Este documento discute movimentos de massa em vertentes e suas causas naturais e antrópicas. Primeiro, descreve os principais tipos de movimentos de massa como rastejos, corridas, deslizamentos, quedas, subsidências e colapsos. Em seguida, explica como a forma da vertente influencia sua dinâmica e relaciona os tipos de movimentos com as formas de vertente. Por fim, discute medidas preventivas e a importância do planejamento para reduzir riscos de desastres.
1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Licenciatura em Geografia
RAPHAEL HENRIQUE MAIA BERRIEL
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE VERTENTES E SUA RELAÇÃO COM MOVIMENTOS DE
MASSA
Rio de Janeiro
2020
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Introdução
Movimentos de massa são processos naturais gerados em decorrência de
fatores como à pluviosidade , declividade e formato da vertente, características
pedológicas e geológicas mas também pela intervenção do homem em encostas e
talvegues, eliminando à cobertura vegetal, realizando cortes para à abertura de
estradas, construção de muros, taludes mal dimensionados para construção de
casas e lançamento de lixo encosta abaixo. À conjugação destes fatores somados
vem interferindo de forma a acelerar os processos já atuantes de forma a
potencializar os danos causados e colocar em risco atividades humanas, à fauna e a
flora que coabitam os ambiente das encostas e entornos.
Segundo Antônio Sousa Pedrosa em seu ensaio: À dinâmica geomorfológica das
vertentes e suas implicações na infraestrutura rodoviária:
[...] em locais onde estes fatores naturais são favoráveis ao
aparecimento de processos de instabilidade geomorfológica é,
muitas vezes, a intervenção humana que vai permitir o
desencadeamento do evento, contribuindo para o aumento do
risco.(Pedrosa, A. S. 2011, p. 72).
Adiante iremos descrever de forma breve o sistema simplificado de
classificação de movimentos de massas concebido pelo professor Oswaldo Augusto
Filho (IPT) e sua relação com os tipos de vertentes. Buscaremos relacionar, sem
evidentemente esgotar o assunto, interferências que possam vir a alterar o perfil das
vertentes introduzindo mudanças negativas em sua dinâmica natural e contribuindo
para o seu desequilíbrio dinâmico no sentido de potencializar o grau de riscos e
sujeição a vulnerabilidade da população diretamente envolvida.
O que é uma vertente?
Vertente também conhecidos como encostas, em linhas gerais são áreas
inclinadas da superfície terrestre , resultante de ações endógenas como à tectónica
de placas e exógenas como clima, erosão e o intemperismo.
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Seu perfil pode ser classificado de acordo com sua forma geométrica como:
Côncavo; convexo, convexo-côncavo ou convexo-retilíneo-côncavo.
Figura 1 - Perfil de vertentes
Fonte - Dinâmica de vertentes: processos e formas. Acesso em 04 Set. 2020
À dinâmica natural da vertente, está em linhas gerais relaciona diretamente à
sua forma geométrica, portanto esta análise preliminar é fundamental para o
embasamento de ações de intervenção, seja para fins de ocupação, seja para fins
de prevenção de desastres.
Movimentos de massa
São caracterizado pelo grande movimento de material vertente abaixo, sob
ação da força da gravidade. Sejam estes blocos de rochas, camadas de solo ou
colúvios.
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Tipos de movimento de massa
Rastejos
São caracterizadamente lentos, contínuos e superficiais mas podem vir à
evoluir para deslizamentos ao longo do tempo.
Podem ser percebidos pela presença de árvores com troncos retorcidos, ficando as
raízes presas no interior do solo das encostas enquanto o tronco é entortado em
direção à descida da encosta.
Figura 2 - Rastejos esquema
Disponível em: <https://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09a.html>. Acesso em 04
Set. 2020
Figura 3 - Rastejos imagem
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Disponível em: <https://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09a.html>. Acesso em 04
Set. 2020
Corridas ou Fluxos (Terra, lama ou detritos)
Resultam do escoamento rápido, na qual os materiais se comportam como
fluidos incorporando água, solo, blocos de rocha, galhos e até troncos de árvores.
Podem se locomover a grandes distâncias devido à sua fluidez, tendo na água seu
principal agente deflagrador.
De difícil previsibilidade, pode ocorrer inclusive em áreas de cobertura vegetal
preservada.
Figura 4 - Corrida de Massa - Blumenau (SC)
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Disponível em: <https://www.ofitexto.com.br/comunitexto/movimento-de-massa-conceitos/> Acesso
em 05 Set. 2020
Figura 4 - Corrida de Massa esquema
Disponível em: <http://www.cemaden.gov.br/deslizamentos/> Acesso em 05 Set. 2020.
