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matiz em particular, apesar de este nunca lhe
ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito
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lhe seja possível, o que pode servir como prova
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todos os casos, derivadas das impressões cor-
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singular que quase não vale a pena assinalá-lo,
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devamos modificar a nossa tese geral.
Suponhamos (…) que uma pessoa foi dotada
de visão durante trinta anos e se familiarizou
perfeitamente com cores de todos os tipos,
com exceção, digamos, de um determinado
matiz de azul, com o qual nunca calhou se
deparar. Suponhamos que todos os diferentes
matizes dessa cor, com exceção daquele único,
sejam colocados perante essa pessoa, descen-
do gradualmente do mais escuro para o mais
claro. É óbvio que ela perceberá um vazio no
lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que
nesse lugar há uma distância entre as cores
contíguas maior do que em qualquer outro.
Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul desco-
nhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê?
O matiz de azul desconhecido
David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano.
Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, pp. 36-37
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Experiência de
Pensamento: Tom de
Azul Desconhecido
174 IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA
Assim, uma vez que à nascença somos
capazes de aprender uma Língua e qualquer
processo de aprendizagem de uma Língua
pressupõe algum conhecimento linguístico,
Fodor acredita ter demonstrado a existência
de conhecimento linguístico inato.
Explicitamente formulado, o argumento
diz-nos o seguinte:
Se encararmos este conhecimento inato
do funcionamento da língua como genuíno
conhecimento acerca do mundo, teremos de
abandonar a ideia de que, à nascença, a mente
é uma tábua rasa (ou folha em branco).
Objeção do homúnculo
Através do Argumento da Mesa, Hume
demonstrou que aquilo que está presente
na nossa mente não são os objetos reais do
mundo exterior, mas sim uma imagem ou
representação mental dos mesmos. Esta
imagem do funcionamento da mente parece
implicar que somos homúnculos (pessoas
minúsculas) fechados numa espécie de ci-
nema privado no interior das nossas men-
tes, onde nos são apresentadas imagens
ou representações dos objetos do mun-
do exterior aos quais não temos qualquer
tipo de acesso direto.
Mas esta imagem do funcionamento da
mente levanta os mesmos problemas que
os colocados a propósito da nossa relação
com o mundo exterior. Se a natureza da ex-
plicação se mantiver inalterada, acabaremos
por supor a existência de outro homúnculo
dentro da mente do primeiro e assim suces-
sivamente, caindo numa regressão infinita
de homúnculos, que aparentemente deixa
por explicar o processo de interação entre a
mente e o mundo.
Aprender uma Língua (incluindo, é claro, uma primeira Língua) implica
aprender o que os predicados dessa linguagem significam. Aprender o que os
predicados de uma linguagem significam implica uma determinação da sua
extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender que determinadas
regras se lhes aplicam (…).Mas não podemos aprender que R se aplica a P a menos que tenhamos
uma Língua em que P e R possam ser representados. Portanto, não podemos aprender uma Lín-
gua a menos que já tenhamos uma Língua.
Jerry Fodor (1976), The Language of Thought. Trad. Luís Veríssimo. Hassocks, Sussex: Harvester Press, pp. 63-64
“
”
(1) Para aprender uma Língua temos de
aprender regras.
(2) Para aprender regras temos de ser
capazes de as representar.
(3) Para aprender uma Língua temos de ser
capazes de representar regras. (De 1 e 2)
(4) Para poder representar regras temos de
ter algum conhecimento linguístico.
(5) Para aprender uma Língua temos de ter
algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4)
(6) Quando nascemos temos a capacidade
de aprender uma Língua.
(7) Se quando nascemos temos a
capacidade de aprender uma Língua e para
aprender uma Língua temos de ter algum
conhecimento linguístico, então existe
conhecimento linguístico inato.
(8) Logo, existe conhecimento linguístico
inato. (De 5 a 7)
Explicar a interação mente-mundo através da imagem de um homúnculo
fechado numa espécie de cinema mental, onde nos são apresentadas
imagens ou representações dos objetos do mundo exterior, conduz a uma
regressão infinita de homúnculos que deixa o problema por resolver.
