2. Jesus foi aquele homem que veio à Terra para nos mostrar a verdade, a lógica,
a razão, e nos indicar o caminho de volta ao seio do Pai. Como pedagogo, o
Mestre contava estórias da vida. E numa dessas estórias Ele trouxe para nós a
Parábola dos Talentos.
Reunido com seus discípulos no Monte das Oliveiras, dias antes de ser
crucificado, o Cristo disse-lhes: -O Senhor age como um homem que, tendo
que fazer uma longa viagem, chamou seus servidores, e falou que deixaria
uma certa quantia para eles aplicarem, e que quando voltasse, eles teriam que
prestar contas.
3. Então, deu a um empregado cinco Talentos; a outro empregado dois Talentos;
e a um terceiro empregado um Talento, e partiu imediatamente. O que
recebeu cinco Talentos foi-se. Negociou com aquele dinheiro e ganhou outros
cinco. O que recebeu dois, da mesma forma, ganhou outros dois. Mas o que
apenas recebeu um, cavou a terra e aí escondeu o dinheiro de seu amo.
Quando se fala em Talento, aqui, no caso da parábola, somos levados a pensar
tratar-se de uma moeda de pequeno valor. Mas não é isso. Segundo a
Sociedade Bíblica do Brasil, um Talento valia seis mil Denários, e um
Denário era o pagamento de um dia de serviço de um trabalhador naquela
época, em Roma.
4. Passado longo tempo, o senhor daqueles servos voltou e os chamou a
prestarem contas. Veio o que recebera cinco Talentos e lhe apresentou outros
cinco, dizendo: -Senhor, entregaste-me cinco Talentos, aqui estão. E além
desses, mais cinco que lucrei, negociando com eles. Respondeu-lhe o amo: -
Servidor bom e fiel. Já que me foste fiel nas coisas pequenas, confiar-te-ei
muitas outras. Compartilha da alegria do teu senhor.
O que recebera dois Talentos apresentou-se a seu turno e lhe disse: -Senhor,
entregaste-me dois Talentos, aqui estão. E além desses, mais dois outros que
lucrei, negociando com eles.
5. E o amo respondeu-lhe: -Servidor bom e fiel. Já que me foste fiel nas
pequenas coisas, confiar-te-ei muitas outras. Compartilha da alegria do teu
senhor. Veio em seguida o que recebera apenas um Talento e disse: -Senhor,
sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e colhes de onde
nada puseste, por isso, como tive medo de ti, escondi o teu Talento na terra.
Aqui o tens. Restituo o que te pertence.
O homem, porém, lhe respondeu: -Servidor mau e preguiçoso, se sabias que
ceifo onde não semeei e que colho onde nada pus, devias por o meu dinheiro
nas mãos dos banqueiros, a fim de que, regressando, eu retirasse com juros o
que me pertence.
6. E ordenou: -Tirem-lhe, pois, o Talento que está com ele e deem-no ao que
tem dez Talentos, porquanto, dar-se-á a todos os que já têm e esses ficarão
cumulados de bens. Quanto aquele que nada tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que
pareça ter, e seja esse servidor inútil lançado nas trevas exteriores, onde
haverá prantos e ranger de dentes.
Essa parábola exprime os deveres que nos cabem: material, moral e espiritual.
Interpretada ao pé da letra, ela induz que há uma violação às leis de Deus.
Uma ambição muito grande, justificando a aplicação do dinheiro para render
juros. Mas, buscando-se a essência do ensinamento, nós vamos entender um
significado diferente.
7. Está visto que o senhor, aí, é Deus; os servos somos nós, a Humanidade; os
Talentos são os bens e recursos que a Providência nos outorga e representam
potências que cada um de nós recebeu ao nascer, para serem desenvolvidas e
empregadas em benefício próprio e no de nossos semelhantes; o tempo
concedido para sua movimentação é a existência terrena.
Nós, na condição de Espíritos em trânsito pela Terra, trazemos na nossa
bagagem potencialidades latentes dentro de nós, que deverão ser
desenvolvidas. E na medida da nossa evolução, vamos adquirindo condições
de desenvolvermos esses Talentos.
8. A distribuição dos Talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que
possa parecer, nada tem de arbitrária nem de injusta; baseia-se na capacidade
de cada um, adquirida antes da presente encarnação, em outras jornadas
evolutivas.
Da mesma forma que o homem conhecia os seus servidores, Deus conhece a
capacidade de cada um de nós. Dessa alegoria, vamos retirar a essência do
ensinamento de Jesus. Os talentos representam os ensinamentos do Mestre.
Quando bem aplicados, ou seja, bem entendidos, são fonte de felicidade e, ao
contrário, quando mal aplicados, quer dizer, mal entendidos, são obstáculos,
desviando a criatura do bem e da verdade.