Escorregamentos ou Deslizamentos
Movimentos rápidos, com velocidade de metros por hora à metros por
segundo, de curta duração e com planos de ruptura bem definidos entre o material
deslizado e o não movimentado. Pode ser ainda subdividido em:
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● Rotacionais: Quando à ruptura é curvada no sentido superior, como se
formasse uma colher.
● Translacionais: Quando ocorrem em uma superfície plana e associada à
solos relativamente mais rasos
Figura 5 - Deslizamento (escorregamento) rotacional e translacional
Disponível em: <http://www.cemaden.gov.br/deslizamentos/> Acesso em 05 Set. 2020.
Quedas
São movimentos de quedas de materiais - solo ou rochas - que ao se
desprender caem ou rolam livremente pela encosta, em geral muito íngremes.
Figura 6 - Queda de Blocos
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Disponível em: <https://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09e.html> Acesso em 05
Set. 2020.
Figura 7 - Queda de Blocos - Vitória (ES)
Disponível em:
<https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/02/2018/trabalhos-para-remocao-de-pedra-que-interdita-
br-259-em-colatina-comecam-nesta-quarta-feira> Acesso em 05 Set. 2020.
Subsidência e Colapsos
Caracterizado pela instabilidade e o afundamento rápido ou gradual do
terreno devido ao afundamento de cavidades em razão de retirada de material
subterrâneo para a construção de dutos ou túneis o rebaixamento do lençol freático
ou à redução da porosidade do solo entre outras causas.
Figura 8 - Subsidência esquema
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Prevenção e previsibilidade de riscos em casos de desastres naturais
Medidas preventivas para evitar ou minimizar danos estruturais como obras
de engenharia de contenções, muros e sistemas de drenagem e não estruturais
como à gestão do uso solo, planejamento urbano e educação ambiental são
essenciais à curto prazo para minimizar danos de dimensão humana e econômica.
No tocante à população, reconhecer os sinais que antecedem deslizamentos
e outros fenômenos indicados, sem dúvida, pode levar à atitudes mais seguras em
relação à dinâmica ambiental, auxiliando na capacidade de se conviver com
fenômenos extremos e portanto mitigando riscos, tendo em vista que em muitas
circunstâncias tais fenômenos não poderão ser controlados ou revertidos em tempo
de evitá-los.
Ações proativas de prevenção:
● Evitar construir em encostas muito íngremes e também próximos à cursos
d'água (sujeito à inundações e à erosão acelerada pelo desmatamento)
● Não desmatar as encostas dos morros;
● Buscar informações nos devidos órgãos legais sobre o histórico do terreno e
entornos;
● Não lançar lixo, tampouco entulho nas encostas e leitos de drenagem;
● Promover ações na comunidade para troca de informações e ações
preventivas;
● Verificar à estrutura da casa quanto à rachaduras e fissuras, e no caso do
aparecimento de alguma alteração desta natureza acionar imediatamente à
Defesa Civil local.
Conclusão
Devido à condições climáticas e o próprio perfil prevalecente do relevo,
algumas regiões do Rio de Janeiro são consideradas muito suscetíveis aos
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movimentos de massa. Um estudo prévio de reconhecimento embasado em
conhecimento técnico-científico para a identificação de áreas próprias para a
edificação de imóveis, para uso agrícola ou mesmo para construção de estradas
entre os talvegues, é essencial na execução bem sucedida do uso e ocupação do
solo urbano e rural.
À concentração fundiária exercida pela especulação imobiliária e seus
agentes, deslocaram ao longo do tempo grande parte da população para morros e
encostas íngremes, sujeitos aos mais variados processos descritos durante este
trabalho. Para agravar, muita destas edificações são frutos de autoconstrução
precária, desconsiderando gabaritos e planos diretores estabelecidos por estados e
municípios.
Neste cenário desfavorável e de difícil reversão à médio prazo, reconhecer
formas associadas aos fenômenos, auxilia à agir preventivamente em relação aos
riscos provocados pelos movimento de massa.
REFERÊNCIAS:
1. PEDROSA, A. S - Geografia Ensino & Pesquisa, v. 16, n.1, p. 7182,
jan./jun. 2011.
2. AFONSO, Anice; SILVA, Telma Mendes da - Geomorfologia Geral - p. 26-37, 2012.
3. LEÃO, Otavio Miguez Rocha; BRUM, Leonardo - Geomorfologia Contnental - p.
88-96, 2012.
4. Movimento de Massa. Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais. Rio de Janeiro, 05 de Setembro de 2020. Disponível em:
http://www.cemaden.gov.br/deslizamentos/
5. Movimento de Massa: Conceitos. Oficina de Textos. Rio de Janeiro, 05 de
Setembro de 2020. Disponível em:
https://www.ofitexto.com.br/comunitexto/movimento-de-massa-conceitos/