luiz R. Voelcker Ex-V.M. da A.R.L.S. "Zur Eintracht" Nr. 441 - ao Or. de Porto Alegre – RS – Rito Schröder – GORGS Die Deutschsprachige Freimaurerloge in Brasilien Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir. Gouveia - Colegiado Diretor www.colegioschroder.org.br (51) 9987-4139 (Vivo) – luizvoelcker@via-rs.net Rumo ao VII SEMINÁRIO Nacional do Rito Schröder – Ir. Kurt Max Hauser, ao Or. de Porto Alegre, dias 11 e 12/11/2016! 1 – ALMANAQUE Hoje é o 59º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Cheia) Faltam 307 dias para terminar este ano bissexto É o 127º ano da Proclamçaõ da República; 194º da Independência do Brasil e 516º ano do Descobrimento do Brasil Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado. Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária. L I V R O S
  • 3. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 3/37   870 — O Quarto Concílio de Constantinopla é encerrado.  1525 — América Colonial: o espanhol Hernán Cortés executa último imperador asteca, Cuauhtémoc.  1644 — Brasil Colônia: holandeses abandonam São Luís do Maranhão, que volta ao domínio português.  1736 — Por decreto, a Coroa portuguesa, obriga a que o transporte de ouro, diamantes e outras pedras preciosas do Brasil, se faça exclusivamente nos cofres das frotas.  1854 — O primeiro desfile de carros alegóricos durante o carnaval no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro.  1897 — A Rainha Ranavalona III, a última monarca de Madagáscar (ou Madagascar), é deposta pelas tropas militares da França.  1904 — Fundado o Sport Lisboa e Benfica, um dos mais populares clubes de Portugal.  1912 — No Missouri (Estados Unidos) Albert Perry, capitão norte-americano realizou o primeiro salto de pára-quedas de um avião.  1914 — Carlitos (em Portugal, Charlot), interpretado por Charlie Chaplin, aparece pela primeira vez no cinema, em Between Showers.  1922 — A independência do Egito foi reconhecida pelo Reino Unido, que mesmo assim continuou com o controle do Canal de Suez.  1960 — Cerimônia de abertura da I Universíada de Inverno em Villars, Suíça.  1964 — Paulínia é emancipada, separando-se de Campinas.  1966 — Foi fechado definitivamente o local das primeiras apresentações dos Beatles, o bar Cavern Club.  1974 — Depois de sete anos de desentendimentos, Estados Unidos e Egito restabelecem relações diplomáticas.  1986 — Com medidas para conter a inflação e estabilizar a economia foi decretado no Brasil o Plano Cruzado. A nova moeda substitui o cruzeiro, com o corte de três zeros (mil cruzeiros passaram a valer um cruzado).  1991 — Fim da Guerra do Golfo.  1994 — Aviões americanos abateram quatro aviões iugoslavos na Bósnia, na primeira ação militar da OTAN.  1996 — No Reino Unido a princesa Diana concordou em se divorciar do príncipe Charles.  1997 — Um sismo de magnitude 5,5 na escala de Richter, sentido no noroeste do Irão (Irã), provoca cerca de 1100 mortos e entre 40 a 60 mil feridos.  2010 — Cerimônia de encerramento dos XXI Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver, Canadá.  2013 — Termina o pontificado de Bento XVI, que anunciou sua renúncia do dia 11 de fevereiro do mesmo ano.  2014 — A Universidade de Guadalajara, no México, ganha o reconhecimento de "benemérita" pelo congresso do estado de Jalisco. 1821 Decreto desta data transforma a antiga Capitania, em Província de Santa Catarina. 1934 Leis nrs. 526 e 527 criam, respectivamente, os municípios de Indaial e Timbó, ambos desmembrados de Blumenau. 1952 Morre, em Florianópolis, a professora Antonieta de Barros. Lecionou nos Colégios Coração de Jesus e Dias Velho. Poetisa e cronista deixou vários trabalhos publicados. Foi deputada estadual em duas legislaturas, sendo a primeira mulher negra a ocupar o legislativo catarinense. 1962 Lei nº 814 cria o município de Itapema, desmembrado de Porto Belo. Fatos históricos de santa Catarina Eventos históricos - (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki) Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
  • 4. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 4/37 1533 Nasce Michel de Montaigne, filósofo francês, autor dos “Ensaios”. 1866 Fundação da Grande Loja de Nova Scotia, Canadá. 1899 Fundação da GL de Western Australia 1998 Fundação da Loja “Energia e Luz” (GOB/SC) em Capivari de Baixo. 2005 Fundação do Grande Oriente Estadual de Tocantins, federado ao GOB. © FraternalHug Baixe Agora: iOS: http://fraternalhug.com/baixar-apple Android: http://fraternalhug.com/baixar-android Blog (fraternalhug.com/blog): Fatos maçônicos do dia (Fontes: “O Livro dos Dias” do Ir João Guilherme - 20ª edição e arquivo pessoal)
  • 5. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 5/37 Ir.`. Newton Agrella - Cim 199172 M I Gr 33 - Loja Luiz Gama Nr. 0464 (GOSP/GOB) e Loja Estrela do Brasil nr. 3214 (GOSP/GOB) REAA - GOSP - GOB newagrella@gmail.com "TER e SER - CAMINHANDO LADO A LADO" ============================ Ao estabelecermos uma relação entre dois verbos que segmentam cada momento das nossas vidas como uma espécie de bússola de nossas orientações deparamo-nos em grande parte com tudo aquilo que revela os nossos caminhos. Foi justamente num instante prosaico em que minha esposa e eu conversávamos sobre a questão de comportamentos e os Valores que trazemos dentro de nós que inspirou-me a discorrer sobre esse tema: Ser e Ter. Dois verbos acostumados a caminhar lado a lado nas mais diferentes formas gramaticais - sejam como verbos principais ou como verbos auxiliares - seja no idioma que for, mas o que é inegável é o poder de concentração de idéias e funções que ambos empreendem. Notadamente do ponto de vista das relações humanas "TER" assume uma identidade mais impactante, pois via de regra como verbo principal enseja a idéia da Posse, da Propriedade, da Conquista, da Ostentação e do Poder. É o verbo que estimula a busca incessante da exaltação da riqueza e do consumo... Empolga e inebria os incautos levando-os a sensações ilusórias de superioridade e por que não dizer de "deslumbramento". Vale porém lembrar que "TER" na grande maioria dos casos remete a uma situação esporádica, quando não transitória, posto que as oscilações da vida, sejam de natureza 2 – Editorial de Domingo – Ter e Ser – Caminhando lado a lado Newton Agrella
  • 6. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 6/37 física, econômica ou de perdas pessoais são exemplos claros de quão volúveis são as circunstâncias que nos cercam e sob essa ótica o verbo ganha um aspecto relativamente incerto na sua essência e significado semânticos. É o homem se prostrando diante de suas limitações... Do outro lado da moeda, deparamo-nos com o verbo que indica o nosso estado de alma, de espírito e de situação e que se constitui no verdadeiro paradigma de nossa existência perante o Universo. É o verbo SER - que administra e cumpre seu papel de guardião de todos os nossos instintos, dos valores mais intimos e atávicos que trazemos em nossos genes como herança de nossos ancestrais. SER é o verbo que traduz na sua própria conjugação aquilo que SOMOS. E é nesse sentido que verbo SER expõe a sua alma como a vitrine e o raio X do que realmente existe dentro de nós. Valorizar o que se "É" em detrimento do que "TEM" parece um processo muito complicado para se digerir e argumentar. Exemplo crasso dessa defasagem se observa na própria Maçonaria onde a valorização da posse em diversas ocasiões se sobrepuja ao do mero reconhecimento da essência e dos valores pessoais, éticos e morais de um Irmão. Não se está arrogando ou sugerindo aqui que o ser humano não deva valorizar as suas conquistas ou desmerece-las. Em absoluto. O único exercício que se está propondo é o da comparação das Idéias e fundamentos contidos na percepção de quem enxerga o mundo sob diferentes ângulos e que se dispõe a compartilhar dos Pensamentos como forma de buscar o equilíbrio das Ações. TER e SER não se desassociam simplesmente porque fazem parte da Linguagem Humana e das duas margens do rio que flui perene como a própria literalidade da Vida. Fraternalmente Ir Newton Agrella - M I Gr.´. 33 REAA Membro Ativo da ARLS LUIZ GAMA Nr. 0464 - GOSP-GOB e da ARLS ESTRELA DO BRASIL Nr. 3214 - GOSP-GOB
  • 7. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 7/37 O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja “Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do “Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite” Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco. OS VERDADEIROS PATRIOTAS FAZEM PERGUNTAS “Não é função de nosso governo impedir que o cidadão caia em erro; é função do cidadão impedir que o governo caia em erro”. (Robert Jackson, juiz da Suprema Corte dos EUA, 1950). É um fato da vida em nosso pequeno planeta sitiado que a tortura disseminada, a fome e a irresponsabilidade criminosa das autoridades sejam mais prováveis nos governos tirânicos do que nos democráticos. Por quê? Porque é muito menos provável que os governantes dos primeiros sejam depostos pelos seus malefícios do que os governantes dos últimos. Esse é o mecanismo de correção de erros na política. Os métodos da ciência - com todas as suas imperfeições - podem ser usados para aperfeiçoar os sistemas sociais, políticos e econômicos, e isso vale, na minha opinião, para qualquer critério de aperfeiçoamento que se adotar. Mas como é possível, se a ciência se baseia em experimentos? Os humanos não são elétrons, nem ratos de laboratório. Mas toda lei do Congresso, toda decisão da Suprema Corte, toda diretriz presidencial de segurança nacional, toda mudança na taxa de juro preferencial é um experimento. Toda mudança na política econômica, todo aumento ou decréscimo no financiamento do programa educacional, todo endurecimento das sentenças criminais é um experimento. Usar agulhas descartáveis, distribuir preservativos grátis ou descriminar a maconha são experimentos. O comunismo na Europa oriental, na União Soviética e na China foi um experimento. Privatizar o sistema de saúde mental ou as prisões é um experimento. O fato de o Japão e a Alemanha Ocidental terem investido muito em ciência e tecnologia e quase nada em defesa - e terem descoberto que suas economias floresceram - foi um experimento. Em quase todos esses casos, não se fazem experimentos de controle adequados, nem as variáveis são suficientemente isoladas. Ainda assim, até certo grau, com frequência útil, as idéias políticas podem ser testadas. O grande desperdício seria ignorar os resultados dos experimentos sociais por parecerem ideologicamente intragáveis. Não existe atualmente nenhuma nação na Terra em condições ótimas para a metade do século XXI. Enfrentamos uma abundância de problemas sutis e complexos. Portanto, precisamos de soluções sutis e complexas. Como não existe teoria dedutiva da organização social, o nosso único recurso é o experimento científico - tentando às vezes em pequenas escalas (por exemplo, em nível 3 – Coluna do Irmão João Gira (Os verdadeiros patriotas fazem perguntas) - João Ivo Girardi