Jerry Fodor
(1935),	EUA
Conceituado
filósofo da mente
americano. Leciona
na	Universidade	de	
Rutgers	e	é	conhecido	
pela sua defesa de
uma posição realista
quanto	à	natureza	
do funcionamento
da mente. Para
este autor, o
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175IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA

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  • 1. Objeções ao fundacionalismo empirista de Hume O contraexemplo do matiz de azul desconhecido A primeira objeção que iremos conside- rar é um contraexemplo ao Princípio da Cópia apresentado pelo próprio Hume, após ter formulado o argumento do cego de nas- cença. Presta atenção à experiência que se segue: Assim, embora Hume acreditasse que a maioria de nós estaria tentada a afirmar que, nestas circunstâncias, a pessoa seria ca- paz de imaginar o matiz de azul em falta, mesmo na ausência da impressão cor- respondente, desvaloriza o contraexemplo por considerá-lo uma situação demasiado invulgar para que realmente possa por em causa o Princípio da Cópia. Objeção à imagem da mente como tábua rasa No século XX, o filósofo americano Jerry Fodor propôs um argumento que põe em causa a crença partilhada pelos empiristas de que, à nascença, a nossa mente é como uma tábua rasa (ou folha em branco). Fodor considera que: Assim, a minha pergunta é se lhe seria possível, a partir da sua própria imaginação, suprir essa deficiência e trazer à sua mente a ideia daquele matiz em particular, apesar de este nunca lhe ter sido transmitido pelos sentidos. Acredito que poucos serão de opinião de que tal não lhe seja possível, o que pode servir como prova de que as ideias simples nem sempre são, em todos os casos, derivadas das impressões cor- respondentes, embora este exemplo seja tão singular que quase não vale a pena assinalá-lo, e tampouco merece que, apenas por sua causa, devamos modificar a nossa tese geral. Suponhamos (…) que uma pessoa foi dotada de visão durante trinta anos e se familiarizou perfeitamente com cores de todos os tipos, com exceção, digamos, de um determinado matiz de azul, com o qual nunca calhou se deparar. Suponhamos que todos os diferentes matizes dessa cor, com exceção daquele único, sejam colocados perante essa pessoa, descen- do gradualmente do mais escuro para o mais claro. É óbvio que ela perceberá um vazio no lugar onde falta aquele matiz, e perceberá que nesse lugar há uma distância entre as cores contíguas maior do que em qualquer outro. Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul desco- nhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê? O matiz de azul desconhecido David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro. Lisboa: INCM, 2002, pp. 36-37 Vídeo Experiência de Pensamento: Tom de Azul Desconhecido 174 IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA Assim, uma vez que à nascença somos capazes de aprender uma Língua e qualquer processo de aprendizagem de uma Língua pressupõe algum conhecimento linguístico, Fodor acredita ter demonstrado a existência de conhecimento linguístico inato. Explicitamente formulado, o argumento diz-nos o seguinte: Se encararmos este conhecimento inato do funcionamento da língua como genuíno conhecimento acerca do mundo, teremos de abandonar a ideia de que, à nascença, a mente é uma tábua rasa (ou folha em branco). Objeção do homúnculo Através do Argumento da Mesa, Hume demonstrou que aquilo que está presente na nossa mente não são os objetos reais do mundo exterior, mas sim uma imagem ou representação mental dos mesmos. Esta imagem do funcionamento da mente parece implicar que somos homúnculos (pessoas minúsculas) fechados numa espécie de ci- nema privado no interior das nossas men- tes, onde nos são apresentadas imagens ou representações dos objetos do mun- do exterior aos quais não temos qualquer tipo de acesso direto. Mas esta imagem do funcionamento da mente levanta os mesmos problemas que os colocados a propósito da nossa relação com o mundo exterior. Se a natureza da ex- plicação se mantiver inalterada, acabaremos por supor a existência de outro homúnculo dentro da mente do primeiro e assim suces- sivamente, caindo numa regressão infinita de homúnculos, que aparentemente deixa por explicar o processo de interação entre a mente e o mundo. Aprender uma Língua (incluindo, é claro, uma primeira Língua) implica aprender o que os predicados dessa linguagem significam. Aprender o que os predicados de uma linguagem significam implica uma determinação da sua extensão. Aprender a determinação da extensão de predicados implica aprender que determinadas regras se lhes aplicam (…).Mas não podemos aprender que R se aplica a P a menos que tenhamos uma Língua em que P e R possam ser representados. Portanto, não podemos aprender uma Lín- gua a menos que já tenhamos uma Língua. Jerry Fodor (1976), The Language of Thought. Trad. Luís Veríssimo. Hassocks, Sussex: Harvester Press, pp. 63-64 “ ” (1) Para aprender uma Língua temos de aprender regras. (2) Para aprender regras temos de ser capazes de as representar. (3) Para aprender uma Língua temos de ser capazes de representar regras. (De 1 e 2) (4) Para poder representar regras temos de ter algum conhecimento linguístico. (5) Para aprender uma Língua temos de ter algum conhecimento linguístico. (De 3 e 4) (6) Quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua. (7) Se quando nascemos temos a capacidade de aprender uma Língua e para aprender uma Língua temos de ter algum conhecimento linguístico, então existe conhecimento linguístico inato. (8) Logo, existe conhecimento linguístico inato. (De 5 a 7) Explicar a interação mente-mundo através da imagem de um homúnculo fechado numa espécie de cinema mental, onde nos são apresentadas imagens ou representações dos objetos do mundo exterior, conduz a uma regressão infinita de homúnculos que deixa o problema por resolver. Jerry Fodor (1935), EUA Conceituado filósofo da mente americano. Leciona na Universidade de Rutgers e é conhecido pela sua defesa de uma posição realista quanto à natureza do funcionamento da mente. Para este autor, o pensamento deve ser entendido como um processo análogo à computação. 175IV. 1 . DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA