Palestra: Atuação do Instituto Geológico na Prevenção aos Desastres Naturais – Apresentada durante o Ciclo de Palestras em Administração de Emergências para Municípios (CAEM) realizado no município de Registro em abril de 2010 pela Pesquisadora Daniela Giro Marchiori-Faria
Restinga: Conceitos e Empregos do Termo no Brasil e Implicações na Legislação...
Atuação do Instituto Geológico na Prevenção aos Desastres Naturais
1. ATUAÇÃO DO IG NA PREVENÇÃO DE
DESASTRES NATURAIS
Eng. Geól. Daniela G. Marchiori Faria
Ciclo de Palestras em Administração de
Emergências para Municípios (CAEM)
2010
2. O que são Desastres Naturais ?
São o resultado de eventos físicos adversos (fenômenos naturais)
que causam grandes impactos na sociedade, gerando uma situação
de perigo a pessoas e bens (Tobin e Montz 1997).
Em áreas onde não há nenhum interesse humano, os fenômenos
naturais não resultam em desastres naturais.
“Os desastres naturais ocorrem quando os perigos se encontram
com a vulnerabilidade" (Blaikie 1994).
Áreas Urbanas
Sistema Social
3. Fenômenos Naturais Origem
Ciclones tropicais;
Tempestades (gelo, granizo, raios);
Incêndios florestais;
Secas;
Temperaturas extremas;
Inundação;
Terremotos;
Processos
Deslizamentos de terra ou escorregamentos; Geodinâmicos
Subsidências/Colapsos; (Geológicos
e Geotécnicos)
Erosão (laminar e linear: ravinas, sulcos, boçorocas).
4. Relação entre evento e desastre natural
Ambiente Natural (Escorregamento)
(Encosta natural) Evento
Evento Sistema Social (Área urbana)
natural (vulnerabilidade)
(Encostas
ocupadas)
Desastre
Perigo
5. Distribuição Espacial dos Fenômenos
Naturais no Estado de São Paulo
Fonte: fotos A, B, D e E – Acervo IG; foto C – Ney Ikeda (DAEE).
6. Processos de Inundação/Enchente
Inundação:
É um processo de extravasamento das águas de um curso d’água para suas
áreas marginais (planícies de inundação), que ocorre quando a vazão a ser
escoada é superior à capacidade de descarga da calha.
Evolução do aumento do nível das águas do leito do rio (GOERL 2005)
Enchentes:
Correspondem às elevações do nível
normal de água de um rio, sem
extravasamento da água para fora
do canal principal.
Alagamentos:
São decorrentes da incapacidade de
drenagem das águas das chuvas, em
razão da topografia suavizada e
dos sistemas de captação de águas
pluviais.
7. Inundação: Condicionantes Antrópicos
uso e ocupação irregular nas planícies e margens de cursos
d’água;
disposição irregular de lixo nas proximidades dos cursos
d’água;
alterações nas características da bacia hidrográfica e dos
cursos d’água (vazão, retificação e canalização de cursos
d’água, impermeabilização do solo, entre outras);
intenso processo de erosão dos solos e de assoreamento dos
cursos d’água.
8. Exemplos de Inundação e Solapamento de margens
associado a processos erosivos
(a) (b)
Município de Iguape (SP) (a) Inundação no Bairro Santa Bárbara (Fonte: Ney Ikeda -
DAEE, sobrevôo de 29/01/2005); (b) Solapamento de margem no Valo Grande (Fonte: Ney Ikeda -
DAEE, 27/07/2006).
9. Inundação
Como prevenir
•Antes de comprar um imóvel ou terreno, verificar se o local não se
encontra em área de risco.
•A educação ambiental é uma das mais importantes formas de evitar os
problemas relacionados à inundação e enchentes. Deve-se respeitar a
legislação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e não depositar lixo e
resíduos sólidos no sistema de drenagem.
•A informação é essencial à segurança: em caso de chuvas fortes por
muitos dias ou horas seguidas, acompanhar o noticiário e os boletins
meteorológicos;
•Elaboração e aplicação de planos de contingência/prevenção.
FONTE: modificado de Kobiyama et. al. (2006)
Plano de Contingência às inundações na
Região do Vale do Ribeira (CONVAR).
10. Processos de Escorregamentos
movimentos gravitacionais de massa,
DEFINIÇÃO: mobilizando o solo, a rocha ou ambos.
12. PROCESSOS DE MOVIMENTOS DE MASSA MAIS
COMUNS E QUE CAUSAM MAIOR NÚMERO DE VÍTIMAS
ESCORREGAMENTOS PLANARES EM SOLO
ENVOLVENDO: CORTES E ATERROS
Fonte: Ministério das Cidades
15. ESCORREGAMENTOS PLANARES EM ENCOSTAS URBANAS
chuva
canaleta subdim ensionada
e/ou obstruída
lançam ento de
água servida
rupturas
zonas saturadas
Apiaí - fevereiro/2010
Ocorrência: 31/01/2010
16. MEDIDAS PREVENTIVAS
-MEDIDAS NÃO ESTRUTURAIS:
Planos preventivos de Defesa Civil (PPDC), planos de
contingência, mapeamento de risco;
-MEDIDAS ESTRUTURAIS:
Obras de contenção, obras de drenagem superficial e profunda.
17. Processos de Colapso/Subsidência associados a terrenos cársticos
Carste – sistema onde ocorre a absorção e o transporte de água
sob a superfície, formando condutos subterrâneos por onde a
água é conduzida (Karmann & Sallun Filho, 2007).
ROCHA SOLÚVEL = CARBONÁTICA
Feicões típicas: Dolinas (depressões no terreno)
SUBSIDÊNCIA: afundamento da superfície de um terreno.