  • 8. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 8/37 da comunidade, cidade e estado) uma ampla gama de alternativas. Quando alguém se tornava primeiro-ministro na China no século V a.C., uma das prerrogativas do poder era que ele começava a construir um estado-modelo em seu distrito ou província natal. O grande fracasso de sua vida, lamentava Confúcio, foi nunca ter chegado a desfrutar dessa experiência. Até um exame casual da história revela que nós, humanos, temos uma tendência triste de cometer os mesmos erros mais de uma vez. Temos medo de estranhos ou de qualquer pessoa que seja um pouco diferente de nós. Quando ficamos com medo, começamos a maltratar as pessoas. Temos botões de fácil acesso que liberam emoções poderosas ao serem apertados. Manipulados por políticos inteligentes, podemos chegar até o mais alto grau de irracionalidade. Dêem-nos o tipo certo de líder e, como os pacientes mais sugestionáveis dos hipnoterapeutas, faremos alegremente quase tudo o que ele quiser, mesmo coisas que sabemos estarem erradas. Os idealizadores da Constituição eram estudiosos de história. Por reconhecer a condição humana, procuraram inventar um meio de nos manter livres a despeito de nós mesmos. As descobertas e as atitudes científicas eram comuns naqueles que inventaram os Estados Unidos. A autoridade suprema, superior a qualquer opinião pessoal, a qualquer livro, a qualquer revelação, eram - como diz a Declaração da Independência - as leis da natureza e do DEUS da natureza. Benjamin Franklin era respeitado na Europa e na América como o fundador da nova área da física elétrica. Na Assembléia Constituinte de 1789, John Adams recorreu repetidamente à analogia do equilíbrio mecânico nas máquinas; outros, à descoberta de William Harvey da circulação do sangue. No final da vida, Adams escreveu: Todos os homens são químicos desde o berço até o túmulo... O Universo Material é uma experiência química. James Madison usou metáforas químicas e biológicas em The federalist papers. Os revolucionários norte-americanos eram criaturas do Iluminismo europeu, o que nos dá um pano de fundo essencial para compreender as origens e o objetivo dos Estados Unidos. A ciência e seus corolários filosóficos, escreveu o historiador norte-americano Clinton Rossiter, foram talvez a força intelectual mais importante que moldou o destino dos Estados Unidos no século XVIII [...]. Franklin era apenas um dentre vários colonos de visão avançada que reconheciam o parentesco do método científico e do procedimento democrático. O livre exame, a livre troca de informações, o otimismo e a autocrítica, o pragmatismo, a objetividade - todos esses ingredientes da futura república já estavam ativos na república científica que floresceu no século XVIII. Thomas Jefferson era cientista. Jefferson foi um de meus primeiros heróis, não por causa de seus interesses científicos (embora eles tenham ajudado a moldar a sua filosofia política) mas porque, talvez mais do que qualquer outra pessoa, foi responsável pela propagação da democracia em todo o mundo. A idéia - emocionante, radical e revolucionária na época (em muitos lugares do mundo continua a ser) - é que as nações não devem ser governadas pelos reis, nem pelos padres, nem pelos chefões das grandes cidades, nem pelos ditadores, nem por um conluio militar, nem por uma conspiração de facto dos ricos, mas pelas pessoas comuns, trabalhando juntas. Jefferson não era apenas um teórico influente dessa causa; também estava envolvido na prática, ajudando a criar a grande experiência política norte-americana, que desde então tem sido admirada e imitada em todo o mundo. Numa carta redigida alguns dias antes de sua morte, ele anotou que a luz da ciência é que tinha demonstrado que a maioria da humanidade não nascera com selas nas costas, nem uns poucos privilegiados de botas e esporas. Na Declaração da Independência, escrevera que nós todos devemos ter as mesmas oportunidades, os mesmos direitos inalienáveis. E, se a definição de todos estava vergonhosamente incompleta em 1776, o espírito da declaração era bastante liberal para que hoje esse todos seja muito mais inclusivo. Jefferson ensinou que todo governo degenera, quando fica
  • 9. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 9/37 entregue apenas aos governantes, porque estes - pelo próprio ato de governar - abusam da confiança pública. Quando consideramos os fundadores de nossa nação - Jefferson, Washington, Samuel e John Adams, Madison e Monroe, Benjamin Franklin, Tom Paine e muitos outros -, temos diante de nós uma lista de pelo menos dez e talvez até dezenas de grandes líderes políticos. Eles tinham uma boa educação. Produtos do Iluminismo europeu, eram estudiosos da história. Conheciam a falibilidade, a fraqueza e a corruptibilidade humanas. Eram fluentes na língua inglesa. Escreviam seus próprios discursos. Eram realistas e práticos, e ao mesmo tempo motivados por princípios elevados. Não verificavam as pesquisas de opinião para saber o que pensar naquela semana. Sabiam o que pensar. Tinham familiaridade com o pensamento de longo prazo, planejando um futuro bem mais distante do que a próxima eleição. Eram auto-suficientes, não precisando das carreiras do político e lobista para ganhar a vida. Eram capazes de revelar o melhor entre nós. Interessavam-se pela ciência, e pelo menos dois deles eram versados nela. Tentaram determinar um rumo para os Estados Unidos a longo prazo - muito menos pelo estabelecimento de leis do que pela imposição de limites aos tipos de lei que podiam ser aprovados. Uma das razões para a Constituição ser um documento ousado e corajoso é que ela permite mudança contínua, até da própria forma de governo, se assim desejar o povo. Como ninguém é bastante sábio para prever as idéias que vão suprir necessidades sociais urgentes - mesmo que elas sejam contrárias à intuição e tenham sido perturbadoras no passado -, esse documento tenta garantir a expressão mais plena e livre de todas as opiniões. Há certamente um preço. A maioria de nós é a favor da liberdade de expressão quando há o perigo de nossas opiniões serem reprimidas. Mas não ficamos assim tão contrariados quando opiniões que desprezamos enfrentam um pouco de censura aqui e ali. No entanto, dentro de certos limites rigorosamente circunscritos. Ainda que façam troça dos valores judaicos, cristãos e islâmicos, ainda que ridicularizem tudo o que é caro para a maioria de nós, os adoradores do Diabo (se é que existem) têm o direito de praticar a sua religião, desde que não violem nenhuma lei constitucionalmente válida. Os indivíduos ou grupos têm a liberdade de afirmar que uma conspiração judaica ou maçônica está tomando conta do mundo, ou que o governo federal fez um pacto com o Diabo. Os indivíduos têm a liberdade, se assim quiserem, de elogiar a vida e a política de indiscutíveis assassinos de massa como Adolf Hitler, Josef Stalin e Mao Zedong. Até as opiniões detestáveis têm o direito de ser ouvidas. Tom Clark, procurador geral da República e, portanto, o principal responsável pelo cumprimento das leis nos Estados Unidos, ofereceu em 1948 a seguinte sugestão: Aqueles que não acreditam na ideologia dos Estados Unidos não devem ter permissão de permanecer nos Estados Unidos. Mas, se há uma ideologia primordial e característica dos Estados Unidos é que não há ideologias obrigatórias ou proibidas. Em seu famoso livrinho On liberty, o filósofo inglês John Stuart Mill afirmava que silenciar uma opinião é um mal peculiar. Se a opinião é correta, somos roubados da oportunidade de trocar o erro pela verdade; e, se está errada, somos privados de uma compreensão mais profunda da verdade em sua colisão com o erro. Se conhecemos apenas o nosso lado da argumentação, mal sabemos sequer esse pouco; ele se torna desgastado, logo aprendido de cor, não testado, uma verdade pálida e sem vida.
  • 10. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 10/37 Em questões de direito penal, a Declaração de Direitos reconhece a tentação em que podem cair a polícia, os promotores e o Judiciário, no sentido de intimidar as testemunhas e apressar a punição. O sistema de justiça criminal é falível: pessoas inocentes podem ser punidas por crimes que não cometeram; os governos são perfeitamente capazes de forjar acusações falsas contra aqueles que, por razões que nada têm a ver com o suposto crime, não lhes agradam. As novas idéias, a invenção e a criatividade em geral sempre estão na vanguarda da promoção de um tipo de liberdade - um desvencilhar-se das restrições claudicantes. A liberdade é um pré-requisito para continuar a delicada experiência da ciência - tendo sido uma das razões pelas quais a União Soviética não pôde continuar sendo um Estado totalitário e tecnologicamente competitivo. Ao mesmo tempo, a ciência - ou melhor, a sua delicada mistura de abertura e ceticismo, e o seu estímulo à diversidade e ao debate - é um pré-requisito para continuar a delicada experiência da liberdade numa sociedade industrial e altamente tecnológica. Uma vez questionada a insistência religiosa na visão predominante de que a Terra estava no centro do Universo, por que se deveriam aceitar as afirmativas repetidas e conflitantes dos líderes religiosos no sentido de que Deus enviou reis para nos governar? No século XVII, era fácil enfurecer o júri a respeito desta impiedade ou daquela heresia. Eles estavam dispostos a torturar as pessoas até a morte em nome de suas crenças. No final do século XVIII, já não tinham tanta certeza. A Declaração de Direitos desatrelou a religião do Estado, em parte porque muitas religiões estavam impregnadas de um espírito absolutista - cada uma convencida de que só ela tinha o monopólio da verdade e, assim, ansiosa para que o Estado impusesse essa verdade aos outros. Muitas vezes, os líderes e os praticantes das religiões absolutistas eram incapazes de perceber qualquer meio-termo ou de reconhecer que a verdade poderia se apoiar em doutrinas aparentemente contraditórias e abraçá-las. Os idealizadores da Declaração de Direitos tinham diante dos olhos o exemplo da Inglaterra, onde o crime eclesiástico da heresia e o crime secular da traição haviam se tornado quase indistinguíveis. Muitos dos primeiros colonos vieram para os Estados Unidos fugindo da perseguição religiosa, embora alguns deles ficassem bastante contentes em perseguir outras pessoas por causa de suas crenças. Os fundadores de nossa nação reconheceram que uma relação estreita entre o governo e qualquer uma das religiões conflitantes seria fatal para a liberdade - e prejudicial à religião. O juiz Black em 1962 descreveu a cláusula da Igreja oficial na primeira emenda da seguinte maneira: O seu objetivo primeiro e mais imediato se baseava na crença de que a união do governo e da religião tende a destruir o governo e a degradar a religião. Além do mais, a separação dos poderes também funciona nesse ponto. Cada seita e culto, como observou certa vez Walter Savage Landor, é um controle moral exercido sobre os outros: A competição é tão saudável na religião como no comércio. Mas o preço é elevado; essa competição é um obstáculo a que grupos religiosos, agindo em harmonia, tratem do bem comum. Ora, não adianta ter esses direitos, se não os usamos - o direito à liberdade de expressão quando ninguém contradiz o governo, à liberdade da imprensa quando ninguém está disposto a fazer as perguntas difíceis, o direito de reunião quando não há protestos, o sufrágio universal quando menos da metade do eleitorado vota, a separação da Igreja e do Estado quando o muro entre eles não passa por uma manutenção regular. Pelo desuso, eles podem se tornar nada mais que objetos votivos, palavreado patriótico. Direitos e liberdades: use-os ou perca-os. Devido à previsão dos idealizadores da Declaração de Direitos - e ainda mais a todos aqueles que, com risco pessoal considerável, insistiram em exercer esses direitos -, é difícil agora prender a liberdade de expressão numa garrafa. Os comitês das bibliotecas escolares, o serviço de imigração, a polícia, o FBI - ou o político ambicioso à cata de votos - podem tentar reprimi-la de tempos em tempos, porém mais cedo ou mais tarde a rolha explode. A Constituição é afinal a lei da nação, os
  • 11. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 11/37 funcionários públicos juraram preservá-la, e os ativistas e os tribunais de vez em quando impedem o fogo... Entretanto, devido a padrões educacionais mais baixos, competência intelectual em declínio, gosto diminuído pelo debate substantivo e sanções sociais contra o ceticismo, as nossas liberdades podem sofrer um processo lento de erosão e os nossos direitos podem ser subvertidos. Os fundadores compreenderam tudo isso muito bem: O momento de estabelecer legalmente todos os direitos essenciais é quando os nossos governantes são honestos e nós mesmos estamos unidos, disse Thomas Jefferson. Conhecer o valor da liberdade de expressão e das outras liberdades garantidas pela Declaração de Direitos, saber o que acontece quando não temos esses direitos e aprender a exercê-los e protegê-los deveria ser um pré-requisito essencial para ser cidadão norte-americano ou, na verdade, cidadão de qualquer nação, ainda mais se esses direitos continuam desprotegidos. Se não podemos pensar por nós mesmos, se não estamos dispostos a questionar a autoridade, somos apenas massa de manobra nas mãos daqueles que detêm o poder. Mas, se os cidadãos são educados e formam as suas próprias opiniões, aqueles que detêm o poder trabalham para nós. Em todo país, deveríamos ensinar às nossas crianças o método científico e as razões para uma Declaração de Direitos. No mundo assombrado por demônios que habitamos em virtude de seres humanos, talvez seja apenas isso o que se interpõe entre nós e a escuridão circundante. Finalizando: O texto acima foi condensado do livro O Mundo Assombrado pelos Demônios, 1995, de Carl Sagan. Este último capítulo foi escrito pela sua esposa Ann Druyan. - Nunca pus os pés nos Estados Unidos, mas admiro esta nação pela democracia, pela sua pujança tecnológica, pela meritocracia e principalmente porque, seus valores estão enraizados nos conceitos maçônicos de seus fundadores. E o nosso Brasil? Qual o grau de valores ideológicos, intelectuais e morais dos dois últimos presidentes? Qual o seu passado? Pobre Brasil, pátria educadora. Não me procurem no dia 13 de março pois não estarei em casa. (JIG).
