No dia 16 de março de 2020, os pesquisadores Claudia Varnier, do Núcleo de Hidrogeologia do Instituto Geológico (IG/SIMA), e José Luiz Albuquerque Filho, do Centro de Tecnologias Geoambientais (CTGeo) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), apresentaram os resultados finais do Projeto de Pesquisa intitulado “Delimitação das Zonas Potenciais à Contaminação por Nitrato nas Águas Subterrâneas dos Sistemas Aquíferos Bauru e Guarani no Estado de São Paulo”, em reunião que ocorreu na sede do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe (CBH-AP), Marília (SP).

1. Delimitação das Zonas Potenciais à
Contaminação por Nitrato nas Águas
Subterrâneas dos Sistemas Aquíferos
Bauru e Guarani no Estado de São Paulo
Empreendimento: 2014-CORHI-160
Financiamento: FEHIDRO
Instituto Geológico (IG/SIMA) - Tomador
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) - Executor
Marília, 16 de março de 2020

2. CURIOSIDADES SOBRE O
NITRATO....

3. N
O
O
O
• Contaminante de maior ocorrência
em aquíferos (Brasil e exterior);
• Mundialmente utilizado como indicador
de contaminação das águas
subterrâneas;
• Alta mobilidade = extensas áreas
dos aquíferos atingidas;
• Motivo de preocupação dos gestores de
recursos hídricos (crescente aumento
do número de casos reportados).

4. • Rede de monitoramento da
qualidade das AS aumento
sistemático de [NO3
-] ao longo do
tempo;
• Concentrações >10 mg/L N-NO3
-
em diversos poços que captam
água do SAB e do SAG (porção
aflorante).
SAG
Iritani & Ezaki (2014)
SAB

5. Fontes distintas de contaminação
Área
rural
Área
urbana

6. IMPORTÂNCIA E ORIGEM DO
PROJETO

7. 1. O que sabemos sobre o uso da água
subterrânea e a ocorrência de nitrato nas áreas
urbanas brasileiras?
9,1 mil
toneladas
de esgoto gerado por
dia
45%
população brasileira
não possui rede de
esgoto
55%
população brasileira
possui saneamento
adequado
Fonte: ANA (2017)

8. Estima-se que a cada ano o subsolo do país receba uma carga
total de esgoto de 4.329 Mm3/ano: 3.747 Mm3/ano (esgoto
gerado pela falta de rede coletora) + 582 Mm3/ano (esgoto
proveniente do vazamento da própria rede, desprovida de
manutenção)
O volume gerado encheria aproximadamente 1,8 milhão
de piscinas olímpicas/ano (~5 mil piscinas/dia).
(Fonte: Hirata et al. 2019)

9. + =+
2. Relação entre urbanização, rede de
esgoto e as concentrações de nitrato nas
águas subterrâneas

10. 1
Projetos executados em
áreas urbanas de alguns
municípios do centro-oeste
paulista abastecido pelo SAB
mostraram que as maiores
concentrações de nitrato
foram observadas,
principalmente, nos bairros
mais antigos da cidade
2
Situação
semelhante foi
observada na
porção
aflorante do
SAG
3
Abordagem regional
voltada à identificação de
zonas com potencial de
contaminação por nitrato
nas áreas urbanas dos
municípios localizadas nos
SAB e SAG (porção
aflorante) no Estado de
São Paulo

11. 2014
Enquadramento do
Projeto pelo
SECOFEHIDRO
2015 2017 2018 2020
Empreendimento
aprovado e assinatura do
contrato FEHIDRO
Edital para
contratação da
empresa
Assinatura de contrato
entre tomador e
executor
Apresentação dos
resultados finais
do projeto

12. OBJETIVOS

13. Mapear zonas com potencial de contaminação
da água subterrânea por nitrato proveniente de
sistemas de saneamento em áreas urbanas,
identificar áreas mais críticas e propor
recomendações de ações.