Neste caso, por dissolução da rocha carbonática.
COLAPSO : afundamento abrupto.
21. Processos de Colapso/Subsidência associados a terrenos cársticos
Como prevenir
Inicialmente deve-se ter um conhecimento gelógico e
geomorfológico básico, com detalhe suficiente para cada tipo de
empreendimento. Se os estudos geológicos prévios apontam a
presença de rochas carbonáticas (ou outras rochas
carstificáveis), são necessários estudos para verificar a presença
ou não de carste, com métodos sofisticados como sondagens ou
métodos geofísicos.
22. ATUAÇÃO DO IG NA PREVENÇÃO
DE DESASTRES NATURAIS
Termos de Cooperação Técnica
firmado entre IG-SMA e CEDEC-SP
Estrutura
Ações Preventivas
PPDC Mapeamento de
áreas de risco
23. PPDC
Planos Preventivos
de Defesa Civil
Início da Atuação
Iniciou-se no verão de 1988/1989, a partir da iniciativa do governo do
Estado devido à ocorrência de acidentes associados a escorregamentos
no verão de 1987-1988, na região da Serra do Mar, que causaram mortes
nas cidades de Cubatão e Ubatuba.
Objetivo Principal
Evitar a ocorrência de mortes, com a remoção preventiva e temporária da
população que ocupa as áreas de risco, antes que os escorregamentos
atinjam suas moradias.
24. Operação
No período de verão (Dezembro a Março), sendo coordenado pela Defesa
Civil do Estado (CEDEC) e conta com o apoio técnico do IG e do IPT.
Ações
- Monitoramento dos índices pluviométricos e da previsão meteorológica;
- Realização de vistorias de campo;
- Realização de atendimentos emergenciais.
25. Abrangência
Os Planos Preventivos de Defesa Civil atualmente estão implantados em 5
regiões do Estado de São Paulo, com o monitoramento de 66 municípios:
- 08 municípios do Litoral (Baixada Santista e Litoral Norte);
- 07 municípios da Região do ABCD;
- 11 municípios da Região de Sorocaba;
- 16 municípios da Região do Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira;
- 24 municípios da Região de Campinas.
26. Atendimentos - Operação Verão 2009/2010 (58 atendimentos)
Dezembro/2009 – 11 atendimentos (Santa Branca, São Luiz do
Paraitinga, Mauá, Ubatuba, Bofete, Taboão da Serra, Ribeirão
Pires, Vargem Grande do Sul, Santo Antonio do Pinhal, São Sebastião e
Guaratinguetá);
Janeiro/2010 – 21 atendimentos (Franco da Rocha, Cunha
(2), Guaratinguetá (2), Guararema, Cunha, São Luiz do Paraitinga
(2), Bananal, Ribeirão Grande, Santa Branca, Santo
André, Mairiporã, Ubatuba, Ribeirão Pires, Carapicuíba, Suzano, São
Sebastião, Atibaia e São Bernardo do Campo);
Fevereiro/2010 – 09 atendimentos (Cajati, Miracatu, Pedro de
Toledo, Guapiara, Apiaí, Mogi das Cruzes, Ilhabela, Aparecida e Praia
Grande);
Março/2010 – 10 atendimentos, sendo 05 mudanças de nível
(Avaré, Poá, Águas de Lindóia, Areias, São José do Barreiro, São
Bernardo do Campo, Mauá, Atibaia, Guaratinguetá e São Sebastião);
Abril/2010 – 07 atendimentos (Santa Branca, Praia Grande, Cubatão, São
Vicente, Mirassol, Ribeirão Pires e Ubatuba).
20 atendimentos extra-plano
207 áreas vistoriadas
27. Atendimentos - Operação Verão 2009/2010 (58 atendimentos)
Dados das 207 áreas vistoriadas do PPDC 2009-2010
4686
5000
4000
3000
2000
872
1000 337
16
0
N° Pessoas removidas Moradias interditadas Moradias interditadas N° mortes
temporariamente definitivamente
28. Mapeamento de
Áreas de Risco
Início da Atuação
Iniciou-se com o mapeamento de áreas de risco a escorregamentos e
inundações nos municípios de
Sorocaba, Votorantim, Mairinque, Alumínio, Diadema e Rio Grande da
Serra (2004/2005).
Objetivo Principal
Fornecer subsídios à Defesa Civil Estadual para a identificação e o
gerenciamento das situações de riscos relacionadas a fenômenos
naturais (inundação, escorregamento, erosão e subsidência) em áreas
residenciais dos municípios.
29. Metodologia Adotada
CANIL et al. (2004), MACEDO et al. (2004a, b), SANTORO et al. (2005),
SANTORO (1991) e DAEE-IPT (1990).
São avaliados os seguintes fatores, considerados como
essenciais à análise do risco:
i) probabilidade ou possibilidade de ocorrência de fenômenos
naturais (inundação, escorregamento, erosão e subsidência);
ii) vulnerabilidade em relação às formas de uso e ocupação;
iii) dano potencial.
30. A Probabilidade de Ocorrência:
É estimada a partir da identificação e análise de feições e
características do terreno indicadoras de maior ou menor grau
de suscetibilidade, combinadas a observações sobre as formas
de uso e ocupação do terreno.
A Vulnerabilidade do Elemento em Risco:
Refere-se ao padrão construtivo das residências, qualidade da
infra-estrutura local e capacidade da população de enfrentar as
situações de risco.
O Dano Potencial:
É estimado considerando-se o número de moradias e de
moradores (elementos em risco) potencialmente sujeitos a
serem afetados pela ocorrência de um determinado tipo de
fenômeno natural.
31. Graus de risco considerados na setorização das áreas
Grau de Risco Simbologia
Baixo R1
Médio R2
Alto R3
Muito Alto R4