  • 12. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 12/37 O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves* escreve aos domingos. INGLATERRA: MAÇONS, JUDEUS, CIENTISTAS E O ARQUÉTIPO DO TEMPLO DE SALOMÃO NOS PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA ESPECULATIVA. RABBI JACOB JUDAH LEON, ELIAS ASHMOLE, ISAAC NEWTON E OUTROS. *Irmão José Ronaldo Viega Alves ronaldoviega@hotmail.com Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” Oriente de S. do Livramento – RS. “Tem sido amiúde despertada a atenção para o grande interesse público pelo Templo do Rei Salomão, assim na Inglaterra como no Continente, no início do século XVIII, mais ou menos na ocasião em que a instituição da Maçonaria Especulativa começava a tomar forma definida.” (Pág. 29, “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica”, de Alex Horne) INTRODUÇÃO A Maçonaria, e isso já foi objeto de estudo em meu livro “Maçonaria e Judaísmo: Influências?”, para uns é tida como judaica em sua origem, ou (pasmem!!!) um instrumento dos judeus para seus planos sinistros e conspiratórios com vistas à dominação do mundo, além de um sem fim de ideias malucas que circulam na Internet e que estão sempre sendo alimentadas, requentadas e repassadas com títulos mutantes para chamar a atenção dos incautos e ignorantes. O pior de tudo é que, tem quem acredite. Existe embutida nessas teorias, ainda, o uso milenar aquele do famoso estereótipo ou figura do judeu como bode expiatório, com o propósito de servir a outras causas também, normalmente a religiosos fanáticos e radicais, se é que se pode chamar de religioso quem é fanático e radical. Mas, se a caravana passa enquanto os cães ladram, vamos seguindo em frente. Analisando a Maçonaria do ponto de vista das suas influências, das contribuições recebidas durante o transcorrer da sua história, muito da cultura judaica, da história judaica e da religião judaica está presente sim em seu âmbito, assim como, há influência e muita da filosofia grega, das escolas de mistério dos gregos, dos egípcios e de muitas outras civilizações antigas, ou seja, o que faz por comprovar que a Maçonaria não segue os preceitos desta e daquela filosofia, ou cultura em particular, mesmo que muitos insistam em tentar provar o contrário, mas, absorveu ao longo da sua trajetória uma síntese universal das ideias, do pensamento e das conquistas do conhecimento humano no campo filosófico de uma maneira geral, o que vai de encontro ao pensamento do saudoso Irmão, o estudioso Theobaldo Varoli Filho. No entanto, palavras sagradas e hebraicas, são utilizadas na Maçonaria, ao longo dos Graus e dos mais diversos Ritos, assim como lendas e alegorias judaicas, de maneira comprovada. A 4 – INGLATERRA: MAÇONS, JUDEUS, CIENTISTAS E O ARQUÉTIPO DO TEMPLO DE SALOMÃO NOS PRIMÓRDIOS DA MAÇONARIA ESPECULATIVA. RABBI JACOB JUDAH LEON, ELIAS ASHMOLE, ISAAC NEWTON E OUTROS. José Ronaldo Viega Alves
  • 13. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 13/37 verdade é bastante simples, já que a fonte disso tudo é a Bíblia. E aqui não vamos entrar em detalhes sobre a Toráh ou Velho Testamento, sobre o Novo Testamento e porque não outro Livro Sagrado sobre o Altar... Todos sabemos que a Maçonaria durante um longo período da sua história esteve sob a influência da Igreja Católica, assim como, depois, sob uma forte influência anglicana, ou que a maioria dos ritos são teístas, além de outras tantas questões, motivo de infindáveis discussões que envolvem questões de ordem das religiões, se a Maçonaria não é religião... O propósito maior deste trabalho é resgatar não essas influências que sabemos já existirem e onde poderíamos incluir, em se considerando, o universo judaico, que é o assunto em questão, um pouco da Cabala também, mas, o objetivo mesmo é um pouco diferente, é descobrir quem teriam sido, alguns pelos menos desses judeus, quais seus nomes, de como participaram ou influíram na Maçonaria, quais aqueles que se destacaram mais, principalmente na chamada fase de transição e se formos um pouco além, nos começos da Especulativa na Inglaterra, onde, sabidamente, a partir do retorno deles ( os judeus, e agora em sua maioria sefaradim) à Inglaterra, houve sua efetiva participação nos templos maçônicos, e tudo coincidindo com a época essa em que recém começavam a serem substituídos os lugares de reuniões dos maçons, já que não fazia muito eram realizadas nas salas traseiras das tabernas e estalagens, que agora estavam sendo substituídas por edifícios construídos especialmente com a finalidade de abrigarem os templos maçônicos. O trabalho pode pender para algumas digressões, mas, só aparentemente, e em alguns momentos. Os fins justificam os meios, pois, há interconexões entre os nomes todos, uns aparecendo mais cedo, outros aparecendo mais tarde. Por outro lado, há que se fazer desaparecer alguns fantasmas também. Um exemplo: Elias Ashmole, em um trabalho que li recentemente, é descrito como de origem judaica, o que não é verdade, então, isso também será esclarecido. Isaac Newton, o grande cientista, tinha um grande fascínio pelo Templo de Salomão, tendo dedicado a esse arquétipo uma atenção toda especial em alguns dos seus escritos... Bem, numa época como aquela em que o presente trabalho faz desembarcar a sua máquina do tempo, mais precisamente nos séculos XVII e XVII, havia muitas mudanças em curso, muitas influências sendo trocadas, conexões sendo estabelecidas, e particularmente a Maçonaria vinha sofrendo sua mudança radical, onde os Maçons Aceitos, e o seu tipo diferente de cultura, envolvendo conhecimentos de ciência, filosofia e o deísmo, vinham aportando na Maçonaria há alguns anos. A Inglaterra, os judeus, os Maçons, os cientistas, os rabinos, a Maçonaria, o Templo de Salomão e muito mais fazem parte do cenário ou do trabalho este que começa a ser desenvolvido a partir de agora. Uma pergunta que até pode ser considerada em tom de digressão é: Até que ponto, a ideia e o mito do Templo de Salomão, nos primórdios da Maçonaria Especulativa, num despontar dos primeiros Templos Maçônicos, pode ter recebido o reforço e a influência desses judeus que compartilhavam daquela mesma atmosfera? OS JUDEUS NA INGLATERRA ATÉ SUA EXPULSÃO EM 1290: UM CAPÍTULO DO ANTISSEMITISMO O historiador britânico Paul Johnson escreveu “História dos Judeus”, livro que acabou se tornando um clássico, e onde ele faz um levantamento de 4000 anos da história judaica. No capítulo três dessa obra monumental, é dada ênfase à história dos judeus na Inglaterra, e que não é muito diferente daquelas em outros países em que eles estiveram presentes, ou seja, uma história conturbada, onde o preconceito, as perseguições, a injustiça e o ódio antissemita eram a tônica. Vejamos o que diz Paul Johnson sobre os primeiros judeus em solo inglês: “Houvera poucos judeus, ou sequer nenhum, na Inglaterra anglo-saxônica. Vieram, juntamente com muitos outros imigrantes flamengos, na esteira da invasão de Guilherme, o Conquistador. A metade deles estabeleceu-se em Londres, porém comunidades judaicas brotaram em York, Winchester, Lincoln, Canterbury, Northampton e Oxford. Não havia bairros judeus, mas normalmente duas ruas judias, uma para judeus abastados, a outra para os pobres: assim, em Oxford, perto de St. Aldates, havia a Grande Rua da Comunidade Judaica e o Pequeno Beco da Comunidade Judaica. (...) Em Norwich, os judeus viviam junto à praça do mercado e ao castelo(por segurança), mas estavam entremeados com cristãos. Sua principal atividade era o prestame, o empréstimo de dinheiro, para segurança de terras e locações. Também eram penhoristas. Alguns judeus ingleses eram médicos.” Naquela época os sentimentos antissemitas eram muito fortes, e por conta do preconceito, os boatos, os mitos e as mentiras acerca dos judeus eram disseminados aos quatro cantos, quando não surgiam de uma hora para outra acusações e injúrias que tomavam grandes proporções. A morte de uma criança cristã, certa vez, perto do período da Páscoa, foi o estopim para
  • 14. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 14/37 uma avalanche de ódio incontrolável contra os judeus, onde foram acusados de praticarem rituais com crianças cristãs, e outras barbaridades, sendo que a partir daí sempre que acontecia a morte de criança, praticamente a culpa sempre era atribuída aos judeus por conta de seus costumes, onde, os sacrifícios com vítimas inocentes cristãs, das quais extraíam o sangue para ser utilizados em rituais, enfim, um verdadeiro festival de baboseiras que normalmente acabavam em repressão total, expulsão ou enforcamento, tudo com o devido aval das autoridades, principalmente o Papa e os seus demais representantes, e sem que tivesse que haver, necessariamente, qualquer prova em contrário ou direito à defesa. Outras acusações contra os judeus do tipo: roubos de hóstias ou até mesmo de haver circuncidado um menino cristão à força, renderam lá por cerca do ano 1240 vários enforcamentos. O mito do assassinato ritual que teve origem em 1144 em Norwich, reapareceu em Lincoln em 1155; em Gloucester em 1168; em Bury St. Edmunds em 1181; em Bristol em 1183; em Londres em 1189 e no ano seguinte, em Norwich novamente... A cada festa da Páscoa, acontecia um massacre de judeus. Afora isto, outras questões envolvendo o exercício da agiotagem, do empréstimo de dinheiro (que por um período da Idade Média, de acordo com a ótica cristã, eram funções afetas aos judeus, na realidade só serviu para que fosse criado esse outro mito: o do judeu e a sua atração pelo dinheiro, assim como a sua ganância. Na realidade, a raiz disso tudo é mesmo uma imposição dos cristãos, ou dessa fábrica de mitos contra os judeus que era a Igreja medieval e que alimentava durante todo o tempo para se locupletar) O dinheiro era uma obsessão para os cristãos tanto quanto podia ser para os judeus, e a verdade também é que mesmo sob todas as adversidades e restrições impostas, havia judeus conseguindo prosperar, não por muito tempo, lógico, pois, para os resultados auferidos, dava- se um jeito, legal ou ilegal, de que fosse parar nas mãos dos cristãos. Essa sim, era uma conspiração silenciosa, a que envolvia o Papa, a nobreza, os clérigos, contra os judeus, além daquelas outras manifestações mais ruidosas de parte do povo que acabavam sempre em linchamentos, enforcamentos, chacinas, além de prejuízos materiais para os judeus. O castigo, para os judeus, vinha de todos os lados. Quando não eram as cruzadas, eram os massacres, muitas vezes perpetrados por personagens que entraram para a história como sendo heróis, quando foram exterminadores sanguinários dos