14. ÁREA DE ESTUDO

15. Municípios abastecidos total ou
parcialmente por esses aquíferos
Municípios cujas áreas urbanas
assentam-se total ou parcialmente sobre
o SAB ou SAG (porção aflorante)
Durante a seleção, considerou-se o contorno
dos aquíferos adotados pelo Mapa de Águas
Subterrâneas do Estado de SP
1
2
3
Critérios de seleção dos municípios

16. Áreas urbanas de 304 municípios (16 UGRHIs)
• 270 captam água do SAB
• 34 captam água do SAG (porção aflorante)

17. 4
6
9
62
31
17
24
41
32
26
18
9
7
2
4 3
7
2
0
10
20
30
40
50
60
9 12 13 15 16 17 18 19 20 21 22 4 5 8 9 10 13 14
Númerodemunicípios
UGRHISAB
SAG (porção aflorante)
Município x UGRHI

18. ATIVIDADES REALIZADAS

19. 1.
Levantamento
de informações
(dados
geoespaciais,
dados de poços,
dados de
infraestrutura
sanitária)
2.
Sistematização
e análise
integrada dos
dados
(preparação de
dados
geoespaciais,
processamento
digital de
imagens,
elaboração de
banco de dados
de poços)
3.
Mapeamento
da expansão
urbana
(mapeamento
de manchas
urbanas em
diferentes
datas,
Mapeamento
do uso e
ocupação do
solo e padrão
de ocupação
urbana)
4.
Determinação
e classificação
qualitativa da
carga
potencial de
contaminação
por nitrato
5.
Mapeamento
do potencial
de
contaminação
por nitrato e
identificação
das áreas
críticas
6.
Estabelecimento
de medidas de
proteção das
águas
subterrâneas e
priorização de
estudos de
detalhe

20. Produto Fonte Tipo Escala/resolução Data
Base
planialtimétrica
IBGE Vetorial 1:50.000 1965 a 1983
Cartas
topográficas
IBGE/IGG Matricial 1:50.000 Década de 70
Cartas
topográficas
IGC Matricial 1:10.000 1978 a 2006
UHCT CPLA/IG Vetorial 1:2.500 2014
Ortofotos EMPLASA Matricial 1 m 2010
LANDSAT INPE/USGS Matricial 30 a 80 m 1975, 1985 e 1995
Dados geoespaciais
1. Levantamento das informações

21. 1. Levantamento das informações
1 DAEE_UNESP_matriz SIM DAEE/UNESP (2013)
2 TESES_matriz SIM Várias
3 RIMAS_matriz SIM CPRM (2010 – 2017)
4 PDPA_matriz SIM IPT (2011)
5 Marília_matriz SIM VARNIER et al. (2010); IPT (2018)
6 SJRP_Matriz SIM IG/DAEE (2011)
8 Presidente Prudente_matriz SIM PROCEL (2011)
7 Bauru_matriz SIM DAEE (2015)
9 CETESB_matriz SIM CETESB (1995 – 2015)
10 SIDAS_matriz NÃO DAEE (2010 – 2017)
11 PPP_matriz NÃO IPT (2015)
O levantamento das informações dos poços foi efetuado a partir dos
bancos de dados gerados em outros estudos
Dados e informações de poços

23. 1. Levantamento das informações
Dados de infraestrutura sanitária
Os dados de infraestrutura sanitária
foram levantados dos setores
censitários do IBGE, relativos ao ano
de 2010 (IBGE, 2010)

24. 2. Sistematização e análise integrada
dos dados
Preparação de dados geoespaciais

25. 1975 1985
1995
Processamento
digital de imagens

26. 2. Sistematização e análise integrada
dos dados
POCO_IPT PROFUND DAT_CO_1
FO_IBGE CimProf1 Hr_CO_1
N_DAEE CimProf2 LAB
ID_DAEE CimProf3 TIPO_AM
N_OUTROS TesteNE CHU_24H
UGRHI TesteND Temp_1
MUN TeSTVaEs pH_1
PROP VazaoExp Eh_1
ENDERECO NivelDi CE_1
DIACONST HrDiaExp OD_mgL1
UTM_N DiaMEx COD_mgL1
UTM_N_O MesAEx Col_Tot1
UTM_L VExploC Col_Fec1
UTM_L_O NiDinC E_Coli_1
MC FiltroD1 ..... FiltroD17 NO3_mgL1
COTA FiltroA1 ..... FiltroA17 NNO3mgL1
TIPOPOCO PerEstDe NO2_mgL1
EST_POCO PerEstPa NNO2mgL1
USO_AGUA Grp_For Cl_mgL1
AQUIFERO NO3_mgLM*
FONT_DAD
* média das concentrações de nitrato (mg/L NO3
-
) de
diferentes campanhas.
Elaboração de banco de
dados de poços e
tratamento dos dados
preexistentes

27. Elaboração de banco de dados de
poços e tratamento dos dados
preexistentes
2.031 poços com análises
químicas diferentes das de nitrato
e outras informações construtivas
1.341 poços com análises
químicas de nitrato
2. Sistematização e análise integrada
dos dados

28. 2. Sistematização e análise integrada
dos dados
SAB SAB/SAG
SAG
Elaboração de banco de dados
de poços e tratamento dos
dados preexistentes

29. 2. Sistematização e análise integrada
dos dados
Caracterização da infraestrutura sanitária
Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água

30. 2. Sistematização e análise integrada
dos dados
Caracterização da infraestrutura sanitária
Domicílios
particulares
permanentes com
esgotamento
sanitário

31. 3. Mapeamento da expansão urbana
Mapeamento de manchas urbanas em
diferentes datas (1975, 1985, 1995 e 2010)
A escala mínima de trabalho em tela foi
1:25.000: traçado preciso das áreas urbanas
Mapeamento das manchas urbanas incluiu também
distritos e aglomerados urbanos isolados com área
>2,0 ha
1
2
3
Mapeamento da mancha urbana

32. 3. Mapeamento da expansão urbana
Mapeamento da mancha urbana

33. 3. Mapeamento da expansão urbana
Mapeamento do uso e ocupação do solo e padrão de ocupação urbana

34. 4. Determinação e classificação qualitativa
da carga potencial de contaminação por
nitrato
Evolução
da malha
urbana
Mapeamento uso
e ocupação do
solo e padrão de
ocupação
Densidade de
ocupação
Mapeamento do
esgotamento
sanitário
+
+
+
Carga
potencial de
contaminação
por nitrato

35. 4. Determinação e classificação qualitativa
da carga potencial de contaminação por
nitrato
• As áreas com carga elevada situam-se,
geralmente, nas zonas centrais das
áreas urbanas, mais antigas;
• Em 87,1% da área total mapeada como
carga potencial elevada, a ocupação
urbana é anterior a 1975;
• 1975 foi definido como a data de
referência mais antiga: instituição da
PLANASA na década de 1970.

36. 4. Determinação e classificação qualitativa
da carga potencial de contaminação por
nitrato
Deve ser
averiguada em
estudos de detalhe
(escala municipal),
verificando as
concentrações de
nitrato mediante
coleta de amostras
de água em maior
número de poços.

37. 4. Determinação
e classificação
qualitativa da
carga potencial
de contaminação
por nitrato
(Exemplo: Município de Marília)

38. 5. Mapeamento do potencial de
contaminação por nitrato e identificação de
áreas críticas
Mapa de áreas
críticas ao potencial
de contaminação da
água subterrânea
por nitrato
Mapeamento do
abastecimento de água
ArcGIS
Classificação qualitativa
da carga potencial de
contaminação por nitrato
Mapa de concentrações
de nitrato

39. 5. Mapeamento do potencial de
contaminação por nitrato e identificação de
áreas críticas
Número de poços

40. 5. Mapeamento do
potencial de
contaminação por
nitrato e
identificação de
áreas críticas
(Exemplo: Município de Marília)
Áreas de alta criticidade são
aquelas inseridas no raio de
250,0 m dos poços e que
possuem concentrações de
nitrato >45,0 mg/L NO3
-