9. Aqueles que recebem os talentos do Evangelho e os aplicam em proveito
próprio e alheio, com o fim especial de tornar conhecida a palavra de Deus,
estão representados pelos servidores que receberam cinco e dois talentos. E
quando forem chamados ao ajuste de contas, lhes será dito: servidor bom e
fiel!
São criaturas que sabem cumprir a vontade de Deus, empregando bem a
fortuna, a cultura, o poder, a saúde, o perdão, a benevolência, etc... Aqueles
dons com que foram aquinhoados.
10. Mas aqueles que recebem os talentos desse mesmo Evangelho e não os
observam, ou aplicam mal, deixando-os improdutivos, prejudicando a causa
que deveriam zelar, são semelhantes ao servidor que escondeu o talento
recebido. E quando chamados ao ajuste de contas, lhes será dito: servidor
mau e preguiçoso! E lhes serão tirados tudo o que têm e mesmo o que
pareçam ter.
Nesse terceiro servo vemos destacado o mau hábito de certas criaturas, que,
para encobrirem suas faltas ou justificarem suas fraquezas, não hesitam em
atribuir deméritos imaginários às outras.
11. Quando o senhor ordena que o servidor inútil seja lançado nas trevas
exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes, quis dizer que aquela
pessoa, por meio do embotamento da sua inteligência, não soube valorizar o
bem que recebeu e, por isto, vai receber o fruto da sua ignorância no seu dia a
dia. É importante destacar que o servo negligente atribuiu ao medo a causa do
seu insucesso. O que aconteceu ao servidor receoso da narrativa evangélica
acontece a muitas criaturas que se recolhem à ociosidade, alegando medo da
ação, medo de trabalhar, medo de servir, medo de sofrer, medo da dor, medo
até da alegria. E a pretexto de serem menos favorecidas pelo destino,
transformam-se em representantes da inutilidade e da preguiça.
12. “Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorize a frente dos
outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação, por mais sombria
que seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece-a
com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como
justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor”
A percepção é um atributo do espírito. Quanto maior o estado de consciência
do indivíduo, maior será sua capacidade de perceber a vida, que não se limita
apenas aos fragmentos da realidade, mas sim a realidade plena.
13. Colocar nossa atenção nas coisas da vida é fator importante para o nosso
desenvolvimento mental, emocional e espiritual, todavia, é necessário saber
direcionar convenientemente nossa percepção e atenção no momento exato e
para o lugar certo.
O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e
agir com espontaneidade, pois, quem decidirá como e quando devemos atuar
será a atmosfera de temor que nos envolve.
Cada um vê o universo das coisas pelo que é. Vemos o mundo e as criaturas
segundo o nível de desenvolvimento da consciência em que vivemos.
14. Quanto maior esse nível, mais estaremos centrados e vivendo de modo
estável e tranquilo. Quanto menor esse nível, mais primário será o nosso juízo
a respeito de tudo, e teremos uma estreita visão dos fatos e das pessoas. A
vida é, antes de tudo, um profundo exercício de descobertas.
Para reflexão, vamos destacar alguns trechos:
O que representa os Talentos entregues aos servos? A oportunidade de cada
um desenvolver o potencial que tem dentro de si. Por que o senhor não deu
aos seus servos quantidades iguais de Talentos? Porque conhecendo bem os
seus servidores, distribuiu de acordo com a capacidade de cada um.
15. Por que o servo que recebeu um Talento foi chamado de servo inútil? Porque,
pela sua ignorância, sentiu medo e enterrou o Talento, não sabendo valorizar
o bem que recebeu. O que devemos entender pela expressão: “Ser lançado
nas trevas exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes?
Que aquele que não souber valorizar os bens que recebeu aqui na Terra
receberá, como recompensa, os frutos da sua ignorância. O que entendemos
dessa parábola? É a valorização feita por Deus sobre a criatura, verificando a
capacidade de cada uma e recompensando segundo suas obras.
Essa parábola é como uma recomendação contra a negligência das pessoas.
16. Se nós desejamos que haja progresso em nossas vidas, e que tenhamos a
possibilidade de utilizar esse progresso em nosso benefício e em benefício do
nosso semelhante, temos que deixar de lado a indolência e a preguiça, para
agirmos com dinamismo e inteligência, não negligenciando na hora de
perdoar; não negligenciando na hora de compreender as necessidades do
próximo; não negligenciando em reconhecer as palavras de Jesus, para a
nossa salvação.
Ninguém nasce brilhante. Todos nós fomos criados simples e ignorantes. E é
aos poucos que nós vamos acumulando conhecimento, de experiência em
experiência, até sabermos discernir uma coisa da outra, para traçarmos o
nosso caminho.
17. Utilizemos, portanto, nossos talentos, para a construção de um mundo
melhor.
Muita Paz!
Meu Blog:
http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados semanais de O Livro dos Espíritos e de O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Nova página: Espiritismo com humor.