judeus, a exemplo de Ricardo Coração de Leão. Esse panorama de confiscos, mortes e difamações aos judeus se prolongou até tudo acabar com a expulsão deles da Inglaterra em 18 de julho de 1290. Certamente, não havia mais o que explorar e um grande confisco já havia sido feito. Nesse dia, a cristandade deu mais uma mostra de sua milenar intolerância e dificuldade para lidar com os judeus, expulsando-os de toda a Inglaterra. Nessa época, o rei era Eduardo I. Oficialmente, os judeus somente retornariam à Inglaterra em 1656. Portanto, foi com desconhecimento de causa, conforme o historiador Gerald Messadié, que William Shakespeare criou seu famoso personagem, o judeu Shylock, pois, já não havia judeus na Inglaterra há cerca de três séculos. Shakespeare, na realidade, estava explorando um mito que assombrava as imaginações do povo inglês. QUEM FOI LEON TEMPLO OU RABBI JACOB JUDAH LEON? O Irmão Leon Zeldis, de Israel, escreveu um artigo, publicado na revista “A Trolha”, intitulado “Leon Templo – Rabbi Jacob Judah Leon”, personagem que iremos ficar conhecendo agora, através de alguns trechos retirados do mesmo: “O Rabino Jacob Judah Leon (1602-1675), conhecido como Leon Templo, tem um lugar especial na história da Maçonaria, embora não existam provas de que ele tenha sido Maçom, ou que tenha visitado uma loja. Sabe-se que seu trabalho impressionou Lawrence Dermott, o primeiro Grande Secretário da Grande Loja dos Antigos, que utilizou os esboços de Leon Templo para basear os paramentos dos Antigos, quando as duas Grandes Lojas da Inglaterra se uniram, formando em 1813 a Grande Loja Unida. Uma questão histórica interessante é a possível existência de uma organização maçônica em Amsterdã, a qual permitia o ingresso de Judeus, anterior à criação da Primeira Grande Loja de Londres. Existem duas indicações que sinalizam essa possibilidade. Dermott, na segunda edição do Ahiman Rezon – o Livro das Constituições da Grande Loja dos Antigos – publicado em 1764, chama Templo de ‘the famous and learned Hebrewist (sic) J, Architect and brother (o famoso e estudioso hebraísta (sic) J, arquiteto e irmão)’. Historiadores tem geralmente descartado a palavra ‘irmão’, considerando-a como um erro ou apelido. No entanto, sabe- se que Leon tinha contato com a comunidade judaica de Livorno.” O texto prossegue, citando sobre o fato dele possuir uma filha que estava casada com um judeu de Livorno, cidade que se transformara em um refúgio para judeus sefarditas, aqueles fugidos
  • 15. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 15/37 da Inquisição espanhola, e além do mais, quando a Maçonaria chegou à Itália, Livorno se tornou uma espécie de centro da atividade maçônica. No período compreendido entre 1815 e 1860, das 34 Lojas que havia na Itália, 19 estavam em Livorno, sendo que muitos membros eram judeus, o que pode ser considerado de um interesse incomum. Voltando ao nosso Jacob Judah Leon, ele nasceu em 1602, perto de Coimbra, Portugal. Quando os judeus passaram a ser perseguidos de maneira mais intensa naquele país, sua família saiu de Portugal para Amsterdã. Lá ele estudou até formar-se rabino. Em 1628 tornou-se Rabino chefe de Hamburgo, mas, acabou retornando à Amsterdã. Em 1630, mudou-se para Middleburg, e ocupou o cargo de Rabino local. Lá fez amizade com o teólogo cristão Adam Boreel, que era membro de um grupo internacional de estudiosos, onde se incluíam Comenius, Serrarius e outros, e que mantinham contato com Manasseh Ben Israel (*). O interessante aqui é que Boreel era um Milenário, ou seja, acreditava que haveria a segunda vinda do Messias, e, portanto, se fazia mister para ele, o preparo todo na reconstrução do Templo de Jerusalém. COMENTÁRIOS: Mais adiante veremos outro trecho do trabalho do Irmão Leon Zeldis, onde faz repousar também o nosso olhar atento, pois, registra aquilo que podem ser os primeiros esboços sobre o Templo de Salomão, servindo, para influenciar ou alimentar possíveis conexões entre os judeus, a Maçonaria e o arquétipo do Templo de Salomão: “Provavelmente sob a influência de Boreel, Leon foi inspirado a construir um modelo do Templo baseado nas descrições da Bíblia hebraica, nos escritos de Flavius Josephus e na literatura rabínica. Este trabalho foi financiado por Boreel. Jacob também escreveu um folheto em espanhol, ’ Retrato del Templo de Selomo’ (Esboço do Templo de Salomão), o qual foi muito bem recebido e traduzido em vários idiomas. Leon retornou a Amsterdam a fim de supervisionar a publicação da sua versão da Mishnah, e foi indicado para ensinar o Talmude Torah para a Comunidade Judaica Portuguesa. Leon também tinha cópias do esboço feitas para a venda. Ele mostrou o esboço em sua casa, e mais tarde fez outro esboço do Tabernáculo. Depois, os mostrou em feiras ao redor da Holanda, incluindo a da Corte do Prince of Orange. Em 1675, ele levou-os para Londres, portando cartas de apresentação de Huygens para, entre outros, o arquiteto Christopher Wren, que é reputado por ter sido o Grão-Mestre dos Maçons naquele período.” O quanto desses intercâmbios de ideias poderíamos considerarmos como contribuição para a adoção e a consolidação da lenda do Templo de Salomão na Maçonaria Especulativa? Afinal, nessa época o mito do Templo de Salomão não dava asas às imaginações também? Não, não vamos ignorar aqui que a lenda do Templo de Salomão já constava em alguns manuscritos ou “Old Charges’, mas, quase sempre estas fugindo em parte ao relato bíblico, o que dá margem para se pensar que a fonte para os manuscritos era outra, com erros, entre os quais o de que o Templo de Jerusalém havia tido sua construção iniciada pelo Rei Davi, e por aí vai... Os judeus teriam começado a retornar à Inglaterra oficialmente em 1656, o que perfaz 19 anos até o ano de 1675, quando Judáh Ben Leon esteve em Londres e 120 anos até o ano de 1776, quando foi inaugurado o primeiro Templo Maçônico em Londres, ou seja, o quanto dessas influências poderiam ter sido de fato, aproveitadas, se já havia comprovadamente um espaço onde os judeus se moviam com naturalidade? É possível pensarmos assim? Devemos considerar, no entanto, que o Templo de Jerusalém já havia servido para modelo das igrejas, e vinha de uma tradição oral na Maçonaria Operativa. Mas, e a influência das maquetes (como veremos, logo abaixo) que tanto sucesso fizeram, na época em que não havia propriamente o Templo Maçônico, não poderiam ter ficado marcadas indelevelmente nas mentes dos Maçons da época e haverem se transformado em protótipos dos futuros templos maçônicos? São especulações sim, ou digressões... Também, Alex Horne em seu clássico “O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica’, em certo momento, diz: “O Manuscrito Cooke encerra, destarte, considerável interesse para nós em nosso estudo presente, pois é a primeira das Velhas Instruções que nos fornece a história do Templo do Rei Salomão.(...) O texto [que o autor apresenta em inglês modernizado, porque o manuscrito foi originalmente escrito no ‘inglês médio’ do tempo de Chaucer] reza deste teor: “Quando os Filhos de Israel habitaram no Egito, aprenderam o Ofício da Maçonaria. E depois foram expulsos do Egito, e chegaram à Terra de Behest que hoje se chama Jerusalém. E ali foi ele empregado e as Instruções seguidas e conservadas. E durante a construção do Templo de Salomão, que o Rei Davi encetou _ o Rei Davi gostava muito dos maçons, e deu-lhes instruções quase iguais às que existem hoje. E durante a construção do Templo no tempo de Salomão, como está dito na Bíblia,
  • 16. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 16/37 no II Livro de Reis – in tertio Regum, capítulo quinto _ Salomão tinha oitenta mil Maçons trabalhando para ele; e o filho do Rei de Tiro era o seu Mestre maçom.” E voltando ao texto de Leon Zeldis: “A exibição desse modelo produziu grande expectativa em Londres. Devemos lembrar que havia pouco entretenimento público naquela época, (...) sendo assim, a exibição do Templo e do Tabernáculo proporcionou grande diversão para o público inglês. O interesse em questões judaicas foi adicionalmente estimulado poucos anos mais tarde, em 1684, quando Knorr Von Rosenroth publicou Kaballa Desnudata (Cabala Revelada), uma tradução das passagens do Zohar e ensaios sobre o significado da Cabala [incluindo partes do Pardes Rimonin de Cordovero](**) analisados sob o ponto de vista cristão. O trabalho de Rosenroth foi o mais importante livro referencial não-hebraico sobre a Cabala até o final do séc. 19 e se tornou a maior fonte de pesquisa sobre o assunto para estudantes não-judeus. Nós podemos ver neste movimento alguns antecedentes para o desenvolvimento dos Rituais Maçônicos do Séc. 17, com o proeminente uso de palavras hebraicas e o foco em passagens bíblicas. (Grifo meu!) No verão daquele ano Leon voltou para Amsterdã e morreu logo depois, a 19 de julho de 1675. Ele foi sepultado no cemitério de Ouderkerk, onde seu túmulo ostenta um epitáfio mencionando seus esboços. O modelo do Templo construído por Leon Templo foi novamente exibido em Londres por um Maçom, o Irmão M.P.de Castro, que dizia ser parente de Leon.” E ELIAS ASHMOLE? Elias Ashmole é um dos personagens mais curiosos que fazem parte da história da Maçonaria. Rosa-cruz, alquimista, maçom, astrólogo, antiquário, enfim, a ele são atribuídas também, a elaboração dos Rituais de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Consta em praticamente todos os dicionários maçônicos, devido a sua forte ligação com a Maçonaria. Elias Ashmole, o seu nome será biografado aqui, pelo fato de que, deparei-me com a informação em uma revista maçônica de que ele seria de origem judaica, mas, afora a mesma, nada mais pude encontrar que comprovasse tal afirmativa, e nos dicionários maçônicos consultados também não consegui nenhuma comprovação. Diante disso, e de certa forma, em consonância com os objetivos do presente, vamos estudá-lo e ao longo do desenvolvimento deste trabalho, tentar demonstrar se essa informação procede ou não. O pano de fundo, nesse episódio, é o período aquele em que a Maçonaria Operativa já entrara em decadência, e a admissão de membros honorários vinha sendo intensificada com o único propósito de salvar a mesma da sua dissolução. Desses “Maçons Aceitos” como ficaram assim conhecidos, muitos eram pertencentes à alta burguesia, assim como,muitos eram nobres eruditos, cientistas... Os tempos estavam mudando, ideias novas, correntes filosóficas, academias... Os Maçons Aceitos, que desconheciam a arte de construir, aceitos nas Lojas a título honorário nos séculos XVI e XVII aportaram com outros tipos de conhecimentos incluindo os filosóficos, alquímicos, rosacrucianos... Entre eles, cientistas provindos de Londres, Oxford e de Cambridge e cujas ideias destoavam do pensamento da Igreja, e que viam no exemplo de Galileu num passado ainda recente, a ameaça das garras da Inquisição, encontraram, então, no recôndito das Lojas maçônicas um lugar para se reunirem. Um nome que se destaca neste período: Elias Ashmole. Vejamos este trecho de um artigo na Revista Arte Real, creditado a Raymond François que diz o seguinte: “Em 1645, Elias Ashmole, astrólogo de origem judaica, alquimista da corrente Rosa-Cruz, físico e matemático, apelidado o ‘Mercurófilo Inglês’, foi admitido como Maçom Aceito, em Lancashire. Fundou em Londres, o ‘Colégio Invisível’, sociedade de inspiração Rosa-Cruz e, em 1646, uma sociedade que tinha por objetivo construir o templo ideal: a ‘Casa de Salomão’. Ashmole contribuindo assim para acentuar as tendências herméticas da Ordem Maçônica. Foi nessa época que nasceram as lendas simbólicas relativas à construção do templo de Jerusalém e aquele do construtor Hiram. Pretende-se que foi Ashmole que fez o esboço da organização da Ordem atual e consolidou as tendências que foram os fermentos da Maçonaria Especulativa moderna. Em 1662, sob o reinado de Carlos II da Inglaterra, Robert Moore e Elias Ashmole solicitaram permissão real para constituir-se em sociedade, com o nome de ‘Real Sociedade de