41. MUNICÍPIO
ÁREA DE
CARGA
POTENCIAL DE
NITRATO
ELEVADA (Km2
)
POÇOS
[≥ 45 mg/L
NO3
-
]
REDE ABASTECIDA
POR ÁGUA
SUBTERRÂNEA
ANDRADINA 12,9 SIM SIM
BAURU 49,5 SIM SIM*
DIRCE REIS 0,2 SIM SIM
EMILIANÓPOLIS 0,5 SIM SIM
INÚBIA
PAULISTA
1,3 SIM SIM
JALES 5,0 SIM SIM
LUIZIÂNIA 0,1 SIM SIM
MAGDA 0,6 SIM SIM
MARÍLIA 23,1 SIM SIM*
MONTE AZUL
PAULISTA
2,1 SIM SIM
PARAPUÃ 3,4 SIM SIM
PINDORAMA 1,7 SIM SIM
POMPÉIA 3,6 SIM SIM
PRESIDENTE
PRUDENTE
25,2 SIM SIM*
ROSANA 2,0 SIM SIM
SANTANA DA
PONTE PENSA
0,2 SIM SIM
SANTO
ANASTÁCIO
4,2 SIM SIM
SÃO JOSÉ DO
RIO PRETO
55,5 SIM SIM*
TURMALINA 0,3 SIM SIM
VALPARAÍSO 3,8 SIM SIM
VISTA ALEGRE
DO ALTO
1,3 SIM SIM
CAJOBI**
1,3 SIM SIM
MURUTINGA
DO SUL** 0,3 SIM SIM
VERA CRUZ**
2,2 SIM SIM
Municípios prioritários para estudos de detalhe e ações de gestão
6. Priorização de estudos de detalhe

42. MEDIDAS DE PROTEÇÃO DAS
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

43. Ações para poços
contaminados por
nitrato
Ações para áreas
com carga potencial
de nitrato elevada e
áreas com alta
criticidade
Ações para
instalação de novos
poços em áreas com
carga potencial de
nitrato elevada e
áreas com alta
criticidade

44. Ações para poços contaminados por nitrato
(Baseadas em Varnier et al., 2019)
1
• Municípios onde foram observadas concentrações de nitrato ≥
45 mg/L NO3
-: interromper imediatamente o uso da água para
consumo humano dos poços e o usuário deverá notificar a CVS
2
• Uso da água para outros fins: averiguar sua aptidão junto ao
DAEE e, se necessário, efetuar o tratamento
3
• Caso não seja possível a destinação para outros usos, sugere-
se desativação e tamponamento do poço
4
• Monitoramento semestral de parâmetros indicadores (NH4,
NO2, NO3, Cl, pH e CE) em poços com concentrações de nitrato
entre 0,0 a 22,50 mg/L NO3
-
5
• Monitoramento trimestral em poços com concentrações entre
22,50 e 45,00 mg/L NO3
-. Uma análise físico-química completa
deve ser feita semestralmente, segundo a legislação vigente

45. Ações para áreas com carga potencial de nitrato
elevada e áreas com alta criticidade
1
• Manutenção sistemática da rede coletora de esgoto para redução das perdas,
assim como a correta instalação de rede antes da implantação de novos bairros,
com tratamento em 100% do volume total coletado
2
• Estudos detalhados, inicialmente para os municípios classificados como prioritários,
para definição de áreas de restrição, em conformidade com a Deliberação CRH no
52/2005
3
• Efetuar a adequada proteção das captações de água subterrânea
4
• Orientar os usuários sobre a necessidade de regularização dos poços
5
• Implantar programa de capacitação para a equipe técnica dos órgãos municipais e
estaduais relacionados à produção e distribuição de água, gestão ambiental e
planejamento
6
• Promover campanhas de educação ambiental e de conscientização pública
sobre a contaminação das águas subterrâneas por nitrato, suas causas e
consequências
7
• Implantar e operar de forma sistemática rede de monitoramento de qualidade e
quantidade das águas

46. Ações para instalação de novos poços em áreas com carga
potencial de nitrato elevada e áreas com alta criticidade
1
• A instalação de novos poços para
abastecimento público deve ser feita
fora das áreas classificadas como de
elevada carga potencial de nitrato,
atendendo à legislação e normas
técnicas vigentes
2
• Em novas captações, mais profundas
e situadas em áreas de moderada
carga potencial de nitrato, propõe-se
que se isole as porções superficiais do
SAB e SAG por meio de cimentação
sanitária conforme estabelecido por
DAEE (2017)

47. Instituto Geológico
Núcleo de Hidrogeologia
www.igeologico.sp.gov.br
Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental – Labgeo
www.ipt.br
GRATOS PELA ATENÇÃO!