  • 17. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 17/37 Londres para o Melhoramento do Conhecimento Natural - Royal Society of London’. Os maçons ingleses tiveram um rol importante na fundação desse corpo sapiente, o maior do século XVIII inglês, que foi presidido, de 1703 a 1727, por Isaac Newton, genial inventor de um ramo totalmente novo para a época das matemáticas, o chamado Cálculo das Variantes’. Foi o criador do método de ‘Cálculo Diferencial e Integral’, e descobriu a ‘Lei da Inércia’ e o ‘Quadrado Inverso’. Foi, também, autor de descobertas fundamentais sobre a natureza da luz e estabeleceu as bases para a ‘Teoria da Gravitação Universal’, que deduziu da terceira lei de Kepler sobre o movimento planetário universal. Embebido da corrente filosófica mística da época e adepto do Rosacrucianismo, Newton desenvolveu seus experimentos na fronteira entre a alquimia e a química. O passatempo preferido dos últimos anos desse genial cientista foi a construção de uma maquete arquitetônica do templo de Salomão.” COMENTÁRIOS: Alguns pontos que não podem deixar de ser revistos e que constam no texto acima: os que dizem respeito à afirmação sobre a origem judaica de Elias Ashmole, à sociedade que tinha por objetivo a construção do templo ideal, à Casa de Salomão, e ao fascínio de Isaac Newton pelo Templo de Salomão. Acontece que nessa época o assunto Templo de Salomão atraía seguidores e ditava influências. Elias Ashmole nasceu em 1617 e morreu em 1693. Isaac Newton nasceu em 1642 e morreu em 1727, o que faz com que em um período de suas vidas tenham sido contemporâneos, além de que, pelo que se destacavam no campo das ideias, isso certamente incidiu no campo das influências entre um e outro. Mas, isso são comentários e conjeturas em torno unicamente do que parece ter sido uma paixão em comum, o Templo de Salomão, sendo que aqui damos por encerrada a participação de Isaac Newton, não sem antes, deixar devidamente registrado que afora os escrito sobre o Templo, conforme o texto de Raymond François em seus últimos anos esteve empenhado na construção de uma maquete do Templo de Salomão. Seria muito conjeturar se ele pertencendo à mesma sociedade científica que Ashmole, não trocou algumas ideias sobre o Templo de Salomão? Sobre a origem judaica de Elias Ashmole, embora o seu primeiro nome denotasse uma verdadeira marca para judeus, parece que não é bem assim. Vejamos o que diz na sua biografia, que mereceu um livro específico intitulado “O Mago da Franco-Maçonaria” da autoria de Tobias Churton. Em nenhum momento existe qualquer menção a uma provável origem judaica para Ashmole, inclusive, há uma descrição sobre o seu batismo cristão, do qual veremos parte do relato: “O batismo do bebê foi na Igreja de Santa Maria, a Virgem, a alguns passos de Womens Cheaping e da casa da família Ashmole. Durante o batismo ocorreu algo notável. Quando o pároco perguntou qual seria o nome do menino, seu padrinho, Thomas Ottey (sacristão da catedral) recebeu uma revelação instantânea. ‘Elias!’, declarou Ottey, seria o nome do bebê. Todos os presentes deram um passo atrás. O menino, certamente , deveria ter o nome do pai ou do avô segundo o costume já estabelecido para primogênitos. Há algo de quase bíblico nesse realto sobre a primeira aparição pública de Elias Ashmole no grande cenário do mundo. O nome da criança era uma refutação à tradição familiar local; mas sua identidade teria de vir ‘do alto’. O nome, pronunciado pelo lábios de um sacerdote , certamente deu peso ao seu brado inesperado. Ninguém fez objeção . Elias seria o nome cristão do menino.(...)” Com base neste trecho podemos eliminar a suposta origem judaica de Ashmole. De qualquer forma era importante desfazer esse provável equívoco, assim como, reforçar a atmosfera reinante na época, onde membros do “Colégio Invisível”, maçons ou não, nutriam interesse pelo Templo de Salomão. INGLATERRA: O PERÍODO ENTRE A EXPULSÃO DOS JUDEUS (1290) E A ENTRADA DOS JUDEUS SEFARADIM (A PARTIR DE 1654) Sobre o período entre a expulsão oficial dos judeus na Inglaterra e a sua permanência garantida, também do ponto de vista oficial, aconteceu o seguinte, conforme o comentário do Irmão León Zeldis: “Na Inglaterra, de onde os judeus haviam sido expulsos, em 1290, pelo Rei Eduardo, alguns deles ‘secretos’ foram ingressando ao país no decorrer do tempo, dizendo-se católicos espanhóis ou portugueses, assistiam a missas nas Embaixadas da Espanha, Portugal e França, mas dentro dos seus lares mantinham suas tradições. Estes judeus eram tolerados graças aos seus contatos financeiros e mercantis com o resto da Europa, e pela sua ajuda em estender para o mundo todo, os
  • 18. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 18/37 interesses comerciais britânicos. Aproveitando-se do meio mais liberal que imperava na Inglaterra e Holanda, alguns destes judeus foram pouco a pouco se fazendo conhecer.” OS SEFARADITAS MAÇONS NA INGLATERRA O termo Sefaradita tem algumas variações, então, antes de falarmos propriamente dos judeus sefaraditas na Inglaterra e das suas ligações e contribuições para a Maçonaria, vejamos maiores detalhes sobre quem são os sefaraditas, além de duas informações que soam preciosíssimas: “SEFARADIM (hebraico, significa ‘espanhóis’; no singular ‘sefaradi’; também se diz ‘sefardi’, e, em português, ‘sefaradita’). Judeus de origem espanhola e portuguesa que se espalharam pelo norte da África, Império Otomano, parte da América do Sul, Itália e Holanda após a expulsão dos judeus da península Ibérica no fim do séc. XV. (...) Os primeiros judeus a se estabelecerem na América do Norte eram sefaradim que chegaram em Nova Amsterdam (hoje Nova York) em 1654 (provenientes do Brasil), como foram os primeiros judeus que retornaram à Inglaterra, no séc. XVII(...)” COMENTÁRIOS: Falei de duas informações que são verdadeiras preciosidades: a primeira diz que uma parte dos judeus que saíram daqui do Brasil e que foram expulsos pelos portugueses, após a reconquista do território que estave sob domínio holandês (ao contrário dos holandeses, os portugueses não permitiam a liberdade de culto, por isso, trataram logo de expulsar os judeus), bem, alguns deles foram aportar, como tivemos a oportunidade de ler logo acima, em Nova Amsterdam, nos Estados Unidos, que hoje nada mais é do que a bela e cosmopolita Nova York. A outra parte, (lembrem-se que os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290) desses judeus sefaradim, foi aportar na Inglaterra, no séc. XVII. E a partir daqui, recomeçamos a história dos judeus na Inglaterra. Para corroborar então, o quanto pode estar devidamente concatenada essa história, resgato do livro “As Pedreiras de Salomão” do Irmão León Zeldis, a seguinte informação: “Em 1655, o rabino sefardita Manasseh Ben Israel (Manoel Dias Soeiro, 1604-1657), de Amsterdã, encaminhou um pedido a Cromwell para que autorizasse oficialmente a permanência dos judeus na Inglaterra. Uma pequena congregação sefardita foi reconhecida oficialmente por Carlos Eduardo em 1664, depois do restabelecimento. Assim, a nova congregação israelita na Inglaterra estava composta em quase sua totalidade por judeus sefarditas.” Voltando com informações específicas sobre os judeus sefarditas e maçons, ainda com extratos do livro de León Zeldis citado anteriormente, temos ainda: “Não nos surpreende então, que a primeira menção existente a um judeu Maçom, datada de 1716, tenha sido atribuída a um sefardita inglês, Francis Francia, conhecido como ‘Judeu Jacobita’.” “Os primeiros judeus que receberam o título de nobreza na Inglaterra eram sefarditas: Salomon de Medina (c.1650-1730) e Moysés Montefiori, o qual recebeu o seu título de nobreza em 1837. Montefiori, segundo se sabe, era um Maçom ativo e em sua homenagem, em 1864, os judeus ingleses fundaram a Loja ‘Montefiori’. Não nos surpreende então, que a primeira menção existente a um judeu Maçom, datada de 1716, tenha sido atribuída a um sefardita inglês, Francis Francia, conhecido como ‘Judeu Jacobita’.” Em 1732 Edward Rose, judeu, foi iniciado em uma Loja onde o V .’. M.’. era Daniel Delvalle, também judeu. Outros judeus sefaraditas aparecem em registros do século XVIII. Na lista de 1725 constavam os nome de Israel Segalas e Nocholas Abrahams. Antes, já haviam Nathan Blanch (o nome original era Blanco provavelmente)e John Hart, mas, estes não se tem comprovação segura que eram judeus. No Novo Livro das Constituições de Anderson, de 1738, na lista de Grandes Mestres de Banquete, no ano de 1738, aparece Solomon Mendez em 1732, Meyer Shamberg em 1735, Benjamin da Costa em 1737 e Isaac Barret, Joseph Harris, Samuel Lowman e Moses Mendez em 1737-1738, sendo que muitos eram sefaraditas. Na Grande Loja dos Antigos, no período 1760-63, o Grande Guardião do Templo foi David Lyon. Na Grande Loja dos Modernos, o primeiro Grande Guardião do Templo foi Moses Isaac Levi (aliás, Ximenes), isso, no ano de 1785, quando John Paiba, outro sefardita, foi nomeado o Portador da Espadana mesma Grande Loja. Há o caso de dois judeus famosos que foram presos pela Inquisição em Lisboa, e não por serem judeus, mas, por serem Maçons: Juan (John Coustos), nascido em 1703 e preso em 1749. Há historiadores que contestam o fato de ele ser judeu.
  • 19. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 19/37 O outro caso famoso de condenação pela Inquisição é o de Hyppolito da Costa (1774- 1823), iniciado em 1807 na Loja das Musas, e em seguida (1808) se filiou à Loja da Antiguidade. Descendia de judeus sefarditas portugueses, era amigo dos Duques de Sussex e Leinster. Entre os fundadores da Loja nº 84 em Londres estavam vários judeus: Salomón Mendez, Abraham Ximenez, Jacob Alvarez, Abraham de Medina, Benjamin Adolphus e Isaac Baruch, ou seja, dos seis, cinco eram sefarditas, e a Loja no total contava com 29 Irmãos. Podemos ver que havia uma presença significativa de judeus de origem sefarditas, tradicionalmente nas Lojas londrinas. UM JUDEU MISTERIOSO: HAIM SAMUEL JACOB Quando na busca do maior número de informações possíveis sobre o assunto, envolvendo a aceitação, o ingresso e a participação dos judeus, principalmente, os sefaradim, nos primórdios da Maçonaria Especulativa na Inglaterra, durante estas leituras e pesquisas deparei-me também com a informação, no mínimo curiosa, que consta no livro do Irmão Ubyrajara de Souza Filho intitulado “Cognição e Evolução dos Rituais Maçônicos’ sobre um judeu que teria tido participação nesse período e do qual eu nunca ouvira falar antes em suas ligações com a Maçonaria. Primeiramente, ficamos com as informações propiciadas pelo Irmão Ubyrajara de Souza Filho onde, o contexto também em que esse personagem teria tido relevância. Vejamos: ”(...) No ano seguinte, 1718, foi substituído no cargo por Georges Payne que, dado às suas relações, trouxe para a Maçonaria muitos nobres e homens de saber. Antes de terminar o seu mandato, Georges Payne indicou para Grão-Mestre Jean Theóphile Desaguliers, homem culto, o qual reviveu os antigos brindes (‘toasts’) e deu à Maçonaria uma forma mais pujante, fazendo com que muitos Maçons adormecidos retornassem às suas Lojas e que os nobres e homens ilustres fossem convidados a ingressar na Maçonaria. Desaguliers uniu-se ao ministro presbiteriano James Anderson para a confecção de uma Constituição para a novel Grande Loja. Juntos, formularam as primeiras analogias entre o antigo ofício da Maçonaria Operativa e o moderno mundo intelectual da Maçonaria Especulativa, sustentando que os princípios da antiga Maçonaria possibilitariam a construção das pirâmides egípcias e o Templo do Rei Salomão. Mas a partir de 1721 a Maçonaria irá buscar na alta aristocracia os seus Grão-Mestres, como o Duque de Montagu. A obrigação de crer em Deus, Grande Arquiteto do Universo, estende-se a todas as confissões e, a partir de 1723, na Inglaterra, os judeus serão admitidos na Maçonaria. Um deles aparecerá com destaque: o célebre Haim Samuel Jacob, nascido na Polônia e que se tornou conhecido sob o nome de Falk-Scheck, mestre de ocultismo judaico de Maçons ilustres e chefe político dos judeus à época, reconhecido como o ‘Príncipe do Exílio’ o Exilarca (em grego, exilarkès; em aramaico, resh galutha) na Diáspora dos judeus deportados para a Babilônia em 598 a. C. Numa reação inevitável, a Loja de York, Loja imemorial, a mais antiga da Inglaterra, alarmou-se ante essa criação e, em 1725, através de uma reforma passa a chamar o seu Presidente de Grão-Mestre; e o seu Grande Segundo Vigilante lançou uma fábula – ‘Lenda de York’ – segundo a qual as origens da Loja de York remontavam ao ano 600 e, em consequência, reclamou o título e se constitui em Grande Loja de Toda a Inglaterra, em 1725. Esta Loja adormeceu em 1740.” Evidentemente, um personagem mais do que misterioso e que parece ter saído de um livro do grande escritor e Nobel judeu Isaac Bashevis Singer. (***). À cata de uma biografia de Falck- Sheck, encontrei no “Dicionário Judaico de lendas e Tradições” um nome que tem tudo para ser o personagem citado pelo Irmão Ubyrajara. Não esperem nenhuma informação sobre as suas prováveis ligações com a Maçonaria, já que este é um dicionário judaico e se é que elas realmente aconteceram: “FALK, SAMUEL (1708-82) Cabalista ativo na Inglaterra, onde tornou-se conhecido como o BAAL SHEM(****) de Londres. Falk fugiu da Alemanha para a Inglaterra em 1742, depois de ter sido acusado por Jacob Endem de ser um herege shabetaiano e de praticar Magia negra. Em Londres, manteve um laboratório de alquimia, usava um impressionante turbante dourado e uma corrente e era muito procurado pela realeza e pela aristocracia para ajudar em Alquimia e Cabala e para fornecer talismãs. “(Grifo meu!) CONCLUSÃO Certamente muitos desses nomes raramente são lembrados, e o objetivo explícito de trazê-los do quase esquecimento, é deixar mais uma vez evidente de que a Maçonaria é mesmo um repositório das mais variadas correntes de pensamentos. Devem existir mais elos nessa cadeia de acontecimentos, onde coincidirá a volta dos judeus ao solo inglês, o nascimento praticamente da Maçonaria Especulativa, e a participação especial,
  • 20. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 20/37 digamos assim, dos judeus sefaradim, que convenhamos, para quem não eram tantos assim,comprovadamente houve uma parcela substancial dos membros dessa comunidade, que estiveram sabidamente ligados à Maçonaria. O presente trabalho dado ao seu teor, não teria como se esgotar aqui mesmo, pois, inúmeras são as conexões que podem ser estabelecidas, além do mais, nada foi dito em caráter definitivo, já que poderia redundar em “achismos”. Mas, há campo para pesquisas ainda, e insisto em dizer que depois de passear em meio à cabalistas, rabinos e sábios judeus, a ideia sobre o Templo de Salomão, que durante o período da Maçonaria Operativa não ia além de algumas linhas em manuscritos, foi assumida como um modelo, um arquétipo para o que talvez já estivesse sendo engendrado pelos futuros especulativos, além de outros tantos, que nem Maçons eram, pelo menos comprovadamente, mas, que nutriram verdadeiro encantamento pelo Templo de Salomão, a exemplo de Isaac Newton, do Rabino Leon Templo, etc., e que conviveram e trocaram ideias com Maçons. Quanto aos sefaraditas, se estando tão integrados à Maçonaria na Inglaterra, se comprovadamente depois de abandonarem Portugal e a Espanha levaram consigo uma cultura judaica e geral altamente desenvolvida, bem como seus próprios costumes,liturgia, etc., às comunidades judaicas em que se estabeleceram, e considerando que o Templo de Salomão, o “Beit Ha-Mikdash”’é uma lembrança tão importante para o judeu a ponto de em cada lar judaico, a tradição rezar que deveria ser deixado um pedaço de parede sem decoração, como lembrança do Templo... Bem, havia realmente uma atmosfera propícia para essas influências, isso sim é um fato. Obs.: Esse trabalho particularmente foi escrito com o intuito de familiarizar ou introduzir o leitor nos assuntos que farão parte do meu próximo livro “O Templo de Salomão e Estudos Afins” que em breve estará disponível. NOTAS: (*) Manassé Ben Israel (1604-57) Rabino holandês de descendência marrana. Interessou-se pela especulação cabalística de que o Messias só poderia vir quando os judeus estivessem dispersos pelo mundo, para que eles pudessem ser, literalmente reunidos, de todos os cantos da Terra. Chegaram a ele relatos de Aarão Montezinos, que voltara do Equador, sobre membros de tribos indígenas que guardavam costumes judaicos, levando a pensar que pertencessem às DEZ TRIBOS PERDIDAS. Manassé acreditava que a readmissão dos judeus na Inglaterra era um estádio necessário no processo messiânico, já que o nome Inglaterra (‘Angleterre’) sugeria o ‘fim da terra’. Ele escreveu um livro sobre o tema das dez tribos perdidas e da redenção messiânica, ‘A esperança de Israel’ (1650), valendo-se do interesse dos puritanos pelo Velho Testamento. Também viajou à Inglaterra em 1655 pra encontrar Cromwell e interceder pela readmissão dos judeus, obtendo algum apoio dos puritanos, que esperavam que os judeus se convertessem ao cristianismo. Embora não tivesse alcançado em vida seu objetivo, seus esforços pela readmissão deram frutos após a sua morte. (**) Moisés Cordovero (1511-70). Cabalista que viveu em Safed, no norte da Palestina. Cordovero foi um escritor prolífico e resumiu a maioria das principais ideias místicas de seus predecessores em sua grande obra Pardês Rimonin, tentando harmonizar as diferenças entre eles.(...) Apesar da suposta vinda de Elias a sua casa para ensinar-lhe segredos místicos, seus ensinamentos cabalísticos foram eclipsados pelo sistema místico bem diferente de Isaac Luria, que foi, por pouco tempo, um de seus discípulos em Safed. A obra de Cordovero acabou sendo vista apenas como uma introdução, ou ‘vestíbulo’, para a Cabala luriânica. Ele teria sido uma reencarnação de Eliezer, criado de Abraão, e uma coluna de fogo acompanhou seu corpo durante seus funerais.” (***) Isaac Bashevis Singer (1904-91) nasceu em Leoncin, na Polônia. Em 1935, emigrou para os Estados Unidos, onde passaria o resto da vida. Prêmio Nobel de Literatura em 1978. Alguns de seus livros editados no Brasil são: “Sombras sobre o rio Hudson”, “Yentl”, “A morte de Matusalém”, ”Satã em Gorai” e outros. (****) baal shem (hebraico, ‘senhor do nome’) Título de um taumaturgo, ou curandeiro, que tivesse controle sobre o nome, ou nomes de Deus. A designação foi usada primeiramente no
  • 21. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 21/37 início da Idade Média, e há uma referência do séc. XI a um baal shem que teria sido visto em dois lugares ao mesmo tempo. Entre as atividades de um baal shem estavam a de escrever amuletos, o exorcismo, a cura de doenças mentais, a proteção das pessoas contra demônios, o controle da possessão por espíritos (dibuk) e a cura por meio de ervas. Enquanto alguns dos que receberam o título de baal shem só eram semi-alfabetizados, outros eram grandes eruditos. Contam-se muitas histórias de como voavam pelo ar e realizavam milagres por meio da Cabala prática. (...) Consultas Bibliográficas: Revistas: ARTE REAL, nº 16, Jan./Fev.15: “A Maçonaria dos Antigos e Aceitos” – Artigo de Raymond François A TROLHA, Nº 256, Fevereiro de 2008: Leon Templo – Rabbi Jacob Judah Leon” Artigo do Irmão Leon Zeldis O PRUMO, nº 137, Maio/Junho de 2001: “O Templo de Salomão e a Maçonaria”- Artigo do Irmão Ambrósio Peters. Livros: CHURTON, Thomaz. “O Mago da Franco-Maçonaria” – Madras Editora Ltda. 2008 HORNE, Alex. “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica” – Editora Pensamento JOHNSON, PAUL. “História dos Judeus” - Imago Editora - 3ª Edição – 1989 MESSADIÉ, Gerald. “História Geral do Antissemitismo” – Editora Bertrand Brasil Ltda. 2003 SOUZA FILHO, Ubyrajara. “Cognição e Evolução dos Rituais Maçônicos” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição - 2010 UNTERMAN, Alan. “Dicionário Judaico de Lendas e Tradições” – Jorge Zahar Editor - 1992 VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica” 1º Tomo (Aprendiz) - 2ª Edição - Editora A Gazeta Maçônica S.A. 1977 ZELDIS, León. “ As Pedreiras de Salomão” - Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição - 2001
  • 22. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 22/37 O Ir Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”- Londrina – PR – escreve aos domingos hercule_spolad@sercomtel.com.br DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” - Londrina-PR As colunas J e B hoje símbolos consagrados na Maçonaria foram e ainda são temas centrais de muita fantasia, interpretações contraditórias, polêmica, controvérsias e discussões sem fim. Muita bobagem se tem dito, mas de qualquer forma elas evidenciam assim, serem um símbolo bastante dinâmico, pois ainda não se chegou a uma conclusão final quanto à sua localização, significação e finalidade. Cada qual tem a sua opinião. Interessante frisar que existem contradições na própria Bíblia e entre a descrição bíblica e a tradição maçônica e, mesmo em cada um destes segmentos também há dados que se confrontam e alguns que se convergem. Exemplo típico são as descrições em Reis e Crônicas II que são diferentes em alguns textos. Quanto à tradição maçônica as interpretações são as mais variadas e fantasiosas e pessoais possíveis. As colunas, de acordo com a Bíblia eram uma particularidade do complexo arquitetônico e faziam parte do Templo de Salomão e talvez até fossem o mais importante detalhe do templo porque elas além de ornamentais eram também símbolos religiosos para o povo judeu, falando a favor deste fato a consideração que os autores da Bíblia tiveram descrevendo as colunas em minúcias e delongando muito na descrição das mesmas. Alguns autores acham que elas eram estruturais, isto é serviam de sustentação, mas esta tendência hoje está abandonada. Elas eram livres e emblemáticas, talvez simbolizando para o povo judeu uma porta de entrada para se chegar à Divindade. Mas é provável que elas se referissem à objetos sagrados. Outros autores afirmam que elas imitaram a arte da construção, especialmente dos obeliscos tais como foram construídos no templo de Tutmosis III e de Carnaque. Existem exegetas que admitiram que Salomão quisesse homenagear ancestrais seus dando o nome às colunas os nomes de Jachim e Boaz. Todavia outros rebatem alegando que estes personagens bíblicos não foram importantes. Ainda a Bíblia relata que quem fundiu as colunas foi Hiran Abif ou Abi um artista metalúrgico vindo de Tiro enviado pelo rei que também se chamava Hiran e aliado de Salomão, para executar as fundições em bronze, como foi o caso das colunas, vasos e utensílios além do Mar de Bronze. A fundição teria ocorrido em Sucote e Zeredá, em terras barrentas. Há controvérsias a respeito destes dois nomes em relação à sua grafia. Cita ainda a Bíblia mais detalhes sobre as colunas também chamadas de Colunas Gêmeas. Depois de terminada a construção do templo então Hiran fez erguer as Colunas e por fim Hiran e as terminou as com os dois globos, os dois capitéis que estavam no cume das colunas, as duas redes com duas fileiras de romãs, cerca de duzentas em cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das colunas. 5 – Divagações sobre as Colunas “J” e “B” Hercule Spoladore
  • 23. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 23/37 Afirma ainda a Bíblia, que Hiran levantou as duas Colunas diante do Templo. Uma à direita e outra à esquerda. A da direita chamou-a de Jachim e a da esquerda de Boaz. Quanto ao estilo arquitetônico das colunas elas pertencem á ordem babilônica com caracteres egípcios. Portanto não são colunas coríntias, como aparecem na maioria dos templos atuais. Esta troca de ordem deve-se aos filósofos neoplatônicos e alexandrinos da idade média que pretenderam misturar ideias da Cabala, com a Filosofia e as Artes gregas. Esmiuçando ainda mais, detalhes da descrição bíblica com relação às dimensões das Colunas, temos em Reis que elas teriam dezoito côvados de altura e em Crônicas II teriam trinta e cinco côvados de altura e que os capiteis em Reis teriam três côvados e em Crônicas II eles teriam cinco côvados de altura. Com relação à equivalência desta medida chamada côvado ou cúbito no sistema métrico decimal que usamos, encontrou-se várias medidas a saber 0,66 metros, 0,36 metros, 0,50 metros 0,50 metros e 0,62 metros e etc. Depende da interpretação dos autores. Mas o fato é que ninguém sabe ao certo. Difícil hoje em dia saber-se qual o valor real de um côvado. As Colunas teriam doze côvados de largura. Os exegetas não se entendem. Cada qual tem uma opinião. De um modo geral a Maçonaria, salvo algumas exceções adotam, em seus rituais a altura de dezoito côvados. A tentativa fantasiosa de certos autores tentar explicar a discrepância da altura das Colunas citadas em Reis e Crônicas II seria que Hiran teria fundido uma coluna só com trinta e cinco côvados e a dividiu em duas de dezessete côvados e meio. É claro que esta explicação não tem respaldo. De qualquer forma a altura das Colunas dá ideia de uma construção muito imponente, muito alta equivalente em nossos dias á altura de um prédio de vários andares. Com relação ao número de romãs em cada capitel, em Crônicas II refere que havia duas redes de romãs e duas fileiras de romãs em cada rede, sugerindo duzentas romãs em cada fileira perfazendo um total de quatrocentas romãs em cada Coluna. Mas a descrição Crônicas II em um capítulo anterior refere cadeias com cem romãs em cada cadeia. É claro que para se ajustar à primeira descrição requereria duas cadeias em cada fileira para ficar conforme. As romãs, símbolo de fertilidade, que hoje adornam nossos templos atuais são em número de três em cima do capitel de cada coluna. Discute-se se as Colunas eram ocas ou não. Trata-se de outro ponto controverso da Bíblia. Em Jeremias (52:21) está escrito que as Colunas eram ocas e a espessura era de quatro dedos. A tradição maçônica está de acordo com esta citação quando este livro da Bíblia fala em destruição de Templo por Nabucodonosor, quando mais uma vez existem controvérsias. Muitos autores que acham que as Colunas não eram ocas referem e que o capítulo 52 de Jeremias foi um acréscimo tardio e que não teria sido escrito pelo Jeremias sendo os que o escreveram estavam mais interessados em mencionar como realizaram as suas profecias. Sabe-se que a prática de fundir metais com a retirada do núcleo a ser removido posteriormente tornando o objeto fundido oco, só foi descoberta no quinto ou sexto século após a construção do Templo de Salomão. Poder ser que a tradição maçônica tenha agregado o simbolismo das Colunas Salomônicas as Coluna Antediluvianas, nas quais se depositaria todo o registro do acervo das Ciências, como se fossem um arquivo da Humanidade. Entretanto os exegetas não estão de acordo se as Colunas eram ocas ou não. As Colunas do Templo de Salomão tinham motivos florais de lírios com redes e grinaldas como adorno, tiveram também segundo os autores antigos duas bolas esféricas em cima dos capiteis que receberam o nome de globo onde se traçaram mapas, a do globo celeste e do globo terrestre. Muitas Lojas adotaram estes globos em cima dos capiteis das duas Colunas. Entretanto, estes globos parecem ser uma equivocada alusão aos pomos descritos em Crônicas II. Segundo certos exegetas os pomos estariam se referindo aos capiteis, os quais eram pelo menos de forma ovoide ou esféricas.
  • 24. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 24/37 Havia na tradição da Maçonaria Operativa duas Colunas Antediluvianas chamadas também de Colunas de Sete, de Enoque ou de Noé. Conta à tradição preservada pelos maçons operativos, e estes relatos são citados nos Antigos Deveres (Old Charges) como, por exemplo, no Manuscrito de Cooke, onde cita que os filhos de Lameque de nomes Jubal, Jabal e Tubalcain construíram duas colunas. Uma delas era de mármore puro, material que resiste ao fogo e a outra coluna foi feita de tijolos que jamais afundaria na água. Uma ou outra coluna sobraria fosse qual fosse a forma de extermínio do fim do mundo. Os filhos de Lameque achavam que a ira do Senhor viria em forma de uma vingança que tanto poderia ser fogo ou poderia ser pela água. As sete Ciências conhecidas na época, foram gravadas em ambas as Colunas. As Colunas eram, portanto, depositárias destas Ciências. Referia ainda a lenda que uma destas colunas foi encontrada por Pitágoras e a outra por Hermes de Trimegisto. Outra versão da lenda na versão de Josefo, historiador judeu, foi que Adão prevendo o fim da humanidade, teria temor que se perdesse todo conhecimento da civilização. Os filhos de Sete, seu terceiro filho construíram as duas colunas para depositar o conhecimento da humanidade. Alguns autores sustentam a tese que as Colunas Salomônicas eram originárias da lenda destas Colunas Antediluvianas. A tradição maçônica refere que as Colunas J e B são ocas para melhor servirem de local, onde se possa guardar o acervo de conhecimento adquirido pela Maçonaria, nada mais é que uma tendência para harmonizar as duas lendas. E também que as Colunas sejam ocas para se guardar as ferramentas dos Aprendizes e Companheiros. A maioria dos autores é concorde em admitir que as Colunas sejam enigmáticas e misteriosas. Não resta a menor dúvida que elas tinham para os judeus uma finalidade místico-religiosa e que os nomes eram atribuídos a objetos sagrados, e não à ancestrais da tribo de Judá. A melhor explicação com relação ao seu significado é a filológica que está inserida na Enciclopédia Judaica. Jachim: “Ele firmará” Boaz: “Nele está a força” E é esta explicação que interessa á Maçonaria. Tanto é verdade que atualmente o simbolismo maçônico dá a Coluna J o equivalente á “Estabilidade e Firmeza” e à Coluna B, a “Força”. A título de ilustração para apenas mostrar o quanto é dinâmica simbologia das Colunas serão citadas algumas das suas interpretações. Algumas, muito ao gosto dos esotéricos, ocultistas e outras são tão fantasiosas e inacreditáveis, mas tem Irmãos que defendem estas interpretações. Teoria fálica - Seria uma reminiscência dos antigos pilares (mazzeboth), que formavam originalmente emblemas fálicos. Conta-se que em Hierapólis no tempo da deusa Astarte, havia duas colunas em forma de falos e que duas vezes por ano, um homem subia no cimo destas colunas, mas por dentro delas e aí suplicava aos deuses, melhores colheitas, mais fertilidade à terra e mais prosperidade. Na tradução grega da Bíblia, Versão dos Setenta, os nomes são traduzidos B por “Força” e J por “Direito”. No Dicionário de Julien Tondriau “O Ocultismo” lê-se que a palavra Boaz em Magia é uma das Colunas do Templo de Salomão. É feminina, passiva, branca ou negra. Corresponde à Lua. Quando branca é igual à sabedoria, vitória. Quando negra é igual a reino. Quanto à Coluna Jachim é vermelha e corresponde ao Sol e equivaleria à inteligência, vigor e glória. Esta é também a interpretação dos alquímicos. Paul Poesson em seu livro “Testamento de Noé” refere que as colunas atualmente apresentadas como circulares, mas na realidade a Coluna B seria quadrada. Explica na linguagem esotérica e oculta que as Colunas seriam iguais às medidas do quadrado negro, sendo a Coluna do Sul, a quadratura da Coluna circular do Norte. A Coluna J seria em linguagem euscadiana (língua ancestral original dos bascos) equivalente à palavra conhecimento.
  • 25. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 25/37 Para Otaviano Menezes Bastos, a Coluna B seria o Fogo e a Coluna J seria o Vento. Adolfo Terrones Benites refere que a Coluna B seria a Força, Repouso, a Fêmea, Negativo, Conservador, Receptor, Mãe, Matéria, Princípio Concreto, Virtude. A Coluna J representaria a Ciência, Inteligência, Luz, Abstrato, Concórdia, Espírito, Homem, Fogo, Calor, Ativo, Mistério e Macho. Há ainda a interpretação sexual para as Colunas. A Coluna J seria o órgão genital masculino e a Coluna B seria o órgão genital feminino. A Loja maçônica seria hermafrodita e um útero social destinado a fecundar e dar a luz a uma sociedade humana perfeita. Quanto à posição das Colunas em Loja, talvez seja o ponto de maior controvérsia na Ordem. Temos a partir de Crônicas II, capítulo 3, que depois de terminado o Templo, após o arremate final, também se “levantou diante do Templo duas Colunas, uma à direita e chamou-se de Jachim e outra à esquerda e chamou-se de Boaz”. Parece simples e assim está escrito. A Maçonaria interiorizou as Colunas que passaram a se postar dentro da Loja logo próximo à entrada. Aí começou a polêmica, que ainda não teve solução. Será seguido um raciocínio sempre tendo como referência a descrição bíblica. Uma grande parte dos autores discute este tema, como se o observador estivesse dentro do templo. Já outra parte dos autores raciocina ao contrário, isto é, o observador estaria fora do Templo e aí prevaleceria o que está escrito na Bíblia. Supondo que a entrada do Templo olhasse a leste e a Enciclopédia Judaica assim confirma, achando que o leste é a frente do templo e levando em consideração que a orientação dos judeus com relação ao que se convencionou serem os quatro pontos cardiais, ou seja, um homem olhando de frente ao sol nascente, ou seja, á leste, teremos que a direita equivale ao sul e a esquerda equivale ao norte (mão direita ao sul e mão esquerda ao norte). Esta afirmação está de acordo com a Enciclopédia Judaica. Se tomarmos como raciocínio o conceito desenvolvido aqui teríamos a visão das Colunas por uma pessoa que estivesse saindo do templo, ou seja, o observador estaria dentro do templo. A Loja de Pesquisas Maçônica “Brasil” solicitou esclarecimentos á Loja Quatuor Coronati de Londres, n° 2076 e de lá informaram vagamente dando a entender que as Colunas “devem ser compreendidas como sendo descritas por alguém dentro do Templo, no Oriente em direção á entrada”. Esta explicação não satisfaz a maioria dos autores que alegam que ela é artificial e que ela não é correta, porque só se sai de um templo, quem entra nele. Todavia para se acomodar a descrição bíblica se se mantiver o templo olhando para leste, a posição das Colunas está invertida. É sabido que o Templo de Salomão não era muito grande e que ele não se destinava a receber numerosos fiéis, mas sim os sacerdotes. Quanto aos fiéis, estes ficavam no pátio, onde seria possível olharem as Colunas de frente. Assim sendo, considerando que a posição das Colunas será dada pela visão de um observador externo e não interno, para que as Colunas não fiquem invertidas tem que se considerar que a entrada do Templo fosse pelo lado oeste, considerando-se o leste como sendo a parte de trás do Templo. Teobaldo Varoli Filho afirmou que os operários que trabalharam no Templo entravam por uma porta situada nos fundos e que viam as colunas neste sentido. Enfatizava “se considerarmos a Loja simbolicamente como Oriente não deixará de ser maçônica a visão de quem trabalha dentro do Templo” E terminava dizendo que melhor forma de resolver este problema em definitivo e para acabar com tanta celeuma seria suprimir as letras J e B das Colunas e não se falar mais nisso. Entretanto se atentar para Crônicas II (III-17) onde está escrito “levantou as Colunas uma á direita e outra á esquerda da fachada do Templo”, não se terá dúvidas que elas foram construídas na frente do Templo, sendo que em muitas citações refere Jachim à direita e Boaz à esquerda.
  • 26. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 26/37 Os ritos REAA, Trabalho de Emulação e York Americano seguem esta orientação. Quanto aos Ritos Adonhiramita, Brasileiro e Francês adotam a inversão das Colunas. Não se chegou até o momento á uma conclusão final, ainda existem Irmãos que defendem uma versão e Irmãos que defendem a outra versão. Devem-se respeitar as tendências, sejam corretas ou não, porque as Colunas são símbolos, os quais podem ter a interpretação que se queira dar a eles. A Maçonaria operativa já estava decadente. Em 1600 começou a receber em suas fileiras, maçons aceitos e ela acabou por se modificar completamente. Em 1717 fundou-se oficialmente a Maçonaria Especulativa, que se prefere dizê-la Maçonaria Moderna. Não existia o grau de Mestre que foi criado em 1725 e incorporado à Ordem em 1738. Foi criada a lenda de Hiran, para ao terceiro grau, que gira em torno da construção do Templo de Salomão. As Colunas J e B passaram a fazer parte oficialmente dos símbolos da Ordem, como um detalhe em frente ao pórtico do Templo de Salomão, só que elas já eram muito conhecidas não só na Ordem, mas no Ocultismo, Alquimia, e também para os praticantes de Magia e até em seitas estranhas. As Colunas pode-se dizer que se anteciparam em matéria de simbolismo, ao próprio Templo de Salomão. Elas já tinham sua vida própria como símbolo. A Maçonaria as havia emprestado das entidades iniciáticas antigas. A Maçonaria acabou por introduzir as Colunas para dentro do Templo. Hoje apesar de serem naturalmente consideradas como um detalhe bíblico do Templo de Salomão elas talvez sejam mais importantes, do que o próprio Templo, dada a riqueza simbólica que elas encerram. Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina - PR Referências CASATELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom Editora A Gazeta Maçônica São Paulo, 1985 CARVALHO, Francisco de Assis - Símbolos Maçônicos e suas origens Editora A Trolha Ltda Londrina, 1990 HORNE, Alex - O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica Editora Pensamento Ltda. São Paulo, 1972 NAME, Mario O Templo de Salomão nos Mistérios da Maçonaria Editora A Gazeta Maçônica São Paulo, 1988 TONDRIAU , Julien – O Ocultismo Editora Difusão Europeia do Livro São Paulo, 1964 VAROLI Fº, Teobaldo – Curso de Maçonaria Simbólica Editora A Gazeta Maçônica São Paulo, 1970
  • 27. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 27/37 O Irmão João Anatalino Rodrigues escreve aos domingos jjnatal@gmail.com - www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br MAÇONARIA- UMA JORNADA EM BUSCA DE LUZ O culto á Luz A ideia de que Deus é pura luz e o que o nosso espírito é feito de luz é uma intuição bastante antiga que já existia nos tempos mais primitivos da civilização humana. Os persas e os hindus, em tempos anteriores a Zaratrusta (século XII a.C), já possuíam uma noção bastante avançada desse conceito, pois sustentavam a existência de dois princípios a reger a vida do universo. Esses princípios eram a luz, representada pelo deus Marduc (Ahura Mazda) e as trevas, representada pelo deus Arimã. Paralelamente, numa crença que tem, provavelmente, a mesma idade que a tradição religiosa persa, os egípcios também desenvolveram uma teogonia com base num conceito similar, que colocava o deus Rá, simbolizado pelo sol, como a divindade suprema do seu panteão, a quem estavam submissas todas as outras deidades. E do outro lado o demônio Tifão, habitante das trevas, como contraponto desse poder, fórmula essa que seria reproduzida no mais famoso dos dramas iniciáticos dessa civilização, que são os Mistérios de Ísis e Osíris.1 Similarmente, os povos da Mesopotâmea colocavam um fenômeno luminoso, representado pelo sol, como princípio gerador da vida em todo o universo. Destarte, todos seus deuses tinham vindo do espaço, sendo Shamash aquele que representava o astro rei. A própria ação civilizadora da humanidade teria sido, conforme antigas crenças sumérias, uma realização desses deuses astronautas, que á terra teriam baixado em uma expedição de exploração, e aqui deram início á uma colonização. Essa tese foi defendida pelo arqueólogo soviético Zecharia Sitchin (1920─ 2010) o qual atribui o desenvolvimento da antiga cultura suméria aos "anunnaki" (ou "nefilins" conforme os chama a Bíblia). Essa teria sido uma raça extraterrestre oriunda de um planeta chamado Nibiru, que existia nos confins do sistema solar e por isso ainda não teria sido descoberto pelos nossos cientistas. Ele baseia suas especulações na tradução que fez de textos sumérios antigos, encontrados na famosa biblioteca de Assurbanipal. Registre-se que os antigos reis sumérios chamavam a si mesmos de anunnakis, e que o famoso Código de Hamurabi, conhecido como o primeiro código de leis da humanidade foi promulgado pelo monarca Hamurabi, que chamava a si mesmo de “rei anunnaki”.2 1 Teogonia é a doutrina mística que explica o nascimento do universo através da ação dos deuses. Nos Mistérios de Ísis e Osíris, Osíris simboliza a luz, e seu invejoso irmão Sethi, as trevas. 2 Ver, a esse respeito, “O Décimo Segundo Planeta”- Vol. I publicado pela Editora Madras, 2013. 6 – Maçonaria – Uma Jornada em busca de Luz João Anatalino Rodrigues
  • 28. JB News – Informativo nr. 1.975 – Florianópolis (SC) – domingo 28 de fevereiro de 2016 Pág. 28/37 Assim, podemos dizer que a maioria dos povos antigos desenvolveram religiões solares, onde o astro-rei aparece como origem e mantenedor da vida. Essa cultura religiosa floresceu também entre os primitivos habitantes do Novo Mundo, com destaque entre os povos astecas, maias e incas, os quais, com poucas variações, praticavam religiões solares que ainda hoje, mesmo cristianizados, os habitantes das regiões onde essas civilizações floresceram, ainda conservam alguns mitos. A influência do mito solar, entretanto, era tão forte entre os antigos, que nem os israelitas, povo inovador em termos de religião, escapou dela. Embora os israelitas tenham sintetizado os atributos da Divindade em um conceito abstrato, lançando a ideia de um Deus ─ espírito que não podia ser representado por nenhuma forma que a mente humana pudesse imaginar, eles não conseguiram escapar da noção de que Deus é, em essência, energia que se manifesta em forma de luz. Assim, o primeiro ato de Deus, ao fazer o mundo, segundo a Bíblia, foi “libertar a luz”. Pois conforme diz o texto sagrado, o primeiro comando divino ao criar o mundo foi “ Haja luz.”3 E mais tarde, quando quis se manifestar a um ser humano, Ele o fez de dentro de uma chama, ou seja, uma forma luminosa, simbolizada por uma sarça ardente, material que não se consumia, porque, na verdade, era o reflexo da Luz de Deus.4 Libertando a Luz interior Por isso, toda disciplina iniciática consiste numa fórmula para libertação da luz que se supõe existir no interior de todo ser humano. Todavia, o que significa “libertar a luz?” Certamente não é fabricá-la, pois fabricar sugere uma ação transformadora sobre uma matéria prima pré-existente, transformando-a em produto. A Bíblia diz que Deus “tirou” a luz de dentro das trevas e com ela fez surgir o dia e com a escuridão produziu a noite. Grandiosa metáfora essa. Pois o dia corresponde á realidade observável, ao universo real, ao chamado mundo manifesto, á tudo aquilo que se vê, enquanto que a escuridão, a ausência de luz, corresponde exatamente ao mundo das trevas, aquilo que está oculto, o que não pode ser visto, mas que pode ser desvelado quando sobre a escuridão fazemos projetar a luz do nosso entendimento. Por isso os fenômenos psíquicos da descoberta, do insight, da sabedoria, estão sempre ligados á ideia da iluminação, ou seja, lançar a luz sobre um objeto desconhecido, ou mesmo “acender a luz” dentro da nossa consciência. Isso pressupõe que o universo, tal como o vemos, é feito de luz, embora parte dele permaneça nas sombras porque sobre essa parcela da realidade existente, a luz do nosso entendimento ainda não a alcançou. No entanto, a realidade é luz e a verdade se reveste dela. Por isso os Evangelhos do Novo Testamento fazem larga utilização dessa simbologia para se referir á doutrina de Jesus, sendo ele próprio chamado de “Luz do mundo”.5 Corroborando essa visão os cientistas dizem que o universo saiu de dentro de uma Singularidade que explodiu. O que era essa Singularidade, ninguém se arrisca a definir. Nem a Bíblia nem a ciência explicam o que havia antes dessa explosão e o que era Deus antes de fazer o universo. Mas para algo sair de dentro de alguma coisa é preciso que esse algo tenha uma existência anterior ao próprio parto. Não pode simplesmente “nascer” uma coisa que não tem existência anterior ao nascimento, sendo o nascimento apenas o seu ingresso na esfera da existência positiva. 3 Gênesis, 1:3 4 Êxodo, 3:2 5 João, 8;12